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1 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 Integração do metabolismo glicose/ácidos graxos Introdução - glicólise • Via metabólica onde a glicose é convertida a piruvato. • Produção líquida de 2 moléculas de ATP • Oxidação completa: 32 ATP/glicose • Produção de duas moléculas de NADH H+ • TODAS as reações são mediadas por enzimas. É uma via bioquímica extremamente simples que acontece em todas as nossas células onde a glicose é convertida a duas moléculas de piruvato. Essa via bioquímica acontece em 10 reações citoplasmáticas. É também chamada de etapa anaeróbica da glicólise. Essa produção líquida, o saldo positivo em números de ATP não é grande, são de apenas 2 moléculas de ATP. Todavia, muitos tecidos utilizam de maneira prioritária via glicolítica para que garanta uma produção rápida de glicose, isso acontece em algumas fibras, no tecido muscular, fibras rápidas, no tecido nervoso que precisa de energia imediata, acontece nas hemácias que não tem capacidade de realizar a oxidação completa da glicose pela ausência de mitocôndrias. Portanto, a via glicolítica é essencial em algumas células. Depois, quando se concretiza toda a cadeia respiratória a possibilidade de um número muito maior de ATP por cada molécula de glicose. Existe uma produção de NADH reduzido que vai ser importante para a cadeia respiratória. Todas as reações que acontecem dependem de uma reação enzimática. Metabolismo da glicose nos eritrócitos A glicose entra nas células a depender do tipo de transportador de glicose que existe em cada uma da célula. Existem 5 tipos de GLUTs que tem o mecanismo de ação elucidado, já há evidências de possibilidade de mais tipos de GLUTs, e eles vão ter uma relação ou não com a insulina. São proteínas transportadoras de glicose e vão transportar a glicose sempre a favor do gradiente de concentração. O GLUT1, presente nos eritrócitos, transporta a glicose de maneira independente da insulina. Não há dependência porque a proteína já está fusionada as membranas e ela é capaz de transportar a glicose, inclusive, de maneira bidirecional. Se todo o GLUT é capaz de fazer o transporte bidirecional, existe uma relação bastante significativa, que toda vez que uma molécula de glicose entra numa célula ela tem que ser fosforilada o mais rápido possível, porque a fosforilação da glicose é o que vai impedir o bidirecionamento no GLUT, porque a ligação com o fosfato não é reconhecida pela molécula de GLUT e se não reconhecida, a glicose não é devolvida para o plasma. Se a glicose fica livre, ela pode ser devolvida para o plasma. Quem faz a primeira reação é a primeira enzima da via glicolítica. Isso mostra a importância significativa para que essa via bioquímica seja regulada através de fatores que levam ao equilíbrio da via glicolítica. Metabolismo da glicose nas Células do tecido nervoso Se observa no tecido nervoso que algumas tem o GLUT 1, mas também tem o GLUT3 Além da relação do GLUT, há um direcionamento metabólico para cada tipo de tecido na utilização da glicose. Então cada tecido utiliza a glicose de maneira diferente. Nos eritrócitos, a principal função da glicose é a produção do lactato e desviar a glicose 6 fosfato para a produção da pentose fosfato que é o açúcar importante dos eritrócitos. Regulação da Glicólise 2 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 Já no tecido nervoso, a via glicolítica tem um direcionamento metabólico que é a oxidação completa da glicose, ciclo de Krebs e cadeia respiratória, por ser um tecido que exige uma intensidade metabólica em número de mols de ATP elevado. Tem o desvio metabólico para a via das pentoses, mas o objetivo não é produzir a pentose, mas sim produzir o intermediário dessa via que funciona quase como uma molécula transmissora que é o NADPH. Metabolismo da glicose nas Células do tecido