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Gabrielle Nunes | P2 | 2020.1 1 ESTRUTURA GERAL DOS RINS CAPSULA FIBROSA A superfície renal é coberta por uma cápsula de tecido conjuntivo. A cápsula consiste em duas camadas distintas: uma camada externa de fibroblasto e fibras colágenas, e uma camada interna com um componente celular de miofibroblastos. A contratilidade dos miofibroblastos pode ajudar na resistência à variação de volume e de pressão. As cápsulas penetram no hilo, formando a cobertura de tecido conjuntivo no seio – o hilo contém tecido adiposo. CÓRTEX E MEDULA Zona cortical Zona medular Corpúsculos renais (1) Túbulos contorcidos (2 e 8) Túbulos retos (3 e 6) Ductos coletores(10) Túbulo coletor (9) Célula justaglomerular Mácula densa (7) Túbulos retos (ramos da alça de Henle 4,5,6 e 3 ) Ductos coletores(10 e 12) Rede especial de capilares (vasos retos) CÓRTEX A característica mais distintiva do córtex renal, independentemente do plano de corte, é a presença dos corpúsculos renais (CR); Presença de veias arqueadas e artérias arqueadas; Pelas setas estão representados grupos de túbulos – Raios Medulares- que são mais ou menos retos e dispostos em uma direção radial partindo da base da medula. | Cada raio medular é um aglomerado de túbulos retos e ductos coletores. As regiões entre os raios medulares contêm os corpúsculos renais, os túbulos contorcidos dos néfrons e os túbulos coletores, formando os labirintos corticais. Cada néfron e seu túbulo conector (que se liga a um ducto coletor no raio medular) formam o túbulo urinífero. Diversos néfrons são drenados por um único túbulo coletor. Tecido conjuntivo denso: colágeno + fibroblastos (núcleos alongados) Tecido conjuntivo denso: (+) miofibroblasto (núcleos redondos) Gabrielle Nunes | P2 | 2020.1 2 Múltiplos túbulos coletores se unem na região medular profunda – formam os ductos de Bellini- perfuram a papila renal na área crivosa. MEDULA A medula apresenta estruturas tubulares com curvas suaves, ductos coletores e uma rede especial de capilares, os vasos retos. Os túbulos em conjunto na medula formam estruturas cônicas chamadas pirâmides. As bases da pirâmide estão voltadas para o córtex, enquanto os ápices estão voltados para o seio renal. A porção apical de cada pirâmide, que é conhecida como papila, que se projeta para o cálice menor do rim. A extremidade da papila, também conhecida como área cribriforme, é perfurada pelas aberturas dos ductos coletores. Papila renal projetando-se no cálice renal. O ápice da papila contém aberturas dos ductos coletores (de Belliní). Esses ductos lançam a urina contida nas pirâmides no cálice menor. Cada pirâmide é dividida em medula externa (possui uma faixa interna e uma faixa externa) e uma medula interna. Os cálices menores são ramos de dois ou três cálices maiores, os quais, por sua vez, são divisões principais da pelve renal As colunas renais (de Bertin) representam o tecido cortical contido na medula, mas são consideradas parte da medula. LOBOS E LÓBULOS RENAIS O número de lobos em um rim é igual ao número de pirâmides medulares. Lobo > Pirâmide medular + tecido cortical associado Lóbulo > Raio medular que contém o ducto coletor + conjunto de néfrons drenados por ele. NÉFRONS O néfron é a unidade estrutural e funcional do rim. Cada rim contém aproximadamente 2 milhões de néfrons, são responsáveis pela produção de urina e correspondem á porção secretora de outras glândulas. Os ductos coletores são responsáveis pela concentração final da urina. ORGANIZAÇÃO GERAL DO NÉFRON: Consiste no corpúsculo renal e um sistema de túbulos. CORPÚSCULOS RENAIS Estruturas: Glómerulo (amaranhado de capilares), cápsula de Bowman e espaço de Bowman. → Pólo Vascular - pelo qual penetra a arteríola aferente; → Pólo Urinário - onde tem início o túbulo contorcido proximal; Os capilares glomerulares são supridos por uma arteríola aferente e drenados por uma arteríola eferente. Arteríola Aferente - ao penetrar, divide-se em vários capilares (alças), e possui conexões diretas com o vaso eferente (o sangue pode circular entre eles sem passar pelas alças do glomérulo); Capilares glomerulares - circula sangue arterial, pressão hidrostática regulada pela arteríola eferente (porque ela possui + quant. de músculo liso). Gabrielle Nunes | P2 | 2020.1 3 CÁPSULA DE BOWMAN: Capa de tecido epitelial de duplo folheto, porção inicial dos néfrons, onde o sangue que flui através dos capilares glomerulares passa por uma filtração para produzir o ultrafiltrado glomerular. Formada por dois folhetos: ▪ Camada visceral: Localizada junto aos vasos capilares . Contém as células especializadas chamadas podócitos ou células epiteliais viscerais.