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O SUS E A TERCEIRA IDADE 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................ 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 ENVELHECIMENTO ATIVO .............................................................................. 5 TECNOLOGIAS EM SAÚDE ............................................................................. 9 USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR IDOSOS BRASILEIROS COM E SEM LIMITAÇÃO FUNCIONAL ............................................................................... 11 UMA PROPOSTA DE LINHA DE CUIDADOS PARA O IDOSO ..................... 14 DIRETRIZES NACIONAIS ............................................................................... 19 CONCLUSÃO .................................................................................................. 21 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 23 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criada a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Vídeos de Apoio Visando promover mais um pouco de conhecimento sobre o assunto de O SUS E A TERCEIRA IDADE, foram selecionados alguns vídeos que deverão ser assistidos antes de inciar a leitura do conteúdo da apostila. Vídeo 1: Viva Mais SUS - Saúde do Idoso (completo) Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=LvSZz4ZAsLw > Sinopse: A população idosa brasileira é composta por 29.374 milhões de pessoas e, em 2016, foi registrado um aumento na expectativa da população. Assista ao episódio da websérie #VivaMaisSUS e conheça histórias reais de idosos que tiveram atendimento pelo SUS e conheceram a importância de hábitos saudáveis para ter uma velhice feliz. Vídeo 2: WebPalestra: Políticas Públicas de Atenção à Saúde da pessoa idosa Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=EBGXL_hlPZ4 > Sinopse: O video apresentado pelo canal Telessaúde ES através da palestrante Ana Paula Ribeiro Ferreira aborda acerca da saúde do idoso no contexto do SUS: o lado formal da moeda. Política Nacional do Idoso (1994). Estatuto do Idoso (2003). Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2006). As políticas de saúde no cotidiano do idoso: o lado real da moeda. https://www.youtube.com/watch?v=LvSZz4ZAsLw https://www.youtube.com/watch?v=EBGXL_hlPZ4 4 INTRODUÇÃO Conforme projetado pelo Banco Mundial (2011), a velocidade do envelhecimento populacional no Brasil será consideravelmente maior do que ocorrido nas décadas passadas. A estimativa é que a população idosa passe de 20 milhões para cerca de 65 milhões em 2050. Desse modo, os idosos em 2050 irão abarcar 49%, enquanto a população em idade escolar passará para 29% nesse mesmo período de tempo. Essas variações na pirâmide etária resultarão em enormes pressões sobre os sistemas de saúde brasileiros, que terão um aumento significativo de demanda, assim como a previdência social, uma vez que o tempo de concessão do benefício de aposentadoria será naturalmente ampliado. Conforme a população envelhece, os problemas de saúde dos idosos desafiam os modelos tradicionais de assistência à saúde. Os avanços da tecnologia, da ciência e da medicina possibilitam aos indivíduos que utilizam as modernas ferramentas para a manutenção da saúde, a oportunidade de usufruir por mais anos de vida. O que desperta interesse são as consequências dessa ampliação da velhice, em relação às políticas sociais, principalmente na área da saúde. Como consequência de uma população predominantemente idosa, a promoção e a educação em saúde, a prevenção e o retardamento de doenças e fragilidades, a manutenção da independência e da autonomia são ações que precisam ser ampliadas. Afinal, não basta simplesmente viver mais; é crucial pra que os anos a mais sejam usufruídos com qualidade, dignidade e bem-estar. Desse modo, as estratégias de prevenção ao longo de todo o curso da vida se tornam mais importantes para resolver os desafios de hoje e, de forma crescente, os de amanhã. 5 ENVELHECIMENTO ATIVO Na última década, sucederam transformações relevantes nas condições socioeconômicas e de saúde da população mundial e, em consequência, na estrutura demográfica, causando um crescimento expressivo da população idosa. Estimativas apontam que no ano de 2025, o Brasil terá a sexta maior população idosa do mundo, sendo cerca de 32 milhões de idosos. Diante desse cenário, surge, em distintas áreas, uma enorme preocupação com os idosos, devido estes representarem um grupo extremamente diferenciado entre si e em relação às outras faixas etárias. O termo envelhecimento pode ser apontado como um conjunto de modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas, que definem a perda de maneira progressiva da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. A