adiposo No tecido adiposo e muscular, o GLUT presente é o GLUT4 e esse depende da insulina para ser fusionado na membrana, porque a insulina consegue transportar e acoplar esse transportador na membrana e garantir a entrada de glicose nessas células. Nessas células, pode haver o desvio da glicose 6 fosfato para a reserva de glicogênio hepático, mas o maior direcionamento é a produção de acetil CoA para levar a produção de gordura. Ou seja, quanto mais glicose os adipócitos absorverem, mais ácidos graxos serão sintetizados. Metabolismo da glicose nas células do tecido muscular cardíaco No tecido muscular, também há presença do GLUT4, onde a sinalização da insulina é necessária. Vai haver também o direcionamento da glicose 6 fosfato para a síntese de glicogênio, a depender da demanda o piruvato pode ser reduzido a lactato principalmente nas fibras glicolíticas rápidas ou numa atividade física extensa ou numa presença de isquemia. Mas, o maior direcionamento é para o ciclo de Krebs, para atingir uma demanda energética necessária para o tecido que é um número grande de mols/ ATP. Ações da insulina A insulina se liga ao seu receptor que é autocatalítico, também chamado de receptor enzimático. Esse receptor tem uma subunidade proteica extracelular e outra intracelular. A parte intracelular está ligado a uma enzima tirosina quinase. Como toda quinase, ela tem que ser fosforilada para ser ativada. Quando a insulina se liga ao seu receptor, ela desencadeia essa ação intracelular de fosforilação das quinases, e as quinases fosforiladas (são chamadas de IRS - substratos do receptor de insulina), passam a ser ativadas. Segundos mensageiros são ativados numa cascata de sinalização intracelular e múltiplas atividades vão acontecer, uma delas é a atividade de transporte do GLUT fusionado na membrana para ser capaz de captar as moléculas de glicose. Esses segundos mensageiros também tem a atividade de ativar ou inibir enzimas citosólicas, enzimas essas que são capazes de regular o metabolismo glicolítico. Então a ativação do receptor de insulina é capaz de promover múltiplas atividades, uma delas é auxiliar no transporte de glicose, mas tem a atividade de ativar e inibir enzimas, inclusive enzimas da via glicolítica, da síntese de glicogênio. Além disso, eles (segundos mensageiros) também são capazes de atuar como fatores transcricionais, promovendo a síntese de proteínas e até a diferenciação de células. Então, a insulina é um hormônio de atividade bioquímica muito ampla, portanto as células que tem GLUT1, GLUT 2, GLUT3 e GLUT5, também dependem da ação da insulina, dessas outras ações intracelulares que não estão associadas a atividade de transporte. Por isso que a insulina age no sistema nervoso, nas células hepáticas, nos enterócitos. 3 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 Então a ação da insulina é muito mais ampla do que apenas nas células adiposas e nos miócitos, e é muito importante entender essa amplitude para entender como o metabolismo de carboidratos e ácidos graxos fica comprometido quando não há possibilidade da atividade da insulina sobre o seu receptor, seja por ausência da molécula ou resistência. Via glicolítica É uma via que consiste em 10 reações citoplasmáticas que se destinam em formar 1 molécula de glicose em 2 de piruvato que podem ter destinos diferentes. Destas 10 reações, na imagem tem apenas 3 (1º, 3º e 10º). São reações limitantes/irreversíveis/ reguladas do metabolismo de glicose. As outras 7 se destinam apenas a transformar os intermediários Primeira reação/hexoquinase A glicose entra na célula pelos diferentes tipos de GLUT e sofre a ação de uma enzima chamada de hexoquinase que transforma a glicose em glicose 6 fosfato. Se é uma quinase, é uma enzima que vai promover fosforilação. É uma enzima que é regulada pela concentraçãodo próprio produto. Então a concentração de glicose 