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INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS A gente vai falar sobre noções básicas de Interação Medicamentosa. A primeira coisa que se precisa lembrar é que os medicamentos podem interagir com diversas substâncias, até porque quando a gente está consumindo um medicamento, a gente continua mantendo nossa rotina normal, seja nossa alimentação, seja um medicamento de uso contínuo. Para as pessoas que fumam e que bebem, muitas vezes o iniciar do uso de um medicamento não significa suspender esses hábitos. Então o consumo de medicamentos acaba estando exposto à interação com múltiplas substâncias. É tanto que o nome interação medicamentosa se trata de interações de um ou mais medicamentos entre si, ela é muito mais ampla, se refere a medicamento-medicamento, medicamento-teste-diagnóstico, medicamento com alimento, medicamento com enfermidade e medicamento com substâncias químicas diversas, sejam elas lícitas ou ilícitas, como o álcool, o tabaco, dentre outras. Então é bom que a gente lembre que esse é um termo bastante amplo. Quando a gente tem essa exposição múltipla a mais de um medicamento ou ao medicamento e alguma outra substância, ou circunstância em que a gente esteja vivendo, pode acontecer duas coisas. Pode acontecer o indiferentismo, ou seja, nenhuma dessas substâncias guarda relação com a outra, então cada uma exerce seu efeito independentemente da presença de outra substância, sem que se espere ou se tenha nenhuma mudança. Ou pode haver uma interação, que não necessariamente vai trazer prejuízo para o nosso tratamento. Existem classificações do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Quando a gente vai interpretar, às vezes essa classificação se confunde. Qual a diferença da qualitativa para quantitativa? São conceitos que ficam confusos dentro dessa noção de interação, mas de um modo geral, a maioria dos livros segue esse fluxograma, onde a gente a grande maioria das interações classificadas como quantitativas e a principal classificação dentro das quantitativas é, ou antagonismo, que muitas vezes é chamado de antidotismo, ou a sinergia, que é subdivida em adição, ou seja, eu tenho um efeito que eu não teria separadamente com nenhuma das substâncias, ou então a potencialização, eu tenho dois medicamentos que juntos conseguem ter um efeito maior do que cada um deles individualmente. No antagonismo, eu posso ter o antagonismo parcial, que é muito comum em drogas que competem pelo mesmo receptor, por exemplo, nenhuma delas vai acabar exercendo seu efeito padrão, porque elas competindo; ou eu posso ter um antagonismo total, quando, por exemplo, uma delas tem afinidade maior pelo receptor, e acabam ocupando o receptor em plenitude, deixando a outra sem possibilidade de exercer seu efeito. Mas são conceitos que guardam uma relação teórica muito maior do que prática, mas que é importante que a gente esteja ciente deles para entender que muitas vezes eu vou ter efeitos benéficos e eu vou ter efeitos maléficos pro meu paciente. É importante que a gente lembre também que, por exemplo, na sinergia, só porque o nome é sinergia, não quer dizer que sempre eu vou ter um efeito benéfico, porque eu posso ter uma melhora no efeito, uma ampliação no efeito, como quando eu associo antibacterianos, por exemplo, quando eu tenho sulfametoxazol + trimetropina, eles se tornam mais potentes na sua ação antibacteriana, porque eles estão inibindo duas enzimas importantes pra bactéria. Quando eu tenho, por exemplo, amoxicilina + clavulonato, eu também tenho uma ação de sinergia, onde as duas substâncias juntas diminuem o efeito da resistência da bactéria à betalactamase. - Também existe uma sinergia que é prejudicial, por exemplo, quando ocorre associação entre diurético não poupador de potássio e a digoxina diminui a segurança para o paciente. Tanto a digoxina tem efeito cardiotóxico quanto a presença do diurético não poupador amplifica o efeito da redução da segurança - Nem todo antagonismo é prejudicial ao paciente, não significa eu ocorrerá perda do medicamento. Há antagonismos de desinteresse para o paciente, por ex., paciente que utiliza rifampicina com contraceptivo, pois a rifampicina aumenta o metabolismo dos hormônios presentes no contraceptivo e isso reduz a eficácia do contraceptivo. No entanto, há antagonismos benéficos, por ex., paciente intoxicado por chumbinho com o uso de atropina ocorre o antagonismo dessa substância(veneno) que é um agoniada colinérgico, que em geral