redução das funções orgânicas, expostas com o envelhecimento, tem tendência a crescer com o tempo, possuindo um ritmo que varia entre idosos da mesma idade. Essas diferenças devem-se às condições desiguais de vida e de trabalho, a que estiveram submetidas em sua jovialidade. O termo “envelhecimento ativo” foi utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no final da década de 90, reconhecendo que, além dos cuidados com a saúde, outros fatores afetam o modo como os indivíduos e as populações envelhecem. Sua abordagem fundamenta-se no reconhecimento dos direitos humanos dos idosos e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Política Nacional de Saúde para a Pessoa Idosa no Brasil, estabelece e regulamenta a atenção à saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às pessoas com 60 anos ou mais, e o Estatuto do Idoso regulamenta os direitos assegurados a essa população. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ao adotar diretrizes de incentivo à adoção, implementação e qualificação de programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças pelas operadoras de planos de saúde, colaborou para o progresso dessas ações no setor de saúde suplementar; persuadiu a reorientação dos modelos assistenciais vigentes; auxiliou para a qualificação da gestão das operadoras, incentivando-as a 6 conhecer o perfil de saúde e doença da sua população de beneficiários; despertou a adoção de equipe multiprofissional e a integralidade do cuidado; cooperou para a qualificação da assistência prestada; e respaldou as ações para a melhora na qualidade de vida dos usuários de planos privados desaúde. Estas medidas vêm sendo analisadas desde março de 2005, por meio da Resolução Normativa (RN) n. 94, que determinou a prorrogação dos prazos para a integralização da cobertura com ativos garantidores das provisões de risco, por meio das operadoras de planos privados de assistência à saúde que desenvolvessem programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças. No ano de 2008, a ANS aprovou novos incentivos visando o estimulo do desenvolvimento de programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças, ao estabelecer os valores neles aplicados como investimentos. Entendeu-se que os recursos empregados nesses programas baseiam-se em investimentos, pois conseguem fornecer benefícios futuros às operadoras, assim como seus beneficiários. No ano de 2011 foi aprovada a Resolução Normativa n. 265/2011, estabelecendo a opção por oferta da bonificação ou premiação para beneficiários que adotassem a programas de promoção do envelhecimento ativo, orientados para todas as faixas etárias, estratégia testada e utilizada em outros países, tendo a capacidade de aumentar a adesão a esses programas. Em 2012, a ANS sugeriu a definição de plano de cuidado do idoso na saúde suplementar, abrangendo os conceitos de linha de cuidado e projeto terapêutico. Desse modo, o plano de cuidado envolve a avaliação do beneficiário desde sua entrada no sistema de saúde, com a estratificação do seu estado funcional e a definição da melhor linha de assistência a ser realizada, como o caminho a ser percorrido a partir de então. Este, inclui: procedimentos necessários, hierarquização de rede, programas de promoção da saúde e prevenção dos riscos e doenças adequados e integrados aos cuidados. CALDAS (2003), leciona: Não é possível tratar o idoso da mesma forma como se trata um adulto jovem. É necessário trabalhar com a lógica de uma linha de cuidado integrando a promoção e a atenção à saúde do idoso em todos os níveis. Esta estratégia é um aprofundamento de práticas preventivas, objetivando identificar precocemente agravos e fatores de risco 7 envolvidos na perda da capacidade funcional. CALDAS (p. 733-781, 2003) Um significativo aspecto da faixa etária idosa é sua heterogeneidade. É coerente admitir, por exemplo, que considerável parcela dessa população desfrutem de boas condições de saúde, geralmente relacionadas aos idosos com menos de 80 anos de idade. Com o avanço da idade, por sua vez, costumam manifestar graduais limitações na execução das atividades cotidianas, particularmente devido ao agravamento das doenças crônicas prevalentes entre idosos, tendendo a apresentar maiores perdas de autonomia e independência. Desse modo, é necessário para os profissionais de saúde que atuam com pacientes idosos conhecerem e distinguirem o conjunto de alterações fisiológicas do envelhecimento, daquelas do envelhecimento patológico. Assim, a definição de capacidade funcional do idoso se torna crucial para o reconhecimento desse processo, e pode ser delimitado como a manutenção plena das habilidades físicas e mentais aperfeiçoadas no decorrer da vida, necessárias e suficientes para garantia da independência