6 fosfato, vai ter um mecanismo regulatório para agir sobre a ação da enzima, podendo inibir a enzima. No nosso organismo, essa enzima tem diferentes isoformas. As isoformas diferentes dessa molécula, vão caracterizar a capacidade dessa molécula de captar ou não a glicose para as nossas células. Sendo os GLUTs bidirecionais, porque sempre vão agir em favor do gradiente de concentração de glicose, então o GLUT já faz o primeiro mecanismo regulatório da absorção de glicose para as nossas células e é importante pensar que esse mecanismo seja regulado porque a glicose só permanece na célula se tiver fosforilada. Se não tiver fosforilada, o GLUT é bidirecional. Isso é importante porque se o excesso de glicose do lado de fora da célula gera uma patologia com várias consequências vasculares, para o metabolismo que é o diabetes, se o nosso organismo fosse capaz de reter excesso de glicose não utilizada dentro das células, isso levaria a um dano celular irreparável. A presença de glicose em excesso dentro de células leva a um dano no aparato celular muito mais rápido do que a hiperglicemia causa. Então pode imaginar que a atividade dessa enzima deve ser regulada. Então primeiro mecanismo de regulação: enzima regulada pela concentração do produto. A insulina é capaz de agir sobre os fatores de transcrição da hexoquinase. • Existem 4 tipos de hexoquinases (isoenzimas) • Tipo I, II e III – Enzima não-específica: D- manores, D-frutose • Tipo IV – GLICOCINASE – específica para a glicose: Aumento do KM • Regulada pelo próprio produto (GEP) As isoenzimas do tipo I, II e III estão amplamente distribuídas e podem agir tanto pela glicose quanto pelos monossacarídeos. A isoforma do tipo IV, além e ser especifica pela glicose, tem o maior Km e, também, está presente apenas nos hepatócitos. Se a enzima tem o Km elevado, quer dizer que ela tem uma menor afinidade pelo seu substrato, então precisa concentrar muita glicose para que ela consiga ativar seu mecanismo de ação. Por isso que o fígado é um tecido que vai utilizar como fonte prioritária de energia, os ácidos graxos, ao invés de utilizar a glicose. Porque o fígado permite que os níveis de glicose ultrapassem por ele e não fique retido, porque a glicose não vai ser fosforilada como nos outros tecidos. Terceira reação/fosfofrutoquinase 1 As três reações principais, aqui faladas são irreversíveis, limitantes, regulatórias. Na segunda reação, ela se destina a isomeria e é reversível. Ela transforma a glicose 6 fosfato, da primeira reação, em frutose. 4 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 A terceira reação se destina a formar frutose 6 fosfato em frutose 1,6 bifosfato. Para conseguir visualizar o que vai acontecer, no final da via glicolítica tem a glicose que é uma molécula com 6 carbonos, no final tem 2 piruvatos que são duas moléculas com 3 carbonos. Para que isso aconteça, essas 10 reações precisam clivar a molécula sem que haja dissipação de energia. Se quebrasse a glicose no meio ia ter uma dissipação de energia muito grande, por isso que tem que ocorrer essas etapas. A primeira coisa que vai acontecer é: para a glicose permanecer na célula, ela precisou ser fosforilada. Como que cliva a molécula que tem um fosfato de um lado e não tem do outro? Então a bifosfatação nessa terceira reação é muito importante, porque ela vai equilibrar a eletronegatividade da molécula, acoplando o fosfato no carbono 1. Então tem a molécula de glicose, que já estava fosforilada de um lado, foi transformada em frutose fosfato e na terceira reação, se equilibra porque está preparando para realizar de maneira que não se dissipe energia a clivagem do fosfato, então ocorre a bifosfatação, formando frutose 1,6 bifosfato. A primeira reação de formação da glicose 6 fosfato é denominada de reação de manutenção, de permanência da molécula de glicose dentro da célula. Porque a ligação