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 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicado ao Irmão João 
Gonçalves Miguéis 
 3 
 
A MAÇONARIA DURANTE A DITADURA VARGAS 
 
Roberto AguilarM. S. Silva1 
João Gonçalves Miguéis2 
 
Antecedentes históricos 
As informações a seguir foram obtidas no site da Loja América (2008) 
extraído de escritos do Ir José Castellani. Em 1932, vivia, o Brasil, sob o regime 
implantado pelo golpe de 1930. Neste ano, o país já enfrentara uma conturbada 
situação político-social, quando a oposição ao governo da República já vinha se 
movimentando desde as eleições de março --- vencida pelo candidato oficial, Júlio 
Prestes de Albuquerque --- conspirando, para promover o levante armado contra o 
governo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 A.:R.:L.:S.: Sentinela da Fronteira No 53, Corumbá, MS, Brasil 
 
2 A.:R.:L.:S.:Estrela do Oriente No 1, Corumbá, MS, Brasil 
 
Júlio Prestes de Albuquerque. 
http://www.galeriadosgovernadores.sp.gov.br/03
galeria/gov07.jpg 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O estopim da revolta fora o assassinato de João Pessoa3, governador da 
Paraíba, o qual fora candidato a vice-presidente na chapa de oposição, 
encabeçada por Getúlio Vargas. 
Pessoa foi morto a tiros, por João Duarte Dantas, por simples questões 
familiares da Paraíba --- muito comuns, na região Nordeste, na época --- e sem 
qualquer motivo político, mas o fato foi, matreiramente , aproveitado pela 
oposição. A revolta ocorreria a 3 de outubro, partindo dos três Estados ligados 
pela Aliança Liberal : do Rio Grande do Sul, partiam as tropas do Exército e da 
Polícia, comandadas pelo tenente-coronel Góis Monteiro ; partindo da Paraíba, o 
capitão Juarez Távora conseguia dominar todos os Estados do Norte e do 
Nordeste; e, em Minas Gerais, eram dominados os focos fiéis ao governo federal e 
as tropas ameaçavam os governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. 
 
 
3 João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Umbuzeiro, 24 de janeiro de 1878 — Recife, 26 de julho de 
1930) foi um político brasileiro. Sobrinho do ex-Presidente da República Epitácio Pessoa. Quando ainda 
presidente do estado da Paraíba e já candidato a vice-presidente, foi assassinado, em Recife, por João 
Duarte Dantas, seu adversário político, jornalista, cuja residência fora invadida por elementos da polícia, 
supostamente a mando de João Pessoa, que culminou com a publicação nos jornais da capital do estado, de 
cartas íntimas trocadas com a professora Anayde Beiriz. 
 
Getúlio Vargas e João Pessoa, pouco antes da Revolução de 
1930.http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pessoa_Cavalca
nti_de_Albuquerque 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Revolução Constitucionalista 
Conforme o site da Loja América (2008) em 1932, já voltara a ser tensa a 
situação político-social do país, pela demora do Governo Provisório, do caudilho 
Getúlio Vargas, em providenciar uma nova Constituição ao Brasil. À euforia dos 
primeiros momentos após o golpe, sucedia o desencanto, seguido da inquietação, 
que acabaria envolvendo os meios maçônicos. E essa inquietação, com a 
conseqüente agitação dos meios sociais, era mais forte em São Paulo, levando à 
extrema irritação os que, anteriormente, eram os mais fervorosos adeptos do 
levante, ou seja, os membros do Partido Democrático, os quais se sentiam 
esbulhados do poder, por interventores militares e estranhos ao Estado de São 
Paulo. Já a partir do início de 1931, da pena do advogado, jornalista e tribuno 
Ibrahim Nobre, maçom originário da Loja Fraternidade de Santos, saiam críticas 
mordazes contra o golpe e a situação social, publicadas no jornal paulista "A 
Gazeta". No início de 1932, então, o pensamento da população de São Paulo 
seria cristalizado na expressão "Civil e Paulista", repetida pelos meios de 
comunicação, externando o desejo de ter um interventor federal que não fosse 
militar e que fosse de São Paulo. A 3 de março, ouvindo o clamor dos paulistas, o 
ditador nomeava, para o cargo, o embaixador Pedro de Toledo4, ex Grão Mestre 
 
4 Pedro Manuel de Toledo (São Paulo, 29 de junho de 1860 — Rio de Janeiro, 29 de julho de 1935) foi um 
advogado, diplomata e político brasileiro. Foi o quarto interventor federal a ocupar o governo do estado de 
São Paulo. 
 
 
Juarez do Nascimento Fe rnandes Távora 
(Jaguaribemirim, actual Jaguaribe, 14 de janeiro 
de 1898 – Rio de Janeiro, 18 de julio de 1975). 
http://es.wikipedia.org/wiki/Juarez_T%C3%A1vor
a 
 6 
do Grande Oriente Estadual (1908-1914), o qual assumiria no dia 7. Essa 
indicação, todavia, não serviu para aliviar o mal estar e a tensão reinantes em 
diversos pontos do país, começando, dessa maneira, a fermentar a revolta. As 
reuniões preparatórias do movimento foram levadas a efeito na sede do jornal "O 
Estado de S. Paulo", fundado, em 1875, com idéias republicanas, pelos maçons 
Américo de Campos5 (Loja América), Francisco Rangel Pestana6 (Loja América), 
Manoel Ferraz de Campos Salles7 (Loja Sete de Setembro) e José Maria Lisboa 
(Loja Amizade). Nessa época, o jornal já era dirigido por Júlio de Mesquita Filho 
(Loja União Paulista II), que era um dos principais líderes do movimento. O 
estopim da revolta já havia sido aceso a 23 de maio de 1932, quando, durante 
uma manifestação , na praça da República, alguns jovens --- Mário Martins de 
Almeida, Amadeu MartinS, Euclides Miragaia, dráusio Marcondes de Sousa e 
Antônio Américo de Camargo, cujos nomes deram origem ao M.M.D.C.8 --- foram 
 
5 Américo Brasílio de Campos (Bragança Paulista, 12 de agosto de1835 — Nápoles, 28 de janeiro de 1900) 
foi um advogado e político brasileiro.Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi promotor público e 
fez da imprensa uma tribuna para defender seus ideais abolicionistas e republicanos. De 1865 a 1874 foi 
diretor e redator do Correio Paulistano, de onde saiu para fundar em 1875, com Francisco Rangel Pestana, o 
jornal A Província de S. Paulo, que, com o advento da República, passou a chamar-se O Estado de S. Paulo. 
Em 1884, com José Maria Lisboa, fundou o Diário Popular. Proclamada a República, foi nomeado cônsul do 
Brasil em Nápoles, onde faleceu. Foi um importante defensor dos ideiais republicanos e membro da 
Convenção de Itu. Obtido em http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rico_Bras%C3%ADlio_de_Campos" 
 
6 Francisco Rangel Pestana (Nova Iguaçu, 26 de novembro de 1839 — São Paulo, 17 de março de 1903) foi 
um jornalista e político brasileiro. Signatário do Manifesto Republicano (1870), foi deputado da província de 
São Paulo em diversas legislaturas e, proclamada a República, assumiu a direção da província no triunvirato 
em que também faziam parte Prudente de Morais e o coronel Joaquim de Sousa Mursa. Em 1890, foi eleito 
senador, cargo que exerceu até 1896. 
 
7 Manuel Ferraz de Campos Sales (Campinas, 15 de Fevereiro de 1841 — Santos, 28 de junho de 1913) foi 
um advogado e político brasileiro, terceiro governador do estado de São Paulo, de 1897 a 1898, presidente da 
República entre 1898 e 1902. 
 
8 O MMDC foi organizado como sociedade secreta, na Capital de S. Paulo, a 24 de maio de 1932, tendo sido 
projetado durante um jantar no Restaurante Posilipo, por Aureliano Leite, Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, 
Paulo Nogueira e Prudente de Moraes Neto, aos quais se juntaram, em reunião posterior, no Clube 
Comercial, Cesário Coimbra, Antônio Carlos Pacheco e Silva, Francisco Mesquita, Edgard Batista Pereira, 
Francisco A. Santos Filho, BernardoAntônio de Moraes, Alberto Americano, Roberto Victor Cordeiro, Carlos 
de Souza Nazaré, capitão Antônio Pietcher, Bueno Ferraz, José A. Telles de Mattos, Gastão Grossé Saraiva, 
Herman de Moraes Barros, Flávio B. Costa, Moacyr Barbosa Ferraz, Bráulio Santos, Waldemar Silva, Jorge 
Rezende, e Thiago Mazagão Filho. Inicialmente, a sociedade foi chamada "Guarda Paulista", mas, depois, foi 
fixada em MMDC, em homenagem aos jovens mortos a 23 de maio. Na fase de conspiração, que levaria ao 
movimento de 9 de julho, organizou pelotões de voluntários, distribuídos por toda a Capital. Durante o 
desenrolar da luta, a 10 de agosto, pelo Decreto no. 5627-A, o governo do Estado oficializou o MMDC, cuja 
direção foi entregue a um decenvirato, presidido por Waldemar Martins Ferreira, secretário da Justiça, e 
tendo, como superintendente, Luís Piza Sobrinho. Inicialmente instalado na Faculdade de Direito, foi, depois, 
para o antigo Fórum, na rua do Tesouro, e para o prédio da Escola de Comércio Álvares Penteado. Durante o 
movimento constitucionalista, cuidou da intendência geral, das finanças, da direção geral do abastecimento, 
 7 
mortos pela polícia política da ditadura, entrincheirada nos altos de um prédio da 
rua Barão de Itapetininga. No mesmo dia, era reorganizado o secretariado do 
governo paulista. Estranhamente, em sessão de 25 de maio, da Loja Piratininga, 
para a eleição da administração, no período 1931-1932, nada se comentou sobre 
esse fato marcante, preferindo, os obreiros, deter-se sobre uma crise no Grande 
Oriente do Brasil, onde rebeldes contestavam a autoridade do Grão-Mestre, 
Octavio Kelly9, ao qual a Piratininga apoiava, totalmente, na Assembléia Geral. 
Júlio de Mesquita Filho, depois de ter conseguido organizar uma frente única dos 
partidos de S. Paulo, entrou em entendimento com líderes da Frente Única Sul-
riograndense, nas pessoas de João Neves da Fontoura e Glicério Alves. Pelo Rio 
Grande do Sul, com concordância do interventor, Flores da Cunha, foi firmado um 
pacto entre paulistas e riograndenses, o qual os obrigava a recorrer às armas, 
caso o interventor de um dos dois Estados fosse destituído, ou se houvesse a 
substituição do gal. Andrade Neves do comando da região militar do Rio Grande 
do Sul, ou do gal. Bertholdo Klinger10, da guarnição de Mato Grosso. O governo 
ditatorial reagia ao movimento, tentando asfixiar o Estado de S. Paulo e, enquanto 
o governo paulista prevenia-se, para não sofrer um golpe de surpresa, na Capital 
Federal, vários fatos políticos e militares levavam à exoneração do ministro da 
Guerra, a 28 de junho, com a nomeação do general Espírito Santo Cardoso, há 
muito tempo reformado e afastado da tropa. Isso suscitou a revolta de Klinger, 
externada num agressivo ofício, datado de 1o. de junho, dando conhecimento do 
que resolvera, a Pedro de Toledo. Exonerado, por isso, estava criado o motivo 
suficiente, que fora exigido por Flores da Cunha, para que o Rio Grande entrasse 
na luta. Ele, todavia, além de não cumprir o acordo, ainda enviaria tropas contra 
São Paulo. Em reunião realizada no dia 7 de julho, com a presença de Francisco 
Morato, Ataliba Leonel, Sílvio de Campos, coronel Júlio Marcondes Salgado e 
general Isidoro Dias Lopes11, ficou decidido que o levante aconteceria no dia 20, 
 