- elas emitem prolongamentos ao redor dos capilares glomerulares. ▪ Camada pariental: Se organizam formando a parede do corpúsculo renal. O folheto pariental é formado por um epitélio simples pavimentoso, que está apoiado sobre uma lâmina basal e também sobre uma fina camada de fibras reticulares. Não tem como diferenciar os tipos celulares em coloração HE. ORDEM CORRETA DO APARELHO DE FILTRAÇÃO O aparelho de filtração envolvido pela camada parietal da cápsula de Bowman consiste em três componentes: 1- Endotélio dos capilares glomerulares: apresentam fenestrações, apresentam uma grande quantidade de aquaporinas que permitem o movimento rápido de água através do epitélio. Atua como barreira física e como filtro seletivo de íons. 2- Membrana basal glomerular (MBG): Lâmina basal espessa que é produto do endotélio e os podócitos. É o principal componente da barreira de filtração. 3- Camada visceral da cápsula de Bowman: Os podócitos emitem prolongamentos ao redor dos capilares glomerulares. 4- Espaço capsular - entre os dois folhetos, recebe o líquido filtrado através da parede dos capilares e do folheto visceral da cápsula; MESÂNGIO Localizado nos corpúsculos e formado por: Células mesangiais + matriz extracelular Estão envolvidas pela lâmina basal dos capilares glomerulares (MBG) Fornecem suporte estrutural (suporte aos podócitos), realizam fagocitose e endocitose de matriz (limpeza), secreção de prostaglandinas, ativar vias inflamatórias, nutrição, modulação da distensão glomerular ( resposta ao aumento da PA).Manutenção da estrutura e da função da barreira glomerular constitui a principal função das células mesangiais Existem células mesangiais fora do corpúsculo, passam a ser chamadas de células reticuladas e fazem parte do aparelho justaglomerular. FILTRADO GLOMERULAR: Quando há alguma enfermidade no processo de formação da urina, é possível observar a presença de diferentes moléculas nesse filtrado: como + glicose, proteínas... ▪ Barreira de filtração glomerular: Camada superficial edotelial (glicocálix- carboidratos)-1 ; Células endoteliais- 2 e a membrana basal glomerular-3; Espaço abaixo dos podócitos-4 e podócitos-5;Chega ao espaço de Bowman e segue para os tubos; APARELHO JUSTAGLOMERULAR O aparelho justaglomerular inclui a mácula densa, as células justaglomerulares e as células mesangiais extraglomerulares. O aparelho justaglomerular regula a pressão arterial por meio da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Em determinadas condições fisiológicas (baixa ingestão de sódio) ou patológicas (diminuição do volume de sangue circulante devido à ocorrência de hemorragia ou redução da perfusão renal em consequência de compressão das artérias renais), as células justaglomerulares são responsáveis pela ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA). Os grânulos das células justaglomerulares contêm uma aspartil protease, denominada renina, que é sintetizada, armazenadae liberada na corrente sanguínea pelas células musculares lisas modificadas. No sangue, a renina catalisa a hidrólise de uma α2-globulina circulante, o angiotensinogênio, produzindo o decapeptídio angiotensina As células da mácula densa monitoram a concentração de Na+ no líquido tubular e regulam tanto a taxa de filtração glomerular quanto a liberação de renina pelas células justaglomerulares. Gabrielle Nunes | P2 | 2020.1 4 PORÇÃO TUBULAR Modifica o filtrado do corpúsculo renal para formar a urina. ▪ Segmento espesso proximal, que consiste no túbulo contorcido proximal e no túbulo reto proximal ▪ Segmento delgado, que constitui a parte delgada da alça de Henle. ▪ Segmento espesso distal, que consiste no túbulo reto distal e no túbulo contorcido distal. O túbulo contorcido distal conecta-se com o ducto coletor cortical, frequentemente por meio de um túbulo conector, formando o túbulo urinífero. O ducto coletor cortical continua dentro da medula como ducto coletor medular e desemboca na papila da pirâmide renal. TÚBULOS DO NÉFRON As denominações são de acordo com o curso que eles seguem (contorcido ou reto), sua localização (proximal ou distal) e