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RELAÇÃO DA MIOCINA E ADIPOCINA NA SAÚDE Itajubá 2020 Miosinas Miosinas são motores moleculares envolvidas com diferentes formas de movimentação celular, como fagocitose, citocinese, contração muscular, batimento de cílios e tráfego de organelas e partículas. Elas usam a energia derivada da hidrólise do ATP para realizar esses movimentos e possuem um domínio motor comum. A diversidade dos membros da família nos permite agrupá-las em classes. A miosina muscular foi definida como convencional (classe 2), enquanto outros tipos são referidos coletivamente como miosinas não convencionais (agrupadas em várias classes). Miosinas que filogeneticamente não se agrupam com qualquer outra miosina são denominadas miosinas órfãs. Miocinas São citocinas ou peptídeos produzidos, expressos e liberados pelo músculo. Podem exercer efeitos autócrinos, parácrinos ou endócrinos. Incluem miostatina, fator inibição de leucemia (LIF), IL-6, IL-7, BDNF, fatores de crescimento insulínicos (IGF), fator de crescimento de fibroblastos 2 (FGF-2), FSTL- 1 e irisina. Podem mediar efeitos protetores do exercício muscular, no que diz respeito a doenças associadas com um estilo de vida fisicamente inativo. Durante a contração, o músculo produz substâncias (miocinas) que agem no próprio músculo e em vários órgãos, aumentando a taxa metabólica, reduzindo a massa de gordura e aumentando a própria massa muscular. Uma dessas miocinas é a Irisina, que transforma o tecido adiposo branco (depósito de gordura) em tecido adiposo marrom (gerador de energia), reduz a resistência à insulina e melhora a glicemia. Outra miocina é a Interleucina 6 (IL6). Ela nos protege contra infecções e aumenta os níveis de uma substância denominada GLP1, que é produzida pelo intestino e que reduz o apetite. A produção de IL-6 pelo músculo também leva ao aumento de produção de glicose pelo fígado, aumento da captação de glicose pelo próprio músculo, aumento da síntese de glicogênio no músculo e aumento de lipólise no tecido adiposo. Outra miocina é o BDNF (fator neurotrófico derivado do músculo). Ele ativa circuitos cerebrais, melhora a memória e a cognição. A inatividade física é um forte fator de risco para a acumulação de gordura visceral e consequente ativação de uma rede de vias inflamatórias. Uma grande quantidade de tecido adiposo subcutâneo pode ter pouco ou nenhum efeito prejudicial e pode oferecer proteção contra doenças crônicas, enquanto existe forte evidência para efeitos prejudiciais da gordura e gordura visceral no fígado e no músculo. O acúmulo de gordura visceral pode resultar em processos inflamatórios generalizados. Adipocinas As adipocinas por são produzidos pelo tecido adiposo e têm ações diversas, como função imunológica, cardiovascular, metabólica e endócrina (que participam da inflamação e resposta do sistema imune), além de serem sensores do balanço energético que influencia não só a função adipocitária, mas, como é liberada em níveis séricos, afeta muita vias metabólicas. Quando o adipócito ou outra célula produtora de adipocina é estimulado, são desencadeados inúmeros sinais de transdução da cascata inflamatória que induzem a expressão e secreção de diversas proteínas de fase aguda e mediadores da inflamação. A inflamação é uma resposta do sistema imune a um agente agressor através do recrutamento de leucócitos desencadeado pela circulação sanguínea de citocinas. Estudos recentes demonstram que indivíduos obesos apresentam grandes quantidades de adipocinas inflamatórias em seu sangue, o que indica que obesidade é uma inflamação crônica. As adipocinas e seus marcadores inflamatórios têm atuação em diversas patologias, como a resistência à insulina, e outras complicações cardiovasculares, respiratórias e doenças inflamatórias autoimunes. LEPTINA A leptina é um hormônio que atua na sinalização entre o sistema nervoso central (hipotálamo) e o tecido adiposo regulando a ingestão alimentar, o gasto energético e com isso, a composição corporal; estudos sugerem que a obesidade humana poderia ser resultante de um defeito no transporte da leptina ao sistema nervoso central ou também um defeito pós-receptor, levando a uma falha na ativação dos mediadores neuroendócrinos reguladores do peso corporal. Muitos estudos têm demonstrado também que a leptina tem ação direta e inibitória sobre a secreção de insulina pela ativação dos canais de potássio dependentes de ATP ou via interação com a sinalização da proteína AMP quinase. Na inflamação a leptina desempenha o papel de estimular o macrófago a aumentar sua função fagocitária e produzir citocinas pró-inflamatórias. Encontraram-se níveis elevados de