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Teoria da Contabilidade - aula 1

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Teoria da Contabilidade
2016
Josimar Pires da Silva
Copyright © Centro Universitário de Patos de Minas 2016
Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM
Rua Major Gote, 808 - Bairro: Caiçaras
Patos de Minas - MG - CEP: 38702-054
Telefone: (34) 3823- 0300
www.unipam.edu.br
Reitor 
Prof. Me. Milton Roberto de Castro Teixeira
Vice-Reitor 
Prof. Dr. Fernando Dias da Silva
Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão
Prof. Me. Fagner Oliveira de Deus
Pró-Reitor de Planejamento, Administração e 
Finanças
Prof. Me. Renato Borges Fernandes
Diretor de Graduação
Prof. Me. Henrique Carivaldo de Miranda Neto
Diretor Executivo
Prof. João Wander Silva
Coordenadora de Pós-Graduação, Pesquisa e 
Extensão
Profª. Me. Adriana de Lanna Malta Tredezini
Coordenador de Educação a Distância
Prof. Me. Flávio Daniel Borges de Morais
Coordenador de Design Educacional
Prof. Me. Flávio de Paula Soares Carvalho
Designer Educacional
Profª. Adriene Sttéfane Silva
Equipe de Diagramação
Ana Paula Marques
Danilo Moreira Soares
Jéssica Carolina Silvério
Coordenador e parecerista 
Prof. Me. Alair José da Cruz
Revisão de texto
Prof. PhD. Luís André Nepomuceno
Apresentação
Prezado estudante, sejam bem-vindo (a) à disciplina de Teoria da Contabilidade! 
Nesta disciplina são discutidos os principais aspectos concernentes à Teoria da Contabilidade, como sustentá-
culo para as demais disciplinas da Contabilidade.
Serão abordados desde a evolução histórica da Teoria da Contabilidade, com a construção de uma teoria pres-
critiva e uma descritiva, até a definição e discussão dos principais conceitos, convenções e princípios construí-
dos e destacados como um arcabouço teórico que dê suporte à elaboração de relatórios financeiros úteis aos 
diversos usuários.
O que se propõe é uma abordagem reflexiva e dinâmica, levando os participantes a compreender a importân-
cia desta disciplina na construção de profissionais que possam de fato contribuir com as futuras pesquisas em 
contabilidade e, por conseguinte, com o desenvolvimento da ciência contábil. 
Bons Estudos! 
Professor
Josimar Pires da Silva
Ementa
Teorias Descritiva e Prescritiva; Princípios Fundamentais da Contabilidade; Estrutura Conceitual 
Básica (framework); Critérios de Mensuração e Reconhecimento: Ativos, Passivos, Patrimônio Lí-
quido, Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas. Conceitos e Manutenção de Capital.
Professor Me. Josimar Pires da Silva
Doutorando em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília - UnB. Mestre em Ciências Con-
tábeis pela Universidade de Brasília - UnB. MBA/Especialista em Gestão Financeira, Controladoria 
e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas - FGV. Especialista em Gestão Empresarial pela Faculda-
de Phênix. Especialista em Educação Ambiental pela UNIVALE. Graduação em Ciências Contábeis 
pela Faculdade São Francisco de Assis - FASFA (2010) e Graduação em Ciências Biológicas pela 
Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT (2005).
Aula 1
Introdução às teorias 
descritiva e prescritiva
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Sumário
Aula 1 - Introdução às teorias descritiva e prescritiva
Considerações iniciais ..........................................................................................................................................................................................7
1. Teoria descritiva e Teoria prescritiva ..........................................................................................................................................................8
1.1 Teoria prescritiva ...............................................................................................................................................................................8
1.2 Teoria descritiva (positiva) .......................................................................................................................................................... 13
Considerações finais .......................................................................................................................................................................................... 16
Referências ............................................................................................................................................................................................................ 16
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Considerações iniciais
Quando tentamos definir Teoria da Contabilidade, o que se percebe é a existência de enorme 
dificuldade encontrada por parte dos autores da área, visto que existe uma forte relação entre a 
Contabilidade e outras disciplinas, tais como a Administração e a Economia.