é o carbamato, então ela vai competir com o carbamato pelo receptor e vai reduzir os efeitos da intoxicação. Assim, é preciso lembrar que os nomes sinergia e antagonismo não guardam relação com ser sempre benéfico e sempre maléfico, respectivamente. Pergunta do aluno: sinergia do efeito sempre será benéfica e sinergia da segurança prejudicial? Não necessariamente, sempre depende da substância e do você está associando. Geralmente, a do efeito tem uma frequência maior de ser benéfica, mas por ex., a associação de 2 anti-inflamatórios de famílias diferentes de anti- inflamatório, como dicoflenato e corticoide, os dois juntos tem uma potência anti-inflamatória muito maior, mas do ponto de vista terapêutico não tem, pois há acréscimo dos efeitos adversos, então muito raramente é válido usar os dois juntos. Outro ponto importante é saber qual a incidência da interação medicamentosa, no entanto é difícil prever, pois estudos sobre isso são raros, têm uma condução muito difícil, devido a muitos vezes o paciente não identificar que aquilo é uma interação medicamentosa, geralmente, acha que é uma manifestação d patologia ou um efeito colateral do medicamento. Além disso o “n" precisa ser muito grande nesse tipo de estudo. Existem circunstâncias que aumentam a probabilidade dessa interação: quanto mais medicamento usar maior a chance (polifarmácia); automedicação; prescrição múltipla, por ex., para gripe há uns 4 medicamentos (febre, tosse, congestão nasal, vit C)(obs.: a professora citou a gripe, mas essas substâncias não causam interação). Na gripe as substâncias (medicamentos) não costumam interagir, mas é preciso sempre seguir aquele critério de que menos é mais, portanto, não se deve prescrever em excesso. - É tão verdade que isso é uma realidade e aumenta as interações, que 40% dos casos de intoxicações no Brasil são medicamentosas. E muitas dessas intoxicações, na verdade, são interações medicamentosas que foram identificadas, exclusivamente, como uma reação crítica a um medicamento, um efeito adverso ou um uso inadequado, mas que muitas vezes, muito provavelmente é uma interação medicamentosa. - As interações medicamentosas são eventos evitáveis e de baixa percepção, a maioria dos médicos não identifica, e as informações que se tem são incompletas e de baixa qualidade, excessivamente teóricas. - E como faz para identificar? Você sozinho vai desconfiar mas não vai ter certeza, o que se pode fazer para otimizar isso é sempre fazer a anamnese famacológica do seu paciente. - Fazer anamnese farmacológica é, antes de prescrever, perguntar ao paciente sobre medicamentos com os quais ele já teve algum problema, mesmo que ele classifique como efeito adverso, efeito colateral. Identifique também que medicamentos seu paciente já está tomando, para que você possa escolher aqueles que você vai prescrever minimizando riscos de interação. Quando o paciente retornar, voltar a perguntar se ele teve algum efeito desagradável com o uso do medicamento. - Existem circunstâncias que aumentam a suscetibilidade de interação, qualquer patologia, qualquer evento na vida do paciente que altere os processos farmacocinéticos pode levar à interação medicamentosa. - Por exemplo, um paciente tem uma doença no estômago e a área de absorção deste órgão está reduzida, ele tem muitas úlceras e isso vai tanto alterara área de absorção do estômago, quanto atrapalhar a fase de absorção dentro da farmacocinética, e, ainda, aumentar o risco de uma interação, a qual será medicamento-patologia. - Outro exemplo, tem um paciente com comprometimento imunológico,com insuficiência renal, hepatopatas, cardiopatas. O hepatopata, e o cardiopata, por exemplo, têm uma alteração também nesse processo de dsitribuição e de metabolização dos fármacos. - Nas doenças respiratórias, o pulmão é uma importante área de troca e de distribuição de medicamentos, no hipotireoidismo, que reduz o metabolismo, na epilepsia grave o principal fator é o uso de muitos fármacos. - O paciente portador de epilepsia grave, ele provavelmente vai usar mais de um anticonvulsivante, e a grande maioria dos anticonvulsivantes são psicofármacos, têm metabolismo citocromial, são lipossolúveis, têm metabólitos ativos, então eles também terão um risco aumentado de interação medicamentosa. A asma aguda segue tembém a linha da doença respiratória e o diabetes melitus descompensado porque ele também guarda relação com o metabolismo individual. - Então todas essas patologias e/ou condições do paciente podem levar a um aumento da