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O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher foi criado em 1983 no contexto da redemocratização do país e na esteira da Conferência de Alma-Ata (1978). Os movimentos sociais e os movimentos de mulheres, sobretudo o movimento feminista, influenciaram a construção do programa. Paralelamente, no âmbito do movimento sanitário, concebia-se o SUS. A implementação do Programa nos anos 90 foi influenciada pelas características dessa nova política de saúde: integralidade e equidade da atenção. Em 2004, o Programa foi transformado na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. O objetivo da Política é promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres por meio da garantia de direitos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde. (PAISM) HISTÓRICO Apesar de promover medidas educativas, preventivas, de promoção à saúde, de diagnóstico e de tratamento e recuperação na ginecologia, não existia ainda uma rede de atenção e cuidados que existem hoje. Dos direitos garantidos à mulher dentro do PAISM e atividades realizadas nesse programa: 1- Garantia de acesso efetivo à ampla gama de métodos contraceptivos; 2- Desenvolver políticas e programas para erradicar a discriminação baseada na orientação sexual e identidade de gênero; 3- Eliminar causas preveníveis de morbimortalidade materna; 4- Aborto em casos previstos por lei; 5- Garantir acesso universal a serviços de saúde sexual e reprodutiva de qualidade, considerando necessidades dos homens, mulheres, adolescentes e jovens LGBT, pessoas com deficiência e aquelas que vivem em vulnerabilidade. 6- Avançar na prevenção e controle do HIV. 1994: Conferência Internacional de População e Desenvolvimento. Cap. VII – ‘...direito básico de todo casal e todo indivíduo de decidir livre e responsavelmente sobre o número, espaçamento e oportunidade de ter filhos e de ter informações e meios de assim o fazer e o direito de gozar do mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva. Inclui também seu direito de tomar decisões sobre a reprodução livre de discriminação, coerção ou violência.’ 1995: IV Conferência Mundial sobre a Mulher: Reafirmam-se acordos estabelecidos no Cairo e avança-se na definição dos direitos reprodutivos e sexuais como direitos humanos. Compromisso: basear todas as políticas e os programas dedicados à população e ao desenvolvimento, inclusive os programas de planejamento familiar, nos direitos sexuais e reprodutivos. 2000: Programa de Humanização do Parto e do Nascimento (PHPN). Promovido em resposta aos altos índices de mortalidade materna e neonatal. Assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento do pré-natal, da assistência ao parto e ao puerpério e ao recém- nascido, na perspectiva dos direitos da cidadania. É importante salientar que parto humanizado não diz respeito somente ao parto normal, sendo este o humanizado e o parto cesariano o não humanizado. Isso é errado. O parto humanizado diz respeito a todo o atendimento que a mãe recebe desde o momento em que é gestante até se tornar parturiente. HISTÓRICO 2004: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher -PNAISM. Propõe diretrizes para a humanização e a qualidade de atendimento, questões ainda pendentes na atenção à saúde das mulheres. Essa política visa atender à população feminina brasileira acima de 10 anos de idade, em suas necessidades de saúde, em todas as fases de sua vida, de acordo com as características apresentadas em casa fase. Inclui-se os casos de atenção à violência sexual contra as mulheres e adolescentes. É considerada um indicador de acesso da mulher aos cuidados de saúde e da capacidade do sistema de saúde responder às suas necessidades. A mortalidade materna constitui uma severa violação dos direitos reprodutivos das mulheres, visto que a maioria pode ser evitada com atenção à saúde e de qualidade. A razão de mortalidade materna é o indicador utilizado para mensurar a mortalidade materna através da fórmula: 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑔𝑎𝑑𝑎𝑠 à 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑒𝑧, 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑜 𝑒 𝑝𝑢𝑒𝑟𝑝é𝑟𝑖𝑜 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑛𝑎𝑠𝑐𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑥 100.000 CAUSAS DE MORTE MATERNA No Brasil, de 1996 a 2018, foram registrados 38.919 óbitos maternos no SIM, sendo que aproximadamente 67% decorreram de causas obstétricas diretas, ou seja, complicações obstétricas durante a gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas. As causas obstétricas indiretas resultam de doenças pré-existentes à gestação ou que se desenvolveram durante esse período, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. A mortalidade materna é uma das mais graves violações dos direitos humanos das mulheres, por ser uma tragédia evitável em 92% dos casos e por ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento. No Brasil ela sempre se manteve em patamares considerados elevados. Sua evolução pode ser acompanhada a partir do cálculo de indicadores de mortalidade e do Painel de Monitoramento de Óbito Materno e de Mulheres em Idade Fértil, resultantes do trabalho da Vigilância do Óbito. LINHAS DE CUIDADO PRIORITÁRIAS Das ações que compõem a saúde integral da mulher, pode-se destacar algumas que são ditas prioritárias. São elas: → Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva, incluindo o Planejamento Reprodutivo e as IST, HIV e AIDS; → Atenção à Saúde de Segmentos Específicos da População Feminina; → Cânceres de colo de útero e mama; → Atenção obstétrica; → Atenção às mulheres em situação de violência; → Atenção Clínico-Ginecológica na menopausa e ao longo da vida. PRINCÍPIOS PARA UMA POLÍTICA INTEGRAL → Acesso da população; → Definição da estrutura e organização da rede assistencial, incluindo a formalização dos sistemas de referência e contrarreferência. → Captação → Disponibilidade de recursos tecnológicos, insumos, equipamentos