Entre aqueles que procuram definir Teoria da Contabilidade, Hendriksen e Van Breda (1999) são os 
que procuram evidenciar o conceito mais adequado possível.
A teoria da contabilidade é definida por Hendriksen e Van Breda (1999, p. 32) 
como “o conjunto de princípios subjacentes e, presumivelmente, fundamentais 
para a prática contábil”.
Contextualização
Esse conjunto de princípios fundamentais para a prática contábil oferece uma compreensão me-
lhor das práticas existentes aos usuários da Contabilidade; oferece um referencial conceitual para 
avaliação de práticas contábeis existentes; e orienta o desenvolvimento de novas práticas e novos 
procedimentos.
Além disso, a Teoria da Contabilidade pode ser classificada de três maneiras, quanto ao modo pelo 
qual as pessoas racionam: a) teoria como linguagem; b) teoria como raciocínio; e c) teoria como 
decreto.
No tocante à teoria como linguagem, destaca-se que a contabilidade é uma linguagem, e para 
muitos, a linguagem dos negócios, visto que a comunicação no mundo dos negócios é feita por 
intermédio da contabilidade, isto é, os relatórios financeiros produzidos pela Contabilidade trans-
mitem informações para os diversos usuários embasarem suas decisões financeiras.
No que diz respeito à teoria como raciocínio, pode-se segregá-la em raciocínio dedutivo e induti-
vo, isto é, se os argumentos surgem de generalizações a observações específicas ou de observa-
ções específicas a generalizações. No raciocínio dedutivo geralmente são generalizações, como 
é o caso dos postulados, que dão suporte aos princípios. O raciocínio indutivo tem seu início em 
casos particulares, os quais entendem-se como sendo representativos e, a partir de então, fazem-
-se generalizações a partir de tais casos.
Quanto à teoria como decreto, as teorias indutivas ou dedutivas podem ser classificadas como 
prescritivas (normativas) ou descritivas (positivas). A seguir, são discutidas, com maiores detalhes, 
essas duas classificações.
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1. Teoria descritiva e Teoria prescritiva
As teorias descritivas, também conhecidas como positivas, têm por finalidade mostrar e explicar 
quais informações financeiras são apresentadas e comunicadas aos diversos usuários da Contabi-
lidade, e como esses dados são apresentados. Por sua vez, as teorias prescritivas, também conhe-
cidas como normativas, visam recomendar que dados devem ser comunicados e como devem ser 
apresentados aos usuários; ou seja, procuram explicar o que deve ser, em lugar do que é.
As teorias indutivas, por sua natureza, são geralmente positivas. No entanto, não se pode uni-
versalizar que as teorias dedutivas sejam necessariamente normativas, pois, de fato, a partir de 
generalizações do que se acha existir, pode-se obter deduções específicas que têm por finalidade 
ser completamente descritivas.
Iudícibus (2015) destaca que a teoria normativa, apoiada mais no dedutivismo, procura, de forma 
prescritiva, demonstrar como a Contabilidade “deveria ser”, à luz de seus objetivos e postulados, 
que são dados e indiscutíveis. Por sua vez, a teoria positiva procura explorar o caminho inverso, 
ou seja, descrever como a Contabilidade é, entender por que é assim, buscando prever comporta-
mentos. Usualmente apoiada no método indutivo,procura estabelecer hipóteses que devem ser 
testadas, antes de chegar a conclusões parciais. 
Em síntese, essas duas formas possuem pontos positivos e negativos que permaneceram no de-
correr do tempo. No entanto, essas duas teorias se completam e não são mutuamente excludentes.
