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Escola Estadual de
Educação Profissional - EEEP
Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Curso Técnico em Fruticultura
Irrigação e Drenagem
Governador
Vice Governador
Secretária da Educação
Secretário Adjunto
Secretário Executivo
Assessora Institucional do Gabinete da Seduc
Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC
Cid Ferreira Gomes
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Maurício Holanda Maia
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Cristiane Carvalho Holanda
Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 1 
 
Sumário 
 
01. Conceito, Histórico, Importância, Vantagens e 
Desvantagens da Irrigação e Drenagem 02 
02. Uso e Conservação da Água em Sistemas Agrícolas. 05 
03. Estudo da Relação Solo-Água-Planta e Clima 08 
04. Qualidades da Água para a Irrigação 14 
05. Medição, Captação e Condução da Água para Irrigação 15 
06. Métodos e Tipos de Irrigação 19 
07.Manejo Racional da Irrigação 31 
08. Sistemas Alternativos de Irrigação 34 
09. Drenagem dos Solos Agrícolas 42 
10. Literatura Consultada 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 2 
 
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM 
 
1. CONCEITO, HISTÓRICO, IMPORTÂNCIA, VANTAGENS 
E DESVANTAGENS DA IRRIGAÇÃO E DRENAGEM. 
 
Antes do começo da irrigação e drenagem a agricultura estava limitada a 
regiões onde havia uma pluviosidade anual suficiente para que as sementeiras 
se desenvolvessem sem necessidade de regas suplementares. Estas técnicas, 
que ocorreram há cerca de oito mil anos, possibilitaram o cultivo de solos que 
eram demasiado secos ou demasiados húmidos. Vales anteriormente 
demasiados pantanosos tornaram-se regiões muito férteis. 
 Aumentou a superfície agricultada, a produção alimentar para uma 
população em crescimento e a produtividade dos campos. A irrigação em larga 
escala atenuou a dependência da precipitação anual e criou condições para um 
maior rendimento fundiário e a drenagem permitiu a recuperação de terras 
submersas. A lavoura baseava-se na irrigação dos campos, garantida através 
de complexos de canais que permitiam a utilização de vales de grandes rios na 
fertilização de áreas que depressa se tornaram as mais avançadas. 
A utilização do Vale do Nilo originou o desenvolvimento dum sistema de 
retenção de água, de manutenção permanente de canais e de noras. Marcado 
pela vastidão do solo arável nas duas margens do rio, só com estes meios foi 
viável que o lodo fertilizante do Nilo atingisse as terras mais distantes. Na Índia, 
foram cavados lagos artificiais protegidos por barragens de pedra nas 
passagens estreitas em terrenos montanhosos ou acidentados Sistemas 
hidráulicos de elevação permitiram elevar a água às terras situadas a um nível 
superior. A irrigação das terras mais altas fazia-se também com água 
transportada em jarros. Os lavradores retiravam a água acumulada em poços 
através do uso de recipientes e cordas. Em algumas regiões os processos de 
rega foram melhorados em consequência do aperfeiçoamento de novos tipos 
de mecanismos para elevar a água, como o poço, a roda e o parafuso 
hidráulico. As pequenas obras de irrigação ao nível de aldeia eram de 
importância fundamental para um cultivo mais intensivo e estável. Com a ajuda 
da picota cultivavam-se terrenos mais elevados, o que permitia alargar a área 
de terra fértil. 
Em diferentes locais apareceram sistemas de irrigação artificial que 
permitiam, com o auxílio de condutas subterrâneas, conduzir a água 
proveniente das encostas montanhosas distantes, por gravidade, para as terras 
cultiváveis. Por vezes, esta água era retida em poços suplementares, que 
permitiam irrigar campos em aldeias dispersas. Alguns sistemas hidráulicos 
incluíam reservatórios artificias ligados a canais para conduzir o fluxo da água 
na direção da planície. 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 3 
 
A agricultura de oásis, centro da economia de muitos povoados árabes, 
dependia de uma série de dispositivos, tais como diques, valas e poços, 
concebidos para encaminhar as águas para os campos. Alguns destes campos 
apenas conseguiam aproveitar a água intermitente proveniente das 
inundações, enquanto outros conseguiam dispor de um abastecimento 
constante. 
Na região andina da América do Sul, há 1000 anos, os agricultores, no 
intuito de aumentarem a dimensão das suas terras, construíram terraços de 
cultivo e campos em socalcos, evitando as encostas íngremes e enfrentando a 
erosão. 
As comportas apareceram um pouco antes do início da nossa era. Duas 
inovações tecnológicas importantes contribuíram para uma eficiente utilização 
dos recursos hídricos. A gestão da água foi facilitada pela eclusa e pelo grau 
de precisão atingido pela cartografia. A utilização de ferramentas de metal 
facilitou a abertura de novos canais de irrigação. 
A aplicação da irrigação e drenagem exigia grandes obras colectivas, 
como a escavação de valas e a construção de diques. A utilização destes 
sistemas implicava a cooperação e o acordo entre duas ou mais comunidades. 
A construção de diques envolvia trabalhos comunitários que ultrapassavam o 
nível meramente doméstico. Foram pré-requisitos essenciais para estas obras 
públicas de grande escala, para além da existência de avançados 
conhecimentos tecnológicos, a emergência de Estados com extensos recursos 
e potencial humano à sua disposição. Os trabalhos de irrigação mais 
importantes estavam para além dos recursos das comunidades locais e só 
podiam ser conseguidos por uma autoridade forte que pudesse dispor de uma 
grande força de trabalho e dum elevado grau de organização. Só um governo 
centralizado estava qualificado para comandar e coordenar a enorme mão-de-
obra exigida por um tal empreendimento. Muitos dos canais existentes 
pertenciam ao Estado e aos templos. 
As obras de irrigação requeriam uma manutenção atenta, o seu controle 
exigia um novo sentido de cooperação e respeito pela lei e implicava 
necessariamente a ação de um órgão coordenador centralizado. O controle do 
consumo e a manutenção dos cursos artificias de água constituíram funções 
complexas que originaram frequentes conflitos e serviram para exercer 
influência política. Os sistemas de irrigação e drenagem forneceram a base 
econômica das primeiras civilizações urbanas. Muitas cidades parecem ter sido 
eficazes no exercício de influência política através do controle da água. 
As obras de irrigação mais importantes implicavam a existência de uma 
população razoavelmente densa e, por outro lado, esta elevada densidade 
populacional somente podia ser atingida com a ajuda de importantes sistemas 
de irrigação. É um dos casos em que é difícil distinguir a relação entre a causa 
e o efeito. 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 4 
 
A água encontrava-se acessível aos produtores rurais mediante o 
pagamento de juma taxa. Em troca da água recebida os produtores agrícolas 
cediam uma parte adicional da sua produção, o que constituía uma importante 
fonte de rendimento para o Estado, a nobreza, os templos ou as comunidades 
locais. Os egípcios construíram colunas graduadas (nilómetros) para 
determinar a altura das cheias, calcular a extensão das terras inundadas e 
assim cobrar os respectivos impostos. Na China, os canais também serviam 
para o transporte das contribuições em géneros que eram devidas ao Estado. 
Na Coreia, século XV, foi descoberto o pluviómetro, oprimeiro do seu género 
no mundo, que era usado pelos funcionários dos serviços administrativos para 
registar a quantidade de precipitação sempre que chovia e determinar a 
quantidade de imposto sobre as terras a ser paga por cada distrito 
administrativo. 
Podemos dizer que irrigação é o fornecimento de uma quantidade 
adequada de água às plantas, de maneira que, juntamente com as demais 
operações agrícolas como adubação, mecanização, controle de pragas e 
doenças, entre outras, contribua de forma mais efetiva para o aumento da 
produtividade das culturas. 
Vantagens 
 viabiliza o aumento da produção e produtividade; 
 melhora a qualidade do produto colhido; 
 permite colheita na entressafra; 
 amplia o período de produção e permite o escalonamento; 
 aumenta o índice de exploração agrícola e a resistência vegetal; e 
 possibilita a fertirrigação. 
Desvantagens 
 alto custo inicial do investimento; e 
 falta de mão-de-obra capacitada para operação e manutenção dos 
principais sistemas de irrigação. 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 5 
 
