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Lesões do Colo do Útero

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Ambulatório GO | Ana Clara Moraes Daleffe 
 
1 
 
Lesões do Colo do Útero 
Colo Uterino 
O colo uterino é revestido por 2 tipos epiteliais distintos: 
• Epitélio pavimentoso estratificado – Envolve a 
porção ectocervical ou vaginal 
• Epitélio colunar simples (mucosa glandular) – 
Reveste o canal endocervical 
A transição entre tais epitélios é a junção escamo colunar 
(JEC) ou zona de transformação → É a área de maior 
susceptibilidade para o desenvolvimento de neoplasias 
devido a alta taxa de mitoses desse epitélio 
 
 
 
 
 
 
 
 
Infecção pelo HPV 
O papiloma vírus humano (HPV) faz parte de um grupo de 
vírus de DNA da família papoviridae. A infecção pelo HPV 
é fator de risco para a neoplasia intraepitelial cervical 
(NIC), lesão precursora do câncer cervical. 
Classificação 
A área anogenital pode ser infectada por 34 tipos de HPV, 
divididos em dois grupos de acordo com o potencial 
oncogênico: 
• HPV de baixo risco: 6 e 11 – estão usualmente 
associados aos condilomas. 
• HPV de alto risco: 16, 18, 31, 33 e 35 – estão 
associados ao câncer cervical. 
Epidemiologia 
O HPV é mais frequente entre os 20 e 40 anos. O tipo mais 
encontrado é o 16, seguido do 18, os quais são 
responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do 
colo uterino. 
Fatores de Risco 
• Imunossupressão. 
• Relação sexual desprotegida. 
• Atividade sexual precoce. 
• DSTs prévias. 
• Abuso sexual. 
Fisiopatologia 
A transmissão do HPV ocorre principalmente pela via 
sexual. Se houver microlacerações no epitélio de 
revestimento do colo uterino, o HPV atinge as células 
basais, principalmente ao nível da junção escamo-colunar 
(JEC), causando infecção. 
Com a entrada do HPV dentro das células basais ocorre a 
transcrição das proteínas E6 e E7, que se ligam, 
respectivamente, aos genes supressores tumorais p53 e 
pRb. 
Acredita-se que o HPV de alto grau produz mais proteína 
E6 e E7, do que o HPV de baixo grau. Além disso, as 
proteínas E6 e E7 do HPV de alto grau se ligam de uma 
forma mais ávida ao p53 e ao pRb, inativando esses genes. 
Se os genes supressores tumorais estão “desativados”, 
ocorre proliferação celular desordenada, podendo 
resultar em transformação maligna das células 
infectadas. 
Formas Clínicas 
A infecção pelo HPV pode resultar em: 
• Forma latente: Consiste na presença do vírus no trato 
genital sem evidências de lesões, não existindo 
alterações citológicas, colposcópicas e/ou 
histológicas. 
Associa-se ao HPV de baixo risco. 
Parede Vaginal 
Orifício Cervical Externo 
Endocérvice 
Miométrio 
Ambulatório GO | Ana Clara Moraes Daleffe 
 
2 
 
• Forma clínica: Caracteriza-se pela presença de 
verrugas (condilomas acuminados) que possuem alta 
carga viral (muito contagioso). As lesões são 
assintomáticas. 
Associa-se ao HPV de baixo risco. 
• Forma subclínica: Apresenta-se como lesões não 
visíveis ao olho nu, identificadas pela citologia, 
colposcopia e histopatologia. Associa-se ao HPV de 
alto risco. 
Podem surgir lesões precursoras e câncer. 
Diagnóstico 
O diagnóstico do condiloma acuminado é clínico. Já as 
lesões subclínicas são diagnosticadas pela citologia, 
colposcopia e histopatologia. 
• Citologia: É o método de rastreamento mais barato. 
Pode visualizar coilócitos (células resultantes do 
efeito citopatogênico do vírus sobre a célula 
epitelial). 
• Colposcopia: É possível visualizar as lesões com mais 
detalhes. Pode classificar os achados em normais, 
insatisfatórios e anormais. 
• Histopatologia: A citologia e a colposcopia alertam o 
clínico para a presença da NIC, porém para a 
orientação terapêutica é necessário o diagnóstico 
histopatológico, que também permite graduar as 
lesões. 
Classificação Citopatológica e Histopatológica das Lesões 
Classificação de Richart (1967) 
• NIC I: lesões que acometem o terço basal do epitélio; 
caracteriza-se por displasia leve. 
• NIC II: lesões que acometem dois terços basais do 
epitélio; caracteriza-se por displasia moderada. 
• NIC III: lesões que acometem mais de dois terços do 
epitélio; caracteriza-se por displasia acentuada 
(carcinoma in situ). 
Classificação de Richart (1990) 
• Lesão intra-epitelial de baixo grau (LSIL): 
corresponde ao NIC I. 
• Lesão intra-epitelial de alto grau (HSIL). corresponde 
ao NIC II e III. 
 
