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Os anticorpos são conceituados como glicoproteínas globulares com função imunitária e pertencentes a superfamília das imunoglobulinas. São diversos e específicos em suas habilidades de reconhecer estruturas moleculares estranhas e constituem os mediadores da imunidade humoral contra todas as classes de microrganismos. Foi descoberto em 1939 que na porção gama (γ) do soro há presença de anticorpos, podendo ser chamada de - globulina. • Uma única célula B pode originar 5 mil células produtoras de 100 bilhões de anticorpos por dia. • São sintetizados por linfócitos B e, principalmente, por plasmócitos, em resposta ao estímulo imunogênico. Fase de reconhecimento: As células B, mais especificamente, os seus receptores BCR reconhecem o seu antígeno e, desse modo, iniciam a produção de anticorpos havendo a presença de células T (resposta timo dependente) ou a não presença de células T (resposta timo independente). Assim, quando estimulada, torna-se ativa, ocorrendo uma expansão clonal. Fase de ativação, proliferação e diferenciação da célula B: Posteriormente a expansão clonal, ocorrerá: 1. Formação de plasmócitos e, consequentemente, a secreção de anticorpos; 2. Células B com IgG expresso, ocorrendo a troca de isótipo; 3. Células B com IgG expresso de alta afinidade, tendo, portanto, a maturação da afinidade e produção de células B de memória. IMUNOGLOBULINAS E RECEPTORES DE CÉLULAS T (TCR) IMUNOLOGIA BÁSICA Maria Eduarda Marchi - 2025.1 Somente com a participação de células T PRODUÇÃO DE ANTICORPOS Estruturalmente, a imunoglobulina é formada por duas cadeias pesadas e duas cadeias leves, estando interligadas por pontos de sulfetos. Além disso, ambas as cadeias possuem uma região variável e outra constante. Havendo duas porções, a Fab, que se liga ao antígeno específico, sendo formada tanto por um segmento da cadeia pesada e um segmento da cadeia leve. E a porção Fc, que possui atividade biológica. Entre essas regiões, Fab e Fc, há uma dobradiça que permite a ligação a determinantes com distancias diferentes, assim, promove que a imunoglobulina se estique ou se encolha. Pode-se ter: Anticorpo secretado (solúvel no plasma, assim a sua porção carboxiterminal (COO) é hidrofílica) e anticorpo de membrana (a sua porção COO é hidrofóbica). VALÊNCIA E AVIDEZ A avidez é definida como a força total de ligação de um antígeno contendo muitos determinantes antigênicos e anticorpos multivalentes. Sendo influenciada tanto pela valência do anticorpo como pela valência do antígeno. Desse modo, quanto menor a valência, mais baixa será a avidez e vice e versa. ✓ Fatores que interferem na avidez • Distância entre os epítopos; • Capacidade de ligação do Ac via dobradiça; DIVERSIDADE DAS IMUNOGLOBULINAS Quando ocorre o reconhecimento do antígeno pela célula B, tem-se rearranjos, culminando na ativação de genes que levam a produção de anticorpos. • Hipermutação somática: São mutações pontuais nas cadeias pesada e leve da imunoglobulina e ocorrem nas células B. • Maturação da afinidade: É o processo na qual as células B ativadas produtoras de anticorpos passam a dominar progressivamente a resposta. As regiões de complementariedades, CDRs, encontram-se nos domínios VL e VH, permanecendo-as unidas e assim, formam o local de ligação do antígeno. São chamadas de CDR1, CDR2 e CDR3. E as diferenças na sequência entre as CDRs de diferentes moléculas de anticorpo contribuem para superfícies distintas de interação e dessa maneira, para as especificidades dos anticorpos individuais, devido ao fato da distribuição de variados resíduos aminoácidos serem maiores. ✓ Fatores que alteram a estrutura do anticorpo • Maturação da afinidade (mutações somáticas na região variável); • Mudança da forma membranar para a forma secretada; • Mudança de isótipo A interação antígeno-anticorpo se dá principalmente na região hipervariável, localizado na porção Fab, de VH e VL. Assim, nas regiões de complementariedades há sequências de aminoácidos que se unem e fornecem a porção Fab a capacidade de se ligar ao epítopo do antígeno. Além disso, a interação se dá por: • Força iônica • Pontes de hidrogênio; • Força de van der Waals; • Forças hidrofóbicas Essa sequência de aminoácidos é feita de forma variável, podendo mudar de acordo com a conformação do epítopo do antígeno. Os anticorpos são classificados em diferentes isotipos e subtipos baseando-se nas diferenças nas regiões C da cadeia pesada. E estas classes e subclasses têm diferentes propriedades funcionais. As classes de anticorpos são chamadas de IgM, IgD, IgG, IgE e IgA. INTERAÇÃO ANTÍGENO-ANTICORPO PRINCIPAIS CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS IMUNOGLOBULINA G (IgG) • É a classe presente em maior quantidade; • Classe marcadora de memória imunológica; • Apresenta um tempo de vida de 20 a 40 dias, devido a sua capacidade de se ligar ao FCRn e por estarem envolvidas no transporte materno-placentário e intestino do neonato; • Subdividida em 4 subclasses - IgG1 (70%): Fixa complemento - IgG2 (14-20%): Fixa de forma intermediária - IgG3 (4-8%): Maior ativadora - IgG4 (2-6%): Não fixa • Única imunoglobulina capaz de atravessar a barreira