02. USO E CONSERVAÇÃO DA ÁGUA EM SISTEMAS 
AGRÍCOLAS. 
 
O primeiro avanço significativo que levou a um incremento massivo na 
produtividade agrícola foi o desenvolvimento da irrigação com a necessidade de 
fornecer água às culturas. 
O maior usuário de água é o setor agrícola, que em nível mundial consome 
cerca de 69% de toda água originada de rios, lagos e aquíferos e os outros 31% 
são consumidos pela indústria e uso doméstico. Segundo dados das Nações 
Unidas apud Townsend et al. (2006, p.466) o uso da água em países em 
desenvolvimento, tem a agricultura como a maior consumidora (86,8%), em 
segundo a indústria (7,0%) e em terceiro o uso doméstico (6,25%). Nos países 
desenvolvidos esses percentuais diminuem, a agricultura passa para 46,1%, a 
indústria com 41,4% e o uso doméstico com 12,5%. 
A agricultura irrigada no Brasil ocupa 5% a 6% das terras cultivadas no 
país, do volume de produção agrícola participa entre 16% e 35% do valor 
arrecadado com 
a comercialização de produção agrícola. 
No Brasil, a referência de dotação unitária média de água para irrigação é 
0,39 L/s/ha, considerando operação 24 horas por dia, 365 dias por ano, que 
equivale à dotação de 12.300 m3/ha/ano e a demanda média de água para 
irrigação em nosso país corresponde a pouco mais de 1.290 m3/s. 
Estima-se que existiam 3,31 milhões de hectares irrigados no Brasil, que 
correspondem a menos de 6% da área total cultivada. Segundo avaliações mais 
modestas o país dispõe de 29,6 milhões de hectares irrigáveis e os métodos mais 
utilizados apresentam a seguinte distribuição: inundação 33%; aspersão 
mecanizada 21%; aspersão convencional 20%; sulcos 18% e irrigação localizada 
com 8%. 
Para Telles e Domingues (2006, p. 325) são muitas as razões para 
implantar um sistema de irrigação em uma propriedade, com destaque para as 
condições climáticas (déficits hídricos em algumas regiões), as questões 
agronômicas e as de interesse econômico e gerencial. Na região noroeste do 
Estado de São Paulo, com oitos meses de déficits hídricos, a maior 
evapotranspiração do estado e suscetibilidade a veranicos, essas são as razões 
para que muitos agricultores instalassem sistemas de irrigação em suas 
propriedades. 
Nesta região, os principais métodos de irrigação mais empregados pelos 
agricultores são: aspersão e localizada (gotejadores, microaspersão e as tripas 
plásticas), sendo a última a mais empregada na microbacia do córrego do 
Coqueiro e região. Para o Estado de São Paulo a irrigação localizada e aspersão 
ocupam área de 32.010 ha e 104.210 ha, respectivamente. 
O uso intensivo da água na irrigação pode gerar diversos impactos ao 
ambiente. Telles e Domingues (2006) citam alguns desses impactos ocasionados 
pela irrigação como depleção excessiva da vazão ou do nível do curso d’água, 
rebaixamento do lençol freático, salinização do solo, disseminação de doenças de 
veiculação hídrica e contaminação das águas superficiais e subterrâneas. Essas 
ações antrópicas acabam interferindo diretamente e/ou indiretamente no uso da 
água na agricultura irrigada, tanto em termos de quantidade e qualidade. Água de 
boa qualidade é de extrema importância para obtenção de produtos saudáveis e 
também no desempenho dos equipamentos de irrigação. 
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Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 6 
 
Os impactos da agricultura irrigada podem ser minimizados com a adoção 
do conceito de desenvolvimento sustentável, para guiar o equilíbrio exato entre a 
produção e o uso dos recursos naturais o êxito da agricultura sustentável está no 
desenvolvimento de metodologias e instrumentos tecnológicos apropriados a cada 
situação e região, prontamente acessível e possíveis de serem adotadas pelo 
produtor e capazes de promover o aumento de produtividade com mínimo de risco 
ao meio ambiente. 
A oferta de água no mundo tem relação estreita com a segurança 
alimentar, o estilo de vida das pessoas, o crescimento industrial e agrícola e a 
sustentabilidade ambiental. Conforme WMO (1997), o consumo mundial d´água 
cresceu mais de seis vezes entre 1900 e 1995 - mais que o dobro da taxa de 
crescimento da população, e continua a crescer rapidamente com a elevação 
de consumo dos setores agrícola, industrial e residencial. 
Globalmente, embora as fontes hídricas sejam abundantes, elas são 
frequentemente mal distribuídas na superfície do planeta. Em algumas áreas, 
as retiradas são tão elevadas em comparação com a oferta, que a 
disponibilidade superficial de água está sendo reduzida e os recursos 
subterrâneos rapidamente esgotados. 
Tal situação tem causado sérias limitações para o desenvolvimento de 
várias regiões, restringindo o atendimento às necessidades humanas e 
degradando ecossistemas aquáticos. Levantamentos realizados pela 
Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas indicam que 
um terço da população mundial vive em regiões de moderado a alto stress 
hídrico, ou seja, com um nível de consumo superior a 20% da sua 
disponibilidade d´água. As estatísticas da OMM demonstram que, nos próximos 
30 anos, a situação global das reservas hídricas tende consideravelmente a 
piorar, caso não ocorram ações para melhoria da gestão da oferta e demanda 
de água. Segundo WMO (1997), nesse mesmo cenário, é previsto uma 
elevação para dois terços dos habitantes do planeta vivendo em áreas de 
moderado a alto stress hídrico. 
De acordo com pesquisas sobre a água no mundo pelo International 
Water Management Institute (IWMI), devido ao rápido crescimento populacional 
e aumento da renda per capita, o uso de água e consumo doméstico total no 
mundo aumentará em 71% dos quais mais de 90% será em países em 
desenvolvimento. Melhorias em conservação e tecnologia diminuirão o uso de 
água doméstico per capita em países desenvolvidos com o mais alto consumo 
de água per capita. 
Em função da relação entre escassez de água e escassez de alimentos, 
conforme relatório do IFPRI & IWMI (2002), projeta-se que em 2025 a escassez 
de água causará perdas anuais globais de 350 milhões de toneladas (metric 
tons) da produção de alimento - ligeiramente mais que a produção de grãos, 
anual, completa, dos Estados Unidos. Caso não se alterem políticas e 
prioridades, em vinte anos, não haverá água suficiente para as cidades, os 
domicílios, o ambiente natural ou cultivo de alimentos. A crescente competição 
por água limitará severamente sua disponibilidade para a irrigação, que, por 
sua vez, restringirá seriamente a produção de alimentos no mundo. O declínio 
na produção de alimentos poderia provocar a elevação absurda de preços, que 
resultaria em significativo aumento da desnutrição, já que muitospovos pobres, 
em países em desenvolvimento, já gastam mais da metade de sua renda em 
alimento. 
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Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 7 
 
Outro fator preocupante refere-se à disposição do crescimento da 
população, gerando aumento de demanda de água. Conforme BROWN (2002), 
a maioria das 80 milhões de pessoas que são adicionadas à população 
mundial a cada ano, está sendo adicionada em países que já sofrem escassez 
de água. A recuperação de um equilíbrio entre a oferta e a demanda da água, 
em todo o mundo, pode agora depender da estabilização populacional nos 
países com déficit hídrico. 
Segundo ONYANGO (2002), quando chegar ao ano 2025, a retirada de 
água para, principalmente usos domésticos, industriais e de pecuária, está 
projetada com um aumento de pelo menos 50%. O aumento limitará 
severamente a retirada de água para irrigação, que aumentará a produção de 
alimentos, por sua vez, em apenas 4%. 
Cerca de 250 milhões de hectares são irrigados no mundo hoje, quase cinco 
vezes mais do que no início do século XX. A irrigação tem ajudado a aumentar 
a produção dos campos agrícolas e estabilizar a produção e preços de 
alimentos. 
Mas o crescimento populacional apenas aumentará a demanda por mais 
água para irrigação, visando atender as necessidades de produção de 
alimentos. Por meio do manejo inadequado da irrigação, percebe-se o 
rebaixamento nos lençóis freáticos, danificação do solo e redução da qualidade 
da água. 
Além da escassez hídrica, que é grave em diversas regiões, deve-se 
considerar a questão da poluição concentrada e difusa de corpos hídricos. 
Processos de eutrofização, metais pesados, acidificação, poluentes orgânicos 
e outros efluentes tóxicos degradam os corpos hídricos de áreas densamente 
povoadas, comprometendo assim a qualidade da água. 
Segundo BEEKMAN (1996), como a demanda pela água continua a 
aumentar, o retorno das águas servidas e o seu reuso vem se tornando um 
componente importante no planejamento, desenvolvimento e utilização dos 
recursos hídricos, tanto em regiões áridas, como em regiões úmidas. A 
utilização das águas servidas para propósitos de uso não potável, como na 
agricultura, representa um potencial a ser explorado em substituição à 
utilização de água tratada e potável. 
Por meio do planejamento integrados dos recursos águas naturais e 
águas servidas, a reutilização pode propiciar suficiente flexibilidade para o 
atendimento das demandas de curto prazo, assim como, assegurar o aumento 
da garantia no suprimento de longo prazo. 
Assim, o reuso de água para diversos fins, incluindo o da irrigação, 
surge então como alternativa para aumentar a oferta de água, garantindo 
economia do recurso e racionalização do uso desse bem. Diversos países já 
utilizam essa tecnologia e possuem regulamentação específica na temática. 
Porém o Brasil ainda está em fase embrionária na efetivação e regulamentação 
da técnica, com grande potencial de crescimento. 
 