1.1 Teoria prescritiva
Desde os primórdios a evolução da Contabilidade tem seguido o desenvolvimento dos negócios, 
isto é, à medida que os negócios evoluíam, a Contabilidade também evoluía como instrumento 
de controle para os proprietários.
Diversas contribuições foram fundamentais para que se atingisse a Contabilidade como se tem 
hoje. Um desses destaques se deu com o lançamento da obra do Frei Luca Pacioli, na qual foi for-
malizado o método das partidas dobradas em 1494.
Ressalta-se que o método das partidas dobradas, conforme destacado por alguns pesquisadores, 
não foi inventado por Luca Pacioli, mas, alguns anos antes. Entre os possíveis inventores do mé-
todo figuram Benedetto Cotrugli em 1484. A forma de divulgação de Luca Pacioli foi mais eficien-
te, sendo impressos diversos exemplares de seu livro, ao contrário dos pouquíssimos exemplares 
produzidos do livro de Benedetto Cotrugli.
Santos, Schmidt e Machado (2005) complementam que o trabalho de Cotrugli foi impresso so-
mente 115 anos após a publicação do manuscrito original. Pacioli, ao contrário, teve a sorte de 
escrever sua obra em uma época em que a impressão de livros já havia sido introduzida na Itália. 
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Outras grandes contribuições merecem destaque, como a criação do código comercial francês, 
em 1673, o qual exigia que todas as empresas fizessem um balanço pelo menos a cada dois anos; 
a Revolução Industrial; o surgimento da profissão contábil em 1773; a criação da lei das compa-
nhias em 1844; a regulamentação das estradas de ferro; e a criação das entidades de classes, tais 
como a Associação Americana de Contadores Públicos – AAPA, em 1887, entre outras grandes 
contribuições.
No entanto, o desenvolvimento da Teoria da Contabilidade se deu principalmente a partir da dé-
cada de 1920, por William A. Paton e John B. Canning. Paton, em sua tese de doutorado, publicada 
em 1922, titulada Accounting Theory, apresentou uma reafirmação da Teoria da Contabilidade e 
o final do uso da Contabilidade a custo histórico nos EUA. Por sua vez, John Canning, que deu 
uma contribuição valiosa à Teoria da Contabilidade em seu livro Economics of Accountancy, foi o 
primeiro a desenvolver e apresentar um quadro conceitual para avaliação e mensuração de ativos 
fundadas explicitamente na expectativa futura.
A tese de Paton (1922), entre outras contribuições, já destacava seis postulados 
contábeis, que são: a) a existência da entidade empresarial; b) a continuidade 
da entidade (ainda hoje existente como pressuposto na estrutura conceitual); c) 
a equação do balanço; d) o postulado monetário; e) o postulado do custo; f ) o 
postulado de reconhecimento da receita.
Guarde essa ideia
Outro grande evento que contribui para os avanços da Contabilidade foi a quebra da bolsa de va-
lores de Nova York (NYSE), ocorrida em 1929, que causou um grande abalo na confiabilidade das 
demonstrações contábeis. A classe contábil foi duramente criticada, inclusive nos meios acadêmi-
cos, devido à falta de uniformidade das práticas contábeis e da criação de um arcabouço teórico o 
qual outorgasse suporte à elaboração de relatórios financeiros.
A partir da década de 1930, teve-se a atuação de dois grupos de entidades de classes, os quais 
contribuíram para o desenvolvimento da Teoria da Contabilidade: 1) American Accounting Asso-
ciation (AAA) e 2) American Institute of Certified Public Accoutants (AICPA), conforme Figura 1. Os 
pesquisadores desses dois grupos buscavam desenvolver um conjunto de princípios contábeis 
que dessem suporte a práticas contábeis uniformes e, portanto, relatórios contábeis financeiros 
mais confiáveis para os investidores.
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AAUIA
1916
1935
AAPA
1887
1917
1921
1936
1957
AAA
ASCPA
AIA
AICPA
CAP
APB
AIA
Figura 1 Organograma do AICPA e da AAA. 
