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GESTÃO HOSPITALAR UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Nesta etapa os conteúdos a serem estudados estão direcionados a governança hospitalar, que compreende a supervisão das atividades relacionadas a higienização dos ambientes hospitalares, bem como da coleta e transporte de resíduos. Este setor tem grande importância para a imagem da instituição de saúde. Todas as ações são norteadas por normas técnicas severas, pois tem como propósito evitar riscos de contaminação e infecção nas unidades e serviços de saúde. Recordaremos também outros aspectos relacionados a gestão de serviços em saúde, iniciando com aqueles relacionados a organização da saúde suplementar brasileira, continuando com a cobertura assistencial dos planos de saúde, encerrando com informações acerca das operadoras privadas de planos de saúde destacando a Agência Nacional de Saúde – ANS, importante reguladora da prestação de serviços em saúde privado no território brasileiro. Vamos aos estudos! Até breve. APRESENTAÇÃO Organização Sonia Adriana Weege Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 GOVERNANÇA HOSPITALAR .01 1 INTRODUÇÃO O departamento de governança na hotelaria hospitalar compreende a supervisão e responsabilidade operacional das atividades de higienização das unidades de internação, setores fechados como centro cirúrgico, centro obstétrico, Unidade de Tratamento Intensivo e Central de Material Esterilizado, áreas de convivência social, além, de coleta e transporte dos resíduos, lavanderia, costura e rouparia (BOERGER, 2003). Este é responsável pela imagem da instituição hospitalar. Sua atuação influencia diretamente na opinião formada por pacientes, acompanhantes e visitantes, que observam desde o atendimento atribuído até a arrumação dos quartos (BOERGER, 2005). O departamento de governança, assim, como outros setores dos hospitais, tem o desafio de capacitar os profissionais para que sejam capazes de desenvolver o serviço de forma eficiente e com qualidade, tendo como prioridade o bem-estar do paciente, a humanização e a qualidade dos serviços médico-hospitalares. (TARABOULSI, 2009). 2 HIGIENIZAÇÃO E LIMPEZA A higienização e limpeza hospitalar é o setor responsável em contribuir para a minimização dos índices de infecções hospitalares. Você sabia que, o hospital é propício para o desenvolvimento de bactérias? E, que muitas delas se tornam multirresistentes a medicamentos e antibióticos? No ambiente hospitalar, a higiene é considerada de fundamental importância. Além dos critérios exigidos pela legislação de saúde, fica claro que o processo de limpeza, executado de forma criteriosa e adequado, visando CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 sempre à qualidade, acaba auxiliando até mesmo no processo de recuperação do paciente. Estar em um ambiente limpo, que traz conforto, bem-estar e segurança, é um grande diferencial (PANICALI, 2006 apud FELIX; GONÇALVES; FILHO, 2007, p. 39). Uma das grandes dificuldades que afetam a Medicina, até os dias de hoje, é a prevenção e o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (BARSANO, et al., 2014). De acordo com Taraboulsi, (2004, p. 131): “normas e critérios técnicos de limpeza rígidos precisam ser observados pela governança para que os serviços de limpeza e higiene possam ser prestados corretamente”, evitando infecções hospitalares. Na área da saúde, os processos de limpeza de superfícies envolvem duas formas de limpeza: concorrente (diária) e terminal. Limpeza concorrente: é a limpeza ou desinfecção realizada ainda no momento em que o ambiente está ocupado, ou seja, trata-se da limpeza diária realizada nos quartos de internações. Limpeza terminal: é o procedimento de limpeza realizado no momento em que o paciente recebe a alta. Trata-se de uma limpeza mais detalhada do quarto do paciente. LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO HOSPITALAR FONTE: Disponível em: <http://www.conservadorasembh.com/conservadoras-blog/servico-de- higienizacao-hospitalar-conservadoras-em-bh/>. Acesso em: 15 out. 2015. A ANVISA classifica as áreas hospitalares em: críticas, semicríticas e não críticas. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 FONTE: Elaborado com base em ANVISA (2010, p. 21) CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS HOSPITALARES Áreas críticas são os ambientes onde existe risco aumentado de transmissão de infecção, onde se realizam procedimentos de risco, com ou sem pacientes ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. Exemplo: Centro Cirúrgico (CC), Centro Obstétrico (CO), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Unidade de Diálise, Laboratório de Análises Clínicas, Banco de Sangue, Setor de Hemodinâmica, Unidade de Transplante, Unidade de Queimados, Unidades de Isolamento, Berçário e Alto Risco, Central de Material e Esterilização (CME), Lactário, Serviço de Nutrição e Dietética (SND), Farmácia e Área suja da Lavanderia. Áreas semicríticas são todos os compartimentos ocupados por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas. São exemplos desse tipo de área: enfermarias e apartamentos, ambulatórios, banheiros, posto de enfermagem, elevador e corredores. Áreas não críticas são todos os demais compartimentos dos estabelecimentos assistenciais de saúde não ocupados por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco. São exemplos desse tipo de área: vestiário, copa, áreas administrativas, almoxarifados, secretaria, sala de costura. No caso de limpeza concorrente a ANVISA determina que ela seja realizada de acordo com frequência exibida na figura a seguir. FREQUÊNCIA DA LIMPEZA CONCORRENTE FONTE: Anvisa (2010, p. 63) CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS FREQUÊNCIA MÍNIMA Áreas críticas 3x por dia; data e horário preestabelecidos e sempre que necessário. Áreas não-críticas 1x por dia; data e horário preestabelecidos e sempre que necessário. Áreas semicríticas 2x por dia; data e horário preestabelecidos e sempre que necessário. Áreas comuns 1x por dia; data e horário preestabelecidos e sempre que necessário. Áreas externas 2x por dia; data e horário preestabelecidos e sempre que necessário. No caso da limpeza terminal a ANVISA determina que ela seja realizada de acordo com o demonstrado na figura a seguir. FREQUÊNCIA DA LIMPEZA TERMINAL FONTE: Anvisa (2010, p. 63) CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS FREQUÊNCIA Áreas críticas Semanal (data, horário, dia de semana preestabelecido). Áreas não-críticas Mensal (data, horário, dia de semana preestabelecido). Áreas semicríticas Quinzenal (data, horário, dia de semana preestabelecido). Áreas comuns (Data, horário, dia de semana preestabelecido). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Para você ter conhecimento sobre os produtos e técnicas de higienização recomendamos a seguinte leitura: Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2010. 3 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS O setor de governança também é responsável pela coleta do lixo hospitalar até a central de resíduos quando será dado um destino correto ao mesmo de acordo com as categorias: lixo reciclável, lixo infectante, lixo comum e perfuro cortantes, respeitando as normas estabelecidas pela legislação em vigor. A geração de resíduos nos ambientes hospitalares é regulamentada pela Norma regulamentadora NR – do Ministério do Trabalho e Emprego, nº 32, que trata da segurança e saúde do trabalho em serviços de saúde. COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS HOSPITALARES FONTE: Disponível em: <https://i1.wp.com/isgtedbir.com/wp-content/uploads/2017/05/t%C4%B1bbi-at%C4%B1k-.jpg?fit=1600%2C1066&ssl=1>. Acesso em: 22 ago. 2019. Cabe à equipe ser bem orientada em relação à segregação, coleta e transporte destes resíduos até a central de resíduos onde o mesmo terá a destinação final correta. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde / Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 182 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). 4 SEGURANÇA NAS INFORMAÇÕES DO PACIENTE Além disso, a estrutura das bases de dados hospitalares difere daquela das empresas de outros segmentos de mercado, principalmente porque a autorização de acesso se torna diferenciada. Por exemplo: quem trabalha na área administrativa, não pode ter acesso à evolução que o médico fez sobre o paciente. Os hospitais assim como outras empresas devem apresentar informações a vários órgãos judiciais, entidades de classe e conselhos de classe. Por isso, o gestor deverá ficar atento, rever periodicamente os mecanismos de segurança da informação, evitando riscos desnecessários, por exemplo, em relação ao acesso ao Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). A palavra prontuário origina-se do latim promptuarium e significa “lugar onde são guardadas coisas de que se pode precisar a qualquer momento” ou “manual de informações úteis” ou ainda “ficha que contém os dados pertinentes de uma pessoa”. (HOUAISS, 2009). De acordo com Costa (2012), o PEP é a principal ferramenta de TICS que o médico precisa ou precisará lidar nas suas atividades diárias, seja no consultório, centro diagnóstico ou hospital. É fundamental que o médico utilize uma ferramenta de alta qualidade, segura e que possa auxiliá-lo no registro da história clínica e exame físico, bem como na solicitação de exames e prescrição. Da mesma forma como do prontuário em papel, tais dados são de exclusividade do paciente, por isso um dos maiores desafios para a implantação PEP é a segurança dos dados do paciente, ou seja, garantir rastreabilidade, sigilo das informações e responsabilidade pelos registros realizados (VECINA NETO, 2011). Desta forma, SALU (2013) coloca que qualquer pessoa que utilizar de recurso de informação do hospital deverá formalizar um termo de responsabilidade sobre o uso de senhas, barreiras de acesso, utilização de e-mail, correio eletrônico, navegação da internet, utilização de dados do paciente. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Bem, agora que já estudamos um pouco sobre as informações geradas nos hospitais, é importante compreendermos como os processos podem ser estruturados para facilitar o fluxo de informações no dia a dia das organizações hospitalares. 5 ESTRUTURAÇÃO DE PROCESSOS HOSPITALARES Quando estudamos as ferramentas de apoio às organizações hospitalares na Unidade 2, vimos sobre a importância dos fluxogramas para os desenhos dos processos da organização, não é mesmo? Agora, vamos estudar como estruturar estes processos para que todos os envolvidos com a organização tenham claro a forma correta estabelecida pelo hospital para a execução das atividades operacionais e estratégicas. 5.1 ESTRUTURAÇÃO DE PROCESSOS A complexidade da organização hospitalar é marcada pela existência de inúmeros processos (assistenciais e administrativos), que ocorrem de forma simultânea e pela presença de uma fragmentação dos processos de decisão na assistência ao paciente, uma vez que as equipes de trabalho são multiprofissionais e não trocam informações (MALIK; VECINA NETO, 2011). E tal problemática, contribui para um cenário de ineficiência dos processos de assistência (COUTO; PEDROSA, 2011). Entretanto, independente do porte da organização hospitalar e da forma de administração a lógica de criação de um processo é sempre a mesma. No caso dos hospitais este pode ser dividido em etapas. Cada etapa é dividida em processos. E, cada um dos processos necessita de controles e requisitos dentro de um determinado padrão (figura a seguir). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 ETAPA, PROCESSO, CONTROLE E REQUISITOS FONTE: Salu (2013, p. 365) Finalidade básica da atividade Etapas O que é feito Processos Como é feito Controles O que é necessário para ser feito Requisitos De acordo com Kintschner e Bresciani Filho (2004), os principais objetivos do mapeamento de processos são: • Garantir melhoria dos processos, tendo como objetivo eliminar processos e regras obsoletas e ineficientes e gerenciamento desnecessário. • Padronização de documentação utilizada na instituição. • Fac i l idade no manuse io da documentação (des t reza de le i tu ra , homogeneidade de conhecimento para todos os membros da equipe e complemento total na documentação dos processos). Observa-se que todos os processos necessariamente possuem uma entrada, nas quais são trabalhadas várias atividades para produzir uma saída, que normalmente representam a entrada para outro processo, por isso as atividades não ocorrem de forma isolada (COUTO; PEDROSA, 2011). Para sua compreensão de como isso funciona na prática, observe o exemplo a seguir: A Central de Material Esterilizado (CME) recebe os materiais cirúrgicos contaminados (entradas), reprocessa-os utilizando métodos de desinfecção e esterilização (processo) e os transforma em materiais reprocessados prontos para o novo uso (saída). O Bloco Cirúrgico recebe os materiais reprocessados pela CME (saída do processo anterior e que passa a ser entrada do novo processo) para utilizá-los nos procedimentos cirúrgicos (novo processo). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Os processos exigem uma avaliação periódica visando efetividade, eficácia, eficiência, produção, produtividade, qualidade. Serve de indicador do setor, níveis de prevenção e redução da morbimortalidade (impacto das doenças e dos óbitos que incidem em uma população) uma vez que contribui no gerenciamento do risco com a saúde do paciente e da equipe de profissionais. Desta forma, para o gestor hospitalar, conhecer e discutir os processos básicos é a única forma de aplicar os recursos de forma adequada, nos locais em que é necessário e que apresentem os melhores resultados (SALU, 2013). Para facilitar a compreensão sobre o funcionamento dos processos em hospitais Salu (2013) dividiu o funcionamento dos processos em seis grupos de etapas: • Pré-atendimento: interação do hospital com os clientes antes de sua chegada física. • Admissão: recepção física do paciente ao ambiente hospitalar. • Atendimento assistencial: a cura e/ou tratamento do sintoma da doença. • Apoio assistencial: suporte das áreas de apoio para que o atendimento assistencial possa ser realizado. • Pós-atendimento: o relacionamento com o paciente após a sua saída do hospital. • Gestão empresarial: gestão financeiro-administrativa do hospital. GRUPOS DE ETAPAS FONTE: Salu (2013, p. 370) Pré-atendimento Atendimento assistencial Apoio assistencial Gestão pós- atendimento Admissão Gestão empresarial hospitalar As etapas (pré-atendimento, admissão, atendimento assistencial e pós- atendimento) ocorrem numa ordem cronológica e sequencial. As etapas de apoio assistencial e de gestão ocorrem simultaneamente às citadas anteriormente. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 5.2 HIERARQUIA DE PROCESSOS Os processos também são organ izados de forma h ierárqu ica , representando o nível de detalhamento das operações. Assim, Couto e Pedrosa (2011) dividem esse detalhamento em: • Macroprocesso: é um processo que geralmente envolve mais que uma função na estrutura organizacional, e a sua operaçãotem um impacto significativo no modo como a organização funciona. • Processo: é o conjunto de atividades sequenciais (conectadas), relacionadas e lógicas que tornam uma entrada com fornecedor, acrescentam valor a ela e produzem uma saída para um cliente. • Subprocesso: é a parte que, inter-relacionada de forma lógica com outro subprocesso realiza um objetivo específico em apoio ao macroprocesso e contribui para a missão deste. • Atividades: são as ações que ocorrem dentro do processo ou subprocessos. São geralmente desempenhadas por uma unidade (pessoa ou departamento) para produzir um resultado – constituem a maior parte do fluxograma. • Tarefa: é a parte específica do trabalho, ou melhor, o microenfoque do processo, podendo ser o único elemento e/ou um subconjunto de uma atividade. A figura a seguir exemplifica como essa hierarquia pode ser identificada dentro dos hospitais: MACROPROCESSO – FATURAMENTO HOSPITALAR FONTE: Couto e Pedrosa (2011, p. 197) Admissão do paciente Checagem da guia autorizada para procedimentos TAREFA Lançamento em conta dos recursos utilizados Compilação dos lançamentos para cobrança PROCESSO Preescrição e uso dos recursos institucionais; MAT/MED, equipamentos, procedimentos, exames complementares Compilação dos lançamentos para cobrança, de acordo com as regras da fonte pagadora ATIVIDADE CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Mapear o processo é uma atividade exclusiva de uma pessoa? Não, o ideal é que se reúna para isso, o comitê de qualidade, a chefia de cada unidade/ setor envolvido, para analisarem criteriosamente o mapa que está sendo criado e detectar possíveis falhas e/ou oportunidades de melhoria, destacando as atividades críticas e eliminando as atividades que não agregam valor ou que estejam duplicadas. O objetivo do mapeamento de processo é compreender o fluxo e a variação do trabalho ao longo do tempo. Ter bem claro a entrada e saída de cada um dos processos é essencial para minimizar a ocorrência de não conformidades e, portanto, reduz custos da não qualidade (perdas e retrabalhos) (COUTO; PEDROSA, 2011). Neste contexto Burmester (2013) destaca alguns exemplos de processos relevantes em hospitais: • Processos dos serviços de nutrição: compra e recebimentos de materiais; preparo de alimentos; distribuição dos alimentos e avaliação nutricional de pacientes. • Processo do serviço de enfermagem em unidade de internação: recepção de paciente no setor, processo de cuidados ao paciente; alta do paciente na unidade. • Processo de atendimento médico (padronizáveis por meio de protocolos clínicos): diagnósticos, terapêuticos, reabilitadores, preventivos de doenças e sequelas e promotores de saúde. • Processo do SAME: abertura de prontuários, guarda de prontuários, arquivamento de prontuários e elaboração de estatísticas. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 ESPECIFICIDADES DOS PLANOS DE SAÚDE .02 1 INTRODUÇÃO A Constituição do Estado brasileiro de 1988, ao considerar a saúde como direito do cidadão e dever do Estado, substitui o conceito de seguro pelo de seguridade social, à semelhança do que ocorre no Estado do Bem-Estar Social. Esse mesmo Capítulo da Constituição trata também da participação da iniciativa privada na assistência à saúde de forma complementar ao SUS, sob forma de convênio ou contrato público, com preferência para as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos, como explicitados nos artigos 196, 197 e 199 da Constituição de 1988. Desse modo, a Constituição Brasileira de 1988 consagrou a existência de um sistema duplo e híbrido na saúde, ou seja, o SUS, público provido pelo Estado, e o Sistema Suplementar, privado, que passou desde 1998 a ser regulado por lei específica e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), instituída em 2000, vinculada ao Ministério da Saúde. Estes temas estarão em pauta a partir desse momento, acadêmico(a). 2 ORGANIZAÇÃO DA SAÚDE SUPLEMENTAR BRASILEIRA Antes de adentrarmos na descrição dos tipos de planos de saúde, nos cabe a discussão de alguns conceitos e contextos vinculados a estes, vamos fazê-los agora. Complementando conceitos já vistos na Unidade 1, trazemos de Schulman (2009, p. 201) que se entende como “saúde suplementar”, “a prestação de serviços de saúde, realizada fora da órbita do Sistema Único de Saúde, vinculada a um sistema organizado de intermediação mediante pessoas jurídicas especializadas as operadoras de planos de saúde”. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Não são consideradas situações de saúde suplementar os contratos de direito público ou convênios entre hospitais ou serviços privados e o SUS, nem o atendimento mediante pagamento direto pelo paciente. Independentemente da forma jurídica adotada todas as organizações que oferecem planos de assistência à saúde, estas devem ser qualificadas como “operadora de plano de saúde” e submetidas à Lei nº 9.656/98. Nesse sentido, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), destaca quatro modalidades ou formatações principais das entidades que atuam na atividade: a) Medicina de grupo. b) Seguro de saúde. c) Cooperativa médica. d) Autogestão. Estas modalidades vistas nas palavras de Schulman (2009): 1. Operam na medicina de grupo , as empresas que oferecem planos de saúde, abertamente no mercado, prestando serviços médicos em “unidades próprias, em que os profissionais de saúde, são empregados da empresa de medicina de grupo, ou através de unidades credenciadas por esta. 2. Segundo o CONASS, o seguro saúde se define pela predefinição do valor de reembolso. 3. A cooperativa médica diferencia-se pelo tipo de sociedade (cooperativa). 4. A autogestão se diferencia pela ausência de oferta ao mercado, sendo adotada por empresas como instrumento de incentivo aos empregados, bem como por associações e fundações. Estas modalidades são admitidas e subordinadas à Lei nº 9.656/98, além de igualmente já está reconhecida a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, nos contratos de planos de saúde, independentemente da estrutura jurídica que adotarem. 3 COBERTURA ASSISTENCIAL Segundo o Ministério da Saúde (2015), a cobertura assistencial é um conjunto de direitos a que o consumidor faz jus ao contratar um plano de saúde (serviços, procedimentos médicos, hospitalares ou odontológicos e CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 tratamentos). A extensão da cobertura é determinada pela legislação de saúde suplementar e tem que estar expressa no contrato firmado com a operadora, não importando o tipo de contratação (coletivo/familiar ou individual). A cobertura assistencial deve constar no contrato obrigatoriamente e de forma clara. As regras da legislação de saúde suplementar definem a cobertura obrigatória em função da assistência prestada, gerando segmentos específicos. Poderão ser contratados um ou mais segmentos (independente da modalidade do plano de saúde – individual/familiar ou coletivo). Observe no quadro a cobertura obrigatória de cada segmento. COBERTURA ASSISTENCIAL DOS PLANOS DE SAÚDE SEGMENTO COBERTURA ASSISTENCIAL Consultas Exames Tratamentos e outros procedimentos ambulatoriais Internações Partos Tratamento Odontológico Ambulatorial X X X Hospitalar sem obstetrícia X Hospitalar com obstetrícia X X Odontológico X Referência X X X X X FONTE: Ministério da Saúde (2015) Para compreendermos um pouco melhor relatamos igualmente e de forma segmentada e categorizada como apresentada no quadro acima, vejamos: A. Cobertura assistencial ambulatorial: cobertura de consultas médicas em clínicas básicas e especializadas;apoio diagnóstico, tratamentos e demais procedimentos ambulatoriais determinados no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde e em contrato. Este plano não engloba a internação hospitalar. Entre os procedimentos com cobertura assistencial, além dos previstos na legislação pertinente e no rol de procedimentos médicos e segmentação, podemos citar: • consultas médicas em número ilimitado, realizadas em ambulatório ou consultório, em todas as especialidades médicas; • consultas obstétricas para pré-natal, em número ilimitado; CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 • serviços de apoio diagnóstico e tratamentos realizados em ambulatório ou consultório; • procedimentos ambulatoriais (inclusive as cirurgias ambulatoriais), mesmo quando realizadas em ambulatórios de hospital, desde que não caracterizem internação; • procedimentos ambulatoriais que necessitem de anestesia local, sedação ou bloqueio, quando realizados em ambulatório; • procedimentos considerados especiais, como por exemplo: - hemodiálise e diálise peritonial; - quimioterapia ambulatorial; - radioterapia (megavoltagem, cobaltoterapia, cesioterapia, eletronterapia etc.); - hemoterapia ambulatorial; - cirurgias oftalmológicas ambulatoriais. Novamente é importante que se destaque que estão excluídos, desta cobertura assistencial, alguns procedimentos, ou se preferirem utilizar a expressão, estes não estão “contratualizados” e, portanto, não podem ser exigidos da operadora de planos de saúde, são alguns deles: • internação hospitalar e procedimentos que, embora não necessitem da internação, precisem de apoio de estrutura hospitalar por período superior a 12 horas ou de serviços como recuperação pós-anestésica, UTI, CTI e similares; • procedimentos diagnósticos e terapêuticos em hemodinâmica; • procedimentos que exijam anestesia, salvo aquelas que podem ser realizadas em ambulatório, com anestesia local, sedação ou bloqueio; • tratamentos e exames que demandem internação, como quimioterapia intratecal; radiomoldagens, radioimplantes e braquiterapia; nutrição enteral e parenteral; embolizações e radiologia intervencionista. B. Cobertura assistencial hospitalar sem obstetrícia: garante a prestação de serviços à saúde, em regime de internação hospitalar, que compreende as doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde e aos processos determinados no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde e em contrato. As coberturas proporcionadas são aquelas previstas na legislação e no Rol de Procedimentos Médicos para o segmento hospitalar (sem obstetrícia), incluindo, entre outras: • internações em unidades hospitalares, inclusive em UTI / CTI, sem limitação de prazo, valor máximo e quantidade; • honorários médicos, serviços gerais de enfermagem e alimentação; • exames de diagnóstico e de controle da evolução da doença; • fornecimento de medicamentos, anestésicos, gases medicinais, transfusões, sessões de quimioterapia e radioterapia realizados durante o período de internação; CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 • toda e qualquer taxa, incluindo os materiais utilizados; remoção do paciente, quando comprovadamente necessário, dentro dos limites da cobertura geográfica previstos em contrato; • despesas do acompanhante para pacientes menores de 18 anos; • cirurgias, mesmo aquelas passíveis de realização em consultório, quando, por imperativo clínico, necessitem