dos departamentos de engenharia, de saúde, de propaganda e militar, do correio militar e dos serviços 
auxiliares. (do Arquivo do Estado). 
9 Otávio Kelly (Niterói, 20 de abril de 1878 — Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1948) foi um magistrado e 
escritor brasileiro, ministro do Supremo Tribunal Federal de 1934 a 1942. 
 
10 Bertoldo Klinger (Rio Grande, 1884 — Rio de Janeiro, 1969) foi um militar brasileiro. Em 1901 ingressou 
na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Participou da Revolta da Vacina em 1904 e, em 
função disso, foi preso, retornando ao exército somente no ano seguinte. Em 1924 foi novamente preso, 
acusado de colaborar com a revolta tenentista em São Paulo. Em 1932 uniu-se aos grupos dirigentes 
paulistas que preparavam uma revolução contra a ditadura imposta por Getúlio Vargas, chamada Revolução 
de 1932, tendo sido escolhido para chefiar militarmente o movimento, que perdurou entre julho e setembro 
daquele ano. Preso após a rendição do exército paulista, foi em seguida enviado para exílio em Portugal. Em 
1934 recebeu anistia e retornou ao Brasil. Foi readmitido pelo Exército Brasileiro em 1947, passando em 
seguida para a reserva. Anos depois, em 1964, apoiou o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart 
e implantou o regime militar no país. 
11 Isidoro Dias Lopes (Dom Pedrito, 1865 — Rio de Janeiro, 1949) foi um militar e político brasileiro. Entrou 
para o Exército em 1883 em Porto Alegre. Apoiou o movimento que pôs fim ao Império. Em 1893, abandonou 
o Exército e participou da Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, contra o governo de Floriano Peixoto. 
Após a derrota dos federalistas, em 1895 foi para o exílio em Paris. Em 1896 voltou ao Brasil , foi anistiado e 
retornou ao Exército no Rio de Janeiro, continuando a carreira. Participou da articulação e da Revolução de 
1924 em São Paulo e posteriormente juntou-se a Coluna Prestes. Em 1930 após a derrota da Aliança Liberal 
 8 
sob o comando de Isidoro e do coronel Euclides Figueiredo. Pedro de Toledo 
ainda tentou evitar a revolta, mandando seu genro ao Rio de Janeiro, no dia 8, 
para conferenciar com Vargas. Todavia, em nova reunião, nesse dia, resolveu-se 
deflagrar o movimento no dia 10, antes que chegasse a S. Paulo o gal. Pereira de 
Vasconcellos, para assumir o comando da Região Militar. A 9 de julho, um 
sábado, a revolta constitucionalista estava nas ruas. Embora algumas obras 
didáticas situem o início do movimento às 24 horas desse dia, ele eclodiu às 11,40 
hs., sob o comando de Euclydes Figueiredo, com a tomada do Q.G. da 2a. Região 
Militar. No mesmo dia, às 23,15 hs., as sociedades de rádio eram tomadas por 
civis e, a partir das 24 horas --- daí a confusão de alguns autores --- começava a 
ser repetida a seguinte mensagem: “De accordo com a Frente Única Paulista e 
com a unànime aspiração do povo de São Paulo e por determinação do general 
Izidoro Dias Lopes, o coronel Euclydes Figueiredo acaba de assumir o comando 
da 2a. Região Militar tendo como Chefe do Estado Maior o coronel Palimercio de 
Rezende. A oficialidade da Região assistiu incorporada no QG à posse do coronel, 
nada havendo occorrido de anormal. Reina em toda a cidade intenso júbilo 
popular e o povo se dirige em massa aos quartéis, pedindo armas para a defesa 
de São Paulo”. No dia 10, o interventor Pedro de Toledo era aclamado, pelo povo, 
pelo Exército e pela Força Pública, governador de S. Paulo. No dia 12, o general 
Bertholdo Klinger desembarcava na Estação da Luz e, no QG da 2a. R.M., na rua 
Conselheiro Crispiniano, diante do microfone da Rádio Educadora Paulista, 
recebia o comando da região de S. Paulo, transmitido por Euclydes, que, na tarde 
do mesmo dia, iria para Cruzeiro, onde assumiria o comando da vanguarda das 
tropas constitucionalistas. Deixado sozinho, na luta pela Constituição e pelo Brasil, 
os combatentes de S. Paulo, sem recursos, iriam resistir durante três meses. Sem 
o esperado apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, as tropas paulistas, 
que ocuparam o vale do Paraíba, ao longo da Estrada de Ferro Central do Brasil, 
não conseguiram avançar além da divisa com o Estado do Rio. O bloqueio do 
porto de Santos e a grande concentração de forças federais, vindas de todos os 
Estados, venceram a resistência dos soldados paulistas, graças ao esgotamento 
de seus recursos. A 28 de setembro, a luta chegava ao fim. Sem que o governo 
civil fosse consultado, Klinger enviou emissários aos adversários, com propostas 
de paz e um telegrama a Vargas propondo suspensão do conflito. Fracassadosos 
entendimentos, porque os termos do armistício eram humilhantes para São Paulo, 
elementos do comando geral da Força Pública --- seu comandante, Júlio 
Marcondes Salgado, extraordinário defensor da causa paulista, havia falecido num 
estúpido acidente com uma granada --- sob o comando do coronel Herculano 
Silva, assinaram a vexatória rendição, na noite de 1o para 2o de outubro, 
submetendo-se ao governo ditatorial, em troca de vantagens para os seus oficiais. 
Herculano foi indicado --- prêmio? --- para assumir o governo e, no dia 2, às 15,30 
hs, mandava três oficiais seus, ao palácio dos Campos Elíseos, para depor Pedro 
 
apóia a Revolução de 1930 e participa do governo de Getúlio Vargas, como comandante da 2ª Região Militar 
em São Paulo. Em 1931 se indispõe com Vargas e é substituído por Góis Monteiro. Em 1932 participa da 
Revolução Constitucionalista, e acaba deportado para Portugal . Anistiado em 1934 retorna ao Brasil. Em 
1937, afastado da política, critica o golpe e a ditadura do Estado Novo. 
 
 9 
de Toledo12. A voltar, a Piratininga, à atividade, a 3 de novembro, o Venerável 
Mestre comunicava que, embora tivesse, a Loja, deixado de funcionar por 
determinação superior --- do Grande Oriente de S. Paulo, dirigida a todas as suas 
Lojas --- mas que a sua diretoria havia continuado a se reunir, semanalmente, 
para tomar conhecimento do expediente e para resolver os assuntos mais 
urgentes. E Vaz de Oliveira, interpretando o pensamento da Piratininga e de todo 
o povo paulista, dizia que "não pode deixar de saudar ao povo paulista pela 
dedicação, patriotismo e heroísmo, que tão fortemente demonstrou na guerra em 
que se empenhou, heroísmo que igual, quanto mais maior, em nenhuma guerra 
aponta a história, mesmo na mundial, bem como não pode ser apontada maior 
traição do que a sofrida pelos paulistas, para cujos traidores deve todo maçom 
cônscio dos seus deveres, evitar convívio, votando-lhes desprezo". 
A Constituinte de 1934 
Em novembro de 1933, diante da instalação da Assembléia Nacional 
Constituinte, que era a aspiração dos paulistas, no movimento de 1932, a notícia 
era saudada pelos obreiros da Loja. E o Orador, Ramon Roca Dordal, propunha a 
inserção, em ata, de um voto de louvor e aplauso, por aquela instalação. 
Aprovada, unanimemente, a proposta, Alexandre de Albuquerque dizia que havia 
votado como paulista de coração e na qualidade de ex-combatente, mas propunha 
um adendo àquela resolução: que o voto de louvor e aplauso fosse extensivo ao 
fato da volta, a São Paulo, do Irmão Pedro de Toledo, que havia sido exilado. Em 
1934, no dia 23 de maio, emblemático para a alma paulista, depois de 
cumprimentos ao Irmão do quadro, Alexandre de Albuquerque, pela homenagem 
que recebera do Instituto de Engenharia, como um importante engenheiro civil de 
S. Paulo e pela sua atuação na Revolução Constitucionalista, Guilherme de 
Carvalho, dizendo que aquela era a "data anniversaria da libertação paulista", 
pedia que a sessão fosse encerrada, em homenagem a ela e aos jovens mortos 
em 32. E Roca Dordal, inflamado, referia-se "à posição injusta em que, por todos 
os meios, procurava a dictadura collocar S. Paulo, que, muito embora vencido nos 
seus altos desideratuns pela eventualidade de circunstancias ligadas à força, 
 
12 O extraordinário paulista, Pedro de Toledo, nesse dia, recebia, com extrema dignidade e 
serenidade, a desgraça que se abatia sobre si e sobre S. Paulo, dizendo, apenas: "São Paulo não 
foi derrotado! Fomos traídos e vencidos no campo das armas! Os ideais que nos levaram à luta, 
porém, serão vitoriosos". Por volta das 18 horas do dia 2, quando se preparava para deixar os 
Campos Elíseos, ele ouvia a voz do tenente Cândido Bravo, rompendo o pesado silêncio, que 
cercava o fim de um sonho: 
 
--- Senhor governador, estaremos sempre juntos. 
 