 Fonte: Hendriksen e Van Breda (1999). Adaptada pelo autor.
A American Accounting Association (AAA) teve como antecessora a American 
Association of University Instructors in Accounting (AAUIA), fundada em 16 de 
dezembro de 1916. A alteração do nome da associação, em 1936, de AAUIA para 
AAA, foi responsável também por uma mudança no seu enfoque de atuação, isto 
é, de uma associação de professores para uma organização de pesquisa contábil 
(Adaptado pelo autor com base em Hendridksen e Van Breda, 1999).
O American Institute of Certified Public Accoutants (AICPA) foi criado em 1959, e 
teve vários predecessores, sendo os mais antigos deles a American Association 
of Public Accountants (AAPA), criada em 1887, em Nova York, e o American 
Institute of Accounting (AIA), criado em 1916. Ao longo dos anos, vinculados a 
essas associações, foram criadas três entidades com o objetivo de desenvolver 
estudos para uma melhor condução da prática contábil: a) O Committee on 
Accounting Procedure (CAP), que surgiu em 1936, ainda no AIA, e durou até a 
criação do AICPA em 1959; b) O Accounting Principles Board (APB) criado em 1959, 
como uma resposta às críticas feitas por Leonard Spacek, da Arthur Andersen & 
Company, sobre falhas no esclarecimento ao público a respeito das limitações da 
Contabilidade e c) a Financial Accounting Foundation (FAF) que subordina o FASB, 
criada em 1973.
Fonte: Hendridksen e Van Breda, 1999
Importante
Entre as décadas de 1930 e 1950, a literatura contábil foi marcada pela normatização, pela forte 
atuação dos dois grupos de entidade de classes (AICPA e AAA) e pela forte regulamentação sobre 
o mercado de capitais e sobre a Contabilidade. Na década de 1930, foram criadas as Securities Acts 
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em 1933, e em 1934, criou-se a Securities and Exchange Commission (SEC) para regulamentar o 
mercado de capitais norte-americano.
Essa forte regulamentação foi uma resposta à quebra da NYSE e aos prejuízos causados pelas em-
presas aos investidores em virtude da falta de uniformidade das práticas contábeis.
Diversas publicações surgiram nesse período, a exemplo de Paton em 1936 (A tentative statement 
of accounting principles underlying corporate financial statements); de Paton e Littleton em 1940 
(An Introduction to Corporate Accounting Standards); de Litteton em1957 (Structure of Accounting 
Theory), Estudo de pesquisa contábil n.1 (ARS 1), Estudo de pesquisa contábil n.3 (ARS 3), Estudo 
de pesquisa contábil n.7 (ARS 7), A Statement of Basic Accounting Theory (ASOBAT), Statement of 
The Accounting Principles Board (APB 4), entre outros. 
Em razão disso, estudante, esses documentos foram responsáveis pela criação de diversos princí-
pios contábeis e de alguns conceitos que utilizamos hoje na Teoria da Contabilidade, isto é, o con-
ceito de ativo, passivo, despesas, receitas, as características qualitativas, os objetivos dos relatórios 
financeiros. Em síntese, esses documentos, entre outros, representam o que poderíamos chamar 
de Teoria da Contabilidade.
A monografia de Paton e Littleton (1940) é um bom exemplo. Essa monografia passou a ser re-
ferência nas principais academias dos EUA nos anos que seguiram. Esse documento destacava 
alguns conceitos importantes como custo, receitas, a entidade de negócios (que viria a se tornar 
o princípio da entidade) e a continuidade das atividades (mais tarde se tornaria o postulado da 
entidade).
O capitulo VII da monografia de Paton e Littleton (1940) destacou o método 
de avaliação de mercadorias, custo ou mercado, e deu ênfase à avaliação de 
instalações, que não era permitida na época.
