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Resumos -Introdução a Ciências Farmacêuticas

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Introdução a Ciências Farmacêuticas
Resumos do Livro
Unidade 1
História
No Brasil, a história da farmácia encontra-se pouco desenvolvida, já que, em outros países, o estudo e o aprofundamento da farmácia é comum e muito valorizado. Na antiguidade, não havia distinção entre médicos e farmacêuticos, cabendo a um mesmo profissional diagnosticar doenças e preparar os medicamentos necessários.
As práticas farmacêuticas existem na história desde 2500 a.C. a partir de produtos naturais (minerais, vegetais e animais), tendo sido iniciadas na China. Os gregos e os egípcios foram os primeiros a desenvolver métodos para a cura de doenças utilizando a botânica associada a elementos místicos e religiosos. 
A origem da profissão remonta à Grécia antiga e seus deuses: o símbolo da farmácia ilustra o poder (cobra) da cura (taça) e era utilizado pela deusa Hígia, responsável pela saúde.
A Farmácia Pré-Histórica 
Um traço fundamental, nessa época, diz respeito à origem das doenças, que podiam ser naturais ou sobrenaturais. Nesse tempo, não existia diferença entre doença orgânica, funcional ou psicossomática, pois o conceito de doença era sobrenatural, mágico e misterioso, e o tratamento dessas doenças não tinha apenas como terapêutica exclusiva os rituais mágico-religiosos, mas também o uso de produtos de origem vegetal, mineral e animal.
O uso de plantas revelou, mais tarde, grande valor terapêutico e, ainda hoje, é reconhecido como um elemento em tratamento de doenças.
Por tentativa e erro, o conhecimento popular das propriedades curativas de certas substâncias naturais acabou crescendo. Embora curandeiros tribais ou xamãs guardassem o conhecimento para si, o uso de plantas medicinais, que algumas vezes era empregado como alimento, condimento ou amuleto, foi tão disseminado que impediu a necessidade de existir uma classe especial de pessoas que fossem responsáveis pela sua coleta e utilização.
As poções mágicas usadas na cura de doenças eram de responsabilidade dos xamãs. Os xamãs diagnosticavam e tratavam a maioria das doenças crônicas ou severas, manipulando os remédios necessários para influenciar os espíritos maus. Assim, um duplo legado foi deixado: drogas como simples ferramentas e substâncias como poderes quase que sobrenaturais.
A descoberta de certas substâncias naturais, como ópio ou mirra, permitiu aliviar o sofrimento humano; entretanto, isso não deveria ser banalizado. O conceito de efeito sobre as funções biológicas deve ser considerado um dos maiores avanços da humanidade. O desenvolvimento desse conceito ocorreu com o avanço da civilização. Para prosperar, a terapia médica racional precisou das ferramentas fornecidas pelas culturas antigas – a escrita, o sistema de permuta e o sistema de pesos e medidas.
Mesopotâmia
Na Mesopotâmia, as doenças eram interpretadas como um castigo divino. Tornava-se necessário saber que tipo de pecado o doente havia cometido, para saber o prognóstico da doença, tendo como base os rituais mágicos para realizar o tratamento. Para as doenças de causas terrenas bem visíveis, havia o recurso do uso de medicamentos e da cirurgia. 
Hoje, a tábua de Nippur é tida como o mais antigo texto da medicina. Nela, havia receitas médicas do terceiro milênio a.C., relatando drogas de origem vegetal, mineral e animal e relatos de formas farmacêuticas de uso oral e uso tópico, como unguentos. Como veículo das preparações, usavam-se vinho, cerveja e óleos. Outras tábuas que contribuíram para a história da farmácia foram descobertas na Filadélfia e na Constantinopla. 
Na Mesopotâmia já era conhecida uma significativa variedade de drogas de origem vegetal, mineral e animal. Além disso, os habitantes daquela região recorriam realizavam de intervenções cirúrgicas a abcessos, cataratas, extração de dentes, entre outros.
Os povos da Mesopotâmia deram especial atenção aos vegetais com propriedades medicamentosas e cultivo para uso em preparações de medicamentos de drogas vegetais. Entre esses vegetais, temos: cebolas, alhos, açafrão, chicória, cera, mel, uvas, figos, cevada, trigo, milho, vinho, cerveja, água, ópio, entre outros. Em relação a drogas de origem animal, eram usados vísceras e gorduras de animais. Já as de origem mineral eram arsênio, enxofre, cobre, sais de ferro, entre outros. Nessa época, algumas operações farmacêuticas descritas são a secagem, a pulverização, a extração de sucos, a filtração, a decantação, a maceração, a digestão, a ebulição, entre outras. Essas operações eram realizadas para a obtenção de formas farmacêuticas, para preparar soluções, fumigações, pomadas, unguentos, emplastros e pílulas.
Antigo Egito 
O Egito persistia na crença da origem divina das doenças, realizando, com frequência, sacrifícios, preces e rituais mágicos para restabelecer a saúde do doente. As receitas sugeridas geralmente iniciavam com uma prece ou encantamento.
Os Papiros Ebers e o de Edwin Smith são tradicionalmente considerados os de maior interesse para o estudo da história da farmácia e da medicina, pois demonstram a relação entre a patologia e a terapêutica, relatando avanços consideráveis na farmacoterapia e 700 nomes de drogas de origem vegetal, mineral e animal.
Os egípcios trabalharam com um rol de matérias-primas de origem vegetal (drogas frescas e secas), como anis, sene, tamarindos, pepino, melão, Artemísia, açafrão, cebola, alho, trigo, lírio, dormideira, cólquico, mandrágora, figos, cevada, entre outros; de origem animal, como gorduras diversas, leite, fígado de boi, carnes variadas, bile, sangue, cérebro e urina de animais; e de origem mineral, como amoníaco, enxofre, ouro, prata, chumbo, ferro, cobre e mercúrio, dos quais era possível obter diversos sais, como sulfuretos de chumbo, carbonato e acetato de cálcio, nitratos de sódio e de potássio.
As formas farmacêuticas usadas pelos egípcios eram pastilhas, pílulas, supositórios, clisteres, inalações, pomadas, unguentos e colírios. Destaca-se, nessa época, a atenção aos cosméticos, com o desenvolvimento de técnicas para a fabricação de esmaltes e a obtenção de pigmentos destinados a colorações, os primeiros testemunhos encontrados sobre a produção e a utilização de cosméticos ocorreram no Egito.
Continente Americano
A cultura inca acreditava que a doença era o resultado de um pecado cometido pelo doente e uma forma de castigo dos deuses, tendo como tratamento a reconstituição da falta cometida de acordo com um ritual religioso adequado. Esse tratamento era associado a uma terapêutica farmacológica, uma os incas conheciam um número expressivo de drogas com ações terapêuticas. As drogas mais utilizadas eram de origem vegetal, sendo a folha de coca muito utilizada contra a fadiga, a fome e a sede. 
Os maias também acreditavam que a doença era o resultado de um pecado ou uma falta cometida e, para restabelecer a saúde, era fundamental o arrependimento do ato cometido, com adequados rituais mágico-religiosos. Em relação à terapêutica medicamentosa, os maias usavam mistura e extração como técnicas para o preparo, resultando em unguentos e unções.
Na cultura asteca, a doença também era o resultado de uma falta cometida ou de um pecado. Para o médico asteca era fundamental o conhecimento dos astros pois mostrava-se da maior importância a influência deles sobre o corpo humano, e a interpretação dos sonhos. 
No que diz respeito às técnicas terapêuticas, os astecas utilizavam da cirurgia e da terapêutica com drogas vegetais, animais e minerais, sempre em associação com rituais mágico-religiosos considerados fundamentais nas doenças mais graves.
Grécia
A deusa da magia chamada Hecate, também conhecida como Pharmakis, era detentora do saber terapêutico das plantas medicinais e, nos templos que lhe estavam consagrados, as sacerdotisas eram apelidadas de pharmakides. Houve uma divisão rudimentar de trabalho entre os que lidavam com medicamentos, com várias denominações utilizadas para esses profissionais, para além dos médicos (iatroi), sendo os mais comuns os pharmakopoloi (singular pharmakopolos), ou vendedores de medicamentos.Os gregos utilizavam preparação de medicamentos proveniente dos três reinos da natureza, sendo as formas farmacêuticas produzidas: pílulas, bolos, electuários, pastilhas, unguentos, pomadas, ceratos, pomadas oftálmicas, colírios, supositórios e clisteres. Os gregos dedicaram atenção especial aos ginásios, à perfumaria e à cosmética.
Em Roma, à semelhança do que havia acontecido na Grécia, não existia separação entre a atividade médica e a arte farmacêutica. Os médicos romanos prestavam cuidados médicos à população e faziam a preparação dos medicamentos ao público. Essas fórmulas eram exclusivas e mantidas em segredo.
Onde eram realizadas as técnicas, encontravam-se diversos utensílios utilizados na transformação das matérias-primas em medicamentos. Entre os diversos utensílios, encontramos alfomarizes, piluladores, tamises, cápsulas, bancas de mármore para a preparação de pomadas, copos, vasilhas, balanças de braços iguais, balanças romanas. O sistema de pesos romano foi utilizado na farmácia até o século XIX, justamente quando foi implantado o sistema métrico decimal.
Para a conservação e o armazenamento dos medicamentos, os romanos utilizaram materiais diversos e formas variadas. Eram vulgares as caixas de madeira e de metal para o acondicionamento de matérias-primas vegetais. Para os medicamentos líquidos, pastosos e perfumes, eram utilizados recipientes de vidro, de barro cozido, de osso, de prata, de bronze e de estanho.