 
 
 
 
 
 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 8 
 
3. ESTUDO DA RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA E CLIMA. 
 
As plantas dependem da interação entre sua constituição genética e as 
condições ambientais, especialmente água, clima e solo, para o seu 
crescimento e desenvolvimento. 
Portanto, o estudo sobre a interação clima-água-planta deve ser o ponto de 
partida, quando se visa ao aumento da eficiência da produtividade agrícola e 
constitui o aspecto mais importante em qualquer atividade que envolva o uso 
eficiente dos recursos hídricos. 
Monteith, em 1958, já comentava que a agricultura é um processo de 
exploração dos recursos climáticos, representado principalmente pela radiação 
solar, com a participação da planta no meio aquoso. 
Nesse sentido, é importante enfatizar que as plantas requerem grandes 
quantidades de água, principalmente quando as condições climáticas são 
favoráveis a seu crescimento e desenvolvimento. Diariamente, uma folha de 
uma planta, em crescimento ativo, pode consumir de cinco a dez vezes a 
quantidade de água que ela pode reter. A cultura do trigo, por exemplo, em 
condições médias de produtividade, consome em torno de 1000 kg de água 
para produzir apenas um quilograma de trigo. Portanto, somente uma pequena 
fração dessa água é retida pelo vegetal, sendo que sua quase totalidade perde-
se para a atmosfera, durante o fenômeno da evapotranspiração (ET). Na 
maioria das plantas cultivadas, 80% ou mais de seu peso verde corresponde 
ao peso de água envolvida, ou impregnada na célula vegetal. A transpiração 
representa um papel muito importante no ciclo da água das culturas. 
De acordo com Rosenberg et al. (1983), apenas 1% da água líquida 
disponível absorvida pelas plantas é, realmente, envolvida em atividades 
metabólicas. A maioria da água absorvida pelas raízes das plantas evapora-se 
no ar. 
A transpiração é um processo consumidor de energia, que modera a 
temperatura da folha sujeita a radiação solar ou outras fontes de energia. Uma 
planta, em crescimento ativo, absorve a água armazenada do solo e a 
transporta, na fase líquida, até as folhas. Neste ponto, se os estômatos 
estiverem abertos, o movimento d’água processa-se na fase de vapor 
dependendo, principalmente, do estado físico da atmosfera local, isto é, dos 
processos turbulentos da mistura do ar circundante ao redor do dossel foliar da 
planta. Se a superfície do solo estiver totalmente coberta por vegetação, 
apenas uma pequena parte da água alcança a atmosfera pela evaporação 
direta da água do solo, ou da água depositada diretamente nas folhas pela 
chuva, pela irrigação por aspersão ou pelo orvalho. 
No aspecto puramente físico, a planta funciona de forma semelhante a 
um sistema hidráulico, pois utiliza as diferenças de sucção d’água entre o solo 
e a planta e lança-a na atmosfera circundante. Neste processo, o estado físico 
da atmosfera é dominante, isto é, fonte de energia para o processo de 
movimentação d’água do solo até a atmosfera passando pelo interior da planta. 
A energia, proveniente do ar aquecido ou da radiação solar sobre a superfície 
das plantas, gera uma diferença na pressão de vapor entre o ar e as plantas. 
Quando a sucção exercida pelo ar quente é menor do que a sucção da 
umidade na planta, o movimento de água em seu interior cessa, os nutrientes 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 9 
 
em solução do solo não são absorvidos pelo sistema radicular e, 
consequentemente, a planta não desenvolve. 
Depois que os diversos materiais em solução terem sido transportados 
para o seu destino, no interior da planta, a água simplesmente evapora através 
dos estômatos (minúsculos poros das folhas) e cutículas. Este processo, em 
que as plantas perdem água para a atmosfera circundante, é conhecido como 
transpiração (T) e exerce papel muito importante no controle térmico das 
plantas. Dentro de certos limites, ao transpirar as plantas resfriam-se devido à 
utilização de energia térmica para o processo de mudança de fase da água, o 
que previne danos fisiológicos gerados pelas altas temperaturas. A água 
exerce ainda atividades físicas, como a ação mecânica no alongamento celular, 
e química, como reagente em inúmeras reações metabólicas dentre as quais a 
própria fotossíntese. 
Estudos também tem mostrado que a produção de uma cultura é 
diretamente proporcional à sua taxa de transpiração. Como um fator importante 
no balanço de energia, a transpiração representa uma medida significativa do 
rendimento da cultura. Para realizar o processo de transpiração, as plantas 
transportam a água do solo e a lançam na atmosfera. 
Neste processo, a água é utilizadacomo meio de transporte de sais 
minerais da solução do solo para o tecido da planta, onde é utilizada na 
fotossíntese. Os carbohidratos são translocados, em solução, e armazenados 
em diversos órgãos, tais como: sementes, raízes ou tubérculos. 
As plantas reduzem a taxa de ET, automaticamente, quando a taxa de 
absorção d’água do solo, pelo sistema radicular, torna-se menor que a taxa de 
transpiração. Elas fecham seus estômatos à medida que o teor de umidade, no 
tecido da folha diminui. Esse fechamento dos estômatos inibe a penetração de 
CO2 no interior das folhas restringindo o processo de fotossíntese e, 
consequentemente, o crescimento celular. Portanto, uma redução na 
transpiração significa, também, uma redução na produção. Existe, então, uma 
estreita relação do intercâmbio de CO2 e de O2 com o fluxo de vapor d’água 
liberado para a atmosfera. Neste sentido, as plantas com altas taxas de 
consumo de água, devido principalmente ao componente transpiração da ET, 
apresentam, também, altas taxas de absorção de CO2 durante a fotossíntese. 
 Assim, elevados consumos de água significam, implicitamente, alta 
produtividade fotossintética. 
Portanto, a taxa de evapotranspiração, que é traduzida na quantidade de água 
transpirada pela planta, mais a água evaporada diretamente da superfície do 
solo ou da superfície da planta, pode ser um indicativo da necessidade de água 
na irrigação e da estimativa da produtividade das culturas. 
Conforme exposto, há necessidade de estudos sobre metodologias que 
possibilitem avaliar os componentes da transpiração pelas plantas visando à 
obtenção da quantidade real de água necessária às culturas. Além disso, 
qualquer programa de pesquisa, envolvendo manejo de água em agricultura 
irrigada, deve priorizar os métodos de estimação da evapotranspiração, no 
sentido de se entender sua variação espacial na aplicação correta de água, 
especialmente com a identificação dos componentes do balanço de água para 
aumentar a eficiência de uso de água numa propriedade irrigada. 
A taxa com que a folha da planta perde água para a atmosfera, no 
processo de ET, depende do gradiente de concentração de vapores entre a 
saturação de vapores no mesófilo da célula e da atmosfera circundante. A 
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 
 
