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Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 1 
SUMÁRIO 
 
I. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
II. O ABACAXI NO BRASIL E NO MUNDO ............................................... 4 
III. CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS 
3.1. CLIMA ........................................................................................................ 
3.2. SOLO ........................................................................................................... 
 
5 
6 
IV. A PLANTA E SEU CICLO 
4.1. A PLANTA .................................................................................................. 
4.2. CICLO DA PLANTA ................................................................................. 
 
7 
9 
V. VARIEDADES 
5.1. PÉROLA ...................................................................................................... 
5.2. SMOOTH CAYENNE ............................................................................... 
5.3. OUTRAS CULTIVARES ........................................................................... 
 
11 
11 
12 
VI. MANEJO E PRODUÇÃO DE MUDAS 
6.1. TIPOS DE MUDAS E SUAS CARACTERÍSTICAS ................................ 
6.2. OBTENÇÃO E MANEJO DE MUDAS CONVENCIONAIS ................... 
 
14 
17 
VII. PREPARO DO SOLO E CORREÇÃO DE ACIDEZ 
7.1. PREPARO .................................................................................................. 
7.2. CALAGEM ................................................................................................. 
 
19 
22 
VIII. PLANTIO 
8.1. SISTEMAS DE PLANTIO E ESPAÇAMENTOS .................................... 
8.2. CÁLCULO DA QUANTIDADE DE MUDAS .......................................... 
8.3. REALIZAÇÃO DA CURA ......................................................................... 
 
24 
24 
26 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 2 
IX. IRRIGAÇÃO 
9.1. NECESSIDADES HÍDRICAS DO ABACAXIZEIRO .............................. 
9.2. MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO .................................................................... 
 
27 
28 
X. MANEJO DA FLORAÇÃO 
10.1. A FLORAÇÃO NATURAL E O SEU CONTROLE ................................. 
10.2. TRATAMENTO DE INDUÇÃO FLORAL (TIF) ..................................... 
 
29 
30 
XI. PRÁTICAS CULTURAIS PÓS-FLORAÇÃO 
11.1. DESBASTE DE MUDAS ........................................................................... 
11.2. PROTEÇÃO DO FRUTO CONTRA A QUEIMA-SOLAR ..................... 
 
32 
33 
XII. COLHEITA ................................................................................................ 33 
XIII. MANEJO DA SOCA (SEGUNDO CICLO) ............................................... 33 
XIV. DOENÇAS E SEU CONTROLE ................................................................ 34 
XV. SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, ACONDICIONAMENTO, 
TRANSPORTE ....................................................................................................... 
 
36 
XVI. COMERCIALIZAÇÃO DO ABACAXI ..................................................... 39 
XVII. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 3 
I. INTRODUÇÃO 
 
Originário do Brasil, o abacaxizeiro (Ananas comosus L. Merril) é uma planta de 
clima tropical, cujo cultivo é feito em mais de 60 países. É monocotiledônea, herbácea e 
perene da família Bromeliácea, com caule (talo) curto e grosso, ao redor do qual 
crescem folhas estreitas, compridas e resistentes, quase sempre margeadas por espinhos 
e dispostas em rosetas. 
A planta adulta, das variedades comerciais, tem de 1,0 a 1,20m de altura e 1,0 a 
1,5m de diâmetro. No caule insere-se o pedúnculo que sustenta a inflorescência e depois 
o fruto. Cada planta produz um único fruto saboroso e de aroma intenso. 
O fruto é utilizado tanto para o consumo in natura quanto na industrialização, em 
diferentes formas: pedaços em calda, suco, pedaços cristalizados, geléias, licor, vinho, 
vinagre e aguardente. Como subproduto desse processo industrial pode-se obter ainda: 
álcool, ácidos cítrico, málico e ascórbico; rações para animais e a bromelina. A 
bromelina é uma substância de alto valor medicinal, trata-se de uma enzima muito 
utilizada como digestivo e antiinflamatório. Na culinária, o suco de abacaxi é utilizado 
para o amaciamento de carnes. Além disso, os frutos do abacaxi são ótimas fontes de 
cálcio, vitaminas A, B e C. 
No âmbito social a cultura do abacaxi, destaca-se, também por oferecer um 
número significativo de empregos no meio rural, estimando-se a ocupação de mais de 
um homem para cada hectare cultivado, além da mão de obra usada nas etapas de pós-
colheita, distribuição, comercialização e industrialização de produtos de abacaxi, 
destinados tanto para o mercado interno como para a exportação. 
Nesse sentido, Crestani (2010) destaca que o grande sucesso do abacaxizeiro 
como planta cultivada é decorrente da ampla adaptabilidade da espécie nas áreas 
tropicais e subtropicais, elevada rusticidade, além da fácil e eficiente propagação 
assexual e, principalmente, da grande aceitação e do apreço dos consumidores, 
consagrando sua majestade entre as diversas frutas tropicais e justificando sua dispersão 
por todo o mundo. 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à 
Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 4 
II. O ABACAXI NO BRASIL E NO MUNDO 
 
Segundo Reinhardt (2004) o abacaxi é uma das frutas tropicais mais saborosas e 
apreciadas pelo consumidor nacional e internacional. Sendo, também, uma das frutas 
tropicais mais cultivadas, tendo atingindo em 2004, uma produção mundial próxima a 
15 milhões de toneladas, esta produção colocou o abacaxi em nono lugar entre todas as 
frutas e em quarto entre as frutas tropicais atrás apenas da banana, do coco e da manga. 
Segundo dados da FAO, em 2009, o cultivo de abacaxi concentrou-se em sete 
países produtores que responderam por mais de 50% da produção mundial. Dentre estes 
países o Brasil destaca-se como principal produtor mundial, na seqüência tem-se: 
Filipinas, Tailândia, Costa Rica, Indonésia, China, Brasil e Índia. 
Para Crestani (2010) foi observado nas últimas cinco décadas, no Brasil, o 
crescimento constante da área cultivada e da produção total de abacaxi, refletindo o 
crescente apelo e a expansão do mercado consumidor, sendo cultivados, no ano de 
2008, em torno de 62.142ha dessa cultura, caracterizando a sexta lavoura entre as frutas 
cultivadas no país. 
Os dados do IBGE (2009) identificaram que a região Nordeste foi responsável 
por 40,76% de toda a produção nacional de abacaxi e o volume produzido neste mesmo 
ano foi de 1.470.995, correspondendo a uma área colhida de 60.176 hectares (Tabela 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 5 
Dados recentes do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola,publicado 
em janeiro de 2011, revelam que foram plantados 55.533 hectares em todo Brasil, 
obtendo uma produção de 1.448.875 frutos, com rendimento de 26,09 frutos/ha. 
 
III. CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS 
 
Ao se pensar no preparo da área para cultivo do abacaxi é necessário que a 
escolha dessa área tenha início, pelo menos, 3 meses antes do plantio. É importante 
conhecer as exigências da planta e, também, como serão realizados os tratos culturais 
(capina, irrigação, adubação e colheita) para planejar o espaçamento e os carreadores. 
 
3.1. CLIMA 
 
O abacaxizeiro é uma planta de clima tropical, que apresenta ótimo 
desenvolvimento de folhas e raízes e segundo Neves (2007) apresenta pico de 
desenvolvimento a uma temperatura média de 28ºC, já temperatura de 18ºC causa 
redução no crescimento e as inferiores a 12ºC, a sua paralisação. As geadas provocam 
perda total em lavouras com frutos. É uma planta exigente em água, para a obtenção de 
altas produções, embora tolere até dois meses de deficiência hídrica. 
A planta é exigente em luminosidade, desenvolvendo-se melhor em regiões com 
alta incidência de radiação solar, cuja faixa anual ótima está entre 2.500 a 3.000 horas, 
ou seja, sete a oito horas de sol por dia (tempo de incidência direta da luz solar, isto é, 
sem nuvens). A planta não tolera sombreamento, o que deve ser levado em conta na 
escolha dos locais para o seu cultivo e no plantio consorciado com outras culturas. 
Segundo Cunha (2003) o abacaxizeiro tem muitas características de plantas 
adaptadas a clima seco (arquitetura: tipo de inserção e forma e constituição das folhas – 
baixa densidade estomática, tricomas, tecido aquífero, raízes axilares), o que lhe 
proporciona um uso eficiente de água e uma baixa taxa de transpiração. No entanto, 
maiores rendimentos e frutos de melhor qualidade são obtidos quando a cultura recebe 
água em quantidade suficiente para o crescimento das plantas e produção. Chuvas de 
1.200 a 1.500 mm anuais, bem distribuídas ao longo dos meses, são consideradas 
adequadas para a cultura. Em regiões que apresentam períodos secos prolongados, a 
prática da irrigação torna-se, em geral, indispensável. 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 6 
Uma umidade relativa do ar média anual igual ou superior a 70% é a desejável, 
mas a planta suporta bem variações moderadas deste fator climático. Porém, períodos de 
umidade do ar muito baixa (menos de 50%) podem atrasar o crescimento inicial da 
planta e provocar fendilhamento e rachadura em frutos durante a fase de maturação. 
O porte baixo das plantas e o plantio em densidades elevadas, torna a cultura 
pouco suscetível a danos devidos a ventos fortes, mas que, mesmo assim, podem 
provocar tombamento de plantas e frutos e ferimentos nas folhas, principalmente 
quando constantes. Já o granizo, quando intenso, pode causar danos à planta, mas, em 
menor escala do que em outras culturas, dada à condição fibrosa e resistência das folhas 
do abacaxizeiro e, principalmente, do fruto, que é ainda menos afetado. 
 