e autonomia. A realização da avaliação do idoso deve englobar todas as dimensões relativas ao processo saúde-doença de forma multidimensional, tendo como intuito a definição do diagnóstico funcional global e etiológico (disfunções/doenças) e a elaboração do plano terapêutico. A assistência à saúde dos idosos deve ser realizada preferencialmente por meio da atenção primária, visando evitar, ou ao menos adiar, hospitalizações e institucionalizações, que constituem alternativas mais caras de atenção à saúde, assim como risco à saúde destes. A velhice, apesar das inovações tecnológicas e mudanças do mundo atual, ainda é tida junto à sociedade como uma etapa da vida caracterizada por decadência física, perda de papéis sociais e com a associação de outras imagens culturalmente negativas, como o comprometimento cognitivo, o deterioramento emocional e o empobrecimento econômico. Na sociedade, há uma valorização da juventude, enquanto a velhice é uma fase da vida vista como inútil e dependente, visão que provém principalmente devido a aposentadoria, que há décadas atrás era considerado um marco social de descanso e falta de produtividade. 8 O idoso atualmente tem sua ocupação social maior, incluindo vínculos afetivos, devido a diversas reformas da previdência, esse tende a trabalhar por mais tempo, o que tende a ampliar seu círculo social. A manutenção de redes de apoio entre idosos possibilita a melhora de sua qualidade de vida e saúde mental. Em geral, qualidade de vida na terceira idade tem sido tratada como um aspecto de características multidimensionais e subjetivas, uma vez que está muito mais ligada à autoestima e ao bem-estar pessoal e social. A família, pode ser um fator negativo para a socialização do idoso, pois diversas vezes, esta é extremamente protetora e não incentiva a autonomia deste. É essencial que ele conviva com outros indivíduos, para assim não perder a sua motivação por viver. Assim como o convívio com outras pessoas é saudável, o contato com animais de estimação também pode propiciar experiências benéficas, como o alívio de situações de tensão, companhia constante, afetividade incondicional, segurança, contato físico, disponibilidade ininterrupta de afeto. Outro ponto essencial para compreender os novos espaços ocupados por idosos na sociedade atual é como se incrementam, nessa faixa etária, as conquistas das mulheres em relação ao espaço e ao reconhecimento social. Desse modo, muitas idosas acabam percebendo que nessa fase da vida há um ganho importante de potencialidades, causando, entre outros efeitos, um aumento da autoestima das mulheres idosas. É necessário que se conheça a experiência e as necessidades da vida do idoso por meio de seu próprio discurso, uma vez que o estigma social legado ao idoso tende a ser uma construção social através do olhar do outro sobre a pessoa no processo de envelhecimento. Pode-se reconhecer o surgimento de novos costumes e comportamentos que trazem mudanças à imagem associada aos idosos, esta contribuição demonstra o aparecimento de novos grupos compostos por eles e suas possibilidades de participarem de contextos distintos, gerando uma nova forma de serem vistos. 9 TECNOLOGIAS EM SAÚDE A tecnologia em saúde compõe-se como importante ferramenta voltada às diversas relatividade e demandas especificas ao processo de envelhecimento, conseguindo promover progresso na condição de saúde e autoestima dos idosos, segurança no ambiente doméstico, subsídio de técnicas ao cuidado em ambientes de saúde, facilidade na mobilidade, comunicação e maior oportunidade no trabalho e no lazer, além de dispor novas oportunidades e desafios, superiores às gerações anteriores. Os profissionais de saúde necessitam procurar aplicar no seu processo de trabalho as tecnologias. Uma destas são as tecnologias leves, que representam as relações pautadas entre profissionais e usuários englobando, o desenvolvimento de vínculo e acolhimento, estas correspondem a importantes estratégias que podem ser adotadas desde a atenção primária a terciária. Na assistência ao idoso mostram-se como um instrumento relevante, na garantia da qualidade do cuidado prestado. Para atender as necessidades do idoso é preciso que ocorra o empenho, em todos os níveis da assistência, com o envolvimento da equipe multiprofissional, incorporando as tecnologias leves, para possibilitar a assistência de saúde dos idosos de forma integral. A melhor maneira para que isso ocorra é através da utilização adequada da comunicação, por meio da linguagem verbal e não verbal, pois é através desta que sucede a criação de vínculos, o acolhimento e, consequentemente,a melhoria da resolutividade dos processos e otimização da autonomia dos idosos. As tecnologias leve-duras são retratadas através dos saberes estruturados utilizados no processo de trabalho. O uso de cartilhas como tecnologia educacional é uma forma de garantir a inserção de novas informações, por meio de múltiplas potencialidades, capacidades e interesses dos educandos, o que pode individualizar o aprendizado contribuindo para a construção de um aprendizado coletivo. Desse modo, a tecnologia deve ser utilizada para proporcionar a participação dos indivíduos no processo educativo, colaborando para a construção da cidadania e o aumento da autonomia dos envolvidos. 