Emocionado, ele respondia: 
 
--- Nem poderia ser de outra forma! Estamos com São Paulo! 
 
(segundo reportagem de Silveira Peixoto, em A Gazeta, de 3-10-1932) 
 10 
assim não se considerava; devido a nobreza da causa que defendera, e graças a 
sua força moral, ao progresso a que soube elevar-se, conseguiu o fim que 
almejava, e mantém-se firme e admirável na conquista do justo e do direito, não 
só para o seu bem, mas para o do Brasil – não discrepou do lugar de destaque em 
que o colocaram os seus antepassados; antes mesmo continuou o seu traçado de 
luta e de glória, impondo-se à admiração mundial". Poderia, até, ter terminado sua 
fala, com a citação de um pequeno trecho do vibrante "Minha Terra", oração de 
bandeirantismo do Irmão Ibrahim Nobre, o tribuno de São Paulo13. Fazendo juz ao 
seu título distintivo, na São Paulo de Piratininga, a Loja firmava-se como a 
Piratininga de São Paulo. Em julho, promulgada a nova Constituição brasileira, 
pela qual lutara S. Paulo, em 32, Roca Dordal tecia comentários sobre a instituição 
maçônica e a luta de São Paulo: "A reunião de quatro confrarias, em Londres, em 
1717, dá origem à Maçonaria – que um grupo de homens destemidos, fortes, 
cançados da tyrania e da escravidão, que envolvia a nação e, podemos dizer, a 
Europa, resolveram traçar novos princípios regeneradores dos costumes da 
Humanidade sofredora. É a Maçonaria --- que em breve seria forte bastante para 
pôr um dique ao despotismo universal. Mas essa seita, essa reunião de homens 
de ideaes e de vontades inquebrantaveis, teve de preparar sua lucta sem tréguas 
ao obscurantismo e á oppressão. Agrupados esses homens de costumes puros, 
de energia e coragem para os mais duros sacrifícios, entraram a pregar no meio 
da sociedade com o mais absoluto sigilo, escolhendo os homens, que dedicados 
até ao sacrifício, desejavam uma Humanidade melhor. E o sacrifício é necessário! 
Não ha na historia da Humanidade uma conquista que não custasse rios de 
sangue e sacrifícios sem conta, áquelles que primeiro se opuzerão ao arbítrio e á 
tyrania. São Paulo recolhe os beneficios de uma Constituição, pelo sacrifício dos 
que não se submetteram ao capricho de uma dictadura, de um poder discricionario 
e tyranico. É o fim que almejavam os sinceros maçons, cujos sacrifícios serão 
pequenos, em face da vitória alcançada". Infelizmente, a frágil Constituição de 
1934, não garantiria a continuidade de um regime realmente democrático, como 
viria a comprovar o golpe de 10 de novembro de 1937 (América, 2008). 
 
 
 
 
13 "Terra Paulista! Da tua carne, massapé e honesta, do teu ventre de Mãe, fecundo e são, veio a alma que 
realizou a nacionalidade, imprimindo-lhe o sentido da Independência e os rumos católicos da Civilização. 
De ti proveio o homem que defrontou a natureza peito a peito e que a venceu e a dominou a facão e a fé! 
Tu deste geografia ao Brasil! Essa terra toda, que aí se estende e se esparrama e se perde por esse mundo 
grande de Deus, tudo isso tem os seus limites demarcados, não apenas pelos rios que se vadearam, pelas 
grimpas transpostas, pelas florestas vencidas! Mas, sobretudo, pelas sepulturas dos teus filhos, Minha 
Terra! Balisas! Picadas! Cruzes! Paulistas, paulistas, paulistas"! - IBRAHIM NOBRE – 1931. 
 
 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Estado Novo 
No dia 10 de novembro de 1937, o presidente Getúlio Vargas14 anunciava o 
Estado Novo, em cadeia de rádio. Iniciava-se um período de ditadura na História 
do Brasil. 
O Golpe de Getúlio Vargas foi articulado junto aos militares e contou com o apoio 
de grande parcela da sociedade, pois desde o final de 1935 o governo havia 
reforçado sua propaganda anti comunista, amedrontando a classe média, na 
verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde então se 
desencadeava. 
De acordo com (Historianet, 2008) a partir de novembro de 1937 Vargas impôs a 
censura aos meios de comunicação, reprimiua atividade política, perseguiu e 
prendeu inimigos político. Conforme Silva (2005) em 1937, o Estado autoritário 
que vinha sendo construído pelas práticas discursivas e pela reorganização e 
atuação de uma polícia política, produzindo informações sobre o perigo das 
ideologias externas que invadiam o país, se consolidou com Getúlio Vargas 
declarando à nação que: 
“Tanto os velhos partidos, como os novos em que os velhos se transformaram sob 
novos 
rótulos, nada exprimem ideologicamente, mantendo-se à sombra de ambições 
pessoais ou de predomínios localistas, a serviço de grupos empenhados na 
partilha dos despojos e nas combinações em torno de objetivos subalternos (...) as 
novas formações partidárias surgidas em todo o mundo, por sua própria natureza 
refratárias aos processos democráticos, oferecem perigo imediato para as 
instituições, exigindo, de maneira urgente e proporcional à virulência dos 
 
14 Getúlio Dorneles Vargas (São Borja, 19 de abril de 1882 — Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954) foi um 
político brasileiro, chefe civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha depondo seu 13º e último 
presidente Washington Luís. Getúlio Vargas foi por duas vezes presidente da república. Na primeira vez, de 
1930 a 1945, governou o Brasil em três fases distintas: de 1930 a 1934, no governo provisório; de 1934 a 
1937, no governo constitucional, eleito pelo Congresso Nacional; e de 1937 a 1945, no Estado Novo. Na 
segunda vez, de 1951 a 1954, governou o Brasil como presidente eleito por voto direto. 
 
 
Getúlio Vargas . 
 