Curso Técnico em Fruticultura – Irrigação e Drenagem Página 10 
 
pressão de vapor d’água no mesófilo da célula depende da temperatura da 
folha que, por seu turno depende do saldo de balanço de energia que atinge a 
superfície da folha. Os dois mecanismos, balanço de energia e taxa de 
transpiração, operam interdependentemente até alcançarem um equilíbrio para 
dada condição climática. 
No caso de suprimento inadequado de água às plantas, por déficit, 
resultará em uma concentração de vapor d’água, no mesófilo da folha, menor 
que a saturação. Tal fato implica uma taxa de transpiração menor que o 
máximo admissível, o qual ocorre quando o suprimento de água é inadequado. 
Comumente, acredita-se que o processo de evapotranspiração é proporcional 
ao déficit de pressão de vapor no ar. Isto é verdade, somente quando a 
temperatura do ar for exatamente igual àquela temperatura da superfície 
evaporante. Tal condição é, raramente, observada na natureza e, quando 
ocorre, o fenômeno processa-se num intervalo de tempo bastante reduzido, 
isto é, em minutos. Na falta dessa igualdade de temperatura, entre a 
temperatura da superfície e a temperatura do ar, a evapotranspiração é 
proporcional ao gradiente de pressão de vapores entre a superfície evaporante 
e o ar. 
A transpiração da água pela planta difere da evaporação de uma 
superfície de água livre. 
A transpiração é um processo difusivo, podendo ser analisada em 
termos de resistência a difusão e transporte turbulento de vapor no ar 
atmosférico. Na transpiração, incluem-se as resistências à difusão em razão da 
geometria interna da folha, da abertura dos estômatos e difusão através das 
cutículas. Tais resistências não são observadas na evaporação de superfícies 
de água-livre. 
Fisicamente, a evaporação é um processo difusivo, parte turbulento e 
parte molecular. 
O processo turbulento é o mecanismo dominante na atmosfera, exceto 
na subcamada laminar, isto é, nas proximidades de superfícies nas quais o 
processo é, predominantemente, molecular. A resistência à difusão de vapores, 
através das folhas, depende da espécie de planta, da morfologia foliar e 
intensidade do brilho solar. Sob iluminação adequada, os estômatos abrem-se 
naturalmente e a resistência à difusão dependerá das espécies vegetais 
cultivadas. A resistência aerodinâmica do ar circundante à folha aumenta 
exponencialmente para baixos valores de velocidade do vento. 
Em condições de vento moderado e brilho solar intenso, para uma folha, 
isoladamente, os valores típicos de resistência à difusão variam de 3,0 até 10,0 
s.cm-1. Em situações de ausência de ventos, a resistência varia de 4,0 até 12,0 
s.cm-1 Valores elevados de resistência são normais para baixa intensidade de 
luz, ou quando é formado um dossel foliar denso. 
A temperatura foliar depende do nível da radiação solar, da convecção de calor 
e da transpiração. Normalmente, no fotoperíodo a temperatura da folha pode 
chegar a 10°C superior a temperatura do ar, enquanto a das folhas 
sombreadas são, alguns graus, inferior à temperatura do ar. É claro que, 
quanto mais aquecida for a folha (dentro de certos limites) maior será a taxa de 
transpiração. Assim, a estimativa da ET de uma planta, ou plantas, tem sido um 
problema particularmente difícil em virtude da natureza da formação do dossel 
da planta. 
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Quando o objetivo consiste em estudar os fatores que afetam a ET, 
associados à comunidade de plantas, vários parâmetros devem ser 
considerados. Penman (1965), definindo a evapotranspiração potencial (ETp), 
argumentava que no caso de diferentes espécies de plantas de porte pequeno 
e denso, em crescimento ativo em extensas áreas, transpirando sob condições 
de suprimento adequado de água no solo, as evapotranspirações de diferentes 
culturas são, virtualmente, idênticas. Além disso, Penman enfatizava dois 
pontos básicos à sua posição: a) “em diferentes espécies de plantas cobrindo 
extensivamente a superfície do solo e apresentando coloração similar, isto é, o 
mesmo coeficiente de reflexão, a ET é a mesma independentemente dos tipos 
de planta e solo; b) a ET é determinada pelas condições do tempo, dominantes 
na região”. Tais argumentos, entretanto, referem-se somente à ET potencial, 
isto é, para condições de suprimento adequado de água no solo. 
Muitas plantas de importância agronômica não apresentam cobertura 
completa, pelo menos durante um período da estação de crescimento. Assim, 
espera-se que a evapotranspiração do ciclo vegetativo da cultura seja menor 
que a soma da ET potencial, para a duração equivalente do ciclo de uma 
cultura anual. Algumas culturas, como o abacaxi, por exemplo, não podem ser 
enquadradas na formulação generalizada de Penman. Uma cultura de 
abacaxizeiro, mesmo quando cultivada densamente e em umidade adequada 
do solo, tem apresentado uma ET menor que o valor da ETp (padrão grama). 
Esta diferença deve-se aparentemente às características dos estômatos 
do abacaxizeiro, que geralmente estão abertos à noite e fechados durante o 
dia, sendo exatamente o oposto para a grande maioria dos cultivos agrícolas. 
Várias razões levam a acreditar que os valores de ET potencial não podem ser 
exatamente os mesmos para diferentes culturas. Dentre elas podem ser 
mencionadas: a)diferentes coeficientes de reflexões; b) diferentes propriedades 
de transferência de energia no dossel da comunidade de plantas; c) diferentes 
influências sobre a turbulência atmosférica;d) a transpiração cessa durante a 
noite, em virtude do fechamento dos estômatos, implicando que as plantas 
podem ter diferentes características de fechamento estomatal, etc. 
Baseado no exposto, algumas propriedades específicas da comunidade 
de plantas, que influenciam a evapotranspiração, são: espécies de plantas, 
influência da reflexão da luz solar pelas plantas, influência da arquitetura foliar, 
taxa de crescimento e cobertura do solo, população de plantio, espaçamento 
entre fileiras, orientação, altura da espécie cultivada, profundidade e densidade 
do sistema radicular, estádio de crescimento, dentre outros. 
Por outro lado, a estrutura complexa dos processos turbulentos, no 
interior e na parte acima do dossel vegetativo, associada ao fenômeno da 
partição do saldo de energia radiante bem como à própria fisiologia das 
plantas, não deixa margem para uma interpretação puramente física do 
processo de evapotranspiração, sem a necessária padronização do tipo de 
vegetação envolvida. 
Em resumo, pode-se afirmar, com muita segurança, que diferentes 
comunidades de plantas apresentam diferentes taxas de evapotranspiração, 
especialmente até atingirem um grau de cobertura do solo correspondente a 
50% da cobertura completa. Durante este período, na maioria dos cultivos 
irrigados, a ET é menor do que quando a cobertura é maior, principalmente em 
razão do decréscimo da taxa de evaporação da água diretamente da superfície 
do solo exposta à radiação solar. Entretanto, parece existir apenas pequenas 
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diferenças na ET, entre cultivares após um grau de cobertura superior a 50% 
até à maturação. 
Basicamente, existem três razões para que a ET seja menor do que a 
evaporação da água-livre: 1) o elevado valor do albedo da vegetação; 2) o 
fechamento dos estômatos da planta e 3) a impedância difusiva dos estômatos. 
É comum admitir que a ET corresponde, aproximadamente, 75% da 
evaporação da superfície de água livre. Assim, os fatores relativos à própria 
planta, que afetam a ET ou o consumo de água, são vários e extremamente 
complexos. 
O tipo de solo, o teor de umidade disponível e as práticas culturais são 
responsáveis também, pelo comportamento da taxa de ET em razão, 
principalmente, da interação com as condições microclimáticas das plantas 
agronômicas. 
Na ausência de cobertura vegetal, a evaporação direta da umidade do 
solo constitui a ET. Nestas circunstâncias, o processo evaporativo da água do 
solo pode ser estudado em três fases, conforme o teor de umidade: a) a 
velocidade da evaporação é constante e não depende da umidade do solo, 
quando a umidade é relativamente alta; consequentemente, as condições 
atmosféricas governam esta fase; b) logo que a umidade é reduzida, a 
velocidade de evaporação é função linear da umidade média do perfil e, neste 
caso, a condutividade hidráulica do solo rege a evaporação; c) a velocidade de 
evaporação, em condições de baixa umidade, perde a linearidade e ocorre o 
movimento lento de água no perfil, em consequência das forças de adsorsão 
entre a água e as partículas sólidas do solo. Portanto, a evaporação depende 
das propriedades físicas e tipo de solo, que transmite a água até à superfície, 
vagarosamente, para atender à demanda de ET induzida pelas condições 
atmosféricas, sendo que a característica da camada superficial do solo 
representa a zona crítica determinando a taxa de ET. 
Quando a superfície está coberta por vegetação em crescimento, tanto o 
mecanismo de transpiração da planta quanto o de evaporação da água do solo 
operaram simultaneamente como fontes de vapor. Neste caso, tanto a 
evaporação quanto a transpiração são balanceadas, na tentativa de satisfazer 
a demanda potencial da atmosfera. 
No instante em que a capacidade do solo em conduzir água até à 
superfície torna-se menor que a demanda evaporativa da atmosfera, a 
superfície torna-se seca e desenvolve uma distribuição parabólica do teor de 
umidade no perfil do solo. A taxa com que o solo supre a demanda evaporativa 
é controlada então pela interação entre o teor de umidade e a condutividade 
hidráulica, a fim de caracterizar a função de difusão de água no solo. 
A cor do solo, a exposição da encosta, a rugosidade da superfície e os 
resíduos agrícolas na superfície promovem diferentes graus de absorção de 
energia radiante. As encostas voltadas para o Norte (no Hemisfério Sul) 
recebem, em média, muito mais incidência da radiação solar global (direta mais 
difusa) do que uma encosta de exposição Sul. 
O saldo de radiação absorvida pelo solo é utilizado de três formas 
distintas: a) elevar a temperatura da massa do solo (calor sensível do solo); b) 
evaporar a umidade do solo (calor latente de evaporação); e c) aquecer 
diretamente o ar circundante da atmosfera (calor sensível do ar). Vale lembrar 
que o próprio calor sensível do solo pode ser utilizado, parcialmente, na 
evaporação da umidade do solo. Dessa forma, a densidade do solo, a 
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composição mineral e o teor de umidade são fatores a considerar, pois eles 
controlam as difusividades hidráulica e térmica do solo e, consequentemente, a 
ET. 
Conforme discutido anteriormente, a evaporação é, de alguma forma, 
determinada pelo teor de umidade disponível no perfil do solo. Assim, certas 
práticas culturais, como a irrigação, cujo objetivo consiste em reabastecer o 
solo de água para torná-la disponível às plantas, podem afetar a taxa de 
evapotranspiração. Quando o intervalo entre irrigações é estendido, a 
superfície do solo torna-se seca criando, então, uma barreira que restringe a 
evaporação. Em contrapartida, a alta frequência de irrigação mantém o teor de 
umidade no perfil do solo próximo à capacidade de campo e, 
consequentemente aumenta a quantidade de água utilizada pela cultura. 
Os dados de ET são parâmetros muito importantes ao estudo da 
economia de água em reservatórios expostos, à secagem natural de produtos 
agrícolas, além de constituirem um elemento de grande influência ecológica. 
Informações quantitativas sobre a evaporação e a transpiração são 
necessárias aos vários campos técnico-científicos voltados para os numerosos 
problemas do manejo de água. 
Conhecendo o consumo de água pela cultura e considerando a chuva e 
as perdas operacionais, torna-se possível dimensionar o canal, a tubulação, o 
armazenamento e a capacidade de bombeamento do sistema de irrigação. 
Ainda, relativamente à irrigação, uma grande economia de água pode 
ser obtida, evitando-se parte da evaporação nos canais de irrigação e, 
principalmente, não permitindo sua aplicação em quantidade inferior àquela 
exigida pelas culturas irrigadas. Tal procedimento tem a conveniência adicional 
de evitar que os terrenos salinizem, o que constituiria um prejuízo para a 
região. Caracteriza-se, assim, a importância fundamental de se conhecer a ET, 
com a máxima fidelidade possível, em culturas irrigadas. 
O conhecimento das características de retenção d'água pelo solo e da 
intensidade do consumo de água pela cultura, é fundamental aos projetos do 
sistema de capitação, armazenamento de água e planejamento da irrigação. 
Dados confiáveis de ET são também necessários ao planejamento, construção 
e operação de reservatórios de água. 
Na maioria dos projetos de irrigação, a captação e a elevação do nível da 
água são fatores relevantes, visto que o alto custo da energia encarece o 
manejo da irrigação; com isso, torna-se necessário a utilização, 
economicamente otimizada, da água. Quanto melhor for o conhecimento do 
valor da ET, melhor será o manejo da irrigação e a quantificação da água a ser 
aplicada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. QUALIDADES DA ÁGUA PARA A IRRIGAÇÃO 
 
