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MITOCÔNDRIA E SÍNTESE DE ENERGIA ❖INTRODUÇÃO As mitocôndrias estão presentes em praticamente todos os tipos celulares eucariontes, possuindo morfologia e distribuição variáveis nos diferentes tipos celulares. Sua morfologia pode ser alongada, anelada, ovalada, ramificada, arredondada… etc. E sua distribuição depende do tipo de função celular, podendo ela ser distribuída uniformemente ou concentrada, caso a demanda energética seja alta (se encontrará próxima a fonte de combustível). Exemplo: os flagelos, que possuem função de movimentação celular, têm uma grande concentração de mitocôndrias em sua “cauda”; bem como as células musculares esqueléticas, as quais necessitam de muita energia. ❖PRINCIPAL FUNÇÃO Tem como principal função a produção de ATP, que pode ser empregada para a realização de mecanismos celulares como: - Reações enzimáticas; - Transporte ativo; - Biossíntese de biomoléculas; - Transmissão do impulso nervoso; - Movimento celular; - Contração muscular. ATP >>> ADP >>> AMP O ATP pode ser produzido por três vias: - Glicólise (citoplasma); - Dentro das mitocôndrias (através da oxidação de diversos substratos, como glicose e ácidos graxos); - Nos cloroplastos. ❖COMPOSIÇÃO QUÍMICA Membranas lipoproteicas: - MME: 50% de lipídeos (colesterol) + 50% pins ; - MMI: 20% de lipídeos e 80% de pins; - Complexo ATPásico: ATPsintetase; - Partícula FoF1: contém o sítio catalítico para a síntese de ATP (o fator Fo é um pedúnculo que associa F1 com a membrana). ❖ULTRA ESTRUTURA É formada por duas membranas, uma interna e outra externa, pela crista e pela matriz mitocondrial, além do espaço intermembranoso. Quanto a permeabilidade das membranas: - H20, O2 e pequenos ácidos graxos conseguem permear livremente para dentro da matriz mitocondrial; - NAD, NADH, AMP, ADP, ATP, GTP, CoA, AcetilCoA, H+ e Pi são transportados para dentro através de proteínas carreadoras ou translocases, pois a membrana interna é impermeável a essas moléculas. ❖ESTRUTURA E FISIOLOGIA MITOCONDRIAL Tanto a MME quanto a MMI são compostas por bicamadas lipídicas, divergindo apenas nas composições lipídicas e proteicas. ➢ MEMBRANA MITOCONDRIAL EXTERNA - 6nm de espessura, 50% lipideos + 50% píns, rica em colesterol; - ⇑ permeabilidade a íons, metabólitos (de até 5kDa), C02, O2, ATP e ADP; - Quem confere essa permeabilidade, principalmente, é a Porina (proteína de superfície de membrana, com 1nm de canal); - Além da porina, têm-se a presença de outras proteínas, ligadas ao metabolismo celular, como a colina-fosfotransferase, a glicerofosfato-acil-transferase, a acil-CoA-graxo-sintase, a monoamino oxidase e a fosfolipase; e utras ligadas a importação de pins mitocondriais, como as que compõem o complexo TOM; - E, por fim, as pins envolvidas na apoptose, como as pins BCL-2 e BCL-XL. MEMBRANA MITOCONDRIAL INTERNA - 80% proteínas + 20% lipídios; os lipídios apresentam a cardiolipina (fosfolípideo), a qual dificulta a passagem de partículas com carga elétrica pela MMI (íons), os quais em alta [ ] na matriz mitocondrial poderiam interferir na síntese de ATP; - Apresenta uma série de dobras ou invaginações sobre a matriz mitocondrial, as quais são chamadas de cristas; - As cristas mitocondriais refletem a atividade respiratória da célula, visto que contém pins que participam do transporte de elétrons, da fosforilação oxidativa e da síntese de ATP; - As cristas fazem com que a superfície de contato com a matriz seja ampliada, facilitando, por sua vez, a eficiência das reações químicas que ocorrem nela; - As cristas mitocondriais podem variar em morfologia e quantidade de acordo com o tipo e atividade celular; - A MMI é livremente permeada apenas por O2, CO2 e H20; - Íons não são permeáveis pela MMI, o transporte deles é regulado por outros canais, como o antiporte K+/H+, o canal de K+ sensível à ATP (mitoKATP), o antiporte Na+/H+, o uniporte de Ca2+ sensível ao vermelho de rutênio, etc… - Também se encontra na MMI o translocador de ADP-ATP, denominada ANT (catalisa a troca de ADP citosólico por ATP matricial); - Além dessas, também se encontram proteínas especializadas no transporte de carboxilatos (malato, succinato e citrato, por exemplo), e aminoácidos (como o aspartato e o glutamato); - A presença da cardiolipina em animais e plantas superiores