e materiais educativos. → Acolhimento amigável → Disponibilidade de informações e orientação; → Estabelecimento de mecanismos de avaliação e de acompanhamento. Portaria GM/MS nº 1.459/2011 e Portaria GM/MS 650/2011 Acompanha a mulher desde a concepção, no pré- natal (atenção básica), até o parto e pós-parto, bem como a criança no seu desenvolvimento e crescimento até completar dois anos de vida. Existem incentivos vinculados à Rede que chegam em média a R$ 1bi, e são repassados a todos os municípios. Segundo dados da análise Saúde Brasil 2017 do Ministério da Saúde, o acesso ao pré-natal foi adequado ou mais que adequado para cerca de 70% das mulheres. Esse programa visa fortalecer o trabalho em rede e alternar as práticas de cuidado materno e neonatal. Mudança do modelo de atenção ao parto e nascimento. Qualificação da atenção pré-natal e puerpério: → Novos exames e testes rápidos de HIV e sífilis; → Teste rápido de gravidez nas UBS: proporcionar a ampliação da oferta de métodos e prevenir a gravidez não planejada; → Vinculação da gestante ao local de parto; → Sisprenatal web. Qualificação da atenção ao parto e nascimento → Acompanhante de livre escolha; → Ambiência nas maternidades, boas práticas de atenção; → Enfermeira obstétrica no cuidado – capacitações; → Centro de Parto Normal, Casa da Gestante, Bebê e Puérpera. DIREITOS DA MULHER, CRIANÇA E RN → Ampliação do acesso, acolhimento e melhoria da qualidade do pré-natal; → Transporte tanto para o pré-natal quanto para o parto; → Vinculação da gestante à unidade de referência para assistência ao parto; → Realização de parto e nascimentoseguros, por meio de boas práticas de atenção; → Acompanhante no parto, de livre escolha da gestante; → Atenção à saúde da criança de 0 a 24m. com qualidade e resolutividade; → Acesso ao planejamento produtivo. (PNAISC) 1937 – 1945: Programa de proteção à maternidade, à infância e à adolescência. 1973: Programa Nacional de Imunização (PNI) Objetivos: reduzir a morbimortalidade por doenças imunopreveníveis. Estratégias: definição das vacinas obrigatórias no país, e as normas referentes a sua produção, armazenagem, distribuição e administração. 1975: Programa Nacional de Saúde Materno- Infantil Objetivo: contribuir na redução da morbidade e da mortalidade da mulher e da criança. PRINCÍPIOS DA PNAISC I- Direito à vida e à saúde; II- Prioridade absoluta da criança; III- Acesso universal à saúde; IV- Integralidade do cuidado; V- Equidade em saúde; VI- Ambiente facilitador à vida; VII- Humanização da atenção; VIII- Gestão participativa e controle social. EIXOS ESTRATÉGICOS DO PNAISC Primeiro eixo: Atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido. → Prevenção da transmissão vertical de HIV e sífilis; → Qualificação dos profissionais na prevenção das asfixias pré-natais; → Atenção humanizada ao recém nascido prematuro e de baixo peso – método canguru. → Alta hospitalar qualificada da maternidade referenciando a atenção básica. Segundo eixo: Aleitamento materno e alimentação complementar saudável → Estratégia amamente e alimenta Brasil; → Rede de Bancos de Leite Humano (BLH); → Norma brasileira de comercialização de leite artificial e complementação. Bicos, chupetas e mamadeiras; → Mobilização social em Aleitamento Materno. Terceiro eixo: Promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral → Disponibilização da caderneta de saúde da criança, com atualização periódica de seu conteúdo; → Qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança da 1ª infância pela atenção básica; → Comitê de especialistas de mobilização social para o desenvolvimento integral da 1ª infância no âmbito do sistema de saúde. Quarto eixo: Atenção integral frente aos agravos prevalentes e com doenças crônicas → Atenção integrada frente às doenças prevalentes na infância; → Construção de diretrizes de atenção e linhas de cuidado; → Fomento da internação domiciliar. Quinto eixo: Atenção integral em situações de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura da paz → Fomento a organização e qualificação dos serviços especializados para a atenção integral das crianças e suas famílias em situações de violência sexual; → Implementação de linhas de cuidado para atenção integral à saúde da criança, adolescentes e sua família em situação de violência; → Articulação de ações intersetoriais e intrasetoriais de prevenção de acidentes, violências e promoção da cultura da paz. Sexto eixo: Atenção à saúde da criança com deficiência ou situações específicas de vulnerabilidade → Articulação e intensificação de ações para a inclusão de crianças com deficiências sejam indígenas, negras, quilombolas, do campo, das águas e das florestas, e crianças em situações de rua, dentre outras nas áreas temáticas; → Apoio à implementação de protocolo nacional para proteção integral da criança e adolescente em situação de risco e desastres; → Apoio à implementação das diretrizes para atenção integral à saúde da criança e adolescentes em situações de trabalho infantil. Sétimo eixo: Vigilância e prevenção de óbito infantil, fetal e materno. → Articular e apoiar a implementação da PNAISC, em parceria com os gestores estaduais e municipais de saúde; → Alinhamento das ações de saúde da criança no Plano Nacional de Saúde, considerando as prioridades das especificidades regionais, estaduais e municipais; → Desenvolver ações de mobilização social, informação, educação e comunicação, visando a divulgação da PNAISC; → Propor diretrizes, normas e linhas de cuidado e metodologias específicas necessárias para implementação da PNAISC; → Prestar assessoria técnica e apoio institucional aos estados e municípios na implementação da Política; → Promover a capacitação e a educação permanente dos profissionais de saúde em parceria com as instituições de ensino e pesquisa. Referências: Brasil: Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança. Portal da Criança, 2016. Disponível em: portaldasaude.saúde.gov.br
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