A agricultura irrigada necessita de água em quantidade e qualidade, 
entretanto o aspecto de qualidade era desprezado no passado, devido à 
existência de água em abundância, de boa qualidade e de fácil utilização pelo 
irrigante. 
Atualmente, a qualidade da água para a irrigação é uma ferramenta 
importante, através dessa informação sabe-se o tipo de cultura a ser irrigada e 
os problemas com o equipamento de irrigação devido à obstrução física ou 
química dos orifícios, principalmente em sistemas de irrigação localizada que 
apresentam orifícios de pequeno diâmetro e são obstruídos por partículas 
sólidas (silte e argila) e também por microrganismo como algas e bactérias. 
A qualidade da água para a irrigação está relacionada com a operação 
do equipamento utilizado no sistema. Pela análise da água é possível saber se 
a água utilizada pode danificar o sistema de irrigação ou não. Um exemplo é a 
corrosão e a incrustação que são prejudiciais aos equipamentos de irrigação e 
por esse motivo a análise da água pode definir o material de fabricação dos 
equipamentos e o sistema de irrigação utilizado. 
Nakayma e Bucks (1986, p. 142-143) relataram que as variáveis físicas, 
químicas e biológicas que estão relacionadas com risco de obstrução segundo 
a qualidade da água de irrigação, são: os sólidos suspensos e dissolvidos, pH, 
ferro total, manganês, sulfito de hidrogênio e população de bactérias. 
Para a avaliação da qualidade da água para a irrigação devem ser definidos 
padrões e critérios das variáveis físicas, químicas e biológicas e os riscos de 
danos que essas interferem nos sistemas de irrigação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. MEDIÇÃO, CAPTAÇÃO E CONDUÇÃO DA ÁGUA PARA 
IRRIGAÇÃO 
 
 
A captação deverá ser construído de forma a otimizar a qualidade da 
água, aliviando o sistema de filtragem. Com estes cuidados garantiremos o 
bom funcionamento dos filtros, evitando perdas de água com retro lavagens 
demasiadas durante o funcionamento. 
 
 
 
Neste caso da foto acima existe um pré-filtro que tem a função também 
de tranquilizar a água que alimenta o reservatório onde está a sucção. Um pré-
filtro, que tem mais a função de tranquilizar a água deve ser construído de 
alvenaria, com paredes dupla na entrada, de tijolo de 8 (oito) furos, dispostos 
frontalmente, permitindo a passagem da água, ou com telas de aços, de 
orifícios, de modo que entre as duas paredes recebam seixos rolados, ou brita. 
Caso a sucção seja feita diretamente do açude, rio, lago, etc., protejam a 
válvula de pé com uma tela ou com tubos de concreto. 
Deve-se evitar a instalações diretamente no veio sem as devidas 
proteções, que evitariam a sucção de impurezas para dentro do sistema. 
 
A figura abaixo mostra uma instalação indesejável 
 
 
 
 
 
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O local da captação é definido conforme as características locais do 
projeto, da estrutura do terreno e da fonte de água. Algumas regras gerais a 
serem observadas. 
 
(a) Construa uma base sólida e profunda para a casa de bombas e uma 
pequena base do tamanho da moto bomba. O piso deve ser inclinado para um 
dreno evitando acúmulo de água. Construa as paredes prevendo ventilação. 
 
(b) A base deve ser o mais próxima da água possível, reduzindo ao máximo o 
comprimento e a altura da sucção, porém sem expor a(s) moto bomba(s) a 
riscos de inundações. 
 
(c) Proteja a casa de bombas com drenos e vegetação rasteira. 
 
(d) A instalação da (s) moto bomba (s) deve ser, sempre que possível, no 
sistema "afogado", ou seja, com a tubulação de sucção abaixo do nível da 
água no tanque ou reservatório, o que evita a instalação da escorva e da 
válvula de pé, aumenta o rendimento de funcionamento, reduz o consumo de 
energia, evita a cavitação e torna a operação mais simples. 
 
(e) Sempre que possível, evite captar a água diretamente do rio, açude, lagoa, 
lago, etc., fazendo a água chegar a um tanque ou reservatório operativo por 
gravidade por um canal de aproximação transversal ao fluxo da água. 
 
(f) É recomendável, sempre que possível, construir um tanque de decantação, 
que além de pré-filtrar a água, serve como reservatório operativo e facilita a 
instalação da(s) moto bomba(s) principais do sistema. A planta para orientação 
na construção do tanque de decantação está anexa a este manual. Escolha as 
dimensões de acordo com a vazão de funcionamento do sistema. 
 
(g) A(s) moto bomba(s) deve ser chumbada a pequena base de concreto 
construída sobre o piso, com elevação suficiente para proteger de eventuais 
alagamentos. Pode-se usar uma borracha para absorver trepidações e ruídos. 
 
(h) A(s) moto bomba(s) deve(m) ser instalada(s) de modo a reduzir ao máximo, 
curvas e derivações desnecessárias, principalmente na sucção, pelo aspecto 
estético e principalmente para um melhor desempenho. 
 
(i) Ancore bem toda a tubulação de sucção e de recalque. 
 
(j) Nunca dispense a válvula de retenção. Ela protege o conjunto moto bomba. 
 
(k) Nunca dispense o manômetro. Ele é essencial para a operação e para a 
identificação de problemas. Os manômetros de glicerina são melhores e não se 
alteram com a vibração do motor. 
(l) As curvas de sucção e recalque devem ser tão suaves quanto possível. 
Prefira se possível, duas curvas de 45º a uma de 90º. 
 
 
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Construções simples melhoram a captação de água em rios, lagos e lagoas, 
como o uso de tubulação de concreto. 
 
 
 
 
 
Medidas Preventivas com a sucção: 
. Observar sempre se está ocorrendo entrada de ar; 
. Observar sempre a altura em relação ao leito da fonte; 
. Observar sempre o nível da água no poço de sucção; 
. Sempre que possível fazer um pré-filtro na entrada da tomada de água; 
. Sempre ligar sistema depois de garantir que a tubulação de sucção está 
cheia. 
 
Tubulação responsável pela condução da água da captação até a área a 
ser irrigada. Pode ser composta de tubos de PVC, aço zincado, alumínio ou 
ferro fundido. Em sistemas de irrigação localizada os tubos de PVC são mais 
utilizados, desde que a pressão permita seu uso. 
 
As cores dos tubos e conexões de PVC são convenções para 
identificação fácil da finalidade de uso. Consulte as normas da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas e Utilize somente produtos normalizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Um sistema de irrigação utiliza tubos e conexões de PVC azuis da linha 
de irrigação. Havendo necessidade de complementar com itens inexistentes na 
linha de irrigação, utilizam-se itens da linha de construção civil e da linha 
roscável branca. No entanto, existem certas diferenças de diâmetros internos e 
externos entre as diferentes linhas que devem ser consideradas. 
 
 
Relações de diâmetros importantes: 
 
Convenciona-se utilizar "mm" como unidade de diâmetro de tubos e de 
conexões soldáveis e "polegadas" para tubos e conexões roscáveis. A 
correspondência acima pode ser observada nas conexões roscáveis soldáveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. MÉTODOS E TIPOS DE IRRIGAÇÃO 
 
A utilização da irrigação nas culturas deve basear-se na viabilidade 
técnica e econômica do projeto (Mantovani, 1996), bem como nos benefícios 
sociais advindos com sua aplicação. 
Não existe, como regra geral, um sistema de irrigação mais adequado 
do que outro, uma vez que cada sistema apresenta características próprias, 
com custos variáveis, vantagens e desvantagens, adequando-se 
diferentemente às condições locais (Marouelli e Silva, 1998). 
 
Os principais sistemas de irrigação em uso são: 
 
a) Superfície: utiliza o próprio solo para condução e distribuição da água. 
Classifica-se em sulcos, faixas, inundação e subsuperficial. 
São abertos pequenos sulcos paralelos à fileira de árvores, com declividade 
variando desde próximo a zero até 2%, de tal forma que a água, ao longo do 
tempo, infiltra-se no fundo e nas laterais do sulco e, pela movimentação lateral 
e vertical, fornece água suficiente ao desenvolvimento da cultura. A magnitude 
desta movimentação depende da textura do solo. 
 
 
Esse método apresenta três características importantes: irriga apenas 
parte do terreno, é o que tem menor custo de implantação e utiliza maiores 
quantidades de água. A implantação dos sistemas de irrigação por sulcos 
requer terrenos relativamente planos. As fruteiras devem ser plantadas 
obedecendo-se a declividade, comprimento e disposição compatíveis, que 
serão utilizadas na construção dos sulcos. Os solos mais indicados para sua 
utilização são aqueles que não apresentam elevadas taxas de infiltração, que 
favorecem as perdas de água por percolação. Solos sob cerrado, possuem 
elevado grau de agregação e, mesmo quando argilosos, possuem 
comportamento semelhante ao de um solo arenoso, favorecendo as perdas por 
percolação. Para minimizar essas perdas é necessário diminuir o comprimento 
dos sulcos, o que termina por aumentar a mão-de-obra no manejo do sistema. 
As perdas que ocorrem no final dos sulcos, quando não controladas, 
contribuem de maneira significativa para o aumento do consumo de água 
nesse sistema. Para diminuir as perdas pode se utilizar o fluxo intermitente na 
aplicação da água no sulco ou a redução da vazão ao longo da aplicação 
(Bernardo, 1988). 
 
