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DESENVOLVIMENTO NA IDADE ADULTA E TERCEIRA IDADE Fatores que se relacionam com o desenvolvimento humano: Mudanças e estabilidades Dimensões do desenvolvimento O indivíduo, no estudo do desenvolvimento humano, é compreendido a partir de três dimensões que, apesar de serem estudadas separadamente, estão interligadas e se afetam durante todo o desenvolvimento humano: O campo do desenvolvimento humano concentra-se no estudo científico dos processos sistemáticos de mudança e estabilidade que ocorrem nas pessoas. Os cientistas do desenvolvimento observam os aspectos em que as pessoas se transformam desde a concepção até a maturidade, bem como as características que permanecem razoavelmente estáveis. É uma área de estudo “recente”; Os cientistas do desenvolvimento reconhecem que o desenvolvimento humano é um processo que dura a vida toda – um conceito conhecido como desenvolvimento do ciclo de vida. Quantitativas - relacionada às mudanças percebidas em números e quantidades, por exemplo: perda e ganho de peso, crescimento do bebê, aumento ou diminuição das interações sociais, aumento do vocabulário; Qualitativas - diz respeito ao tipo, à estrutura e à organização, exemplo: a criança que não é verbal e passa a ser verbal; que falava palavras soltas e agora constrói frases; a conquista de uma nova habilidade. A estabilidade indica que algumas características se manterão ao longo do desenvolvimento, apesar dos processos de mudança. Física - está relacionada ao desenvolvimento do corpo, do cérebro; Cognitiva - trata das funções mentais, como atenção, percepção, aprendizagem, memória, linguagem; Psicossocial - está associada às questões psicológicas, emocionais e sociais do indivíduo. Durante nosso desenvolvimento temos mudança e estabilidade nesses domínios. Algumas dimensões do desenvolvimento Fatores que se relacionam com o desenvolvimento humano: De acordo com cada cultura, são seus códigos e percepções compartilhadas que definem como o ciclo de vida será dividido. Por exemplo, a ideia de adolescente surge por volta do século XX, quando por questões econômicas se torna necessário criar um tempo entre a criança e o adulto. Nas culturas ocidentais, temos ciclos que se dividem em oito fases, onde são estudadas a mudança e estabilidade das dimensões física, cognitiva e psicossocial dos períodos divididos em: Social Fisiológica EmocionalCognitiva Contextual • Período pré-natal (concepção ao nascimento); • Primeira infância (nascimento aos 3 anos); • Segunda infância (3 a 6 anos); • Terceira infância (6 a 11 anos); • Adolescência (11 aos 20 mais ou menos); • Início da vida adulta (20 aos 40 anos); • Vida adulta intermediária (40 a 65 anos) • Vida adulta tardia (65 em diante). Influências no desenvolvimento Fatores hereditário x fatores ambientais Fatores hereditários: dizem respeito às características humanas transmitidas dos ascendentes aos descendentes, de pais a filhos, de geração a geração. Fatores Ambientais: é o conjunto de influências e estimulações ambientais que pode alterar os padrões de comportamento do indivíduo, cada um, é constituído numa interação entre o meio e o indivíduo. Influências normativas x não normativas influências normativas: eventos biológicos ou ambientais que afetam muitas pessoas, ou a maioria delas, em uma sociedade, e eventos que atingem apenas certos indivíduos. Influências não normativas: são eventos incomuns que causam grande impacto na vida dos indivíduos por perturbarem a sequência esperada do ciclo de vida. Podem ser eventos típicos que acontecem num momento atípico da vida (como a morte de um dos pais quando a criança é pequena) ou eventos atípicos (por exemplo, sobreviver a um acidente aéreo). Abordagem de Baltes ao desenvolvimento do ciclo de vida O desenvolvimento é vitalício. O desenvolvimento é um processo vitalício de mudança. Cada período do ciclo de vida é afetado pelo que aconteceu antes e afetará o que está por vir. Cada período tem características e valores únicos. Nenhum período é mais ou menos importante que qualquer outro. O desenvolvimento é multidimensional. Ocorre ao longo de múltiplas dimensões que interagem – biológica, psicológica e socialmente –, cada uma delas podendo se desenvolver em ritmos diferentes. O desenvolvimento é multidirecional. Enquanto as pessoas ganham em uma área, podem perder em outra, às vezes ao mesmo tempo. As crianças crescem principalmente em uma direção – para cima – tanto em tamanho quanto em habilidades. Depois o equilíbrio aos poucos se desloca. Os adolescentes ganham em termos de habilidade física, mas sua facilidade em aprender uma nova língua declina. Algumas habilidades, como o vocabulário, geralmente continuam crescendo ao longo da idade adulta; outras, como a capacidade de resolver problemas com os quais não estão familiarizados, poderão diminuir; mas alguns novos atributos, como a sabedoria, poderão aumentar com a idade. As pessoas procuram maximizar os ganhos concentrando-se em fazer coisas que sabem fazer bem e minimizar perdas aprendendo a administrá-las ou compensá-las. Influências relativas de mudanças biológicas e culturais sobre o ciclo de vida: O processo de desenvolvimento é influenciado tanto pela biologia quanto pela cultura, mas o equilíbrio entre essas influências se altera. Habilidades biológicas, como acuidade sensorial, força e coordenação muscular, tornam-se mais fracas com a idade, mas apoios culturais, tais como educação, relacionamentos e ambientes tecnologicamente adequados à idade, podem ajudar a compensar. O desenvolvimento envolve mudança na alocação de recursos: Os indivíduos escolhem como “investir” seus recursos de tempo, energia, talento, dinheiro e apoio social de várias maneiras. Os recursos podem ser usados para o crescimento (por exemplo, aprender a tocar um instrumento ou aprimorar uma habilidade), para a conservação ou recuperação (praticar para manter ou recobrar uma proficiência), ou para lidar com a perda quando a conservação e a recuperação não forem possíveis. A alocação de recursos para essas três funções muda ao longo da vida, à medida que diminui o conjunto de recursos disponíveis. Na infância e no início da vida adulta, a maior parte dos recursos é direcionada para o crescimento; na velhice, para a regulação da perda. Na meia-idade, a alocação é mais equilibrada entre as três funções. O desenvolvimento revela plasticidade: Muitas capacidades, como a memória, a força física e a resistência, podem ser aperfeiçoadas com o treinamento e a prática, mesmo em idade avançada. Mas, até mesmo nas crianças, a plasticidade tem limites que em parte dependem das várias influências sobre o desenvolvimento. Uma das tarefas da pesquisa em desenvolvimento é descobrir até que ponto determinados tipos de desenvolvimento podem ser modificados nas diversas idades. O desenvolvimento é influenciado pelo contexto histórico e cultural: Cada pessoa se desenvolve em múltiplos contextos – circunstâncias ou condições definidas em parte pela maturação e em parte pelo tempo e lugar. Os seres humanos não