suscetibilidade de interações medicamentosas. Fora isso, vale fazer aquela analogia de que o paciente que possui qualquer uma dessas patologias, com certeza ele já está medicado com algum fármaco, então o médico já vai ter uma possibilidade de polifarmácia. - Ainda se tem a interação fármacos com alimentos, esse tipo de interação, muitas vezes, está relacionado ao metabolismo citocromial, porque alguns alimentos inibem os citocromos, que são pequenas células/estruturas, no fígado, responsáveis pela metabolização dos fármacos. Então, se têm substâncias, alimentos ou medicamentos, indutores de citocromos, ou seja, fazem a quantidade de citocromos, no fígado, aumentar. - Tem substâncias alimentos/medicamentos que são inibidores de citocromos no fígado, fazem a quantidade de citocromos diminuir. Se tiver uma quantidade aumentada de citocromos, os medicamentos que dependem de metabolização citocromial, serão metabolizados mais rápido. - Em contrapartida, se ocorrer inibição do citocromo essa substância será metabolizada mais lentamente. - Então, isso é uma interação medicamentosa com o processo farmacocinético de metabolismo desses agentes, e isso pode levar a um aumento do tempo do fármaco dentro do organismo, ou uma redução da permanência desse fármaco no organismo, modificando, dessa forma, o efeito que eu esperava pra aquela substância. Então é sempre importante que a gente pense nisso quando a gente tiver analisando essa interação fármaco com alimentos, porque, por exemplo, existem frutas cítricas e a literatura cita o grapefruit como o mais frequente, que ele é um importante inibidor citocromial, ou seja, quem tá consumindo essa frutinha, acaba tendo uma inibição dos citocromos e consequentemente uma metabolização mais lenta desses fármacos. Outra alteração que eu posso ter com relação a interação fármaco e alimento é alimentos que alteram o metabolismo dos nutrientes, a absorção dos nutrientes, a excreção e que alteram a flora. Por exemplo, se você tiver usando um medicamento com um antimicrobiano de amplo espectro, ele muito provavelmente ele vai exterminar a bactéria que te interessa, mas ele vai exterminar também as bactérias da flora intestinal, e muitos medicamentos eles precisam dessa flora pra poder fazer o seu processo de ativação. Isso acontece comumente as vezes com alguns contraceptivos, por isso que os contraceptivos, principalmente aqueles que contém estrógeno na sua fórmula, eles não são muito felizes na presença de antimicrobianos de largo espectro. Outra alteração comum com os alimentos, os alimentos ricos em cálcio eles podem quelar, ou seja, eles vão se unir ao medicamento durante o processo de absorção, a nível de estômago, e vão passar pelo intestino sem permitir que o medicamento seja absorvido e, assim, o medicamento vai diretamente para as fezes, é o que acontece com a tetraciclina. Então eu tenho uma gama de interações que já são conhecidas entre fármacos e alimentos, e ai eu preciso evitar essa junção pra poder ter a melhor performance do meu medicamento. O leite é rico em gorduras, então ele pode acelerar o processo de absorção de um fármaco muito lipossolúvel. Aquela máximazinha de que uma pessoa intoxicada se tomar leite corta o efeito, se o veneno for lipossolúvel, a pessoa absorve mais rápido, então não é uma boa ideia a gente fazer essas alusões com o leite. Então eu posso ter redução na absorção. Eu posso ter uma alteração no trato gastrointestinal causado pelo medicamento como, por exemplo, os antibióticos que alteram a flora. Eu posso aumentar a absorção, como, por exemplo, o leite lipossolúvel aumentando a absorção de fármacos lipossolúveis, ou pode acontecer nada, por exemplo a amoxilina com clavulanato você vai ver que o próprio fabricante já te diz que não tem problema ser ingerido junto com os alimentos, o que ajuda muito as mães quando tão administrando pra crianças, porque as vezes é mais fácil você convencer a criança a tomar um antibiótico se você der pra ela um alimento que ela goste na sequência. A gente sabe, quem tem criança, sabe o quanto é complexo dar aqueles antibióticos de gosto ruim pra elas. Então as vezes essa possibilidade de poder fazer a ingesta junto com o alimento, ajuda as mães a mascarar o sabor desagradável do antibiótico e melhorar a aceitação do fármaco. Explicação novamente sobre do antimicrobiano com o anticoncepcional de estrógeno: Então o anticoncepcional rico em estrógeno, ele tem um processo de ativação que ele precisa passar por um processo de metabolização onde as bactérias