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Neste ano, o país já enfrentara uma conturbada situação político-social, quando a oposição ao governo da República já vinha se movimentando desde as eleições de março --- vencida pelo candidato oficial, Júlio Prestes de Albuquerque --- conspirando, para promover o levante armado contra o governo. 1 A.:R.:L.:S.: Sentinela da Fronteira No 53, Corumbá, MS, Brasil 2 A.:R.:L.:S.:Estrela do Oriente No 1, Corumbá, MS, Brasil Júlio Prestes de Albuquerque. http://www.galeriadosgovernadores.sp.gov.br/03 galeria/gov07.jpg 4 O estopim da revolta fora o assassinato de João Pessoa3, governador da Paraíba, o qual fora candidato a vice-presidente na chapa de oposição, encabeçada por Getúlio Vargas. Pessoa foi morto a tiros, por João Duarte Dantas, por simples questões familiares da Paraíba --- muito comuns, na região Nordeste, na época --- e sem qualquer motivo político, mas o fato foi, matreiramente , aproveitado pela oposição. A revolta ocorreria a 3 de outubro, partindo dos três Estados ligados pela Aliança Liberal : do Rio Grande do Sul, partiam as tropas do Exército e da Polícia, comandadas pelo tenente-coronel Góis Monteiro ; partindo da Paraíba, o capitão Juarez Távora conseguia dominar todos os Estados do Norte e do Nordeste; e, em Minas Gerais, eram dominados os focos fiéis ao governo federal e as tropas ameaçavam os governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. 3 João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Umbuzeiro, 24 de janeiro de 1878 — Recife, 26 de julho de 1930) foi um político brasileiro. Sobrinho do ex-Presidente da República Epitácio Pessoa. Quando ainda presidente do estado da Paraíba e já candidato a vice-presidente, foi assassinado, em Recife, por João Duarte Dantas, seu adversário político, jornalista, cuja residência fora invadida por elementos da polícia, supostamente a mando de João Pessoa, que culminou com a publicação nos jornais da capital do estado, de cartas íntimas trocadas com a professora Anayde Beiriz. Getúlio Vargas e João Pessoa, pouco antes da Revolução de 1930.http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pessoa_Cavalca nti_de_Albuquerque 5 A Revolução Constitucionalista Conforme o site da Loja América (2008) em 1932, já voltara a ser tensa a situação político-social do país, pela demora do Governo Provisório, do caudilho Getúlio Vargas, em providenciar uma nova Constituição ao Brasil. À euforia dos primeiros momentos após o golpe, sucedia o desencanto, seguido da inquietação, que acabaria envolvendo os meios maçônicos. E essa inquietação, com a conseqüente agitação dos meios sociais, era mais forte em São Paulo, levando à extrema irritação os que, anteriormente, eram os mais fervorosos adeptos do levante, ou seja, os membros do Partido Democrático, os quais se sentiam esbulhados do poder, por interventores militares e estranhos ao Estado de São Paulo. Já a partir do início de 1931, da pena do advogado, jornalista e tribuno Ibrahim Nobre, maçom originário da Loja Fraternidade de Santos, saiam críticas mordazes contra o golpe e a situação social, publicadas no jornal paulista "A Gazeta". No início de 1932, então, o pensamento da população de São Paulo seria cristalizado na expressão "Civil e Paulista", repetida pelos meios de comunicação, externando o desejo de ter um interventor federal que não fosse militar e que fosse de São Paulo. A 3 de março, ouvindo o clamor dos paulistas, o ditador nomeava, para o cargo, o embaixador Pedro de Toledo4, ex Grão Mestre 4 Pedro Manuel de Toledo (São Paulo, 29 de junho de 1860 — Rio de Janeiro, 29 de julho de 1935) foi um advogado, diplomata e político brasileiro. Foi o quarto interventor federal a ocupar o governo do estado de São Paulo. Juarez do Nascimento Fe rnandes Távora (Jaguaribemirim, actual Jaguaribe, 14 de janeiro de 1898 – Rio de Janeiro, 18 