apenas influenciam, mas também são influenciados pelo contexto histórico-cultural. Conforme discutiremos ao longo deste livro, os cientistas do desenvolvimento descobriram diferenças significativas entre coortes, por exemplo, no funcionamento intelectual, no desenvolvimento emocional de mulheres na meia-idade e na flexibilidade da personalidade na velhice. Podemos caracterizar o desenvolvimento humano como o estudo científico do processo de mudanças que ocorre ao longo de toda a vida de um ser humano. Os estudosvisam descrever os fenômenos observados, buscando retratar o comportamento de forma precisa, sem interpretações, isso quer dizer, sem juízo de valor. Assim, torna-se possível levantar causas para tal comportamento visando explicá-lo. Com isso, baseados nos processos anteriores, podemos prever o desenvolvimento futuro, criando possibilidades de intervenção para o desenvolvimento ideal. A pesquisa científica e seus delineamentos Tipos de abordagem Entendendo que somos constituídos pelas dimensões física, cognitiva e psicossocial, e que elas vão se modificando à medida que envelhecemos, processo que tem início já na concepção, é importante termos referenciais que apontem para o que é esperado em cada fase do ciclo vital, pois dessa maneira podemos criar possibilidades de cuidado e prevenção na qualidade de vida do indivíduo. Os estudiosos do desenvolvimento humano, como qualquer pesquisador, quando iniciam suas pesquisas partem de uma pergunta ou uma hipótese a ser respondida. Para isso, precisam saber como e de que forma ela pode ser respondida. Assim, precisam definir com que tipo de pesquisa vão trabalhar. Quantitativa: mudanças de número ou de quantidade, como altura, peso, tamanho do vocabulário ou frequência da comunicação. Um bebê que ganha 1 quilo e meio nos três primeiros meses de vida experimenta uma mudança quantitativa. Pesquisadores quantitativos poderão medir quanto a pessoa consegue lembrar, em vez de o que é a memória ou como ela funciona. Na maioria das vezes, mudanças quantitativas são contínuas e unidirecionais. Qualitativa: mudanças de tipo, estrutura ou organização. A mudança qualitativa é descontínua: é marcada pela emergência de novos fenômenos que não podem ser previstos com facilidade com base no funcionamento anterior. A mudança de uma criança não verbal para uma criança que entende palavras e pode comunicar-se verbalmente é uma mudança qualitativa. Natureza da abordagem Pesquisa básica o foco é gerar conhecimento, porém é gerá-lo sem necessariamente ter uma finalidade imediata. É conhecimento por conhecimento. Pesquisa aplicada tem a intenção de desenvolver e criar tecnologias palpáveis pela sociedade. Métodos de pesquisa Pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas. Pesquisa documental utiliza fontes primárias, ou seja, dados e informações que ainda não foram tratados científica ou analiticamente. Pesquisa experimental é qualquer pesquisa realizada com uma abordagem científica, onde um conjunto de variáveis é mantido constante, enquanto o outro conjunto de variáveis é medido como o assunto do experimento. Desenvolvimento do adulto e idoso Adultez Estágios Adulto jovem Meia idade Vida adulta tardia Os estudos mais recentes têm identificado características pessoais como sendo prioritárias para se ser considerado adulto, das quais se destacam ser responsável, ser capaz de tomar decisões e ser capaz de sustentar-se a si próprio financeiramente. De fato, tais estudos apontam para a importância da percepção de “autossuficiência”, do ponto de vista psicológico e instrumental, como característica fundamental da idade adulta. Estatuto social de adulto: é sustentado pelo alcance de uma posição social decorrente do desempenho de papéis profissionais e familiares, que simultaneamente assinalam o final da juventude e caracterizam a idade adulta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. O Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária, número que representa 13% da população do país. Esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo IBGE. A população idosa tende a crescer no Brasil nas próximas décadas, como aponta a Projeção da População, do IBGE, atualizada em 2018. Segundo a pesquisa, em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%. Segundo a demógrafa do IBGE, Izabel Marri, a partir de 2047 a população deverá parar de crescer, contribuindo para o processo de envelhecimento populacional – quando os grupos mais velhos ficam em uma proporção maior comparados aos grupos mais jovens da população. prolongamento dos estudos e uma marcada instabilidade profissional; Demorada inserção dos jovens no mercado de trabalho Processos de emancipação residencial tendem a ocorrer mais tardiamente em termos etários; idade tardia na constituição de uma família própria. Papel parental parece ser adiado Mulheres Homens População Negra Desigualdades sociais Sexualidade e temática LGBTQ+ Envelhecimento Saúde mental “Índice de envelhecimento”: relação entre a porcentagem de idosos e de jovens deve aumentar de 43,19%, em 2018, para 173,47%, em 2060. Esse processo pode ser observado graficamente pelas mudanças no formato da pirâmide etária ao longo dos anos, que segue a tendência mundial de estreitamento da base (menos crianças e jovens) e alargamento do corpo (adultos) e topo (idosos). Segundo as Tábuas Completas de Mortalidade, do IBGE, quem nasceu no Brasil em 2017 pode chegar, em média, a 76 anos de vida. Na projeção, quem nascer em 2060 poderá chegar a 81 anos. Desde 1940, a expectativa já aumentou 30,5 anos. Também de acordo com a PNS, 17,3% dos idosos apresentavam limitações funcionais para realizar as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), que são tarefas como fazer compras, administrar as finanças, tomar remédios, utilizar meios de transporte, usar o telefone e realizar trabalhos domésticos. E essa proporção aumenta para 39,2% entre os de 75 anos ou mais. Desenvolvimento Adulto e Idoso INFLUÊNCIAS COMPORTAMENTAIS NA SAÚDE E NA CONDIÇÃO FÍSICA Na vida adulta, alcançamos o auge do desenvolvimento físico: ao entrar na vida adulta a pessoa possui mais tecido muscular, mais cálcio nos ossos, mais massa cerebral, acuidade sensorial, maior capacidade aeróbica e um sistema imunológico mais eficiente. A saúde pode ser influenciada pelos genes, mais fatores comportamentais – o que os adultos jovens comem, se dormem o suficiente, se são fisicamente ativos e se fumam, bebem ou usam drogas – contribuem enormemente para a saúde e o bem-estar. Além disso, esses fatores ambientais podem resultar em mudanças epigenéticas na expressão de determinados genes que podem ter consequências para a vida inteira (Dolinoy e Jirtle, 2008) - Dieta e nutrição - Obesidade/sobrepeso: Em geral, a tendência mundial indica que a obesidade está em ascensão, com uma taxa de prevalência média de aproximadamente 10 a 15%; - O aumento de índices de obesidade pode estar relacionado com um aumento do hábito de comer fora de hora (Zizza, Siega-Riz e Popkin, 2001), disponibilidade de comidas rápidas de baixo custo, porções