3.2. SOLO 
 
O abacaxizeiro é muito sensível ao encharcamento do solo, que pode prejudicar 
o seu crescimento e produção. Portanto, boas condições de aeração e drenagem são 
requisitos básicos para o seu cultivo, inclusive por favorecerem o desenvolvimento do 
sistema radicular da planta (normalmente frágil e concentrado nos primeiros 15 a 20 cm 
do solo). A má drenagem do solo favorece o apodrecimento de raízes e morte de 
plantas, causada por fungos do gênero Phytophthora. Solos pesados também não são 
indicados, porque neles as raízes se desenvolvem mal, especialmente na estação seca do 
ano. 
Segundo dados do Manual das Culturas – CATI, o abacaxizeiro prefere os solos 
leves, de textura argilo-arenosa, razoavelmente profundos, com boa drenagem, de 
topografia plana ou ondulada e com pH entre 4,5 e 5,5. 
Áreas com incidência de nematóides devem ser evitadas, pela grande 
suscetibilidade da planta a esses inimigos. 
Nesse sentido, Neves (2007) apresenta alguns fatores limitantes ao cultivo 
• Solos argilosos que apresentam trincas quando secos; 
• Solos mal drenados que encharcaram por período superior a 1 ou 2 dias podem 
causar a morte das raízes ou a ocorrência de doenças; 
• Regiões sujeitas a geadas; 
• Deficiência hídrica superior a 3 meses. 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 7 
Quanto aos aspectos nutricionais, trata-se de uma planta exigente, demandando, 
normalmente, quantidades de nutrientes que a maioria dos solos cultivados não 
consegue atender integralmente (exceção para alguns solos virgens, recém-desmatados 
ou em pousio prolongado). Esta alta exigência resulta, em geral, na obrigatoriedade da 
prática da adubação, nos plantios com fins comerciais. 
 
IV. A PLANTA E SEU CICLO 
 
4.1. A PLANTA 
 
O abacaxizeiro (Ananas comosus L., Merrill) é uma planta monocotiledônea, da 
família Bromeliácea, que possui, aproximadamente, 50 gêneros e 2.000 espécies. Algumas 
dessas espécies têm valor ornamental, outras produzem fibras para fabricação de material 
rústico (sacos, cordões), tecidos finos etc. A maioria dessas espécies é encontrada em 
condições naturais de regiões tropicais das Américas, sendo que apenas algumas são 
observadas em áreas de clima temperado. 
O abacaxizeiro é formado de um caule ou talo, curto e grosso, em torno do qual 
crescem folhas em forma de calha, estreitas e rígidas, em cujas bases podem ser encontradas 
raízes axilares. O sistema radicular é fasciculado (em forma de “cabeleira”), superficial e 
fibroso, encontrado, em geral, em profundidades de 0 a 30 cm e raramente a mais de 60 cm 
da superfície do solo. A planta adulta das variedades comerciais mede 1,00 a 1,20m de altura 
e 1,00 a 1,50 m de diâmetro. 
As folhas são classificadas, segundo seu formato e posição na planta, em A, B (grupo 
inferior – velhas e externas, já existentes na muda antes do plantio), C, D, E, F (grupo 
superior – novas e internas, produzidas após o plantio (Figura 1). A folha D é a mais jovem 
dentre as adultas e a fisiologicamente mais ativa de todas, sendo usada para se avaliar o 
crescimento e o estado nutricional da planta e, por isso, o seu conhecimento é muito 
importante para o manejo da cultura. Em geral, a folha D é a mais alta da planta, formando 
um ângulo de 45 graus entre o nível do solo e um eixo imaginário que passa pelo centro da 
roseta foliar, e apresenta os bordos da parte inferior perpendiculares à base, sendo assim fácil 
de ser arrancada da planta. 
 
 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O pedúnculo desenvolve-se a partir do caule, e é a parte da planta que sustenta a 
inflorescência e, posteriormente, o fruto. No pedúnculo encontram-se gemas axilares 
latentes de folhas modificadas que dão origem a rebentos laterais, usados como material 
propagativo. 
Na maturidade, do centro da roseta foliar emerge a inflorescência, formada por 
dezenas de flores individuais, inseridas em torno de um eixo, cada uma dando origem 
ao fruto verdadeiro do abacaxi, que é do tipo baga. Desse modo, o que o abacaxizeiro 
produz é uma infrutescência ou fruto composto ou múltiplo, denominado de sorose. 
Os rebentos laterais ou mudas, que constituem o material para novos plantios, 
desenvolvem-se a partir de gemas axilares localizadas no caule (chamados de rebentões) 
e no pedúnculo (que são os filhotes). A coroa que surge no topo do fruto é uma planta 
em miniatura, podendo ser considerada uma extensão do caule, e que também é usada 
como material de plantio. 
Nocaule insere-se também o pedúnculo que sustenta a inflorescência e 
posteriormente o fruto. Este é um fruto composto ou múltiplo que resulta do 
desenvolvimento da inflorescência, que consta de 100 a 200 flores individuais 
arrumadas em espiral em volta de um eixo. 
Rebentos ou mudas desenvolvem-se a partir de gemas axilares localizadas no 
caule (rebentões) e no pedúnculo (filhotes). 
 
Figura 1: Distribuição das folhas do abacaxizeiro, de acordo com a idade (A – mais 
velha; F – mais nova) 
Fonte: Adaptado de Reinhardt (2004) 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2. CICLO DA PLANTA 
 
O ciclo total da cultura do abacaxi pode ser de 12 a 30 meses, em função do 
manejo da cultura e do clima da região, e é dividido em três etapas. A primeira, a fase 
vegetativa ou de crescimento vegetativo (que corresponde ao período de formação de 
folhas e raízes), dura do plantio ao dia do tratamento de indução floral artificial (TIF) ou 
da iniciação floral natural (Figura 3). Esta fase tem duração variável, mas, em geral, 
corresponde de oito a 12 meses, ou um pouco mais, a depender da região. A segunda, 
denominada de fase reprodutiva ou de formação do fruto, tem duração bastante estável 
para cada região, sendo de cinco a seis meses. O primeiro ciclo completo da cultura 
pode durar, portanto, de 14 a 18 meses, na região tropical brasileira. Existe, ainda, uma 
terceira fase do ciclo, a de formação de mudas (filhotes e rebentões), que se sobrepõe, 
parcialmente, à segunda fase. Pode ser chamada de fase propagativa e tem duração 
variável de quatro a dez meses para mudas do tipo filhote, cuja formação se inicia no 
período pré-floração, e de dois a seis meses para mudas do tipo rebentão. Estas últimas 
dão origem ao segundo ciclo da planta, também conhecido como soca ou segunda safra. 
A soca também passa por três fases, sendo a primeira seis a sete meses mais 
curta do que a da primeira safra, o que determina um segundo ciclo com duração total 
de apenas 12 a 13 meses. Caso sejam dadas condições adequadas para o 
desenvolvimento dos rebentões da soca, poder-se-á obter uma terceira safra ou segunda 
soca e, assim, sucessivamente. No entanto, no Brasil e em várias outras regiões do 
Figura 2: Morfologia externa (A) e interna (B) do abacaxi 
Fonte: Adaptado de Reinhardt (2004) 
 
A B 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 10 
mundo, do ponto de vista comercial, explora-se, normalmente, apenas um a dois ciclos 
da cultura do abacaxi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V. VARIEDADES 
 
Segundo Reinhardt (2004) todas as variedades de abacaxi de interesse frutícola 
pertencem à espécie Ananas comosus var. comosus. Estima-se que mais de 50% da 
produção mundial de abacaxi, são frutos da cultivar Smooth Cayenne (Caiena lisa), 
originada a partir de material coletado em local próximo ao da cidade de Cayenne, 
Guiana Francesa, e desenvolvida no Havaí. Esta variedade também é cultivada no 
Brasil, sobretudo em Minas Gerais e São Paulo,. No entanto, no país predomina a 
„Pérola‟, de origem nacional, ocupando mais de 75% da área cultivada. 
Na escolha de uma cultivar de abacaxi para a implantação de plantios 
comerciais, o agricultor deve considerar, entre outros fatores, a disponibilidade e 
qualidade das mudas e o destino da produção. Para o mercado interno, consumo ao 
natural e indústria de suco pode optar pela cultivar Pérola. Quando a produção se 
destina ao mercado externo e indústria de compota, a „Smooth Cayenne‟ é mais 
adequada, embora nos últimos anos frutos da variedade Pérola tem sido comercializada 
 
 
Figura 3: Fases dos ciclos do abacaxizeiro (primeiro ciclo e soca) 
Fonte: Adaptado de Reinhardt (2004) 
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Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 11 
não apenas em países do MERCOSUL, mas também na Europa, em quantidades ainda 
pequenas, com potencial de crescimento diante da demanda do mercado internacional 
por frutas menos ácidas e mais suculentas. 
 
5.1. PÉROLA 
 
Esta é a cultivar mais plantada no Brasil, 
onde também é conhecida como „Pernambuco‟ 
ou „Branco de Pernambuco‟. A planta possui 
porte ereto, é vigorosa, tem folhas longas e 
dotadas de espinhos nos bordos (Figura 4) e 
pedúnculo longo (em torno de 30 cm). 
Produzem muitos filhotes (5 a 15) presos ao 
pedúnculo, muitos localizados próximo da base 
do fruto, o qual apresenta forma cônica, casca 
verdosa a pintada de amarelo (quando 
fisiologicamente maduro), polpa branca, sucosa, 
com sólidos solúveis totais de 14 a 16 ºBrix, e 
pouco ácida, agradável ao paladar brasileiro e 
também, cada vez mais, ao do consumidor estrangeiro. O fruto pesa, em média, 
de 1,2 kg a 1,5 kg, sendo muito bem aceito nos mercados de frutas frescas e na indústria 
de sucos. Apresenta tolerância à murcha associada à cochonilha Dysmicoccus brevipes e 
é suscetível à fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium subglutinans. 
 