da flora intestinal ajudam nesse processo. Então por exemplo, quando você tá tomando antibiótico de largo espectro, um dos eventos desagradáveis é que esse antibiótico vai exterminar a bactéria que te interessa como tratamento e vai exterminar também a bactéria da flora normal. É por isso que muitas vezes a gente tá tomando um antibiótico e a gente tem diarréia, porque também exterminou aquela bactéria da flora normal, por isso que alguns antimicrobianos já são administrados junto com protetores da flora e o estrogênio no processo de absorção e ativação ele precisa da ajuda dessas bactérias então se eu destruir essas bactérias da flora, eu vou alterar a absorção e metabolização desses estrógenos diminuindo a eficácia do contraceptivo, é tanto que se você começar a prestar atenção na bula dos antimicrobianos de amplo espectro ele vai te dizer que durante o uso do medicamento e até 7 dias depois quem usar contraceptivo combinado de estrôgeno com progesterona tem que usar um método complementar de barreria pra evitar o risco de uma gravidez indesejada, não é uma coisa que ocorre com muita frequência mas por ex.: nos estado unidos já se tem hitórico de médicos processados por conta de gravidez ocorrida nessas circunstâncias então é interessante a gente ficar esperto. Aqui nesse quadrinho(slide acima) eu coloquei alguns exemplos: Alimentos graxos que podem potencializar a absorção de antifúngicos, o intraconazol ele é muito influenciado por isso; As dietas superproteícas elas estimulam os citocromos principalmente os que fazem parte da cadeia do P450 então eu vou ter um aumento no metabolismo de medicamentos que estejam sendo consumidos junto com a dieta hiperproteica e as ricas em carboidratos vão inibir; Os alimentos cítricos, a maioria das pesquisas usou o grapefruit mas não garante que as nossas frutas cítricas não tenham um processo parecido, eles podem fazer a interação que aí vai ser a diminuição pois eles inibem os citocromos levando a redução da absorção das estatinas, ciclosporina, antagonistas de canais de cálcio e até dosbenzodiazepínicos ou seja o paciente pode dormir mais tempo e pode demorar mais no processo de eliminação dessas substâncias em se tratando de estatina pode ser que ocorra uma irritação hepática. Vamos colocar aqui alguns exemplos de interações(slide acima). Olha o citocromo aqui de novo, aqui já vai ajudar a ficar bem mais claro essa interação com citocromo Eu tenho, por exemplo, um determinado fármaco que é indutor do citocromo P450 se ele foi ingerido com outro fármaco como ele é indutor ele vai aumentar a eliminação desse outro fármaco então eu vou ter uma redução no efeito Já se eu tiver um inibidor do citrocromo P450 eu vou ter uma redução na eliminação desse fármaco que pode levar a uma toxicidade então é assim que os citocromos podem ser influenciados e aí é importante lembrar que alguns alimentos também funcionam como indutores e inibidores E agora vou ter que sair decorando? Não. Quando você for prescrever um medicamento você olha e isso é um processo que você vai criando na sua vida quanto prescritor. No início você vai ter que olhar tudo que você for prescrever depois gradativamente aqueles que você prescreve mais eles vão ficar na sua mente, você já vai saber quais as possibilidades deles interagirem com o citocromo, algumas dicas ajudam como por exemplo psicotrópicos ou seja medicamentos que tem ação no sistema nervoso central, a grande maioria, mais de 90% tem metabolismo citocromial então se você vai prescrever qualquer coisa pra alguém que toma um psicotrópico você deve checar como está a relação com os citocromos lembrando que os citocromos são imensos, muitas vezes o que você tem que observar é se o fabricante esta te dizendo que ele vai agir dentro da cadeia do citrocromo P450 porque vejam aqui é uma situação em que eu tenho o mesmo citocromo, a mesma cadeia, citocromo P3A4. Eu posso ter 2 substâncias, uma age no citocromo P3A4 e a outra age no citocromo P2A6 e aí eu não vou ter problema nenhum, então é importante saber. O fabricante sempre vai te dar isso, não é necessário decorar, no princípio você vai precisar ficar consultando mas pra isso tem aplicativos então você faz as consultas rapidamente, à medida que você evolui como prescritor você vai criando essa base de dados pela frequência que você usa as substâncias. Outra interação importante, mas extremante teórica são os medicamentos com o tabaco. O tabaco é um indutor enzimático, afeta a conjugação com o ácido glicurônico e libera