fartas, dietas ricas em gorduras, tecnologias que poupam mão de obra, incluindo alimentos altamente processados, e ocupações recreativas sedentárias, tais como televisão e computadores (Harvard Medical School, 2004c; Pereira et al., 2005; Young e Nestle, 2002). - Obesidade acarreta riscos de hipertensão arterial, doença cardíaca, AVC, diabetes, cálculos biliares, artrite e outros problemas musculares e esqueléticos, e alguns tipos de câncer, além de diminuir a qualidade e o tempo de vida. Entretanto, a pesquisa da Fiocruz dispara um alarme que vai além das drogas ilícitas. Os resultados do levantamento apontam que o consumo de álcool pela população brasileira vem atingindo níveis preocupantes. Identificou-se que cerca de 46milhões de pessoas consumem pelo menos uma dose de álcool por mês e, dentre essas pessoas, 2,3 milhões já apresentaram indícios de dependência. Desenvolvimento físico e saúde - Adultos que são fisicamente ativos colhem muitos benefícios: ajuda a manter o peso corporal em um nível desejável, a atividade física desenvolve a musculatura; fortalece o coração e os pulmões; diminui a pressão arterial; protege de doenças cardíacas, AVC, diabetes, diversos tipos de câncer ; alivia a ansiedade e a depressão; e prolonga a vida (Barnes e Schoenborn, 2003; Bernstein et al., 2005; Boulé et al., 2001; NCHS, 2004; Pan et al., 2005; Pratt, 1999; WHO, 2002). - Pesquisas sugerem que o exercício está relacionado ao funcionamento cognitivo, e que um corpo saudável é uma das variáveis relacionadas ao estabelecimento e manutenção de uma mente saudável (Kramer, Erickson e Colcombe, 2006). - Estresse: a vivência neste estágio da vida pode levar a aumentos na percepção do estresse (Arnett, 2005; Brougham et al., 2009). Uma quantidade cada vez maior de pesquisas sugere que nossa saúde psicológica afeta nossa saúde física, e que altos níveis de estresse crônico estão relacionados a uma série de prejuízos físicos e imunológicos. (Ho et al., 2010). - estresse está relacionado a comportamento de risco, o que pode interferir na saúde do jovem adulto. Sono e saúde: As faixas etárias dos 20 e dos 30 anos são épocas de muita atividade, portanto não é surpresa que muitos adultos emergentes e adultos jovens frequentemente não durmam de forma adequada. A privação do sono afeta não apenas a saúde física, mas também o funcionamento cognitivo, emocional e social. Dependência química: uso de drogas lícitas e ilícitas estão diretamente associados à saúde do jovem adulto. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou, recentemente, o Terceiro Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira. A pesquisa foi feita em 2015 e atingiu diversas regiões do Brasil, abrangendo áreas de fronteira e municípios pequenos. O levantamento foi feito em domicílio e contou com a participação de cerca de 17 mil pessoas, com idades entre 12 e 65 anos. Um dos dados apontados pelo levantamento foi o de que a droga mais usada pelos brasileiros é a maconha (7,7%), seguida pela cocaína em pó (3,1%). Outro dado que se destaca revela que o tabaco, em sua forma convencional (cigarros), está sendo cada vez menos procurado pela população. Mesmo assim, seu uso corresponde a 13,6% dos entrevistados, o que significa um número de 20,8 milhões de pessoas. Interferência indireta na saúde Determinantes da saúde Questões sexuais e de reprodução Nível socioeconômico: diversas pesquisas apontam que pessoas de menor nível socioeconômico está mais suscetível a interveniência de fatores de risco à saúde, maior vulnerabilidade ao consumo de álcool, drogas e outras substâncias, menos acesso a serviços diretos de saúde, baixa qualidade de alimentação, entre outros fatores. - Os adultos jovens tendem a ter mais parceiros sexuais do que outros grupos etários, mas fazem sexo com menos frequência. - Pessoas que se tornaram sexualmente ativas durante o início da vida adulta tendem a envolver-se em menos comportamentos de risco – aqueles que podem levar a ISTs ou a gestações não planejadas – do que aqueles que começaram na adolescência. Os preservativos são o contraceptivo utilizado mais comumente, embora seu uso seja inconsistente (Lefkowitz e Gillen, 2006). - O sexo casual é comum - No início da vida adulta, a maioria das pessoas homossexuais, bissexuais e transgêneros são claros em relação à sua identidade sexual Diversidade sexual Desenvolvimento adulto e Terceira Idade O CFP reforça que a homossexualidade não é patologia – ideia igualmente defendida pela Organização Mundial da Saúde desde 1990 – e acrescenta que a homossexualidade não representa distúrbio ou desvio psicológico e, portanto, não cabe reorientação. O CFP ainda reafirma que a Psicologia brasileira não será instrumento de promoção do sofrimento, do preconceito, da intolerância e da exclusão, premissas ratificadas pela Resolução CFP nº 01/99. Da mesma forma, a Resolução CFP 01/2018 trata da identidade de gênero e orienta profissionais da Psicologia a atuar, no exercício da profissão, de modo que as travestilidades e transexualidades não sejam consideradas patologias. A capacidade para o pensamento reflexivo parece surgir entre as idades de 20 e 25 anos. Antes dessa fase, são as regiões corticais do cérebro que cuidam do pensamento de nível superior totalmente mielinizado. Ao mesmo tempo, o cérebro está formando novos neurônios, sinapses e conexões dendríticas. Um ambiente rico e estimulante pode impulsionar o desenvolvimento de conexões corticais mais espessas e mais densas. Embora quase todos os adultos desenvolvam a capacidade de se tornar pensadores reflexivos, poucos obtêm uma ótima proficiência nessa habilidade, e um número ainda menor sabe aplicá-la consistentemente a vários tipos de problemas. Para muitos adultos, a educação universitária estimula o progresso rumo ao pensamento reflexivo (Fischer e Pruyne, 2003). https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2018/01/resolucao_cfp_01_2018.pdf Desenvolvimento cognitivo Capacidade x desempenho x funcionalidade Pensamento pós-formal SCHAIE: MODELO DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO PARA O CICLO DE VIDA Trabalhos de pesquisa e teóricos a partir da década de 1970 sugerem que o pensamento maduro é mais rico e mais complexo do que Piaget descreveu. Este estágio superior da cognição adulta é chamado às vezes de pensamento pós-formal, e geralmente começa no início da vida adulta, com frequência pela exposição à educação superior (Labouvie-Vief, 2006). O pensamento pós-formal é flexível, aberto, adaptativo e individualista. Ele recorre à intuição e à emoção, bem como à lógica, para ajudar as pessoas a lidarem com um mundo aparentemente caótico. Ele aplica os frutos da experiência a situações ambíguas. O pensamento pós-formal é relativista; Como o pensamento reflexivo, o pensamento pós-formal com frequência se desenvolve em resposta a eventos e interações que revelam maneiras inusitadas de enxergar as coisas e contestam uma visão simples e polarizada do mundo. O pensamento pós-formal frequentemente opera em um contexto social e emocional. Diferentemente dos problemas