A maioria dos medicamentos gregos era preparada a partir de plantas, e o primeiro grande estudo das plantas no Ocidente foi realizado por Teofrasto (370-285 a.C.), um estudante de Aristóteles. Seu feito de combinar informações de acadêmicos, parteiras, coletores de raízes e médicos itinerantes foi copiado 300 anos mais tarde por Dioscórides (65 d.C.).
Por meio dos ensinamentos e das escrituras de Galeno, um médico grego que atuava em Roma no século II d.C., o sistema humoral da medicina ganhou ascendência para os próximos 1.500 anos. Galeno (200-131 a.C.), o pai da farmácia, combatia as doenças por meio de substâncias ou compostos que se opunham diretamente aos sinais e sintomas das enfermidades, tendo sido o precursor da alopatia (CRF-SP, 2019).
Ele descreveu farmácia e medicamentos, e, em suas obras, havia centenas de referências a fármacos, além de ter elaborado uma lista de remédios vegetais, conhecidos como “galênicos”, a maioria dos quais era composta por vinho. Galeno classificou e usou magistralmente as ervas, fazendo preparações denominadas “teriagas” com vinho e ervas, definiu o alimento como o que atua originando um incremento do corpo e o medicamento como aquele que produz no organismo uma alteração que, em casos extremos, pode se transformar em veneno.
Desse modo, Galeno é considerado o pai da farmácia, pois conseguiu instituir uma construção de medicamento, até então, nunca vista e organizou uma terapêutica medicamentosa nunca antes obtida. O conceito de medicamento de Galeno é o que temos até hoje. No medicamento, coexistem três constituintes fundamentais: as substâncias, que conferem as propriedades terapêuticas ao medicamento; os produtos, que exercem uma ação corretiva de determinada característica organoléptica; e os excipientes, que são incorporados para facilitar a administração das substâncias ativas.
A medicina da antiguidade alcançou o seu auge com Galeno, cuja influência foi tão persuasiva entre os práticos que exerciam a medicina que a base de sua abordagem de cura – o equilíbrio dos quatro humores do corpo com o uso de drogas – se misturava com folclore e sua superstição para guiar pessoas comuns no tratamento de suas doenças. Na metade ocidental do Império Romano, tal conhecimento tornou-se especialmente valioso nos 400 anos seguintes, à medida que civilizações entravam em decadência.
Idade Média
Os árabes aceitaram a notoriedade das escrituras médicas gregas, especialmente de Galeno e Dioscórides. Contudo, à medida que seu nível de sofisticação crescia, médicos islâmicos, como Rhazes (860-932) e Avicena (980- 1063), adicionavam informações aos escritos gregos.
Na metade do século XIII, quando Frederico II, o governante do Reino das Duas Sicílias, sistematizou a prática da farmácia separada da medicina pela primeira vez na Europa, farmácias públicas tornaram-se relativamente comuns no sul da Europa. Esses prófarmacêuticos geralmente se autodenominavam “apotecários” (ou boticários), um termo oriundo do termo grego latinizado apotheca, que significa depósito ou armazém, os apotecários eram identificados pelo seu tipo de comércio. 
A cultura árabe trouxe, novamente, o conhecimento médico e científico clássico à Europa. No entanto, para que ocorressem mudanças significativas no uso de drogas, a abordagem escolástica deveria ser colocada de lado e uma metodologia observacional mais cética precisava ser adotada. Essa nova era experimental é conhecida como renascimento.
O Renascimento e o Início da Europa Moderna 
Foi a época da prática de novas ideias por meio da reinterpretação dos temas clássicos antigos, da exploração dos mares e da investigação em laboratório. Foi o momento ideal para se libertar dos velhos conceitos sobre doenças e drogas de Galeno. As novas drogas chegaram a terras distantes desconhecidas pelos anciões.
 Essa tendência pode ser exemplificada com a obra-prima da anatomia de Andreas Vesalius (1514-1534), conforme mostra a Figura.
A impressão teve um profundo efeito no estudo das plantas medicinais, visto que a ilustração de plantas podia ser facilmente reproduzida. Médicos botânicos, como Otto Brunfels (1500-1534), Leonhart Fuchs (1501-1566) e John Gerard (1545-1612), ilustravam suas obras com figuras de plantas.
Entre os mais talentosos investigadores, estava Valerius Cordus (1515-1544), que escreveu uma obra de outro gênero popular – o livro de fórmulas (PITA, 2000).
OBRA HERBARIUM VIVAE EICONES, DE OTTO BRUNFELS
O Iluminismo
Surgiu a preocupação com as condições sanitárias da população e, sobretudo, as classes da população como crianças, idosos, operários, entre outros. Vacinação contra a varíola; a vacinação, por si só, foi uma descoberta científica de grande impacto não só na comunidade científica, mas também na população em geral. 
Foi ainda na segunda metade do século XVIII que surgiu a homeopatia, um sistema terapêutico que ainda existe nos dias atuais, sendo o seu fundador Samuel Hahnemann (1755-1843).
Foi um período em que coexistiram partidários do galenismo e das modernas correntes químico-farmacêuticas, além da própria literatura farmacêutica – a farmacopeia –, que agrega conhecimento antigo com novas orientações científicas.
FARMACOPEIA BRASILEIRA
Romantismo 
Uma descoberta científica marcou definitivamente a história da farmácia: a síntese em laboratório da ureia, por Friedrich Wöhler, em 1828, que abriu as portas da síntese laboratorial de substâncias orgânicas.
A SÍNTESE DA UREIA POR FRIEDRICH WÖHLE
O desenvolvimento químico e a inovação laboratorial proporcionaram o surgimento da autêntica revolução farmacológica nos princípios do século XIX. A preparação dos medicamentos era feita com o uso de matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral e, a partir de então, começou a descoberta e a síntese de produtos semelhantes a alguns existentes na natureza, isolando-se suas substâncias ativas. 
O início do isolamento foi com alcaloides e o pontapé inicial foi dado pelo farmacêutico francês Derosne, em 1803, que isolou a nicotina.
A primeira metade do século XIX trouxe algumas inovações, com destaque para os primeiros sinais de industrialização dos medicamentos e, em decorrência, as especialidades farmacêuticas surgiram para participar desse processo.
Positivismo 
Marcado pelo ano de 1848 e o início da Primeira Grande Guerra Mundial, em 1914. Houve um acentuado crescimento da população por diminuição da taxa de mortalidade. No campo da biologia, também ocorreram avanços, com destaque a Charles Darwin (1809-1882), que publicou, em 1859, uma obra sobre a origem das espécies, levando a reflexõesem torno da vida e do homem.
Já na área da microbiologia, Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910) desenvolveram metodologias laboratoriais fundamentais para o progresso da microbiologia, a identificação de agentes causais de determinadas doenças contagiosas.
A antissepsia, pesquisada por Lister (1827-1912), investigou um modo de evitar as infecções decorrentes de procedimentos cirúrgicos, com a desinfecção das mãos.
Tão importante quanto a antissepsia foi a descoberta de anestésicos. Em 1842, Crawford Long (1815-1878) utilizou o éter; em 1844, foi empregado óxido nitroso como anestésico; em 1846, o éter sulfúrico; e, em 1847, o clorofórmio.
A principal inovação, foi o desenvolvimento da indústria farmacêutica. Surgiram, então, novas formas farmacêuticas, frutos do avanço tecnológico e científico, como os medicamentos injetáveis, devido às condições de assepsia para a fabricação.
As patologias que caracterizavam o século XIX são divididas em três grandes grupos: as doenças provenientes das novas situações históricas e sociais; as doenças tradicionais, já conhecidas dos clínicos; e as doenças epidêmicas.
 	Em geral, essas doenças podem ser resumidas em tifo, difteria, pneumonia, malária, sífilis e diversas doenças circulatórias, digestivas e metabólicas, com ênfase à tuberculose, que atacava todas as classes econômicas na época.
Farmácia Contemporânea
Após a Primeira Guerra Mundial, houve a continuação do processo de industrialização do medicamento. Os antibióticos deram o primeiro passo com a descoberta da penicilina, em 1928, pelo médico britânico Alexander Fleming (1881-1955). 
Essa descoberta deve ser considerada a mais importante da história da farmacologia e terapêutica. Fleming, ao observar a contaminação por um fungo de uma das suas culturas, verificou que o fungo havia destruído as culturas microbianas. O desenvolvimento da penicilina só ocorreu uma década mais tarde, quando o tratado de Guerra na Europa levou uma equipe britânica a se interessar pela produção da droga em grande escala. 
ALEXANDER FLEMING E A DESCOBERTA DA PENICILINA
Após a Segunda Guerra Mundial, as empresas começaram a aplicar alta tecnologia para a produção de medicamentos, o que tornou a indústria farmacêutica em uma das mais avançadas do mundo. Isso diminuiu a tendência de prescrições médicas individualizadas com medicamentos manipulados, passando para a prescrição dos medicamentos industrializados.
O número de prescrições cresceu rapidamente com o lançamento de vários medicamentos novos e mais efetivos nos anos de 1950, 1960 e 1970. 
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A farmácia e a medicina, por muito tempo, caminharam juntas, compartilhando os conhecimentos sobre doenças e medicamentos.
 • No início, a origem das doenças era tida como sobrenatural, com tratamentos incluindo rituais mágico-religiosos e drogas de origem animal, vegetal e mineral, sendo que tais crenças perduraram por longo tempo. 
• Com o passar dos anos, aumentou o arsenal de produtos conhecidos para as terapias, principalmente de plantas. 
• A criação e o desenvolvimento de métodos para a produção de medicamentos, com formas farmacêuticas, eram desenvolvidos para o período. 