Importante
Entretanto, foi na década de 1960 que se pôde observar enorme crescimento do que se deve cha-
mar de Teoria da Contabilidade,dada a evolução do pensamento contábil, muitas vezes baseado 
nas produções desenvolvidas até então, em direção à construção de uma fundamentação pura-
mente teórica, independentemente de qualquer processo normatizador.
Em 1966 foi emitido o ASOBAT, o qual mudou as perspectivas existentes até aquele momento. 
Antes da emissão do ASOBAT, os documentos emitidos pelos pesquisadores davam ênfase à emis-
são de princípios contábeis como sustentáculo à prática contábil. O ASOBAT inovou e voltou a 
atenção principal aos objetivos da Contabilidade, tais como evidenciados na Figura 2, e de forma 
secundária aos padrões contábeis (o padrão da relevância e verificabilidade que mais tarde se 
tornariam características qualitativas).
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Tomar decisões sobre o uso de recursos limitados, incluindo a identi�cação de 
áreas de decisões cruciais, e sobre a determinação de objetivos e metas.
Efetivamente dirigir e controlar recursos humanos e materiais de uma organi-
zação.
Manter e elaborar relatórios sobre a custódia dos recursos.
Facilitar funções e controles sociais.
OBJETIVOS
PADRÕES
Relevância
Veri�cabilidade
Ausencia de viés
Quanti�cabilidade
Figura 2 Objetivos e padrões elencados no ASOBAT
Fonte: ASOBAT 1966. Adaptado pelo autor.
A ASOBAT é destacado como o principal pronunciamento já produzido pela Teoria 
da Contabilidade em virtude do seu conteúdo, visto que boa parte dos conceitos 
elencados hoje na nossa Estrutura Conceitual já estava presente nesse documento, 
tais como algumas características qualitativas (relevância e verificabilidade). 
Além do mais, o ASOBAT foi o primeiro pronunciamento a orientar a visão dos 
relatórios financeiros voltada para os investidores, isto é, ao utilizar a abordagem 
da utilidade da decisão (decision usefulness), a comissão do ASOBAT produziu algo 
que deu impacto na época e que passou a ser utilizado pelos normatizadores nos 
anos seguintes, utilizado até hoje pelos principias normatizadores internacionais 
(IASB e FASB), inclusive pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), no 
Brasil.
De acordo com essa abordagem, se não for possível produzir relatórios financeiros 
que atendam todas as necessidades de todos os usuários, deve-se produzir 
relatórios financeiros que atendam às necessidades da maioria. É nesse contexto 
que a nossa Estrutura Conceitual, a qual é uma tradução da Estrutura Conceitual do 
IASB, ressalta como principais usuários dos relatórios financeiros os investidores 
existentes e potenciais e credores, visto que, atendendo às necessidades desses 
usuários, seria possível atender às necessidades da maioria dos outros.
Importante
Outros documentos que seguiram após o ASOBAT passaram a adotar a mesma visão e aperfei-
çoaram os conceitos nele destacados, como é o caso do APB 4, com as características qualitativas.
No entanto, os esforços em produzir um arcabouço teórico para suportar a preparação de relató-
rios financeiros foram vistos como ideais, mas distantes da realidade. Além disso, essa produção em 
parte era vista como refletindo o pensamento de algumas partes interessadas na normatização.
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E como também argumentam Watts e Zimmerman (1979), a maioria dos teóricos do período nor-
mativo se preocupava em determinar o que deveria representar o conteúdo dos relatórios finan-
ceiros, isto é, se preocupava em prescrever como deveria ser a contabilização ideal.
Santos, Dias e Dantas (2014, p. 9), autores do primeiro capítulo do livro Teoria 
Avançada da Contabilidade, destacam que “a característica principal da teoria 
normativa da contabilidade é o raciocínio dedutivo, por meio do qual busca-se 
definir um modelo ideal que deveria ser seguido”.