10 As tecnologias leve-duras devem ser incorporadas na assistência ao idoso devido propiciarem o envolvimento dos idosos e dos sujeitos que participam na execução do cuidado cotidiano, no caso familiares e/ou cuidadores. Estes devendo ser bem informados para garantir a promoção de um cuidado digno ao idoso, de forma a encorajar o autocuidado e favorecer a melhora do bem-estar, da qualidade de vida e sobrevida do idoso. As tecnologias duras são os equipamentos, as máquinas e que encerram trabalho morto, fruto de outros momentos de produção. Relacionadas ao cuidado com idosos se têm os dispositivos de sensores, que conseguem identificar alterações na rotina diária ou na homeostase destes, e alertar os sistemas de saúde, profissionais ou familiares para que possam intervir rapidamente, reduzindo a morbimortalidade do idoso. A utilização de tecnologias duras para idosos, seja na instalação de sensores de monitorização, na inclusão das health informatic technologys (HITs) nas instituições de saúde, seja no desenvolvimento de softwares para análise de bancos de dados, são de extrema importância na tomada de decisões clínicas, de modo a observar dados por meio da concomitância de informações, acerca dos problemas de saúde na terceira idade e seus fatores prenunciadores de risco e comportamentos atípicos. Estes indicadores são essenciais para a elaboração de políticas públicas e ações de prevenção e educação em saúde. No entanto, é necessário considerar que essas tecnologias precisam ser instaladas permanentemente na perspectiva de junção com tecnologias leves. 11 USO DE SERVIÇOS DE SAÚDE POR IDOSOS BRASILEIROS COM E SEM LIMITAÇÃO FUNCIONAL Populações mais idosas apontam maior carga de doenças crônicas de incapacidades, gerando um aumento da demanda por atenção à saúde. Existe, dessa forma, crescente interesse na análise do perfil e das desigualdades relacionadas ao uso de serviços de saúde por idosos com limitações funcionais, tanto em países com populações mais envelhecidas quanto naqueles em rápido processo de envelhecimento. Os determinantes da utilização de serviços de saúde estão relacionados a fatores contextuais (tipos de sistemas de saúde e sua organização, por exemplo) e a fatores individuais, estes abrangem características predisponentes, como idade e sexo, características facilitadoras, como escolaridade e renda e necessidades de saúde. No Brasil, a organização da atenção à saúde é baseada no Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pelo fornecimento universal e gratuito dos serviços e programas de saúde. O sistema público convive com o sistema privado, cujo acesso depende da capacidade de pagamento. Adultos que possuem planos privados tendem a realizar mais consultas médicas e odontológicas comparadas ao restante da população. Na percepção destes, as principais diferenças entre a atenção recebida na rede pública e a privada são: a forma de agendar a consulta, que é mais facilitada na última situação, a qual possui pré-agendamento, tempo de espera maior para conseguir a consulta na primeira, o tipo de médico atendente sendo clinico no caso da primeira, e o motivo da consulta sendo predominante exame periódico de saúde na última. A prevalência da limitação funcional varia entre países e em função do critério adotado para a sua definição, podendo ser destacado o relato de dificuldades para realizar atividades básicas ou instrumentais da vida diária. Os idosos com limitações funcionais tendem a realizar mais consultas médicas e são mais propensos à ocorrência de hospitalizações, independentemente de fatores predisponentes, como idade e sexo, assim como de características facilitadoras, como residência com o cônjuge/companheiro(a) e nível de escolaridade. O principal motivo para o maior uso de serviços de saúde por idosos com limitações funcionais diz respeito a maior prevalência de doenças 12 crônicas e de comorbidades, assim como o risco de complicações a elas relacionadas, que, consequentemente, levam ao maior uso de medicamentos. A consulta médica é um aspecto positivo da atenção em saúde, por ser uma oportunidade para diagnóstico precoce, prevenção, tratamento e encaminhamento para reabilitação, quando oportuno. No entanto, o uso excessivo de serviços de saúde é um