• Com a descoberta de novas terras, esses conhecimentos foram incorporados às novas culturas, surgindo, então, a necessidade de um profissional para o medicamento. 
• Várias pessoas foram importantes para a história e que, ainda hoje, são referências em algumas descobertas da época. 
• Houve relatos documentados mostrando o conhecimento adquirido ao longo dos anos, e o desenvolvimento de materiais específicos e livros para o estudo da farmácia, como a Farmacopeia. 
• Os primeiros medicamentos descobertos e sintetizados foram feitos a partir de plantas, ocorrendo a produção em grande escala com a expansão da indústria farmacêutica. 
• A história e a evolução da farmácia e da profissão, como o desenvolvimento de métodos antigos para a produção de medicamentos, conhecimento das plantas e seus usos, geraram muitos dos conhecimentos que temos hoje.
	
Do Boticário ao Farmacêutico	
As Boticas 
A corporação de boticários era representada por indivíduos que comercializavam drogas, na maioria de origem vegetal. 
Os boticários eram responsáveis pelas boticas. A palavra botica tem origem do grego apotheke, cujo significado etimológico é depósito, armazém; assim, um estabelecimento fixo para a venda de medicamentos.
EXEMPLO DE UMA BOTICA
O primeiro boticário, no Brasil, foi Diogo de Castro, trazendo uma botica portátil cheia de drogas e medicamentos.
BOTICA PORTÁTIL
No Brasil, as boticas só foram autorizadas como comércio em 1640 e, a partir desse ano, elas se multiplicaram de norte a sul. Consistiam em casas comerciais ou lojas, onde o público se abastecia de remédios. Eram dirigidas por boticários, que eram profissionais empíricos.
BOTICA REAL MILITAR EM 1808
Em 1744, o exercício da profissão passou a ser fiscalizado severamente, em função da reforma feita por Dom Manuel. Eram proibidas ilegalidades no comércio de drogas e medicamentos. 
A passagem de nome de comércio de botica para farmácia surgiu com o Decreto nº 2.055, de 1857, quando foram estabelecidas as condições para que os farmacêuticos e os não habilitados tivessem licença para continuarem a ter suas boticas.
 No país os farmacêuticos e os boticários tinham pouca diferença para a maioria da população e para os legisladores, e o farmacêutico só tomou seu espaço exclusivo na produção de medicamentos por volta de 1886.
Os Estudos de Farmácia
A permissão para instalações de Escolas Superiores no país somente foi possível após a vinda da Família Real para o país, em 1806. O estudo da farmácia científica, ainda que de maneira rudimentar, decorreu quando o Príncipe Regente Dom João XI determinou a criação da cadeira da matéria Médica e Farmacêutica no Hospital Militar. 
O ensino farmacêutico foi institucionalizado oficialmente no período do Império pela Lei de 3 de outubro de 1832. Somente em 1837, foram diplomados os seis primeiros farmacêuticos do país pelo curso de Farmácia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, sendo que dois deles, Manuel José Cabral e Calixto José Arieira, fundaram a Escola de Farmácia de Ouro Preto em 1839.
ESCOLA DE FARMÁCIA DE OURO PRETO
Devido à ampliação do campo profissional do farmacêutico, com a incorporação das análises clínicas, toxicológicas e bromatológicas em suas atribuições profissionais, em 5 de abril de 1911, foram introduzidos os ensinos de física, química, análises toxicológicas, química industrial, bromatologia e higiene no currículo de Farmácia, estendendo o curso para 3 anos.
A partir da Reforma Universitária de 1968, que reformulou a estrutura do ensino universitário no país, foram fixados o eixo mínimo do conteúdo e a duração dos cursos de Farmácia no Brasil, criando as modalidades de farmacêutico e farmacêutico bioquímico, obrigando a realização de estágios supervisionados.
Segundo o Ministério da Educação, o perfil do farmacêutico será generalista, humanista, crítico e reflexivo, tendo como atribuições essenciais a prevenção, a promoção, a proteção e a recuperação da saúde humana, desenvolvendo atividades associadas ao fármaco e ao medicamento, às análises clínicas e toxicológicas e ao controle, à produção e à análise de alimentos.
O profissional deverá compreender as diferentes concepções de saúde e enfermidade, os princípios psicossociais e éticos das relações e os fundamentos do método científico; distinguir âmbito e prática profissional, inserindo sua atuação e transformação de realidades em benefício da sociedade.
Farmacêuticos e Farmácias 
O desempenho das atividades farmacêuticas no Brasil, ao longo do tempo, esteve limitado a atividades técnicas ligadas à elaboração (produção industrial e manipulação de fórmulas magistrais e oficinais), à distribuição e à dispensa de produtos farmacêuticos (alopáticos, homeopáticos e plantas medicinais). 
As demais funções são atividades em órgãos, laboratórios de análises clínicasou de saúde pública, nos quais são realizados exames clínicos, citopatológicos, toxicológicos, bromatológicos, hidrológicos, farmacêuticos, biológicos, bioquímicos, microbiológicos, fitoquímicos, sanitários, entre outros.
O medicamento é um bem social valioso e necessário para a manutenção, a proteção e a recuperação da saúde, mas que encontra utilização distorcida no país pelo esquema empresarial, que rege sua produção e seu consumo, e pelo poder político, por absoluto domínio do poder econômico, com desdobramento nas imperfeições da assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde
exercício profissional não se reduz apenas à presença física do farmacêutico na farmácia, mas nos liga a alguns aspectos da prática que passam necessariamente pelo estudo das relações efetivas desse profissional com a sociedade, cuja resposta, no sentido histórico e social, é complexa.
O Lugar do Farmacêutico é na Farmácia?
A década de 1980 caracterizou-se pela saturação do setor das análises clínicas, aliado à crise de um modelo médico-hospitalocêntrico e à emergência de um novo modelo de atenção, reforçando a necessidade de ampliação do horizonte de atuação do farmacêutico. 
Com o processo de industrialização, o profissional, que havia se afastado da farmácia, procura retomar as atividades com sua presença física na farmácia, recuperando do seu papel social.
Percebe-se que era necessário retomar não só suas responsabilidades e funções, mas sua relação com os demais profissionais de saúde e a própria sociedade. Essa (re)aproximação do farmacêutico foi marcada por sua atuação “no controle”, na logística e na disponibilização do medicamento.
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Os boticários eram considerados os artesãos dos medicamentos, cuidando tanto das matérias-primas como do seu preparo. 
• Os boticários eram os responsáveis pelas boticas. 
• No Brasil, o primeiro boticário foi Diogo de Castro, que veio de Portugal. 
• Com a criação da indústria farmacêutica no país, surgiram os cursos de Farmácia. 
• O currículo do curso de Farmácia passou por várias transformações, até chegar ao modelo atual. O currículo atual é amplo e abrange todas as áreas de atuações. 
• A rapidez das transformações sociais, políticas e econômicas refletiram na mudança da profissão farmacêutica, exigindo ainda mais conhecimento, comportamento e atitudes do profissional da área. 
• As atividades farmacêuticas no Brasil, ao longo do tempo, estiveram limitadas a atividades extremamente técnicas; depois, esse conceito foi mudado, sendo o farmacêutico considerado um profissional essencial da saúde. 
• O farmacêutico é o profissional do medicamento, atuando em sua produção, compra ou orientação de uso para a população e os profissionais de saúde. 
• O farmacêutico pode atuar em todas as áreas pertinentes a sua formação – anteriormente, voltada apenas para a farmácia comercial, mas que mudou muito nos dias de hoje.
 
Criação de Conselhos, Legislações Específicas e Fiscalizações Sanitárias 
Conselho Federal de Farmácia
Algumas das atribuições do CFF são: 
• Expedir resoluções, definindo ou modificando atribuições e competências dos profissionais farmacêuticos. 
• Propor as modificações que forem necessárias à regulamentação do exercício profissional. 
• Ampliar o limite de competência do exercício profissional. 
• Colaborar com a disciplina das matérias de ciência e técnica farmacêutica ou outras matérias que, de qualquer forma, digam respeito à atividade profissional. 
• Organizar o Código de Ética Farmacêutica. 
• Deliberar sobre questões oriundas do exercício e das atividades afins às do farmacêutico. 
• Zelar pela saúde pública, promovendo a assistência farmacêutica (CFF, c2008). 
Conselhos Regionais de Farmácia
Os CRF estão localizados em cada Estado e possuem sedes espalhadas em algumas cidades, tendo como função fiscalizar o exercício da profissão, registrar os farmacêuticos e habilitá-los ao exercício farmacêutico (CFF, c2008). Entre suas atribuições, estão: 
• Defender o âmbito profissional e esclarecer dúvidas relativas à competência do profissional farmacêutico. 
• Garantir, em suas respectivas áreas de jurisdição, que a atividade farmacêutica seja exercida por profissionais legalmente habilitados. 
• Habilitar o farmacêutico, por meio de inscrição, para o exercício legal da profissão. 
• Manter registro sobre o local de atuação do farmacêutico no mercado de trabalho (CFF, c2008).
Decretos que regulamentam o exercício da profissão farmacêutica 
Como em todas as profissões, leis e decretos devem regulamentar o exercício da profissão, a fim de habilitar o farmacêutico a atuar em diversas áreas do mercado de trabalho.
O Decreto nº 20.377, de 8 de setembro de 1931, aprovou o regulamento do exercício profissional farmacêutico no Brasil.
Com isso, surgiu o primeiro regulamento específico da profissão, listando todas as áreas em que o farmacêutico pode atuar.