ser realizadas durante a internação hospitalar, como, por exemplo, as cirurgias odontológicas bucomaxilofacial; • procedimentos considerados especiais, cuja necessidade esteja relacionada à continuidade da assistência prestada em regime de internação hospitalar, como por exemplo: - hemodiálise e diálise peritonial; - quimioterapia; - radioterapia, incluindo radiomoldagem, radioimplante e braquiterapia; - hemoterapia; - nutrição parenteral e enteral; procedimentos diagnósticos e terapêuticos em hemodinâmica; - embolizações e radiologia intervencionista; - exames pré-anestésicos e pré-cirúrgicos; - fisioterapia; - cirurgia plástica reconstrutiva de mama para tratamento de mutilação decorrente de câncer; - acompanhamento clínico no pós-operatório imediato e tardio dos pacientes submetidos a transplante de Rim e de Córnea, exceto medicação de manutenção. Da mesma forma que na cobertura ambulatorial , este segmento possui procedimentos excluídos do rol e que efetivamente não estarão contratualizados, seguem alguns exemplos: • tratamento em clínicas de emagrecimento (exceto para tratamento de obesidade mórbida); • tratamento em clínicas de repouso, estâncias hidrominerais, clínicas para acolhimento de idosos, internações que não necessitem de cuidados médicos em ambiente hospitalar; • transplantes à exceção de córnea e de rim; • consultas ambulatoriais e domiciliares; atendimento pré-natal e parto; tratamentos e procedimentos ambulatoriais. C. Cobertura assistencial hospitalar com obstetrícia: garante a prestação de serviços à saúde, em regime de internação hospitalar, que compreende atenção ao parto, às doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde e aos processos determinados no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde e em contrato. Engloba os atendimentos realizados durante internação hospitalar e os procedimentos relativos ao pré- natal e à assistência ao parto. Em caso de necessidade de assistência médico-hospitalar decorrente da condição gestacional de pacientes ainda cumprindo período de carência, a operadora deverá abranger cobertura igual àquela fixada para o plano do segmento ambulatorial, não garantindo, portanto, internação além das 12 horas iniciais. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 As coberturas proporcionadas são aquelas previstas na legislação e no Rol de Procedimentos Médicos para o segmento hospitalar com obstetrícia, além das coberturas elencadas para o plano hospitalar, incluindo, dentre outras: • procedimentos relativos ao pré-natal, inclusive consultas obstétricas de pré- natal, bem como exames relacionados, ainda que realizados em ambiente ambulatorial; • partos; • coberturas e benefícios para o recém-nascido: - atendimento ao recém-nascido, filho natural ou adotivo do consumidor ou de seu dependente, durante os primeiros 30 dias após o parto; - inscrição assegurada do recém-nascido no plano, como dependente, isento do cumprimento de carência, desde que a inscrição ocorra no prazo máximo de 30 dias do nascimento. As exclusões para este plano são as mesmas já relacionadas para a cobertura assistencial hospitalar sem obstetrícia. A assistência e a inscrição com isenção de carência alcançam o recém- nascido, mesmo quando a beneficiária do plano estiver em carência para o parto. D. Cobertura assistencial odontológica: garante assistência odontológica, em nível ambulatorial dos processos que estejam determinados no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde e em contrato. Inclui apenas procedimentos odontológicos realizados em consultório, incluindo exame clínico, radiologia, prevenção, dentística, endodontia, periodontia e cirurgia. As coberturas proporcionadas são aquelas previstas na legislação e no rol de procedimentos odontológicos, incluindo, entre outras: • consultas e exames auxi l iares ou complementares, sol icitados pelo odontólogo assistente; • procedimentos preventivos, de dentística e endodontia; • cirurgias orais menores, assim consideradas as realizadas em ambiente ambulatorial e sem anestesia geral. Estão excluídos deste rol o tratamento ortodôntico e demaisnão relacionados na cobertura obrigatória. E. Cobertura assistencial de referência: segmentação assistencial de plano de saúde com cobertura assistencial médico-ambulatorial e hospitalar com obstetrícia em acomodação enfermaria. Constitui o padrão de assistência médico-hospitalar, porque conjuga a cobertura ambulatorial, hospitalar e CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 obstétrica. Sua cobertura mínima também foi estabelecida pela Lei, devendo o atendimento de urgência e emergência ser integral após as 24 horas da sua contratação. F. Não informado: expressão utilizada para os planos com vigência anterior à Lei nº 9.656/98 cuja cobertura não foi informada pelas operadoras. A Lei estabelece que a operadora de plano de saúde deve oferecer, obrigatoriamente, aos consumidores o Plano Referência, que garante assistência nesses três segmentos. O Plano Referência não faz qualquer limitação para os atendimentos de urgência e emergência, após 24 horas da contratação, mesmo que o usuário esteja cumprindo prazo de carência, salvo nos casos de doenças preexistentes (aquelas que o consumidor tem ciência de ser portador no momento da assinatura do contrato). As coberturas proporcionadas são aquelas relacionadas para o plano com cobertura ambulatorial somadas às previstas para o plano com cobertura hospitalar com obstetrícia, constantes da legislação e do Rol de Procedimentos Médicos, e as exclusões são aquelas já listadas acima como excluídas dos planos ambulatorial, hospitalar com obstetrícia e hospitalar sem obstetrícia. O Ministério da Saúde (2015) alerta que estão excluídos para todos os planos de saúde os procedimentos abaixo relacionados e que de acordo com a Lei no 9.656/98, não são obrigatoriamente cobertos pelas operadoras de planos de saúde: • transplantes, à exceção de córnea e rim; • tratamento clínico ou cirúrgico experimental; • procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos; • fornecimento de órteses, próteses e seus acessórios, não ligados ao ato cirúrgico ou para fins estéticos; • fornecimento de medicamentos importados, não nacionalizados (fabricados e embalados no exterior); • fornecimento de medicamentos para tratamento domiciliar; • inseminação artificial; • tratamentos ilícitos, antiéticos ou não reconhecidos pelas autoridades competentes; • casos de cataclismos, guerras e comoções internas declaradas pelas autoridades competentes. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Para conhecer a listagem completa de procedimentos com cobertura obrigatória para os consumidores de Planos Novos e Adaptados, você pode consultar o Rol de Procedimentos Médicos, que está disponível em: <www.ans.gov.br/legislação>. A Lei no 9.656/98 trouxe modificações significativas para as coberturas assistenciais ofertadas pelas operadoras de saúde quando da oferta de seus planos de saúde, vamos conhecê-las: AVANÇOS DA COBERTURA ASSISTENCIAL COM O ADVENTO DA LEI Nº 9.656/98 COBERTURAS ASSISTENCIAIS PLANOS ANTIGOS PLANOS NOVOS OU ADAPTADOS Limitações na quantidade de consultas e quanto a dias de internação e a número de procedimentos Muitos planos de saúde limitavam o atendimento para consul tas médicas por ano e principalmente para internações, determinando um número de dias fixos para internação, ou para sessões de fisioterapia. Todos os procedimentos são ilimitados, inclusive consultas, dias de internação em CTI, exames, sessões de fisioterapia, e outros, com exceção dos transtornos psiquiátricos. Doenças preexistentes ou congênitas Os contratos podiam excluir totalmente a cobertura de doenças preexistentes ou congênitas. As operadoras são obrigadas a tratar de consumidores com doenças preexistentes ou congênitas. Ao assinar o contrato, o consumidor preenche um formulário, orientado por um médico, declarando ser ou não portador de doença ou lesão preexistente (DLP) ou congênita. AIDS e Câncer Muitos planos de saúde simplesmente excluíam o tratamento dessas doenças. A cobertura para essas doenças é obrigatória, nos limites do plano contratado (ambulatorial, hospitalar). Se o consumidor já era portador quando adquiriu o plano de saúde, essas doenças serão consideradas preexistentes. Pessoas Portadoras de Deficiência Os planos de saúde não eram obrigados a oferecer cobertura para pessoas portadoras de deficiência. A Lei assegura que ninguém pode ser impedido de participar de um plano de saúde por ser portador de qualquer tipo de deficiência. Transtornos psiquiátricos Poucos planos de saúde cobriam procedimentos psiquiátricos. Os pacientes com transtornos mentais, inclusive os dependentes químicos (alcoólatras e viciados em drogas), não tinham acesso ao tratamento básico de saúde mental. A Lei prevê o atendimento a portadores de transtornos mentais, inclusive nos casos de intoxicação ou abstinência provocadas por alcoolismo ou outras formas de dependência química. As operadoras devem cobrir lesões decorrentes de tentativas de suicídio. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Fisioterapia Tratamentos de fisioterapia eram excluídos ou limitados a poucas sessões. Quando indicado pelo médico assistente do consumidor, o tratamento de fisioterapia é de cobertura obrigatória e em número ilimitado. Distúrbios Visuais (Miopia, Hipermetropia e Astigmatismo) A maioria dos planos de saúde excluía qualquer cirurgia para tratamento de distúrbios visuais. É obrigatória a cobertura de cirurgias refrativas para pessoas com grau de miopia igual ou superior a 7. Obesidade mórbida Raramente os planos de saúde cobriam cirurgias para o tratamento de obesidade mórbida. Quando indicadas por médico assistente do consumidor, é obrigatória a cobertura de cirurgias para tratamento de obesidade mórbida. Quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e transfusão Poucos Planos de Saúde cobriam quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e transfusão, em geral com limitações de número de sessões. A cobertura é obrigatória nos planos com cobertura ambulatorial, quando realizada em nível ambulatorial; nos planos com cobertura hospitalar, quando realizada durante a internação. Acompanhante Não havia regulamentação na matéria, ficando a critério de cada operadora a definição da cobertura. A Lei obriga as operadoras de planos de saúde a oferecer cobertura para acompanhantes de pacientes menores de 18 anos. É facultado estender esta cobertura a acompanhante de paciente maior de idade. Dengue/Febre Amarela e Malária A maioria dos contratos antigos não cobria doenças infectocontagiosas ou epidemias como dengue, febre amarela e malária. É obrigatória a cobertura assistencial para estas doenças em todos os planos. Transplantes de rim e córnea Os planos de saúde excluíam, em geral, qualquer tipo de transplante. Os planos com cobertura para internação hospitalar cobrem transplantes de rim e córnea, incluindo despesas com doadores vivos, medicamentos usados na internação, acompanhamento clínico no pós-operatório, despesas com captação, transporte e preservação dos órgãos. Órteses e próteses A maioria dos planos de saúde excluía a cobertura de qualquer tipo de órtese ou prótese. É obrigatória a cobertura de órteses, próteses e seus acessórios, ligados ao ato cirúrgico, nos planos com cobertura para internação hospitalar, desde que não tenham finalidade estética. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Acidentes de trabalhoEm geral havia a exclusão de acidentes de trabalho e suas consequências; de moléstias profissionais e de procedimentos relacionados com a saúde ocupacional, tanto em planos individuais como em planos coletivos. Nos planos individuais (contratados por pessoa física), é obrigatória a cobertura para os procedimentos relacionados com os acidentes de trabalho e suas consequências, para moléstias profissionais, assim como para os procedimentos relacionados com a saúde ocupacional. Nos planos coletivos (contratados por pessoa jurídica), a cobertura é facultativa. FONTE: Adaptado, Ministério da Saúde (2015) Ratificando a orientação da ANS (2015), antes de contratar um plano de saúde, é preciso ficar atento ao tipo de cobertura assistencial que atenda às necessidades do consumidor. A segmentação do plano é justamente a composição das coberturas descritas, ou seja, segundo a ANS (2015), o plano pode ser: o Ambulatorial o Hospitalar sem obstetrícia o Hospitalar com obstetrícia o Exclusivamente Odontológico o Referência o Ambulatorial + Odontológico o Ambulatorial + Hospitalar sem obstetrícia o Ambulatorial + Hospitalar com obstetrícia o Hospitalar com obstetrícia + Odontológico o Hospitalar sem obstetrícia + Odontológico o Ambulatorial + Hospitalar sem obstetrícia + Odontológico o Ambulatorial + Hospitalar com obstetrícia + Odontológico 4 OPERADORA DE PLANO PRIVADO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE Pessoa jurídica constituída sob a modalidade empresarial, associação, fundação, cooperativa, ou entidade de autogestão, obrigatoriamente registrada na ANS, que opera ou comercializa planos privados de assistência à saúde. De acordo igualmente com a RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 39, de 27 de outubro de 2000, da ANS, definem-se como Operadoras de Planos de Assistência à Saúde as empresas e entidades que operam, no mercado de saúde suplementar, planos de assistência à saúde, conforme disposto na Lei nº 9.656, de 1998. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 Para fins de organização das informações, e amparados no art.10 e seguintes da RDC Nº 39 da ANS, podemos classificar as operadoras de saúde de acordo com as seguintes modalidades jurídicas: 1 Administradora: esta tem suas atribuições regulamentadas pela RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 196, DE 14 DE JULHO DE 2009, que em seu art. 2º define: “Considera-se Administradora de Benefícios a pessoa jurídica que propõe a contratação de plano coletivo na condição de estipulante ou que presta serviços para pessoas jurídicas contratantes de planos privados de assistência à saúde coletivos, desenvolvendo ao menos uma das seguintes atividades”: I – promover a reunião de pessoas jurídicas contratantes na forma do artigo 23 da RN nº 195, de 14 de julho de 2009; II – contratar plano privado de assistência à saúde coletivo, na condição de estipulante, a ser disponibilizado para as pessoas jurídicas legitimadas para contratar; I – oferecimento de planos para associados das pessoas jurídicas contratantes; IV – apoio técnico na discussão de aspectos operacionais, tais como: a) negociação de reajuste; b) aplicação de mecanismos de regulação pela operadora de plano de saúde; e c) alteração de rede assistencial. No contexto das Administradoras encontramos uma subdivisão, sendo esta: a) Administradoras de planos : são as empresas que admin is t ram exclusivamente planos privados de assistência à saúde, as quais não assumem o risco decorrente da operação desses planos, não possuem rede própria, credenciada ou referenciada de serviços médico-hospitalares ou odontológicos, para oferecer aos beneficiários da sua operadora contratante. Estes planos são financiados por outras operadoras, através do acordo de tabela para o pagamento das ações de saúde e honorários. O pagamento para a rede credenciada ocorre posteriormente à realização dos serviços, assim, o pagamento é posterior e relacionado ao consumo efetivamente realizado, e calculado segundo as tabelas adotadas, acrescido de um percentual destinado a ressarcir o custo administrativo da administradora. b)Administradoras de serviços : são as empresas que adminis t ram exclusivamente serviços de assistência à saúde, possuindo ou não rede própria, credenciada ou referenciada de serviços médico-hospitalares ou odontológicos. CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 2 Cooperativa Médica: Classificam-se na modalidade de cooperativa médica as sociedades de pessoas sem fins lucrativos, constituídas conforme o disposto na Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que operam Planos Privados de Assistência à Saúde (art. 12, RDC Nº 39 – ANS). 3 Cooperativa Odontológica: Classificam-se na modalidade de cooperativa odontológica as sociedades de pessoas sem fins lucrativos, constituídas conforme o disposto na Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que operam exclusivamente Planos Odontológicos (art.13, RDC Nº 39 – ANS). 4 Autogestão: encontramos seu conceito na RESOLUÇÃO NORMATIVA – RN N° 137, de 14 de novembro de 2006, que tem em seu art.2º, o conceito de operadora de plano de saúde de autogestão assim definido: I - a pessoa jurídica de direito privado que, por intermédio de seu departamento de recursos humanos ou órgão assemelhado, opera plano privado de assistência à saúde exclusivamente aos seguintes beneficiários: a) sócios da pessoa jurídica; b) administradores e ex-administradores da entidade de autogestão; c) empregados e ex-empregados da entidade de autogestão; d) aposentados que tenham sido vinculados anteriormente à entidade de autogestão; e) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores; f) grupo familiar até o quarto grau de parentesco consanguíneo, até o segundo grau de parentesco por afinidade, criança ou adolescente sob guarda ou tutela, curatelado, cônjuge ou companheiro dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores. II – a pessoa jurídica de direito privado de fins não econômicos que, vinculada à entidade pública ou privada patrocinadora, instituidora ou mantenedora, opera plano privado de assistência à saúde exclusivamente aos seguintes beneficiários: a) empregados e servidores públicos ativos da entidade pública patrocinadora; b) empregados e servidores públicos aposentados da entidade pública patrocinadora; c) ex-empregados e ex-servidores públicos da entidade pública patrocinadora; d) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores; e) sócios ou associados da entidade privada patrocinadora ou mantenedora da entidade de autogestão; f) empregados e ex-empregados, administradores e ex-administradores da entidade privada patrocinadora ou mantenedora da entidade de autogestão; g) empregados, ex-empregados, administradores e ex-administradores da própria entidade de autogestão; h) aposentados que tenham sido vinculados anteriormente à própria entidade de autogestão ou a sua entidade patrocinadora ou mantenedora; CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 i) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores; j) grupo familiar até o quarto grau de parentesco consanguíneo, até o segundo grau de parentesco por afinidade, criança ou adolescente sob guarda ou tutela, curatelado, cônjuge ou companheiro dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores; k) as pessoas previstas nas alíneas “e”, “f ”, “h”, “i” e “j” vinculadas ao instituidor desde que este também seja patrocinador ou mantenedor da entidade de autogestão; ou III - pessoa jurídica de direito privado de fins não econômicos, constituída sob a forma de associação ou fundação, que opera plano privado de assistência à saúde aos integrantes de determinada categoria profissional que sejam seus associados ou associados de seu instituidor,e aos seguintes beneficiários: a) empregados, ex-empregados, administradores e ex-administradores da própria entidade de autogestão b) aposentados que tenham sido vinculados anteriormente à própria entidade de autogestão; c) pensionistas dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores; e d) grupo familiar até o quarto grau de parentesco consanguíneo, até o segundo