Buscar

Vida e Contribuições de Lina Bo Bardi (em formato revista)

Prévia do material em texto

Segunda- feira, 8 de março de 2021 - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil - The Arch News, 'Edição especial: Dia da Mulher.' - Nº 2308 - Preço Sugerido R$ 23,00
The Arch News
L
IN
A
 B
O
 B
A
R
D
I
Descubra os passos da arquiteta que fez
da simplicidade a grande ferramenta
para os desafios da humanidade,
construindo uma nova visão de mundo
por meio da arquitetura e do design, da
Itália à Bahia em poucas e intensas.
 Não procurei a
beleza, procurei a
liberdade. 
 Os intelectuais não
gostavam. O povo
gostou... 
 Sabe quem fez isso?
Foi uma mulher!
-Lina Bo Bardi, em 
documentário homônimo 
de 1993, sobre o MASP .
Mais do que todos os outros que participaram desse 'renascimento' da cultura de nível
erudito em Salvador no final dos anos 50 e início dos anos 60, Dona Lina foi a que 
mais profundamente viu a força do aspecto de criatividade popular da 
cidade e da região. [...] Não como folclore, ou documentação de um estilo exótico, 
divertido ou curioso, mas como verdadeira força cultural.
Feminismo e consciência social: o que têm estes temas a ver com
arquitetura? É o que trata a presente edição, que aborda uma das figuras
mais emblemáticas do ofício em nosso país.
Nascida na Itália, arquiteta afirmava ter mudado-se para o Brasil cativada
pela bela arquitetura de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e outros. Amava o
clima, a riqueza natural e principalmente o povo. Tornou-se diretora da
revista Domus, direcionada às mulheres e aliou-se ao Partido Comunista
Clandestino na luta pela resistência.
Nas academias contemporâneas o nome não é desconhecido e qualquer
estudante de Arquitetura sabe citar uma obra de autoria de Bardi, mas
quais foram suas contribuições além da concepção e execução do possível
ícone arquitetônico mais célebre de São Paulo?
 Em Setembro de 1959 Lina e
Martin Gonçalves, diretor da Escola
de Teatro da UFBA, com o apoio do
então presidente Juscelino
Kubitscheck, montavam em São
Paulo a ‘Exposição Bahia’ a primeira
na metade sul do país com o caráter
de exposição de problemas sociais,
sendo mais sobre antropologia
cultural, do que propriamente sobre
arte.
 Em São Paulo, a italo-brasileira
teve grandes contribuições para o que
chamaos de arquitetura brutalista,
com algumas obras como a Casa de
Vidro, o SESC Pompéia e o MASP,
cujo giagentesco vão no térreo
configura até hoje um dos principais
símbolos da democracia, tendo sido
historicamente centro de reuniões e
manifestações tanto da esquerda
quanto da direita.
 Após ser convidada para construir o Museu de Arte Moderna da
Bahia, mudou se para o estado, convivendo então com a elite cultural da
época: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, mas segundo
relatos, não era a estes que dedicava a atenção e maior parte do seu
tempo, mas sim às pessoas comuns.
 No estado, então, teve autoria em obras não tão imponentes quanto
o MASP, mas de igual ou maior importância, dentre as quais se
destacam: o restauro e intervenção na Ladeira da Misericórdia, onde
com o uso de argamassa armada (fibrocimento), buscou reaver a
história humana daqueles que viviam ali, a qual dizia ser “a história
verdadeira, do povo, e não a que se vê nos livros”, afirmando que não se
podia demolir e junto jogar fora os registros das vivências do povo; a
Igreja do Santo Espírito do Cerrado em Uberlândia, lembrada como
pobre, não de arquitetura, mas de meios e de materiais, que foram
muito simples e o Solar da União, com o cunho de habitação de
interesse social, em materiais vernaculares e reutilizados do local.
 O último mencionado foi possivelmente o que inspirou Bo Bardi a
se dedicar ao que chamava de “arquitetura póvera”, uma arquitetura
simples, com materiais típicos do Brasil e voltada à classe baixa.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO - ESCOLA POLITÉCNICA
TEORIA E HISTÓRIA DO DESIGN
PROFESSOR JULIO CESAR CAETANO DA SILVA
TALES CASAGRANDE DA
SILVA MILETHO PEREIRA
08/11/2020
PRANCHA
01
VIDA E CONTRIBUIÇÕES
DE LINA BO BARDI
The Arch News
"Sou contra ver a arquitetura
somente como um projeto de status.
Estou em desacordo com o meu
querido amigo Kneese de Mello
quando diz que os pedreiros não
devem fazer arquitetura. Acho que o
povo deve fazer arquitetura."
-Lina Bo Bardi
Nas redes sociais, arquitetas e arquitetos relembram
os feitos de Lina Bo Bardi neste dia das mulheres.
“Tenho inibições arquitetônicas. É uma doença, não é pose. Sou incapaz de projetar um banco,
uma mansão particular, um hotel... Teria amado ser chamada para projetar, talvez, um hospital,
escolas, casas populares, mas nunca aconteceu."
 Diz-se que em vida Lina Bo Bardi realiza não só o projeto
arquitetônico, mas o projeto artístico-político-social, que envolve uma
ativa industrialização possibilitada pela participação, inventividade e
liberdade do povo como narrador de seu próprio protagonismo.
Bo Bardi e o "olhar antropológico".
-Caetano Veloso
Zaha Hadid, Kazuyo Sejima e as
curvas da contemporaneidade. pg 23.
Veja quem são as responsáveis pelos escritórios de maior sucesso no
mundo e como as mulheres tem dominado o mercado da arquitetura e
do design desde os fim do século passado na coluna de Tales Casagrande.
Revisite o SESC Pompéia, a Casa de Vidro e outros clássicos da
arquitetura feminina brasileira na página 3.
Segunda- feira, 8 de março de 2021 - Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil - The Arch News, 'Edição especial: Dia da Mulher.' - Nº 2308 - Preço Sugerido R$ 23,00
Pg. 27.

Continue navegando