Buscar

Feerie Generale- Claudina Martins

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Realizado por Claudina Martins
To describe the world and to put some order into our contemporaneity, Emmanuelle Pireyre gathered in his novel titled Féérie générale (2012) numerous examples of situations that are symptomatic of the reality of the last years (LIS, 2013: 23). Esta obra literária desenvolvida ao longo de sete contos, destacam-se por várias razões: pela sua a sua linguagem satírica lúdica na forma como desconstrói os variados conteúdos que contemporaneamente estão presentes na nossa civilização. Simultaneamente, a forma de desconstruir as mudanças sociais da vivência contemporânea vai influenciar a forma como textualmente constrói a sua obra, recorrendo a uma miscigenação de discursos como: échantillons prélevés sur Internet, des extraits de discours sociologique et philosophique, ainsi que des fragments issus de différents manuels, fait de cet ensemble un hybride romanesque. (idem: 25) Segundo Viart, a preferência pela construção de um romance-colagem reside no fato de “Emmanuelle Pireyre, comme tant d’autres écrivains contemporains, ne revient pas aux formes traditionnelles de l’écriture romanesque, d’autant plus que l’incertitude et l’inquiétude de la littérature d’aujourd’hui prennent leur source dans un certain épuisement formel qui a frappé toute la création du siècle écoulé (Viart 2005: 17 citado por LIS, 2013: 24). Paralelamente e segundo Pireyre, a recombinação de múltiplos elementos de linguagem assumem de forma simbólica, uma ligação e uma reflexão com as próprias estruturas modernas ou até mesmo ultramodernas na qual habitamos: Ma manière de faire est différente. Elle est liée à la conversation qui est très importante pour moi : on échange des idées, on passe d’un sujet à l’autre puis on y revient plus tard. (…) Notre mode de pensée n’était pas habitué à faire en permanence des liens entre une série regardée, un journal papier, Internet et le journal télévisé..[footnoteRef:1]  [1: Entrevista da escritora concedida ao jornal L’Orient -Le Jour: ://www.lorientlitteraire.com/article_details.php?cid=33&nid=4145] 
Perante esta conjuntura, a globalidade da sua obra literária define-se como um documento sociológico, ao explorar uma arena de conteúdos que espelham a visão do mundo contemporâneo através de uma panóplia de figuras. Evidencia-se uma heterogeneização das personagens, desenvolvida através da apresentação de diferentes camadas sociais assim como situações específicas, como activités qui relèvent de leurs passions personnelles ou intérêts professionnels. (LIS, 2013: 25) Esta fusão de múltiplas vivências multiculturais, são pequenas amostras de uma civilização que “ fonctionnent dans la réalité technologique et sociale” (idem: 25), por conseguinte enfrentam as vicissitudes estabelecidas “la civilisation moderne et la mondialisation.” (idem: 25) É precisamente ao longo dos vários contos, que a escritora demonstra como o desafio à compreensão do fenómeno globalização invade (muitas vezes, de forma inconsciente) as vidas dos diferentes indivíduos e cria quebras nas suas relações interpessoais: “Récits de solitudes accumulées, ces œuvres dessinent à leur manière la cohérence réticulaire d’un monde solidaire.”(CAHEN). A sua teorização acerca dos vários fenómenos que advém deste processo internacional, inicia-se com uma das primeiras personagens da sua obra, Mirem. Uma mulher recém-divorciada e mãe de uma criança, Roxanne, na qual, procura incessantemente um novo amor ficando refém do algoritmo de uma aplicação amorosa. Por intermédio, das suas peripécias digitais, Pereyre, reflete sobre a ascensão, a proliferação e a influência da tecnologia digital - através de múltiplas plataformas digitais- a uma escala global , possibilitando “l’élargissement des horizons géographiques”, (LYON:17) : 