grau de parentesco por afinidade, criança ou adolescente sob guarda ou tutela, curatelado, cônjuge ou companheiro dos beneficiários descritos nas alíneas anteriores. §1º A entidade de autogestão só poderá operar plano privado de assistência à saúde coletivo e restrito aos beneficiários mencionados nos incisos I, II e III deste artigo. §2º Constatado o descumprimento do disposto no parágrafo anterior, a entidade de autogestão deverá regularizar a situação no prazo de sessenta dias, contado do recebimento da intimação efetuada pela ANS. §3º Persistindo a irregularidade após o decurso do prazo previsto no parágrafo anterior, a ANS aplicará a sanção administrativa cabível e promoverá a reclassificação da modalidade da operadora. As autogestões deverão operar por meio de rede de profissionais e instituições diretamente credenciadas, só podendo contratar rede de prestação de serviços de assistência à saúde de outra operadora nos seguintes casos: (Resolução-RDC nº 39, de 27 de outubro de 2000): I - mediante convênios de reciprocidade com entidades congêneres; II - em regiões com dificuldade de contratação direta. De forma simplificada, são caracterizados como sistemas de assistência à saúde na modalidade de autogestão aqueles destinados exclusivamente a empregados ativos, aposentados, pensionistas e ex-empregados, bem como seus respectivos grupos familiares definidos, de uma ou mais empresas, ou ainda a participantes e dependentes de associações, sindicatos ou entidades de classes profissionais (Resolução CONSU nº 05/98). CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 5 Medicina de grupo: Classificam-se na modalidade de medicina de grupo as empresas ou entidades que operam Planos Privados de Assistência à Saúde (art.15, RDC nº39, ANS). 6 Odontologia de grupo: Classificam-se na modalidade de odontologia de grupo as empresas ou entidades que operam exclusivamente Planos Odontológicos (art.16, RDC nº39, ANS). 7 Filantropia: Classificam-se na modalidade de filantropia as entidades sem fins lucrativos que operam Planos Privados de Assistência à Saúde e tenham obtido o certificado de entidade beneficente de assistência social emitido pelo Ministério competente, dentro do prazo de validade, bem como da declaração de utilidade pública federal junto ao Ministério da Justiça ou declaração de utilidade pública estadual ou municipal junto aos Órgãos dos Governos Estaduais e Municipais, na forma da regulamentação normativa específica vigente. 8 Seguradoras especializadas em saúde: A resolução RDC no 39, de 27 de outubro de 2000, não trata sobre a modalidade seguradora que passa a ser regulamentada pela ANS através da Lei nº 10.185, de 12 de fevereiro de 2001, que enquadra o seguro saúde como plano privado de assistência à saúde e a sociedade Seguradora Especializada em Saúde como operadora de plano de assistência à saúde, devendo o estatuto social vedar a atuação em quaisquer outros ramos ou modalidades de seguro. Nesta modalidade há a intermediação financeira de uma entidade seguradora, que cobre ou reembolsa gastos com assistência médica ao prestador ou ao segurado, de acordo com condições contratuais. A Federação Nacional das Empresas de Seguro Privados e de Capitalização (FENASEG) é a entidade que congrega as empresas do setor de seguros (UNIDAS, 2005). 5 AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE 5.1 CONCEITOS E HISTÓRICO As Agências Reguladoras foram então criadas no Brasil a partir de 1996, como resultado de uma confluência ocorrida entre a reforma do aparelho de estado e o processo de desestatização da economia brasileira, levado a cabo com a privatização de grande parte das empresas estatais que atuavam nos setores responsáveis pela infraestrutura do Governo Federal (energia elétrica e comunicações são os principais). Embora a função reguladora já fosse exercida anteriormente por diversos órgãos como Banco Central do Brasil, Instituto Nacional de Metrologia CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 1 (INMETRO), Instituto Nacional de Meio Ambiente (IBAMA), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entre outros, as agências reguladoras constituem-se uma novidade institucional no Brasil. Concebidas sob inspiração do modelo proposto pelo direito administrativo norte-americano, as agências brasileiras foram instituídas sob a forma de autarquias em regime especial, gozando de relativa autonomia administrativa e financeira. Embora vinculadas a Ministérios específicos, de acordo com o setor de atividade ao qual estão afetas, em sua concepção original as agências não são subordinadas aos respectivos Ministérios. A ideia de autonomia para o desempenho de suas funções está no próprio cerne da escolha do modelo autárquico, pois um dos principais motivos alegados para a sua criação era que as agências pudessem vir a desenvolver suas atividades com independência política e administrativa. 5.2 RECONHECENDO A AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR As empresas especializadas na oferta de serviços médicos (inicialmente cooperativas e medicinas de grupo), surgiram em São Paulo em meados dos anos 60 e se expandiram fortemente no decorrer da década de 70. A década de 80 marca a consolidação do mercado de saúde suplementar no Brasil, como segmento econômico relevante no exercício do papel de ofertante de serviços de saúde, adicionalmente ao sistema público (ARAÚJO, 2015). A constituição de 1988 determina um novo desenho para o sistema de saúde brasileiro. Os serviços públicos são, a partir de então, integrados mediante estabelecimento de rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único, definido de acordo com os seguintes princípios: descentralização – execução dos serviços comandada pelos estados e municípios, cabendo ao Governo Federal o planejamento, a fiscalização e o controle; atendimento integral – com prioridade às ações preventivas; participação social – através de instâncias colegiadas próprias. A regulamentação do sistema de saúde suplementar no Brasil teve seu marco institucional com a promulgação da Constituição de 1988. Ao mesmo tempo em que institui o Sistema Único de Saúde – SUS, com características de universalidade, integralidade e gratuidade, a carta de 1988 estabelece que “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada para participação de forma complementar ao serviço público, segundo diretrizes deste e condicionada a regulamentação específica” (Constituição Federal do Brasil – Parágrafo 1º, art.199).
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