 12 
antagonismos, o esforço do poder central. Isto já se evidenciou por ocasião do 
golpe extremista de 1935 (...) o perigo das formações partidárias sistematicamente 
agressivas à Nação, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos 
brasileiros e o amparo decisivo e vigilante das forças armadas, não dispões de 
meios defensivos eficazes dentro dos quadros legais, vendo-se obrigada a lançar 
mão, de modo normal, das medidas excepcionais que caracterizam o estado de 
risco iminente da soberania nacional e da agressão externa”. 
Os trechos supracitados são partes dos pronunciamentos utilizados por Vargas na 
implantação do Estado Novo. São declarações nas quais o representante do 
Estado colocava- se como “saneador” de uma grande ameaça que se espalhava 
pela nação através da ação dos inimigos, num primeiro momento apontados entre 
os comunistas (Silva, 2005). 
Segundo o site da Loja Triumpho do Direito (2008) o Ir.: José Castellani o 
escreveu o seguinte sobre o Estado Novo e o fechamento das Lojas Maçônicas: a 
essa altura dos acontecimentos (1937), o ambiente político do país voltava a ficar 
agitado, diante de nova campanha presidencial --- já que o mandato de Getúlio 
Vargas deveria se encerrar em 1938 --- à qual se apresentaram duas 
candidaturas: a de José Américo de Almeida --- político, literato e figura de 
projeção no Nordeste --- e a do governador de S. Paulo, Armando de Salles 
Oliveira, sendo, a do primeiro, ostensivamente apoiada pelo governo federal. 
Vargas, todavia, com sua formação caudilhesca, já se preparava para se instalar 
como senhor absoluto, impedindo as eleições. Já nos primeiros meses de 
1937, muitos políticos ligados ao governo sabiam que uma nova Constituição 
havia sido elaborada por Francisco Campos, ministro da Justiça, com planos de 
continuísmo. Além de Campos, participavam da operação, para levar a cabo um 
golpe de Estado, o general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, o general 
Góis Monteiro, chefe do Estado Maior do Exército, e Agamenon Magalhães, 
ministro do Trabalho. Os governadores de Estados, que não aderiram aos planos 
de Vargas, foram obrigados a se demitir, ou a fugir para o Exterior. E, em outubro 
de 1937, o governo solicitava, ao Congresso Nacional, a decretação do Estado de 
guerra, com base na existência de um vasto plano de terrorismo comunista, 
denominado "Plano Cohen". Todavia, como o próprio Góis Monteiro declararia, 
mais tarde, o Plano Cohen não passava de um documento forjado por um oficial 
integralista do Estado Maior. Era mais um embuste de Vargas, utilizando, em seu 
proveito, as lutas das facções extremistas. Com a decretação do estado de 
guerra, conseguida graças à ovina docilidade do Congresso Nacional, o governo 
não tardou a dar o golpe de Estado. E este aconteceria a 10 de novembro de 
1937,quando era dissolvido o Congresso, dissolvidos todos os partidos, extinta a 
Constituição de 1934 e imposta aquela elaborada por Francisco Campos. Estava 
implantado o chamado "Estado Novo", regime ditatorial de direita, a exemplo 
daqueles existentes na Itália, na Alemanha, em Portugal, na Espanha e na 
Polônia, numa época em que a conjuntura internacional favorecia a implantação 
do nazi-fascismo. Esse fato iria repercutir em todas as instituições sociais 
brasileiras, inclusive na Maçonaria. O fechamento desta foi aconselhado, ao 
governo, a 25 de novembro de 1937, pelo general Newton Cavalcanti, membro do 
Conselho de Segurança Nacional. E embora isso possa não ter ocorrido entre as 
 13 
Lojas do então Distrito Federal --- provavelmente por mediação de algum figurão 
do novo regime --- o mesmo não se pode dizer do resto do país. No Estado de 
São Paulo, por exemplo, podem ser tomados os casos de cinco Lojas, de quatro 
cidades, de diferentes regiões do Estado: 
 1. Na Loja Piratininga, da Capital, o Livro de Atas nº 45 foi encerrado na folha nº 
84, com o final da ata nº 2.993, de 20 de outubro de 1937. Nessa mesma folha, 
consta um termo, com os seguintes dizeres: "Tendo sido, por ordem das 
autoridades do país, fechados os templos maçônicos e interrompidos os nossos 
trabalhos, os trabalhos de reabertura foram, por deliberação da Diretoria, lançado 
em um livro de atas, a partir de 17 de janeiro de 1940, data em que foi permitido, 
novamente funcionarem as Lojas. Ass. : A. Pacheco Júnior - Secretário". Na ata nº 
2.994, de 17 de janeiro de 1940, consta que o Ir.: Secretário informa que não pode 
dar leitura à ata dos últimos trabalhos, em virtude de terem sido, os arquivos, 
apreendidos pela autoridade policial; é resolvido, então, que se inicie um novo livro 
de atas e um novo livro de presenças. 
 2. Na Loja Fé e Perseverança, de Jaboticabal, consta, em ata de 29 de outubro 
de 1937, que o Venerável Mestre, major Hilário Tavares Pinheiro, informava que 
"em virtude de Lei Federal editada pelas autoridades do País, foi fechada toda a 
Maçonaria brasileira e, por esse motivo, fica, de hoje em diante, fechada esta 
Loja, até ulterior deliberação". A Loja só iria ser reaberta, oficialmente, a 3 de 
setembro de 1943, embora, já a partir de 1940, as demais Lojas tenham voltado a 
funcionar. A data de 29 de outubro --- quando a Loja foi fechada --- pode ter sido 
registrada com erro (seria 29 de novembro), ou pode ser verdadeira, reforçando, 
então, a tese de que as Lojas começaram a ser fechadas já quando o Estado 
Novo estava sendo articulado, em sua fase final. 
 3. Na Loja Firmeza, de Itapetininga, não constam atas do período compreendido 
entre outubro de 1937 e janeiro de 1940. No dia 20 de janeiro de 1940, cogitava-
se da autorização policial para a reabertura da Oficina. 
 4. Na Loja Ordem e Progresso, da Capital, o Livro de Atas nº 18 termina, 
abruptamente, à folha 68, estando, todas as demais, até à última, de nº 100, em 
branco. Nessa folha 68, está lavrada a ata da sessão de 27 de setembro de 1937, 
na qual foram lidos diversos artigos de jornais, criticando o integralismo de Plínio 
Salgado. A ata seguinte, no livro nº 19, tem a data de 5 de outubro de 1941, sendo 
registrada como a primeira reunião de reabertura dos trabalhos, realizada na rua 
Passos, nº 246, residência do Irmãos Serpa Sobrinho. Nela consta, textualmente, 
o seguinte: "Os trabalhos foram abertos às 15 horas e de acordo com a 
convocação feita pelo Ir.: Serpa, o qual foi aclamado Secretário, em continuação 
de mandato,por se achar exercendo esse cargo na ocasião em que, por ordem do 
governo federal, foram suspensos os trabalhos". Para dirigir os trabalhos, foi 
aclamado o Irmão Elias Rahal e, para Orador, o Irmãos Luís Trento. O Ir.: Serpa 
declarava, na ocasião, que a reunião era para tratar da reabertura dos trabalhos, 
pois a Loja "Ordem e Progresso", uma das mais antigas e das de maior tradição 
em São Paulo, não podia continuar inativa, pois grande parte das suas co-irmãs já 
 14 
se achava em funcionamento; ao final dos trabalhos, deliberou-se convocar outra 
reunião, para, definitivamente, serem reiniciados os trabalhos no templo. 
 5. A Loja Estrela de Santos, de Santos, fundada a 22 de junho de 1937, embora 
tenha recebido sua Carta Constitutiva, a 8 de outubro de 1937, só iria ser 
regularizada a 1 de agosto de 1942. Além disso tudo, não foram fundadas novas 
Lojas no Estado, em todo esse período. E o Boletim Oficial do Grande Oriente de 
S. Paulo interrompeu sua publicação em outubro de 1937 --- quando foi publicado 
o último número da década --- só a tendo restabelecida em 1943. 
O Funcionamento da Loja Estrela do Oriente n o 1 Durante a Ditadura Vargas 
Em 27 de junho de 1937 A∴R∴L∴S∴ Estrela do Oriente, foi fechada. 
Momentos antes de ser fechada o Ir∴Natala Abraão, entra na Loja e retira todos 
os livros e documentos, salvando desta maneira o acervo documental da Loja. Em 
Corumbá, MS, apenas uma Loja a A∴R∴L∴S∴ Estrela do Oriente manteve-se 
funcionando na clandestinidade. Em 27 de outubro de 1937 aconteceu a primeira 
sessão clandestina, na residência do V∴M∴ João Baptista de Oliveira Mota. A 
sua residência estava situada à rua Major Gama em frente ao antigo Fórum. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V∴M∴ João Baptista de Oliveira Mota. 
 15 
 
Em novembro de 1938 ocorreu a abertura das Lojas Maçônicas em 
Corumbá. A ordem foi dada pelo Comandante da 9° região Militar o General José 
Pessoa15. E finalmente em 10 de novembro de 1938 ocorreu a primeira sessão 
regular da ARLS Estrela do Oriente, após a abertura.Porem em outros orientes 
como o paulista a reabertura das Lojas somente ocorreu em 1940, e deveu-se à 
atitude destemida de Benedicto Pinheiro Machado Tolosa, que, em plena vigência 
do Estado Novo, compareceu, como Grão-Mestre Adjunto, no exercício do Grão-
Mestrado --- o Grão-Mestre, José Adriano Marrey Júnior estava licenciado --- 
perante as autoridades policias a serviço da ditadura, e assumiu 
desassombradamente, o compromisso de responsabilidade pessoal pela 
manutenção da ordem, o que fez com que fossem autorizados os trabalhos 
maçônicos. 
 
 
 
15 José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque , conhecido como marechal José Pessoa, (Cabaceiras-PB, 12 
de setembro de 1885 — Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1959) foi um militar brasileiro. Filho de Cândido 
Clementino Cavalcanti de Albuquerque e de Maria Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, era sobrinho de 
Epitácio Pessoa, presidente da República de 1919 a 1922, e irmão de João Pessoa, presidente da Paraíba de 
1928 a 1930. Assentou praça em 1903 no 2º Batalhão de Infantaria em Recife, seguindo depois para a Escola 
Preparatória e de Tática em Realengo (Rio de Janeiro). Transferiu-se em 1909 para a Escola de Guerra em 
Porto Alegre, de onde saiu aspirante-a-oficial. Esteve à disposição do Ministério da Justiça, servindo na 
Brigada Policial do Distrito Federal. Foi ajudante-de-ordem e assistente do comando da divisão de operações 
enviada a Mato Grosso para pacificar o estado em 1917 e, finalmente, serviu como ajudante-de-ordem e 
assistente do inspetor da 10ª Região Militar na Bahia. Participou da Revolução de 1930. Após um breve 
período como comandante do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, José Pessoa assumiu, ainda em 1930, 
o comando da Escola Militar do Realengo. Foi o grande idealizador da Academia Militar das Agulhas Negras, 
que só veio a ser fundada em 1944, bem como dos novos símbolos do Exército: uniformes históricos, brasão, 
espadim de Caxias etc. Em 1933 foi promovido a general-de-brigada e enfrentou, em 1934, um movimento de 
rebeldia dos cadetes do estabelecimento que comandava. Inconformado com a solução dada para o caso, 
demitiu-se do comando da escola, sendo nomeado em seguida inspetor e comandante do Distrito de Artilharia 
de Costa da 1ª Região Militar no Distrito Federal. Foi o fundador do Centro de Instrução de Artilharia de Costa. 
Somente em março de 1938, quatro meses após o advento do Estado Novo, recebeu outra comissão de 
comando. Inicialmente cogitado para um posto em Belo Horizonte, acabou nomeado comandante da 9ª 
Região Militar em Mato Grosso, promovendo intenso combate ao banditismo que então grassava no estado. 
No início de 1939, foi nomeado inspetor da arma de cavalaria, que tratou de modernizar, dotando-a de novos 
regulamentos. Adido militar em Londres de 1946 a 1947, retornou ao Brasil e, em abril de 1948, participou da 
fundação do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (Cedpen). Em torno do órgão 
se articularam, de modo amplo, estudantes, jornalistas, militares, professores e homens públicos, e em pouco 
tempo o centro se tornou o núcleo de uma campanha de mobilização da opinião pública em favor de uma 
solução nacionalista para a questão do petróleo. A Campanha do Petróleo como ficou conhecida, 
desembocou no estabelecimento do monopólio estatal em 1953 e na conseqüente criação da Petrobrás em 
1954. Em 12 de setembro de 1949, foi transferido para a reserva no posto de general-de-exército. Promovido 
a marechal em janeiro de 1953. Foi convidado em 1954 pelo presidente Café Filho para ocupar a presidência 
da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, encarregada de examinar as condições gerais de 
instalação da cidade a ser construída. Em seguida, Café Filho homologou a escolha do sítio da nova capital e 
delimitou a área do futuro Distrito Federal, determinando que a comissão encaminhasse o estudo de todos os 
problemas correlatos à mudança. A comissão encerrou seus trabalhos em 1956. Brasília foi erigida no local 
escolhido pelo Marechal josé pessoa, que, também, idealizou o Lago Paranoá e a estruturação da cidade ao 
longo de dois eixos transversais. http://www.eltheatro.com/destaque16.htm 
 
 
 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eram maçons , entre os principais participantes da Revolução Constitucionalista , 
os seguintes homens16: 
 
Júlio de Mesquita Filho (chefe civil da revolta) , 
Altino Arantes ; 
Pedro de Toledo ; 
Menotti del Picchia ; 
Ibrahim Nobre ; 
Paulo Duarte ; 
José Adriano Marrey Júnior (Grão-Mestre do Grande Oriente de S. Paulo) ; 
Benedicto Pinheiro Machado Tolosa17 (Venerável Mestre da Loja Piratininga e, 
depois , Grão-Mestre do Grande Oriente de S. Paulo) ; 
Thyrso Martins, Waldemar Ferreira ; 
Alcântara Machado ; 
Mergulhão Lobo ; 
Piragibe Nogueira ; 
Cincinato Braga ; 
Frederico Abranches , tenente Cândido Bravo . 
 
