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A matriz extracelular (MEC), ou interstício, é constituída por uma rede tridimensional de macromoléculas que preenche os espaços intercelulares, define os limites dos tecidos, contribui para as propriedades biomecânicas destes e serve como substrato para adesão e migração celular e como sítio de ligação para fatores de crescimento e hormônios, criando o microambiente adequado e indispensável para a organização dos tecidos e a estruturação dos órgãos. São estruturadas em fibras (colágenas, reticulares e elásticas): (1) proteínas fibrosas (colágeno e elastina), que formam as fibras colágenas e reticulares (colágeno) e elásticas (elastina); (2) proteínas não fibrosas, de adesão (laminina e fibronectina), que aderem as células à MEC, e proteínas organizadoras também com função de aderência, como tenascina, entactina e ondulina; (3) glicosaminoglicanos e proteoglicanos, que formam um gel altamente hidratado, a substância fundamental, na qual as proteínas fibrosas ficam imersas. Modificações em fibras colágenas e reticulares podem ocorrer por: (1) defeitos genéticos que comprometem a estrutura; (2) alterações adquiridas que interferem na sua síntese ou na sua degradação. Alterações do colágeno por defeitos genéticos são pouco frequentes. As doenças são complexas e manifestam-se na pele (elasticidade e resistência alteradas), nos vasos sanguíneos (aneurismas, pois alguns defeitos são comuns às fibras elásticas), no intestino, no globo ocular (a esclerótica é rica em colágeno) e nos ossos (onde o colágeno é constituinte importante da matriz); A deposição anormal de colágeno e de outros componentes da matriz extracelular acontece em doenças fibrosantes denominadas fibroses. Podem ser congênitas ou adquiridas. As congênitas devem-se a alterações gênicas no gene da lisil oxidase. As adquiridas estão associadas a defeito na síntese, por inibição da lisil oxidase (p. ex., latirismo), ou a distúrbios malconhecidos sobre as fibrasjá formadas. Um exemplo é a elastose de vasos e do endocárdio por aumento de sua síntese por fibras musculares estimuladas por maior distensão do vaso (hipertensão arterial) ou do endocárdio (cardiopatias com alterações hemodinâmicas). A integridade das membranas basais é importante para manter a atividade funcional dos epitélios, além de indispensável para a filtração de macromoléculas e de agregados moleculares. Várias substâncias podem se depositar nas membranas basais: (1) imunoglobulinas e imunocomplexos na membrana basal de glomérulos, produzindo espessamento irregular e alteração na sua permeabilidade; (2) na amiloidose, a substância amiloide pode se depositar em membranas basais; (3) metais pesados, como mercúrio e bismuto, em forma de albuminato. (4) o espessamento de membranas basais na microcirculação ocorre caracteristicamente em diabéticos, fazendo parte da chamada microangiopatia diabética. A transformação hialina ou hialinização do interstício é uma alteração na qual as fibras colágenas e a substância fundamental tornam-se intensamente acidófilas. As fibras colágenas ficam tumefeitas e mais espessas, sem o aspecto fibrilar normal. Tal hialinização é encontrada no queloide, em cicatrizes hipertróficas, na esclerose sistêmica e em muitos tipos de fibrose. A transformação mucoide consiste no aumento da substância fundamental. Com isso, há dissociação das fibras colágenas, que ficam dispersas em fibrilas finas, dando aspecto de tecido mucoso. Amiloidose constitui um grupo de doenças que têm em comum a deposição no interstício de material proteico fibrilar, a substância amiloide; Em síntese, portanto, a amiloidose resulta de: (1) produção excessiva de proteínas precursoras capazes de formar agregados; (2) mutações em certos genes, que codificam proteínas mais suscetíveis de se agregar; (3) incapacidade de degradar as proteínas alteradas.
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