catecolaminas. Então, ele tem essas três possibilidades de levar a interação medicamentosa. Uma vez que ele é indutor enzimático ele pode aumentar o metabolismo, uma vez que ele afeta a conjugação com o acido glicurônico ele pode afetar metabolismo e eliminação do fármaco e uma vez que ele libera catecolaminas ele pode competir com o medicamento que foi prescrito. Essas são reações e interações extremamente teóricas. É importante guardar dessa informação porque quando estivermos prescrevendo um medicamento para o paciente tabagista e percebermos que o medicamento não teve a eficácia esperada que se tem nos outros pacientes não tabagistas você pode fazer a associação de que houve uma indução enzimática e por isso o fármaco não desempenhou seu efeito. Mas não é encontrado facilmente nos livros “de martelo batido” que isso está acontecendo em alguns fármacos ( extremamente teórico). - > DUVIDA A RESPEITO DO SLIDE DE CITOCROMOS: - PERGUNTA:Em relação ao estímulo ou inibição citocromial quando um fármaco tem o objetivo de inibir esse é um efeito... ( PERGUNTA INACABADA) - RESPODTA:Na verdade isso não é um efeito do medicamento, mas sim uma característica dele, assim como é uma característica, por exemplo, de uma dieta hiperprotéica que a gente já sabe que dietas hiperproteicas estimula o sistema mitocondrial do P450. Então, se ela estimula é como se eu tivesse muitos citocromos, então, eles vão em tese metabolizar mais rapidamente os medicamentos que dependam dos citocromos.Já as dietas ricas em carboidratos vão estar lá inibindo os citocromos, então, vou ter menos citocromos. Dessa forma esses medicamentos vão ter um metabolismo reduzido e eles podem ter um efeito tóxico. Então, não é um efeito do medicamento, mas sim uma condição ou característica deles. Quando eles encontram com o sistema citocromial, ao entrar em contato com o fígado, eles tem a capacidade de fazer com que os citocromos ou trabalhem mais ou trabalhem menos. Isso é encontrado nas bulas em processos farmacocinético. Outra condição comum para o citocromo é que os dois fármacos que eu prescrevi não é indutor e nem é inibidor, mas os dois vão usar o mesmo citocromo. - > DUVIDA A RESPEITO DO SLIDE DE CITCROMOS: - PERGUNTA: Essa indução é uma indução programada?Por exemplo, o ansiolítico ele vem com sua função de diminuir a condução no sistema nervoso e associado a isso ele vai também inibir os citocromos? - RESPOSTA: Não. Isso é ima coincidência. Não faz parte do efeito dele, isso é uma característica dele, ou seja, não é uma proposta para ele, mas sim uma condição que ele acarreta. Não é algo que o laboratório programas, pois se os laboratórios pudessem eles programavam tudo para nada interferir nos citocromos. Os citocromos são as microcélulas de metabolização hepática, então causa muita confusão quando interfere no citocromo (esse envolvimento com o citocromo é indesejado), pois existem muitos desenvolvimentos, como indução, inibição, competição com o citocromo. A interação mais estudada, em se tratando de substâncias, é o álcool. Normalmente, acontece do paciente também se preocupar. Existe uma máxima que afirma que “medicamento associado com álcool corta o efeito”. Por esse gráfico, percebe-se que o corte do efeito é o mínimo que pode acontecer. A maioria dos fármacos que terá interação com o álcool ou é consequência de citocromo ou de inibição enzimática. Imagine que você tem a droga A, que usa os citocromos para ser metabolizada e consequentemente excretada (Na primeira linha do slide), já que essa é a vida normal dela. Porém, se você consumiu o medicamento e também consumiu álcool, o medicamento e o álcool vão competir pelo citocromo, e esse citocromo prefere o álcool, então a metabolização da droga vai diminuir, assim como sua excreção. Como resultado, tem-se um efeito mais prolongado daquele medicamento no organismo do paciente. Um exemplo disso são algumas drogas que, como o álcool, agem no sistema nervoso central (“boa noite cinderela”), pois como a droga foi metabolizada e excretada mais lentamente, quem ingeriu, por exemplo, um diazepam com álcool vai ter um aumento do efeito sedativo da droga, tanto porque o álcool também é sedativo, quanto porque a droga demorou mais tempo pra ser excretada por conta dessa interação com o citocromo. Outro exemplo do que pode acontecer é com o paciente alcoolista crônico, que já tem uma resposta diferente. Na linha 3 do slide, o alcoolista crônico usa álcool com tanta frequência que seu fígado começa a aumentar por conta própria a quantidade de