Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O poder na sociedade em rede e a marginalização digital uma visão sociológica Profa. Edi Bacco 7º semestre RP Criar significado – se expressar Os seres humanos criam significado interagindo com seu ambiente natural e social, conectando suas redes neurais com as redes da natureza e com as redes sociais. A constituição de redes é operada pelo ato da comunicação. Comunicação é o processo de compartilhar significado pela troca de informações. CASTELLS 2013 p. 15. Processo da comunicação socializada Para a sociedade em geral, a principal fonte da produção social de significado é o processo da comunicação socializada. Esta existe no domínio público, para além da comunicação interpessoal. A contínua transformação da tecnologia da comunicação (TI) na era digital amplia o alcance dos meios de comunicação para todos os domínios da vida social, numa rede que é simultaneamente global e local, genérica e personalizada, num padrão em constante mudança. CASTELLS 2013 p. 15. Processo da comunicação socializada O processo de construção de significado caracteriza-se por um grande volume de diversidade. Existe, contudo, uma característica comum a todos os processos de construção simbólica: eles dependem amplamente das mensagens e estruturas criadas, formatadas e difundidas nas redes de comunicação multimídia. CASTELLS 2013 p. 15. Processo da comunicação socializada Embora cada mente humana individual construa seu próprio significado interpretando em seus próprios termos as informações comunicadas, esse processamento mental é condicionado pelo ambiente da comunicação. Assim, a mudança do ambiente comunicacional afeta diretamente as normas de construção de significado e, portanto, a produção de relações de poder. CASTELLS 2013 p. 15. Processo da comunicação socializada Nos últimos anos, a mudança fundamental no domínio da comunicação foi a emergência da autocomunicação – o uso da internet e das redes sem fio como plataformas da comunicação digital. É comunicação de massa porque processa mensagens de muitos para muitos, com o potencial de alcançar uma multiplicidade de receptores e de se conectar a um número infindável de redes que transmitem informações digitalizadas pela vizinhança ou pelo mundo. CASTELLS 2013 p. 15. A autocomunicação É autocomunicação porque a produção da mensagem é decidida de modo autônomo pelo remetente, a designação do receptor é autodirecionada e a recuperação de mensagens das redes de comunicação é autosselecionada. A comunicação de massa baseia-se em redes horizontais de comunicação interativa que, geralmente, são difíceis de controlar por parte de governos ou empresas. CASTELLS 2013 p. 16. A autocomunicação É por isso que os governos têm medo da internet, e é por isso que as grandes empresas têm com ela uma relação de amor e ódio, e tentam obter lucros com ela, ao mesmo tempo que limitam seu potencial de liberdade. CASTELLS 2013 p. 16. Redes de poder Em nossa sociedade, como conceituado por Castells, como uma sociedade em rede, o poder é multidimensional e se organiza em torno de redes programadas em cada domínio da atividade humana, de acordo com os interesses e valores de atores habilitados. As redes de poder o exercem sobretudo influenciando a mente humana (mas não apenas) mediante as redes multimídia de comunicação de massa. Assim, as redes de comunicação são fontes decisivas de construção do poder. CASTELLS 2013 p. 16. O poder na sociedade em rede Quem detém o poder na sociedade em rede? Os programadores com a capacidade de elaborar cada uma das principais redes de que dependem a vida das pessoas (governo, parlamento, estabelecimento militar e de segurança, finanças, mídia, instituições de ciência e tecnologia etc.). CASTELLS 2013 p. 17. O poder na sociedade em rede Quem detém o poder na sociedade em rede? E os comutadores que operam as conexões entre diferentes redes (barões da mídia introduzidos na classe política, elites financeiras que bancam elites políticas, elites políticas que se socorrem de instituições financeiras, empresas de mídia interligadas a empresas financeiras, instituições acadêmicas financiadas por grandes empresas etc.). CASTELLS 2013 p. 17. Alterar as relações de poder Se o poder é exercido programando-se e alternando-se redes, então o contrapoder, a tentativa deliberada de alterar as relações de poder, é desempenhado reprogramando-se as redes em torno de outros interesses e valores, e/ou rompendo as alternâncias predominantes, ao mesmo tempo que se alteram as redes de resistência e mudança social. CASTELLS 2013 p. 17. Comunicação autônoma A questão fundamental é que esse novo espaço público, o espaço em rede, situado entre os espaços digital e urbano, é um espaço de comunicação autônoma. A autonomia da comunicação é a essência dos movimentos sociais, ao permitir que o movimento se forme e ao possibilitar que ele se relacione com a sociedade em geral, para além do controle dos detentores do poder sobre o poder da comunicação. CASTELLS 2013 p. 20 A autonomia não é produto tecnológico propriamente, mas carece de base tecnológica impreterivelmente. Pedro Demo, 2007. Marginalização digital:digital divide Digital divide A expressão “digital divide” tornou-se signo de nossa época, que, marcada, mais que outras, pela inovação tecnológica, nega o acesso a muita gente, tornando seletivo o desfrute daquilo que seria lugar-comum desta sociedade. Muito se tem discutido acerca disso. DEMO, 2007 . Digital