 
 
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Outras características deste sistema de irrigação, de acordo com 
Frizzone (1993), que se mostram interessantes na fruticultura são: 
I) não depende do porte da cultura e da ocorrência de ventos; 
II) água de baixa qualidade física, química ou biológica não impõe severas 
restrições a sua utilização, uma vez que, em geral, a água não entra em 
contato direto com as partes vegetais consumidas in natura. Também não 
existem dispositivos muito sujeitos à obstrução física; 
III) não interfere em esquemas de tratamento fitossanitários sistemáticos, pois 
não molha a parte aérea das plantas; 
IV) apresenta suficiente capacidade para superar eventuais problemas 
operacionais, não dependendo de assistência técnica para equipamentos, 
exceto para o conjunto moto-bomba quando presente; 
V) o dimensionamento deste sistema exige ensaios de campo, que somente 
após análise intensiva, revelam dados que permitem definir parâmetros para o 
projeto. 
A eficiência de irrigação no sistema de sulcos varia de acordo com a textura do 
solo, topografia do terreno e aspectos construtivos e de manejo, sendo 
normalmente inferior a 70%, com valores típicos entre 30 e 50%. 
 
b) Aspersão: os sistemas de irrigação por aspersão aplicam a água sob a 
forma de chuva artificial sobre o solo e a cultura, através de mecanismos 
pressurizados, denominados aspersores. 
Os principais tipos de sistemas de aspersão são: 
convencional (portátil, semi-portátil e fixo), pivô central, lateral móvel, 
autopropelido e ramal rolante. 
A grande adaptabilidade destes sistemas às diferentes condições do 
terreno, solos e culturas, explicam a grande disseminação desses sistemas. 
Condições climáticas em que predominam ventos fortes, umidade relativa do ar 
baixa e temperaturas elevadas provocam perdas elevadas quando se utilizam 
sistemas aspersão e neste caso a irrigação deve ser feita em períodos de 
menor intensidade destas variáveis. O molhamento da parte aérea das plantas 
afeta o uso de agrotóxicos. 
 
b.1. Sistemas de aspersão convencional 
Um aspecto importante na utilização de sistemas de aspersão 
convencional na fruticultura é a escolha dos aspersores, uma vez que a copa 
das plantas pode representar uma barreira ao jato de água afetando a 
uniformidade de distribuição da água e a eficiência da irrigação. O impacto do 
jato de água pode, também, provocar a queda de folhas, flores e frutos em 
desenvolvimento e mesmo danos mecânicos nas plantas, dependendo da 
pressão de serviço utilizada. Essas observações não são válidas no caso do 
abacaxizeiro, que é uma cultura de baixo porte. 
 
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Danos nas folhas de bananeiras causados pelo impacto da água de aspersor. 
 
Segundo Buchele e Silva (1992) e Ramos e Mantovani (1994) os 
aspersores podem ser classificados quanto à pressão de operação e raio de 
alcance em: 
a) aspersores de pressão muito baixa (microaspersores): possuem pressão de 
serviço entre 4 e 10 metros de coluna de água (mca) e pequeno raio de 
alcance, adaptando-se a utilização em pequenas áreas e culturas 
permanentes; 
b) aspersores de pressão de operação baixa: operam com pressão de serviço 
entre 10 e 20 mca, com raio de alcance entre 6 e 18 m; 
c) aspersores de pressão de operação média: trabalham com pressão de 
serviço entre 20 e 40 mca e raio de alcance entre 12 e 30 m; 
d) aspersores gigantes ou canhões hidráulicos: representam os aspersores de 
grande porte que operam com pressões acima de 40 mca e raio de alcance 
que pode atingir 75 m. Esses aspersores permitem maior espaçamento entre 
linhas, porém apresentam elevado consumo de energia em função da pressão 
de operação. 
Na escolha do aspersor a ser utilizado deve-se observar os seguintes 
pontos: 
a) a taxa de aplicação de água deve ser sempre inferior à velocidade de 
infiltração básica do solo, evitando-se o escorrimento superficial; 
b) para fruteiras que apresentam copa alta e flores e frutos sensíveis à queda é 
interessante a utilização de aspersores denominados sob-copa. Estes possuem 
ângulo de inclinação dos bocais menores, cerca de 6° e permitem melhor 
uniformidade de distribuição da água; 
 
 
Exemplo do uso de aspersor sob-copa. 
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c) ângulos dos bocais próximos de 30° devem ser utilizados em condições de 
ventos fracos e para proporcionar gotas mais finas, próprias para culturas mais 
sensíveis. As linhas laterais devem ser dispostas em nível, no sentido 
perpendicular à direção predominante dos ventos. Uma indicação geral que 
pode ser adotada quanto ao espaçamento entre aspersores é a utilização de 
valores entre 0,25 e 0,5 do diâmetro de cobertura do aspersor e, para a 
distância entre laterais, esse valor não deve exceder a 0,65 do mesmo 
diâmetro (Olitta, 1988). 
 
b.2. Sistemas de pivô central 
Os sistemas de pivô central irrigam áreas de formato circular, permitem 
a irrigação de grandes áreas e possuem elevado grau de automatização, 
operando com mão-de-obra reduzida. Em regiões do país (GO, SP e MG) 
sistemas que foram utilizados algum tempo para produção de culturas de 
grãos, hoje estão ocupados irrigando mamoeiro, goiabeira, abacaxizeiro e 
outras culturas.Pivô central irrigando uma lavoura de goiaba. 
 
A principal limitação para o uso desse sistema em fruticultura é o vão 
livre do solo que varia entre 2,80 m e 3,80 m, o que pode limitar a utilização em 
culturas de porte mais elevado, como a mangueira por exemplo. 
 
c. Sistema de irrigação localizada 
São sistemas que aplicam a água diretamente sobre o solo ou próximo a 
ele, em baixo volume e alta frequência. Em função disso, a umidade do solo 
varia pouco, criando um ambiente propício ao desenvolvimento das plantas. Os 
principais tipos de irrigação localizada são a microaspersão e o gotejamento. 
Dentre os sistemas citados, esse é o que permite maior economia no 
uso da água. 
Outras características importantes dos sistemas de irrigação localizada 
são a alta eficiência de irrigação (80 a 95%), economia de energia (opera com 
baixas pressões), utilização da fertirrigação, possibilita menor infestação de 
plantas invasoras (irriga apenas uma parte do terreno), é pouco afetada pelo 
vento e proporciona facilidade para automação. 
Ressalta-se também a grande adaptabilidade destes sistemas aos 
diferentes tipos de solo, à topografia do terreno e às diversas fruteiras 
cultivadas. No Brasil são irrigados, atualmente, com sistemas localizados o 
limoeiro da variedade Tahiti (microaspersão e gotejamento), maracujazeiro 
(gotejamento), tangerineira (microaspersão e gotejamento), abacaxizeiro 
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(gotejamento), gravioleira (gotejamento), aceloreira (gotejamento), bananeira 
(microaspersão), goiabeira (microaspersão) e a laranjeira (gotejamento) e a 
videira (microaspersão). 
O principal limitador da utilização desses sistemas são os custos iniciais 
de implantação, em geral mais elevados do que os demais sistemas. Isso 
ocorre porque tratam-se de sistemas fixos, cujas laterais, geralmente em 
número igual às linhas da cultura, são dispostas paralelamente à linha da 
cultura e necessitam de sistemas de filtragem eficientes. Quando comparado, 
por exemplo, ao sistema de aspersão deve-se levar em conta o espaçamento 
da cultura no qual o sistema será utilizado e nesse caso para o uso em 
fruticultura tem-se uma situação bastante favorável, pois utilizam se maiores 
espaçamentos entre linhas e consequentemente custos de implantação que 
são compatíveis com os da aspersão convencional fixa. Também a existência 
de um grande número de fornecedores, a diversidade de equipamentos 
disponíveis e as adaptações realizadas, permitem a montagem de sistemas 
com custos menores. 
A abaixo mostra uma instalação típica de um sistema de irrigação por 
gotejamento. 
 
 
Um aspecto positivo quase sempre associado ao uso da irrigação 
localizada é a aplicação de fertilizantes via água de irrigação (fertirrigação). 
Essa prática permite melhor aproveitamento dos fertilizantes aplicados, 
parcelamento das doses de acordo com as necessidades das culturas e da 
expectativa de produção e melhor precisão na distribuição de adubos entre 
outras vantagens. 
Diversos métodos podem ser utilizados para a injeção de fertilizantes, 
sendo os mais comuns o uso de tubo de venturi e bombas injetoras. Os 
injetores tipo venturi são de baixo custo e de uso bastante comum na 
fruticultura. 
A figura abaixo mostra um injetor desse tipo. Para o adequado 
funcionamento dos sistemas de irrigação localizada é indispensável a utilização 
de sistemas de filtragem eficientes e compatíveis com as características dos 
emissores utilizados e da qualidade da água de irrigação. Os tipos de filtros 
mais comuns são: areia, tela e discos. 
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Injetor de fertilizantes tipo venturi. 
 
Os filtros de areia retêm partículas maiores e material orgânico 
presentes na água de irrigação e devem ser sempre o primeiro filtro do 
sistema. 
 
Conjunto de filtros de areia. 
 