 
5.2. SMOOTH CAYENNE 
 
Conhecida popularmente como abacaxi havaiano ou “ananás”, é a cultivar mais 
plantada no mundo, tanto em termos de área, quanto de faixa de latitude, tendo sido 
considerada por muito tempo como a rainha das cultivares de abacaxi, porque possui 
muitas características favoráveis. Trata-se de uma planta robusta (Figura 5), de porte 
semi-ereto, cujas folhas não apresentam espinhos, a não serem alguns encontrados nas 
 
Figura 4: Abacaxi Pérola 
Fonte: Ceinfo (2002) 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 12 
extremidades dos bordos da folha. O 
fruto tem visual atraente, forma cilíndrica, 
pesando, em média, de 1,5 kg a 2,0 kg, com 
casca de cor parcialmente amarelo-alaranjada no 
ponto de colheita, polpa amarela rica em 
açúcares (13 a 17 ºBrix) e de acidez maior do 
sob a forma de compotas, sobretudo de rodelas 
em calda, e exportação como fruta fresca. A 
planta produz poucas mudas do tipo filhote (0 a 
4). Tem casca mais firme e polpa mais fibrosa 
que a „Pérola‟, apresentando maior resistência 
ao transporte e melhor adaptação ao corte em 
fatias regulares no processamento industrial. 
É bastante suscetível à murcha associada à cochonilha (Dysmicoccus brevipes) e 
à fusariose (Fusarium subglutinans). Foi introduzida no Brasil, em São Paulo, na 
década de trinta e, posteriormente, difundida para outros estados, como Paraíba, Minas 
Gerais, Espírito Santo, Goiás e Bahia, onde a partir da década de sessenta, também 
assumiu crescente importância econômica. 
No entanto, hoje em dia, é muito reduzido o número de plantios desta variedade 
no Norte e Nordeste do Brasil. 
 
5.3. OUTRAS CULTIVARES 
 
No mercado internacional do ano de 2004, a maior demanda e os melhores 
preços são hoje pagos por frutos das variedades „Ouro‟ („Gold‟ ou „Golden‟) da 
multinacional Del Monte e „Premium Select‟ da multinacional Dole. Ambos são 
híbridos da „Smooth Cayenne‟, gerados no programa de melhoramento genético 
conduzido pelo extinto Instituto de Pesquisas de Abacaxi do Havaí, mantido em 
atividade durante décadas por estas e outras empresas. Os frutos destas variedades 
apresentam aparência muito atrativa (formato cilíndrico, casca amarelo-ouro) e polpa 
amarela, mais doce e menos ácida que a da ‟Smooth Cayenne‟. O plantio destas 
cultivares é ainda dominado por poucas empresas, concentrando-se na Costa Rica, 
Honduras, Filipinas e Equador. 
 
Figura 5: Abacaxi Smooth Cayenne 
Fonte: Ceinfo (2002) 
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Curso Técnico em Fruticultura – Cultura do Abacaxi Página 13 
No Brasil, algumas outras cultivares de abacaxi são plantadas em escala 
reduzida, atendendo predominantemente demandas de mercados locais e regionais. As 
mais conhecidas são: Jupi, Boituva, Quinari, Rondon. A cultivar Jupi é muito similar à 
„Pérola‟, da qual difere pelo formato mais cilíndrico ou arrendodado (menos cônico) do 
fruto. Em plantios comerciais do Nordeste é comum esta variedade aparecer em 
mistura, em lavouras de „Pérola‟, sendo mais conhecida nos Estados da Paraíba e 
Pernambuco. Está sendo bem difundida no Tocantins, em Goiás e arredores de Brasília, 
porque os agricultores e consumidores estão preferindo frutos de forma cilíndrica. 
Quinari e Rondon são exemplos de variedades com cultivo e consumo restrito a 
partes da região amazônica. „Boituva‟ era uma variedade bastante conhecida no Estado 
de São Paulo, mas praticamente desapareceu devido a sua alta susceptibilidade à 
fusariose. 
Variedades novas, produtos dos esforços de instituições de pesquisa, são a 
„Gomo-de-Mel‟, lançada pelo Instituto Agronômico de Campinas no final da década de 
1990, e a „Imperial‟, lançada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura em 2003. A 
„Gomo-de-Mel‟ tem fruto com alto teor de açúcar (16 a 20 °Brix), mas a planta 
apresenta espinhos bastante agressivos, e frutos pequenos e de aparência pouco atrativa, 
o que tem dificultado a sua penetração no mercado. 
A variedade „Imperial‟ é um híbrido resultante do cruzamento de „Perolera‟ com 
„Smooth Cayenne‟, obtido em 1998, com resistência à fusariose e sem espinhos nas 
folhas, que produz frutos de tamanho médio, com polpa amarela, bom teor de açúcares 
(14 a 16 °Brix), acidez média e excelente sabor (Figura 7). A „Imperial‟ é recomendada 
para plantio em regiões adequadas à abacaxicultura, principalmente onde a fusariose é 
fator limitante para a produção. As recomendações técnicas utilizadas atualmente para 
o cultivo do abacaxi podem ser aplicadas a essa nova variedade. Os frutos obtidos 
podem ser destinados para o mercado de consumo in natura e para industrialização, 
face às suas características sensoriais e físico-químicas. 
 
 
 
 
 
 
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VI. MANEJO E PRODUÇÃO DE MUDAS 
 
6.1. TIPOS DE MUDAS E SUAS CARACTERÍSTICAS 
 
Os plantios de abacaxi são feitos com mudas de vários tipos, tais como a coroa 
(brotação do ápice do fruto), os filhotes (brotações do pedúnculo, que é a haste que 
sustenta o fruto), o filhote-rebentão (brotação da região de inserção do pedúnculo no 
caule ou talo) e os rebentões (brotações do caule). Cada tipo possui as seguintes 
características, vantajosas ou não, que devem ser consideradas quando da escolha e do 
manejo do material de plantio (REINHARDT, 2004): 
 
- Coroa: 
 
Muda pouco disponível, pois acompanha o fruto na venda nos mercados de 
frutas frescas; é menos vigorosa, de ciclo mais longo (do plantio à colheita), mais 
facilmente afetada por podridões, sobretudo podridão negra (Chalara (Thielaviopsis) 
paradoxa), mais uniforme em tamanho e peso, gerando também plantios com plantas de 
porte e desenvolvimento mais uniformes. 
 
- Filhote ou “muda de cacho” : 
 
Muda de vigor e ciclo intermediários, menos uniforme que coroas, porém mais 
uniforme que rebentões, de fácil colheita e grande disponibilidade, no caso da variedade 
Pérola, a mais cultivada no Brasil. 
 
- Rebentão: 
 
Muda de maior vigor, ciclo mais curto, de colheita mais difícil, menor 
uniformidade em tamanho e peso, de menor disponibilidade que os filhotes na variedade 
Pérola, sendo o tipo de muda mais usado no caso da variedade Smooth Cayenne; é mais 
suscetível à ocorrência de florações naturais precoces. 
 
 
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- Filhote-rebentão: 
Muda de produção limitada, apresenta características intermediárias entre filhote 
e rebentão, podendo ser usada indistintamente com os dois últimos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Muda de seccionamento do caule (“plântula”): 
 
Muda produzida em viveiros, a partir de pedaços do talo (caule) das plantas 
(técnica descrita no item seguinte); muda de melhor sanidade, sobretudo livre de 
fusariose; com vigor e demais características (ciclo, grau de uniformidade) próximas 
àquelas da coroa. 
As mudas selecionadas devem ser plantadas no menor espaço de tempo 
possível, para evitar a perda adicional de umidade e vigor. Não se deve eliminar as 
folhas secas localizadas na base das mudas, pois essa pratica não ajuda o enraizamento e 
pode favorecer a ocorrência da fusariose. 
Deve-se ter muito cuidado quanto ao uso ou comercialização de mudas colhidas 
da soca. Em geral, essas mudas são mais fracas e infestadas de pragas, o que pode 
causar prejuízos futuros para o proprietário, compradores e até para a região. 
(EMBRAPA, 2011) 
 
Figura 6: Tipos de mudas: filhote e rebentão são as mais utilizadas. 
Fonte: EMBRAPA (2011) 
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Após a colheita dos frutos, mudas sadias produzidas pelo seccionamento do 
caule da planta ou do rebentão, cortados em discos (Figura 7) ou em pedaços, podem ser 
usados. Esse método possibilita assegurar a sanidade das mudas e multiplicar o número 
de mudas a partir de talos de plantas que já produziram. Nesses casos, procurar 
orientação técnica (Embrapa Mandioca e Fruticultura, EBDA, CEPLAC, etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Muda produzida in vitro: 
 
Muda obtida em laboratório por meio de técnicas de cultura de tecidos, de 
excelente sanidade, muito mais cara, de uso mais restrito, importante para multiplicação 
rápida de novas variedades geradas em programas de melhoramento genético (Figura 6). 
Há, ainda, as mudas obtidas por métodos 
que praticamente não têm tido aplicação no 
Brasil, tais como o da destruição do meristema 
apical (“olho”) de abacaxizeiros para estimular a 
emissão precoce e mais numerosa de mudas do 
tipo rebentão, e o do tratamento químico, que 
visa transformar flores em mudas pela aplicação 
de fitorreguladores do grupo das morfactinas, 
realizada logo após o tratamento de indução 
floral das plantas. Tais técnicas, desenvolvidas 
em outros países (Havaí, Costa do Marfim, 
Figura 8: Produção de mudas in vitro 
Fonte: Reinhardt (2004) 
 
 
Figura 7: Mudas sadias produzidas por seccionamento do caule: a) seções do caule em disco, b) viveiro e c) mudas de 
seções do caule. 
Fonte: EMBRAPA (2011) 
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África do Sul, Austrália) para aumentar a disponibilidade de material de plantio 
da cultivar Smooth Cayenne, não encontraram eco no Brasil devido às suas limitações 
quanto à sanidade das mudas obtidas. As mesmas não oferecem a segurança desejada 
com relação ao controle da fusariose, doença eminentemente “brasileira” e sem maior 
relevância naqueles países. 
 