que Piaget estudou, que envolvem fenômenos físicos e requerem observação e análise isentas e objetivas, os dilemas sociais são menos estruturados e frequentemente são carregados de emoção. Nesses tipos de situação é que os adultos maduros tendem a recorrer ao pensamento pós-formal (Berg e Klaczynski, 1996; Sinnott, 1996, 1998, 2003). SCHAIE: observa o desenvolvimento dos usos do intelecto dentro de um contexto social. Os estágios propostos giram em torno de metas motivadoras que passam para o primeiro plano nos diversos estágios da vida. Essas metas mudam da aquisição de informação e habilidades (o que eu preciso saber) para a integração prática do conhecimento e das habilidades (como utilizar o que sei) e para a busca de significado e propósito (por que eu deveria saber) Teoria triárquica da inteligência de Sternberg Sternberg (Sternberg, 1985, 2004) identifica três elementos, ou aspectos, da inteligência: • O elemento componencial é o aspecto analítico da inteligência; ele determina o quão eficientemente a informação é processada pelas pessoas. Utilizado para resolver problemas, monitorar soluções e avaliar os resultados. • O elemento experiencial é introspectivo ou criativo; determina como as pessoas abordam tarefas novas ou familiares. Permite que comparema nova informação com aquilo que já sabem e descubram novas maneiras de juntar fatos – em outras palavras, a pensar originalmente. • O elemento contextual é prático; ele determina como as pessoas lidam com o ambiente. É a habilidade que permite avaliar uma situação e decidir o que fazer: adaptar-se a ela, modificá- la ou sair dela. Desenvolvimento cognitivo e raciocínio moral Todas as pessoas têm esses três tipos de habilidades, em maior ou menor grau; uma pessoa pode destacar-se em um, dois ou em todos os três. Os testes de QI convencionais medem, sobretudo, a habilidade componencial; e como esta habilidade é a mais exigida para as tarefas escolares nas sociedades ocidentais, não surpreende que os testes favoreçam as previsões quanto ao desempenho escolar. As falhas em avaliar inteligências experienciais (perceptivas ou criativas) e contextuais (práticas), diz Sternberg, explicam por que esses testes são menos usados para predizer o sucesso no mundo exterior. (tarefas e testes ecológicos) Desenvolvimento do adulto e terceira idade Os caminhos individuais para a vida adulta são influenciados por fatores como: Pesquisas revelaram uma relação recíproca entre a complexidade substantiva do trabalho – o grau de reflexão e julgamento independente que ele requer – e a flexibilidade de uma pessoa para lidar com as demandas cognitivas (Kohn, 1980). De acordo com Perry, o pensamento dos estudantes universitários tende a progredir da rigidez para a flexibilidade e, depois, para compromissos livremente escolhidos. Pesquisas encontraram uma relação entre a complexidade substantiva do trabalho e o crescimento cognitivo, bem como entre o trabalho complexo e atividades de lazer intelectualmente exigentes (hipótese de extravasamento) Hoje, o início da vida adulta pode ser, para alguns, um tempo de experimentação antes de assumir os papéis e as responsabilidades da vida adulta. Tarefas do desenvolvimento tradicionais como encontrar um trabalho estável e desenvolver relacionamentos afetivos de longa duração podem ser adiadas: Esses papéis hoje não são condição nem sinônimo de vida adulta. O que influencia esses caminhos variados para a vida adulta? - Gênero; - Sexualidade; - Capacitação acadêmica/tempo de escolaridade; - Primeiras atitudes em relação à educação, - Raça e etnia; - Expectativas do final da adolescência; - Classe social Esses fatores influenciam, favorecendo ou desfavorecendo o desenvolvimento saudável e potente. Identidade e Recentralização Identidade étnica/racial Vínculos sociais e familiares Recentralização: processo subjacente à mudança para uma identidade adulta. É a tarefa primária no início da vida adulta. É um processo de três estágios no qual poder, responsabilidade e tomada de decisão gradualmente passam da família de origem para o adulto jovem independente. - No estágio 1, o início da idade adulta emergente, o indivíduo ainda está inserido na família de origem, mas as expectativas de autoconfiança e autodirecionamento começam a aumentar. - No estágio 2, durante a idade adulta emergente, o indivíduo permanece conectado à família de origem (e pode ser financeiramente dependente dela) mas não está mais inserido nela. Envolvimentos temporários e exploratórios em uma variedade de cursos universitários, empregos e relacionamentos íntimos marcam esse estágio. Próximo do seu final, o indivíduo está começando a assumir compromissos sérios e obtendo os recursos para sustentá-los. - No estágio 3, geralmente em torno dos 30 anos, o indivíduo entra no período adulto jovem. Este estágio é marcado por independência da família de origem (embora mantendo vínculos estreitos com ela) e compromisso com uma carreira, com um relacionamento amoroso e possivelmente com filhos Para alcançar uma identidade étnica segura, eles devem vir a entender-se como parte de um grupo étnico e como parte da sociedade mais ampla, distinta, e ter uma visão positiva das culturas tanto da minoria como da maioria na qual eles vivem. Jovens multirraciais têm o desafio adicional de descobrir onde eles se enquadram. Erikson considerava o desenvolvimento dos relacionamentos íntimos a tarefa crucial no período adulto jovem. A necessidade de estabelecer relacionamentos fortes, estáveis, estreitos e carinhosos é um forte motivador do comportamento humano. As pessoas se tornam íntimas – e permanecem íntimas – por meio de revelações compartilhadas, receptividade às necessidades do outro e aceitação e respeito mútuos. Os relacionamentos íntimos requerem autoconsciência; empatia; capacidade de comunicar emoções, resolver conflitos e manter compromissos; e, se o relacionamento é potencialmente sexual, tomar decisões sobre sexo. Essas habilidades são fundamentais quando os adultos jovens decidem se querem se casar ou formar parcerias íntimas e ter ou não ter filhos (Lambeth e Hallett, 2002). Como “equilibrar” os fatores desaforáveis ao desenvolvimento? Amizade • Escolhas pessoais • Grupos sociais - Mulheres tendem a ter mais amizades intimas; - Adultos jovens solteiros recorrem mais as amizades para satisfação de necessidades sociais; - Estilos de vida conjugais e não conjugais – síntese - Resiliência - Fortalecimento de vínculos familiares saudáveis - Fortalecimento de vínculos sociais Hoje, mais do que no passado, mais adultos adiam o casamento ou nunca se casam. A tendência é particularmente pronunciada entre as mulheres afro-americanas e entre pessoas de classes socioeconômicas mais baixas. As razões para uma pessoa permanecer solteira incluem as oportunidades de carreira, viagens, liberdade sexual e de estilo de vida, desejo de autorrealização, maior autossuficiência das mulheres, menor pressão social para casar, restrições financeiras, medo de divórcio, dificuldade pra encontrar um parceiro adequado e falta de oportunidades de namoro ou