Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Carollayne Mendonça Rocha QUESTÕES DE PSICOLOGIA – prova do 2º bimestre Questão 1 – SOBRE A NEUROSE HISTÉRICA: o que significa dizer castração do outro e como a histérica pode oferecer a própria castração para sustentar o outro não castrado 1) Castração em psicanálise, está relacionada à experiência vivida em algum momento da vida (normalmente quando crianças), onde leis, regras e proibições começam a fazer parte do cotidiano, da vida daquele ser. Existe um grande outro, que é super importante pra nós, esse grande outro pode ser a mãe, o pai, ..., ele nos permite criar algumas leis, algumas normas, algum tipo de organização para o mundo, para essa realidade onde estamos inseridos, realidade na qual sabemos que toda estrutura é falha. A partir do momento em que nós pegamos o grande outro e a estrutura para organizarmos nossa vida, para darmos um sentido para a nossa vida, nós temos que entender que: essa estrutura é falha, é como se fosse uma cadeira que ‘manca’, ou seja, é algo que deveria estar estático, parado e de repente começa a mancar. Isso de certa forma nos irrita, nos incomoda. Então, vamos criando, diante de nossas frustrações, diante de nossas CASTRAÇÕES, algumas formas de organizar o mundo, para que essas formas nos garantam um mundo um pouco mais seguro, um mundo onde o que está estático permanece estático, só que, a partir do momento em que vamos criando isso, vamos nos sentindo confortáveis, seguros, nos sentindo, literalmente, estáticos, mas em algum momento da vida em que alguma coisa acontece diferente, o que estava estático se torna móvel, ou seja, aquilo que a gente criou já não está sendo mais suficiente para garantir a nossa segurança na vida. Então uma das possiblidades dentro dos tipos de personalidade, é a neurose, através da neurose, nós começamos então a criar essas normas e essas leis para tentar reorganizar o mundo que nos deixa desamparados, criamos normas e leis para tentar deixar nosso mundo estático, garantindo assim, uma segurança e certo conforto. Perceber que o outro não é castrado, é uma situação traumática para nós, e isso é recalcado. 2) ‘‘Histeria’’ vem do grego ‘‘hystéra’’ que significa útero, na Grécia, o termo ‘‘histeria’’ já estava vinculado a algo que é próprio da mulher, e o útero, é um ambiente Carollayne Mendonça Rocha oco, não preenchido, ele vai se preencher depois com o filho (ou não), histeria fala um pouco disso, dessa falta, desse vazio. A histeria se funda numa falta, em querer preencher essa falta a todo custo. O movimento realizado pelo sujeito de modo a conseguir manter a ilusão acerca da existência de um outro completo, consiste em trazer para si a castração, o neurótico oferece a própria castração para sustentar em outro não castrado. O sujeito em relação à neurose foi confrontado com a castração do outro e, portanto, ele sabe dessa castração, porém, pelo recalque, esse ‘‘saber’’ é afastado do consciente, fazendo com que o sujeito não saiba, sendo assim, a neurose se estrutura em torno desse ‘‘saber’’ inconsciente pela ação do recalque. O que a histérica quer fazer o tempo todo é deixar esse outro completo, ela abomina a falha, a falta e ela evidencia essa falta a todo momento, ela vai procurar um outro pra se vincular e a partir do momento que isso acontece, ela aponta todos os defeitos dele, porque ela quer se colocar como alguém que vai completa-lo e uma vez que ela percebe que ela não consegue, que na verdade, ninguém completa ninguém, ela sai denunciando essa incompletude. Tudo aquilo que é recalcado, quando vem para a consciência, vem de uma forma fragmentada, não vem da mesma maneira que foi recalcado, só isso já mostra pra gente que sempre vai ficar um resto, até mesmo naquilo que a gente sonha, sempre fica um resto, a gente nunca se realiza por inteiro, não existe essa realidade da realização por completo, sempre vai ter uma falta. A neurose é algo que surge pra tentar cobrir nossas frustrações diante da realidade e ela se apresenta através de