espessura da parede (espesso ou delgado). ▪ Certas substâncias contidas no ultrafiltrado são reabsorvidas, algumas parcialmente (p. ex., água, sódio e bicarbonato) e outras inteiramente (p. ex., glicose) ▪ Outras substâncias (p. ex., creatinina e ácidos e bases orgânicos) são adicionadas ao ultrafiltrado (i. e., urina primária) pela atividade secretora das células tubulares. TUBO CONTORCIDO PROXIMAL Origina-se do polo urinário da cápsula de Bawman. Segue um curso muito contorcido e em seguida entra no raio medular para continuar como túbulo reto proximal. ▪ Recebe o ultrafiltrado do espaço urinário da cápsula de Bowman e é o local inicial e principal de reabsorção (bombas de N+/K+-ATPase e aquaporina-1). ▪ É maior que o tubo distal. ▪ Suas células (cuboides) têm o citoplasma basal fortemente acidófilo em razão de numerosas mitocôndrias alongadas; tecido simples cúbico. ▪ Absorve glicose, água, sódio, proteínas de baixo peso molecular (Microvilosidades com glicocálice bem desenvolvido); ▪ Excreta creatina e digere várias drogas (antibióticos, analgésicos) ▪ Lúmen estrelado e fechadinho(proximal), com orla em escova. TÚBULO RETO PROXIMAL Ramo descendente espesso da alça de Henle. Não são tão especializadas para a absorção. São células mais curtas, com borda em escova menos desenvolvida, menor quantidade de prolongamentos e menos mitocôndrias. ALÇA DE HENLE Estrutura tubular em forma de U, que é um segmento do néfron, corresponde aos ramos descendente e ascendentes delgados. ▪ Parede da alça formada por células achatadas. ▪ Lúmen largo. ▪ Parte descendente delgada (fina): Epitélio pavimentoso simples. ▪ Parte ascendente espessa: Epitélio cúbico simples TÚBULO RESTO DISTAL Ramo ascendente espesso da alça de Henle, é a continuação do ramo ascendente delgado. O túbulo reto distal ascende através da medula e entra no córtex no raio medular para alcançar a vizinhança do corpúsculo renal que lhe deu origem. O Túbulo reto distal deixa o raio medular e faz contato com o polo vascular de seu corpúsculo renal original. Nesse ponto as células epiteliais do túbulo adjacente à arteríola aferente do glomérulo são modificadas e formam uma estrutura denominada mácula densa. Em seguida, o túbulo distal deixa a região do corpúsculo e passa a constituir o túbulo contorcido distal TUBO CONTORCIDO DISTAL ▪ Epitélio cúbico simples ▪ Células menores (possuindo maior número de núcleos); ▪ Não possui orla estriada; ▪ As suas células têm invaginações da membrana basolateral; ▪ Possuem acúmulo de mitocôndrias; Gabrielle Nunes | P2 | 2020.1 5 ▪ Não há absorção de água; ▪ Funções: - Troca iônica na presença de aldosterona; - Absorção de sódio (bomba de sódio e potássio) - Secreção de potássio ( Bomba de N e K) - Secreta , também, íons hidrogênio e amônia para a urina, sendo essencial para o equilíbrio osmótico. Obs: Diferenciação entre o proximal e o distal: células do distal são menores, portanto, mais núcleos no corte transversal, não tem orla em escova e são menos acidófilas; TÚBULOS E DUCTOS COLETORES Os ductos coletores corticais começam no córtex a partir da fusão dos túbulos conectores ou túbulos conectores arqueados de muitos néfrons e prosseguem nos raios medulares em direção à medula. ▪ Compostos de epitélio simples: - Corticais (células pavimentosas ou cuboides) - Medulares (Células cuboides, com transição para colunar) ▪ Células: - Principais (claras, são mais numerosas) - Intercalares (escuras, menos numerosas) ▪ Função: - Importante na concentração da urina e na regulação de íons. Determinam a osmolaridade final da urina pela sua atividade de reabsorção de água. - Presença de canais de água (aquaporinas 2) que são regulados pelo hormônio antidiurético (ADH) - + ADH no sangue maior permeabilidade e retenção de água (maior concentração da urina). - ADH no sangue menor permeabilidade e retenção de água (urina mais diluída); CÉLULAS INTERSTICIAIS O tecido conjuntivo do parênquima renal, denominado tecido intersticial, circunda os néfrons, os ductos e os vasos sanguíneos e linfáticos. Existe maior quantidade na porção da medula e da papila do que no córtex. Tipos celulares: a)Córtex: Células semelhantes a fibroblastos e macrófagos ocasionais (Essas células sintetizam e secretam colágeno e glicosaminoglicanos da matriz extracelular do interstício). b)Medula: as principais células intersticiais assemelham-se a