(…) nous voyons débouler chez nous, à nos barbecues, buvant des verres au milieu de nos jardins, tous ces nouveaux partenaires, ces gens étranges rencontrés via les Meetic, les webromantique ou les mektoube.fr : (…) Ainsi déferlent dans les familles des gens qu’on n’avait pas l’habitude d’épouser, des gens qu’on n’aurait jamais rencontrés auparavant, lorsqu’on se mariait via les méthodes anciennes, emplois dans des bureaux contigus, voyages organisés, fêtes technos ou échange des femmes entre tribus voisines. (PIREYRE, 2012 : 16-17)
Si le numérique abolit la distance géographique, créant ainsi l’illusion d’une ouverture à l’autre, de nouveaux critères de distinction sont créés,(LYON : 18) como evidencia o narrador: dans la puissante tornade qui fait passer de la rencontre virtuelle à la real life, beaucoup de données sont interprétées n’importe comment à la va-vite, et ces kilos en trop, qu’on aurait refusés tout net dans un night-club, s’effacent miraculeusement et passent en profits. (PIREYRE, 2012 : 17)
Esta passagem supracitada anteriormente, reflete, a hipocrisia do deslumbramento pelas interações sociais, ao ponto, de vermos os nossos standards completamente modificados, as razões para tal? Talvez carência, desespero, desejo sexual: Le baiser a lieu dans la real life, alors que sur les sites de rencontres, la libido passe avant tout par l’écrit ; le corps fait barrage avec son inertie bizarre.(Idem: 18) Paralelamente, esta bolha social rege-se por uma linguagem fotográfica e textual, encarando-se como a verdadeira realidade, contudo, no momento de enfrentar a vida real, estes indivíduos não passam de armadilhas, no qual, Mirem foi vítima: 
Une autre fois, elle se sentait très éprise d’un homme ; elle avait aimé sa manière d’écrire, puis sa voix grave de fumeur au téléphone. Mais sur le banc du rendezvous, elle vit, assis, un homme portant des lunettes noires et tenant à la main une canne blanche d’aveugle ; elle avait fait demi-tour et s’était éclipsée sur la pointe des pieds. .(Idem: 17)
A escritora, com uma acutilante ironia, demonstra como a internet torna-se para os utilizadores, o novo paradigma de informação, o mestre com todas as respostas e soluções. Integra, fragmentos de fóruns da Internet, no qual, os cibernautas destilam as suas diversas duvidas como é o caso de um “ pianiste dérouté demande où se trouve la note si bémol sur le clavier pour jouer la fin du morceau de Titanic “(LYON: 10) e ou frustrações, como é o caso desta rapariga:
Yria-Yria 
Posté le 20-03-2011 à 22:34:05 
Bonjour jai un copain ki sait pas embrasser, il embrasse, il embrasse très très mal c’est trop horrible , mais je sais pas comment luire dire que jaimerais kil sy prenne autrement, mieux quoi. Auriez vous une idée svp mais sans kil se vexe ?
 Maryvonne 
Posté le 20-03-2011 à 22:39:04 
T’as pas de chance… tu n’es pas tombée sur le bon numéro (PIREYRE, 2012 : 46-47) 
Apesar de não existir uma critica explícita por parte da escritora, a construção de estes discursos digitais são testemunhos da mudança do mundo real, na forma como, nos dias de hoje, processamos e lidamos com as situações do nosso quotidiano. Com a impossibilidade de lidar com a realidade, transportamos essa vivência para um universo digital, partilhando-as para milhões de estranhos e confiando muitas vezes nas soluções apresentadas. Em detrimento da veracidade dos fatos, Emmanuelle Pireyre met en valeur la figure de l’amateur et l’idée d’une circulation des connaissances. (LYON:9)
O reverso da moeda, é demonstrada com a personagem, Batoule. Uma jovem muçulmana residente em França, e no qual, através do seu blog encontra-se numa mundivivência, ao: développer deux activités : composer avec ses amies des histoires à partir de personnages de films et, en même temps, discuter les cas de conscience, les questions du bien et du mal, du halal et du haram.(LIS, 2013: 28) Considero esta personagem ambivalente, uma vez, que emana uma voz feminista ao représente une nouvelle génération de musulmanes, déterminées à affirmer leur foi et à porter le voile selon leur propre choix,(idem: 28) contudo, a difusão do seu discurso arcaico e anti-feminista para os seus leitores, constitui-se um ponto de reflexão, no sentido, que até a própria religião,um movimento milenar, é tema de conversa na atmosfera digital. A verdade, é que o debate sobre a cultura islâmica está a tornar-se um debate internacional. Alemanha, o Reino Unido, a França tiveram que impor leis para salvaguardar a sua política de laicidade. Inicia-se um jugo entre duas culturas: Ocidental e Oriental. Será que o fenómeno da globalização terá força para atenuar estes problemas sociais e políticos? Não sabemos… 