 
Classificação de Bethesda (2001) 
• ASC-US: células escamosas atípicas de significado 
indeterminado. 
• ASC-H: células escamosas atípicas não sendo possível 
descartar a presença de malignidade. 
• AGC: células glandulares de significado 
indeterminado. 
Conduta das Lesões Cervicais (Ministério da Saúde) 
• Exame citopatológico sugestivo de: 
− LSIL (NIC I) ou ASC-US: Repetir a citologia em 6 
meses. Se manter a atipia deve-se realizar a 
colposcopia, que em caso de resultado anormal 
é necessário realizar biópsia. 
− HSIL (NIC II e III), ASC-H ou ACG: Realizar 
colposcopia, que em caso de resultado anormal 
deve-se realizar biópsia. 
• Confirmação pelo exame histopatológico de: 
− NIC I: A maioria regride espontaneamente se 
não for tratada. A conduta é acompanhamento 
citológico e colposcópico de 3 a 6 meses durante 
2 anos. Se persistir deverá realizar cauterização. 
− NIC II e III: Realizar excisão cirúrgica e avaliar a 
margem. Se margem livre o seguimento é com 
colposcopia de 3 a 6 meses durante 2 anos e se 
margem comprometida o tratamento é 
específico. 
Tratamento do Condiloma Acuminado 
O objetivo não é a erradicação do vírus, mas sim destruir 
a lesão causada por ele. 
• Medidas gerais: higiene, uso de preservativos, 
encaminhamento do parceiro para investigação, 
tratamento de infecções secundárias. 
• Tratamento químico: quimiocauterização (ácido 
tricloroacético) e imunoterápicos (imiquimod). 
• Tratamento cirúrgico: eletrocauterização. 
Profilaxia 
Vacina quadrivalente: Previne contra HPV 6, 11, 16 e 18. 
Está disponível no SUS para as idades de 9 a 13 anos. O 
Ministério da Saúde recomenda duas doses, devendo a 
segunda ser aplicada após 6 meses da primeira. 
 
 
Ambulatório GO | Ana Clara Moraes Daleffe 
 
3 
 
Câncer de Colo de Útero 
Rastreio 
Colpocitologia (Exame Preventivo de Ca de Colo): 
• Quando colher? 
− 1x/ano. Com 2 exames consecutivos anuais 
negativos, passa a colher a cada 3 anos. 
− A partir dos 25 anos, após a sexarca. 
− Até os 64 anos (desde que tenha 2 exames 
consecutivos negativos, nos últimos 5 anos). 
• Situações especiais: 
− Gestante: colher se estiver na época adequada. 
− HIV: começa a colher assim que iniciar a vida 
sexual (independentemente da idade); 6 em 6 
meses no 1º ano e depois, colher anualmente. 
Se CD4 baixo, manter preventivo de 6 em 6 
meses. Nunca colher de 3 em 3 anos. 
− Virgem: não colher. 
− Histerectomia total: parar de colher se 
histerectomia por doença benigna SEM história 
de lesão de alto grau (exames anteriores). Se 
não houver registro dos preventivos anteriores 
e nos demais casos, tem que continuar 
colhendo. A amostra é retirada da cúpula 
vaginal, utilizando-se a Espátula de Ayre. 
• Como colher? 
− Coleta dupla: coleta ectocervical (espátula de 
Ayre); coleta endocervical (citobrush) 
Se JEC não visível, entrar com o citobrush mais 
profundamente. 
• Como conduzir? 
 
• Resultados da Biópsia 
− NIC 1: não evolui para Câncer. 
Conduta: acompanhar. 
Taxa de regressão muito alta. 
Se persistir por 2 anos: destruir com Crioterapia 
ou Cauterização 
− NIC 2 e NIC 3: risco de Ca (Pode vir NIC 2 e, em 
um pedaço maior, ser um Carcinoma Invasor) 
Conduta: retirar um pedaço maior → Exérese da 
zona de transformação (EZT ou antigamente: 
CAF). 
EZT Tipo I: 1 cm 
EZT Tipo II: 1-2 cm 
EZT Tipo III: 2-2,5 cm 
− Indicações de conização a frio (corresponde a 
uma EZT tipo III): 
Suspeita-se de invasão. 
Não vê limite da lesão. 
JEC não visível à colposcopia. 
Estadiamento

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