marcador da atenção com baixa resolutividade, as hospitalizações, devem ser evitadas, caso desnecessárias. É evidente que complicações de várias doenças podem ser evitadas com ações efetivas da atenção primária. As áreas geográficas com mais hospitalizações por condições sensíveis à atenção primária são aquelas que possuem mais hospitais privados ou beneficentes e com baixa cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF). A atenção primária de qualidade é uma excelente estratégia para evitar hospitalizações desnecessárias de idosos com limitações funcionais. Uma importante expressão das desigualdades sociais no Brasil é o acesso à medicina suplementar, que depende da capacidade de pagamento. Usuários do sistema privado tende a apresentar melhores condições de saúde e usar mais serviços de saúde do que usuários do sistema público. Devido sua forma de organização, os planos privados de saúde ofertam mais consultas com especialistas, e seus usuários procuram assistência em consultórios particulares ou clínicas privada. Enquanto no sistema público ocorrem mais consultas com clínicos gerais, sendo o local predominante da procura por atenção a UBS. Independentemente do sistema de saúde ser público ou privado, a limitação funcional não está associada a especialidade médica, nem à existência de serviço ou profissional de referência. De outra forma, no sistema privado, nota-se maior propensão dos idosos com limitações funcionais a procurarem a UBS, que é uma unidade de atendimento do sistema público. Uma possível explicação para esse fato é a localização ser próxima do domicílio ou o modelo de atenção primária adotado por essas unidades ser mais conveniente, na percepção dos usuários, às necessidades daqueles com limitações funcionais. A percepção do usuário sobre a atenção em saúde é um considerável recurso para avaliação dos sistemas de saúde. No Brasil, estudos de base populacional mostram que, geralmente, a avaliação pelo usuário da qualidade 13 da atenção médica recebida é positiva. No entanto, essa avaliação é um pouco pior no sistema público em relação ao privado, principalmente devido à falta de liberdade em escolher o médico e o longo tempo de espera para atendimento, em consonância com o padrão recentemente descrito para o conjunto da população adulta brasileira. 14 UMA PROPOSTA DE LINHA DE CUIDADOS PARA O IDOSO Um modelo contemporâneo de saúde do idoso necessita associar um fluxo de ações de educação, promoção da saúde, prevenção de doenças evitáveis, postergação de moléstias, cuidado precoce e reabilitação de agravos. Isto é, uma linha de cuidado ao idoso que pretenda expressar eficácia e eficiência necessita pressupor uma rede articulada, referenciada e com um sistema de informaçãodesenhado em sintonia com essa lógica. A captação e o acolhimento no modelo integral de saúde do idoso deve ser uma ação valorizada, da mesma forma que a identificação de riscos em idosos deve ser uma atividade que possua a finalidade de encaminhamento da pessoa que apresente alguma enfermidade para uma unidade mais apropriada a suas necessidades, ou seja, mais avançada na rede de cuidados. As instâncias de cuidado voltadas para o idoso devem ser estratificadas em níveis hierárquicos, não estáticos, conforme o grau de dependência e a complexidade das ações. O pressuposto básico é que o risco para a fragilidade é o que vai determinar o grau de atenção de que o idoso necessita. Dessa forma, a melhor estratégia para assistência adequada ao idoso é a utilização da lógica de permanente acompanhamento da sua saúde. É essencial elaborar novos princípios de assistência à saúde da população idosa, capacitados a abranger as diferenças nas condições de saúde desse grupo populacional, tendo em consideração suas especificidades e peculiaridades. A atenção aos idosos demanda consideráveis modificações nos modelos clássicos de cuidado. LOURENÇO et al. (2005), destaca: A compreensão de que se devem priorizar ações de saúde voltadas para o idoso saudável, aliadas a programas qualificados para os já doentes, é uma concepção de cuidado aceita por muitos gestores da saúde, mas ainda pouco implementada. LOURENÇO et al. (p. 311- 318, 2005) Os níveis hierárquicos necessitam ser parcela constituinte do plano de cuidados e do caminho assistencial a ser explorado pelo beneficiário, esse é o maior obstáculo para os programas de promoção e prevenção na atualidade. A integração é definidora do sucesso do modelo, inclusive do ponto de vista financeiro. A hierarquização da rede propicia pelo menos dois elementos 15 essenciais para o cuidado do idoso, a diminuição de iatrogenia e a organização do fluxo de cuidados. Ademais, é possível introduzir a lógica de promoção e prevenção por todo o percurso, permitindo também o monitoramento dos