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269 Capítulo 18 CÂNCER DE CÓLON Marcela Crosara Alves Teixeira Tatianny Paula Araujo Renato Morato Zanatto Rodrigo Nascimento Pinheiro INTRODUÇÃO O câncer colorretal é uma doença frequente e letal. Seu desenvolvimento é influen- ciado tanto por fatores esporádicos (70% a 80% dos casos) quanto por fatores familiares ou herdados. No mundo, corresponde à terceira causa de morte por câncer em homens e à segunda causa em mulheres, enquanto no Brasil é considerado o segundo mais pre- valente.1 Aproximadamente 25% dos pacientes apresentam metástase ao diagnóstico, e quase 50% desenvolverão metástase ao longo do seguimento.2 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 70% dos CCR poderiam ser prevenidos com a mudança de hábitos de vida e o acesso à colonoscopia, que permite além do diagnóstico precoce, o tratamento de pólipos (lesões precursoras) ou mesmo cân- cer em estágio inicial.3 CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS, IMUNO-HISTOQUÍMICAS E MOLECULARES O tipo histológico mais comum é o adenocarcinoma (90% dos casos). Os outros tipos incluem: tumores neuroendócrinos, carcinomas escamoso e adenoescamoso, carcinomas com células de anel de sinete, carcinoma medular e carcinomas indiferenciados. Avalia- ção imuno-histoquímica é caracterizada pela expressão de CK 20 e CDX2 e negatividade de CK7. A patogênese do câncer colorretal também envolve o acúmulo de modificações gênicas e epigênicas nas vias que regulam a proliferação, a apoptose e a angiogênese.4 As mutações do KRAS, NRAS e BRAFV600E são importantes marcadores moleculares em câncer colorretal. A mutação do KRAS está presente em aproximadamente 35% a 40%, enquanto a mutação NRAS ocorre em cerca de 10% dos tumores de cólon, sen- do principalmente encontradas nos códons 12 e 13.5 A mutação do KRAS ou NRAS confere pior prognóstico e também prediz resistência ao tratamento com anticorpos DIRETRIZES ONCOLÓGICAS270 anti-EGFR. Já as mutações do BRAF, especificamente V600E, ocorrem em menos de 10% dos pacientes com câncer de cólon esporádico e são um forte marcador prognós- tico negativo.6 FATORES DE HEREDITARIEDADE Existem duas formas herdadas mais comuns de câncer colorretal: HNPCC (câncer hereditário não polipose hereditário) ou síndrome de Lynch e FAP (polipose adenoma- tosa familiar). � O HNPCC é uma doença autossômica dominante causada por mutação germi- nativa de um dos vários dos genes de reparo do DNA (MMR): MLH1, MSH2, MSH6 e PMS2. Clinicamente, pacientes com HNPCC estão associados com idade de início precoce, localização proximal do tumor, histologia mucinosa e maior grau histológico no momento do diagnóstico. Para os indivíduos com síndrome de Lynch, a colonoscopia deve ser realizada inicialmente entre os 20 e 25 anos.7 � A FAP é uma síndrome autossômica dominante responsável por 0,5% a 1% dos tumores colorretais. Está relacionada à mutação herdada do gene APC, a chave reguladora da via Wnt-pathway, que ativa a transcrição de vários oncoge- nes (adenoma-carcinoma). O risco de desenvolvimento de câncer colorretal é de 100%. Pacientes com mutação do APC têm centenas a milhares de pólipos colônicos com predisposição à malignização em idade precoce. Em familiares com a FAP clássica, a colonoscopia deve iniciada aos 12 a 14 anos e continuada por toda a vida.8 ESTADIAMENTO Para o estadiamento, serão solicitados exames de