O Decreto nº 85.878, de 7 de abril de 1981, estabeleceu normas sobre o exercício da profissão de farmacêutico, entre outras providências. A partir dele, aumentaram-se as atribuições privativas do farmacêutico.
A Vigilância Sanitária
No Brasil, as atividades ligadas à Vigilância Sanitária foram estruturadas entre os séculos XVIII e XIX, para evitar a propagação de doenças.
No final do século XIX, houve uma reestruturação impulsionada pelas descobertas nos campos de bacteriologia e terapêutica nos períodos que incluem a Primeira e Segunda Grandes Guerras Mundiais.
Entretanto, a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, chamada Lei Orgânica da Saúde, define a Vigilância Sanitária como “um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse em saúde” (BRASIL, 1990). 
A evolução de uma definição a outra ocorreu devido à Constituição Federal de 1988, que garante a saúde como um direito de todos e dever do Estado (BRASIL, 1988).	 
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A criação do Conselho Federal de Farmácia (CFF) ocorreu por meio da Lei nº 3.820/1960. 
• O CFF tem como função zelar pelos princípios éticos da classe. 
• O CFF e os Conselhos Regionais de Farmácia (CRF) têm como missão valorizar o profissional visando à defesa da sociedade. 
• Os CRF têm como função fiscalizar o exercício da profissão. 
• Existem decretos específicos para a regulamentação do exercício profissional farmacêutico, sendo de suma importância que o profissional saiba e siga seus direitos e deveres para com a população. 
• As atividades da Vigilância Sanitária são importantes para garantir a fiscalização desde a produção do medicamento até os estabelecimentos de saúde que estão diretamente ligados ao consumidor, garantindo a segurança de toda a população.
	
Linha do Tempo
SÉCULO XVI A.C. 
O papiro de Ebers (1550 a.C.) é um documento egípcio que fez referência a mais de 7 mil substâncias medicinais incluídas em mais de 800 fórmulas.
SÉCULO IV A.C. 
Hipócrates (460-370 a.C.) foi o médico grego considerado o “Pai da Medicina”, tendo sido responsável por uma das primeiras explicações racionais para a relação entre saúde e doença (teoria dos quatro humores corpóreos que equilibravam a saúde).
SÉCULO I 
• Dioscórides (50-70 d.C.): considerado o fundador da farmacognosia, catalogou 600 plantas, indicando como escolhê-las e armazená-las. Descreveu como aplicar o salgueiro-branco (uma das primeiras fontes de ácido acetilsalicílico) para a dor.
• Galeno (129-200): viveu em Roma, é considerado o “Pai da Farmácia” e o precursor da alopatia. Desenvolveu uma mistura de ervas que combatia as doenças por meio de substâncias ou compostos que se opunham diretamente aos sinais e sintomas. Atualmente, o termo Farmácia Galênica é utilizado como sinônimo de manipulação farmacêutica.
SÉCULOS XII A XIII
 • Em 1162, ocorreu a separação entre a profissão farmacêutica e a médica. O primeirocaso teria ocorrido em Arles, na França, por meio de imposição legal. 
• Em 1240, foi assinado, por Frederico II da Sicília e Nápole, em Salerno, Itália, o tratado mais famoso (Édito de Melfi) que proíbe a associação entre as profissões médica e farmacêutica.
SÉCULO XVI 
• Paracelso (1493-1541): previu a descoberta de substâncias ativas nas plantas e considerou a doença como um acontecimento externo, e não como um desequilíbrio de humores.
• No Brasil, em 1549, com o primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé de Souza, veio o primeiro boticário do país, Diogo de Castro.
SÉCULO XIX 
• Em 1832, Dom Pedro II institucionalizou o ensino farmacêutico, por meio de lei assinada em 3 de outubro de 1832. 
• Em 1839, foi fundada a Escola de Farmácia de Ouro Preto (MG), primeiro estabelecimento de ensino farmacêutico do Brasil e da América do Sul.
	
Década de 1930 
• Com o advento da indústria farmacêutica, ocorreu o paulatino desaparecimento das farmácias de manipulação. 
• Devido à falta de redirecionamento das atividades nas farmácias, o farmacêutico migrou para outras áreas. 
• Em 1931, foi publicado o Decreto nº 19.606, de 19 de janeiro de 1931, que dispõe sobre a profissão farmacêutica e seu exercício no Brasil.
Década de 1950 
• Descoberta de novos medicamentos que revolucionaram o tratamento de doenças graves/fatais: antibióticos, vacina oral contra a poliomielite, medicamentos para doenças cardíacas, antipsicóticos e medicamentos contra a tuberculose. 
• Desastre da talidomida: o aparecimento de milhares de casos de malformação congênita fez ampliar a atenção à segurança dos medicamentos, marcando o início da Farmacovigilância.
Década de 1960 
• Marcada pelo desenvolvimento da primeira pílula anticoncepcional e pelo início do tratamento medicamentoso em hipertensão arterial. 
• Em 1960, foram criados o CFF e os CRF. 
• Em 1969, 98% dos medicamentos prescritos pela classe médica eram produzidos no país, basicamente por empresas multinacionais.
Década de 1970
 
Em 1970, houve a publicação do Anteprojeto de Lei nº 2.304, que previa que toda farmácia ou drogaria deveria funcionar sob a responsabilidade técnica de um farmacêutico inscrito no Conselho Regional do seu Estado, com jornada de trabalho não inferior a 4 horas por dia.
Década de 1980 
• Foram anos marcados por um elevado índice de produção de medicamentos essenciais, não só pelos laboratórios governamentais, mas também pelas empresas privadas. 
• Em 1982, surgiu o conhecimento do vírus da imunodeficiência humana (HIV) por contato sexual, uso de drogas injetáveis ou exposição a sangue e derivados. 
• Em 1988, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), devido à promulgação da Constituição. O Estado tornou-se responsável por promover e garantir a saúde para todos, assegurando a universalidade, integridade e equidade no atendimento aos cidadãos.
Década de 1990 
• Em 1990, teve início o Projeto Genoma Humano, com o objetivo de decodificar e identificar o material genético humano. 
• Em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o documento O papel do farmacêutico no sistema de atenção à saúde, que reafirmou a missão do farmacêutico como agente de saúde, enquanto profissional capaz de oferecer produtos e serviços que contribuem para a melhora da saúde da sociedade. 
• Em 1998, foi publicada a Portaria nº 344, que aprovou o regulamento técnico das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial.
SÉCULO XXI 
• Em 2001, foi publicada a Política Nacional de Medicamentos. 
• Em 2013, foi publicada a Resolução nº 585 do CFF, que regulamentou as atribuições clínicas do farmacêutico, constituindo os direitos e a responsabilidade do profissional no que concerne a sua área de atuação. 
• Em 2013, foi publicada a Resolução nº 586 do CFF, que regulou a prescrição farmacêutica. 
• Em 2014, foi publicada a Lei nº 13.021 sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas. Ela também definiu a farmácia como uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual ou coletiva.
• Em 2015, foi publicada a Resolução nº 616 do CFF, que define os requisitos técnicos para o exercício do farmacêutico no âmbito da saúde estética. 
• Em 2018, foi publicada a Resolução nº 654 do CFF, que dispõe sobre os requisitos necessários à prestação de serviço de vacinação pelo farmacêutico.
O autor Monteiro Lobato, que aderiu à campanha sanitarista do início do século XX, escreveu diversos artigos para o jornal “O Estado de São Paulo” sobre as dificuldades e precariedades da saúde pública à época. Como curiosidade, destacamos um trecho de seu poema denominado “O Papel do Farmacêutico”: 
O papel do Farmacêutico no mundo é tão nobre quão vital. O Farmacêutico representa o órgão de ligação entre a medicina e a humanidade sofredora. É o atento guardião do arsenal de armas com que o Médico dá combate às doenças. É quem atende às requisições a qualquer hora do dia ou da noite. O lema do Farmacêutico é o mesmo do soldado: servir. Um serve à pátria; outro à humanidade, sem nenhuma discriminação de cor ou raça (Monteiro Lobato).
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Pessoas importantes influenciaram diretamente na história da farmácia, como Hipócrates, Dioscórides, Galeno e Paracelsus. 
• Em 1162, houve a separação da farmácia e da medicina. 
• Em 1839, foi fundada a Escola de Farmácia de Ouro Preto. 
• A descoberta de novos medicamentos ocorreu na década de 1950, assim como o desastre da Talidomida. 
• Na década de 1960, surgiram as pílulas anticoncepcionais. 
• A partir do século XXI, várias publicações foram realizadas para a regulamentação das atribuições do farmacêutico.
Fontes de Informação em Farmácia
Literatura Primária 
As literaturas primárias podem ser acompanhadas em publicações relacionadas à área de interesse. Explorar os títulos de artigos científicos, revisar os resumos de artigos-chave e ler aqueles intimamente relacionados a uma área de pesquisa em particular correspondem à abordagem tradicional para se manter atualizado sobre as tendências gerais, assim como sobre o progresso de uma área específica. 
Na procura por fontes primárias, patentes e dissertações podem ser usadas. O objetivo de uma patente é proteger a propriedade intelectual, e não divulgar os resultados da investigação. As dissertações não passam por um rigoroso processo de revisão em uma revista, mas podem ser úteis para encontrar detalhes de estudos que são muito extensos para serem incluídos em um artigo científico.
Literatura Terciária 
Geralmente escrita por especialistas ou pesquisadores dentro da área do tema, sempre apresentam um tema específico, sobre o qual os autores desenvolvem sua vida acadêmica e, em geral, viram especialistas, sendo referência na área.
Essas fontes são particularmente úteis aos profissionais farmacêuticos e estudantes, e compreendem livros-textos, monografias, enciclopédias e outras referências.