resultados. As diretrizes e protocolos clínicos também são fundamentais na construção do plano de cuidados, estes devem direcionar a boa prática, ser pautados na melhor evidência disponível e adequados a cada situação clínica. A organização de sete níveis hierárquicos de atenção, considera que a linha de cuidado à população idosa inclina-se a ser um processo que evolui em direção à maior complexidade. Esta é a tendência, salvo raras exceções, e as etapas não podem ser completamente fixas, devido existir a probabilidade de reversão da incapacidade e retorno a um patamar de menor complexidade, dependendo da situação. O modelo está estruturado com base em uma subdivisão com sete níveis hierárquicos, sendo eles: 1. Porta de entrada do sistema: acolhimento, cadastramento, triagem breve (identificação rápida do perfil de risco - organizador de prioridade), informações do modelo informações dos serviços oferecidos, bonificações, explicações sobre a importância da promoção e prevenção de saúde (adesão ao plano de cuidados). Encaminhamento para o nível 2 do modelo. 2. Centro Sócio Sanitário: local de promoção de educação e saúde, de atividades de lazer, lúdica, integração e educacionais. Realiza-se a Avaliação funcional (suporte social, doenças prévias e atendimento recebido), ou seja, avaliação de risco. Caracteriza-se como um Centro de Convivência e Conveniência (facilidades também voltadas para familiares). Todos os clientes terão um Gerente de acompanhamento (suporte operacional para todas as etapas), e local para Atendimento ambulatorial de baixa complexidade. 3. Ambulatório especializado: ambulatório de complexidade (ambulatório geriátrico), local de realização da Avaliação geriátrica multidimensional. Ações desenvolvidas sempre por uma equipe multidisciplinar. 16 4. Assistência domiciliar (assistência, procedimentos e internação domiciliar); centro-dia; hospital-dia. 5. Hospital de curta permanência (tratamento da fase de agudização das doenças crônicas). 6. Instituição de longa permanência; asilo (nursing homes). 7. Hospice ou cuidados paliativos na fase terminal. O primeiro nível é de grande importância, pois nele se passa o acolhimento, ou porta de entrada estruturada, algo inexistente tanto no setor público como no privado; é onde deve ocorrer o primeiro contato com a operadora, local da recepção ao modelo e informações gerais do sistema. A porta de entrada do sistema é o momento do acolhimento, em que se identifica a pessoa no sistema de informação e se dá início a todos os registros de saúde deste, até o final de sua vida. Esse prontuário se distingue dos existentes devido ocorrer o registro de sua história de vida e eventos de saúde. A recepção é o momento de apresentação da empresa ou da UBS no caso do SUS, dos serviços oferecidos, das recomendações básicas para o cliente, dos esclarecimentos sobre seu contrato, seus direitos, bonificações e premiações, e todos os programas de educação, promoção e prevenção de saúde – enfim, o acolhimento do paciente na empresa de saúde. O profissional que fará a recepção deve possuir uma compreensão abrangente do modelo, informando acerca da linha de cuidado e o percurso assistencial, informando a importância das ações de promoção e prevenção de saúde, explicando os benefícios pecuniários na adesão dos programas por meio dos incentivos a bonificação e premiação pela realização de tais ações, aplicando o screening básico de triagem rápida do perfil da saúde do cliente e realizando a entrevista qualificada de adesão. Em relação à cobertura parcial temporária (CPT), um profissional de saúde do sistema da porta de entrada realizará a entrevista, procurando determinar as doenças preexistentes no paciente, visando estabelecer as carências contratuais. 17 No prontuário deve ser realizada uma triagem epidemiológica básica, contendo poucas perguntas, que avaliam principalmente algumas de suas características operacionais. Apesar do pequeno número de questões neste instrumento, existe um grau de confiabilidade bastante grande em seus resultados, funcionando como excelente organizador da demanda. A triagem rápida, necessita ser empregada em todos os idosos usuários do sistema de saúde, no momento da recepção, ou seja, fora do ambiente específico de uma unidade saúde. Esses instrumentos garantem grande flexibilidade, visto que os entrevistadores podem ser técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde ou atendentes, desde que capacitados. Devem ser usados instrumentos com indicadores de saúde validados, que possibilitem a padronização do procedimento. Dessa forma, além da identificação do idoso de risco, pode ser possível uma estratificação que favoreça o atendimento e utilize os recursos de maneira adequada, melhorando o atendimento, sobretudo nos níveis