imagem, preferencialmente tomo- grafia de tórax e tomografia ou ressonância magnética de abdome e pelve com contraste. A realização de 18FDG PET-CT para estadiamento deverá ser considerada em pacientes com doença metastática que sejam candidatos a tratamento cirúrgico.9 O antígeno carcinoembrionário (CEA) dosado no sangue possui valor prognóstico incerto e pode estar elevado em condições não neoplásicas como em tabagistas e doenças inflamatórias intestinais, não sendo indispensável para o estadiamento.10 Tabela 18.1. Estadiamento segundo o AJCC, 8a edição Tumor primário (T) Tis Carcinoma in situ intraepitelial ou invasão da lâmina própria T1 Tumor invade a submucosa T2 Tumor invade a muscular própria T3 Tumor invade a muscular própria até os tecidos pericolorretais T4a T4b Tumor invade a superfície do peritôneo visceral Tumor invade ou está aderido a outros órgãos ou estruturas Capítulo 18 • CÂNCER DE CÓLON 271 Envolvimento linfonodal (N) NO Sem evidência de metástase linfonodal N1 N1a N1b N1c Metástase em 1-3 linfonodos regionais Metástase em 1 linfonodo regional Metástase em 2-3 linfonodos regionais Tumor na subserosa, mesentério, tecidos pericólicos ou perirretais não peritonizados, sem metástase linfonodal N2 N2a N2b Metástase em 4 ou mais linfonodos regionais Metástase em 4-6 linfonodos regionais Metástase em 7 ou mais linfonodos regionais Metástase a distância (M) MO M1 M1a M1b Sem evidência de mestástase a distância Metástase a distância Metástase restrita a um órgão ou localização Metástase em mais de um órgão/localização ou para o peritôneo Estádio T N M Dukes MAC O Tis NO MO – – I T1 T2 NO NO MO MO A A A B1 IIA IIB IIC T3 T4a T4b NO NO NO MO MO MO B B B B2 B2 B3 IIIA IIIB IIIC T1-T2 T1 T3-T4a T2-T3 T1-T2 T4a T3-T4a T4b N1/N1c N2a N1/N1c N2a N2b N2a N2b N1-N2 MO MO MO MO MO MO MO MO C C C C C C C C C1 C1 C2 C1/C2 C1 C2 C2 C3 IVA IVB Qualquer T Qualquer T Qualquer N Qualquer N M1a M1b TRATAMENTO DO CÂNCER DE CÓLON Cirurgia para tumor primário O tratamento cirúrgico inicial exige ampla ressecção do segmento do intestino aco- metido, associada à dissecção linfonodal de no mínimo 12 linfonodos para tumores es- tádios I a III. O papel do linfonodo sentinela, bem como o impacto no prognóstico da micrometástase linfonodal ainda permanecem controversos. A cirurgia isolada confere sobrevida global (SG) em cinco anos da ordem de 85% em estádios I e IIA, 80% em estádio IIB, 60% em estádio IIC, variando de 30% a 50% em estádio III. O objetivo da cirurgia para o câncer invasivo é a remoção do tumor com o pedículo vascular principal e a drenagem linfática do segmento colônico afetado. As margens longitudinais de 5-10 cm e radial ≥ 1 mm são desejáveis. O acesso laparoscópico demonstra resultados oncológicos DIRETRIZES ONCOLÓGICAS272 equivalentes, com vantagem em termos de recuperação pós-operatória. Em relação ao acesso por robótica ainda são aguardados resultados de estudos que comparem a técnica com a cirurgia aberta e laparoscopia. A anastomose primária pode ser realizada na maio- ria dos pacientes submetidos à colectomia, porém procedimentos derivativos podem ser requeridos em situações não eletivas ou em pacientes instáveis. A ressecção multivisceral pode ser requerida em até 10% dos doentes com câncer de cólon que se apresentam com invasão de órgãos contíguos ou aderências inflamatórias envolvendo estruturas vizinhas. Apesar de conferir maior