de parceiros disponíveis. Os ingredientes da satisfação de longo prazo são similares nos relacionamentos homossexuais e heterossexuais. Com o novo estágio do início da vida adulta e o atraso na idade de casamento, a coabitação aumentou e tornou-se a norma em alguns países. A coabitação, ou concubinato, pode ser um casamento experimental, uma alternativa para o casamento ou, em alguns lugares, praticamente indistinguível do casamento. O casamento (em uma variedade de formas) é universal e satisfaz necessidades básicas econômicas, emocionais, sexuais, sociais e de criação dos filhos. A escolha do parceiro e a idade para casar-se variam de uma cultura para outra. Nos países industrializados as pessoas agora casam-se mais tarde do que em gerações passadas. O sucesso no casamento pode depender da sensibilidade de um parceiro para com o outro, da validação dos sentimentos mútuos e de suas habilidades de comunicação e gestão de conflitos. As expectativas diferentes de homens e mulheres podem ser fatores importantes na satisfação conjugal. Constituição do próprio núcleo familiar Quando a maioria dos adultos tem filhos, e de que forma a maternidade/paternidade afeta um casamento? Desenvolvimento Físico e Cognitivo na Vida Adulta Intermediária Hoje, as mulheres em sociedades industrializadas estão tendo menos filhos e os tendo mais tarde na vida, e um número cada vez maior opta por não os ter. Os pais geralmente se envolvem menos na criação dos filhos do que as mães, mas mais do que em gerações anteriores. A satisfação conjugal normalmente diminui durante os anos de criação dos filhos. Na maioria dos casos, a carga de um estilo de vida em que ambos os cônjuges têm trabalhos remunerados recai mais fortemente sobre amulher. Políticas no local de trabalho, voltadas ao bem-estar da família, podem ajudar a aliviar o estresse conjugal. Rede de suporte social tem papel relevante no estresse familiar e conjugal O que é família? O que define ou configura uma família? Escolha ou sina/destino? Maternidade/paternidade (diversidade de papeis sociais) Divórcio: reorganização familiar e vínculos familiares Adulto intermediário: O conceito de meia-idade é um construto social. Ele passou a ser usado nas sociedades industriais quando a crescente expectativa de vida levou a novos papéis nessa fase da vida. • O intervalo de tempo da vida adulta intermediária é frequentemente subjetivo. • A vida adulta intermediária é uma época de ganhos e de perdas. • A maioria das pessoas de meia-idade está em boas condições físicas, cognitivas e emocionais. Elas têm muitas responsabilidades e múltiplos papéis, e se sentem competentes para lidar com eles. • A meia-idade é uma época para fazer um balanço e tomar decisões sobre os anos de vida restantes. (crise de meia-idade?) Desenvolvimento físico: Quais são as alterações físicas que geralmente ocorrem durante a meia-idade, e qual é o seu impacto psicológico? • Embora algumas mudanças fisiológicas resultem do envelhecimento e da constituição genética, o comportamento e o estilo de vida podem afetar seu tempo de ocorrência e extensão. •A maioria dos adultos de meia-idade compensa bem os pequenos e graduais declínios nas capacidades sensórias e psicomotoras. Perdas de densidade óssea e da capacidade vital são comuns. Os sintomas da menopausa e as atitudes em relação a ela podem depender de fatores culturais e de alterações naturais do envelhecimento. • Embora os homens possam continuar a gerar filhos em idade avançada, muitos homens de meia-idade sofrem um declínio na fertilidade e na frequência de orgasmo. • Uma grande proporção de homens de meia-idade sofre de disfunção erétil. A disfunção erétil pode ter causas físicas, mas também pode estar relacionada à saúde, ao estilo de vida e ao bem-estar emocional. Saúde física e mental: Quais são os fatores que afetam a saúde física e mental na meia-idade? • A maioria das pessoas de meia-idade é saudável e não tem limitações funcionais; entretanto, os baby-boomers podem ser menos saudáveis do que gerações anteriores na meia-idade. • A hipertensão é um problema de saúde importante que se inicia na meia-idade. O câncer superou as doenças cardíacas como causa principal de morte na meia-idade. A prevalência de diabetes duplicou e é agora a quarta principal causa de morte nessa faixa etária. • Dieta, exercícios, uso de álcool e tabagismo afetam a saúde presente e futura. O cuidado preventivo é importante. • A baixa renda está associada a condições de saúde mais precárias, • Mulheres após a menopausa tornam-se mais suscetíveis a doenças cardíacas bem como a perda óssea, levando à osteoporose. As chances de desenvolver câncer de mama também aumentam com a idade, e recomenda-se que as mulheres façam exames de mamografia rotineiros a partir dos 40 anos. • Evidências sugerem que os riscos da terapia hormonal superam seus benefícios. • O estresse ocorre quando a capacidade do corpo para lidar com os problemas não é igual ao que se exige dele. O estresse é frequentemente maior na meia-idade e pode estar relacionado a uma variedade de problemas práticos. Estresse grave pode afetar o funcionamento imunológico. • As mudanças de papel e de carreira e outras experiências características da meia-idade podem ser estressantes, mas a resiliência é comum. • A personalidade e a emotividade negativa podem afetar a saúde. Emoções positivas tendem a estar associadas com boa saúde • A angústia psicológica torna-se mais prevalente na meia-idade. Medindo as capacidades cognitivas na meia-idade: Quais ganhos e perdas cognitivos ocorrem durante a meia-idade? • O Estudo Longitudinal de Seattle revelou que várias das capacidades mentais básicas permanecem fortes durante a meia-idade, mas há uma grande variabilidade individual. • A inteligência fluida declina mais cedo do que a inteligência cristalizada. Inteligência fluida: Tipo de inteligência, proposto por Horn e Cattell, que é aplicado a problemas novos e é relativamente independente de influências educacionais e culturais. Inteligência cristalizada: Tipo de inteligência, proposto por Horn e Cattell, que envolve a capacidade de lembrar e utilizar informações adquiridas; é largamente dependente de educação e cultura. O caráter distinto da cognição do adulto: Adultos maduros pensam diferente das pessoas mais jovens? • Alguns teóricos propõem que a cognição assume formas características na meia-idade. Os avanços na expertise, ou conhecimento especializado, têm sido atribuídos à encapsulação das capacidades fluidas dentro da área de atuação de uma pessoa. • O pensamento pós-formal parece especialmente útil em situações que exigem pensamento integrativo. Encapsulação: Na terminologia de Hoyer, dedicação progressiva do processamento de informação e do pensamento fluido a sistemas de conhecimento específicos, tornando o conhecimento mais prontamente acessível. Trabalho e educação: Como os padrões de trabalho e educação estão se modificando, e como o trabalho contribui para o desenvolvimento cognitivo? • Uma mudança da aposentadoria precoce para opções mais flexíveis está ocorrendo. • Um