sintomas. No caso da histeria, ela pressupõe um investimento no próprio corpo, porque a neurose histérica é marcada num primeiro momento pela anatomia, o homem ‘‘tem alguma coisa que a mulher não tem’’ (falar desse modo é errado porque o homem tem e a mulher tem também, o fato de ser diferente, não significa que a mulher não tem). A partir do momento que ela localiza essa falta anatômica, o investimento que ela começa a fazer vai ser no corpo - a mulher cuida do cabelo, usa maquiagem, adornos, colares, anéis, brincos, ela pinta a unha, ela é preocupada com a estética (muito mais que o homem), preocupada com peso, ela tem um olhar muito maior para a questão de cores, ela percebe coisas no ambiente, ela harmoniza melhor algumas coisas, alguns objetos. E ela faz tudo isso com a intenção de preencher o vazio. Carollayne Mendonça Rocha 3) Um exemplo que não está ligado à conversão do próprio corpo pode ser: a menina que vê a pessoa que ela gosta, ela sente uma euforia por dentro, uma emoção e ela gosta dessa sensação. Quando ela consegue ficar com essa pessoa a primeira vez, é maravilhoso, o beijo, o encontro e tudo mais, porém, dali 1 mês, ela já começa a ver os defeitos da pessoa e começa a evidenciar para essa pessoas os defeitos que ela possui, ‘‘nossa, mas você faz isso, faz aquilo, você é chato’’, então ela começa a ver as falhas, e essas falhas, muitas vezes, ela amplia, aumenta, porque tá ligado à estrutura da personalidade dela, ela não faz isso sabendo que faz, ela faz sem saber. Um exemplo ligado à conversão do próprio corpo: no filme ‘‘As bruxas de Salém’’, no início, as bruxas estão fazendo um ritual pagão, desejando homens, querendo que os homens as amem (algumas delas estavam desejando até homens casados) e de repente elas são flagradas, e quando isso acontece, como uma forma histérica de conversão, muitas vezes, algumas delas, de maneira inconsciente fazem conversão falando que estão cegas, outras desmaiam e não voltam mais, outras ficam paralisadas, e elas começam a associar isso depois a visões, delírios, visões de que tem um espírito ruim, um demônio que estava falando pra elas fazerem aquilo. Questão 2 – SOBRE A NEUROSE OBSESSIVA: quais são as defesas que o neurótico geralmente utiliza para dar conta da própria vida 1) Para o obsessivo não existe o que falta, porque ele JÁ TEM, nada foi retirado – a mãe começa a perder um ‘brilho’ pra ele, quando percebe que ela não tem um pênis. O obsessivo, por já possuir um pênis e por ter privilégios na vida (por ser homem), acha que é o sabichão, o dono da verdade, o homem consegue se posicionar de maneira muito mais agressiva, muito mais sádica que a mulher, ele não tem medo de expor sua força porque a ele isso é permitido, ele fala mais grosso, não pede informações, ele racionaliza muito as coisas. Podemos perceber isso a partir da imagem de Salvador Dali – essa imagem já começa a revelar um sentido próprio, a mulher está sinalizando para o bebê (que está agarrado em suas pernas), um homem que está nascendo desse mundo, e é justamente isso, o neurótico obsessivo ele é colocado como se fosse o centro do mundo, se das mulheres Carollayne Mendonça Rocha foi retirado muito do direito social, o direito de ir e vir, a liberdade no âmbito social, ao homem é colocado muita liberdade, ele pode ir e vir da maneira que ele quiser, e essa liberdade excessiva acaba colocando o homem no centro. Os neuróticos são aqueles que sabem lidar com as proibições da vida, com a lei, com a moral e para conseguir lidar com esse mal estar que a cultura vai trazendo para eles, vão criando algumas manias, algumas formas de lidar com isso que são também consideradas sintomas; são os sintomas que a gente usa para nos defender, que por outro lado também nos causa um pouco de problema, os nossos sintomas nos incomodam, mas eles só vão nos causarproblemas de fato a partir do momento em que eles não conseguirem dar conta mais daquilo que deveriam. E é nessa hora que a gente depara com a grande cortina que colocamos na nossa vida e uns conseguem resolver