é restrita apenas a MMI, visto que é somente na mitocôndria que se expressa a cardiolipina-sintase, enzima responsável pela síntese da cardiolipina. - A superfície interna da membrana a qual está em contato com a matriz apresenta grande quantidade de partículas chamadas: corpúsculos elementares (responsáveis pela síntese de ATP e geração de calor-TERMOGÊNICA); - As principais estruturas existentes na MMI são os complexos enzimáticos (os quais formam a cadeia respiratória) e a proteína F1Fo ATO Sintase (presente nos corpúsculos elementares); ★ Citocromos: participam da cadeia respiratória; ★ NADPHdesidrogenase: libera um par de elétrons para a cadeia respiratória; ★ Succinato desidrogenase: catalisa uma das reações do ciclo de krebs; ★ Carnitina aciltransferase: participa da transferência de ácido graxo do espaço intermembranas para a matriz mitocondrial. MATRIZ MITOCONDRIAL - Apresenta características de gel (50% água); - Contém o DNA mitocondrial, RNAs mitocondriais, ribossomos, material protéico em forma de grânulos, Ca, Mg, cofatores, íons inorgânicos, oxigênio dissolvido, C02, píns transportadoras; - Rica em enzimas solúveis, a maioria partipantes do metabolismo oxidativo; - Enzimas e produtos intermediários do Ciclo de Krebs (exceto a succinato-desidrogenase, que está na MMI), e enzimas da β-oxidação dos ácidos graxos, algumas enzimas envolvidas no ciclo da uréia, na depuração de espécies reativas do oxigênio, etc; - Essas enzimas são fundamentais, pois previnem danos estruturais e funcionais em lípidos e proteínas mitocondriais. DNA MITOCONDRIAL - As mitocôndrias, juntamente aos cloroplastos, são as únicas organelas que contém genoma próprio; - Contudo, a maioria das proteínas mitocondriais (aprox. 1000) são codificadas pelo genoma nuclear; - Herança exclusivamente materna (antes da fecundação, tem-se o óvulo, com suas mitocôndrias livres pelo citosol, e o espermatozóide, com suas mitocôndrias concentradas na cauda da célula (devido a alta necessidade energética para locomoção); contudo, na hora do encontro dos gametas, o espermatozóide perde sua cauda, adentrando no óvulo apenas a cabeça, logo, às únicas mitocôndrias restantes e que passaram por sucessivos processos de replicação são as de origem materna, presentes no óvulo anteriormente); - O DNAm é responsável pela síntese de apenas 13 cadeias polipeptídicas, sendo elas: sete subunidades da NADH-ubiquinona-oxiredutase; uma subunidade da ubiquinona-citocromo c-oxiredutase (complexo III); três subunidades da citocromo-oxidase (complexo IV) e duas subunidades da ATPsintase (Complexo V); - Essas proteinas são pins integrais da MMI e, quando associadas a outras subunidades (codificadas pelo genoma nuclear), fazem parte da cadeia transportadora de elétrons; - O DNAm é circular em cadeia dupla e se assemelha, estruturalmente, ao DNA bacteriano; - Nos mamíferos, o DNAm representa menos de 1% do DNA celular total; - Os processos de replicação, transcrição e síntese protéica realizados através do DNAm ocorrem na própria organela, porém, mediado por pins codificadas pelo DNA nuclear; - 16.569 pares de bases constituem o DNAm humano; esse número pode variar de acordo com a espécie analisada; - Tanto o número de pares de bases como o próprio código genético mitocondrial podem variar de organismo para organismo distintos; - O genoma mitocondrial codificada, principalmente, componentes envolvidos na respiração celular; ★ MUTAÇÕES NO DNA MITOCONDRIAL - Doença de Luft Se trata de um aumento de mitocôndrias no músculo esquelético e diminuição no metabolismo basal; ou seja, há a geração de mais calor e menos ATP; - Miopatia Mitocondrial Infantil Baixa presença ou ausência de enzimas da cadeiatransportadora de elétrons, ocorrendo lesão nos músculos esqueléticos e disfunção renal; BIOGÊNESE DA MITOCÔNDRIA As mitocôndrias são geradas através da divisão de uma mitocôndria já existente após a duplicação do DNAm, ou seja, se multiplicam de maneira semelhantes às bactérias (cissiparidade); DEGRADAÇÃO DA MITOCÔNDRIA Ocorre através da autofagia (digestão de organelas velhas ou desnecessárias pelos lisossomos). TERMOGÊNESE - As proteínas desacopladoras (UCP), presentes na MMI, promovem o influxo de prótons através da MMI, por uma via alternativa a da ATP-sintase, levando ao desacoplamento da cadeia respiratória e consequente