 
 
 
 
 
 
16 http://www.lojasmaconicas.com.br/ 
jc_sinopses/sinopse/sip23.htm 
17 Médico, pesquisador e professor da USP 
 
General José Pessoa. 
 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências bibliográficas 
América. A Maçonaria Paulista na Revolução de 1932. A Participação de 
Destaque da Loja América. Extrato de Artigo de José Castellani 
http://www.america.org.br/documentos/ 
rev_const_1932.html. Acessado em 9/10/2008. 
Historianet. O Estado Novo http://www.historianet.com.br/conteudo/default. 
aspx?codigo=53. Acessado em 19/9/2008. 
Silva, G. B. No entre guerra, a situação dos integralistas na implantação do 
estado novo de Getúlio Vargas. Proj. História, São Paulo, v. 30, p. 229-241, 
2005.Loja Triumpho do Direito. O Estado Novo e o fechamento das Lojas 
Maçônicas. Obtido de escritos do Ir.: José Castellani . Do livro "História do 
Grande Oriente de São Paulo" Editora do GOB – 1994. http://www.triumphodo 
direito.triunfo.nom.br/Tboestadonovo.htm.Acessado em 9/10/2008. 
 
Benedicto Pinheiro Machado Tolosa . 
 18 
 
A Maçonaria Durante o Regime do General Francisco 
Franco na Espanha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na Espanha dos sécalos XIX e XX a Maçonaria teve momentos de grande 
poder até a Guerra Civil de 1936. Com a ditadura do general Francisco Franco, os 
Maçons se convirteram no símbolo por excelencia dos enemigos da Patria e foram 
perseguidos sem tregua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
General Francisco Franco. 
Práxedes Mateo Sagasta Es colar (1825 — 1903) foi um dos dez 
Chefes do Governo espanhol entre 1868 e 1936 que era Maçom. 
 19 
 
 
Para entender a preseguição do General Francisco Franco à Maçonaria, é 
preciso conhecer a história da Guerra Civil Espanhola. 
 
 
Guerra Civil Espanhola 
A chamada Guerra Civil Espanhola foi um conflito bélico deflagrado após um 
fracassado golpe de estado de um setor do exército contra o governo legal e 
democrático da Segunda República Espanhola18. A guerra civil teve início em 17 
de julho de 1936 e terminou em 1° de abril de 1939, com a vitória dos rebeldes e a 
instauração de um regime ditatorial de caráter fascista19, liderado pelo general 
Francisco Franco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antecedentes historicos 
 
 
18 A Segunda República Espanhola foi proclamada a 14 de Abril de 1931 na sequência da vitória 
republicana nas eleições municipais, tendo como primeiro presidente Niceto Alcalá Zamora. Após a demissão 
voluntária do general Miguel Primo de Rivera, Afonso XIII tentou devolver o debilitado regime monárquico ao 
caminho constitucional e parlamentar, apesar da debilidade dos partidos dinásticos. Para ele o governo da 
Coroa convocou uma ronda de eleições que deviam injectar legitimidade democrática nas instituições 
monárquicas. 
 
 
19 O fascismo é uma doutrina totalitária desenvolvida por Benito Mussolini na Itália, a partir de 1919, durante 
seu governo (1922–;1943 e 1943–;1945). Fascismo deriva de fascio, nome de grupos políticos ou de 
militância que surgiram na Itália entre fins do século XIX e começo do século XX; mas também de fasces, que 
nos tempos do Império Romano era um símbolo dos magistrados: um machado cujo cabo era rodeado de 
varas, simbolizando o poder do Estado e a unidade do povo. Os fascistas italianos também ficaram 
conhecidos pela expressão camisas negras , em virtude do uniforme que utilizavam. 
 
Francisco Franco. 
 20 
A derrubada temporária dos Bourbons absolutistas por Napoleão Bonaparte, em 
março de 1808, a Guerra de Independência contra a ocupação francesa, a 
abertura das Cortes de Cádiz, em 1810, e a proclamação da Constituição liberal 
de 1812 assinalam o desaparecimento do Antigo Regime espanhol, que, durante o 
reinado de Carlos III, chegou a ser considerado como um exemplo de Despotismo 
Esclarecido. Durante todo o século XIX e o início do século XX, no entanto, a 
Espanha não conseguiu completar, política e socialmente, a sua revolução 
burguesa de forma a produzir uma institucionalidade liberal-democrática estável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O século XIX espanhol foi um período especialmente conflitivo, com lutas entre 
liberais e absolutistas, entre membros rivais da Casa de Bourbon20 (isabelinos e 
carlistas), e mais tarde entre monarquistas e republicanos, sobre o pano de fundo 
da perda das colônias americanas e filipinas. 
A economia espanhola teve um crescimento rápido desde o final do século XIX até 
ao início do século XX. Em especial, as indústrias mineiras e metalúrgicas 
lucraram e expandiram-se enormemente durante a Primeira Guerra Mundial, 
fornecendo insumos a ambos os lados. 
 
20 A Casa de Bourbon ou Burbom (Borbón em castelhano e Borbone em italiano) é uma importante casa real 
européia. Durante o século XVI, os reis Bourbon governaram Navarra e França. 
 
Carlos III. 
 21 
Entretanto, os resultados desse crescimento não se refletiram em mudanças nas 
condições sociais. A agricultura, sobretudo na Andaluzia, continuou em mãos de 
latifundiários, que deixavam grandes extensões de terra sem cultivar. Somava-se 
a isto a forte presença da Igreja Católica, que se opunha às reformas sociais e se 
alinhava aos interesses da elite agrária. Finalmente, a monarquia espanhola 
apoiava-se no poder militar para manter o seu regime. O fim da monarquia e o 
advento da república, em 1931, em nada mudou esta configuração política básica, 
com a agravante de que Igreja e Exército se mantiveram monárquicos e as 
tentativas de golpe tornaram-se constantes. 
Com o crescimento da economia, cresceu também o movimento operário. Após a 
fundação da primeira sociedade operária em Barcelona (1840), o movimento 
cresceu e se espalhou pelo país. Desde o início, e principalmente na Catalunha, a 
principal região industrial de Espanha, o anarquismo tornou-se a tendência política 
mais difundida entre os operários. A principal confederação sindical, a CNT 
(Confederación Nacional del Trabajo21), sob influência anarcossindicalista, 
recusava-se a participar na política partidária. 
O choque entre classes é freqüente e violento. Desde o fim do século XIX até o 
início do século XX, grupos de extermínio, como o Sindicato Libre, procuram 
suprimir os sindicatos através do assassinato dos seus principais militantes. Do 
outro lado, grupos de militantes sindicalistas, como o famoso Nosotros, também 
assassina religiosos e industriais suspeitos de apoiar o Sindicato Libre. 
Insurreições armadas, tanto de direita como de esquerda, ocorrem com 
regularidade. 
O fim da monarquia, a eleição da Frente Popular e o golpe 
Com a renúncia do ditador Primo de Rivera22 após uma onda de escândalos de 
corrupção, o rei Alfonso XIII procurou restaurar o regime parlamentar e 
constitucional. Foram convocadas eleições municipais em Abril de 1931 e, embora 
 
21 A Confederação Nacional do Trabalho (CNT) (em espanhol Confederación Nacional del Trabajo) é uma 
união confederal de sindicatos autônomos de ideologia anarcossindicalista da Espanha. 
22 Miguel Primo de Rivera y Orbaneja , Marquês de Estella e de Ajdir (Jerez de la Frontera, 8 de Janeiro de 
1870 — Paris, 16 de Março de 1930) foi um militar e ditador espanhol, fundador da organização fascista Unión 
Patriótica, inspiradora da União Nacional portuguesa. Miguel Primo de Rivera y Orbaneja nasceu em Jerez de 
la Frontera, província de Cádis, pertencendo a uma família de militares ilustres, na qual se destacava seu tio, 
Fernando Primo de Rivera (1831-1921), marquês de Estella, herói da terceira guerra carlista, governador das 
Filipinas e várias vezes Ministro da Guerra. Seguindo a tradição familiar, Miguel ingressou no exército aos 14 
anos, tendo desenvolvido a maior parte da sua carreira em serviço nas colónias: Marrocos, Cuba e Filipinas, 
aonde acompanhou o seu tio. Nestes destacamentos, por mérito em combate, teve a oportunidade de 
ascender rapidamente na hierarquia militar pelo que em 1912 já era general. Depois de uma intensa carreira 
política, desautorizado pelos altos comandos militares e pelo rei Afonso XIII, em 1930, Primo de Rivera 
demitiu-se e auto-exilou-se em Paris, onde morreu dois meses mais tarde, amargurado e desiludido com 
aquilo que entendia ser a ingratidão dos seus compatriotas. O seu filho mais velho, José António Primo de 
Rivera, sucedeu-o na actividade política, alegadamente para reabilitar a memória paterna, sendo uma das 
figuras gradas da implantação do franquismo e o mítico fundador da Falange espanhola. 
 
 
 
 22 
os monarquistas tivessem sido vitoriosos, os republicanos conquistaram a maioria 
nas grandes cidades. Prevendo uma guerra civil, o rei Alfonso XIII prefere abdicar 
e é proclamada a Segunda República. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rei Alfonso XIII. 
 23 
 
 
 
Novas eleições são convocadaspara compor uma assembléia constituinte em 
Junho, que institui a separação entre Igreja e Estado. Por este motivo, Alcalá 
Zamora, chefe do governo provisório, abdica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Novas eleições acontecem em Dezembro de 1931, nas quais a esquerda sai 
vitoriosa. Alcalá Zamora é eleito presidente da República e encarrega Manuel 
Azaña de organizar um governo. O governo da República não consegue avançar 
na resolução da questão das autonomias regionais, nem no encaminhamento da 
questões agrária e trabalhista. Na questão religiosa, a governo Azaña cedeu 
moderadamente ao espírito anticlerical que predominava no parlamento, através 
da dissolução da Companhia de Jesus23 na Espanha, ficando preservadas as 
demais ordens religiosas, que no entanto foram proibidas de dedicar-se ao ensino. 
Comprimido entre a direita e a Igreja - que viam a laicização do Estado e da 
educação de maneira muito negativa - e a esquerda e os anarquistas - os quais 
consideravam as mesmas reformas insignificantes - o governo Azaña é incapaz de 
agradar a população. 
Como economia predominantemente agrário exportadora, a Espanha havia sido 
pouco atingida pela Crise de 1929: o desemprego era pequeno e o salário médio 
por dia trabalhado havia aumentado significativamente nos primeiros anos da 
Segunda República. Este aquecimento da economia aguçava as tensões sociais 
 
23 A Companhia de Jesus (em latim: Societas Iesu, S. J.), cujos membros são conhecidos como jesuítas , é 
uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo 
basco Íñigo López de Loyola, conhecido posteriormente como Inácio de Loyola. É hoje conhecida 
principalmente por seu trabalho missionário e educacional. 
 