com o fosfato vai impedir que o GLUT jogue essa glicose de volta para o meio. Essa terceira reação é denominada de reação de comprometimento com a via glicolítica. Até a segunda reação, porque ela é reversível e a primeira tem enzimas que podem retirar o fosfato e devolver a glicose para o meio, é uma reação que pode devolver a molécula de glicose através de mecanismos. Mas a terceira reação é chamada de comprometimento, onde a bifosfatação vai garantir a ocorrência da glicose. Ela é chamada de reação de comprometimento, porque a frutose1,6 bifosfato não volta a ser a mesma molécula de glicose. Essa reação acontece pela ação de uma enzima chamada de fosfofrutoquinase1, enzima regulatória é uma enzima alostérica. Os efetores alostéricos dessa enzima positivo é o AMPc, representando o déficit de energia na célula e um produto, chamado de frutose 2,6 bifosfato, produto semelhante ao que ela vai produzir. Mas um produto que é fruto de enzima que é uma isoforma dela que é a frutose fosfofrutoquinase 2. RESUMINDO A fosfofrutoquinase 1, enzima alostérica, que vai ter como efetor alostérico positivo o AMPc representando o déficit de energia e a frutose 2,6 bifosfato que é um produto de uma outra enzima que não participa da via glicolítica. Os efetores alostéricos negativos são o ATP, representando a presença de energia na célula e o citrato, também representando a presença, porque ele é um produto do ciclo de Krebs. Então vejam que a terceira reação é a mais importante da via, determina o comprometimento da molécula de glicose que entrou e permaneceu na célula, é uma reação regulada alostericamente de maneira positiva pela deficiência de energia e por um outro produto. E, regulado de maneira negativa pela presença de energia representada pelo ATP e pelo citrato. Quando se fala de uma regulação enzimática tão importante que compromete uma molécula de glicose que entrou e permaneceu na célula, fica um pouco frágil essa regulação enzimática ocorrer apenas pela presença ou ausência de energia. Porque estamos falando de um ambiente onde temos as coisas acontecendo simultaneamente, tem várias vias glicolíticas acontecendo com milhares de moléculas de glicose que adentraram e permaneceram na célula ao mesmo tempo. Então, pode estar terminando de produzir ATP numa região e em outra região ter um AMP, então fica frágil regular apenas com a presença/ausência de energia. Por isso a importância da F2,6bifosfato que é um outro regulador alostérico da reação. ENZIMAS ALOSTÉRICAS ATP: células hepáticas e extra-hepáticas Modulador negativo: Abundância energética. 5 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 As enzimas alostéricas tem a velocidade da reação que pode mudar a cinética a depender dos seus agentes regulatórios mostrados anteriormente. Então não impede a atividade da enzima, regula ela. Este produto, da frutose2,6bifosfato que é um produto de uma enzima que é a fosfofrutoquinase 2, essa enzima não participa diretamente da via glicolítica. Essa enzima é regulada pela insulina e pelo glucagon Como ocorre a regulação pela insulina e pelo glucagon: A fosfofrutoquinase 2- (FFK2) é uma enzima quaternária, tem duas cadeias proteicas e tem dois sítios catalíticos acoplados. Um sitio catalítico é o sitio quinase e o outro sitio é o fosfatase. Vejam que tem numa mesma molécula dois sítios antagônicos, o que acontece é que tem uma regulação distinta. A subunidade quinase funciona quando for fosforilada, a fosfatase só funciona quando tirar o fosfato, pois na presença do fosfato ela está inativa. Portanto, a regulação da enzima fosfofrutoquinase que produz o principal regulador alostérico positivo da FFK1, enzima que participa do comprometimento da glicose com a via glicolítica da 3 reação bioquímica,essa enzima FFK2 tem a sua subunidade quinase regulada pela insulina e tem sua subunidade fosfatase regulada pelo glucagon