posteriores, com a criação de critérios de prioridade vinculados à natureza da necessidade e não à regra cruel da hora de chegada à fila de espera. No segundo nível, existe a sugestão de utilizar de um centro sócio sanitário de promoção e prevenção de saúde, no qual se realize a verificação das vacinas, palestras, ações educacionais de saúde, estímulo à nutrição saudável e à prática de atividades físicas, assim como grupos de convivência e local para realização da Avaliação Funcional Breve, com intuito de identificar os riscos funcionais, visando estabelecer o perfil de saúde do beneficiário. Todas as informações devem ser registradas em prontuários eletrônicos. Caracteriza- se também como um Centro de Conveniência, com facilidades para familiares na compra de equipamentos e de facilidades na compra de equipamentos ou de ingresso de atividades de lazer, entre outras ações. O Gerente de acompanhamento, que serve de suporte operacionalpara todas as etapas, será designado e responderá pelos clientes. É também neste nível que ocorre o Atendimento ambulatorial de baixa complexidade. O nível 3, ambulatório especializado, está estruturado para atendimento de idosos com síndrome geriátrica e fragilizados ou em processo de fragilização, que precisam de acompanhamento especializado, mais minucioso e de maior complexidade, no qual a assistência deve ser realizado por médicos geriatras e equipe multidisciplinar de saúde. É crucial saber o quanto as doenças crônicas 18 impossibilitam o idoso de realizar suas atividades rotineiras de forma autônoma e independente. Neste nível a Avaliação Geriátrica Multidimensional é aplicada, devido ser um instrumento importante para precisar um diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico adequado para um planejamento assistencial efetivo. A assistência médica mostra que a diminuição da capacidade funcional do idoso é que o tornará dependente de um nível mais complexo de assistência. E ela poderá ser ocasionada pela evolução da própria patologia de base, por sua má administração e sequelas, ou pela inadequada assistência recebida. O nível 4 também trabalha com a lógica preventiva, e possui como intuito a redução da progressão e complicações de uma doença já sintomática, sendo aspecto importante da terapêutica e da reabilitação. Esta é uma instância de cuidado a ser utilizada, por meio da assistência domiciliar ou hospital-dia. Já o nível 5 é reservado somente para os eventos agudos da doença crônica, preferivelmente por um curto período de tempo. Após a remissão da fase aguda, o hospital de baixa complexidade ou a assistência domiciliar deve ser o melhor local de continuação do tratamento. E por último, os níveis 6 e 7 abrangem as instituições de longa permanência, os asilos (nursing homes) e os hospices ou cuidados paliativos, na fase terminal. 19 DIRETRIZES NACIONAIS A organização e estruturação da atenção em Redes de Atenção à Saúde é uma diretriz do SUS orientada pela Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, possui os fundamentos conceituais e operativos essenciais a esse processo de organização, com objetivo de garantir ao usuário o conjunto de ações e serviços que este necessita, com efetividade e eficiência. A Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa destaca como um de seus objetivos, a elaboração de uma proposta de Modelo de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa, que objetiva colaborar na organização da atenção e ampliação do acesso qualificado da população idosa no âmbito do SUS. A atenção deve ser pautada nas necessidades da população, centrada no indivíduo, levando em conta sua integração na família e na comunidade, substituindo a atenção prescritiva e focada na doença. A especificidade e a heterogeneidade nos processos de envelhecer devem ser analisados, por meio dos determinantes sociais da saúde, em seus mais diferentes aspectos, obedecendo ainda as diferenças de gênero e raça, buscando a equidade e resolutividade do cuidado a ser ofertado. Para tanto, as especificidades e singularidades da população idosa com suas novas necessidades de cuidado devem ser priorizadas na organização e oferta de serviços. Deve ser incluído em todas as etapas de organização do cuidado a garantia do acesso, o acolhimento e cuidado humanizados da população idosa nos serviços de saúde do SUS. A assistência deve ser guiada por meio da função global da pessoa idosa, analisando o risco de fragilidade existente e o seu grau de dependência, visando a autonomia possível, do indivíduo em questão. A organização do cuidado das pessoas idosas deve ser estruturada em rede, no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas. A organização e o financiamento desse cuidado devem ser pactuados nas Comissões Intergestores. Visando atestar a qualidade da atenção, é essencial assegurar recursos humanos suficientes e capacitados, fortalecendo o carecimento de investimento na formação profissional e educação permanente. O respeito aos direitos humanos, certificando a autonomia e a liberdade das pessoas idosas, o combate ao estigma, à violência e ao preconceito, bem como a garantia da equidade de gênero e raça devem nortear toda a ação voltada à pessoa idosa. 