controle local e sobrevida também possui maior morbimortali- dade, devendo ser indicada em doentes selecionados.12 A maioria dos pacientes com doença metastática colorretal não poderá ser curada. À exceção se faz aos pacientes com acometimento hepático e/ou pulmonar isolado que poderão ser resgatados com cirurgia.13 A cirurgia citorredutora associada à quimiotera- pia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC) pode ser indicada em doentes selecionados, para tratamento de carcinomatose peritoneal limitada (baixo PCI – Peritoneal Cancer Index) e de modo profilático em doentes de alto risco para desenvolvimento desta condição (second-look + HIPEC).14 Para os demais, o tratamento é paliativo, baseado em quimiote- rapia sistêmica objetivando o ganho de sobrevida e qualidade de vida. A cirurgia do tumor primário em pacientes estádio IV com doença disseminada per- manece controversa pela ausência de estudos prospectivos que mostram benefício dessa abordagem. Recomenda-se a sua realização em tumores sintomáticos com risco de obs- trução ou sangramento não controlado. O estudo CAIRO 4, em andamento, pretende esclarecer se a ressecção do tumor primário assintomático oferecebenefício para pacien- tes estádio IV.15 Tratamento adjuvante Estádio I: � Não recomendado, pela ausência de benefício clínico. Estádio II: � O tratamento deve ser fluoropirimidina (fluorouracil ou capecitabina) por seis meses. Pelos dados do estudo QUASAR, com 3.229 pacientes, a quimioterapia adjuvante com fluoropirimidina foi associada a melhora absoluta da SG em cinco anos de 3,6% (IC 95%, 1,0 a 6,0).16 (Grau de recomendação 1A) � Os guidelines da American Society of Clinical Oncology (ASCO), National Comprehensive Cancer Network (NCCN) e European Society for Medical Oncology (ESMO) se posicio- nam contra a administração rotineira de terapia adjuvante em pacientes não selecionados e recomendam o tratamento para características clinicopatológicas consideradas de alto risco de recidiva: inadequada dissecção linfonodal < 13, lesões T4, perfuração do tumor, invasão linfovascular ou neural, histologia po- bremente diferenciada.10,17 � A pesquisa da proficiência das enzimas de reparo de DNA por imunoistoquí- mica deve ser realizada para todos os pacientes. Análises retrospectivas confir- maram que pacientes com câncer de cólon estágio II que tenham instabilidade microssatélite apresentam excelente prognóstico e não devem receber quimiote- rapia adjuvante.18 (Grau de recomendação 1A) Capítulo 18 • CÂNCER DE CÓLON 273 � Os testes de avaliação molecular com variáveis prognósticas que poderiam po- tencialmente guiar nas decisões de adjuvância nesse grupo, como o Oncotype DX cólon e o Coloprint, não são utilizados rotineiramente na prática clínica. Estádio III: � O tratamento-padrão deve ser a associação de oxaliplatina e fluoropirimidina (fluorouracil ou capecitabina) por seis meses. Essa conduta é respaldada pelos dados de pelo menos três estudos de fase III que demonstraram ganho de SG a favor da combinação versus monoterapia com fluoropirimidina.19-21 (Grau de recomendação 1A) � The International Duration Evaluation of Adjuvant Chemotherapy (IDEA) foi um consór- cio global que analisou prospectivamente dados de seis estudos randomizados que avaliaram a não inferioridade de tratamento adjuvante por três meses em estádio III. Resultados do IDEA apresentados em junho de 2017 no ASCO, com