As vantagens da literatura terciária incluem facilidade de acesso e padrão bem controlado de boas práticas.
A Responsabilidade de Fontes Seguras de Informações na Área da Farmácia,
Os tipos de informações necessários sobre os medicamentos para os farmacêuticos e outros profissionais de saúde são variados e não são limitadas. Profissionais da saúde devem estar bem informados sobre a variedade de fontes de informação disponíveis, mas também como, por que e quando usá-las, e, mais importante, deve ser capaz analisar, avaliar, interpretar criticamente e aplicar a informação pertinente
Os farmacêuticos têm diversas responsabilidades que necessitam de uso da informação, incluindo respostas a uma variedade de questionamentos realizados por pacientes e profissionais da saúde sobre medicação, monitoramento de eventos adversos ao medicamento (EAM), solução de problemas relacionados à terapia medicamentosa, tomada de decisões sobre o uso de medicamentos, promoção de atividades educacionais e engajamento na pesquisa clínica. 
Para acompanharessas responsabilidades, os farmacêuticos devem ser capazes de localizar informação completa e atualizada para se basear na assistência ao paciente e em outras importantes decisões.
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem três fontes de informações, sendo elas primária, secundária e terciária. 
• Para pesquisar artigos específicos da área da farmácia, existem sites científicos confiáveis. 
• É essencial saber avaliar as fontes e ser um profissional responsável ao repassar informações confiáveis e atualizadas a todos os profissionais de saúde e pacientes.
Unidade 2
Definições Importantes na Farmácia
Introdução
A farmacologia define a origem, a composição, a qualidade, a farmacocinética, os efeitos, o uso terapêutico e a toxicologia dessas substâncias químicas com atividade biológica.
Na sua maioria, os medicamentos são xenobióticos. Para que esses “corpos estranhos” produzam o efeito desejado, é preciso que eles sejam reconhecidos por proteínas receptoras na membrana celular ou intracelularmente.
A farmacologia envolve conhecimentos necessários para o profissional de saúde e consiste no estudo do mecanismo pelo qual os agentes químicos afetam as funções dos sistemas biológicos.
Um medicamento é uma preparação química que, em geral – mas não necessariamente –, contém uma ou mais drogas, administrado com a intenção de produzir um efeito terapêutico. Os medicamentos geralmente contêm outras substâncias (excipientes, conservantes, solventes etc.) ao lado da droga ativa, para tornar seu uso mais conveniente.
Assim, a droga consiste em qualquer substância química que possui a capacidade de produzir efeito farmacológico, ou seja, que provoque alterações funcionais ou somáticas. Se essas alterações forem benéficas, podem ser denominadas fármacos e, se forem maléficas, tóxicas.
Um exemplo de medicamento com o nome do seu princípio ativo é o paracetamol e sua estrutura química.
Plantas Medicinais e Fitoterapia
As plantas medicinais, utilizadas há milhares de anos, servem de base para estudos na produção de novos medicamentos. Estima-se que 80% da população no terceiro mundo faz uso de fitoterápicos, sendo que 85% destes possuem extratos de plantas medicinais. A cultura brasileira sofreu sérias influências dessa mistura de etnias, tanto no aspecto espiritual como material, fundindo-se aos conhecimentos existentes no país.
O século XVIII marca o início do desenvolvimento da química medicinal e de alterações profundas na medicina. Na Inglaterra, o reverendo Edmund Stone anunciou a casca do salgueiro como um poderoso febrífugo – a partir dela, foi isolada a salicilina. Essa mesma substância, isolada também na espécie Spiraea ulmaria L., foi transformada em ácido salicílico e anunciada como potente analgésico. 
Entretanto, tinha graves efeitos colaterais e preservou a eficácia terapêutica, sendo denominada comercialmente como Aspirina®, muito utilizada até os dias de hoje. Nessa mesma época, vários isolamentos foram realizados a partir de fontes vegetais, como a morfina do ópio e a digoxina da Digitalis sp, determinando novas formas de lidar com as plantas.
Até o século XX, o Brasil era um país essencialmente rural, com amplo uso da flora medicinal, tanto a nativa quanto a introduzida. O acesso a medicamentos sintéticos e o pouco cuidado com a comprovação das propriedades farmacológicas das plantas tornaram o conhecimento da flora medicinal sinônimo de atraso tecnológico.
A busca por novos fitoterápicos também acabou retroalimentando a pesquisa botânica no Brasil. Como já ocorrera nos primórdios das duas ciências, a fitoterapia e a botânica voltaram a ser vistas como aliadas e cooperaram para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.
O consumo de fitoterápicos e de plantas medicinais tem sido estimulado com base no mito “se é natural, não faz mal”. Entretanto, ao contrário da crença popular, eles podem causar diversas reações adversas como intoxicações, enjoos, irritações, edemas (inchaços) e até morte, como qualquer outro medicamento.
Diferenças entre Fitoterápicos e Plantas Medicinais
Pode-se dizer que as plantas medicinais são capazes de aliviar ou curar doenças e têm tradição de uso como remédio em uma população ou comunidade. Para usá-las, é preciso conhecer a planta e saber onde colhê-la e como prepará-la. Normalmente são utilizadas na forma de chás ou infusão.
Quando a planta medicinal é industrializada com o objetivo de criar um medicamento, tem-se como resultado um fitoterápico. O processo de industrialização evita contaminações por micro-organismos e substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma certa de seu uso, permitindo maior segurança. Os fitoterápicos industrializados devem ser regularizados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de serem comercializados.
Medicamentos
Os medicamentos são produtos especiais elaborados com a finalidade de diagnosticar, prevenir, curar ou aliviar os sintomas de doenças. São produzidos com rigoroso controle técnico para atender às especificações determinadas pela Anvisa. 
O efeito dos medicamentos é decorrente de uma ou mais substâncias ativas com propriedades terapêuticas reconhecidas cientificamente, que fazem parte da composição do produto, denominado fármaco, droga ou princípio ativo.
Finalidade dos Medicamentos
Os medicamentos têm por finalidade:
• Aliviar os sintomas: diminuem ou eliminam sintomas como dor, febre, inflamação, tosse, coriza, vômito, náusea, ansiedade e insônia, mas não atuam na causa do problema. 
• Curar doenças: eliminam a causa da doença, como infecções e infestações. Também podem corrigir alguma função corporal deficiente. 
• Prevenir doenças: auxiliam o organismo a se proteger de determinadas doenças, podendo ser citados como exemplos soro, vacinas, antissépticos, suplementos vitamínicos e minerais. 
• Diagnosticar doenças: auxiliam na detecção de determinadas doenças, além de aliviar o funcionamento de órgãos. Por exemplo: contrastes radiológicos.
Diferença entre Medicamento e Remédio 
Medicamentos são produtos feitos a partir de fármacos que têm como objetivo um efeito benéfico. São produzidos para fins comerciais com finalidade terapêutica. 
O termo remédio vem do latim Remedium, que significa “aquilo que cura”. Assim, tem como entendimento qualquer substância ou recurso utilizado pelo indivíduo para se sentir melhor, no sentido de busca da cura ou do alívio de doenças e sintomas. 
Isso abrange desde medicamento até qualquer ato que o faça se sentir melhor, como um banho, uma massagem, uma oração, uma compressa e qualquer meio que o faça acreditar em sua cura. 
Portanto, todo medicamento é um remédio, mas nem todo remédio é um medicamento.
Desenvolvimento de Medicamentos nos Dias Atuais	
O processo de regulamentação de um medicamento é longo, rigoroso e custa muito caro para a indústria farmacêutica. Ele deve cumprir diversas etapas, desde aquelas que antecedem seu uso até as de acompanhamento após o seu lançamento e que comprovem que tal produto não incorrerá em reações prejudiciais à saúde da população. Esse processo é chamado de ensaio clínico.
Os custos de pesquisa e desenvolvimento para cada medicamento novo são estimados em aproximadamente 1 bilhão de dólares.
Fases de Estudos para novos Medicamentos
A descoberta e a síntese de uma molécula com potencial ativo e a sua correlação com um alvo biológico apropriado constituem o início do processo.
Em fase posterior, são realizados, além dos estudos in vitro, os estudos in vivo que caracterizarão os efeitos biológicos da molécula em animais (testes pré-clínicos) antes que possam ser iniciados os estudos clínicos em seres humanos.
Atualmente, a maioria dos fármacos em uso clínico é de origem natural ou desenvolvida por síntese química planejada em laboratório. As modificações moleculares também são comumente empregadas em estruturas de produtos naturais, visando a introduzir mudanças nas propriedades relacionadas com as fases farmacodinâmicas ou farmacocinéticas.
Estudo Pré-clínicoOs estudos pré-clínicos têm como objetivo principal a avaliação farmacológica em sistemas in vitro e em animais in vivo, para a obtenção do maior conhecimento possível acerca das propriedades e dos efeitos adversos do fármaco em desenvolvimento.
O composto é submetido a testes de toxicidade a curto e longo prazos em animais, para que suas propriedades farmacológicas possam ser definidas dentro de uma relação dose-resposta.
Além dos estudos relacionados à toxicidade, é importante efetuar várias estimativas quantitativas, que incluem: 
• a dose “sem efeito” – a dose máxima em que não se observa um efeito tóxico específico; 
• a dose letal mínima – menor dose observada que mata qualquer animal; 
• a dose letal mediana – a dose que mata cerca de 50% dos animais.
Essas doses são utilizadas para calcular a dose inicial a ser administrada experimentalmente em seres humanos, geralmente de um centésimo a um décimo da dose sem efeito em animais.