6.2. OBTENÇÃO E MANEJO DE MUDAS CONVENCIONAIS 
 
A muda de boa qualidade é a base para o sucesso do cultivo do abacaxi. Daí a 
importância da utilização de mudas de boa procedência, isto é, que sejam sadias (livres 
da fusariose e com baixa infestação de cochonilhas e ácaros) e vigorosas, colhidas em 
plantios com boa sanidade, onde o número de plantas e frutos doentes tenha sido 
mínimo. A seleção das mudas deve ser rigorosa, devendo-se descartar todas aquelas que 
apresentarem o menor sinal de goma ou resina(Figura 7) e/ou danos mecânicos (quebra 
do “olho”). Os tipos de mudas mais usados no Brasil são os filhotes ou mudas de cacho, 
que aparecem logo abaixo da base do fruto, e os rebentões, que brotam do talo da 
planta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a colheita dos frutos, as mudas do tipo filhote devem permanecer aderidas 
à planta-mãe para continuarem o seu crescimento, a fim de que atinjam o tamanho 
adequado (mínimo de 30 cm) para o plantio. Esta etapa é chamada de ceva, que pode ter 
a duração de dois a seis meses. 
Para melhorar o vigor e a sanidade das mudas durante a ceva, sobretudo em 
plantios com plantas pouco vigorosas e com infestação alta de pragas, podem ser 
recomendadas as seguintes práticas culturais: continuação da irrigação, em áreas 
 
Figura 9: Cacho de filhotes mortos pela fusariose 
Fonte: Reinhardt (2004) 
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irrigadas; pulverização com inseticida-acaricida para o controle das cochonilhas e 
ácaros que infestam a cultura; adubação suplementar, via pulverização foliar, com uréia 
a 3% e cloreto de potássio a 72%. Em plantas vigorosas, a adubação na fase de ceva tem 
efeito mínimo sobre o crescimento das mudas, podendo ser dispensada. 
Quando a maioria das mudas atingir o tamanho adequado para plantio, deve-se 
fazer a sua colheita. No caso das mudas do tipo filhote, corta-se o pedúnculo com todo o 
cacho, o que facilita o transporte e aumenta o rendimento do trabalho. Em seguida, os 
filhotes são retirados do cacho, fazendo-se, nesta ocasião, uma seleção preliminar. 
Eliminam-se todas as mudas doentes, com presença de goma, murchas e muito 
pequenas. Algumas vezes aparece na base da muda um fruto em miniatura, que deve ser 
arrancado nesta fase, para evitar que se constitua em foco de podridão da muda após o 
plantio. 
A colheita de mudas do tipo rebentão é mais difícil e mais exigente em mão-de-
obra, pois os rebentões estão firmemente ligados ao talo da planta-mãe, sendo 
necessário um puxão lateral antes de arrancá-los. 
A etapa seguinte, chamada de cura, consiste na exposição das mudas ao sol, 
com a base virada para cima, durante três a dez dias. A cura visa cicatrizar a ferida que 
ocorre quando a muda é destacada da planta, além de diminuir a população de 
cochonilhas e ácaros. A cura também elimina o excesso de umidade das mudas, 
reduzindo a ocorrência de podridões, sobretudo em períodos de clima úmido. Esta 
prática é feita colocando-se as mudas sobre as próprias plantas-mães ou espalhando-as 
sobre o solo em local próximo ao do plantio, de preferência com a sua base voltada para 
cima. 
As mudas curadas devem ser submetidas a uma seleção por tipo (separando-se 
filhotes de rebentões) e por faixas de tamanho (30 a 40 cm; 40 a 50 cm, 50 a 60 cm), 
para plantio em talhões separados. Durante a seleção deve ser efetuado um descarte 
rigoroso de mudas defeituosas (com podridão, exsudação de resina ou lesões mecânicas) 
ou com características diferentes do padrão da cultivar. Mudas contaminadas pela 
fusariose devem ser queimadas ou enterradas, visando à redução de focos dessa doença. 
Entretanto, mudas que possuem apenas folhas basais com seus bordos ou ápices secos 
não devem ser eliminadas, desde que o cartucho central esteja em perfeito estado. 
Caso se observe alta infestação com cochonilhas e ácaros, é recomendado o 
tratamento das mudas por imersão, por três a cinco minutos, numa calda com 
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inseticida-acaricida fosforado Tal tratamento normalmente não é eficaz para o controle 
da fusariose, uma vez que mudas doentes não podem ser recuperadas por meio da 
aplicação dos fungicidas disponíveis, que não tem efeito curativo. 
No caso da cultivar Smooth Cayenne, que freqüentemente produz número 
reduzido de mudas do tipo filhote, os rebentões têm que ser aproveitados como material 
de plantio, tornando-se o seu manejo muito importante. Quando da colheita dos frutos, 
em geral apenas um percentual relativamente pequeno (inferior a 40 %) das plantas 
apresenta um ou, raras vezes, dois rebentões em formação. Após esta fase, os rebentões 
continuam seu crescimento, atingindo tamanho adequado para plantio após período 
bastante variável, com duração de dois a dez meses. Pode-se uniformizar e acelerar a 
emissão e o desenvolvimento dos rebentões, procedendo-se um corte das plantas à 
altura da base do pedúnculo (haste que sustenta o fruto e as mudas do tipo filhote), com 
facão ou roçadeira. Tal prática feita após a colheita do fruto e das mudas do tipo filhote 
facilita, ainda, a colheita dos rebentões. 
 
VII. PREPARO DO SOLO E CORREÇÃO DE ACIDEZ 
 
7.1. PREPARO 
 
Um bom preparo do solo é fundamental para a cultura do abacaxi, visando 
favorecer o desenvolvimento e aprofundamento do sistema radicular da planta, 
normalmente limitado e superficial. Em áreas virgens, deve-se inicialmente remover a 
vegetação, mediante o desmatamento, roçagem, destoca, encoivaramento e queima. Em 
seguida, realizar a aração e gradagens nos dois sentidos do terreno, procurando atingir 
uma profundidade de 30 cm, para facilitar o desenvolvimento das raízes. Em função de 
dificuldades operacionais, alguns produtores, principalmente os pequenos, não fazem a 
destoca, o que dificulta os trabalhos subseqüentes do preparo do solo, instalação e 
condução da cultura. No entanto, vale ressaltar que, em diversos solos virgens é 
preferível não efetuar arações e gradagens, mantendo a estrutura natural do solo e 
procedendo ao plantio direto. 
Em áreas já cultivadas, dispensa-se normalmente a destoca, mantendo-se as 
demais operações. No caso de áreas anteriormente plantadas com abacaxi, deve-se 
inicialmente proceder à eliminação dos restos culturais, mediante a sua incorporação ao 
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solo após a decomposição parcial do material. Tal operação, normalmente trabalhosa, 
tem a vantagem de incorporar ao solo um grande volume de massa vegetal (50 a 100 
t/ha), restituindo os nutrientes remanescentes na vegetação e contribuindo para 
melhorar o seu teor de matéria orgânica e as suas características físicas. Muitos 
produtores fazem a opção pura e simples pela queima dos restos culturais, por ser 
menos onerosa. Tal opção é tecnicamente apenas recomendável em áreas com histórico 
de elevada incidência de pragas e doenças. 
 
7.2. CALAGEM 
 
Não obstante o reconhecimento do abacaxizeiro como planta acidófila, que 
prefere solos ácidos, existem situações em que a calagem se faz necessária para a 
cultura. É sempre recomendável, portanto, uma avaliação sobre a necessidade de 
calcário (NC), definida a partir da análise do solo, que deve ser providenciada antes do 
estabelecimento da cultura, de modo que a aplicação e incorporação do corretivo, se 
indicada, possa ser feita com uma antecedência de 30 a 90 dias em relação ao plantio. 
Se conveniente para o produtor, a aplicação e incorporação do corretivo 
recomendado podem ser feitas quando das operações de preparo do solo (antes das 
arações e/ou gradagens), o que contribui para melhor distribuição do material em 
profundidade. Deve-se dar preferência aos calcários dolomíticos, considerando a 
“avidez” do abacaxizeiro pelo magnésio. É muito comum, em algumas regiões, a 
ocorrência de sintomas foliares de deficiência de Mg (as folhas velhas se tornam 
amarelas, principalmente ao longo da parte central do limbo, permanecendo verde 
apenas as áreas sombreadas por folhas mais jovens). 
A calagem em excesso pode elevar o pH do solo a valores acima da faixa maisadequada para a cultura (4,5 a 5,5), concorrendo para limitar a disponibilidade e a 
absorção de alguns micronutrientes, como zinco, cobre, ferro e manganês, e para 
favorecer o desenvolvimento de microorganismos prejudiciais à cultura, como fungos 
do gênero Phytophthora. 
 
