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ad literatura na formação do leitor 2021

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD
DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR
AD2 – 2021.1 - prazo final de entrega: 16 de maio
Coordenadora (o): Anna Carolina C. de A. da Matta Machado
Aluno (a): Iara dos Santos Xavier Oliveira \ Karolyne Verly Terrason
Matrícula: 19212080361 \ 19212080343
Polo: Nova Friburgo
Orientações
 Preste atenção aos enunciados das 4 (quatro) questões e responda a partir de
reflexão com clareza, coerência, dialogando com o conteúdo estudado (aspectos
teórico-metodológicos da disciplina) e com posicionamento próprio e crítico
acerca das questões lançadas nesta AD2 (relativa às Aulas 08 a 23).
 Esta avaliação a distância pode ser realizada individualmente ou em dupla,
necessariamente de estudantes do mesmo polo, tal como na AD1. Neste caso é
essencial que ambos os estudantes enviem o mesmo arquivo, com nome e
matrícula da dupla. 
 Atenção às citações das fontes consultadas. 
1ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
Retome a leitura da Aula 8 e faça uma relação dos conceitos e ideias centrais
explorados nesta aula. Em seguida, leia, com atenção, o poema “Lição de biologia”,
e escreva um comentário sobre este texto, destacando que características permitem
que ele seja um exemplo de texto literário.
Eu plantei um pé de amor
no fundo da minha vida
a semente foi brotando
primeiro criou raiz
da raiz nasceu o broto
do broto nasceu o caule
do caule nasceu o galho
do galho nasceu a folha
da folha nasceu a flor
e da flor nasceu o fruto
e o fruto que era verde
depressa ficou maduro
e com ele eu fiz um doce
que eu dei pra você provar
que eu dei pra você querer
que eu dei pra você gostar.
Fonte: Dezenove poemas desengonçados, de Ricardo Azevedo, Editora Ática. 
Os conceitos e ideias apresentados a respeito do texto literário e não literário demonstra
as principais diferenças entre as duas tipologias textuais, visto que, em o texto literário é
comum a presença da subjetividade e conotação, ou seja, a presença da primeira pessoa
do singular ou do plural e o uso do sentido figurado. Já o texto não literário apresenta
caráter informativo que busca dissertar, argumentar e opinar a respeito de algum
assunto. Sendo assim, no poema a “Lição da Biologia” é notório observar a
subjetividade e a conotação, por exemplo, no verso 1 “Eu plantei um pé de amor”, há a
presença da primeira pessoa e também uma figura de linguagem, neste caso, uma
metáfora.
2ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
Na perspectiva da formação do leitor, é muito importante ter contato, nos dias de
hoje, com produção de conteúdo relacionada a esta temática nas redes sociais e
plataformas como YouTube, Podcast, Blog, Instagram. 
Pesquise e indique 2 (duas) referências que poderiam ser válidas para a
formação de um educador. Vamos reunir e postar no fórum da disciplina algumas
destas indicações dos estudantes. 
1) Nome do canal/perfil: Professor Davi
Plataforma: YouTube
Endereço@: https://youtu.be/mWRp5Ztu61I
Breve descrição e justificativa da escolha:
 
 A escolha dessa referência, deve-se ao fato de que além de apresentar um
excelente material de estudo e uma aula muito completa para quem deseja ser um
educador ele também relata o cotidiano da vida de quem busca ser um educador e ajuda
a lidar com os desafios da vida familiar e profissional. 
2) Nome do canal/perfil:
Plataforma: Instagram 
Endereço@: https://youtu.be/CXVrTyn3oyw
Breve descrição e justificativa da escolha:
 A segunda referência foi escolhida pois trata-se de uma websérie do capítulo 2 do
livro Didática Geral onde mostra ao educador como lidar com a técnica, que seria o
domínio do conteúdo, e com a didática, ou seja, a forma de ensinar os seus alunos.