Em geral, é necessário realizar estudos integrais em animais para estabelecer o efeito do fármaco sobre os sistemas de órgãos e modelos de doenças
Estudo Clínico 
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) regulamenta, na Resolução CNS nº 01/1988, que a pesquisa de medicamentos em farmacologia clínica compreende a sequência de estudos realizados, desde a administração da substância pela primeira vez ao ser humano até a obtenção dos dados sobre sua eficácia e segurança terapêutica em grandes grupos de população.
Os estudos clínicos são divididos em quatro fases distintas, segue abaixo um resumo de cada fase: 
• Fase I: na pesquisa clínica, avalia a tolerância do ser humano e determinar a posologia segura. A fase I inicia com a administração de uma pequena dose de um agente experimental administrado a poucos voluntários, para estabelecer parâmetros farmacocinéticos, avaliando também a segurança. 
• Fase II: visa a estudar a eficácia terapêutica, intervalo de dose, cinética e metabolismo. As doses estabelecidas na fase I são utilizadas para orientar justificativas dos protocolos dos estudos de fase II, nos quais são avaliadas a eficácia e a segurança do medicamento em ensaios piloto. 
• Fase III: também denominado de estudos de eficácia comparativa, consistem no aumento da amostragem e diversificação da gama de pessoas nos testes. Nessa fase, são incluídos tratamentos mais prolongados com o composto, visando à flexibilidade da dosagem e à coleta de dados sobre segurança e eficácia. 
• Fase IV: assim como a fase III, destina-se a testar a eficácia e segurança por meio de um grande número de amostras. Depois de comercializado, o medicamento continua a ser estudado. Esses estudos também são chamados de farmacovigilância e têm por objetivo obter mais informações sobre os seus efeitos e suas interações medicamentosas, visando, sobretudo, a ampliar as avaliações de segurança realizadas por intermédio dos estudos farmacoepidemiológicos. 
• Fase V: de responsabilidade do órgão regulamentador, é o estudo do uso do fármaco na prática. Essa vigilância após a comercialização, que ocorre após a aprovação da Anvisa, é necessária para fornecer feedback do uso em grande escala do fármaco. Nessa fase, podem ser descobertos novos efeitos terapêuticos ou tóxicos, incluindo efeitos a longo prazo ou raros, que não eram discerníveis em pequeno grupo de indivíduos. Segundo Ferreira et al. (2009), os estudos de farmacovigilância (vigilância póscomercialização) são sinônimo do processo de detecção, acompanhamento e controle de problemas decorrentes do uso já autorizado de medicamentos. A importância da farmacovigilância pode ser exemplificada pelos inúmeros fármacos que foram introduzidos na terapêutica e, posteriormente, por razões de toxicidade, foram retirados.
Requisitos para que um Medicamento possa ser usado
Todo e qualquer medicamento, novo ou antigo, deve ser: 
• Seguro, isto é, ter níveis aceitáveis de toxicidade; ser incapaz de representar uma ameaça ao usuário, porque a possibilidade de causar efeitos tóxicos injustificados é pequena. 
• Eficaz, isto é, que atinge os efeitos propostos. 
• De qualidade, isto é, ter características que precisamos conhecer e entender melhor; essencial sempre saber a procedência da matéria-prima.
DEMONSTRAÇÃO DAS ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM MEDICAMENTO E OS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO PROCESSO
No Brasil, o estabelecimento de diretrizes para pesquisas clínicas começou na década de 1980, com a aprovação das Normas para Pesquisas em Saúde, primeira resolução do CNS, em 1988. 
Em 1996, foram propostas as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, por meio da Resolução CNS nº 196/1996. 
A pesquisa com novos medicamentos foi considerada uma das oito áreas especiais que mereceriam atenção especial da, então criada, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Essa foi a primeira área a merecer normas específicas, estabelecidas na Resolução CNS nº 251/1997.
Qualidade dos Medicamentos
A Política de Regulamentação de Medicamentos, implementada em 2004, lida com as regras aplicadas ao controle do mercado de medicamentos no Brasil. 
Essa política está fundamentada no reconhecimento de três categorias principais para registro de medicamentos, qualidade, controle da matéria-prima, redefinição da categoria de vendas, boas práticas de fabricação e controle (BPFC), assimetria de informação e falsa propaganda, controle de estoque de psicotrópicos, estratégias para facilitar o acesso a medicamentos pela população, informatização e desburocratização, monitoramento do mercado, redução de associações irracionais e fiscalização quanto a nomes comerciais.
Esses desfechos dependem de causas intrínsecas (por exemplo, polimorfismo das enzimas de metabolização, genética, dieta, entre outros) e extrínsecas ao organismo, como aqueles referentes aos processos utilizados na fabricação e capazes de influenciar a qualidade e a composição dos medicamentos. 
As causas intrínsecas estão ligadas a reações adversas e resultam da ineficiência dos testes toxicológicos utilizados na etapa de pré-comercialização do medicamento, como testes realizados em animais, que não garantem a segurança de um medicamento para uso humano. 
Além disso, o número de pacientes submetidos aos ensaios pré-clínicos e clínicos é limitado, dificultando, ou mesmo inviabilizando, a identificação de reações raras e de grupos populacionais susceptíveis. Soma-se a isso o pouco conhecimento das interações medicamentosas.
Um exemplo de processo de produção inadequada foi a recente recomendação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) de recolhimento de oito medicamentos genéricos a base de clopidogrel após uma inspeção nas etapas de produção.
Outro exemplo, que ocorreu no Brasil, foi um caso de armazenagem inadequada, em que análises de drogas antimaláricas revelaram problemas de liberação em comprimidos de cloridrato de mefloquina e de produção em comprimidos de primaquina e sulfato de quinina que, possivelmente, teriam sido gerados por causa de condições inapropriadas de estocagem.
Por estarem diretamente relacionadas à saúde pública, é imperativo que a regulamentação, a segurança, a eficácia e a qualidade de medicamentos sejam controladas e garantidas.
Formas Farmacêuticas
Existem diversas formas farmacêuticas de incorporar um fármaco para o tratamento conveniente e eficaz de uma doença. As formas farmacêuticas podem ser projetadas para a administração por vias de liberação alternativas, a fim de melhorar a resposta terapêutica.
Muitos fármacos são formulados em diferentes formas e em várias potências, cada uma apresentando características farmacêuticas adequadas para uma aplicação específica.
FORMAS FARMACÊUTICAS DISPONÍVEIS PARA AS DIFERENTES VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Comprimidos e cápsulas são as formas farmacêuticas sólidas mais comumente prescritas, pois são relativamente baratas de produzir, são portáteis, podem ser revestidas para mascarar sabor desagradável ou formuladas com alteração de liberação do medicamento. 
Ao mesmo tempo que são populares entre os prescritores,nem sempre são as formas mais adequadas para o paciente com dificuldade de deglutição, o que pode resultar tanto em uma aversão psicológica à deglutição de comprimido como em uma deficiência física que impede a deglutição.
Nas crianças, fórmulas líquidas, de fato, são simples de administrar e oferecem uma dosagem flexível, porém precisam, quando utilizadas com o auxílio de um dispositivo, de dosagem apropriado.
Os medicamentos líquidos são a alternativa lógica para comprimidos e cápsulas em pacientes com dificuldades de deglutição, sendo recomendados nos casos em que o mecanismo de deglutição por via oral ainda é possível e quando se pode obter uma textura adequada que minimize a probabilidade de aspiração.
Vias de Administração 
No caso das preparações sólidas, a absorção depende, inicialmente, da dissolução do comprimido ou da cápsula, que então libera o fármaco.
A biodisponibilidade é um termo usado para descrever a porcentagem em que uma dose do fármaco chega ao seu local de ação, ou a um líquido biológico a partir do qual o fármaco chegou ao seu local de ação.
Por exemplo, um fármaco administrado por via oral precisa ser absorvido primeiramente pelo estômago e intestino, mas esse processo pode ser limitado pelas características da preparação do fármaco e por suas propriedades físico-químicas.
O padrão de absorção de fármacos varia consideravelmente de substância para substância, bem como entre as diferentes vias de administração.
Em geral, existem algumas opções de vias pelas quais um agente terapêutico pode ser administrado e, por essa razão, o conhecimento das vantagens e desvantagens das diferentes vias de administração é fundamental.
A via enteral é composta por todas as administrações que utilizam o trato gastrointestinal para introduzir o fármaco no organismo.
VIA ENTERAL (A) E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO (B)
 A B
A via parenteral é composta por todas as administrações que não utilizam o trato gastrointestinal para introduzir o fármaco no organismo. Contudo, existem exceções nessa via, como as vias tópica, inalatória, bucal, sublingual e retal, que utilizam a pele e a mucosa para a administração de fármacos.
Via Oral
A ingestão oral é o método mais comumente usados para administrar os fármacos. Também é o mais seguro, conveniente e econômico.
Suas desvantagens são a absorção limitada de alguns fármacos em função de suas características.
A via oral possui várias vantagens e algumas desvantagens em relação às outras vias, como: a ação do pH estomacal sobre o fármaco, a possibilidade de o fármaco sofrer metabolismo de primeira passagem, a interação com alimentos e outras substâncias ingeridas. Fatores como absorção, biodisponibilidade e coeficiente de ionização do composto são variáveis entre os diversos fármacos que utilizam essa via.
As formas farmacêuticas orais mais comuns são comprimidos, cápsulas, suspensões, soluções e emulsões. Os comprimidos são obtidos por compactação e contêm fármacos e adjuvantes de formulação que são incluídos para funções específicas.