trabalho complexo pode melhorar a flexibilidade cognitiva. • Muitos adultos participam de atividades educacionais, frequentemente para aperfeiçoar habilidades e conhecimentos relacionados ao trabalho. • O treinamento para alfabetização é uma necessidade urgente nos Estados Unidos e no resto do mundo. Letramento em um adulto, a capacidade de usar informação impressa e escrita para atuar em sociedade, alcançar objetivos e desenvolver o conhecimento e o potencial. Adultos de meia-idade e mais velhos tendem a ter níveis de letramento mais baixos do que adultos jovens A trajetória de vida na meia-idade Mudanças da meia-idade: abordagens teóricas Os cientistas do desenvolvimento consideram o desenvolvimento psicossocial da meia- idade de duas formas: objetivamente, em termos das trajetórias ou caminhos, e subjetivamente, em termos da percepção que as pessoas têm de si mesmas e da forma como elas construíram ativamente as suas vidas. O que os teóricos têm a dizer sobre a mudança psicossocial na meia-idade? • Embora alguns teóricos afirmem que a personalidade está essencialmente formada na meia-idade, há um consenso crescente de que o desenvolvimento da meia- -idade mostra tanto mudança como estabilidade. • Teóricos humanistas, como Maslow e Rogers, viam a meia-idade como uma oportunidade para mudança positiva. • O modelo dos cinco fatores de Costa e McCrae mostra uma mudança mais lenta após os 30 anos de idade. Outra pesquisa do traço encontrou mudança positiva mais significativa com diferenças individuais. • Carl Jung afirmava que homens e mulheres na meia-idade expressam aspectos da personalidade antes reprimidos. Duas tarefas necessárias são abandonar a imagem de jovem e reconhecer a mortalidade. • O sétimo estágio psicossocial de Erikson é a generatividade versus estagnação. A generatividade pode ser expressa por meio da parentalidade e por tornar-se avô, de ensino ou aconselhamento, da produtividade ou criatividade, do autodesenvolvimento e da “manutenção do mundo”. A virtude deste período é o cuidado. A pesquisa atual sobre generatividade a considera mais prevalente na meia-idade, mas esse padrão não é universal. • Vaillant e Levinson encontraram mudanças importantes na meia-idade no estilo de vida e na personalidade. • A maior fluidez do ciclo de vida hoje tem enfraquecido parcialmente a suposição de um “relógio social”Quais são as questões relacionadas à identidade que afloram durante a vida adulta intermediária? Como os relacionamentos acontecem durante os anos da meia-idade? • Problemas e temas psicossociais cruciais durante a vida adulta intermediária dizem respeito à existência de uma crise de meia-idade, desenvolvimento da identidade (incluindo identidade de gênero) e bem-estar psicossocial. • Pesquisas não apoiam uma crise normativa da meia-idade. É mais correto referir-se a uma transição que pode ser um momento psicológico decisivo. • De acordo com a teoria do processo de identidade de Whitbourne, as pessoas continuamente confirmam ou revisam as suas percepções sobre si mesmas com base na experiência e no retorno dos outros. Os processos de identidade característicos de um indivíduo podem prever adaptação ao envelhecimento. • Generatividade é um aspecto do desenvolvimento da identidade. • A psicologia narrativa descreve o desenvolvimento da identidade como um processo contínuo de construção da história de vida. Pessoas altamente generativas tendem a focalizar-se em um tema de redenção. • Emotividade e personalidade estão relacionadas a bem- -estar psicológico. • Pesquisa baseada na escala de seis dimensões de Ryff revelou que a meia-idade é geralmente um período de saúde mental positiva e bem-estar, embora o nível socioeconômico seja um fator. • Pesquisa sobre a qualidade dos casamentos sugere uma queda na satisfação conjugal durante os anos de criação de filhos, seguida por uma melhora no relacionamento após os filhos deixarem a casa dos pais. • O divórcio hoje pode ser menos ameaçador ao bem-estar na meia-idade do que no período adulto jovem. • As pessoas casadas tendem a ser mais felizes na meia-idade do que as pessoas em qualquer outro estado civil. • Em razão de alguns homossexuais adiarem assumir sua orientação sexual, na meia-idade eles podem estar apenas começando a estabelecer relacionamentos íntimos. • As pessoas de meia-idade tendem a investir menos tempo nas amizades do que os adultos mais jovens, mas dependem do apoio emocional e da orientação prática dos amigos. De que forma os relacionamentos entre pais e filhos mudam à medida que os filhos se aproximam e chegam à idade adulta? Como as pessoas de meia-idade se relacionam com seus pais e irmãos? Pais de adolescentes têm de enfrentar a perda do controle sobre as vidas de seus filhos. • O esvaziamento do ninho é libertador para muitas mulheres, mas pode ser estressante para casais cuja identidade depende do papel de pais, ou para aqueles que agora têm de enfrentar problemas conjugais anteriormente ignorados. • Pais de meia-idade tendem a permanecer envolvidos com seus filhos adultos, e a maioria, em geral, é feliz com o rumo das vidas de seus filhos. Podem surgir conflitos sobre a necessidade de os filhos adultos serem tratados como tais e os pais continuarem a se preocupar com eles. • Atualmente, mais adultos jovens estão adiando a partida da casa dos pais ou estão retornando a ela, algumas vezes com suas próprias famílias. Os ajustes tendem a ser mais tranquilos quando os pais veem os filhos adultos se encaminhando para a autonomia • Relacionamentos entre adultos de meia-idade e seus pais são geralmente caracterizados por uma forte ligação afetiva. As duas gerações geralmente mantêm contato frequente e oferecem e recebem assistência. O auxílio flui dos pais para os filhos. • À medida que a vida passa, mais e mais pais idosos se tornam dependentes dos cuidados de seus filhos de meia-idade. A aceitação dessas necessidades de dependência é a marca da maturidade do filho e pode ser o desfecho de uma crise filial. • As chances de tornar-se um cuidador de um pai idoso aumenta na meia-idade, sobretudo para as mulheres. • Cuidar pode ser uma fonte de considerável estresse, mas também de satisfação. Programas de apoio da comunidade podem ajudar a evitar o esgotamento do cuidador. • Embora os irmãos tendam a ter menos contato na meia-idade do que antes e depois, a maioria dos irmãos de meia-idade permanece em contato, e seus relacionamentos são importantes Papel parental: avós Envelhecimento • Muitos adultos tornam-se avós na meia-idade e têm menos netos que as gerações anteriores. • A separação geográfica não afeta necessariamente a qualidade dos relacionamentos entre avós e netos. • Um número cada vez maior de avós está criando netos cujos pais são incapazes de fazê-lo. Criar os netos pode acarretar tensões físicas, emocionais e financeiras. • Um número cada vez maior de crianças tem passado mais tempo em escolas por não terem os avós como suporte para o cuidado e educação. A velhice hoje De que modo a atual população de idosos está mudando? • Esforços para combater o envelhecimento