placentária; • Mais difundida nos espações extracelulares; • Responsável por opsonização e pela sensibilização de NK (via FC); • O antígeno específico seleciona a subclasse; • Em adultos são encontrada na superfície de células endoteliais; • Tratamento de doenças autoimunes: imunossupressores via TNFR-Ig e CTLA-Ig. IMUNOGLOBULINA M (IgM) • Primeira classe de imunoglobulina a ser produzida; • 10% dos isotipos encontram-se presentes no soro; • Meia vida de 5-9 dias no plasma; • Apresenta alta afinidade por LPS; • Apresenta baixa especificidade, uma vez que são produzidas antes que a célula B tenha sofrido Hipermutação somática; • Maior ativadora do sistema complemento, devido a sua estrutura pentamérica, o que contribui para o controle mais eficiente de uma infeção; • Possui pouca capacidade de difusão; • Primeiro anticorpo a ser produzido na vida intrauterina; • Marcadora de fase aguda; • Sistema ABO: os anticorpos anti-A e anti-B são da classe IgM. IMUNOGLOBULINA A (IgA) • Corresponde a 15% das imunoglobulinas no soro; • É a principal imunoglobulina presente em secreções externas, como saliva, muco, suor, suco gástrico e lágrimas; • A IgA presente no plasma é encontrada na forma monomérica e em pequenas concentrações, enquanto a forma dimérica é encontrada em grandes concentrações nas regiões mucosas do organismo; • Subdividida em duas subclasses: IgA1 (85%) e IgA2 (15%); • É produzida por glândulas e mucosas (MALT): Após a produção por plasmócitos abaixo da membrana basal do intestino, a IgA dimérica se liga a um receptor poli- Ig, sofrendo assim transcitose até a superfície apical do intestino, onde permanecera somente o componente secretor; • Importante na neutralização contra Salmonella, Vibrio cholerae e Neisseria gonorrhoeae, vírus da pólio, influenza; • Importante na manutenção da tolerância; • É a principal imunoglobulina contida no colostro e no leite. Deve ser no neonato a principal fonte de proteção contra patógenos no intestino. IMUNOGLOBULINA E (IgE) • Corresponde a 0,004% no soro; • Encontra-se difundida de maneira moderada nos espaços extravasculares; • Tem como principal propriedade a sensibilização de mastócitos, basófilos e eosinófilos, através da sua região Fc; • Envolvidas em processos alérgicos; • Ajuda na eliminação de helmintos, quando sensibilizam eosinófilos. IMUNOGLOBULINA D (IgD) • Possui papel importante na homeostasia do sistema imune; • Ausência de autoimunidade; • Quando o linfócito B apresenta IgM e IgD na superfície é considerado linfócito B nãoreativo. IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO • Possui ptn que se liga a vitamina B12; • Promove o crescimento de Lactobacillus bifidus; • Rompe as membranas que circundam os vírus; • Aumenta a atividade antimicrobiana dos macrófagos e auxilia no reparo pós reação imune no intestino; • Estimula o trato digestivo a se maturar mais rápido, diminuindo a vulnerabilidade; • Aumenta a atividade antimicrobiana (IFN-alfa 2); • Apresenta lactoferrina, lisozimas, mucina; • Oligossacarídeos: ligam-se aos microorganismos impedindo-os da ligação à mucosa intestinal. A molécula de imunoglobulina pode ser digerida por enzimas proteolíticas, a papaína e pepsina. A enzima pepsina atua digerindo a molécula de imunoglobulina depois da dobradiça, mantendo as duas porções Fab inteiras. Enquanto a enzima pepsina, atua digerindo a molécula de imunoglobulina antes da dobradiça, mantendo a porção Fc inteira. ✓ Importância da digestão da imunoglobulina • Produção de soros antiofídicos, onde retiram a fração Fc por ação da enzima pepsina, a fim de diminuir os efeitos adversos da soroterapia, bem como, o aumento a difusão do anticorpo nos tecidos. A IgG possui a sua porção Fc como isoantígeno da espécie humana, ou seja, não varia. Desse modo, comporta-se como um antígeno para o cavalo, fato esse que leva a quebra depois da dobradiça pela enzima papaína, mantendo somente a duas Fab. • Isotipo: Refere-se à porção Fc, diferenciando os tipos de Imunoglobulinas. • Alotipo: Refere-se as regiões constantes das cadeias leves e pesadas • Idiotipo: São variantes alélicas na sequência dos epítopos de uma imunoglobulina. OBS: A resposta imune é sempre policlonal. O anticorpo monoclonal é aquele que vai reconhecer apenas um determinante antigênico, sendo útil como reagentes para diagnóstico, exames de imagem e procedimentos terapêuticos na clínica médica. Para ser produzido faz-se necessário: 1. Inocular o antígeno específico; 2. No baço há a separação das células B; 3. Junta a célula B cancerígena através da PEG; 4. Nutre as células com o meio HAT (hipoxantina, aminopterina e timina); 5. Seleciona apenas as células híbridas; 6. Diluição a fim de separar célula por célula; CLIVAGEM PROTEOLÍTICA ANTICORPOS MONOCLONAIS 7. Adiciona o antígeno inoculado; 8. Quando descoberto qual célula foi responsiva ao antígeno e assim, produziu anticorpos, ela será multiplicada; 9. Quando o clone é multiplicado, tem-se uma fonte inesgotável de anticorpos específicos contra ao antígeno específico. • Neutralizar; • Promover opsonização impedindo a fagocitose; • Ativar o sistema complemento. FUNÇÕES DOS ANTICORPOS
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