As cápsulas são formas farmacêuticas sólidas que contêm fármacos e, geralmente, adjuvantes de enchimento apropriado, fechados dentro de um invólucro de gelatina dura ou mole ou de outro material polimérico adequado.
A cápsula se rompe e se dissolve após a administração oral e, na maioria dos casos, os fármacos são liberados de maneira muito mais rápida quando comparados aos comprimidos.
As suspensões que contêm fármacos, finamente divididos ou suspensos em um veículo adequado, são um meio útil de administrar grande quantidade de fármacos que, de outro modo, seriam inconvenientes se administrados na forma de comprimido ou cápsula.
No entanto, nem todas as suspensões orais são formuladas para obter efeitos sistêmicos, uma vez que várias são projetadas para obter efeitos locais no trato gastrointestinal. 
Por outro lado, as soluções, incluindo formulações como xaropes e elixires, são absorvidas mais rapidamente do que as formas sólidas ou suspensões, já que a dissolução do fármaco não é necessária.
A absorção pela mucosa oral tem importância especial para alguns fármacos, apesar de a superfície disponível para a absorção ser pequena. A drenagem venosa da boca dirige-se à veia cava superior, que protege o fármaco do metabolismo rápido causado pela primeira passagem pelo fígado.
Via Retal
Os fármacos aplicados por via retal na forma de solução, supositório ou emulsão geralmente são administrados para obter efeito local, em vez de sistêmico. 
Os supositórios são formas farmacêuticas sólidas destinadas à introdução em cavidades do corpo (normalmente retal, mas também vaginal e uretral) onde serão dissolvidas para liberar o fármaco. 
Essa via de administração é indicada para fármacos inativados pelos fluidos gastrointestinais quando por via oral ou quando esta é desaconselhada. Os fármacos administrados por via retal entram na circulação sistêmica sem passar pelo fígado, uma vantagem para aqueles acentuadamente inativados pelo fígado após serem absorvidos pela via oral.
 Como desvantagens da via retal podemos citar o fato de ser inconveniente e, muitas vezes, a absorção do fármaco ser irregular e difícil de prever.
No Brasil, temos poucas apresentações usadas via retal, embora em outros países essa via de administração seja muito usada.
EXEMPLO DE FÁRMACO VIA RETAL: SUPOSITÓRIO DE GLICERINA
Via Parental
A administração parenteral é feita por meio da utilização de uma agulha oca para injetar o fármaco em vários locais e com diferente profundidade. As três principais vias parenterais são: subcutânea, intramuscular e intravenosa. Outras vias, como intracardíaca e intratecal, são utilizadas com menos frequência. 
A via parenteral é preferida quando uma absorção rápida é essencial, como em situações de emergência ou quando o paciente está inconsciente ou incapaz de aceitar a medicação por via oral, e ainda em casos em que o fármaco é destruído, inativado ou mal absorvido após a administração oral. 
Em geral, os níveis do fármaco no sangue são mais previsíveis do que aqueles obtidos por formas farmacêuticas orais.
Geralmente, as injeções subcutâneas são soluções aquosas ou suspensões que permitem que o fármaco seja colocado nas imediações dos capilares sanguíneos. O fármaco se difunde, então, para os capilares. 
A administração intravenosa envolve a injeção de soluções aquosas estéreis diretamente na veia a uma velocidade adequada. Os volumes injetados podem variar de poucos mililitros, como no tratamento de emergência ou para sedativos hipnóticos, até litros, como no caso de tratamento de reposição de fluidos ou alimentação parenteral.
Nessa via, a biodisponibilidade é total. Todo o fármaco é posto de forma uniforme na circulação sistêmica por um acesso arterial ou venoso. 
A injeção intravascular tem a garantia de que a dose, em sua totalidade, vai chegar ao alvo e fazer o seu efeito, porém existem desvantagens em alguns casos, como em obesos que possuem muito tecido adiposo e não expõem tanto suas veias periféricas, dificultando o acesso. 
Outra desvantagem é a chance de infecção sistêmica, oriunda da agulha que entra em contato direto com a circulação. Um ponto importante a ser lembrado é que, quando o profissional aplicar a injeção, ele deve ter em mente que não há mais chance de retrocesso.
EXEMPLOS DE USO DE FÁRMACO VIA PARENTERAL
 
 A B
Via tópica/transdérmica
Embora essa via possa ser utilizada para administração sistêmica de fármacos, a absorção percutânea é, muitas vezes, deficiente e irregular, embora estejam disponíveis vários sistemas transdérmicos capazes de liberar o fármaco para distribuição sistêmica (por exemplo, adesivos de nicotina para a interrupção do tabagismo, testosteronae estrogênio para terapia de reposição hormonal e anticoncepcionais). 
Fármacos aplicados sobre a pele com efeito local incluem antissépticos, antifúngicos e anti-inflamatórios, assim como emolientes de pele, para efeito protetor.
As formulações farmacêuticas tópicas – unguentos, cremes e pastas – são compostas por um fármaco em um estado semissólido apropriado. É comum a aplicação de fármacos sobre outras superfícies tópicas, como ocular, auricular e nasal, sendo utilizados unguentos, cremes, suspensões e soluções.
As preparações oftálmicas, entre outras características, devem ser estéreis. As formas farmacêuticas nasais incluem soluções ou suspensões aplicadas por conta gotas ou em aerossol, utilizando-se um spray. As formulações auriculares, em geral, são viscosas para prolongar o contato com as áreas afetadas.
EXEMPLOS DE FÁRMACOS POR VIA TÓPICA/TRANSDÉRMICA
Via Respiratória 
Os pulmões são uma excelente superfície de absorção com fármaco administrado nas formas gasosa, aerossol ou de partícula, determinando a extensão em que eles penetram na região alveolar, uma zona de absorção rápida. 
As partículas do fármaco, que possuem 0,5 a 1 mm de diâmetro, atingem os sacos alveolares. 
Essa via de administração é particularmente útil para o tratamento de problemas asmáticos, utilizando aerossóis pulvéricos e aerossóis com dispositivo dosador que contêm o fármaco incorporado em um gás propelente liquefeito e inerte.
EXEMPLO DE FÁRMACO POR VIA RESPIRATÓRIA: NEBULÍMETRO
Resumo do Tópico 1
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A farmacologia é o principal estudo da farmácia que guia o entendimento de composição, qualidade, farmacocinética, efeitos, uso terapêutico e tóxico dos medicamentos. 
• É importante entender a definição dos termos técnicos comuns na área de farmacologia, como fármaco, drogas, formas farmacêuticas, vias de administração, entre outros. 
• As plantas medicinais, utilizadas há milhares de anos, até hoje são base para pesquisas e desenvolvimento de novos medicamentos. 
• A finalidade dos medicamentos é o alívio de sintomas, a cura e/ou a prevenção e o diagnóstico de doenças. 
• O medicamento é feito de um fármaco com efeitos benéficos, enquanto o remédio é tudo aquilo que se acredita que cura. 
• Os medicamentos a serem lançados no mercado precisam passar por várias fases de estudo para comprovar sua eficácia e segurança. Essas etapas demoram anos e custam muito dinheiro. 
• A qualidade dos medicamentos é essencial para garantir a segurança do paciente.
• Existem diversas formas farmacêuticas para o tratamento, planejadas para garantir a absorção e o tratamento correto do paciente. 
• As vias de administração são divididas em enteral e parenteral, e é importante conhecer suas vantagens e desvantagens para ajudar o paciente na adesão ao tratamento proposto.
Tópico 2
Tipos de Medicamentos
Alopatia
Alopatia é uma medicina tradicional, que utiliza os medicamentos que irão produzir no organismo do paciente uma reação contrária aos sintomas que ele apresenta, diminuindo ou neutralizando os sintomas. Por exemplo, se o paciente tem febre, o médico receita um medicamento para baixar a temperatura.
Os principais problemas dos medicamentos alopáticos são seus efeitos colaterais e sua toxicidade. A fitoterapia entra na categoria de medicamentos alopáticos.
Homeopatia
A homeopatia é uma especialidade farmacêutica, médica, odontológica e veterinária que foi fundada no início do século XIX pelo alemão Samuel Hahnemann, ganhando popularidade no final do mesmo século. 
A homeopatia baseia-se no princípio “semelhante cura semelhante”. Isso significa que uma pessoa doente pode ser curada por um medicamento que é capaz de produzir sintomas parecidos em uma pessoa sadia. Em um tratamento homeopático, o clínico deve observar cuidadosamente e considerar cada paciente como único.
Para a homeopatia, as doenças são geradas pelo desequilíbrio das forças do organismo. Portanto, o clínico homeopata não investiga somente sintomas isolados, mas considera o paciente como um todo, corpo e mente. Assim, a homeopatia trata o doente, e não a doença.
Dinamização é o processo pelo qual os medicamentos são preparados a partir de insumos submetidos a triturações sucessivas ou diluições seguidas de agitação ritmada, para o desenvolvimento da capacidade terapêutica do medicamento.
No Brasil, a homeopatia foi introduzida oficialmente em 1840, pelo médico francês Benoít Jules Mure, que trazia na bagagem a experiência de grande divulgador da homeopatia em algumas cidades europeias. 
Com a República, a homeopatia ganhou força institucional, tanto na sua prática como no seu ensino. Figuras importantes, como Monteiro Lobato e Rui Barbosa, estiveram ligadas a ela.
A partir da década de 1930, a homeopatia gradativamente perdeu força e importância no Brasil, sem, porém, desaparecer. Conheceu um renascimento na década de 1970, na trilha das ideias libertárias da época. 
De terapia “alternativa”, desenvolveu-se científica e politicamente para a posição de prática complementar no início do século XXI, avalizada pelas políticas de saúde do governo brasileiro.