na mesma enzima. O produto dessa reação que interessa para a via glicolítica é a frutose 2,6bisfosfato, esse é o agente alostérico da FFK1. Se a insulina ativa a subunidade quinase da FFK2 ela tá estimulando as reações de fosforilação. Então, ela contribui para a formação do produto. Já a subunidade fosfatase dessa enzima que é estimulada pelo glucagon que atua via proteína G, vai retirar o fosfato da molécula, então não vai ter fosfato para formar o produto. Então a insulina estimula a formação do produto e o glucagon inibe a formação do produto. Então na terceira reação, pode-se dizer que a insulina atua de forma positiva na via glicolítica e indiretamente, porque ela estimula a formação do efetor alostérico positivo. Enquanto que o glucagon vai inibir a formação do produto, atua como um efetor alostérico negativo indireto da via glicolítica. Obs: quem vai ser transformada em frutose2,6 bifosfato também é a frutose 6. A mesma molécula sofre a ação tanto da FFK2 fora da via glicolítica e dentro da via passa pela ação da FFK1. Elas não são enzimas que vão competir, pelo fato do principal agente regulador da FFK1 ser o produto da FFK2. Então apesar delas usarem o mesmo substrato, o produto da FFK2 é o principal agente da FFK1. Então sem a FFK2 a FFK1 não seria ativa. PROVA Décima reação/piruvato quinase Transforma o fosfoenol piruvato (PEP) em piruvato. Mesmo que a molécula já esteja comprometida com a via glicolítica, essa reação é importante ser regulada, porque existe uma relação do PEP com a gliconeogênese. A gliconeogênese (síntese de glicose a partir de substrato não glicosídicos, ou seja, ácidos graxos, aminoácido, lactato, piruvato), tem 7 reações idênticas a via glicolítica que são justamente as reações reversíveis. Só as 3 reações regulatórias/irreversíveis não são as mesmas da gliconeogênese, a primeira, terceira e a décima. Na terceira reação já houve o comprometimento dessa molécula, como abordado anteriormente. Mas se a 10ª reação é a 3ª reversível e diferente entre glicólise e 6 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 gliconeogênese, sendo essa décima reação da última da glicólise mas sendo a primeira da gliconeogênese e se chegar nesse ponto da via, no fosfoenol piruvato e a célula já tiver concentrações ideais de ATP, para que continuar produzindo piruvato e levando a uma acidificação do meio ao produzir lactato ou desequilíbrio da cadeia respiratória já que não tem mais necessidade de ATP? Então a piruvato quinase que é a enzima irreversível que vai transformar PEP em piruvato, é uma enzima alostérica que vai ser regulada positivamente pela terceira reação – a terceira reação pode acelerar a décima – mas o ATP pode ser um regulador alostérico negativo, além do glucagon. Ela é uma quinase, a atividade do glucagon pode inativar esta enzima. Então o ATP e o glucagon são os efetores alostéricos negativos dessa enzima. Porque o glucagon inibe a atividade de quinases e estimula a atividade de fosfatase. Então na décima reação o glucagon vai interferir, porque na atividade bioquímica do glucagon que é devolver moléculas de glicose para o plasma é melhor parar no 9º, no PEP do que chegar no piruvato. Porque a reação que consiste em transformar esse piruvato de volta em PEP é uma reação que conta com um aparato enzimático e não só com uma única enzima. Essa reação é irreversível e para transformar piruvato de novo em fosfoenol piruvato é extremamente complexo. Então para o nosso metabolismo, se ao chegar no nono produto da via glicolítica, mesmo essa molécula já tenha sido comprometida na terceira reação é importante parar, se houver ATP nesta célula e se do lado de fora da célula tiver deficiência de energia e o glucagon tiver sendo secretado, consegue voltar a via a partir do PEP. EXPLICANDO A DÉCIMA REAÇÃO DE OUTRA FORMA Transfere o fosfato para o ADP, formando ATP. A enzima que