mais de 12.000 pacientes, mostraram a não inferioridade de três meses de tratamento no subgrupo de baixo risco (T1-3N1), mas não no de alto risco (T4 ou N2). Com esses dados, pode-se considerar três meses de quimioterapia adju- vante para pacientes de baixo risco, mantendo os seis meses para o alto risco.22 (Grau de recomendação 1A) � Pacientes com mais de 70 anos parecem ter benefício menor ou inexistente com terapia adjuvante combinada. A avaliação de subgrupo dos estudos MOSAIC e NSABP-C07 não demonstrou benefício de SG em pacientes acima de 70 anos.23 (Grau de recomendação 1A) Tratamento doença avançada Atualmente existem pelo menos 11 agentes disponíveis no mundo para tratamento da doença metastática: 5FU Bevacizumabe Cetuximabe Aflibercept TAS-102 Regorafenibe Panitumumabe Ramucirumabe Capecitabina Oxaliplatina Irinotecano A melhor maneira de combinar esses agentes e principalmente sequenciá-los não está totalmente estabelecida, mas a decisão sobre o tratamento deve ser guiada por alguns fatores principais: � Características do paciente e da doença: índice de desempenho – Eastern Coopera- tive Oncology Group (ECOG)/Karnofsky Performance Score (KPS) – e comorbidades, doença indolente ou agressiva, pequeno ou grande volume de metástases: • Quimioterapia sequencial deve ser recomendada em casos com baixo vo- lume de doença e oligossintomáticos, sendo também uma excelente opção para idosos com contraindicação para poliquimioterapia. A associação de fluoropirimidina e bevacizumabe em estudo de fase III de população idosa DIRETRIZES ONCOLÓGICAS274 mostrou aumento em sobrevida livre de progressão (SLP) de 5,1 para 9,1 meses;24 (Grau de recomendação 1A) � Pesquisa de mutação RAS (KRAS e NRAS) e, se possível, mutação BRAF: • Presença de mutação RAS ou BRAF mostrou ausência de benefício de terapia anti-EGFR (receptor do fator de crescimento epitelial);25 � Ressecabilidade das metástases: principalmente em pacientes com metástases hepáticas, metástases pulmonares e carcinomatose peritoneal exclusivas: • Estudos retrospectivos apontam benefício de ressecção de doença metastá- tica hepática exclusiva, pulmonar exclusiva ou hepática e pulmonar quan- do em baixo volume, e essa deve ser considerada em casos selecionados;26 (Grau de recomendação 1C) • Estudos retrospectivos com cirurgia citorredutora e quimioterapia intrape- ritoneal hipertérmica demonstram um potencial curativo dessa estratégia com SG em cinco anos de 10% a 15%, principalmente em pacientes com baixo índice de carcinomatose e cirurgia R0;27 (Grau de recomendação 1C) � Lateralidade do tumor: cólon direito vs. esquerdo: • O local de desenvolvimento do câncer colorretal pode afetar o prognóstico do paciente. Análise não pré-planejada do estudo CALGB/SWOG mos- trou que pacientes com tumores do lado direito tiveram maior SG quando tratados com bevacizumabe (24,2 meses) do que com o cetuximabe (16,7 meses). Já os pacientes com tumores do lado esquerdo mostraram melhores resultados com o cetuximabe, com SG de 36 meses versus 31 meses com o outro fármaco;28 (Grau de recomendação 1C) � Objetivo do tratamento: controle de doença, terapia de conversão, terapia perioperatória: • O estudo de fase III EORTC 40983 mostrou benefício em SLP para qui- mioterapia em pré-operatório baseada em oxaliplatina, em pacientes com doença hepática ressecável;29 (Grau de recomendação 1A) • Esquemas com combinação de