Medicamento Homeopático x Medicamento Alopático 
	O tratamento homeopático não busca eliminar apenas os sintomas da doença e sim estimular o organismo a se fortalecer. Logo, o tratamento homeopático é eficaz para curar o doente, e não apenas aliviá-lo. 
 	Já o tratamento alopático busca, por meio dos medicamentos de ação química, eliminar os sintomas e manifestações da doença pelo chamado princípio dos contrários. 
Por exemplo: uso de laxante para prisão de ventre. Essa anulação de sintomas normalmente não combate a origem e as causas da doença. Na maioria dos casos, há grande alívio, mas apenas durante o tratamento.
Origem do Princípio Ativo
É importante sabermos qual a procedência dos medicamentos e a diferença de um medicamento inovador, seu similar e seu genérico. Esse conhecimento é necessário para seguirmos algumas legislações, que permitem a intercambialidade de medicamentos, e também para a orientação correta à população consumidora.
Medicamentos de Referência e/ou Inovadores
Um produto inovador é aquele registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no país, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente por ocasião do registro. 
A empresa interessada em registrar medicamentos genéricos e/ou similares deverá utilizar obrigatoriamente o medicamento de referência. 
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 35, de 15 de junho de 2012, dispõe sobre os critérios de indicação, inclusão e exclusão de medicamentos na Lista de Medicamentos de Referência. 
EXEMPLO DE MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA
Medicamentos Genéricos
	Contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência, apresentando eficácia e segurança equivalentes à do medicamento de referência e podendo, com este, ser intercambiável. 
A intercambialidade, ou seja, a segura substituição do medicamento de referência pelo seu genérico, é assegurada por testes de equivalência terapêutica, que incluem comparação in vitro, através dos estudos de equivalência farmacêutica, e in vivo, com os estudos de bioequivalência apresentados à Anvisa. 
Os medicamentos genéricos podem ser identificados pela tarja amarela, na qual se lê “Medicamento Genérico”. Além disso, deve constar na embalagem a frase “Medicamento Genérico Lei nº 9.787/1999”. Como os genéricos não têm marca, o que você lê na embalagem é o princípio ativo. 
APRESENTAÇÃO DO MEDICAMENTO GENÉRICO
	Na década de 1970, deu-se o início do processo de discussão sobre os medicamentos genéricos no país, culminando com a publicação do Decreto nº 793/1993, revogado pelo Decreto nº 3.181, de 23 de setembro de 1999, que regulamentou a Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999.
	Durante a década de 1990, com a aprovação daLei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, foram criadas as condições para a implantação de medicamentos genéricos, em consonância com normas adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por países da Europa, além de Estados Unidos e Canadá.
	Em 3 de fevereiro de 2000, iniciou-se a concessão dos primeiros registros de medicamentos genéricos. Naquele ano foram concedidos 182 registros de medicamentos genéricos e tomadas as ações para implementar a produção desses medicamentos, inclusive com incentivo à importação.
Vantagens dos Medicamentos Genéricos 
• Disponibilizar medicamentos de menor preço, uma vez que o medicamento genérico deve ser, no mínimo, 35% mais barato que o medicamento de referência. 
• Reduzir os preços dos medicamentos de referência, com a entrada de medicamentos concorrentes (genéricos). 
• Contribuir para aumento do acesso a medicamentos de qualidade, seguros e eficazes.
Desde a criação da lei dos medicamentos genéricos, o registro desses medicamentos pela Anvisa teve um número significativo por ano, conforme demonstrado na Figura.
NÚMERO DE MEDICAMENTOS GENÉRICOS REGISTRADOS POR ANO
Medicamentos Similares 
	Contêm o mesmo ou os mesmos princípios ativos e apresentam mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, que são equivalentes ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo deferir somente em características relativas a tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipiente e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial e marca.
Medicamentos Manipulados 
	Os medicamentos manipulados são aqueles preparados diretamente na farmácia, pelo profissional farmacêutico, a partir das fórmulas inscritas no Formulário Nacional ou Internacional reconhecidas pela Anvisa, ou ainda a partir de uma prescrição de profissional habilitado, que estabeleça em detalhes sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar.
	O processo de elaboração de um medicamento manipulado exige um rígido controle, já que, na maioria das vezes, o seu quantitativo impede uma análise farmacopeica de avaliação da qualidade do produto final. Para tal, é necessário ter em mãos insumos farmacêuticos oriundos de fornecedores qualificados e com certificados analíticos bem elaborados e que traduzam a real especificidade do insumo, segundo requisitos farmacopeicos.
	O medicamento manipulado é produzido de forma personalizada, ou seja, para atender a uma necessidade particular de um paciente e para uso imediato. Por isso, não se atribui a ele um prazo de validade e sim uma data limite para o uso (prazo de uso), que pode variar de alguns dias até poucos meses.
	Para garantir segurança, eficácia e qualidade do produto manipulado, são necessários cálculos corretos, medidas exatas, condições e procedimentos apropriados para o desenvolvimento de formulação, insumos de qualidade e prudente julgamento do farmacêutico, que deve ser um profissional qualificado para esse fim.
Intercambialidade de Medicamentos
• Bioequivalência, os produtos farmacológicos são considerados equivalentes farmacêuticos se tiverem os mesmos ingredientes ativos e forem idênticos em potência ou concentração, apresentação e via de administração. Em termos farmacêuticos, dois fármacos equivalentes são considerados bioequivalentes quando as taxas e amplitudes da biodisponibilidade do ingrediente ativo em dois produtos não forem significativamente diferentes sob condições experimentais adequadas. Consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental. 
INTERCAMBIALIDADE DE MEDICAMENTOS DE REFERÊNCIA, GENÉRICO E SIMILAR
• Biodisponibilidade: indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração versus tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina. 
• Denominação Comum Brasileira (DCB): denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo aprovado pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária (Lei nº 9.787/1999;). 
• Denominação Comum Internacional (DCI): denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo recomendado pela OMS.
NOMENCLATURA FARMACÊUTICA
• Produtos farmacêuticos intercambiável: equivalente terapêutico de um medicamento de referência, comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos de eficácia e segurança. Quando o medicamento é um equivalente, ele deverá obrigatoriamente vir com o símbolo.
MEDICAMENTO DE MARCA SIMILAR EQUIVALENTE
A seguir, vamos observar na Figura uma representação das principais diferenças entre os medicamentos.
DIFERENÇAS ENTRE OS MEDICAMENTOS DE REFERÊNCIA, GENÉRICO E SIMILAR EQUIVALENTE
Na prática, a Figura mostra exemplos de embalagens de medicamentos comuns no mercado brasileiro.
EMBALAGENS DE MEDICAMENTOS PARA COMPARAÇÃO
Elementos do Medicamento
As funções das embalagens podem ser resumidas em:
• Acondicionamento: conter o produto acondicionado, isto é, em uma embalagem capaz de resistir a qualquer reação devido às substâncias contidas no produto. 
• Proteção: proteger o produto do manuseio, da ação de agentes externos, como oxigênio, temperatura etc., que podem danificar o produto. 
• Comunicação: informar de forma inequívoca todas as características, formas de uso, manuseio e cuidados, bem como o número do lote e prazo de validade. 
• Utilidade: função na qual o tipo de embalagem, formato, tamanho e apresentação estão diretamente relacionados ao uso que será dado. Por exemplo, um blister, uma seringa, um gotejador. 
A embalagem, o rótulo e a bula dos medicamentos devem transmitir todas as informações relevantes sobre o produto, contribuindo para o seu uso adequado. 
Devem conter informações obrigatórias sobre o medicamento, estabelecidas por resoluções publicadas pela Anvisa. 
A indústria responsável pelo medicamento tem obrigação legal de prestar todas as informações necessárias para o uso adequado e os possíveis problemas e cuidados relacionados ao produto.
Embalagem 
	As embalagens têm como finalidade proteger os medicamentos de agentes externos, como calor, luz e umidade, de forma a garantir a não ocorrência de degradação que comprometa a qualidade do produto.
Os tipos de embalagem de medicamentos são divididos em: 
• Embalagem primária: tem contato direto com o produto e é a maior barreira de proteção; como exemplos, podemos citar o blister e o frasco de vidro. 
• Embalagem secundária: protege a embalagem primária, como cartuchos (caixinhas que envolvem a embalagem primária). • Embalagem terciária: contém a embalagem primária e secundária, para que haja melhor transporte – caixa de papelão é o exemplo mais comum. 
• Bisnaga: recipiente flexível para semissólidos e cremes. 
• Blister: bandeja moldada com selagem laminada, para comprimidos e pílulas. 
• Frasco: recipiente rígido para líquidos, geralmente de plástico ou vidro.
Na embalagem secundária, deve constar algumas informações importantes:
• Nome comercial do medicamento (ausente em genéricos). Em caso de medicamentos fitoterápicos, deve ser apresentado o nome botânico da planta. 
• Denominação genérica. 
• Nome, endereço e CNPJ da empresa produtora. 
• Nome do fabricante e local de fabricação do produto. 
• Número do lote. 
• Data de fabricação (mês e ano). 
• Data da validade (mês e ano). 
• Número do registro (MS seguido do número, constando 13 números). 
• Composição do medicamento, quantidade e via de administração. 
• Nome do farmacêutico responsável técnico e número de inscrição no Conselho Regional de Farmácia (CRF). 
• Telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). 
• Lacre de segurança (toda embalagem deve estar lacrada). 
• Tinta reativa que, quando raspada com metal, deve apresentar a palavra qualidade e nome

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