citocromo (é uma forma do fígado tentar se livrar do excesso de álcool), então a população de citocromo de um alcoolista crônico é muito maior do que de quem não é alcoolista crônico. Dessa forma, quando ele ingere o medicamente, este se encontrará com uma quantidade muito grande de citocromo disponível e automaticamente será metabolizado e excretado mais rápido. A partir daí pode ter ou uma diminuição do efeito do medicamento ou pode ter uma toxicidade, porque quando se metaboliza muito rápido uma substância, dependendo da substância, terá um pico de concentração plasmática muito alto, que pode levar a efeitos adversos/tóxicos mais pronunciáveis. No paciente alcoolista crônico, também pode ter a mesma interação do paciente que faz uso de diazepam associado ao álcool, por exemplo.Pode ter uma diminuição da metabolização da droga porque o citocromo está “ocupado”, diminuição da excreção e uma interação a nível de sistema nervoso central. Então, em se tratando de álcool precisa primeiro analisar se o paciente é alcoolista crônico ou não, e qual é o tipo de medicamento, porque se forem medicamentos que guardem relação com o sistema nervoso central, existe possibilidade muito grande de interação com toxicidade. O álcool tem outra possibilidade de interação, que causa um efeito bastante desagradável. Quando ocorre o consumo de álcool, uma enzima chamada alcooldesidrogease, que faz parte do processo de metabolização citocromial do álcool, transforma o álcool em acetoaldeído, o qual é responsável pelo mal estar da ressaca (sensação de cabeça pesada; seu acúmulo provoca náuseas, dores de cabeça, tontura). Para que esse acetoaldeído seja eliminado da circulação, ele precisa da enzima acetoaldeidodesidrogenase. Quando essa enzima entra em contato com o acetoaldeído, ela o transforma em acetato, esse acetato é inerte e o organismo consegue eliminar facilmente através da urina. Existe um número muito grande de medicamentos que inibe a acetaldeído desidrogenase e assim o acetaldeído não se transforma em acetato, fica acumulado e acontece o que chamamos de efeito antabuse. Quando o paciente consome uma grande quantidade de medicamentos ou quando o medicamento tem uma grande sensibilidade por essa enzima, ele vai ter o que chamamos de efeito antabuse, o paciente vai sentir um mal estar abrupto causado por esse cúmulo de acetaldeído. Então o que ele vai apresentar? O que chamamos de Reação de dissulfiram. (A reação apresenta esse nome pois dissulfiram foi o primeiro medicamento que se observou esse efeito) O que o paciente vai observar? 5 a 10 minutos depois que o paciente faz a ingesta conjunta do o medicamento com o álcool, ele começa a apresentar esse mal estar abrupto, intenso, que vai durar de 30 minutos a varias horas. O que ele vai sentir? Enjôo, taquicardia, hipotensão, mal estar, cefaléia e vertigem. É um mal estar muito grande, os pacientes descrevem como sensação de morte eminente. O dissulfiram é aquela substância que está naquele medicamento, que chama de antietanol. É um medicamento que é utilizado para pacientes alcoolistas e que querem parar de beber, então você esta tratando o paciente e você avisa para ele : "Se você beber, você vai passar mal" É como se fosse um reforço negativo para o paciente, mas o paciente precisa saber que tá tomando o antietanol. É muito comum esposas procurarem consultório com o intuito de conseguir prescrição desse medicamento para que se o marido beber, ele passe mal, para que ele fique com medo achando que esta doente, mas na verdade é só deixar de beber porque isso é efeito do medicamento. Porém, não se pode prescrever essa substância sem o conhecimento do paciente pois é um medicamento que inclusive é prescrito em receita controlada, para evitar que as pessoas comprem para quem elas desejem que deixe de beber. Aqui tem uma gama de medicamentos que vem aparecendo efeito antabuse, claro que não aparecer em todos as pessoas, pois vai depender da sensibilidade já que existem pessoas que naturalmente produzem mais u menos acetaldeído desidrogenase. - Percebam que AINES esta com a interrogação (?), por que está com a interrogação? Porque algumas pessoas já tem apresentado sintomatologia semelhante ao efeito de antabuse com o efeito de AINES misturado com álcool, mas não é uma regra geral. Então muitos antibióticos também estão aparecendo com efeito antabuse. Outra inter-relação do álcool com medicamentos é com a geração ainda mesma sequência do acetaldeído. Esse aceto aldeído vira acetato e depois ele vira acetil