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Resenha - Inibições, sintomas e ansiedade (Freud, 1925)

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PSICOPATOLOGIA E DOENÇA PSICOSSOMÁTICA
Resenha: Inibições, sintomas e ansiedade (Freud, 1925)
Uriel de Mendonça Batalha Silveira
O tema da angústia é o assunto principal do texto. Nele, Freud trata também os
diferentes tipos de resistência, a diferença entre repressão e defesa e as relações entre
angústia, dor e luto. Afirma que as situações de perigo, apesar de serem diversas, possuem
como semelhança o medo da perda do objeto amado (separação) ou de seu amor, sustentando
que a experiência de nascimento seria o protótipo de todas as angústias.
Para ele, as inibições têm diversas origens: podem surgir em decorrência de uma
tentativa do ego em evitar um conflito com o id, com o superego ou podem ocorrer em função
de um empobrecimento da quantidade de energia.
A inibição específica de um órgão físico corresponde ao primeiro caso “o ego renuncia
a essas funções (...) a fim de não ter de adotar novas medidas de repressão – a fim de evitar
entrar em conflito com o id”. Isto acontece em função do significado sexual do órgão,
decorrente de uma intensa erotização deste, em que seu funcionamento representaria a
realização de um ato sexual reprimido (assim, por exemplo, escrever teria o significado da
copulação).
Freud classifica as inibições que visam evitar um conflito do ego com o superego
como tendo uma finalidade de autopunição e as exemplifica com as inibições de atividades
profissionais, nas quais a pessoa não se permite ter êxito no trabalho. Entre aquelas que
ocorrem em função de um empobrecimento da quantidade de energia, cita o luto, em que a
pessoa perde energia com a perda do objeto amado e por isso precisa reduzir a energia gasta
em outras coisas.
Desse modo, afirma que o sintoma é uma formação substitutiva ou de compromisso na
medida em que cria algo no lugar do processo pulsional ameaçador, suprime-o ou desvia-o de
seus objetivos. O sintoma seria sinal de que a repressão falhou, de modo que a pulsão teria
encontrado “um substituto muito mais reduzido, descolado e inibido, e que não é mais
reconhecido como uma satisfação e (...) sua realização apresenta, ao contrário, a qualidade de
uma compulsão” . Na repressão, o ego recusa a catexia provocada no id, transformando o que
seria sentido como prazer (por meio da satisfação pulsional), em desprazer.
Em seguida no texto, aponta para a existência de um ganho secundário proveniente da
doença, que ocorre em função do ego incorporar o sintoma (torna-o parte dele mesmo), de
forma que o sintoma torna-se indispensável ao ego. O ego defende o sintoma na medida em
que este se torna um substituto da pulsão reprimida - assume seu papel, exigindo assim,
satisfação constante.
Retomando o caso do Pequeno Hans e do Homem dos Lobos, Freud observa a
presença de sentimentos ambivalentes frente a figura paterna e afirma que nesses pacientes, o
impulso hostil contra o pai sofreu repressão ("impulso assassino do Complexo de Édipo") por
meio do processo de ser transformado em seu oposto (eles temiam os animais ao invés de
agredi-los). Ele salienta que o sintoma, nesses casos, não seria o medo, mas sim, o
deslocamento (substituição) da figura do pai pela de um animal (cavalos no primeiro caso e
lobos, no segundo).
Para Freud, a força motriz da repressão nestes casos clínicos teria sido o temor de
castração, o que confirma sua hipótese de que a origem da repressão estava na angústia, no
medo de um perigo (castração). “Foi a angústia que produziu a repressão e não, como eu
anteriormente acreditava, a repressão que produziu a angústia (...) É sempre a atitude de
angústia do ego que é a coisa primária e que põe em movimento a repressão.
Freud afirma que existe uma grande relação entre angústia e sintoma, já que estes se
formam com a finalidade de evitar a angústia: os sintomas “reúnem a energia psíquica que de
outra forma seria descarregada como angústia. A finalidade de destruição do complexo de
Édipo e o temor de castração são aspectos em comum na formação dos sintomas dos três tipos
de neurose (fobia, neurose obsessiva e histeria).
Com relação aos sintomas da neurose obsessiva, os classifica em dois grupos: os
negativos (proibições, precauções e expiação) e as satisfações substitutivas (disfarce
simbólico). Ele diferencia a histeria da neurose obsessiva também ao dizer que, na segunda, o
ego atua mais na formação dos sintomas e que o próprio processo de pensar se torna
hipercatexizado e erotizado.
O autor também postula que nas neuroses obsessivas, além da repressão como defesa,
o ego utiliza-se da regressão, em que a organização genital é lançada ao nível anal-sádico. A
severidade do superego destes pacientes é decorrente do fato deste comportar-se como se a
repressão não tivesse ocorrido, como se conhecesse o caráter agressivo da pulsão.
“Além da destruição do complexo de Édipo verifica-se uma degradação regressiva da
libido, o superego torna-se excepcionalmente severo e rude, e o ego, em obediência ao
superego, produz fortes formações reativas de consciência, piedade e anseio”.
Tratando do temor de castração nas mulheres, Freud oscila sua opinião, conforme o
que considera castração: temor da perda do pênis ou medo de separação. Em contrapartida,
evita um conflito com relação à ambivalência de sentimentos perante o pai (é amado e odiado)
e, em outra instância, impede o ego de gerar angústia. Já que o perigo interno é projetado
para outro externo, de forma que passa a ser possível fugir do perigo - o que não ocorre
quando este surge de dentro (ao preço de uma inibição do ego, como fez Hans, impondo uma
restrição a este).
“A angústia que pertence a uma fobia é condicional: ela só surge quando o objeto dela
é percebido”. Já na neurose obsessiva o perigo é localizado no superego, ficando
internalizado. Freud amplia a descrição da angústia a concebendo como uma reação a um
perigo específico para cada fase da vida: “Assim o perigo de desamparo psíquico é apropriado
ao perigo de vida quando o ego do indivíduo é imaturo;
Não obstante, todas essas situações de perigo e determinantes de angústia podem
resistir lado a lado e fazer com que o ego a elas reaja com angústia num período ulterior ao
apropriado; Freud relata que a repressão, ao mesmo tempo em que inibe os processos do id
considerados ameaçadores, os deixam independentes, livres da soberania do ego.
O autor descreve cinco espécies de resistências, três que provém do ego (resistência da
repressão, resistência da transferência, ganho proveniente da doença – oriundo da assimilação
do sintoma ao ego), uma do id (repetição) e uma do superego (sentimento de culpa,
necessidade de punição).
Na neurose obsessiva elas atingem a universalidade dos traços de caráter (alteração do
ego, anticatexia interna), enquanto que na histeria e na fobia fica restrita a objetos específicos
(anticatexia externa).

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