 
 
 
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VIII. PLANTIO 
 
A escolha da melhor época de plantio é crucial para o cultivo de abacaxi de 
sequeiro. A época mais indicada é, em geral, o período de final da estação seca e início 
da estação chuvosa. Isto corresponde ao período de janeiro a maio em regiões com 
chuvas de inverno, a exemplo dos tabuleiros costeiros do Nordeste e Sudeste do Brasil, 
e ao período de outubro a dezembro na região do Cerrado brasileiro. No entanto, em 
plantios efetuados no segundo semestre do ano, deve-se atentar para executar o 
tratamento de indução floral antes do mês de junho do ano seguinte, para evitar a 
ocorrência da floração natural precoce em altas percentagens de plantas e a colheita dos 
frutos em período de elevada oferta e, portanto, baixos preços (final de novembro a 
meados de janeiro). A prática e a experiência local de cultivo de abacaxi são 
importantes para definir as melhores épocas de plantio em cada região, contribuindo 
para a produção de frutos nas épocas com condições de mercado mais favoráveis. Não 
se deve esquecer que a disponibilidade local de mudas é outro fator relevante na 
escolha da época de plantio. 
Como a disponibilidade de umidade no solo que favorece o estabelecimento do 
sistema radicular e, portanto, o crescimento inicial mais rápido das plantas, não é fator 
limitante para a cultura irrigada, nestas condições o plantio do abacaxi pode ser feito 
durante todo o ano, a depender da disponibilidade de mudas e da época em que se 
deseja colher o fruto. Deve-se evitar, porém, os períodos de chuvas muito intensas, que 
dificultam trabalhar o solo e podem propiciar incidência de doenças, bem como os 
períodos mais frios do ano, que prejudicam o desenvolvimento das plantas. Pode ser 
feito em covas (Figura 10), abertas com enxada ou enxadeta, ou em sulcos, dando-se 
preferência aos sulcos, quando se dispõe de sulcador. Após a abertura das covas ou 
sulcos, faz-se a distribuição das mudas para o plantio propriamente dito. A 
profundidade das covas ou sulcos e, portanto, do plantio deve corresponder, 
aproximadamente, à terça parte do comprimento da muda, tomando-se o cuidado de 
evitar que caia terra no “olho” da mesma. 
 
 
 
 
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O plantio deve ser efetuado em quadras, separadas de acordo com o tipo e 
tamanho das mudas, para facilitar os tratos culturais. No caso de se ter que plantar em 
terrenos de declive acentuado, deve-se usar curvas de nível e outras práticas de 
conservação do solo. 
Quanto ao posicionamento do plantio, deve-se dar preferência à exposição leste, 
evitando-se a exposição oeste que favorece a ocorrência de queima solar nos frutos. 
Caso ocorra morte de mudas até dois a três meses após o plantio, pode-se fazer 
um replantio com mudas sadias, que devem ter quase o mesmo tamanho das já 
plantadas na mesma área. 
 
8.1. SISTEMAS DE PLANTIO E ESPAÇAMENTOS 
 
Os espaçamentos utilizados na cultura do abacaxi variam bastante de acordo 
com a cultivar, o destino da produção, o nível de mecanização, o uso da irrigação e 
outros fatores. Altas densidades de plantio favorecem a obtenção de elevadas 
produtividades. Por outro lado, baixas densidades de plantio geralmente permitem a 
produção de maior percentagem de frutos grandes, os quais tem preços mais altos. 
Assim sendo, no Brasil as densidades de plantio variam, em geral, de 25 a 50 mil 
plantas/ha, sendo as de 30 a 40 mil as mais freqüentes, representando um compromisso 
entre tamanho médio do fruto e produtividade. 
Os plantios podem ser estabelecidos em sistemas de filas simples ou duplas. Em 
geral, o plantio em filas duplas deve ser associado ao uso de herbicidas para o controle 
das plantas infestantes, uma vez que este sistema dificulta a capina manual entre as filas 
que compõem cada fila dupla. O plantio em filas duplas deve ser alternado (plantas 
 
Figura 10: Plantio em a) covas, b) sulcos e c) mudas plantadas com um terço do seu tamanho enterrado 
Fonte: Adaptado de EMBRAPA (2011) 
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descasadas), isto é, as plantas de uma fila colocadas na direção dos espaços vazios da 
outra fila (Figura 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os seguintes espaçamentos podem ser adotados: a) filas simples: 0,90 x 0,35 m 
(31.745 plantas/ha), 1,00 x 0,30 m (33.333 plantas/ha), 0,80 x 0,35 m (35.714 
plantas/ha), 0,90 x 30 m (37.030 plantas/ha), 0,80 x 0,30 m (41.660 plantas/ha). B) filas 
duplas: 1,20 x 0,40 x 0,40 m (31.250 plntas/ha), 1,00 x 0,40 x 0,40 m (35.714 
plantas/ha), 1,00 x 0,40 x 0,35 m ( 40.816 plantas/ha), 1,00 x 0,40 x 0,30 m (47.619 
plantas/ha). Para a cv. Smooth Cayenne e plantios com irrigação recomendam-se as 
densidades mais altas. 
De uma maneira geral, os plantios mais adensados tendem a proporcionar 
maiores produções por área, ainda que individualmente os frutos tendam a alcançar 
pesos médios menores. 
 
8.2. CÁLCULO DA QUANTIDADE DE MUDAS 
 
O cálculo para determinar o total de mudas necessárias será realizado 
acrescentando 10% como margem de segurança para prevenir perdas durante a 
classificação das mudas. 
 
 
Figura 11: Sistemas de plantio em filas simples e filas duplas 
Fonte: Reinhardt (2004) 
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Exemplos: 
Variedade Pérola – fileiras duplas e trabalho manual; 
Total de plantas: 29.000 plantas/ha 
Área a ser plantada – 3 ha: 29.000 x 3 – 87.000 mudas 
Margem de segurança – 10% = 87.000 x 0.1 = 8.700 mudas 
Total de mudas necessárias: 87.000 + 8.700 = 95.700 mudas 
 
8.3. REALIZAÇÃO DA CURA 
 
O objetivo da cura é realizar o controle natural da cochonilha, pois este não 
sobrevive à ação direta dos raios do sol. 
• Colha a muda 
• Coloque as mudas de cabeça para baixo. As mudas são arranjadas lado a lado, 
de cabeça para baixo, sobre as plantas de onde foram retiradas. 
• Deixe as mudas expostas diretamente aos raios do sol. A base da muda fica 
exposta diretamente aos raios do sol, por um período de até duas semanas. 
 
IX. IRRIGAÇÃO 
 
9.1. NECESSIDADES HÍDRICAS DO ABACAXIZEIRO 
 
O abacaxizeiro é tido como uma planta com necessidades hídricas relativamente 
reduzidas, se comparado com outras plantas cultivadas. A sua adaptação a condições de 
deficiência hídrica decorre de uma série de características morfológicas e fisiológicas 
típicas de plantas xerófilas, tais como: a) a capacidade de armazenar água na hipoderme 
das folhas; b) capacidade de coletar água eficientemente, inclusive o orvalho, por suas 
folhas em forma de canaleta; c) capacidade de reduzir consideravelmente as perdas de 
água (transpiração) por meio de vários mecanismos. 
A demanda de água do abacaxizeiro varia ao longo do ciclo da planta e a 
depender do seu estádio de desenvolvimento e das condições de umidade do solo, pode 
ser de 1,3 a 5,0 mm/dia. Um cultivo comercial de abacaxi exige em geral uma 
quantidade de água equivalente a uma precipitação mensal de 60 a 150 mm. A faixa de 
precipitação anual tida como ideal para a cultura do abacaxi situa-se entre 1000 e 1500 
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mm bem distribuídos, tornando-se relevante a irrigação nos locais onde tal situação não 
é alcançada. 
 
9.2. MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO 
 
Não se têm informações sobre restrições de métodos de irrigação para a cultura 
do abacaxizeiro. Entretanto, a escolha criteriosa de um sistema de irrigação para uma 
determinada área, envolve uma adequada caracterização dos recursos hídricos, solos, 
topografia (declive), clima e do próprio elemento humano. Todos esses fatores 
associados determinam as condições que deverão ser atendidas pelo sistema de 
irrigação, permitindo estabelecer as alternativas que melhor se adaptem às mesmas e, 
pelas análises técnica e econômica apropriadas, conduzir a uma escolha plenamente 
satisfatória. 
Existem basicamente quatro formas de aplicação de água que caracterizam os 
principais métodos de irrigação: subsuperfície, superfície, localizada e aspersão. 
De um modo geral, os sistemas de irrigação por subsuperfície e por superfície, 
não são utilizados na cultura do abacaxi. 
Dos sistemas de irrigação localizada de alta freqüência, o gotejamento é o mais 
utilizado na cultura do abacaxi, principalmente onde a disponibilidade de água é 
limitada, os custos de mão-de-obra são altos e as técnicas culturais são avançadas. É 
utilizado comumente no Havaí associado ao uso de filme de polietileno para cobertura 
do solo nas linhas de plantio visando reduzir a evaporação. Tem como principal 
inconveniente o custo excessivamente elevado, em função da alta densidade de plantio 
da cultura do abacaxi, visto que, para um hectare de abacaxi plantado em fileira dupla 
no espaçamento de 0,90 x 0,40 x 0,30m, seriam necessários 77 linhas de gotejadores 
espaçados de 0,30m, totalizando 7.700 metros/ha. 
Já o sistema de irrigação por microaspersão, mesmo tendo também a mesma 
faixa de eficiência e oferecendo melhores condições de adaptabilidade à cultura que a 
irrigação por gotejamento, tem como inconvenientes a necessidade de elevação das 
hastes suportes dos microaspersores a fim de possibilitar atingir uma área maior 
aspergindo a água sobre a planta e, também, a necessidade de filtragem da água como 
no gotejamento. 
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Não se têm restrições à utilização de nenhum dos sistemas de irrigação por 
aspersão acima citados, desde que sejam dimensionados corretamente, evitando-se com 
isso que através dos respingos as partículas do solo atinjam a roseta foliar (olho da 
planta), o que poderá resultar na inibição do desenvolvimento e até na morte da planta. 
Quando da utilização dos equipamentos de pivô central, alguns produtores costumam 
rebaixar as bengalas dos aspersores, aproximando-os mais das plantas. 
 