3ª Questão: (valor: 3,0 pontos)
Quando levamos o teatro para a criança, somos apenas aqueles
que estão abrindo o caminho, o caminho que vai do sonho à
realidade. Estamos criando, através da arte e a partir do
maravilhoso, a oportunidade do menino sentir que a vida pode
ser bonita, feia, misteriosa, clara, escura, feita de sonhos e
realidades. (Maria Clara Machado)
Leia este trecho de “O Cavalinho Azul”, obra de Maria Clara Machado,
encenado no Teatro Tablado no Rio de Janeiro pela primeira vez maio de 1960.
Retome o estudo da Aula 17, e faça uma pesquisa, se quiser, para ampliar seu
entendimento sobre este tipo de texto. Faça um resumo explicando com suas
palavras o que caracteriza o gênero dramático. 
(...)
4.ª CENA
VELHO
Foi assim que conheci Vicente. Uns achavam que ele era
um menino mentiroso porque inventava coisas; via cavalos
azuis, circos enormes, campinas verdes; achava que um
vagabundo como eu era Deus, imaginem vocês.
Outros achavam que ele era louquinho. Cá para mim, acho
que ele nem era mentiroso, nem louco. Apenas via as
coisas diferentes e acreditava mesmo no que via. Só sei
que ele andou pelo mundo atrás de seu cavalo. Será que
encontrou? Vamos ver por onde ele anda agora. Depois de
muito caminhar chegou primeiro a um circo numa cidade
pequena perto da cidade dele. (O velho puxa a pequena arquibancada.) Os donos
deste circo são aqueles três músicos que vêm ali (O velho volta ao tamborete. Os
músicos entram com suas cadeiras, solenemente. Um gordo e alto, o segundo alto e
magro, e o terceiro, baixinho. O gordo leva um violino, o alto leva um piano, e o
baixinho, um contrabaixo, que vão buscar fora de cena depois de colocarem as
cadeiras no fundo da cena. Estes instrumentos são feitos de madeira compensada,
bem leves para serem carregados e a música é tocada nos bastidores enquanto os
músicos de cena apenas pretendem que tocam como em instrumentos de brinquedo.
O gordo abre a portinhola de seu violino que só tem a utilidade de guardar dinheiro,
e retira uma flauta. Os três começam a tocar a música n.º 5A, enquanto chega a
meninazinha que cumprimenta os velhos e senta na arquibancada. Os velhos usam
fraque e cartola, barbas postiças e pedaços de cabelos saindo das cartolas.)
VELHO
Estes velhos alugaram um palhaço para fazer graça enquanto eles tocavam e
ganhavam dinheiro.
(Tambor forte para a chegada do palhaço.)
PALHAÇO
Caro público! Boa tarde, bom dia e boa noite! Este é o nosso grande circo
americano! Boa tarde, bom dia e boa noite! Os melhores (Acentuando.) trapezistas
do mundo vão voar por este teto! Cinco elefantes vermelhos, domesticados,
educados, amestrados, vão cantar! Cantar, caro público, cantar com voz de
elefantes! Um cachorro chamado Doly vai tocar violino... Tocar violino, caro
público, com pata de cachorro... Um gato vai cantar... Um gato cantor, caro públicos
com voz de barítono... Uma foca bailarina e uma bailarina gente vão dançar ao
mesmo tempo, ao mesmo tempo, caro público, em cima de cinco cavalos... cinco
cavalos, caro público... Um homem que engole fogo e cospe gelo, cospe gelo, caro
público. (Ouve-se um tambor forte. Segue-se grande silêncio.)
PALHAÇO
Tudo por cinco cruzeiros!
(O palhaço passa pela arquibancada esperando quem pague, enquanto os músicos
terminam a valsinha. A menina se levanta e tira de uma bolsinha cinco cruzeiros,
que entrega ao palhaço; este leva o dinheiro para o gordo, que abre a portinhola de
seu violino e guarda o dinheiro.)
E, para começar, o grande palhaço, o mais engraçado do mundo, vai fazer um
número de corda bamba. Este palhaço sou eu e aqui está a corda bamba.