de julio de 1975). http://es.wikipedia.org/wiki/Juarez_T%C3%A1vor a 6 do Grande Oriente Estadual (1908-1914), o qual assumiria no dia 7. Essa indicação, todavia, não serviu para aliviar o mal estar e a tensão reinantes em diversos pontos do país, começando, dessa maneira, a fermentar a revolta. As reuniões preparatórias do movimento foram levadas a efeito na sede do jornal "O Estado de S. Paulo", fundado, em 1875, com idéias republicanas, pelos maçons Américo de Campos5 (Loja América), Francisco Rangel Pestana6 (Loja América), Manoel Ferraz de Campos Salles7 (Loja Sete de Setembro) e José Maria Lisboa (Loja Amizade). Nessa época, o jornal já era dirigido por Júlio de Mesquita Filho (Loja União Paulista II), que era um dos principais líderes do movimento. O estopim da revolta já havia sido aceso a 23 de maio de 1932, quando, durante uma manifestação , na praça da República, alguns jovens --- Mário Martins de Almeida, Amadeu MartinS, Euclides Miragaia, dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo de Camargo, cujos nomes deram origem ao M.M.D.C.8 --- foram 5 Américo Brasílio de Campos (Bragança Paulista, 12 de agosto de1835 — Nápoles, 28 de janeiro de 1900) foi um advogado e político brasileiro.Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi promotor público e fez da imprensa uma tribuna para defender seus ideais abolicionistas e republicanos. De 1865 a 1874 foi diretor e redator do Correio Paulistano, de onde saiu para fundar em 1875, com Francisco Rangel Pestana, o jornal A Província de S. Paulo, que, com o advento da República, passou a chamar-se O Estado de S. Paulo. Em 1884, com José Maria Lisboa, fundou o Diário Popular. Proclamada a República, foi nomeado cônsul do Brasil em Nápoles, onde faleceu. Foi um importante defensor dos ideiais republicanos e membro da Convenção de Itu. Obtido em http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rico_Bras%C3%ADlio_de_Campos" 6 Francisco Rangel Pestana (Nova Iguaçu, 26 de novembro de 1839 — São Paulo, 17 de março de 1903) foi um jornalista e político brasileiro. Signatário do Manifesto Republicano (1870), foi deputado da província de São Paulo em diversas legislaturas e, proclamada a República, assumiu a direção da província no triunvirato em que também faziam parte Prudente de Morais e o coronel Joaquim de Sousa Mursa. Em 1890, foi eleito senador, cargo que exerceu até 1896. 7 Manuel Ferraz de Campos Sales (Campinas, 15 de Fevereiro de 1841 — Santos, 28 de junho de 1913) foi um advogado e político brasileiro, terceiro governador do estado de São Paulo, de 1897 a 1898, presidente da República entre 1898 e 1902. 8 O MMDC foi organizado como sociedade secreta, na Capital de S. Paulo, a 24 de maio de 1932, tendo sido projetado durante um jantar no Restaurante Posilipo, por Aureliano Leite, Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, Paulo Nogueira e Prudente de Moraes Neto, aos quais se juntaram, em reunião posterior, no Clube Comercial, Cesário Coimbra, Antônio Carlos Pacheco e Silva, Francisco Mesquita, Edgard Batista Pereira, Francisco A. Santos Filho, BernardoAntônio de Moraes, Alberto Americano, Roberto Victor Cordeiro, Carlos de Souza Nazaré, capitão Antônio Pietcher, Bueno Ferraz, José A. Telles de Mattos, Gastão Grossé Saraiva, Herman de Moraes Barros, Flávio B. Costa, Moacyr Barbosa Ferraz, Bráulio Santos, Waldemar Silva, Jorge Rezende, e Thiago Mazagão Filho. Inicialmente, a sociedade foi chamada "Guarda Paulista", mas, depois, foi fixada em MMDC, em homenagem aos jovens mortos a 23 de maio. Na fase de conspiração, que levaria ao movimento de 9 de julho, organizou pelotões de voluntários, distribuídos por toda a Capital. Durante o desenrolar da luta, a 10 de agosto, pelo Decreto no. 5627-A, o governo do Estado oficializou o MMDC, cuja direção foi entregue a um decenvirato, presidido por Waldemar Martins Ferreira, secretário