X. MANEJO DA FLORAÇÃO 
 
10.1. A FLORAÇÃO NATURAL E O SEU CONTROLE 
 
A floração natural (não induzida artificialmente) do abacaxizeiro ocorre, 
sobretudo, em períodos de dias mais curtos e temperaturas noturnas mais baixas, 
portanto, principalmente nos meses de junho a agosto. Períodos de alta nebulosidade, 
reduzida insolação e estresse hídrico, podem, às vezes, desencadear a diferenciação 
floral natural em outras épocas do ano, a exemplo do outono (abril e maio) e da 
primavera (outubro e novembro). A floração natural ocorre mais cedo em plantas mais 
desenvolvidas. Plantas da cv. Pérola tendem a florescer mais precocemente que as das 
cultivares Smooth Cayenne e Imperial. 
Florações naturais precoces são indesejáveis, pois ocorrem, em geral, de 
maneira bastante desuniforme nas plantações comerciais, dificultando o manejo da 
cultura e a colheita, encarecendo o custo de produção. Podem também inviabilizar a 
exploração da soca (segundo ciclo) e afetar a comercialização do produto, devido à 
diminuição do tamanho médio dos frutos e à coincidência da maturação dos mesmos 
com o período de safra (novembro a primeira quinzena de janeiro), quando a grande 
oferta causa a redução dos preços. 
A forte influência de condições climáticas, que variam de região para região e 
de ano a ano (nebulosidade, insolação, chuvas), dificulta o controle de florações 
naturais nas lavouras de abacaxi. A aplicação freqüente de adubos nitrogenados, a 
exemplo da uréia, não surtiu efeito. Por outro lado, o produtor pode recorrer a alguns 
cuidados no manejo da cultura, para diminuir a possibilidade de incidência de florações 
naturais precoces nas suas plantações de abacaxi. Alguns destes cuidados são: 
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• Evitar que as plantas atinjam porte elevado ou idade avançada até a época mais 
crítica para a ocorrência da floração natural (junho a julho). Para tanto, o produtor deve 
escolher combinações adequadas dos fatores época de plantio e tamanho (peso) das 
mudas no plantio. Por exemplo, evitar plantios no período de outubro a dezembro, o que 
é muito comum em regiões com chuvas de verão (Cerrado), pois tais plantas terão porte 
médio a grande em junho do ano seguinte, sendo altamente suscetíveis à 
incidência da floração natural. Recomenda-se efetuar os plantios a partir de janeiro ou 
fevereiro, usando mudas menores nos primeiros plantios (estas terão crescimento mais 
lento, devendo chegar com porte menor à época crítica), podendo usar-se qualquer 
tamanho de mudas em plantios mais tardios. 
• Evitar a utilização de mudas velhas para os plantios, pois tem sido observado 
empiricamente que mudas velhas, mesmo quando relativamente pequenas, tendem a 
tornar as plantas mais sensíveis à diferenciação floral natural. 
• Evitar que produtos à base de etefon (Ethrel, Arvest ou similar), usados na fase 
pré-colheita, para o amarelecimento uniforme da casca dos frutos, atinjam as mudas do 
tipo filhote em fase de desenvolvimento das plantas. Em várias regiões produtoras do 
país, têm sido observadas mudas emitindo suas inflorescências quando ainda em fase de 
ceva, aderidas às plantas-mães, devido a aplicações destes fitorreguladores alguns dias 
antes da colheita. Mesmo que estes filhotes não floresçam durante a ceva, eles não 
deveriam ser usados para novos plantios, pois podem apresentar sensibilidade muito 
grande aos estímulos naturais que induzem diferenciações florais precoces. 
 
10.2. TRATAMENTO DE INDUÇÃO FLORAL (TIF) 
 
A época do florescimento e da colheita do abacaxizeiro pode ser antecipada e 
homogeneizada por meio da aplicação de certas substâncias químicas (fitorreguladores) 
na roseta foliar (“olho” da planta) ou da sua pulverização sobre a planta. Esta técnica é 
chamada de tratamento de indução floral (TIF), sendo uma prática cultural essencial 
para o bom manejo e o sucesso econômico no cultivo do abacaxi. Quando bem 
planejada e executada, permite uma melhor distribuição das operações e uso de mão-
de-obra na propriedade e a colheita de frutos em épocas mais favoráveis à sua venda. 
O período de tempo entre o TIF e a colheita dos frutos na maioria das regiões 
produtoras brasileiras é de 140 a 160 dias, quando a maturação do fruto coincide com 
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período mais quente, e de 160 a 180 dias, quando a maturação acontece em época mais 
fria. No Sul do país, com temperaturas mais baixas, o período pode ser mais longo que 
seis meses. 
A época mais adequada para a realização do TIF depende de diversos fatores, 
incluindo o planejamento da data de colheita. Em geral, o TIF deve ser feito em plantas 
com 8 a 12 meses de idade, o que resulta num ciclo da planta de cerca de 14 a18 meses 
até a primeira produção. 
O TIF deve ser procedido em plantas com vigor vegetativo e porte adequados. 
A experiência e o “olho” do abacaxicultor ajudam muito na escolha da época e tamanho 
adequados das plantas para efetuar-se o TIF, em cada região. Para os menos experientes 
os seguintes critérios podem auxiliar nesta definição: As plantas devem ter folhas „D‟ 
(esta folha é a mais alta na planta, e a de arranquio mais fácil, sendo, em geral aquela 
fisiologicamente mais ativa) com comprimento superior a 90 cm e peso fresco superior 
a 80 g, na cv. Pérola, e comprimento superior a 70 cm e peso fresco maior que 70 g, na 
cv. Smooth Cayenne. Plantas com estas características têm normalmente a capacidade 
de formar frutos de peso superior a 1,2 kg, quando não prejudicadas por longos 
períodos de escassez de água durante a formação do fruto. Plantas muito pequenas não 
devem sofrer este tratamento, pois não teriam condições de formar frutos de tamanho 
adequado para o mercado de fruta fresca. 
Na escolha da melhor época para a indução floral deve ser considerada também 
a possibilidade de deslocar a colheita para período com preços mais favoráveis para os 
frutos. Muitas vezes, antecipação ou retardamento por período relativamente curto (um 
mês, por exemplo), pode representar aumentos consideráveis no preço do fruto e na 
renda obtida pelo produtor. 
Várias substâncias podem ser usadas com a finalidade de induzir a floração do 
abacaxi. As mais comuns são o carbureto de cálcio e produtos à base de etefon (ácido 
2-cloroetilfosfônico). O carbureto de cálcio é normalmente mais barato, sendo muito 
usado por pequenos e médios produtores em todas as regiões produtoras brasileiras. 
O carbureto de cálcio pode ser aplicado sob forma sólida ou líquida. No 
primeiro caso, coloca-se de 0,5 a 1,0 g/planta, no centro da roseta foliar, a qual deve 
conter água para permitir a dissolução do produto, resultando na liberação do gás 
acetileno, o qual é o indutor floral propriamente dito. Para uso na forma líquida, 
tomam-se as seguintes providências, passo a passo: em uma vasilha (barril ou balde) 
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com capacidade para 20 litros e com tampa, colocam-se 12 litros de água limpa e fria (o 
espaço que sobra é para a expansão do gás antes da sua diluição na água), põem-se 
nessa água 50-60 g de carbureto de cálcio, fecha-se bem e agita-se. Espera-se, então, 
até não se ouvir mais barulho (chiado) da reação. Em seguida, coloca-se a solução em 
um recipiente (vasilha) que tenha mangueira ou em um pulverizador costal sem o bico 
da mangueira (sem pressão) e aplicam-se 50 ml (copinho de café) da solução no “olho” 
da planta, a qual não deve conter excesso de água para evitar que a solução indutora 
derrame para fora do alcance do meristema apical (“olho”) da planta. Essa solução pode 
ser preparada no próprio pulverizador costal. Podem ser utilizados recipientes maiores 
(ex. tonéis de 200 litros) para o preparo da solução, elevando-se proporcionalmente a 
quantidade de carbureto de cálcio a ser dissolvida. É importante que o recipiente esteja 
bem fechado durante o preparo da solução indutora, efetuando-se a sua aplicação 
imediatamente após. 
O etefon (Ethrel, Arvest ou similar) pode ser aplicado no “olho” da planta, da 
mesma forma que é feito com o carbureto de cálcio, ou em pulverização sobre as 
plantas, na proporção de 50 mililitros da sua solução aquosa por planta. Prepara-se a 
solução na concentração de 0,5 a 1,5 ml do produto comercial para cada litro de água, 
mais uréia a 2 % do produto comercial e 0,30 a 0,35 g de hidróxido de cálcio (cal de 
pedreiro) por litro de água. No caso deste produto, a operação deve ser repetida se 
chover até seis horas após a aplicação. Um inconveniente às vezes observado em 
resposta à indução floral com etefon, em certas épocas, é a redução do número de 
mudas do tipo filhote produzido pelas plantas. Os indutores florais devem ser aplicados 
à noite (entre as 20 horas e às 5 horas do dia seguinte) ou nas horas mais frescas do dia 
(do amanhecer até às 09:00 horas ou no final da tarde), de preferência em dias 
nublados, logo após o preparo das soluções. Nestas horas do dia e condições climáticas, 
a planta absorve melhor os gases acetileno (carbureto de cálcio) e etileno (etefon), que 
são os indutores florais propriamente ditos. Este cuidado é fundamental para assegurar 
uma boa eficiência do TIF, podendo favorecer também a produção de um maior 
número de mudas do tipo filhote. 
Um cuidado adicional na cultura irrigada consiste na suspensão da irrigação 
alguns dias antes do TIF, devendo ser retomada cerca de 24 a 48 horas após tal prática. 
É bom lembrar, porém, que no caso da opção pelo uso do carbureto de cálcio na forma 
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sólida, que pode haver a necessidade de uma irrigação moderada antes da aplicação do 
produto, para garantir a água no “olho” da planta. 
Uma indução floral bem feita deve dar uma eficiência superior a 90 %, o que 
poderá ser facilmente observado cerca de 40 a 50 dias após a aplicação do indutor, 
quando as inflorescências aparecem no centro da roseta foliar das plantas. Uma forma 
de avaliação mais precoce da eficiência do TIF, a partir de cerca de três semanas após o 
TIF, consiste na coleta manual das folhas mais jovens no ”olho” da planta, passíveis de 
serem arrancadas (folhas “E” ou “F” ), para observar a presença de um alargamento 
(abertura) e uma mudança de coloração branca - esverdeada para vermelho - esverdeada 
na sua base, o que indica o surgimento da inflorescência na roseta foliar central da 
planta. 
 
