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Infectologia 1 Introdução • Doença mais comum transmi- tida por mosquitos no Brasil. • 50 milhões de casos anuais mundialmente. • Possui 4 sorotipos: DEN-1, DEN- 2, DEN-3, DEN-4. • Sorotipo 1 é o mais frequente no Brasil. • Imunidade vitalícia para o so- rotipo com o qual se foi infec- tado. • Reações cruzadas, gerando imunidade temporária aos ou- tros sorotipos. • A transmissão ocorre pela pi- cada da fêmea do mosquito Aedes sp., sendo o Aedes ae- gypti a espécie mais impor- tante nas Américas. • O ser humano é o único reser- vatório do ciclo da doença. • Não existe transmissão direta da doença (de pessoa para pessoa). Quadro clínico • A infecção pode ser assinto- mática ou sintomática. • Quando sintomática → do- ença sistêmica e dinâmica. • Pode se apresentar em três fa- ses: febril, crítica e de recupe- ração. Fase febril • Febre alta (39ªC – 40ºC): 2 a 7 dias, de início abrupto. • Cefaleia, adinamia, mialgia, artralgia, dor retroorbitária. • Exantema (50% dos casos): o Máculo-papular. o Atinge face, tronco e mem- bros de forma aditiva, não poupando plantas de pés e palmas de mãos. o Com ou sem prurido. o Geralmente ocorre no desa- parecimento da febre. • Anorexia, náuseas e vômitos. • Diarreia: o Não volumosa. o Fezes pastosas - três a qua- tro vezes por dia. Fase crítica • Pode surgir em alguns pacien- tes. Dengue Infectologia 2 • Início com a defervescência da febre, entre o terceiro e o sétimo dia da doença. • Acompanhada de sinais de alarme: Sinais de alarme Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua Vômitos persistentes Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame peri- cárdico) Hipotensão postural e/ou lipoti- mia. Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do rebordo costal Sangramento de mucosa Letargia e/ou irritabilidade Aumento progressivo do he- matócrito • Esses sinais de alarme se relaci- onam com o aumento da per- meabilidade vascular. • Demandam assistência mé- dica. • Dengue grave: o Acúmulo de líquidos com desconforto respiratório, sangramento grave ou sinais de disfunção orgânica. o Derrame pleural e ascite. o ↑ do hematócrito, redução dos níveis de albumina. o Pode ocorrer: ▪ Choque (geralmente en- tre os dias quatro ou cinco). ▪ Hemorragias graves de órgãos. ▪ Disfunções graves de ór- gãos. Fase de recuperação • Melhora clínica por reabsor- ção gradual do conteúdo ex- travasado. • Débito urinário se normaliza ou aumenta. • Pode haver rash cutâneo acompanhado ou não de pru- rido generalizado. Estadiamento clínico Grupo A • Ausência de sinais de alarme. • Sem comorbidades, grupo de risco ou condições clínicas es- peciais. • Exames laboratoriais: a critério médico. • Paracetamol e/ou dipirona, para alívio dos sintomas. • Não utilizar salicilatos ou anti-in- flamatórios não esteroides. Infectologia 3 • Recomendar repouso e pres- crever dieta e hidratação oral. Obs.: para adultos, a reidratação oral deve ser 60 ml/kg/dia. - 1/3 com solução salina. - 2/3: líquidos caseiros (água, suco de frutas, soro caseiro, chás, água de coco). Grupo B • Ausência de sinais de alarme. • Sangramento espontâneo de pele (petéquias) ou induzido (prova do laço positiva). • Condições clínicas especiais e/ou de risco social ou comor- bidades. • Solicitar exames complemen- tares. • Paciente em observação até o resultado dos exames. • Paracetamol e/ou dipirona. • Se hematócrito normal → trata- mento em regime ambulato- rial. Grupo C • Presença de algum sinal de alarme. • Iniciar a reposição volêmica imediata. o Reposição volêmica com 10ml/kg de soro fisiológico na primeira hora o Devem permanecer em acompanhamento em leito de internação por, pelo me- nos, 48h. • Realizar, obrigatoriamente: he- mograma completo e dosa- gem de albumina e transami- nases. • Exames de imagem: radiogra- fia de tórax e ultrassonografia de abdome. • Considerar solicitar: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, ecocardiograma, tempo de protombina. • Reavaliação clínica após uma hora. • Manter a hidratação de 10 ml/kg/hora, na segunda hora, até a avaliação do hemató- crito (em duas horas). • Caso não ocorra melhora do hematócrito ou dos sinais he- modinâmicos → repetir a fase de expansão até três vezes. • Caso haja melhora → fase de manutenção: o Primeira fase: 25 ml/kg em 6 horas. Infectologia 4 o Segunda fase: 25 ml/kg em 8 horas, sendo 1/3 com soro fi- siológico e 2/3 com soro glico- sado. o Exames de confirmação de dengue. Obs.: Exames específicos - Isolamento viral - PCR: permite identificar o soro- tipo - Sorologias: reagentes, em ge- ral, no sexto dia de sintomas. - Pesquisa de antígeno viral NS- 1 positivo até o quarto dia de sintomas. o Paracetamol e/ou dipi- rona. Grupo D • Presença de sinais de choque, sangramento ou disfunção grave de órgãos. Sinais de choque Taquicardia Extremidades distais frias Pulso fraco e filiforme Enchimento capilar lento (>2s) Pressão arterial convergente (<20 mm Hg) Taquipneia Oligúria (< 1,5 ml/kg/h) Hipotensão arterial (fase tardia do choque) Cianose (fase tardia do cho- que) • Reposição volêmica: solução salina isotônica 20 ml/kg em até 20 min. • Se necessário → repetir até 3 x a fase de expansão. • Reavaliação clínica a cada 15-30 min e de hematócrito a cada 2 h. • Paciente em leito de UTI por, no mínimo, 48h. • Exames laboratoriais: mesmos do grupo C. • Considerar outras medidas de suporte conforme evolução do paciente (ex.: transfusões). Referências • MARTINS, Herlon Saraiva; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antonio; VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina de emergência: abordagem prática. Barueri: Manole, 2017. • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departa- mento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança [re- curso eletrônico]. 5. ed. – Brasília: Minis- tério da Saúde, 2016. 58 p.
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