miofibroblastos. SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA (SRAA) E HIPERTENSÃO ARTERIAL O SRAA desempenha papel essencial na homeostasia do Na+ e do volume sanguíneo, bem como na regulação a longo prazo da PA. A renina secretada pelo aparelho justaglomerular do rim converte o angiotensinogêo e em angiotensina I, que é convertida pela ECA em angiotensina II, um dos vasoconstritores mais potentes do corpo humano. A angiotensina II desempenha importante função na estimulação da secreção de aldosterona pelo córtex da suprarrenal. A aldosterona reabsorve o Na+ e excreta o K+; por conseguinte, exerce um efeito sobre a retenção do volume de água extracelular. Acredita-se que a hipertensão essencial crônica seja a produção excessiva de angiotensina II no pulmão. Desenvolveu-se tratamentos com os inibidores da ECA- captopril, enalapril e derivados. Mas também: um comprometimento na circulação Renal > aumento da resistência à filtração de Líquidos > redução da capacidade de formar filtrado Glomerular > retenção de sal e água > aumento da PA Gabrielle Nunes | P2 | 2020.1 6 HISTOFISIOLOGIA DO RIM O sistema multiplicador por contracorrente cria uma urina hiperomóstica. O termo contracorrente indica um fluxo de líquido em estruturas adjacentes em sentidos opostos. A capacidade de excretar urina hiperosmótica depende do sistema multiplicador por contracorrente, que envolve três estruturas: a) A alça de Henle atua como multiplicador por contracorrente. Os gradientes osmóticos da medula são estabelecidos ao longo do eixo da alça de Henle. b) Os vasos retos formam alças paralelas à alça de Henle. Atuam como trocadores por contracorrente de água e solutos entre a porção descendente (arteríolas retas) e a porção ascendente (vênulas retas) dos vasos retos. Os vasos retos ajudam a manter o gradiente osmótico da medula. c) O ducto coletor da medula atua como dispositivo de equilíbrio osmótico. O ultrafiltrado modificado nos ductos coletores pode ainda ser equilibrado com o interstício medular hiperosmótico. O nível de equilíbrio depende da ativação dos canais de água dependentesde ADH (AQP2). Um gradiente permanente de concentração de íons produz uma urina hiperosmótica por um efeito multiplicador por contracorrente. O ramo descendente delgado da alça de Henle é livremente permeável à água, ao passo que o ramo ascendente da alça de Henle é impermeável à água. Além disso, as células do ramo ascendente delgado acrescentam Na+ e Cl– ao interstício. Interstício torna-se hiperosmótico. Os vasos retos que contêm arteríolas descendentes e vênulas ascendentes atuam como trocadores por contracorrente. As arteríolas retas formam plexos capilares revestidos por endotélio fenestrado, que suprem as estruturas tubulares nos vários níveis da pirâmide medular. A interação de ductos coletores, alças de Henle e vasos retos é necessária para a concentração da urina por meio do mecanismo de troca por contracorrente. Como o ramo ascendente espesso da alça de Henle apresenta um alto nível de atividade de transporte, e como ele é impermeável à água, o ultrafiltrado modificado que finalmente alcança o túbulo contorcido distal é hiposmótico. Quando há ADH, os túbulos contorcidos distais e os ductos coletores são altamente permeáveis à água. Por conseguinte, no córtex, em que o interstício é isosmótico com relação ao sangue, o ultrafiltrado modificado no túbulo contorcido distal equilibra-se e torna-se isosmótico, em parte pela perda de água para o interstício e em parte pela adição de outros íons além do Na+ e do Cl– ao ultrafiltrado. Na medula, quantidades crescentes de água deixam o ultrafiltrado conforme os ductos coletores passam pelo interstício cada vez mais hiposmótico em seu trajeto até as papilas. Os vasos retos formam um sistema de troca por contracorrente da seguinte maneira: À medida que os vasos arteriais descem pela medula, o sangue perde água e ganha sal do interstício, de modo que, na extremidade da alça localizada profundamente na medula, o sangue está essencialmente em equilíbrio com o líquido intersticial hiposmótico. À medida que os vasos venosos ascendem para a junção corticomedular, o processo é invertido (i. e., no interstício, o sangue hiperosmótico perde sal e ganha água). Essa troca passiva de água e de sal por contracorrente entre o sangue e o interstício ocorre sem gasto de energia pelas células endoteliais. IMAGENS Gabrielle Nunes | P2 | 2020.1 7