(O palhaço estica no chão uma corda, abre um guarda-chuva mirim e começa a
fingir que se equilibra no clássico número. Os músicos acompanham o número. A
menina bate palmas.)
PALHAÇO
Muito obrigado! Muito obrigado, caro público! E agora o grande palhaço do
grande... (Neste momento entra Vicente; o palhaço faz uma pausa para olhá-lo,depois do grande circo americano vai fazer o número de contorcionismo. (Vicente,
entusiasmado, começa a bater palmas. O palhaço fica nervoso com tanto entusiasmo
e desanda a fazer uma série de números e evoluções, sempre com Vicente e a
menina batendo palmas, até que, exausto, se senta no chão.)
VICENTE
(Aproximando-se.) Grande palhaço do grande circo americano, quer fazer o favor de
me dizer se o meu cavalo azul está aqui?
PALHAÇO
O quê? Um cavalo azul? Nunca vi. (Põe-se de pé. Os músicos também.)
VICENTE
Com um rabo enorme, branco!
PALHAÇO
Isto existe? Um cavalo azul?
VICENTE
O meu. É lindo. Dança, canta e voa.
PALHAÇO
(Correndo para os músicos.) Cavalo azul... Cavalo azul... Deve ser mentira... Deixa
de bobagem, menino. Não vê que estou trabalhando? Não atrapalhe meu número
contando coisas (meio em dúvida) que não existem... Sai daí. (Num canto,
desconfiado.) Cavalo azul!
(Vicente sobe na arquibancada, os músicos tocam um acorde esquisito, o palhaço
presta atenção e corre para Vicente.)
PALHAÇO
Se quiser assistir, tem que pagar.
VICENTE
Mas eu não tenho dinheiro.
(...)
O texto dramático apresenta atos e cenas e diálogo como no texto acima. O diálogo
entre o Palhaço e o Vicente, a descrição de onde a história está se passando em cada
momento, como é possível ver no trecho “(Vicente sobe na arquibancada, os
músicos tocam um acorde esquisito, o palhaço presta atenção e corre para
Vicente.)”. Além disso, o texto dramático possui seus elementos, tais como,
protagonista, antagonista, coro e catarse, geralmente constituída de exposição,
conflito, complicação, clímax e desfecho. 
4ª Questão: (valor: 3,0 pontos)
Leia o texto “Palavra boa é bicho solto”, publicado na Revista Emília1e imagine
que você tenha de redigir uma carta para essa Revista se posicionando criticamente
sobre o texto, elegendo algum trecho para comentar. Escreva um texto de até 15
linhas explorando sua visão e interpretação. 
Palavra boa é bicho solto
POR KIARA TERRA | 27 DE ABRIL DE 2021 | FORMAÇÃO DE LEITORES |
Écom alegria, artigo raro nesses tempos, mas tão imprescindível quanto respirar, comer e abraçar
as pessoas que digo: acesso importa.
Acesso. Por via fluvial, por via aérea, por chão de terra vermelha ou asfalto que já dizimou qualquer
possibilidade de árvore. Acesso. Nem que seja pela fresta ou pela desajeitada festa que seja.
Por que ali do outro lado tem gente. E tem quem esteja na força bruta e linda das experiências
iniciais. E sempre haverá. É imperativo a gente nascer, crescer e buscar viabilidade nesse mundo. E
1 Disponível em: Palavra boa é bicho solto | Revista Emília (revistaemilia.com.br) . Acesso em: maio, 
2021
https://revistaemilia.com.br/author/kiara-terra/
https://revistaemilia.com.br/categorias/formacao-de-leitores/
https://revistaemilia.com.br/palavra-boa-e-bicho-solto/
não conheço viabilidade maior e mais vinculadora do que encontrar um eixo narrativo para si. Eu
explico. A percepção acachapante de se perceber parte de uma narrativa. É forte e faz querer seguir
adiante.