Niceto Alcalá-Zamora. 
Miguel Primo de Rivera y Orbaneja. 
 24 
já existentes, e com elas a aguda divisão político-ideológica da sociedade, que já 
vinha do século anterior. 
Em maio de 1931, os anarquistas incendiaram a Igreja dos Jesuítas na Calle de la 
Flor, no centro de Madrid. Em agosto de 1932, o general monarquista Sanjurjo 
tenta dar um golpe, mas fracassa. Condenado à morte, é depois indultado, 
continuando a conspirar na prisão. 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1933, a recusa dos anarquistas em dar apoio aos partidos de esquerda e sua 
propaganda pela "greve do voto" permitem a vitória eleitoral da direita, 
representada pela Confederação das Direitas Autônomas (CEDA) de José Maria 
Gil Robles. Segue-se uma insurreição da esquerda, que foi mal sucedida em toda 
a Espanha, menos nas Astúrias, onde os operários dominaram Gijón por 13 dias. 
Este evento ficou conhecido como Comuna das Astúrias. 
Com milhares de militantes feitos prisioneiros, os anarquistas decidem apoiar a 
esquerda nas eleições de 1936. Espera-se que o novo governo lhes conceda 
anistia. A esquerda vence em 16 de Fevereiro, com 4.645.116 votos, contra 
4.503.524 da direita e 500 mil votos do centro, mas as particularidades do sistema 
eleitoral - que favorecia as maiorias - dão à esquerda a maioria das cadeiras no 
parlamento. 
Alcalá Zamora encarrega Azaña de formar um governo. Em maio de 1936, Alcalá 
Zamora é destituído e Azaña assume a Presidência da República, tendo como seu 
primeiro-ministro o socialista Largo Caballero. A direita então lança-se a preparar 
um golpe militar que se concretiza em 18 de Julho. 
O desenrolar das operações: do golpe à vitória franquista 
Se os militares rebeldes esperavam resolver a questão com um pronunciamiento 
rápido e sem muito derramamento de sangue, à maneira do século XIX, foram 
surpreendidos pelo nível de mobilização ideológica da sociedade espanhola da 
 
General Sanjurjo. 
 25 
época: de modo geral, exceto em casos isolados, os militares triunfaram nas 
regiões onde a direita havia sido mais votada em fevereiro de 1936, enquanto a 
esquerda - principalmente pela ação das milícias armadas socialistas, comunistas 
e anarquistas - vence nas regiões onde havia sido mais votada a Frente Popular: 
em Madrid e Barcelona, a insurreição foi esmagada quase que imediatamente. 
Em 21 de julho, os rebeldes controlavam o Marrocos Espanhol, as Canárias 
(exceto a ilha de La Palma), as Baleares (exceto Minorca) e o oeste da Espanha 
continental. As Astúrias, a Cantábria, o País Basco e a Catalunha, assim como a 
região de Madri e Murcia, estavam nas mãos dos republicanos. Mas os rebeldes 
conseguem apoderar-se das cidades mais importantes da Andaluzia: Sevilha - 
tomada pelo General Queipo de Llano24, que se tornaria tristemente célebre pelas 
suas atrocidades - Cádiz, Granada e Córdoba. 
 
 
 
 
 
 
Muralhas de la Macarena, em Sevilha, onde foram assasinados os condenados 
pelo aparato jurídico militar do General Queipo. No pelotão de fuzilamiento, era 
regulamentar a presença de um sacerdote e um médico, que certificava a morte. 
Finalmente o pelotão desfilava na frente dos cadáveres. 
As posições rebeldes no Sul da Espanha estando separadas de suas posições 
mais ao Norte, realiza-se a Campanha da Extremadura, quando o bombardeio de 
aviões alemães e italianos contra a marinha republicana no Estreito de Gibraltar, o 
que permite a passagem de tropas rebeldes do Marrocos para a Espanha. 
 
 
 
 
 
24 Gonzalo Queipo de Llano y Sierra (Tordesillas, 5 de febrero de 1875 - Sevilla, 9 de marzo de 1951), foi 
um militar espanhol, “uno de los cuatro cabecillas” principais do golpe militar contra a II República Espanhola, 
cujo fracaso parcial originou a Guerra Civil española. 
 
O bombardeio de aviões alemães. 
Muralhas de la Macarena. 
 26 
 
Um avanço rápido de Sevilha a Toledo, realizado sob o comando do Tenente-
Coronel Yagüe, que aplicava as técnicas alemãs de Blitzkrieg25, com avanços 
rápidos de tropas de infantaria apoiadas por artilharia e aviação (acompanhada 
pela eliminação sistemática de pessoas suspeitas na retaguarda) , possibilitou aos 
rebeldes nacionalistas tomarem Badajoz, em agosto de 1936, o que lhes permite 
organizar um frente coerente contra o campo republicano - estratégia esta, mais 
rotineira, adotada por Franco, que preferiu apoiar-se primeiro sobre a fronteira do 
Portugal de Salazar a tentar um avanço direto até Madrid, a partir do Sul.[2] 
A morosidade dos rebeldes e a ação das milícias populares na defesa republicana 
fizeram com que o conflito assumisse, assim, um caráter ideológico e 
potencialmente revolucionário. 
Uma vez tendo feito junção as forças rebeldes em Badajoz, inicia-se o avanço 
sobre Madrid, buscando-se encerrar a campanha o mais rápido possível. Em 28 
de setembro, as forças rebeldes rompem o cerco republicano ao Alcazar de 
Toledo, defendido por José Moscardó desde 22 de julho - uma conquista sem 
muito significado estratégico mas que foi logo revestida de características 
lendárias (o filho de Moscardó teria sido fuzilado após haver pedido ao pai, ao 
telefone, que se rendesse26) e serviu de mito fundador do regime franquista. 
Em 8 de novembro começa a Batalha de Madrid, mas o lento movimento das 
forças rebeldes, que haviam levado três meses deslocando-se a partir de Sevilha, 
permite ao governo republicano estabilizar o frente em 23 do mesmo mês. No 
Norte, os rebeldes tomam Irún em 5 de setembro e San Sebastián no dia 13, 
isolando o Norte republicano. 
Em inícios de 1937, os rebeldes tentam novamente tomar Madri: uma ofensiva a 
partir de Jarama, de 6 a 24 de fevereiro, é apoiada pelo avanço de tropas de 
voluntários italianos fascistas na direção de Guadalajara, de 8 a 18 de março. A 
 
25 O Blitzkrieg (termo alemão para guerra-relâmpago) foi uma doutrina militar a nível operacional que 
consistia em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças 
inimigas tivessem tempo de organizar a defesa. Seus três elementos essenciais eram a o efeito surpresa , a 
rapidez da manobra e abrutalidade do ataque, e seus objetivos principais a desmoralização do inimigo e a 
desorganização de suas forças (paralisando seus centros de controle). O arquitecto desta estratégia militar foi 
o general Erich von Manstein 
 
26 O coronel José Moscardó, comandante da Academia Militar sediada no alcácer de Toledo, aderira à 
rebelião militar. Mas a cidade estava nas mãos de milícias socialistas, fiéis ao governo de Madrid. O 
alcácer foi cercado e o coronel chamado ao telefone. Do outro lado da linha, o chefe das milícias 
intimou-o a render-se dentro de dez minutos porque, se o não fizesse, lhe fuzilaria o filho. O filho do 
coronel, Luís, de 24 anos, foi então posto ao telefone. Falou ao pai e confirmou que o matariam se este 
não rendesse o alcácer. Moscardó respondeu-lhe que encomendasse a alma a Deus e morresse como 
um patriota com um viva a Cristo-rei e a Espanha. 
 27 
resistência das Brigadas Internacionais republicanas27 frusta os planos das forças 
italianas e, mais uma vez, converte o que se pretendia como golpe de estado 
numa guerra civil de longa duração, em que o acirramento das paixões políticas 
internas era potencializado pela presença de contingentes militares estrangeiros, 
ideologicamente opostos, numa verdadeira guerra civil européia, em que 
voluntários italianos fascistas e alemães nazistas, por exemplo, enfrentavam 
voluntários esquerdistas das mesmas nacionalidades. 
A substituição do governo republicano de Largo Caballero pelo de Juan Negrín - 
que buscou apoiar-se, internamente, no Partido Comunista, e, externamente, na 
aliança com a União Soviética - deu conta do acirramento ideológico do conflito, 
mesmo no interior do campo republicano, levando aos incidentes de maio em 
Barcelona, de enfrentamento armado entre forças do governo e comunistas contra 
diversas milícias de Extrema Esquerda - anarquistas, trotskistas e semi-trotskistas 
-seguidos por uma cruel repressão policial à mesma Extrema Esquerda, sob o 
comando dos comunistas. Neste interím, o governo Negrín tenta substituir as 
milícias, tanto quanto possível, por um exército republicano regular, e lança, em 
agosto, na frente de Aragão, uma ofensiva em Belchite, tentando aliviar a pressão 
sobre a frente Norte. 
A ofensiva fracassa; o lado republicano tinha menos armas modernas (blindados e 
aviões) do que o nacionalista, e, ao invés de combinar ações defensivas com a 
infiltração de guerrilheiros na retaguarda franquista (para o que teria que contar 
com as milícias anarquistas) preferia tentar vitórias convencionais com ganho 
propagandístico para os comunistas que comandavam as unidades de elite do 
exército regular. Estas ofensivas, que não tinham um alvo estratégico claro, 
soldaram-se sempre com enormes perdas de homens e equipamento, solapando 
ainda a moral das Brigadas Internacionais. 
Acrescente-se a isso que as dissensões internas e insanáveis no campo 
republicano, sobre se convinha primeiro ganhar a guerra militarmente, ou se a 
guerra deveria ser combinada com uma revolução socialista, fizeram com que este 
governo jamais conseguisse a autoridade indisputada que precisaria para vencer 
militarmente, ao mesmo tempo que não possuía uma ideologia coerente que 
garantisse sua sustentação política: no verão de 1937, soma-se à ofensiva 
fracassada em Belchite o avanço dos rebeldes no Norte, onde é rompido o assim 
chamado "Cinturão de Ferro" republicano: Bilbao, Santander e finalmente Gijón, 
em 20 de outubro, são ocupadas pelos franquistas e a Frente Norte desaparece, 
 
27 Brigadas Internacionais , conjunto de unidades militares compostas por voluntários estrangeiros que 
durante a Guerra Civil Espanhola lutaram do lado da República. Combateram em Espanha mais de 40 mil 
Brigadistas , o maior contigente veio da França e da Alemanha, mas vieram voluntários de todas as partes do 
mundo, entre os quais portugueses e brasileiros. As Brigadas perderam cerca de 10.000 voluntários em 
combate. Em 26 de Janeiro de 1996 as Cortes concederam a todos os brigadistas ainda vivos a cidadania 
espanhola, cumprindo uma promessa feita pela República mais de 60 anos antes. 
 