divide e marginalização digital A discussão sobre digital divide evoluiu para uma visão menos dicotômica, já que não se trata propriamente de exclusão, mas de marginalização. Dialeticamente falando, estar excluído é modo de ser parte do sistema, na margem. Mesmo no contexto capitalista muito excludente as pessoas conseguem acesso ao mundo digital, ainda que de forma marginalizada. DEMO, 2007 . Digital divide e marginalização digital A grande questão é que este tipo de marginalização compromete as oportunidades de vida e trabalho de modo crescente. A alfabetização digital vai tornando-se habilidade indispensável. DEMO, 2007 . Digital divide e marginalização digital As oportunidades, em especial de acesso à qualidade de vida, são definidas pelo acesso e manejo do conhecimento e respectivas plataformas tecnológicas, já que a riqueza das nações depende, acima de tudo, de pessoas educadas e suas ideias. DEMO, 2007 . Digital divide e marginalização digital O que mais importa é reconhecer que a marginalização digital está se tornando uma das mais drásticas, tanto porque segrega pessoas e sociedades do usufruto tecnológico, quanto porque agrava a pobreza política: estar analfabeto não é apenas não saber ler, escrever e contar, é principalmente estar por fora do mundo digital, em especial das oportunidades de saber pensar mediadas por plataformas informacionais. DEMO, 2007 . Marginalização digital no Brasil Nosso atraso é clamoroso e isso já é parte da marginalização digital. O pior, porém, é que não se vê iniciativa profunda, sistemática, a não ser solavancos, como, de repente, compra de milhares de computadores sem as devidas condições de uso. DEMO, 2007 . Marginalização digital no Brasil É preciso, antes de mais nada, que aprendizagem digital faça parte da formação docente e discente, em definitivo, de modo curricular. Em jogo não está apenas participar da economia, mas principalmente participar da vida política. Ou seja, trata-se de cidadania popular capaz de influir nos destinos da sociedade e da economia. DEMO, 2007 . Internet chega a 4 em cada 5 lares, diz IBGE; excluídos digitais somam 45,960 mi 29/04/2020 - O Estado de Minas https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/04/29/internas_economia,1142936/internet-chega-a-4-em-cada-5-lares-diz-ibge-excluidos-digitais-somam.shtml A Covid-19 torna o acesso à Internet um direito fundamental 30/04/2020 - Convergência Digital https://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=s ite&infoid=53517&sid=15 https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/04/29/internas_economia,1142936/internet-chega-a-4-em-cada-5-lares-diz-ibge-excluidos-digitais-somam.shtml https://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=site&infoid=53517&sid=15 Exclusão digital: pandemia impôs mais uma lacuna aos estudantes de baixa renda Jornal da USP - 01/02/2021 https://jornal.usp.br/atualidades/exclusao-digital-pandemia-impos-mais-uma-lacuna-aos- estudantes-de-baixa-renda/ Exclusão digital deixou famílias pobres sem auxílio emergencial 27/05/21 https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/exclusao-digital-deixou-familias-pobres- sem-auxilio-emergencial.shtml https://jornal.usp.br/atualidades/exclusao-digital-pandemia-impos-mais-uma-lacuna-aos-estudantes-de-baixa-renda/ https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/exclusao-digital-deixou-familias-pobres-sem-auxilio-emergencial.shtml Bancada Feminista do psol https://www.instagram.com/reel/CPb7IKGHQQc/?utm_medium=copy_link Protesto contra Bolsonaro em meio à pandemia bloqueia avenida Paulista em SP 29/05/21 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/protesto-contra-bolsonaro-em-meio-a-pandemia- bloqueia-avenida-paulista-em-sp.shtml Protestos contra Bolsonaro reúnem milhares nas ruas em meio à pandemia 29/05/21 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/liderados-pela-esquerda-protestos-contra-bolsonaro- reunem-manifestantes-nas-ruas-em-meio-a- pandemia.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail Movimentos sociais https://www.instagram.com/reel/CPb7IKGHQQc/?utm_medium=copy_link https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/protesto-contra-bolsonaro-em-meio-a-pandemia-bloqueia-avenida-paulista-em-sp.shtml https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/05/liderados-pela-esquerda-protestos-contra-bolsonaro-reunem-manifestantes-nas-ruas-em-meio-a-pandemia.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail Jornalistas e acadêmicos criticam espaço dado a manifestações em capas de jornais Twitter 30/05/21 https://twitter.com/i/events/1399115537431425026?s=03 Repercussão movimentos sociais https://twitter.com/i/events/1399115537431425026?s=03 Bibliografia CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança - Movimentos sociais na era da internet. 1ªed. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. Abertura do livro disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4316350/mod_assign/intro/Manuel%20de%20Castell%20Redes%20 de%20esperan%C3%A7a%20e%20indigna%C3%A7%C3%A3o.pdf DEMO, Pedro. Marginalização digital:digital divide. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 33, n.2, maio/ago. 2007. Disponível em: https://www.bts.senac.br/bts/article/view/295/278 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4316350/mod_assign/intro/Manuel de Castell Redes de esperan%C3%A7a e indigna%C3%A7%C3%A3o.pdf https://www.bts.senac.br/bts/article/view/295/278
Compartilhar