Paralelo aos desenvolvimentos tecnológicos, a escritora fala de uma forma subtil, um outro fenómeno que está completamente interligado ao fenómeno de mundialização - soft power. Com uma maior abertura para novos mercados, a sociedade europeia, foi completamente “engolida” por uma das maiores superpotências- EUA. Ao internacionalizar produtos culturais, como a sétima arte -o cinema- que nada semelhante à nossa, consegui atrair e adentrar em novos territórios e exercer a sua influência: 
Merci, nous savons très bien que le baiser à Hollywood était d’abord un business et qu’il fit la fortune des Warner et des Goldwyn fraîchement débarqués d’Europe encore mieux que les sketchs comiques et les films noirs. Il n’empêche que ça fonctionnait ; pendant des décennies personne n’avait trop envie de penser à ça, à l’industrie, tout le monde fut simplement inspiré. Il y avait une magie incroyable, une sorte de chamanisme. (PIREYRE, 2012 : 120)
Outro fenómeno que floresce com a globalização - talvez um dos mais preponderante nas nossas vidas- é o sistema capitalista. É um desafio na compreensão como este movimento económico, invade as nossas vidas - indivíduos ordinários - de uma forma quase inconsciente. Não temos a perceção, que na maior parte das vezes, somos manipulados pelas grandes empresas económicas, como os bancos, que acabam por condicionar a nossa forma de ser e estar no mundo: 
Ce qu’on oubliait, ce à quoi on ne pensait absolument pas à s’intéresser, tant il est vrai que le sujet est inintéressant, c’est à ce que devenaient ces crédits immobiliers une fois qu’ils avaient été contractés par Propriétaire. Si l’on s’était posé la question, on aurait imaginé sans doute que ces crédits, doués d’une relative immobilité, attendaient à la banque les vingt ans où Propriétaire s’acharnait à rembourser. Alors que la réalité était tout autre : ces crédits immobiliers sitôt accordés étaient en fait transformés par les banques en produits financiers ; dès lors, ils se revendaient, s’échangeaient sur le marché financier et nourrissaient l’un après l’autre l’accélération de la spéculation financière. (Idem :144)
Subjugámos a eles -por ser algo inerente às nossas vidas- ao ponto de existir uma normalização tanto nossa como dos próprios Estados. É uma consequência de vivermos numa aldeia global, no qual, está em contaste mutação e de inevitável travagem. Car dit mondialisation dit forcément globalisation de la finance, l'auter laisse percer sa pensée (ALMEIDA, 2017: 171)
A sua legitimação torna-se responsável por atos cometidos por indivíduos, como é o caso da personagem Yannig. Através da vida profissional deste homem, a escritora demonstra-nos a introdução de métodos de gestão de outros países - neste caso especifico, o Japão com o seu método hoshin- pelo fato, de mostrarem um grande sucesso a nível económico:
Tout le monde était contre ces méthodes qui vous aliènent sous prétexte de rendre votre travail plus intéressant. Le toyotisme avait fini par causer des dépressions et trois suicides (..) Ils se chronométraient pour augmenter leur productivité. Lorsqu’un membre de l’équipe était malade, ils se répartissaient son travail. Ils lui envoyaient une lettre où ils lui disaient de se reposer et de revenir bientôt, ils avaient besoin de lui ; puis une seconde lettre, plus sèche, pour lui dire de revenir. Une autre fois, quelqu’un suggéra qu’on chronomètre les passages aux toilettes pour plus d’égalité. (PIREYRE, 2012 : 44)