isso na vida tranquilamente e outros precisam de uma análise. Essas neuroses são formas de nos defendermos das coisas que acontecem no mundo externo e que nos atingem. O obsessivo se fundamenta muito nos rituais – fazer tudo do mesmo jeito como forma de garantir alguma coisa. Uma grande característica dos obsessivos é ser defensor da moral e dos bons costumes. Os obsessivos tem uma questão muito grande com o pensamento, enquanto a histérica é no corpo, ele pensa demais, ele articula demais, e nessas articulações entra uma coisa que é bem própria dos obsessivos, que é a paranoia, a mania de perseguição, ele acha que tá todo mundo de olho, que as pessoas vão persegui-lo, que as pessoas estão falando dele, que estão apontando e vendo os erros dele e tudo isso o leva pessoa para o furor intenso. O obsessivo tem todo um ritual e se alguém propõe uma mudança nesse ritual, ele sente que o mundo dele já se desorganizou. O obsessivo é dono de fazer penitências, de se privar de alguns desejos que ele tem. O obsessivo é cheio de regrinhas pra tudo e isso é incômodo, mas ele não se dá conta de quanto isso é incômodo pra ele. Ele tá sempre preocupado com contas, ele é supersticioso, ele acredita que tem que fazer daquele jeito porque se não fizer, não vai dar certo, ele é muito detalhista com tudo e quanto mais grave a obsessão dele, mais minucioso ele, é muito cuidadoso, tenta manter tudo organizado, como se isso fosse fazer com que o mundo dele também ficasse organizado igual. Ele só vai menosprezar as ações do dia a dia relacionadas a superstição, Carollayne Mendonça Rocha minuciosidade, escrúpulos, desde que ele sinta que ele não tem obrigação de dar conta daquilo. Ele se vê como completo, mas não é, ele tem tantas falhas, tantos erros, que ele tá o tempo inteiro querendo organizar a própria vida e a vida dos outros como uma garantia de que vai dar tudo certo. Ele é tão carente e tão dependente quanto a histérica. 2) Exemplo1: o obsessivo cria por exemplo um ritual pela manhã – primeiro ele acorda, tira o pijama, dobra o pijama, coloca ele em um lugar, vai pro banheiro, escova os dentes, toma banho, sai do banho, penteia o cabelo, passa o desodorante, coloca cueca, e assim ele vai obedecendo a ordem das coisas e depois ele toma o café. Se algum dia ele acorda, tira o pijama e vai pro banheiro pra tomar banho, mas tem alguém usando o banheiro, ou seja, sai da rotina, ele começa a sofrer por causa disso, ele fica irritado. Ao criar esse ritual para fazer com que ele se sinta seguro e que sua vida fique organizada, ele se prende nisso e a partir do momento em que alguma coisa, por mais pequena que seja, é feita de uma maneira diferente, ele se irrita, porque sente que não está tendo domínio sobre algo, e para ele, isso é horrível, ele começa a sofrer. Exemplo 2: O homem só de pensar nas mulheres como objetos sexuais ele já restringe muito as filhas, a esposa ou namorada. Ele se acha no direito de dizer que a saia está curta, que o decote está muito, que ele gosta ou não gosta de determinada roupa que ela põe porque expõe muito o corpo, ‘‘não, eu confio em você, mas e aquele seu amigo?’’ – as neuroses masculinas estão muito relacionadas ao campo do pensamento, ele sofre só de pensar, isso reflete muito a maneira como ele pensa de fato. A maioria dos homens que são excessivamente ciumentos é porque quando ele olha (não quer dizer que ele trai a namorada), no pensamento dele ele faz miséria com as outras mulheres que ele tá vendo, então, se ele pensa assim em relação às outras mulheres que ele tá vendo, é muito provável que os outros homens vão pensar assim também em relação à parceira que está com ele, assim, ele quer reprimir essa parceira. Carollayne Mendonça Rocha O homem tem medo do que os outros homens vão pensar a respeito da sua parceira, e por isso, às repreende, visto que na posição em que se encontra, ao olhar para outra mulher, por exemplo, com uma saia curta, ele pensa coisas e não quer que isso aconteça com a sua parceira. Ele quer ter poder em tudo o que faz.
Compartilhar