Guarde essa ideia
1.2 Teoria descritiva (positiva)
Em meados da década de 1940, a Contabilidade sofria diversas críticas principalmente quanto à 
qualidade da informação que era gerada pelos relatórios financeiros, de forma que era questioná-
vel a utilização dessa informação, do ponto de vista dos investidores. Além do mais, as pesquisas 
contábeis não produziam ciência e, sobretudo, não explicavam as práticas contábeis existentes.
Havia a necessidade de mudanças nas pesquisas contábeis de forma a torná-las científicas. Nesse 
contexto, nascia a teoria descritiva ou positiva, como é amplamente conhecida entre os pesquisa-
dores contábeis, tendo seu início em meados da década de 1960 e sobretudo na década de 1980. 
A semente inicial se deu com a publicação dos trabalhos (artigos) de Fama (1965), Ball e Brown 
(1968) e Beaver (1968), os quais destacavam as pesquisas empíricas, os números contábeis sen-
do utilizados para demonstrar a sua relação com os preços das ações de grandes corporações e 
outras informações não contábeis sendo incorporadas aos preços dos títulos antes da divulgação 
das demonstrações financeiras.
Contribuíram também com essa teoria os trabalhos de Watts e Zimmerman (1978, 1979), desta-
cando a importância da evolução das pesquisas contábeis, no sentido de produzir ciência, isto é, 
enfatizando a importância das novas pesquisas no sentido de explicar e predizer a prática con-
tábil. Era preciso explicar, por exemplo, por que os gestores faziam a escolha de determinados 
procedimentos contábeis em detrimento de outros. 
Em síntese, a teoria, em vez de apenas prescrever normas que eram vistas como 
ideais para que se produzisse números ideais, passaria a explicar por que a prática 
contábil era como era.
Guarde essa ideia
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As pesquisas contábeis a partir dessa época passaram a dar forte ênfase à pesquisa contábil sobre 
mercado de capitais, em que se destacam as pesquisas voltadas para a) análise fundamentalista, 
destacando o papel de indicadores contábeis na previsão de outras variáveis, tais como os lu-
cros futuros; b) testes de eficiência de mercado; c) papel dos números contábeis em contratos e 
processos políticos; e d) avaliação de empresas, que se tornou um tema central das pesquisa em 
Contabilidade nos últimos anos.
Para Santos, Dias e Dantas (2014), o positivismo desenvolveu-se em duas fases: a) na primeira 
as pesquisas eram voltadas para avaliação da utilidade da informação contábil; e b) a partir da 
década de 1970 o positivismo passou a concentrar esforços na tentativa de construir uma teoria 
contábil mais cientifica, capaz de explicar e predizer a prática contábil. Essa fase se apoiou nos 
trabalhos de Watts e Zimmerman.
Essa fase era fortemente apoiada na hipótese do mercado eficiente e sobretudo no pressuposto 
de que o mercado, por meio de outras informações não contábeis, seria capaz de enxergar além 
das informações contábeis, ajustando os preços das ações, isto é, mesmo que as informações con-
tábeis evidenciadas nos relatórios financeiros não fossem verdadeiras, o mercado conseguiria en-
xergar e precificar as ações com base no verdadeiro cenário da empresa.
Dessa forma, a informação contábil perderia a relevância e sobretudo a contabilidade como 
fonte de informação. A Quadro 1 destaca os principais tipos de pesquisa dessa primeira fase do 
positivismo.
Grupo Escopo
Pesquisa metodoló-
gica em mercado de 
capitais
Busca responder a questões relacionadas à significância das 
diversas variáveis contábeis na relação entre o retorno da ações e 
informações contidas nas demonstrações financeiras.
Avaliação de medidas 
contábeis alternativas 
de desempenho
Busca identificar as deficiências presentes nas medidas de desem-
penho.