20 Relacionadas à promoção da saúde da população idosa as implementações de ações locais devem ser norteadas por meio das estratégias de implementação, contempladas na Política Nacional de Promoção da Saúde – Portaria 687/GM, de 30 de março de 2006, do Ministério da Saúde, possuindo como prioridades ações específicas listadas abaixo: Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS); Alimentação saudável; Prática corporal/atividade física; Prevenção e controle do tabagismo; Redução da morbi-mortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas; Redução da morbi-mortalidade por acidentes de trânsito; Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz; Promoção do desenvolvimento sustentável. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), Portaria GM nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, define que a atenção à saúde da população idosa possui como porta de entrada a Atenção Básica, dispondo como referência a rede de serviços especializada de média e alta complexidade. A Política Nacional de Atenção Básica, regulamentada pela Portaria GM nº 648 de 28 de março de 2006, define-se por elaborar um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que englobam a promoção e a proteção à saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É concebida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, direcionadas à populações de territórios bem delimitados, pelas quais admite a responsabilidade sanitária, levando em conta a dinamicidade vigente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade (conhecimento) e baixa densidade (equipamentos), que necessitam solucionar os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. 21 CONCLUSÃO A nova realidade demográfica do Brasil aponta para a urgência de mudanças nos paradigmas de atenção à saúde da população idosa, com estruturas criativas e inovadoras, somadas a ações diferenciadas visando que o idoso desfrute plenamente os anos de vida a mais. É necessário saber como o idoso está realizando suas tarefas cotidianas e seu grau de satisfação exige que o profissional de saúde investigue funções básicas e mais complexas, o que chamamos de avaliação funcional. Associada à avaliação das capacidades cognitivas e do humor, bem como à presença de distúrbios comportamentais, ela proporciona um quadro que vai muito além da simples lista de patologias. O idoso que mantém sua autodeterminação e não necessita de ajuda no cotidiano deve ser considerado saudável, ainda que portador de alguma doença crônica. A multiplicidade de doenças crônicas é uma característica fortemente presente nos idosos, dessa forma a estratégia de assistência para esta faixa etária deve ser distinta em relação às demais. É necessário acompanhar os problemas de saúde do idoso, para manter seu quadro estável e sua capacidade funcional por maior tempo possível. A tecnologia apresenta-se como uma expressão concreta do avanço da ciência na saúde em benefício da assistência ao idoso nos mais diversos serviços de saúde. Considerando o contexto dessa assistência, nota-se a implementação, bem como o desenvolvimento de uma gama de tecnologias voltadas às necessidades dos idosos, com a meta básica de estabelecer condições adequadas e inovadoras para um cuidado satisfatório dessa parcela populacional. As tecnologiasadotadas na área da saúde para otimização do cuidado ao idoso referem-se às tecnologias leves, duras e leve-duras, devendo manter um equilíbrio entre a inserção de maquinário tecnológico e a manutenção da humanização do cuidado. O ideal seria a união das três modalidades de tecnologia, levando em conta a pessoa idosa em sua integralidade, que requer atenção holística. Cabe aos profissionais da saúde, atuarem de forma a contemplar as demandas do envelhecer, refletindo acerca das questões que permeiam a utilização das tecnologias frente à intersubjetividade do idoso. O desafio é superar o uso de um sistema tecnológico como um simples instrumento 22 de trabalho e visualizá-lo como inovação tecnológica capaz de produzir mudanças no processo de cuidado do idoso. 23 REFERÊNCIAS ______. A necessária gestão qualificada na área da saúde: decorrência da ampliação do segmento etário dos idosos. Jornal Brasileiro de Economia da Saúde, São Paulo, v. 3, n. 3, p. 31-39, 2011a. ______. 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