vai realizar a atividade é a piruvato quinase, que faz fosforilação, ela é uma enzima alostérica que vai ter como efetor alostérico positivo o produto da terceira reação – a terceira reação agiliza a décima reação- mas tem dois efetores alostéricos negativos, a presença de ATP que inibe a atividade da piruvato quinase, para ela em PEP. O outro regulador alostérico é o glucagon. Porque o glucagon, a sua sinalização intracelular é direcionada para inativação de quinases, então inativa a piruvato quinase. É importante parar em PEP porque se consegue voltar a partir de PEP, subir de novo para transformar PEP em uma nova molécula de glicose numa outra via bioquímica, chamada de gliconeogênese, de maneira mais fácil do que se ocorresse a decima reação e ocorrendo a decima reação para transformar piruvato de volta em PEP, o piruvato ia ter que ser descarboxilado, recarboxilado, precisa de aparato de 5 enzimas diferentes para conseguir voltar para a reação. Quando que é importante parar em PEP: quando tem ATP dentro da célula, ou seja a célula já tem energia dentro do seu metabolismo, mas fora da célula tem a sinalização de um hormônio que sinaliza para a deficiência de glicose, para a hipoglicemia e precisa devolver moléculas de glicose. A sinalização acontece na célula que é capaz de realizar a glicogênese, não acontece em todo lugar. A via glicolítica chama a regulação perfeita e completa só acontece nas células que são capazes de realizar tanto a glicose quanto a gliconeogênese. A1C • HbA1C: Hb glicada/A1C 1992 Huisman e Dozy Padrão ouro: DCCT/UKPDS A HbA1c é a única fração que deve ser usada como índice de glicemia média e como uma medida do risco de complicações. Um dos principais motivos de não manter a glicose fora da célula é porque a glicose em excesso fora das células desencadeia mecanismos de glicação e glicosilação. 7 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 Glicação é a ligação de moléculas de glicose a proteínas de maneira irreversível. A glicose é capaz de se acoplar a algumas proteínas plasmáticas e o acoplamento é irreversível. Ela se liga e altera a molécula de maneira estrutural. Então, todos os mecanismos vasculares de danos causados pela hiperglicemia, são dados pela glicação, porque a glicação interfere na permeabilidade e perfusão tendo um comprometimento tecidual. Todos os comprometimentos micro e macrovasculares são dados pela ligação de unidades de glicose as cadeias proteicas. A glicação é irreversível e a glicosilação é reversível, porque é mediada por enzima. Em meados dos anos 2000, descobriu que a glicação da hemoglobina, que é a ligação de unidades de glicose na hemoglobina normal humana (A), na porção carboxiterminal de uma determinada cadeia era um marcador eficiente que poderia ser correlacionado ao percentual de glicose plasmática não utilizado pelas células e que também está relacionado ao percentual de danos micro e macrovasculares. Ao concluir esse estudo, a hemoglobina glicada foi determinada como padrão ouro, na conclusão dos dois estudos populacionais DCCT/UPKDS. IMPACTO DAS GLICEMIAS MAIS RECENTES VERSUS AS ¨MAIS ANTIGAS¨ SOBRE OS NÍVEIS DE A1C 1 mês antes → 50%. 2 meses antes → 25%. 3-4 meses antes → 25%. Com esses estudos, pode-se relacionar o percentual de glicação com o intervalo de níveis plasmáticos de glicose. Estudos posteriores, são estudos que relacionaram que um paciente diabético com uma hemoglobina glicada de 9% ao reduzir em 1% do percentual de glicação, ele consegue reduzir até 30% os danos micro e macrovascular • Importância dos 3 meses. A meia vida da hemoglobina é de 3 meses, de 90-120 dias. O paciente monitorado, com diagnóstico de diabetesfaz de 3 a 4 exames de hemoglobina glicada ao ano para monitorizar e fazer os ajustes terapêuticos. Se precisar mudar as medicações/concentrações, pode precisar de mais hemoglobina glicada. O que concluiu: se o eritrócito é uma célula que envelhece e que esse tempo de envelhecimento dos eritrócitos está condizente com a meia vida da hemoglobina, o envelhecimento do eritrócito é dado por uma rigidez maior nas membranas celulares. Então quanto mais novo o eritrócito for, mais permeável a glicose ele é. Então, os estudos mais recentes, elucidaram que o percentual de glicação maior acontece um mês antes, então 50% de toda a glicação encontrada no exame aconteceu 30 dias antes. 