Pesquisa de avaliação 
e análise de desem-
penho
Busca identificar problemas de precificação em valores mobiliários, 
como a proposta de fornecer subsídios para as decisões de investi-
mento.
Testes de eficiência de 
mercado
Visa testar a Hipótese de Mercado Eficiente com o emprego da 
informação contábil.
Value relevance da 
informação contábil 
divulgada
Compreende os estudos que investigam a relação empírica entre o 
preço das ações e osnúmeros contábeis.
Quadro 1 Principais tipos de pesquisas da primeira fase do positivismo
Fonte: Santos, Dias e Dantas (2014, p. 18). Adaptado pelo autor. 
A segunda fase do positivismo tem sua sustentação em três hipóteses: a) hipótese do plano de 
bonificação; b) hipótese do endividamento; e c) hipótese do tamanho ou dos custos políticos, 
conforme apresentadas na Figura a seguir.
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Hipóteses para 
explicar e predizer 
escolhas contábeis
Hipótese do plano 
de boni�cação
Hipótese do 
endividamento
Hipótese do 
tamanho ou dos 
custos políticos
Figura 3 Hipóteses da segunda fase do Positivismo. 
Fonte: Elaborado pelo autor.
A hipótese do plano de bonificação pressupõe que os gestores das empresas que recebem incen-
tivos (bônus) com base em medidas contábeis, tais como lucros, tendem a usar métodos contábeis 
que aumentem o resultado do período e consequentemente a maximizar seu bônus/incentivo. 
Quanto à hipótese do endividamento, esta pressupõe que as firmas que possuem graus de endivi-
damento maiores estão mais sujeitas a gerenciar resultados, tendo em vista a utilização de méto-
dos contábeis com o intuito de aumentar o lucro. Em tese, quanto maior o grau de endividamento, 
mais dificuldades a empresa enfrentará para honrar seus compromissos nos prazos, tais como 
credores. Em virtude das restrições impostas pelos credores, os administradores usam técnicas 
que aumentam os resultados, com a finalidade de afrouxar as limitações impostas pelos credores 
e diminuir os custos de insolvência.
Em relação à hipótese do tamanho ou dos custos políticos, caso a empresa esteja sob forte ob-
servação de natureza política, isso poderá implicar custos mais elevados. Os gestores tenderão 
a optar por gerenciar resultados, utilizando procedimentos contábeis que desloquem lucros do 
período presente para períodos futuros. 
Uma crítica à segunda fase do positivismo destacada por Santos, Dias e Dantas (2014) é que as 
pesquisas positivistas não foram capazes de explicar e predizer a prática contábil, conforme seus 
defensores haviam destacado, quando criticaram as pesquisas normativas. 
Para maiores informações sobre as teorias positivas e normativas, o aluno poderá 
verificar no livro Teoria Avançada da Contabilidade, organizado pelo professor 
Jorge Katsumi Niyama, destaque para o capítulo 1, “Teoria Normativa e Positiva 
da Contabilidade”.
Conectando Saberes
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Considerações finais
Apesar de a Contabilidade existir desde os primórdios da civilização humana, a Teoria da Contabi-
lidade veio a florescer a partir da década de 1920, em princípio com as publicações de William A. 
Paton e John B. Canning.
O período que seguiu, em que se deu a produção de diversos documentos, pode ser dividido em 
duas partes: a primeira, denominada de período normativo, sob o qual se desenvolveu a teoria 
prescritiva ou normativa; e, a segunda, denominada de período positivo, sob o qual se desenvol-
veu a teoria descritiva ou positiva em Contabilidade.
Em síntese, essas duas teorias não são dissociáveis, portanto são complementares e representam 
a Teoria da Contabilidade.
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	Introdução às teorias descritiva e prescritiva
	Considerações iniciais
	1. Teoria descritiva e Teoria prescritiva
	1.1 Teoria prescritiva
	1.2 Teoria descritiva (positiva)
	Considerações finais
	Referências

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