E as possibilidades da palavra fazer esse elo são muitas. Palavra falada, cantada, narrada com corpo
ou só voz, palavra brincada, comida como receita ajeitada, como quadrinha, trava língua
improvisada como repente regular com ou sem métrica solta ou escolhida a dedo e virtuose. Palavra
em registro histórico ou palavra dos grandes mestres dos terreiros e quintais. Palavras de tantas
sonoridades ressoando em tantos corpos de uma malha rompida e refeita de tessitura complexa como
são as palavras faladas no Brasil.
Até que a menina saiba cantar sua folha frase, do relato presente no emocionante trabalho de
pesquisa de Estela Caputo. Há de estar mergulhada nelas as palavras e as histórias. Mas preciso
alertar você que lê. Há uma selvageria misteriosa que rege a aderência das palavras ao corpo, ao
intelecto ao coração de cada um de nós.
Não é toda história, palavra ou música que adere em cada corpo. Como uma bromélia não se
hospeda em qualquer árvore. Por isso a vastidão de possibilidades importa. Importa também a terra
fértil do tempo e dos sentidos construídos coletivamente no terreiro onde se planta palavra, se cultiva
silêncios, se refaz no tempo o espaço de palavra florescer.
Diante de olhos pequenos, ávidos, imaginações abertas é uma alegria incandescente quando uma
história vira um livro. Essa carta de amor que se pode morar nela. É uma força que adultos
desenham, escrevem e juntos consolidam o espaço da literatura para a infância. Para a juventude
também e para a vida adulta por que até depois de existir ainda seremos as histórias. É essencial que
se preserve cada etapa da criação literária os debates a noção de que escrever e ilustrar para criança é
algo cuja complexidade deve ser preservada como floresta vasta e absolutamente viva.
Volto agora ao começo. Acesso importa. Ao livro. Às histórias. E é nessa intersecção que nascem
minhas perguntas. O livro ilustrado para a infância é nesse momento, ou a maior parte dele escrito
no sudeste. Ainda que muitos pesquisadores circulem até outros territórios e teçam escutas e
pesquisas preciosas, são suas as narrativas a respeito do que ouviram ou é seu o projeto gráfico as
escolhas as parcerias os direitos sobre a obra.
Lembro muito pouco de conhecer o nome das fontes. História narrada por José Maria de tal cidade.
Foto não lembro de nenhuma.
As histórias têm um refúgio chamado tradição oral, uma fonte energeticamente tão consistente como
magma que circula no centro da terra como sangue nas veias como pertencimento líquido para onde
sempre podemos voltar mas, vejo aí um perigo. A invisibilidade. Quem são as comunidades? As
pessoas? As fontes? Se o samba bebeu dos terreiros, quais foram? O que protege seus direitos
autorais? O que nessa lógica da propriedade privada sobre o patrimônio intelectual preserva os
donos, guardiões da oralidade?
Talvez seja romântico pensar que são encantados e desprovidos dessas necessidades capitalistas.
Vivem no sagrado Brasil Profundo. Que possam ganhar a superfície do reconhecimento material e
sejam erguidos ao status de mestres, como vi uma vez serem os criadores Nordestinos repentistas,
xilogravuristas e tantos outros em uma bonita Bienal do Ceará em um tempo não tão distante.
Percebo que há dois pesos e duas medidas: o direito à propriedade intelectual no livro publicado e a
terra livre da oralidade. Quem dera todos tivessem nome e direitos. Percebo por que circulo entre
esses universos há quase 24 anos como narradora e escritora. E nesse tempo que me emociono, agora
já quase um quarto de século, vi muita gente corajosa cruzando estradas, rios, atravessando verdades,
despindo saberes, calando diante do desconhecido com malas grandes e pequenas trabalhos
consistentes outros mais frágeis (para usar as palavras do meu bonito amigo Giuliano Tierno que
para falar de trabalhos ainda com muito a descobrir chamou de frágil e achei a coisa mais bonita de
se dizer quando como a gente olha para um bebê prematuro e ao chamar de frágil já pressupõe que
sua força não tarda a vir).