25% da glicação, nos 60 dias posteriores. Ou seja, 75% da glicação acontece em 60 dias e só os outros 25% nos três a quatro meses anteriores aquele exame, aquele percentual de glicação. Porque o eritrócito com essa idade, já é um eritrócito que tem uma membrana mais rígida e menos permeável. O percentual maior de glicação é especialmente 1 mês antes. 8 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 Glicose-citrato-ácido graxo Existe uma relação da degradação e glicose e produção de ácidos graxos. Alguns fatores podem levar a desvios metabólicos, que vão alterar essa relação. A glicose entra na célula por diferentes tipos de GLUT, permanece e vai sendo comprometida com a via glicolítica para produzir duas moléculas de piruvato. Essas duas moléculas de piruvato tem o destino na maior parte das células de ser descarboxilada a acetil CoA e esse acetil vai servir para o ciclo de Krebs. Todavia, a ocorrência do ciclo de Krebs vai depender de um equilíbrio e da necessidade de produção de ATP. Não vai produzir ATP só porque tem acetil, precisa haver um equilíbrio. Ou seja, não tem necessidade de ATP, a via glicolítica está degradando muita molécula de glicose e aí esse citrato pode ser devolvido para o meio, ser convertido novamente em acetil e esse acetil da origem a síntese de colesterol, que é um precursor do colesterol vindo do acetil é um álcool chamado de mevalonato e o precursor de ácidos graxos é o malonil coA. Uma vez que o acetil é transformado em mevalonato ou em malonil, ele passa a ser utilizado um desvio do excesso da degradação de glicose – isso quando tá tudo certo, quando tem muita glicose entrando na célula e sendo degradada, não está levando em consideração a resistência da insulina. Então a glicose em excesso entrando na célula, o próprio acetil ou intermediário da via ciclo de Krebs podem servir como substrato para síntese de precursores do colesterol e de ácidos graxos. Então essa relação é importante, ela é causada quando há um desequilíbrio de excesso de acetil em relação a última molécula formada pelo ciclo de Krebs que é o oxalacetato. Porque o oxalacetato garante a ocorrência do ciclo de Krebs, mas o excesso de acetil ou excesso de citrato ativa uma enzima que é chamada de ácido graxo sintetase que vai estimular esse desvio para a via. O ciclo de Krebs é um ciclo que precisa da união do acetil com o oxalacetato para formar o citrato, precisa ter outra molécula de oxalacetato, terminando para reiniciar um novo ciclo. Se esse ciclo começa a girar na velocidade maior do que a que elimina, do que a que ele finaliza vai haver um desequilíbrio, começa a ser interrompido. O ciclo começa a ser interrompido. Então o excesso de acetil ou excesso da formação de citrato, sem o ciclo ter chegado até o final promove um desvio porque vai ativar a enzima que estimula a síntese de ácidos graxos e a síntese de mevalonato que leva a síntese de colesterol. Obs: na imagem está errada. Piruvato não entra na mitocôndria, quem entra é o acetil. A reação acontece do lado de fora. Produção aeróbia de ATP Todo o estágio pré diabético é hiper insulínico. Porque tem muita glicose, muita insulina para que ela seja utilizada então começa a fazer o desvio metabólico. Todo indivíduo pré diabético já passa a ter algum grau de dislipidemia. Mas existem também os pacientes que mesmo com metabolismo de glicose normal e já tendo excessos em relação ao metabolismo de ácidos graxos, ou seja, já ingere muito triglicerídeo, tem muito quilomícron e VLDL, esses ácidos graxos junto com as moléculas de acetil produzidas pela via glicolítica vão saturar a cadeia respiratória. Porque, os ácidos graxos ao serem degradados, a beta oxidação de ácidos graxos, também produz acetil coa, também faz o ciclo de Krebs girar para que aconteça a cadeia respiratória. Então, aquele acetil coA que entra em desequilíbrio ele pode vir do excesso de glicose, mas pode vir também dos próprios ácidos graxos. 