leptina em pacientes asmáticos, o que leva a crer que essa substância estimula a sensibilidade de alguns IGEs. RESISTINA Encontrada em grande quantidade no sítio da inflamação, tem papel importante na resistência à insulina. Os níveis de resistina aumentam na obesidade genética ou induzida por dieta e, portanto, estão ligadas à resistência insulínica associada à obesidade. Descreve-se a resistina como hormônio singular, cujos efeitos no metabolismo da glicose são antagônicos àqueles da insulina. Ainda pouco se sabe sobre essa substância. Mas estudos comprovam que em indivíduos magros, não se encontrou quantidades significativas dela circulantes no sangue. VISFATINA Visfatina é uma proteína que imita a insulina, descoberta no fígado, no músculo esquelético e na medula óssea e identificada como fator de crescimento do linfócito B. Encontraram-se grandes quantidades dela em pacientes com dano pulmonar agudo, e seus valores circulantes estão intimamente relacionados com a quantidade de tecido adiposo branco. Encontraram-se também valores elevados de visfatina em pacientes com artrite reumatoide. Mas pouco se sabe sobre a fisiopatologia de sua atuação. ADIPONECTINA A Adiponectina é uma proteína que está envolvida na resposta inflamatória e regulação do balanço energético, desenvolvendo um papel anorexígeno e anti-inflamatório muito utilizado na fabricação de remédios para resistência à insulina. Tem receptores nos músculos de no fígado, sua expressão diminui à medida que o tecido adiposo aumenta e sua concentração no soro encontra-se reduzida em indivíduos e roedores obesos ou resistentes à insulina. É importante ressaltar que os níveis plasmáticos de adiponectina se elevam após a redução da massa corporal o que se associa significativamente com a redução do risco de doenças cardiovasculares. PROTEÍNA ESTIMULADORA DE ACILAÇÃO (ASP) Recentemente se descobriu que na obesidade, ocorre a deteriorização do sistema fibrinolítico, o que traz complicações cardiovasculares que estão associadas a altas concentrações de PAI-1. A elevação da secreção de ASP pelos adipócitos acompanha o aumento das concentrações sanguíneas de insulina, sugerindo que a insulina poderia constituir mediador da redução da produção de ASP durante um período de jejum ou restrição energética bem como da elevação dos teores de ASP após as refeições. Adicionalmente, há evidências de que lipídeos circulantes também estimulam a expressão de ASP, após ingestão de grande quantidade desses nutrientes. FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF- α) O TNF-α é um polipeptídeo secretado por macrófagos ativados por distúrbios metabólicos ou processos crônicos de inflamação. É também caracterizado por induzir a morte celular (apoptose) e ploriferação de células tumorais. O TNF é regulador da produção de IL-6, proteínas de fase aguda e hepatoglobina e está diretamente relacionado com a quantidade de gordura no organismo. INTERLEUCINA 6 (IL-6) A IL-6 é uma citocina originada do tecido adiposo (principalmenteda gordura visceral) e de outros órgãos que desempenha um papel na regulação do apetite e no gasto energético. Tal como ao TNF-α tem função no metabolismo dos lipídios e da glicose. Inibe a lipoproteína lipase, induz a lipólise e aumenta a captação de glicose. Os seus níveis estão aumentados na obesidade (tanto os séricos como os do tecido adiposo) e diminuem com a perda de peso. É também marcador de Insulino-Resistência. INIBIDOR DO ATIVADOR DE PLAMINOGÊNIO-1 (PAI-1) O PAI-l é uma proteína anti-fibrinolítica produzida, sobretudo pelo fígado, mas também pelo tecido adiposo, que é a sua principal fonte na obesidade. Participa da aterogênese, aumentando a deposição de plaquetas e fibrina na placa ateromastosa em formação, por isso, está intimamente relacionado com enfarte agudo do miocárdio e trombose venosa profunda. ANGIOTENSINOGÊNIO Estudos relatam uma correlação direta entre aumento da pressão sanguínea e quantidade de angiotensinogênio circulante. O aumento da secreção de AT-II que se observa na obesidade contribui para a angiogénese, hipertensão e aterogénese. Estudos em ratos mostram que quando estes são deficientes em angiotensinogênio apresentam uma “proteção” em relação ao desenvolvimento da obesidade, inclusive quando submetidos a dietas hiperenergéticas. Isso permite supor que em indivíduos obesos ocorra produção elevada de angiotensinogênio pelo tecido adiposo, aumentando seus teores circulantes, o que favoreceria a hipertensão. Entender o papel da adipocinas passa a ser fundamental para entender como se regulam as principais doenças crônicas dos seres humanos na obesidade.
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