da Justiça, e tendo, como superintendente, Luís Piza Sobrinho. Inicialmente instalado na Faculdade de Direito, foi, depois, para o antigo Fórum, na rua do Tesouro, e para o prédio da Escola de Comércio Álvares Penteado. Durante o movimento constitucionalista, cuidou da intendência geral, das finanças, da direção geral do abastecimento, 7 mortos pela polícia política da ditadura, entrincheirada nos altos de um prédio da rua Barão de Itapetininga. No mesmo dia, era reorganizado o secretariado do governo paulista. Estranhamente, em sessão de 25 de maio, da Loja Piratininga, para a eleição da administração, no período 1931-1932, nada se comentou sobre esse fato marcante, preferindo, os obreiros, deter-se sobre uma crise no Grande Oriente do Brasil, onde rebeldes contestavam a autoridade do Grão-Mestre, Octavio Kelly9, ao qual a Piratininga apoiava, totalmente, na Assembléia Geral. Júlio de Mesquita Filho, depois de ter conseguido organizar uma frente única dos partidos de S. Paulo, entrou em entendimento com líderes da Frente Única Sul- riograndense, nas pessoas de João Neves da Fontoura e Glicério Alves. Pelo Rio Grande do Sul, com concordância do interventor, Flores da Cunha, foi firmado um pacto entre paulistas e riograndenses, o qual os obrigava a recorrer às armas, caso o interventor de um dos dois Estados fosse destituído, ou se houvesse a substituição do gal. Andrade Neves do comando da região militar do Rio Grande do Sul, ou do gal. Bertholdo Klinger10, da guarnição de Mato Grosso. O governo ditatorial reagia ao movimento, tentando asfixiar o Estado de S. Paulo e, enquanto o governo paulista prevenia-se, para não sofrer um golpe de surpresa, na Capital Federal, vários fatos políticos e militares levavam à exoneração do ministro da Guerra, a 28 de junho, com a nomeação do general Espírito Santo Cardoso, há muito tempo reformado e afastado da tropa. Isso suscitou a revolta de Klinger, externada num agressivo ofício, datado de 1o. de junho, dando conhecimento do que resolvera, a Pedro de Toledo. Exonerado, por isso, estava criado o motivo suficiente, que fora exigido por Flores da Cunha, para que o Rio Grande entrasse na luta. Ele, todavia, além de não cumprir o acordo, ainda enviaria tropas contra São Paulo. Em reunião realizada no dia 7 de julho, com a presença de Francisco Morato, Ataliba Leonel, Sílvio de Campos, coronel Júlio Marcondes Salgado e general Isidoro Dias Lopes11, ficou decidido que o levante aconteceria no dia 20, dos departamentos de engenharia, de saúde, de propaganda e militar, do correio militar e dos serviços auxiliares. (do Arquivo do Estado). 9 Otávio Kelly (Niterói, 20 de abril de 1878 — Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1948) foi um magistrado e escritor brasileiro, ministro do Supremo Tribunal Federal de 1934 a 1942. 10 Bertoldo Klinger (Rio Grande, 1884 — Rio de Janeiro, 1969) foi um militar brasileiro. Em 1901 ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Participou da Revolta da Vacina em 1904 e, em função disso, foi preso, retornando ao exército somente no ano seguinte. Em 1924 foi novamente preso, acusado de colaborar com a revolta tenentista em São Paulo. Em 1932 uniu-se aos grupos dirigentes paulistas que preparavam uma revolução contra a ditadura imposta por Getúlio Vargas, chamada Revolução de 1932, tendo sido escolhido para chefiar militarmente o movimento, que perdurou entre julho e setembro daquele ano. Preso após a rendição do exército paulista, foi em seguida enviado para exílio em Portugal. Em 1934 recebeu anistia e retornou ao Brasil. Foi readmitido pelo Exército Brasileiro em 1947, passando em seguida para a reserva. Anos depois, em 1964, apoiou o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart e implantou o regime militar no país. 11 Isidoro Dias Lopes (Dom Pedrito, 1865 — Rio de Janeiro, 1949) foi um militar e político