dissociação do transporte de elétrons. Sendo assim, parte da energia gerada pelo influxo de prótons é convertida em calor (ação termogênica); - PINS: UCP1 (expressa no tecido adiposo marrom e relacionada à termogênese), UCP2 (ampla expressão fisiológica), UCP3 (expressa no tecido adiposo marrom e na musculatura esquelética, também relacionada à termogênese), UCP4 e UCP5 (expressas no cérebro, associadas tanto à termogênese quanto à regulação de espécies reativas de oxigênio); - Suspeita-se que a UCP3 está envolvida no mecanismo de ação do hormônio tireoidiano T3 na elevação da taxa metabólica basal. - As mitocôndrias estão presentes em número em células do tecido adiposo marrom (tecido adiposo multiocular); especialmente na membrana dessas células encontra-se a termoginina (pin com função termogênica, ou seja, gerar calor). TEORIA ENDOSSIMBIÓTICA A teoria endossimbiótica sugere que a mitocôndria deriva de uma bactéria (célula procariótica aeróbica heterotrófica) a qual foi fagocitada por uma célula eucarionte anaeróbia. Sendo que essa bactéria escapou dos mecanismos de digestão da célula, passando a conviver, com o tempo, em simbiose com ela. Logo, enquanto a célula eucariota fornecia abrigo, proteção e nutrientes, a bactéria propiciou o mecanismo da obtenção de energia por meios aeróbios (os quais são muito mais eficientes quando comparados a fermentação, enquanto essa libera 2 ATP a cada C6H12O6, a respiração celular produção 38 ATP por molécula de glicose). EVIDÊNCIAS ● As mitocôndrias fazem síntese proteica e replicação do DNAm independente daquela da célula; ● Seus RNA´s são semelhantes aos das bactérias; ● Possui DNA circular e não associado a proteínas, semelhante ao DNA de uma bactéria; ● Presença de membrana dupla ao redor da organela; ● Semelhança estrutural dos ribossomos encontrados em bactérias e nas mitocôndrias: 70s; ● Cardiolipina: presente apenas na MMI dos organismos eucariontes e na membrana plasmática dos eucariotos; ● Os antibióticos eritromicina, tetraciclina e cloranfenicol inibem tanto a síntese protéica bacteriana quanto a síntese protéica mitocondrial, sem, no entanto, afetarem a síntese protéica que ocorre no citosol das células eucarióticas FUNÇÕES DA MITOCÔNDRIA ● Remoção de cálcio do citosol (quando há acúmulo de Ca2+ no citosol); ● Síntese de aminoácidos nos hepatócitos; ● Síntese de hormônios esteróides (córtex da supra-renal. ovários e testículos); ● Desencadeamento da apoptose (liberação de citocromo c e pró-caspase); ● Respiração celular; ● Beta-oxidação de ácidos graxos (enzimas presentes na matriz mitocondrial); ● Participação no Ciclo da Uréia; ● Termogênese (o calor é um subproduto durante a transformação de energia); ● Destoxificação de amônia; RADICAIS LIVRES (Espécies reativas do oxigênio -ROS) Radical livre é um átomo ou um grupo de átomos com elétrons não pareados na última camada eletrônica; são altamente reativos. Quando reagem com outras moléculas, podem transformá-las em outros radicais livres, estabelecendo uma reação em cadeia. O oxigênio busca completar seus dois últimos orbitais, sendo altamente instável e reativo. A forma mais importante de formação das espécies reativas tóxicas do oxigênio é a cadeia respiratória. A redução gradual de oxigênio por adição de um elétron de cada vez gera intermediários reativos do oxigênio, como o O2- (radicais superóxido), HO2 (hidroperoxila), OH (hidroxila) e o H2O2 (peróxido de hidrogênio); A modificação desses radicais livres em proteínas, liipídeos, carboidratos e DNA pode gerar um estresse oxidativo, podendo vir acarretar em diversas doenças; O oxigênio é utilizado para se combinar com o hidrogênio ao final da cadeia respiratória; 95% a 98% desse oxigênio consegue se combinar a prótons de H e gerar água, porém, cerca de 2% a 5% ficam “livres”. Entre os efeitos lesivos, pode-se citar danos causados às proteínas, lipídios, carboidratos, enzimas, etc, o que leva a alterações metabólicas no corpo humano. Sabe-se também que efeitos mutagênicos no DNA também podem vir a ocorrer. Atualmente, aproximadamente 40 doenças já foram associadas aos Radicais Livres, como o Mal de Parkinson, Osteoporose, Enfisemas, Angina, etc Quem destrói os ROS? catalase, superóxido dismutase, glutationa peroxidase e glutationa redutase.
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