estão fazendo progresso graças à visibilidade de um número cada vez maior de adultos idosos saudáveis e ativos. • A proporção de pessoas idosas entre populações de todo o mundo é maior do que antes e espera-se que continue a crescer. Pessoas acima dos 80 são o grupo de idade que cresce mais rápido. • Embora os efeitos do envelhecimento primário talvez escapem ao controle das pessoas, é possível evitar os efeitos do envelhecimento secundário. • Especialistas no estudo do envelhecimento algumas vezes se referem às pessoas da faixa entre 65 e 74 anos como idoso jovem, aos de 75 ou mais como idoso, e aos acima de 85 anos como idoso mais velho. Entretanto, esses termos talvez sejam mais úteis quando usados para se referirem à idade funcional. Como tem variado a expectativa de vida, quais são as causas do envelhecimento, e quais são as possibilidades de estender o tempo de vida? • Em geral, a expectativa de vida é maior em países desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento, entre hispânicos e norte-americanos brancos do que entre os afro-americanos, e entre as mulheres quando comparadas com os homens. • Ganhos recentes na expectativa de vida surgiram em grande parte para reduzir as taxas de mortalidade por doenças que afetam as pessoas mais idosas Teorias do envelhecimento biológico • As teorias do envelhecimento biológico abrangem duas categorias: teorias de programação genética e taxas variáveis, ou teorias dos erros. Teorias de programação genética Teorias que explicam o envelhecimento biológico como resultado de uma programação geneticamente determinada; Teorias de taxas variáveis: são teorias que explicam o envelhecimento biológico como o resultado de processos que variam de pessoa para pessoa e são influenciados pelos ambientes interno e externo; algumas vezes chamadas de teorias dos erros. Desenvolvimento físico • Mudanças nos órgãos e sistemas são altamente variáveis. A maioria dos sistemas corporais continua a funcionar muito bem, mas o coração começa a ficar mais suscetível a doenças. A capacidade de reserva declina. • Embora o cérebro mude com a idade, as mudanças em geral são modestas. Envolvem perda de volume e peso e uma diminuição na velocidade das respostas. Entretanto, o cérebro pode gerar novos neurônios e construir novas conexões na velhice. • Problemas visuais e auditivos talvez interfiram na vida diária, mas em geral podem ser corrigidos. Danos irreversíveis podem resultar de glaucoma ou degeneração macular relacionados à idade. Perdas de paladar e olfato podem levar à má nutrição. O treinamento pode melhorar o tempo de reação, equilíbrio e força muscular. Adultos idosos tendem a ser suscetíveis a acidentes e quedas. • Pessoas mais velhas tendem a dormir menos e a sonhar menos que antes, mas a insônia crônica pode ser uma indicação de depressão. • Muitos adultos mais velhos permanecem sexualmente ativos Quais são os problemas de saúde comunsna vida adulta tardia, quais são os fatores que influenciam a saúde, e quais são os problemas mentais e comportamentais vivenciados por algumas pessoas idosas? • A maior parte dos idosos é razoavelmente saudável, principalmente se seguem um estilo de vida saudável. Muitos apresentam problemas crônicos, mas esses em geral não limitam muito suas atividades ou interferem na vida diária. • Exercício e dieta têm influência importante na saúde. A perda de dentes pode afetar seriamente a nutrição. • A maior parte dos idosos apresenta boa saúde mental. Depressão, alcoolismo e muitos outros problemas podem ser revertidos com tratamento; alguns poucos, como o mal de Alzheimer, são irreversíveis. • O mal de Alzheimer torna-se mais frequente com a idade. É altamente hereditário, mas dieta, exercício e outros fatores do estilo de vida podem fazer uma grande diferença. A atividade cognitiva pode ser protegida construindo-se uma reserva cognitiva que possibilite ao cérebro funcionar em condições de estresse. Terapias comportamentais e medicamentosas podem diminuir a velocidade da deterioração. A redução da capacidade cognitiva pode ser um sinal precoce da doença; os pesquisadores estão desenvolvendo instrumentos para diagnóstico precoce. Reserva Cognitiva Aspectos do desenvolvimento cognitivo A reserva cognitiva, assim como a reserva orgânica, pode permitir que um cérebro em deterioração continue funcionando em condições de estresse, até certo ponto, sem mostrar sinais de deficiência. Uma análise de 26 estudos realizados no mundo inteiro concluiu que um simples aumento de 5% na reserva cognitiva pode evitar um terço dos casos de Alzheimer (de la Fuente-Fernandez, 2006). Quais são as perdas e os ganhos em termos de habilidades cognitivas que tendem a ocorrer na vida adulta tardia? Existem meios para melhorar o desempenho cognitivo de pessoas idosas? • Adultos mais velhos têm um desempenho melhor na parte verbal da Escala Wechsler de Inteligência Adulta. • O Estudo Longitudinal de Seattle descobriu que o funcionamento cognitivo na vida adulta tardia é altamente variável. Poucas pessoas declinam em todas ou na maior parte das áreas, e muitas melhoram em algumas. A hipótese do envolvimento procura explicar as diferenças. • Adultos mais velhos resolvem problemas práticos com mais eficácia se estes tiverem relevância emocional para eles. • Uma diminuição generalizada no funcionamento do sistema nervoso central pode afetar a velocidade do processamento de informação. • A inteligência pode ser um previsor de longevidade. • As memórias sensorial, semântica e de procedimento parecem tão eficientes nos adultos idosos quanto em adultos mais jovens. A capacidade da memória de trabalho e da memória episódica geralmente é menos eficiente. • Adultos mais velhos têm mais problemas em recuperar palavras oralmente e em soletrar do que adultos jovens. A complexidade gramatical e o conteúdo da fala declinam. • Alterações neurológicas e problemas de codificação, armazenamento e recuperação podem ser responsáveis por grande parte do declínio da memória funcional em adultos idosos. Entretanto, o cérebro pode compensar alguns declínios relacionados à idade. • Pessoas idosas mostram considerável plasticidade em desempenho cognitivo e podem se beneficiar de treinamento. • De acordo com os estudos de Baltes, a sabedoria não está relacionada à idade, mas pessoas de todas as idades dão respostas mais sábias para problemas que afetam sua própria faixa etária Comprometimento cognitivo leve Demências Para o diagnóstico de CCL, o paciente não deve ter alteração nas atividades de vida diária, mas deve apresentar declínio do desempenho cognitivo, usualmente acompanhado de dificuldades nos testes da avaliação neuropsicológica, mas que não chegam a preencher critérios diagnósticos para demência. A importância deste diagnóstico deve-se a observação em estudos de incidência aumentada de demência no seguimento de sujeitos com diagnóstico de CCL. As perdas cognitivas decorrentes das demências são mais prevalentes na população feminina7, entre indivíduos com baixa escolaridade8 que não praticam atividade física9, aqueles de baixa condição