9 Beatriz Machado de Almeida Bioquímica – Aula 8 Então a pior combinação que existe para o indivíduo é comer muito açúcar e muito ácido graxo ou ser diabético e dislipidêmico. Porque aí sim começa a sobrar muito acetil. Acc regulating fa metabolismo Começa a haver uma regulação para esse metabolismo de ácidos graxos através da ativação de uma enzima que é chamada de acetil coA carboxilase, ela começa a estimular a formação de malonil. Uma dieta rica em carboidrato, o excesso de glicose vai ativar uma enzima chamada de acetil coA carboxilase. O acetil só tem dois carbonos, a acetil coA carboxilase, transforma o acetil coA carboxilase em malonil. O citrato é um efetor alostérico postivo da enzima, por isso que tanto o acetil quanto o citrato vão promover esse desvio metabólico para a formação de malonil. Os ácidos graxos de cadeia longa, vão impedir essa formação de malonil. O malonil é importante porque a única etapa regulatória para a síntese de ácido graxo é a formação de malonil. Uma vez que forma malonil, forma ácido graxo. Outra coisa é que o malonil é uma molécula tão perigosa que ele inibe o transportador de Lcarnitina, ou seja, se tem formação de malonil nas células, forma ácido graxo de cadeia curta. Esse ácido graxo sai das células e serve para aumentar a resistência à insulina, porque ele vai interferir nos mecanismos de ação da insulina sobre o receptor. EXPLICANDO DE OUTRA FORMA Malonil é produto da ação de uma enzima chamada de acetil coa carboxilase (ACC), essa enzima é ativada pelo citrato (ativador alostérico positivo) e os ácidos graxos de cadeia longa, como ômega 3 ou 6, são efetores alostéricos negativos. No excesso de glicose, vai ter muito acetil e muito citrato, porque está tendo um desvio do ciclo de Krebs. O citrato age positivamente sobre a enzima e vai estimular a formação de malonil. Malonil é a única molécula regulatória na síntese de ácidos graxos, que além de ser a molécula precursora dos ácidos graxos, ela ainda inibe a oxidação dos ácidos graxos como fonte de energia. Então o único destino do ácido graxo é ir para a corrente sanguínea. Por isso o paciente diabético mesmo sem comer gordura, fica dislipidêmico. Cetoacidose diabética Mais prevalente no DM tipo 1 do que no tipo 2. Relacionado a duas vias. Um lado a falta de insulina ou falta da atividade da insulina. Isso leva pelo lado de dentro da célula a não utilização de glicose, e isso leva a gliconeogênese porque as enzimas que regulam a atividade da glicose estão inibidas. A gliconeogênese é estimulada por exemplo nos adipócitos pela lipólise que leva a produção de intermediários que são os corpos cetônicos, que na corrente sanguínea faz uma reação com o bicarbonato plasmático, diminui a concentração de bicarbonato plasmático o que leva a cetoacidose. A cetoacidose ou acidose metabólica do diabético pode levar ao coma. Por outro lado, a falta de insulina leva a hiperglicemia que leva a glicosúria, porque o aumento da osmolaridade sanguínea dado pela glicose estimula a taxa de filtração glomerulare isso aumenta a diurese, que é compensatório. O aumento da diurese pode fazer a perda de água e sais, leva o paciente a desidratação que contribui com o mecanismo de cetoacidose levando ao coma. São mecanismos somatórios na cetoacidose diabética.
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