Explora-se, monitoriza-se, trata-se um ser humano como uma máquina, mas como não o somos, e como tal, muitas vezes . são provocados mentais, contudo. Para estas grandes empresas isso não se constitui um problema, uma vez que , facilmente uma pessoa é substituível e no final, e o mais importante, o lucro não é abalado. Esta personagem, assim como outras passagens revelam, a significância que a globalização teve para a difusão e a multiplicação das multinacionais. Estas empresas, para estabelecerem o seu estatuto no mundo globalizado, evocam o sistema neoliberalista, que está instalado, principalmente, em países não -desenvolvidos, tirando parte das regalias fiscais e da mão de obra barata. A escritora, de uma forma irónica, e dando a ideia de “suposição” que estes acontecimentos são reais (e na verdade são, uma vez, existem provas, que a maioria das empresas que lucram milhões, que utilizam a terceirização de produto) , dá-nos o exemplo de uma das marcas com maior sucesso mundial na contemporeneidade , a Nike: Supposons que des histoires négatives se mettent à circuler sur l’exploitation d’une main-d’œuvre enfantine par l’entreprise Nike, il sera bien évidemment trop long de se justifier au moyen d’arguments rationnels. Il faut redresser très vite la barre, pour que le public continue d’aimer les Nike. (idem:104) Ainda com esta passagem, existe uma culpabilização relativamente a quem consome. Se estas empresas lucram milhões de euros todos os anos, em cota parte, deve-se ao fato de sermos nós, seres humanos, que sustentamos este sistema económico. Gastámos, não por uma questão de suprimir as nossas necessidades básicas, mas pelo deslumbramento com o consumo. Le vide intersidéral du libéralisme marchand donne forme aux activités quotidiennes[footnoteRef:2] : Les boutiques se remplissaient de pulls presque déjà feutrés, d’appareils photo qui marcheront deux semaines, de milliers d’ours en peluche semblables appelant des milliers de câlins similaires. (idem: 77) Como afirma o escritor Marildo Menegat : Para continuarmos mantendo o trabalho, produção de mercadorias e circulação de dinheiro como fundamentos desta sociedade nós temos que destruir a humanidade e a natureza”.[footnoteRef:3] [2: Excerto retirado do artigo “Emmanuelle Pireyre, «Féerie» félicitée” do jornal Libération https://www.liberation.fr/livres/2012/11/06/emmanuelle-pireyre-feerie-felicitee_858545/
] [3: Entrevista do escritor concedido ao jornal Sul21: ://www.lorientlitteraire.com/article_details.php?cid=33&nid=4145] 
Em suma, a escritora, através de contos curtos, conceitos e realidades preconcebidas despedaçam-se ao entrar numa arena de conteúdos como: a apropriação cultural, o pensamento inercio, a economia global, os avanços tecnológicos, a comunidade global e o mundo hiperconectado . Segundo Agnès Lyon: est important pour Emmanuelle Pireyre, de citer précisément les éléments du réel, mais cette éthique documentaire est liée à la volonté de « décaler » les data, de « les tordre, les rudoyer, les réinterpréter… bref, de leur nuire »”. (LYON :21)
BIBLIOGRAFIA :
ALMEIDA, J. D. (2017)« Une mondialisation ironique et ludique : l’œuvre d’Emmanuelle Pireyre », Écrire le monde en langue française, (Lisbeth Verstraete-Hansen & Mads Anders Baggesgaard (orgs.), Paris, Presses Universitaires de Vincennes, pp. 161-173.
CAHEN, F. P. (2016) “Les réseaux romanesques à l’ère des réseaux sociaux numériques” Disponível em : http://www.theses.fr/s174471
LIS, J. Ranger le monde. Féerie générale d’Emmanuelle Pireyre [Tidying up the world. Féerie générale by Emmanuelle Pireyre], Studia Romanica Posnaniensia, Adam Mickiewicz University Press, Poznań, vol. XL/4: 2013, pp. 23-32. DOI: 10.7169/strop2013.404.003
LYON, A. « Recombiner les data : Féerie générale d’Emmanuelle Pireyre, un « livre-Web » », Fabula / Les colloques, Internet est un cheval de Troie, URL : http://www.fabula.org/colloques/document4139.php
https://www.liberation.fr/livres/2012/11/06/emmanuelle-pireyre-feerie-felicitee_858545/
http://www.lorientlitteraire.com/article_details.php?cid=33&nid=4145
http://www.lorientlitteraire.com/article_details.php?cid=33&nid=4145

Continue navegando