 28 
com os prisioneiros republicanos sendo internados no campo de Miranda de Ebro. 
A República perde, assim, o apoio do nacionalismo basco, assim como uma das 
suas bases industriais mais importantes. No Sul, depois da tomada de Málaga 
pelos franquistas em 8 de fevereiro, a frente havia estabilizado-se na província de 
Almería. 
Situação do frente em outubro de 1937 
Em fins de 1937, os republicanos tomam a iniciativa e fazem uma ofensiva na 
direção de Teruel, que é tomada em 8 de janeiro de 1938, apenas para ser 
recuperada pelos franquistas em 20 de fevereiro. A contra-ofensiva franquista 
toma Vinaroz em 15 de abril, atingindo o Mar Mediterrâneo, e a zona republicana 
remanescente é dividida em duas partes, isolando a Catalunha. 
Os republicanos contra-atacam em 24 de julho na Batalha do Ebro, e acabaram 
por retirar-se em 16 de novembro após uma longa batalha de atrito, que permite 
aos franquistas o caminho para a tomada da Catalunha. Em 23 de setembro o 
governo republicano ordena a retirada total das Brigadas Internacionais, numa 
tentativa (fracassada) de modificar a posição de não intervenção mantida pelos 
governo francês e inglês pela retirada de uma força militar sob forte influência 
comunista. Em 23 de dezembro inicia-se a batalha por Barcelona, que cai nas 
mãos dos franquistas em 26 de janeiro de 1939. As tropas rebeldes ocupam a 
fronteira com a França e cortam a retirada dos republicanos. 
 
Em março de 1939, começa uma pequena guerra civil dentro do campo 
republicano, quando o Coronel Casado, comandante do Exército do Centro, dá um 
golpe de estado em Madri, apoiado pelos oficiais de carreira (que acreditavam que 
"entre militares nos entenderemos melhor"), golpe este que tinha como objetivo a 
ruptura com os comunistas para facilitar negociações com os franquistas, 
enquanto o governo Negrín, partidário da continuação da resistência - e 
esperando que o estalar iminente da Segunda Guerra Mundial trouxesse novos 
apoios aos republicanos - refugia-se na chamada Posição Yuste. 
Os franquistas, no entanto, exigem dos casadistas a rendição incondicional, e 
Madri cai em 26 de março. Com a queda de Valencia e Alicante em 30 de março, 
e de Murcia em 31, a guerra termina em 1o. de abril. 
A questão religiosa na Guerra Civil 
O liberalismo, na Espanha, tinha, desde os inícios do século XIX, sido 
violentamente anticlerical; entre os anarquistas, muito influentes na Esquerda, o 
anticlericalismo havia sido sempre particularmente agressivo, ao contrário dos 
socialistas marxistas. Na medida em que a Guerra Civil foi a conclusão dos 
enfrentamentos político-ideológicos do século XIX espanhol, a identificação da 
Igreja com a Direita determinou o anticlericalismo da Esquerda na sua 
generalidade: Já em 14 de outubro de 1931, no jornal El Sol, o então primeiro-
 29 
ministro Azaña equiparara a proclamação da República com o fim da Espanha 
católica, e durante a Guerra Civil, como Presidente da República, teria dito num de 
seus discursos, que preferia ver todas as igrejas de Espanha incendiadas a ver 
uma só cabeça republicana ferida, e o radical catalão Alejandro Leroux teria 
conclamado a juventude a destruir igrejas, rasgar os véus das noviças e "elevá-las 
à condição de mães". 
A perseguição anticatólica durante a Guerra Civil apenas continuou um padrão já 
existente: nos só quatro meses que precederam a guerra civil já 160 igrejas teriam 
sido incendiadas. Durante a Guerra, pela repressão republicana, segundo o 
historiador Hugh Thomas, foram mortos 6861 religiosos católicos (12 bispos, 4.184 
padres, 300 freiras, 2.363 monges); uma obra mais recente, de Anthony Beevor, 
dá números muito semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283 freiras, 
2.365 monges). 
 
 
 
 
 
 
De acordo com o artigo espanhol, foram destruídas por volta de 20.000igrejas, 
com perdas culturais incalculáveis pela destruição concomitante de retábulos, 
imagens e arquivos. Diante disto, é pouco surpreendente verificar que a Igreja 
Católica, tenha chegado, na sua generalidade a propagandear a revolta contra o 
governo e chegado a compará-la, numa declaração coletiva de todo o episcopado 
(1 de julho de 1937) com uma cruzada moderna; note-se, no entanto, que os 
mesmos bispos espanhóis, numa carta de 11 de julho do mesmo ano de 1937, 
mostraram-se ciosos em desmentir à opinião católica liberal, que via na 
intransigência conservadora do clero espanhol a razão das perseguições por ele 
sofridas, argumentando que a Constituição republicana de 1931 e todas as leis 
subseqüentes haviam dirigido a história da Espanha num rumo contrário à sua 
identidade nacional, fundada no Catolicismo[1]- ou, nas palavras do Cardeal 
Segura y Sáenz: "na Espanha ou se é católico ou não se é nada". 
 
 
 
 
Sacerdotes espanhóis armados. 
 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muito embora houvessem sido realizados esforços de propaganda pelos 
republicanos no exterior em favor da liberdade religiosa (o Ministro da Justiça do 
governo Negrín, Manuel Irujo, autorizou o culto católico, que, no entanto, na 
prática realizou-se de forma semi-clandestina) de forma a não alienar a opinião 
pública católica internacional e os próprios grupos católicos no campo republicano 
(muito notadamente o principal partido basco, o PNV) o campo republicano era em 
 
Cardeal Segura y Sáenz. 
 
Cardeal Segura y Sáenz, preso. 
O Cardeal está saindo do palácio, preso. Sério, sem 
falar com ninguém nem comentar nada. Está preso, e o 
prisioneiro não deve se comunicar com o carcereiro. 
 31 
geral anticlerical e apoiava a repressão à Igreja. Por outro lado, o escritor e filósofo 
católico francês Jacques Maritain protestou violentamente contra as repressões 
franquistas contra o clero basco, e teria dito que "a Guerra Santa, mais do que ao 
infiel, odeia ardentemente os crentes que não a servem". 
Dois contingentes militares 
De um lado lutavam a Frente Popular, composta pela esquerda (e extrema 
esquerda como o comunismo, anarquismo mas também o governo eleito liberal-
democrático) e os nacionalistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha, que 
defendiam a legitimidade do regime instalado recentemente no Estado, (a 
República proclamada em 1931 e os respectivos estatutos de autonomia). 
Do outro lado os nacionalistas (compostos por monárquicos, falangistas, e 
militares de extrema direita, etc. O seu referente político (sobretudo para a 
Falange) era o general José Sanjurjo, chave da intentona militar de 1932, mas que 
morreu num acidente aéreo ao se transladar de Portugal para a zona ocupada 
pelos nacionalistas. Só durante o decorrer da guerra, os nacionalistas, chefiados 
pelo militar Francisco Franco irão aceitar progressivamente a sua indiscutível 
liderança. 
Franquismo 
A sublevação fascista tentava impedir a qualquer preço que as instituições 
republicanas assentassem de maneira estável e permanente o regime 
democrático, impedindo o trabalho de um governo real de esquerda que estava 
para realizar profundas reformas económicas, jurídicas e políticas no conjunto do 
Estado. Sob o suposto afã de lutar contra o perigo do aumento do comunismo e 
do anarquismo em certos lugares do Estado, ocultava-se realmente o 
levantamento contra o regime institucional e democrático estabelecido, na 
tentativa de impedir a continuação e assentamento da democracia e daquilo que 
os fascistas consideravam intoleráveis experiências de colectivismo. 
Mas outra das claras intencionalidades do chamado "Movimiento Nacional", além 
de lutar contra o "perigo vermelho", foi lutar contra o que consideravam o "perigo 
separatista" tentando impedir a todo preço a instituição dos governos autónomos 
nas nações chamadas históricas. 
Aliados à Igreja Católica, Exército e latifundiários, buscavam implementar um 
regime de tipo fascista na Espanha,o que consideravam mais condizente com a 
"originalidade espanhola (suas tradições políticas de raiz católica e autoritária).No 
entanto, o franquismo não foi fascista, se por tal entender-se um regime fundado 
numa base política de massa, na mobilização mais ou menos permanente dos 
seus partidários e no papel importante atribuído a certos grupos sociais 
emergentes: mesmo antes da queda dos regimes efetivamente fascistas, o regime 
acabou muito cedo por configurar-se como uma ditadura pessoal apoiada nos 
grupos dominantes tradicionais, muito semelhante nisto ao Portugal salazarista. 
 32 
Os apoios internacionais 
 
As tropas do chamado "Movimiento Nacional" foram reforçadas, desde o início da 
guerra pela pela ajuda militar directa da Alemanha de Hitler, expressa no 
bombardeamento a Guernica e Madrid, e da Itália de Mussolini, que enviou um 
Corpo de Tropas Voluntárias ao fronte nacionalista, assim como engajou aviões e 
submarinos no esforço de guerra franquista. O Portugal de Salazar enviou tropas 
voluntárias (a Legião Viriato) e permitiu o abastecimento das tropas rebeldes 
através de seu território; a Irlanda católica enviou uma brigada comandada pelo 
General Eoin O'Duffy, um veterano histórico do IRA que na Irlanda presidia os 
Camisas Azuis, algo entre uma associação de ex-militares e um partido fascista. 
 
 
 
 
 
 
 
O Vaticano apoiou igualmente Franco, pois a Igreja condenava o comunismo - e 
também porque a política anticlerical do governo da República não lhe oferecia 
outra alternativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
General Eoin O'Duffy . 
 
Franco e a Igreja católica. 
 33 
O papa Pio XI, no entanto, que não tinha simpatias pelo fascismo, e que em 1937 
publicaria a encíclica em alemão Mit brennender Sorge ("Com profunda 
preocupação"), condenando a ideologia nazista, não chegou jamais a oferecer um 
apoio incondicional ao campo franquista. 
 