coenzima. Então o alcoolista que vai produzir muito acetato, ele vai ter muita acetil coenzima A, ele vai ter muitos ácidos graxos que vão dar origem a triglicerídeos e que podem tornar ele um individuo com esteatose. Lembrando que a esteatose na a presença de álcool, aumenta o risco de fazer cirrose hepática. Então, aquele paciente que metaboliza bem, que gera uma quantidade grande de acetato, ele não tá salvo de complicações do alcoolismo porque ele pode evoluir para uma estenose hepática. Uma outra inter- relação bem grave, bem importante entre o álcool e os medicamentos é o acetoaminofeno. (Lembrando que o acetoaminofeno é o paracetamol.) Então, o paracetamol por natureza é um medicamento relativamente hepatotóxico, por que? Porque, primeiro observem o lado A da figura, o paracetamol quando você consome, 95% dele é conjugado e excretado na urina a através dos ducolomideos, 5% do paracetamol vai virar o NAPQI. O NAPQI é uma substância tóxica que precisa de glutationa para ser eliminada e conjugada não tóxicos. Então, o NAPQI é hepatotoxico e quando se consome paracetamol associado ao álcool, o alcoool faz quase uma inversão desse processo metabólico. Dessa forma, o álcool vamo vai permitir os 95% de paracetamol conjugado, o álcool vai induzir citocromos que vão fornecer um percentualmente maior de NAPQI e não vai ter glutationa no organismo suficiente para transformar o NAPQI em conjugados não tóxicos. Isso vai gerar a hepatoxicidade, então paracetamol com álcool é muito perigoso. As vezes vemos kit ressaca em formaturas com o paracetamol dentro, mas isso é muito é equivocado e descumpre uma regra básica: paracetamol não se mistura com álcool. ALUNO: Professora, sobre a ressaca, a senhora disse que tem medicamentos que potencializam os efeitos adversos, certo? E no caso daqueles medicamentos que são usados para combater a ressaca, como funciona a atuação deles? PROFESSORA: Isso aí é “conversa pra boi dormir”. Inclusive se você for ler sobre esses medicamentos, alguns fabricantes irresponsáveis colocam na composição ácido acetilsalicílico, a aspirina, pra evitar a dor de cabeça. Mas o ácido acetilsalicílico ou qualquer outro anti-inflamatório misturado com o álcool aumenta o risco de irritação gástrica. Então, não existe um medicamento que cure ressaca. Para que eu tivesse algo que pudesse melhorar a ressaca, ele teria que dar um “upgrade” na acetoaldeído desidrogenase, e eu não tenho isso. Então a única forma de reduzir a ressaca, seria fazer o metabolismo ocorrer mais rápido. Então aqueles coquetéis são só enganação. E aqueles medicamentos que contém ácido acetilsalicílico na fórmula, na verdade vão causar malefícios para quem estiver consumindo. TRATAMENTO DO DIABETES: Tanto os hipoglicemiantes orais como a insulina, se forem associados com o álcool, podem levar o paciente a evoluir com hipoglicemia. Então, o paciente diabético, se ele é exposto ao álcool, ele pode evoluir com hipoglicemia, então devemos ficar vigilantes. ANTIDEPRESSIVOS E ANEROXÍGENOS: Outra coisa importante é evitar a associação dos psicotrópicos com o álcool, sejam eles antidepressivos, antipsicóticos, anorexígenos... Então, psicotrópicos não combinam com álcool, porque há um risco de interação muito grande. Um exemplo clássico de interação grave são os barbitúricos com álcool. Quem toma barbitúrico, ou seja, Gardenal, há uma contraindicação absoluta ao uso de álcool, porque sabemos que o barbitúrico, por si só, é tóxico. Por exemplo, uma pessoa que consuma uma superdosagem de barbitúrico, se ela tiver 3,67 mg de barbitúrico por litro de plasma, ela pode ir a óbito. Se estiver associado com álcool, bastam 2,55 mg de barbitúrico. O álcool, pode sua vez, leva à morte por coma alcoólico se eu tiver 6.000 mg/ litro. Misturado com barbitúrico, esse valor cai para 1750 mg/litro. Então é muito importante ter o cuidado com essa associação: barbitúrico não se associa com álcool. ALUNO: Professora, que medicamento é esse? PROFESSORA: É o Gardenal, muito utilizadopara crise convulsiva. Hoje em dia é menos utilizado, mas ainda é muito importante, inclusive é distribuído gratuitamente nos postos de saúde. Como eu falei pra vocês, é muito complexa essa questão das interações, mas vocês vão encontrar no livro do Katzung essas tabelinhas. Aqui está um recorte dessa tabela: tem o álcool, e a tabela vai associando várias substâncias. Por exemplo, AP, é a substância que é altamente predizível de haver interação; P: predizível; NP: não predizível ou seja, não é frequente acontecer; NE: não