econômica10 com idade avançada11 e em situação de fragilidade12. Outros fatores de risco associados à demência são: hipertensão arterial13 diabetes mellitus14 depressão15 e a baixos níveis de vitamina D16, sendo o último um fator modificável. As demências possuem origem multifatorial e são consideradas um problema de saúde pública com grande impacto nos gastos de saúde. Conhecer e entender esses fatores auxiliam na clínica médica, no diagnóstico e no tratamento de idosos dementados. Teoria e pesquisa sobre o desenvolvimento da personalidade O bem-estar na vida adulta tardia A personalidade muda com a idade? E quais são as questões e as tarefas especiais que as pessoas mais velhas têm de enfrentar? • O estágio final de Erik Erikson, integridade do ego versus desespero, culmina na virtude da sabedoria, ou na aceitação da vida e da morte iminente. • Erikson acreditava que as pessoas devem manter um envolvimento vital na sociedade. • Os traços de personalidade tendem a permanecer razoavelmente estáveis na vida adulta tardia, dependendo de como são medidos. • Em coortes recentes, os idosos parecem ter personalidade menos rígida do que em coortes anteriores. • A emotividade tende a tornar-se mais positiva e menos negativa na velhice, mas traços de personalidade podem modificar esse padrão. Quais são as estratégias e os recursos que contribuem para o bem-estar e para a saúde mental dos idosos? • George Vaillant descobriu que o uso de defesas adaptativas maduras mais cedo na vida adulta prediz o ajustamento psicossocial na terceira idade. • Em pesquisas baseadas no modelo de avaliação cognitiva, os adultos de todas as idades geralmente preferem o enfrentamento focalizado no problema, mas, quando a situação assim o exige, os adultos mais velhos utilizam mais o enfrentamento focalizado na emoção do que os adultos mais jovens. • A religião é, para muitos idosos, uma importante fonte de enfrentamento focalizado na emoção. Foram constatados vínculos entre religião ou espiritualidade e saúde, longevidade e bem-estar. • O conceito de envelhecimento bem-sucedido ou ideal reflete o crescente número de adultos mais velhos saudáveis, revigorados, mas há controvérsias sobre como defini-lo e medi-lo, e sobre a validade do conceito. • Baltes e seus colegas sugerem que o envelhecimento bem-sucedido pode depender da otimização seletiva com compensação, tanto no âmbito psicossocial quanto no cognitivo. Questões práticas e sociais relacionadas ao envelhecimento Como os idosos lidam com o trabalho e com as decisões relativas à aposentadoria, aos recursos financeiros e às providências do dia a dia? • Alguns adultos mais velhos continuam em trabalho remunerado, mas a maioria está aposentada. Entretanto, muitas pessoas aposentadas começam novas carreiras ou trabalham meio turno ou como voluntárias. Frequentemente, a aposentadoria é um processo planejado. • Adultos mais velhos tendem a estar mais satisfeitos com seu trabalho e geralmente a ser mais produtivos do que os mais jovens. A idade tem efeitos positivos e negativos no desempenho no trabalho, e as diferenças individuais são mais significativas do que as de idade. • A aposentadoria é um processo. Recursos pessoais, econômicos e sociais podem afetar o ânimo. • Padrões de estilo de vida muito comuns, depois da aposentadoria, incluem o estilo de vida focalizado na família e o investimento equilibrado. • A situação financeira dos idosos norte-americanos melhorou, e menos pessoas vivem na pobreza. Mulheres norte-americanas hispânicas e afro-americanas estão mais propensas a ser pobresna velhice. • Em países em desenvolvimento, os idosos frequentemente vivem com os filhos ou netos. Em países desenvolvidos, a maioria das pessoas mais velhas vive com o cônjuge ou sozinha. Os idosos das minorias são mais propensos do que os brancos idosos a viver com membros de família estendida. • A maior parte dos idosos em nações industrializadas prefere envelhecer em casa. A maioria pode permanecer na comunidade se puder depender do cônjuge ou de outra pessoa para ajudá-los. • Mulheres mais velhas estão mais propensas do que os homens mais velhos a viver sozinhas. • Os mais propensos a ser internados são as mulheres idosas, os idosos que moram sozinhos ou não tomam parte em atividades sociais, aqueles que têm saúde precária ou deficiências e aqueles cujos cuidadores estão sobrecarregados. • Alternativas cada vez mais comuns para as internações são as moradias assistidas e outros tipos de moradia coletiva. Relacionamentos conjugais Estilos de vida e relacionamentos não conjugais Quais são as características dos casamentos duradouros na velhice? E qual é o impacto da viuvez, do divórcio e de um novo casamento nessa fase da vida? • À medida que a expectativa de vida aumenta, também aumenta a longevidade potencial do casamento. Mais homens do que mulheres são casados na vida adulta tardia. Os casamentos que duram até a velhice tendem a ser relativamente satisfatórios. • Apesar de uma proporção cada vez maior de homens que ficam viúvos, as mulheres tendem a sobreviver ao marido e estão menos propensas a se casar novamente. • O divórcio não é comum entre os idosos, e a maioria dos adultos mais velhos que se divorciou se casou novamente. Os segundos casamentos podem ser mais tranquilos na velhice. Como convivem os idosos solteiros? E aqueles que vivem juntos, mas não são casados? E aqueles envolvidos em relacionamentos homossexuais? E como a amizade se manifesta na velhice? • Uma pequena, mas crescente, porcentagem de adultos atinge a velhice sem se casar. Adultos que nunca se casaram estão menos propensos a ser solitários do que os divorciados e os viúvos. • Idosos estão mais propensos a coabitar após um casamento anterior do que antes do casamento. • Muitos gays e lésbicas se adaptam ao envelhecimento com relativa facilidade, especialmente se mantiverem os relacionamentos, bem como o envolvimento, com a comunidade gay. A adaptação pode ser influenciada pela condição assumida. • A maioria dos adultos mais velhos tem amigos íntimos, e aqueles que os têm de fato são mais saudáveis e mais felizes. • Idosos apreciam mais o tempo que passam com os amigos do que o tempo que passam com a família, apesar de esta ser a principal fonte de apoio emocional e prático. Laços de parentesco não conjugais • Como os adultos da terceira idade se relacionam com os seus filhos adultos? E com os seus irmãos? E como se adaptam ao serem bisavós? • Pais idosos e seus filhos adultos se encontram ou têm contato com frequência, preocupam-se e oferecem assistência uns aos outros. Muitos pais idosos cuidam de filhos adultos, netos ou bisnetos. • Em alguns aspectos, a falta de filhos não parece ser uma desvantagem importante na velhice. • Muitas vezes os irmãos oferecem apoio emocional uns aos outros e, às vezes, também apoio mais concreto. As irmãs, particularmente, mantêm laços com seus irmãos. • Os bisavós geralmente estão menos envolvidos com a vida das crianças do que os avós, mas a maioria encontra satisfação nesse papel.
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