três fármacos (FOLFOXIRI ou FOLFI- RINOX) apresentam maiores taxas de resposta, sendo excelentes opções para a terapia de conversão, principalmente em pacientes com mutação de RAS.30 (Grau de recomendação 1A) Os esquemas disponíveis para tratamento estão descritos na Tabela 18.2. Tabela 18.2. Esquemas de tratamento Regime Fármacos Estudos de fase III Referência FOLFOX +/- Bevacizumabe 5FU 400 mg/m2 D1 + 2.400 mg/m2 infusional 46h + Leucovorin 400 mg/m2 D1 + Oxaliplatina 85 mg/m2 D1 + Bevacizumabe 5 mg/kg D1 A cada 14 dias 1a linha 2a linha J Clin Oncol. 2008;26:2013-9 J Clin Oncol. 2007;25:1539-44 Capítulo 18 • CÂNCER DE CÓLON 275 Regime Fármacos Estudos de fase III Referência Xelox +/- Bevacizumabe Capecitabina 1.000 mg/m2 2x/d D1-D14 + Oxaliplatina 130 mg/m2 D1 + Bevacizumabe 7,5 mg/kg D1 A cada 21 dias 1a linha 2a linha J Clin Oncol. 2008;26:2013-9 Ann Oncol. 2008;19(10):1720-6 FOLFOX +/- Anti-EGFR (Cetuximabe OU Panitumumabe) 5FU 400 mg/m2 D1 + 24.00 mg/m2 infusional 46h + Leucovorin 400 mg/m2 D1 + Oxaliplatina 85 mg/m2 D1 + Cetuximabe/kg 500 mg/m2 D1 OU Panitumumabe 6 mg/kg D1 A cada 14 dias 1a linha 2a linha J Clin Oncol. 2010;28(31):4697- 705. J Clin Oncol. 2014;32(Suppl 5s; abstr LBA3) FOLFIRI +/- Anti-VEGF (Bevacizumabe OU Ramucirumabe OU Aflibercept) 5FU 400 mg/m2 D1 + 2.400 mg/m2 infusional 46h + Leucovorin 400 mg/m2 D1 + Irinotecano 180 mg/m2 D1 + Bevacizumabe 5 mg/kg D1 OU Ramucirumabe 8 mg/kg EV D1 OU Aflibercept 4 mg/kg EV D1 A cada 14 dias 1a linha 2a linha J Clin Oncol. 2014;32(Suppl 5s; abstr LBA3) Lancet Oncol. 2015;16(5):499- 508 J Clin Oncol. 2012;30:3499-506 FOLFIRI +/- Anti-EGFR (Cetuximabe OU Panitumumabe) 5FU 400 mg/m2 D1 + 2.400 mg/m2 infusional 46h + Leucovorin 400 mg/m2 D1 + Irinotecano 180 mg/m2 D1 + Cetuximabe /kg 500 mg/m2 D1 OU Panitumumabe 6 mg/kg D1 A cada 14 dias 1a linha 2a linha N Engl J Med. 2009;360:1408-17 Lancet Oncol. 2014;15:1065-75 J Clin Oncol. 2014;32(Suppl 5s; abstr LBA3) Capecitabina +/- anti-VEGF (bevacizumabe) Capecitabina 1.000 mg/m2 2x/d D1-D14 + Bevacizumabe 7,5 mg/kg D1 A cada 21 dias 1a linha Lancet. 2013;14(11):1077-85 FOLFOXIRI +/- anti-VEGF (bevacizumabe) 5FU 3.200 mg/m2 infusional 48h + Leucovorin 200 mg/m2 D1 + Irinotecano 165 mg/m2 D1 + Oxaliplatina 85 mg/m2D1 + Bevacizumabe 5 mg/kg D1 A cada 14 dias 1a linha J Clin Oncol. 2007:25(13):1670-6 N Engl J Med. 2014;371:1609-18 Regorafenibe Comprimidos de 40 mg Dose 4 cps/dia por 21 dias a cada 28 dias 3a linha ou linhas subsequentes Lancet. 2013;381(9863):303-12 TAS-102 Comprimido de 15 e 20 mg Tomar 35 mg/m2 (2x ao dia) por 5 dias seguidos de 2 dias de descanso por 2 semanas, a cada 28 dias 3a linha ou linhas subsequentes N Engl J Med. 2015;372:1909-19 DIRETRIZES ONCOLÓGICAS276 � Tratamento de primeira linha Câncer de cólon – Estádio IV Metástases ressecáveis Potencialmente ressecáveis FOLFOX/ Xelox/FLOX peri- ou pós-operatório FOLFOXIRI ou FOLFOX/ FOLFIRI +/- anti-VEGF FOLFOXIRI ou FOLFOX/ FOLFIRI +/- anti-VEGF FOLFOXIRI +/- bevacizumabe ou FOLFOX/ FOLFIRI +/- anti-EGFR FOLFOX ou FOLFIRI + anti-VEGF FOLFOX ou FOLFIRI + anti-EGFR RAS mutado RAS mutado RAS selvagem RAS selvagem FOLFOX ou FOLFIRI +/- anti-VEGF Doença agressiva irressecável Doença indolente irressecável 5FU/LV ou capecitabina +/- bevacizumabe Cólon D Cólon E Cólon D Cólon E Fluxograma 18.1. Sugestão de tratamento em primeira linha em pacientes com câncer de cólon avançado. Após