XI. PRÁTICAS CULTURAIS PÓS-FLORAÇÃO 
 
No período entre o término da floração do abacaxizeiro (cerca de 90 dias após a 
data da indução floral) e a colheita do fruto, com duração variável de 60 a 90 dias, os 
cuidados que o produtor deve ter com o abacaxizal referem-se basicamente à proteção 
do fruto contra a queima-solar, a realização do desbaste de mudas do tipo filhote 
(opcional) e, conforme as exigências do comprador dos frutos e do mercado, o controle 
da maturação aparente do fruto (coloração da casca), além do controle moderado de 
plantas infestantes para não prejudicar a realização destas práticas culturais. 
 
11.1. Desbaste de mudas 
 
Estudos recentes realizados na Embrapa Mandioca e Fruticultura resultaram na 
recomendação de uma nova prática cultural a ser efetuada na semana posterior ao do 
fechamento das últimas flores do abacaxizeiro, o que ocorre geralmente aos 90 a 100 
dias após o tratamento de indução floral. Trata-se do desbaste de mudas do tipo filhote. 
As pesquisas mostraram que a redução do número de mudas do tipo filhote na cv. 
Pérola, que normalmente forma um cacho com mais de oito mudas por planta, resulta 
num aumento do peso do fruto e do vigor das mudas remanescentes. 
Segundo estudos realizados por Reinhardt (2004) a análise econômica do 
desbaste indicou uma relação benefício/custo bastante positiva. O custo estimado desta 
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prática foi de R$ 96,00 por hectare, considerando-se o uso de mão-de-obra 
correspondente a oito Homem/Dia por hectare. O desbaste resultou num aumento médio 
de 9,6% da produtividade, o que representou 4.320 kg de frutos por hectare. 
Considerando-se um preço de R$ 0,19 por kg (preço médio pago pela indústria de suco 
ou rodelas de abacaxi), isto resultaria numa renda adicional de R$ 820 por hectare, 
representando um ganho de R$ 724 por hectare. As mudas eliminadas não significamperdas em renda, pois no desbaste parcial, de baixa intensidade, apenas as mudas menos 
desenvolvidas e vigorosas são removidas, 
Em síntese, os resultados obtidos permitem a recomendação de se efetuar o 
desbaste, eliminando-se pelo menos as mudas menos desenvolvidas e menos vigorosas, 
o que resulta em maior vigor das mudas remanescentes e pequeno aumento do peso do 
fruto. 
 
11.2. Proteção do fruto contra a queima-solar 
 
A queima-solar é uma anomalia de causa não parasitária, de incidência bastante 
comum e importante nos plantios instalados em regiões sujeitas à ocorrência de 
temperaturas elevadas durante o desenvolvimento do fruto. A queima resulta da 
exposição de uma das partes do fruto à ação excessiva dos raios solares. Embora os 
efeitos da queima-solar sejam mais evidentes em frutos que tombam para um lado, em 
períodos quentes e ensolarados pode-se observar sintomas dessa anomalia na parte dos 
frutos virada para o ocidente, isto porque a queima é devida à ação do sol poente. 
Os primeiros sintomas externos da queima-solar caracterizam-se pelo 
aparecimento de uma descoloração amarelada na casca do fruto que, com o passar do 
tempo apresenta a cor marrom escuro (Figura 12). Em estádios mais avançados de 
desenvolvimento podem ocorrer rachaduras entre os frutilhos da região afetada. 
Internamente a polpa na região afetada torna-se mais translúcida do que a sadia e, com o 
progresso da doença, assume consistência esponjosa, depreciando o valor comercial do 
fruto. 
 
 
 
 
 
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Tendo em vista que a queima-solar pode causar perdas elevadas na produção de 
frutos em épocas quentes e muito ensolaradas, esta anomalia deve ser controlada 
mediante a implementação de medidas de proteção mecânica dos frutos, a partir da 
semana seguinte ao do fechamento das últimas flores. Materiais como palha de plantas 
invasoras, papel, papelão, ou pedaços de polietileno podem ser colocados sobre os 
frutos a fim de protegê-los contra a ação dos raios solares. As folhas do próprio 
abacaxizeiro também podem ser usadas como agente de proteção, amarrando-as acima 
dos frutos. 
Considerando que a queima-solar ocorre em maior intensidade no lado do fruto 
voltado para o sol poente, a proteção mecânica deve ser efetuada, principalmente, sobre 
o lado do fruto exposto ao sol da tarde. Pela mesma razão, no que diz respeito ao 
posicionamento do plantio, a intensidade de queima-solar é menor em frutos de plantios 
expostos ao leste, enquanto aqueles de plantios expostos ao oeste são mais afetados pela 
anomalia. 
 
XII. COLHEITA 
 
A colheita é feita com facão, devendo o colhedor proteger as mãos com luvas de 
lona grossa. O operário segura o fruto pela coroa com uma mão e corta o pedúnculo 
três a cinco centímetros abaixo da base do fruto, de tal forma que apenas duas a quatro 
mudas do cacho de filhotes sejam levadas para servirem de embalagem natural do fruto 
(processo chamado “sangria”), permanecendo as demais mudas na planta para uso 
como material de plantio. No entanto, as normas mais recentes de classificação e 
 
Figura 12: Frutos sadios (à direita) e com danos crescentes causados por 
queima do sol. 
Fonte: Reinhardt (2004) 
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embalagem de abacaxi estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, da Pecuária e do 
Abastecimento (MAPA), determinam que os frutos sejam embalados em caixas de 
papelão, devidamente identificados. Usando-se este tipo de embalagem, torna-se 
desnecessário o uso de mudas em volta do fruto, além de se reduzir drasticamente a 
perda de frutos na fase pós-colheita, que atualmente pode chegar a 20%. 
Frutos que se destinarem a mercados próximos ou à indústria, sendo menos 
suscetíveis à ocorrência de podridões, podem ser colhidos (“quebrados”) sem as mudas. 
O mesmo é feito no caso da cv. Smooth Cayenne, por falta de mudas e por ter frutos 
mais fibrosos e mais resistentes, sendo o transporte feito a granel (sem “embalagem” de 
mudas), ou usando-se apenas camadas finas de capim entre as camadas de frutos. 
Os frutos colhidos são entregues a outros operários que os transportam em 
cestos, balaios, caixas ou carros de mão, forrados com capim seco ou palha, até o 
caminhão. O carregamento dos frutos nos caminhões é tarefa difícil que exige mão-de-
obra treinada. 
 