 
 
 
 
 
 
No País Basco- que ficou isolado do restante da zona republicana desde o início 
da guerra - grande parte do clero católico colocou-se ao lado do nacionalismo 
basco e pela República, escapando assim à sorte dos seus análogos no restante 
do território republicano, onde as igrejas foram saqueadas e os padres 
perseguidos como agentes do fascismo. Pelo menos uma figura do alto clero 
espanhol, o cardeal-arcebispo de Tarragona Vidal y Barraquer - que havia sido 
exilado na Itália pela Generalitat republicana catalã - tentou realizar esforços por 
uma paz negociada, o que lhe valeu o desprazer constante do governo franquista, 
que impediu o seu retorno a Espanha até à sua morte em 1943, na Suíça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Papa Pio XI . 
 
Francisco de Asís Vidal y 
Barraquer, cardeal-arcebispo de 
Tarragona Vidal y Barraquer. 
 34 
De certo modo, a divisão no interior do catolicismo mundial encontra-se bem 
descrita num artigo, muito posterior, do escritor e católico integrista brasileiro 
Gustavo Corção que relata como um grupo de padres bascos, buscando 
entrevistar-se com Pio XI para conseguirem um protesto seu contra as 
perseguições franquistas ao clero basco, teria sido impedido de conferenciar com 
o pontífice pelo seu Secretário de Estado, o cardeal Pacelli [2]- que, mais tarde, 
como papa Pio XII, seria objeto de fortes controvérsias quanto a sua postura em 
relação ao fascismo. O mesmo Pio XII, tendo sido elevado ao papado durante o 
término da Guerra Civil, saudou o fim da guerra com a vitória nacionalista no 
documento Com imenso gozo e em discurso radiofônico de 18 de abril de 1939. 
Em 11 de maio de 2001, o papa João Paulo II procederia à beatificação de 233 
vítimas religiosas da repressão republicana. Uma nova beatificação de outras 498 
vítimas seria proclamada por Bento XVI em 28 de outubro de 2007.Esta última 
beatificação, que não foi celebrada pelo próprio papa, não sendo incluída, entre 
suas celebrações litúrgicas, foi no entanto, a maior beatificação da história da 
Igreja Católica. O papa declarou, na ocasião,a importância do martírio como 
testemunho de fé numa sociedade secularizada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Continuam sem solução os protestos dos parentes das vítimas das repressões 
nacionalistas ao clero basco contra o que consideram falta de reconhecimento da 
hierarquia católica [5] 
 
Padres Salesianos assassinados pelo 
regime de Francisco Franco. 
 35 
As tropas republicanas receberam ajuda internacional, proveniente da URSS 
(alguns assistentes militares e material bélico) e das Brigadas Internacionais 
composta de militantes de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo e de 
numerosas pessoas que a título individual entravam na Espanha a defender o 
governo da República. Vários intelectuais europeus e americanos participaram 
deste esforço, nomeadamente o romancista americano Ernest Hemingway, o 
escritor inglês George Orwell, o poeta também inglês W. H. Auden, os escritores 
franceses André Malraux e Saint-Exupéry e a matemática, católica e activista 
política, também francesa, Simone Weil. Dos brasileiros que lutaram nas Brigadas 
- principalmente militares comunistas de prévia militância na Aliança Nacional 
Libertadora - celebrizar-se-ia, sobretudo, Apolônio de Carvalho28, cuja atuação nas 
Brigadas seria seguida, após seu internamento na França, pela sua participação 
heróica na Resistência Francesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os governos da Inglaterra e da França, optaram por ficar de fora, impondo um 
embargo geral à exportação de armas à Espanha. Oficialmente, este embargo foi 
furado pela Alemanha e pela Itália, e não levou a qualquer consequência, na 
ausência de sanções impostas pela Liga das Nações. 
Para os anarquistas e outros críticos de Extrema Esquerda, boa parte da culpa da 
derrota do campo republicano espanhol pode ser creditada à política de Josef 
Stalin, que, desejoso da vitória da República, mas temendo que esta vitória 
 
28 Apolônio de Carvalho foi uma figura ímpar no cenário da vida política brasileira. Poucos como ele 
viveram com tanta intensidade a «paixão libertária» que o impeliu, desde os seus anos de cadete da 
Escola Militar de Realengo, a engajar-se na luta pelos ideais socialistas e contra os regimes de 
opressão, com uma coerência que se manifestou em todos os episódios vividos: da militância no 
Partido Comunista Brasileiro (PCB) e na ANL (Aliança Nacional Libertadora) à participação na Guerra 
Civil Espanhola e na Resistência Francesa contra o fascismo; da luta clandestina contra a ditadura 
militar no Brasil, como membro do PCBR, à militância no PT, desde o momento da fundação do 
partido até sua morte. 
 
Apolônio de Carvalho , Corumbaense, 
herói na Guerra Civil Espanhola. 
 36 
levasse a uma revolução socialista na Espanha que criasse complicações 
diplomáticas à União Soviética -pois um "Outubro Espanhol" criaria uma divisão 
ideológica na Europa Ocidental que atuaria contra a política de uma Frente 
Popular antifascista que era o grande objetivo de Stalin à época - foi capaz apenas 
de realizar uma ajuda militar tímida, pelo envio de alguns militares, aviões e armas 
(por estas exportações de armas, Stálin fêz-se pagar com a reserva de ouro do 
Banco Central Espanhol). Segundo este ponto de vista, instalou na Espanha uma 
série de agentes da sua polícia secreta, o GPU, que desencadeou uma política de 
repressões indiscriminadas contra militantes de Extrema Esquerda, anarquistas e 
trotskistas, visando conter a Guerra Civil dentro de um marco democrático-liberal. 
O ponto alto destas repressões foi a prisão e morte sob tortura de Andreu Nin, 
dirigente catalão do semi-trotskista POUM - Partido Operário de Unificação 
Marxista. Para cúmulo, Stálin ainda encarcerou e matou como traidores os 
executantes desta política (tais como o velho bolchevique Antonov-Ovssenko, que 
havia comandado em 1917 a tomada do Palácio de Inverno do tsar em São 
Petersburgo) quando do seu retorno à URSS, de modo a impedir o 
questionamento de sua política espanhola. E Isaac Deutscher sumariza: ao tentar 
preservar a respeitabilidade burguesa da Espanha republicana, sem querer 
antagonizar as democracias liberais européias, Stalin não preservou nada e 
antagonizou a todos: a causa da revolução socialista foi perdida, sem que a Direita 
européia, por um momento sequer, deixasse de ver em Stalin o agitador 
revolucionário. 
Teve fim a guerra com a consequência da morte de mais de 400 mil espanhóis e 
uma queda enorme na economia, como a morte de mais da metade do gado,a 
queima de vários campos e milhões de moradias destruidas. Um abalo financeiro 
e queda do PIB que demorou quase 30 anos para se normalizar. Outras fontes 
ressaltam a dificuldade em quantificar o número de mortos por causa da guerra 
originada pelo chamado "Movimiento Nacional", mas colocam o dado para todo o 
período do franquismo de mais de 2 milhões de pessoas mortas sob o regime 
fascista. 
Nas áreas controladas pelos anarquistas, Aragão e Catalunha, somando-se às 
suas vitórias militares temporárias, existiu uma grande mudança social na qual os 
trabalhadores e camponeses se apoderaram da terra e da indústria, 
estabeleceram conselhos operários paralelos ao governo, que estava paralisado, 
e autogestionaram a economia. Esta revolução ocorreu à revelia dos republicanos 
e comunistas apoiados pela União Soviética. A coletivização agrária obteve um 
êxito considerável, apesar da carência de recursos, já que as terras com melhores 
condições para o cultivo estavam em poder dos "Nacionais". Esse êxito 
sobreviveu na mente dos revolucionários libertários como uma prova de que uma 
sociedade anarquista pode florescer sob certas condições como as que haviam 
durante a Guerra Civil Espanhola. 
Mais tarde durante o conflito, o governo e os comunistas receberam armas 
soviéticas, com as quais restauraram o controle do governo e se esforçaram por 
ganhar a guerra através da diplomacia e do poder bélico. Os anarquistas e os 
 37 
membros do POUM foram integrados ao exército regular, ainda que a contragosto, 
e o POUM foi declarado ilegal, após ser falsamente denunciado como instrumento 
dos fascistas. Num dos episódios mais dramáticos da Guerra, centenas de 
milhares de soldados comunistas e militantes anarquistas, ambos antifascistas, 
enfrentaram-se uns aos outros pelo controle dos pontos estratégicos de 
Barcelona, nas chamadas "Jornadas de Maio de 1937". Por trás desse conflito 
estava a divergência básica entre PCE de um lado e POUM e CNT de outro: estes 
acreditavam que a guerra devia servir para conduzir à vitória na revolução que 
tinham iniciado; já o PCE acreditava que a revolução lhes minava os esforços 
diplomáticos para ganhar o apoio das potências ocidentais contra o fascismo, 
assim como seu esforço de controle sobre a economia e a sociedade de maneira 
geral. 
Na Galiza, zona que ficara na "retaguarda fascista" (militarmente ocupadas logo 
no início), a luta republicana encontrou a forma de guerrilhas organizadas que 
levaram a luta até depois de 1940. 
A resposta através do método das guerrilhas manteve-se na Galiza até 1956 com 
muita força, iniciando-se um período de decadência a partir desta data, devida em 
parte ao abandono dessa estratégia por parte do PCE, até ocorrerem os últimos 
assaltos e combates em 1967, com a morte do último guerrilheiro e o exílio 
doutros. 
Segundo dados fornecidos por diferentes historiadores foram presas ou mortas 
cerca de 10.000 pessoas relacionadas com a guerrilha galega durante esses 
anos. 
O Franquismo instaurou na Galiza/Galicia o método dos "passeios" (ir procurar 
pessoas a sua casa para "passeá-los", isto é fuzilá-los à noite e deixá-los nas 
valetas). Através deste método do "passeio", dos conselhos de guerra realizados 
contra civis, dos fuzilamentos maciços dos prisioneiros e dos confrontos armados 
com a guerrilha morreram 197.000 pessoas galegas (fonte "La Guerra Civil en 
Galicia" edic. La Voz) durante o regime franquista, das quais a grande maioria 
continua

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