 
A limpeza desses filtros é realizada invertendo-se o sentido do fluxo de 
água no sistema, procedimento conhecido como retro-lavagem. 
Os filtros de tela possuem como elemento filtrante uma tela de aço 
inoxidável ou nylon e são bastante eficientes na retenção de partículas sólidas. 
As dimensões das malhas utilizadas são normalmente designadas 
“mesh”, definidos como o número de malhas por polegada linear e variam de 
50 a 200 mesh. 
 
 
 
Filtro de tela, mostrando o elemento filtrante 
 
Os filtros de disco têm elemento filtrante composto por um conjunto de 
anéis, com ranhuras, sobre um suporte central cilíndrico e perfurado. A 
filtragem da água ocorre ao passar pelos condutos formados entre dois anéis 
adjacentes. 
 
Filtro de disco mostrando o elemento filtrante. 
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Os filtros de tela ou disco são de uso obrigatório nos sistemas de 
irrigação localizada e muitas vezes representam o único dispositivo de filtragem 
existente. 
Isso ocorre frequentemente nos sistemas de microaspersão, que são 
menos exigentes em relação à filtragem da água e quando se utiliza água de 
melhor qualidade nos sistemas de gotejamento. 
No dimensionamento do sistema, um dos aspectos a se considerar é a 
percentagem de solo molhado (P), representada por: 
 
Onde : 
AM = área molhada pelo emissor (determinada em campo) 
AP = área ocupada pela planta. 
Para áreas com períodos de seca mais prolongados, recomendam-se 
valores de P maiores do que 30% para que não haja restrições ao crescimento 
do sistema radicular, que pode resultar em menor capacidade de absorção das 
raízes e prejudicar a sustentação da planta. 
 
c.1. Gotejamento 
Dois tipos de sistemas de gotejamento são mais utilizados para irrigação 
de fruteiras e podem ser caracterizados quanto ao aspecto construtivo e ao 
posicionamento do gotejador na lateral. 
O primeiro conhecido como fita, “tape” ou tubo gotejador, caracteriza-se 
por apresentar gotejadores como parte integrante de um tubo de polietileno 
com diâmetro em torno de 16 mm. 
 
 
Gotejador tipo “tape” 
 
Nesse sistema, os gotejadores são uniformemente espaçados em 
distâncias de 0,2m até 0,4 m e apresentam vazão geralmente inferior a 4 
l/h/gotejador. São sistemas de custo mais baixo e o preço de mercado varia em 
função da espessura da parede do tubo de polietileno. 
O segundo tipo, denominado gotejamento convencional, apresenta 
gotejadores inseridos sobre o tubo de polietileno durante a sua montagem no 
campo e com vazão de até 8 l/h/gotejador . 
 
 
 
Gotejador inserido sobre o tubo de polietileno. 
 
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Essa técnica permite maior adaptabilidade no uso em fruteiras, pois o 
espaçamento entre gotejadores e o seu número por planta pode ser adaptado 
às características e necessidades da cultura, evitando-se o molhamento entre 
as plantas. 
Nos dois casos a aplicação de água é feita de maneira pontual, 
resultando na formação de um bulbo molhado abaixo, cujas dimensões e forma 
dependem da textura e estrutura do solo e da vazão aplicada pelo emissor. 
Para fins de projeto devem ser realizados testes de campo para avaliar 
as dimensões da área molhada. 
 
 
Forma do bulbo molhado 
 
Os gotejadores podem ser dispostos de diferentes maneiras no campo, 
de acordo com a percentagem da área que será irrigada, do volume de água 
aplicado por planta, e da textura e agregação do solo. A figura abaixo ilustra 
diferentes maneiras para disposição da linha de gotejadores. 
 
 
 
Diferentes disposições da linhade gotejadores: a) uma linha lateral; b) duas linhas laterais; c) 
múltiplas saídas; d) anéis; e) zig-zag. 
 
Aquelas representadas por anéis e múltiplas saídas adaptam-se bem a 
culturas com espaçamento maior, propiciando melhor condição de 
desenvolvimento do sistema radicular e não irrigando a área entre plantas na 
linha. 
 
 
 
 
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c.2. Microaspersão 
A microaspersão utiliza pequenos aspersores de plástico que aplicam a 
água sob a forma de chuvisco, em círculo ou semi-círculo, com raio de alcance 
geralmente inferior a 4 m e pressão de operação de 10 a 30 mca. 
Existem disponíveis no mercado micropaspersores que possibilitam 
diferentes padrões de molhamento conferindo grande maleabilidade ao 
sistema. 
 
 
Modelo de um microaspersor. 
 
 
 
Diferentes padrões de molhamento em microaspersão. 
 
 
INFORMAÇÕES PARA A IRRIGAÇÃO DE ALGUMAS FRUTEIRAS 
 
Abacaxizeiro 
Os principais sistemas de irrigação adaptáveis à cultura do abacaxi são: 
aspersão convencional, pivô central e gotejamento. O plantio realizado em 
fileiras duplas permite a utilização de uma linha lateral com gotejadores por 
fileira dupla da cultura. 
 
Abacaxizeiro irrigado por gotejamento com laterais tipo “tape”. 
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O coefiente de cultura (kc) varia entre 0,4 e 0,5 no ciclo da cultura, com 
necessidade de água entre 700 a 1000 mm anuais (Doorenbos e Kassan, 
1979). Entretanto a cultura é sensível ao déficit hídrico, especialmente durante 
o período de crescimento vegetativo, quando são determinados o tamanho e as 
características da frutificação. O déficit hídrico durante a floração tem efeitos 
menos graves e pode até acelerar a frutificação, resultando numa maturação 
mais uniforme. 
Segundo Cunha et al. (1995), a irrigação deve ser suspensa 8 a 15 dias 
antes da colheita a fim de evitar a redução dos sólidos solúveis totais. 
O abacaxizeiro apresenta sistema radicular superfical, geralmente com 
0,3 a 0,6 m de profundidade e extenso. Para o reinício das irrigações admite-se 
o esgotamento de até 50% da água disponível no solo. 
 
Aceroleira 
A irrigação da aceroleira pode ser feita por aspersão convencional, 
sistemas de irrigação localizados e por superfície (sulcos). Gonzaga Neto e 
Soares (1994) recomendam a utilização dos coeficentes de cultura dos citros, 
devido à falta de informações específicas deste coeficiente para a acerola e a 
manutenção do nível de água disponível entre 80 e 100%. 
 
Citros 
Segundo Coelho (1996), a irrigação em citros pode resultar em aumento 
da produtividade da ordem de 30 a 75%, e resulta também em melhor 
qualidade dos frutos, maior pegamento de flores e frutos e maior quantidade de 
óleo na casca. Sistemas de aspersão, sulcos e irrigação localizada podem ser 
utilizados na irrigação de citros. Em função das características das copas das 
árvores, os sistemas de aspersão tendem a provocar elevadas perdas de água, 
quando a aplicação da água ocorre sobre a copa. Por outro lado, a utlização da 
microaspersão, com aplicação de água em excesso no colo da planta pode 
favorecer a ocorrência de gomose. Para se evitar essa situação o ideal é 
utiliziar microaspersores com raio de molhamento inferior a 360o. 
As necessidades de água variam entre 900 e 1200 mm anuais. Os 
valores de Kc sugeridos por Doorenbos e Pruitt (1977) são descritos na tabela . 
 
Valores de Kc para citros cultivados em zonas predominantemente secas 
 
Quando se utilizam tensiômetros para o controle da água, a faixa de 
tensão para determinar o momento de se iniciar a irrigação é de 0,5 a 1,0 atm. 
A época de maior consumo de água ocorre no florescimento e a ocorrência de 
déficit ligeiro durante a maturação pode ser desejável para aumentar o teor de 
sólidos solúveis e de ácidos nos frutos. 
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No caso do limão Tahiti a ocorrência de déficit hídrico no período de 
verão pode induzir a floração tardia e a obtenção de colheita fora de época 
normal de produção. 
O sistema radicular tipo pivotante e bem desenvolvido permite níveis de 
esgotamento da água no solo de até 60 a 70% fora do período de 
florescimento. No florescimento, o nível de esgotamento não deve ultrapassar 
40%. 
 
 
Gravioleira 
Os sistemas de irrigação por sulcos, aspersão sobcopa e localizados 
podem ser utilizados na irrigação da graviola. Devido ao espaçamento amplo 
utilizado nessa cultura recomenda-se a preferência por sistemas de 
gotejamento e microapsersão. 
A falta de informações mínimas para o manejo da água nessa cultura 
obriga, no estágio atual, a utilização de informações gerais para adoção da 
estratégia de manejo. 
 
Goiabeira 
A goiabeira quando irrigada e conduzida com sistema de poda adequado 
produz até duas safras por ano. Os sistemas de irrigação preferenciais para 
uso na goiabeira são gotejamento, microaspersão e sulcos. Não existem 
informações específicas de coeficientes de cultura para a goiabeira. Gonzaga 
Neto e Soares (1994) recomendam a utilização dos coeficientes disponíveis 
para uva. A tabela abaixo indica os índices sugeridos. Para que se alcancem 
os objetivos de produção em época diferenciada, os níveis de água no solo 
devem ser mantidos em pelo menos 50% da água disponível após a poda da 
planta. Os mesmos autores recomendam a suspensão da irrigação por um 
período de um a dois meses antes da poda, visando submeter a planta a um 
estresse hídrico. 
 