tratamento de primeira linha com combinação, poderá ser oferecida quimio- terapia de manutenção com fluoropirimidina (5FU ou capecitabina) associada ou não a bevacizumabe.31 Não existem evidências atuais para o uso de anticorpo anti-EGFR como terapia de manutenção. (Grau de recomendação 1A) � Tratamento de segunda linha e linhas subsequentes Após progressão em primeira linha, os pacientes deverão receber regime quimiote- rápico ainda não utilizado, baseado em oxaliplatina ou irinotecano. Câncer de cólon – Estádio IV Segunda linha e linhas subsequentes Uso prévio de FOLFOX + bevacizumabe FOLFIRI ou FOLFIRI + anti-VEGF ou FOLFIRI + anti-EGFR Uso prévio de FOLFOX + anti-EGFR FOLFIRI ou FOLFIRI + anti-VEGF Uso prévio de FOLFIRI + anti-EGFR Uso prévio de FOLFIRI + anti-VEGF FOLFOX + anti-EGFR ou FOLFOX + anti-VEGF (bev) FOLFOX + bevacizumabe RAS selvagem RAS mutado RAS selvagem RAS mutadoFOLFIRI + anti-VEGF FOLFOX + anti-VEGF Fluxograma 18.2. Sugestão de tratamento em segunda linha em pacientes com câncer de cólon avançado. Capítulo 18 • CÂNCER DE CÓLON 277 Para pacientes politratados refratários a oxaliplatina e irinotecano, pode-se conside- rar o tratamento com os seguintes agentes ainda não aprovados para uso no Brasil: � Regorafenibe: baseado em dados do estudo de fase III CORRECT, com 760 pacientes randomizados para regorafenibe versus placebo. Houve aumento de SG de 5,0 para 6,4 meses;32 (Grau de recomendação 1A) � TAS-102: baseado em dados do estudo de fase III Recourse, com 800 pacientes randomizados para TAS-102 versus placebo. Observou-se aumento de SG de 5,3 para 7,1 meses (HR: 0,68, p < 0,001).33 (Grau de recomendação 1A) PERSPECTIVAS � Em torno de 5% dos tumores colorretais apresentam hiperexpressão de mo- léculas de HER2/neu, identificada por imuno-histoquímica (IHQ) ou ampli- ficação por FISH (Fluorescent In Situ Hybridization). O estudo HERACLES de- monstrou eficácia na associação de trastuzumabe a lapatinibe em pacientes politratados, com KRAS não mutado. Dos 48 pacientes avaliados, oito (30%) apresentaram resposta completa e sete apresentaram doença estável com 94 se manas de seguimento.34 � A análise interina do estudo de fase II SWOG 1406, apresentado no GI ASCO 2017, mostrou resultados promissores do tratamento de pacientes com muta- ção BRAF V600E com esquema de cetuximabe, irinotecano e vemurafenibe. A combinação aumentou a SLP, o controle da doença e a taxa de resposta.35 � A instabilidade de microssatélites é um fenótipo hipermutável, que aumenta a chance de apresentação de neoantígenos específicos, com ativação de linfócitos T, o que favorece o tratamento imunoterápico. Nesse cenário, o pembrolizu- mabe, anticorpo monoclonal humanizado anti-PD1, foi empregado em estudo de fase II com 25 pacientes com câncer colorretal e deficiência do sistema de reparo do DNA que tinham falhado com pelo menos três linhas de tratamento prévio. O anti-PD1 apresentou 40% de taxa de resposta global e 90% de taxa de controle de doença, sem atingir, até o momento da publicação, SLP e SG mediana. O FDA aprovou em 2017 o uso de pembrolizumabe para pacientes com câncer de cólon e instabilidade microssatélite que tenham progredido a fluoropirimidina, oxaliplatina e irinotecano.36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Torre LA, Bray F, Siegel RL, Ferlay J, Lortet-Tieulent J, Jemal A. 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