XIII. MANEJO DA SOCA (SEGUNDO CICLO) 
 
Se o plantio for bem conduzido e as plantas apresentarem vigor e bom estado 
fitossanitário, pode-se optar pela exploração da soca (segundo ciclo). Para tanto, devem 
ser dadas as melhores condições possíveis para o desenvolvimento dos rebentões. Maior 
uniformidade na emissão e desenvolvimento dos rebentões é obtida mediante a poda 
leve das plantas (apenas as parte apical das folhas), o que aumenta a penetração de luz 
ao talo, favorecendo a brotação das suas gemas (Figura 39). 
Plantios afetados pela fusariose ou infestados pela cochonilha e/ou brocas, 
representam focos perigosos para a disseminação destes problemas para outras 
plantações, devendo ser eliminadas o mais breve possível após a colheita dos frutos. 
Procurar a assistência técnica para a devida orientação. 
A cultivar Smooth Cayenne é mais apropriada para a exploração da soca que a 
cv. Pérola, sendo menos suscetível a perdas de frutos por tombamento, além de possuir 
capacidade superior para a formação de frutos com pesos adequados, mesmo para 
mercados mais exigentes. 
A soca demanda manejo similar àquele recebido pelas plantas durante o 
primeiro ciclo, sobretudo adubações, irrigação e tratos fitossanitários. Em geral, as 
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quantidades de adubos podem ser reduzidas à metade das doses fornecidas no primeiro 
ciclo, sem prejudicar o desenvolvimento e a produção. Recomenda-se parcelar a 
adubação em duas aplicações, realizando-se a primeira antes da amontoa, a qual cobrirá 
os adubos, e a segunda cerca de um mês antes da data do tratamento de indução floral. 
A infestação da área por plantas daninhas é normalmente pequena, dada a 
grande cobertura vegetal existente. Algumas capinas manuais são suficientes para o seu 
efetivo controle. Por outro lado, os tratos fitossanitários devem ser os mesmos 
aplicados no primeiro ciclo da cultura, com ênfase nas pulverizações sobre as 
inflorescências em desenvolvimento até o fechamento das últimas flores, visando ao 
controle da fusariose e da broca do fruto. Na cv. Smooth Cayenne, muito suscetível à 
murcha do abacaxizeiro, as medidas para o controle químico das cochonilhas e ácaros 
usadas no primeiro ciclo, devem ser repetidas na soca. 
A indução floral é outra prática que, na soca, não difere daquela usual para as 
plantas do primeiro ciclo, empregando-se as mesmas substâncias (o carbureto de cálcio 
é a mais comum), concentração e modo de aplicação. No entanto, o desenvolvimento 
da soca é mais rápido que o das plantas do primeiro ciclo, permitindo, em geral, a 
realização do tratamento de indução floral aos seis a oito meses após a colheita da 
primeira produção, resultando em um ciclo de apenas 12 a 14 meses. Muitas vezes, as 
plantas da soca, originadas a partir de rebentões emitidos antes da colheita dos frutos do 
primeiro ciclo, atingem mais cedo o porte adequado para a realização da indução floral. 
Diante disso, pode ser vantajoso fazer a indução floral em duas etapas, separadas por 
um período não superior a dois meses, e levando em consideração a escolha da melhor 
época para a colheita e comercialização dos frutos. 
Emboraa produtividade da soca tenda a ser inferior à do primeiro ciclo, devido a 
redução do peso médio e do número de frutos colhidos por hectare, a sua rentabilidade 
pode ser similar àquela do primeiro ciclo, pois o seu custo de produção é também 
inferior. 
 
XIV. DOENÇAS E SEU CONTROLE 
 
As pragas mais comuns são a broca do fruto (Thecla basalides) e a cochonilha 
(Dysmicoccus brevipes), esta última causadora da "murcha do abacaxi". 
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A broca do fruto é a larva de uma pequena borboleta que ataca a inflorescência, 
cavando galerias e provocando o aparecimento de uma substância com aspecto de 
goma. O tratamento pode ser feito com carbaril; paration metílico, diazinon, triclorfon 
ou fenitrotion. A aplicação de inseticidas deve ser realizadas em 4 vezes, em intervalos 
regulares, sendo a primeira aplicação após a emergência da inflorescência. Não 
esquecer de observar o período de carência do produto. 
A cochonilha é um inseto pequeno, sem asas, que se apresenta coberto por uma 
espécie de farinha branca. Este inseto além de debilitar a planta pela sua ação sugadora 
transmite o agente causal da doença murcha do abacaxi. O controle é feito eliminado-se 
os restos culturais da safra anterior, com o uso de mudas de boa qualidade e se 
necessário, tratando-se as mudas com inseticida. O controle químico nas plantas pode 
ser feito utilizando-se os inseticidas paration metílico, diazinon ou vamidotion, de forma 
preventiva aos 60, 150 e 240 dias após o plantio. Recomenda-se também realizar o 
controle das formigas doceiras que ajudam na disseminação da cochonilha, realizando 
um bom preparo do solo e usando o inseticida paration metílico. 
 
- Controle de Doenças: 
 
A fusariose do abacaxizeiro (Fusarium subglutinans) é a doença que mais causa 
danos à cultura. O principal sintoma é a exsudação de goma a partir da região afetada. 
Para o seu controle deve-se eliminar os restos culturais da safra anterior (incorporação 
no solo ou queima); utilizar mudas sadias; durante o cultivo, identificar plantas doentes 
e eliminá-las; pulverizar as inflorescências desde o seu aparecimento no olho da planta 
até o fechamento das últimas flores com o fungicida Benlate 500 (30g/20l de água) a 
intervalos de sete a 10 dias. 
A podridão negra (Chalara paradoxa (De Seynes) Von Hohnel) é uma doença 
de pós-colheita. O sintoma característico é o apodrecimento da polpa. Para o seu 
controle deve-se colher os frutos com uma parte do pedúnculo (aproximadamente 2 
cm); evitar ferimentos na superfície dos frutos; e se houver, proteger o ferimento 
resultante do corte na colheita com fungicidas (Triadimefon, Benomyl ou Captan), 
pincelando o pedúnculo do furto com o produto, não esquecer de verificar o período de 
carência; e eliminar restos culturais nas proximidades das áreas onde os frutos são 
processados. 
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- Controle de Plantas Daninhas 
 
As plantas daninhas devem ser controladas com capinas manuais (enxada), 
roçadeiras manuais, cultivos à tração animal, uso de cobertura morta e herbicidas 
recomendados para a cultura, à base de diuron, bromacil, simazina ou ametrina, 
aplicados, de preferência, em pré-emergência das plantas daninhas. O uso de herbicidas 
reduz a mão-de-obra e é o método mais eficiente. Em áreas infestadas por plantas 
daninhas de difícil controle (tiririca, capim sapé, grama-seda etc) recomenda-se a 
aplicação de herbicidas à base de glifosate. A cultura deve ser mantida livre de plantas 
daninhas pelo menos até a indução floral. 
 
XV. SELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, ACONDICIONAMENTO, 
TRANSPORTE 
 
Após a colheita, frutos a serem exportados ou que sejam fornecidos para 
mercados internos mais exigentes, devem ir para galpões, onde serão submetidos a 
diversos cuidados conforme descritos a seguir: 
a) O pedúnculo do fruto é reduzido para comprimento uniforme de cerca de 2 a 3 
cm, eliminando-se as mudas do tipo filhote presentes, embora isto já possa ser feito no 
momento da colheita. 
b) A superfície dos cortes deve ser desinfetada, evitando-se a penetração de 
fungos, sobretudo de Chalara paradoxa, causador da podridão-negra. Usam-se 
fungicidas à base de tiabendazol, tiofanato ou captan, observando-se a legislação do país 
importador. Alternativas ao uso de fungicidas são a aplicação de solução aquosa de 
benzoato de sódio a 10% (peso/volume) ou a imersão do pedúnculo em água quente (54 
°C) por três minutos. A aplicação de cera, diluída na solução fungicida ou na água 
quente para 20%, pode auxiliar na conservação e melhoria da aparência dos frutos, mas 
esta prática, que é bastante comum no caso da variedade Smooth Cayenne, ainda não 
tem sido estudada em frutos da „Pérola‟. 
c) Os frutos tratados devem sofrer mais uma seleção rigorosa, em 
complementação àquela já efetuada no próprio campo, garantindo-se o fornecimento de 
frutos dentro dos padrões exigidos pelo importador. A sua classificação inicial é feita 
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com base no tamanho/peso. Dentro de cada classe, os frutos devem ser selecionados 
com relação à maturação, à ausência de machucaduras ou deformações e às condições 
da coroa (simples ou, no máximo, dupla, e aspecto fresco e viçoso). 
d) A coroa não deve ser excessivamente comprida, inclusive para não dificultar 
o acondicionamento do fruto na embalagem; em geral, o comprimento adequado é de 5 
a 13 cm; às vezes, é aceito que a coroa seja aparada para ajusta-la à embalagem; caso 
isto não seja permitido, deve-se selecionar frutos com coroas de tamanho adequado ou, 
em último caso, efetuar a extirpação do meristema apical da coroa, com uso de uma 
espátula, durante o desenvolvimento do fruto sobre a planta, quando a coroa atingir o 
tamanho de cerca de 10 cm. 
e) Cuidado especial deve ser tomado para separar frutos que estejam em estádio 
de maturação real muito avançado, isto é, com translucidez da polpa superior a 50%. 
Frutos suspeitos podem ser mergulhados num tanque com água e, caso afundem, devem 
ser descartados. 
f) Os frutos selecionados devem ser acondicionados em caixas de papelão (tipo 
exportação) na posição vertical, sobre os pedúnculos (caixas com fundo duplo, com 
perfurações nas quais o pedúnculo é afixado), ou na posição horizontal, alternando-se 
fruto e coroa (o que permite maior número por embalagem). O número de frutos por 
caixa depende da classe de peso/tamanho dos mesmos. 
g) As caixas, depois de fechadas, devem ser rotuladas de acordo com a 
legislação vigente. A seguir podem ser paletizadas, isto é, agrupadas em pilhas de 
dimensões definidas, o que facilitará todas as operações seguintes, sobretudo o 
transporte para os portos de embarque e durante a viagem até os centros consumidores 
no exterior. 
h) No Brasil, os frutos normalmente são transportados em caminhões sem 
refrigeração até os portos marítimos, onde, finalmente, são colocados em containeres 
refrigerados. A temperatura adequada para os frutos é de 8 a 12 °C, sendo, em geral, 
preferível controlar a faixa de temperatura para 8 a 10 °C. A umidade relativa do ar 
deve permanecer acima de 85% e o ar da câmara fria deve ser renovado a cada três a 
quatro dias. Manejados da forma acima descrita, os frutos de abacaxi „Pérola‟ podem 
ser conservados por cerca de 20 a 25 dias, permitindo atingir os mercados externos mais 
longínquos, em condições de boa qualidade para consumo fresco. 
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