 
Mangueira 
Cultivada com espaçamentos amplos, com porte médio a grande e 
sistema radicular bem desenvolvido, a mangueira pode ser irrigada por 
microaspersão, gotejamento e aspersão sob-copa. Cunha et al. (1994) 
recomendam que a irrigação seja interrompida dois a três meses antes da 
época de florescimento, para que as plantas entrem em repouso vegetativo, 
evitando a queda de flores e problemas fitossanitários. Nas fases de formação 
e desenvolvimento do fruto que se iniciam em pleno período seco a irrigação 
deve ser frequente, para se evitar a queda dos frutos recém formados. Silva et 
al. (1996) recomendam a seguinte estratégia para o manejo da água de 
irrigação com a utilização de tensiômetros na mangueira: 
– Plantio: as irrigações visam a favorecer o pegamento das mudas, sem o 
monitoramento do nível da água do solo; 
– Desenvolvimento inicial: manter os primeiros 60 cm de solo com uma tensão 
de água em torno de 0,3 atm; 
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– Desenvolvimento da planta: a irrigação deve ser feita toda vez que a tensão 
de água na profundidade de 0,3 m atingir um valor em torno de 0,5 atm; 
– Repouso fenológico (após a colheita): a irrigação deve ser realizada de forma 
que a planta reduza o lançamento de brotos vegetativos, mas na quantidade e 
frequência necessárias para a manutenção da atividade fotossintética; 
– Período de estresse hídrico: neste período a irrigação é paralisada de forma 
gradativa; 
– Floração e produção: retomam-se as irrigações. 
 
Maracujazeiro 
Os sistemas de irrigação preferenciais são o gotejamento e a 
microaspersão. No caso da aspersão convencional, Ruggiero et al. (1996) 
recomendam que o uso da irrigação por aspersão deve ser realizado 
predominantemente no período noturno e nunca à tarde, no período de 
floração. 
Segundo os mesmos autores, independentemente do método utilizado, é 
importante que a planta não seja submetida a nenhum tipo de estresse hídrico, 
pois antes mesmodo aparecimento dos sintomas visuais de falta de água já 
ocorreu o comprometimento da produção de matéria seca. Recomenda-se a 
manutenção do perfil de umidade do solo próxima à capacidade de campo. 
O uso da irrigação nessa cultura permite a obtenção de boas produtividades 
nas épocas de maior preço. 
Para o manejo da água devem-se utilizar parâmetros de solo, uma vez 
que não existe disponibilidade de informações quanto ao consumo de água nas 
diversas fases da cultura. 
O interesse pela irrigação, no Brasil, emerge nas mais variadas 
condições de clima, solo, cultura e socioeconômica. Não existe um sistema de 
irrigação ideal, capaz de atender satisfatoriamente a todas essas condições e 
aos interesses envolvidos. Em consequência, deve-se selecionar o sistema de 
irrigação mais adequado para uma certa condição e para atender aos objetivos 
desejados. O processo de seleção requer análise detalhada das condições 
apresentadas (cultura, solo e topografia), em função das exigências de cada 
sistema de irrigação, de forma a permitir a identificação das melhores 
alternativas. 
Com a expansão rápida da agricultura irrigada no Brasil, muitos 
problemas têm surgido, em consequência do desconhecimento das diversas 
alternativas de sistemas de irrigação, conduzindo a uma seleção inadequada 
do melhor sistema para uma determinada condição. Esse problema tem 
causado o insucesso de muitos empreendimentos, com consequente frustração 
de agricultores com a irrigação e, muitas vezes, degradação dos recursos 
naturais. 
 
 
 
 
 
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7. MANEJO RACIONAL DA IRRIGAÇÃO 
 
O manejo da irrigação contempla a aplicação de água no momento 
correto e na quantidade demandada pela cultura para aquele momento. O 
manejo da irrigação deve ser adequado aos sistemas de irrigação de forma a 
se obter elevadas eficiências. Não adianta se ter um sistema de irrigação de 
alta eficiência se o manejo da irrigação é deficiente. 
Após a instalação do sistema de irrigação, o produtor deve realizar o 
manejo inicial de irrigação que é normalmente baseado em turnos de rega 
calculados com base em valores da evapotranspiração da cultura (ETc) e da 
lâmina real necessária (LRN). 
Geralmente, os valores da ETc são calculados em função de valores 
estabelecidos no projeto, máximos para determinados períodos de retorno, o 
que leva a reposição de água ao solo acima da necessidade real da cultura 
diminuindo a eficiência de irrigação. Dessa forma, as recomendações de 
irrigação constantes nos projetos são adequadas para o dimensionamento dos 
sistemas de irrigação, que deve se basear em valores máximos dos 
parâmetros necessários para definir as necessidades de água para segurança 
do projeto, não sendo adequadas para o dia a dia do consumo de água das 
culturas. Neste caso, as necessidades hídricas vão variar conforme o estágio 
de desenvolvimento e com as condições meteorológicas locais. Portanto, o 
manejo da irrigação não pode ser de natureza fixa conforme colocado no 
projeto, mas deve ser flexível. 
Dentre os métodos utilizados para o manejo racional da irrigação, o uso 
de sensores de água do solo pode servir para definição do momento da 
irrigação como da quantidade de água a ser aplicada no solo, o que requer o 
conhecimento da curva característica de umidade do solo. 
Atualmente existem sensores calibrados para medirem a umidade ou o 
potencial de água do solo. Os primeiros evitam as transformações do potencial 
em umidade, o que, de certa forma, pode ser uma fonte de erros do sistema, 
dado que a curva de retenção é feita em laboratório e os resultados estão 
sujeitos a variáveis, tais como o funcionamento do conjunto extrator, a amostra 
e representatividade das condições de campo. 
Na escolha do local de instalação dos sensores, é importante levar em 
consideração que o ponto será representativo e que a quantidade de pontos 
amostrados deverá aumentar com a variabilidade espacial da área. 
É essencial, também, que a área seja subdividida em talhões, 
apresentando certa homogeneidade das características físico-hídricas e 
químicas do solo, procedendo-se o manejo de água e nutrientes diferenciados 
e adequados a cada talhão. A região de instalação dos sensores deve coincidir 
com a zona de maior intensidade de extração de água do sistema radicular. 
Atualmente, existem sensores de umidade de fácil manuseio, tais como 
a sonda de nêutrons, a sonda de capacitância e os refletômetros de TDR. A 
sonda de nêutrons apresenta problemas de perigo ao usuário pelo uso de 
substância radioativa no equipamento. A TDR exibe maior precisão de uso, 
com um leque de sensores a diferentes preços que, conforme o tipo pode ser 
mais apropriado à pesquisa ou ao uso por produtores. Os tensiômetros são de 
menor custo comparado a TDR e ao uso do tensímetro digital de punção, cujas 
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leituras ficaram mais práticas e fáceis ao usuário, dispensando uso de 
vacuômetros pouco resistentes às intempéries e o uso do mercúrio, 
nocivo à saúde humana. 
Em geral, a maioria das culturas se desenvolve muito bem a potenciais 
matriciais de água do solo a níveis próximos da capacidade de campo, isto é, 
próximo de -6 kPa, -10 kPa e -30kPa para solos arenosos, francos e argilosos, 
respectivamente. Há culturas que, pela maior demanda de água, não permitem 
elevada redução na tensão de umidade, tais como o mamoeiro, a bananeira, 
ao passo que culturas como a laranja e a manga ou o abacaxi já toleram 
maiores perdas de água do solo. 
O uso do tanque classe A é uma das ferramentas mais comuns de 
manejo racional de irrigação. Seu uso pode ser feito para se determinar a 
evapotranspiração potencial (ETP) que, uma vez corrigida com o coeficiente de 
cultura, fornece a evapotranspiração da cultura (ETc), posteriormente 
transformada em lâmina de irrigação. É comum, também, a adoção de fator k, 
de correção da leitura do tanque, para determinar diretamente a ETc. O valor 
de k normalmente fica acima de 0,60. 
 
 
Tanque classe A para manejo de irrigação. 
 
Em caso de empresas agrícolas com equipamentos agrometeorológicos 
automáticos, os elementos meteorológicos importantes no processo de perdas 
de água pelas plantas (umidade relativa, velocidade de vento, radiação solar e 
temperatura do ar) são coletados e armazenados em escala horária, permitindo 
um detalhamento e a tomada de decisão correta pelo produtor. 
 
 
 
Estação meteorológica automática gerando dados para manejo de irrigação. 
 
O balanço de água no solo é o método no qual se computam as perdas 
de água pela planta mediante o monitoramento detalhado da umidade do solo 
na zona de extração radicular. Dessa forma, quando o déficit de água do solo 
for superior ao déficit permitido, irriga-se para preencher exatamente o déficit 
de água no solo em relação à capacidade de campo do mesmo. 
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Nesse caso, parte-se de uma condição de solo na capacidade de 
campo, sendo a ETc a única fonte de retirada de água, com reposições de 
água equivalentes aos seus totais. 
Todos os métodos de manejo racional da irrigação requerem cálculos. 
Os cálculos, por sua vez, exigem um pouco de conhecimento do irrigante, que 
normalmente não os absorve ou os abandona em troca do uso do método 
empírico de se estabelecer um número de horas, indistintamente, com base em 
experiência de algum outro irrigante. Portanto, transferir tecnologia de manejo 
de irrigação é uma tarefa difícil. As tecnologias, mesmo que envolvam em si 
elevados níveis do conhecimento

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