E confesso que já vi com surpresa livros primorosos se esvaziarem de sentido diante de contextos os
tornavam estrangeiros demais. Já vi narradores muito atrapalhados cujas escolhas eu não faria serem
absolutamente amados por experimentarem um grau de abertura ao seu público que me
desconcertou. Já vi narradores virtuosos milimetricamente intimistas e os admirei, já experimentei
ser chamada de Mick Jagger das crianças (por um jornalista de verdade, daqueles raros) quando
contei histórias em uma virada cultural para um mar de crianças, ah que alegria me deu esse título!
Já vi narradores se acharem sacerdotes e agirem no retalho a palavra dos outros narradores como
crítica especializada, já vi escritores com a ilusão de que poderiam chancelar ou não os narradoressobre como e se contariam suas histórias. Já vi gente reduzir a vastidão de alcance de um livro e uma
história a limitante juridiquês. Quem em sã consciência agiria para enfraquecer o mercado editorial
já tão atacado? Já vi gente a pleno pulmão, braços cheios de livros variados para tentar fazer chegar
algum livro como uma bromélia nova para uma árvore solitária. Já vi professores emocionados por
ter acesso ao livro. Já viajei com bagagem demais e voltei com menos objetos, menos livros, menos
certezas e mais daquela substância viva e irrevogável chamada escuta.
Que gente bonita se dispõe a correr quilômetros para fazer chegar palavra. Que gente bonita chama
pra perto todo tipo de história em festivais, escolas, bibliotecas, praças públicas. Que gente bonita
canta toda noite de festa as coisas que não podemos esquecer. Quem dera soubéssemos sempre a
origem e seus nomes e seus rostos para dar crédito. Quem dera não dependessem dos pesquisadores
do sudeste para serem reescritos.
Do outro lado do livro há crianças, infâncias, contextos, perguntas e experiências que carecem de
palavras diversas e farta. Narradores diversos e vastos. Professores diversos com seus corpos e
entendimentos únicos. Um desafio gigantesco num país de proporção continental uma tessitura de
saberes maravilhosamente complexa. E sonho o dia que esses saberes feitos de palavra e gente sejam
tão reconhecidos remunerados e creditados.
E hoje, só hoje gostaria de experimentar a sensação de que escritores, ilustradores, narradores,
professores, editores, mestres artesãos da palavra e das músicas, comunidades ribeirinhas, indígenas,
quilombolas, caiçaras, bibliotecários, agentes de leitura, articuladores culturais pertencessem a um
pacto único de amor pelas palavras e pelas infâncias e pelo direito a fabular. Palavra boa é bicho
solto.
 
Imagem: acervo de Kiara Terra
Cachoeiras de Macacu,13 de maio de 2021
Revista Emília,
A ideia apresentada no trecho abaixo acerca do acesso ao mundo
literário é de suma importância para a vida dos brasileiros e deveria ser
indispensável na vida dos mesmos. Entretanto, o acesso aos livros de
histórias ainda é muito restrito a uma pequena parcela da população, por
consequência, muitas crianças não possuem acessibilidade aos livros
ilustrados, que facilitaria no aprendizado da leitura e no reconhecimento
das palavras, abrindo um leque de oportunidades a este fascinante
mundo letrado das histórias.
“Volto agora ao começo. Acesso importa. Ao livro. Às histórias. E é nessa intersecção que
nascem minhas perguntas. O livro ilustrado para a infância é nesse momento, ou a maior parte dele escrito
no sudeste. Ainda que muitos pesquisadores circulem até outros territórios e teçam escutas e pesquisas
preciosas, são suas as narrativas a respeito do que ouviram ou é seu o projeto gráfico as escolhas as
parcerias os direitos sobre a obra.”
Iara dos S. Xavier Oliveira
Karolyne Verly Terrason
	Palavra boa é bicho solto

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