estabelecido. Mas é preciso analisar essas informações sob uma ótica da nacionalidade do livro. O Katzung é um livro americano, e sabemos que nos Estados Unidos, e na Europa, não tem tanto o consumo de metronidazol como a gente tem nos países em desenvolvimento, pois tratamos muitas parasitoses com o metronidazol. Aqui, no Brasil, o metronidazol é clássico para causar o efeito antabuse, e na tabela o autor o classificou como NP: não predizível, como se a interação ocoresse em apenas alguns pacientes. Alguns fármacos trazem cafeína na fórmula, como neosaldina, cefalium, cefaliv. Tem vários analgégicos que trazem dorflex ou cafeína na fórmula. Quando ocorre algum efeito, ele não é devido ao analgésico, mas sim à cafeína presente na fórmula. Eu, particularmente, não prescrevo analgésico que tem cafeína por conta disso. ALUNO: Aqueles medicamentos analgésicos que tem dia e noite são só concentração de cafeína? PROFESSORA: Dia e noite são mais para aqueles analgésicos que estão associados com antialérgicos, por exemplo, o Naldecon. Esse medicamento tem o dia e tem o noite, pois o noite tem o anti-histamínico de primeira geração, que atravessa a barreira hematoencefálica e dá sono, porque aí o paciente está com aquele mal-estar de gripe, se ele ficar sonolento e dormir, é melhor o lucro pra ele. Porém, durante o dia, que ele trabalha/estuda/tem que ficar alerta, ele usa um anti-histamínico de geração mais nova, segunda ou terceira geração, que não traga esse efeito sonolência. Então, com tanta interação, qual é a saída? A saída é você fazer os escalonamentos. Quando você tiver substâncias de altíssimos riscos, não prescreva, está contra-indicado. Se o risco for alto, mas na avaliação do risco- benefício você não tem alternativa para aquele paciente, você prescreve, com o ajuste posológico e com monitorização intensiva. Se o risco é médio, você também faz o acompanhamento, faz os ajustes posológicos e prescreve. E se o risco é baixo e irrelevante, aí você prescreve feliz da vida. É importante que você sempre faça essa relação. Outros fatores importantes são ter cuidados com os medicamentos que você ainda não conhece, medicamentos recém lançados no mercado. Já se sabe tudo sobre esse medicamento? Não. Então, não troque aquilo que você confia por um medicamento assim, que você ainda não tem 100% de confiança. É importante que você tenha esses cuidados. É um medicamento que você ainda não conhece? Tenha mais restrição. E aquilo que a gente já falou, nunca vamos saber tudo porque os estudos para interação medicamentosas requerem números elevados, são difíceis de conduzir e tem muitos vieses. Para prevenir, conheça sempre o que você vai prescrever, se habitua a checar as características farmacológicas; faça a anamneses farmacológica adequadamente, antes e depois da prescrição; evite o excesso de medicamento, evite a polifarmácia; se desconfiou que houve uma interação, suspenda imediatamente o medicamento suspeito; e, não trate a interação - vamos imaginar que na interação o paciente apresentou náusea e vômito, esses sintomas vão passar sozinhos, quando você suspender, não prescreva outro medicamento; se você precisou prescrever dois/ três medicamentos e eles são, por exemplo, de 12 em 12 horas, oriente o paciente a não tomar os três juntos, a dar intervalos de pelo menos 30 min entre eles, para evitar o acúmulo de doses; sempre siga o seu paciente, sempre pergunte sobre como o paciente se sentiu com aquele medicamento. Isso evita que você desconheça uma possível interação, aumenta o seu conhecimento não só sobre interação, mas também sobre efeitos adversos aos fármacos. Fitoterapia é uma coisa que muita gente pergunta se seria uma alternativa a isso. E aí, de antemão, eu já digo, não é uma alternativa, porque são medicamentos que têm registros facilitados, então não adianta fugir da interação trocando o medicamento por fitoterápicos. Eles são autorizados mais facilmente, porque passam a falsa impressão de produto natural. Qualquer variação geográfica de clima, de solo ou de iluminação pode alterar a composição química da planta; muitos componentes - às vezes você tem macerado de folha, não tem só a substância ativa que te interessa, tem outras que estão juntas, então podem surgir interações múltiplas por conta dessa composição complexa; e, eles não são padronizados - o fabricante A faz macerado de folha, o fabricante B extrai o extrato alcóolico purificado, então é bem complexo o trabalho com fitoterapia.
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