brasileiro. Entrou para o Exército em 1883 em Porto Alegre. Apoiou o movimento que pôs fim ao Império. Em 1893, abandonou o Exército e participou da Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, contra o governo de Floriano Peixoto. Após a derrota dos federalistas, em 1895 foi para o exílio em Paris. Em 1896 voltou ao Brasil , foi anistiado e retornou ao Exército no Rio de Janeiro, continuando a carreira. Participou da articulação e da Revolução de 1924 em São Paulo e posteriormente juntou-se a Coluna Prestes. Em 1930 após a derrota da Aliança Liberal 8 sob o comando de Isidoro e do coronel Euclides Figueiredo. Pedro de Toledo ainda tentou evitar a revolta, mandando seu genro ao Rio de Janeiro, no dia 8, para conferenciar com Vargas. Todavia, em nova reunião, nesse dia, resolveu-se deflagrar o movimento no dia 10, antes que chegasse a S. Paulo o gal. Pereira de Vasconcellos, para assumir o comando da Região Militar. A 9 de julho, um sábado, a revolta constitucionalista estava nas ruas. Embora algumas obras didáticas situem o início do movimento às 24 horas desse dia, ele eclodiu às 11,40 hs., sob o comando de Euclydes Figueiredo, com a tomada do Q.G. da 2a. Região Militar. No mesmo dia, às 23,15 hs., as sociedades de rádio eram tomadas por civis e, a partir das 24 horas --- daí a confusão de alguns autores --- começava a ser repetida a seguinte mensagem: “De accordo com a Frente Única Paulista e com a unànime aspiração do povo de São Paulo e por determinação do general Izidoro Dias Lopes, o coronel Euclydes Figueiredo acaba de assumir o comando da 2a. Região Militar tendo como Chefe do Estado Maior o coronel Palimercio de Rezende. A oficialidade da Região assistiu incorporada no QG à posse do coronel, nada havendo occorrido de anormal. Reina em toda a cidade intenso júbilo popular e o povo se dirige em massa aos quartéis, pedindo armas para a defesa de São Paulo”. No dia 10, o interventor Pedro de Toledo era aclamado, pelo povo, pelo Exército e pela Força Pública, governador de S. Paulo. No dia 12, o general Bertholdo Klinger desembarcava na Estação da Luz e, no QG da 2a. R.M., na rua Conselheiro Crispiniano, diante do microfone da Rádio Educadora Paulista, recebia o comando da região de S. Paulo, transmitido por Euclydes, que, na tarde do mesmo dia, iria para Cruzeiro, onde assumiria o comando da vanguarda das tropas constitucionalistas. Deixado sozinho, na luta pela Constituição e pelo Brasil, os combatentes de S. Paulo, sem recursos, iriam resistir durante três meses. Sem o esperado apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, as tropas paulistas, que ocuparam o vale do Paraíba, ao longo da Estrada de Ferro Central do Brasil, não conseguiram avançar além da divisa com o Estado do Rio. O bloqueio do porto de Santos e a grande concentração de forças federais, vindas de todos os Estados, venceram a resistência dos soldados paulistas, graças ao esgotamento de seus recursos. A 28 de setembro, a luta chegava ao fim. Sem que o governo civil fosse consultado, Klinger enviou emissários aos adversários, com propostas de paz e um telegrama a Vargas propondo suspensão do conflito. Fracassadosos entendimentos, porque os termos do armistício eram humilhantes para São Paulo, elementos do comando geral da Força Pública --- seu comandante, Júlio Marcondes Salgado, extraordinário defensor da causa paulista, havia falecido num estúpido acidente com uma granada --- sob o comando do coronel Herculano Silva, assinaram a vexatória rendição, na noite de 1o para 2o de outubro, submetendo-se ao governo ditatorial, em troca de vantagens para os seus oficiais. Herculano foi indicado --- prêmio? --- para assumir o governo e, no dia 2, às 15,30 hs, mandava três oficiais seus, ao palácio dos Campos Elíseos, para depor Pedro apóia a Revolução de 1930 e participa do governo de Getúlio Vargas, como comandante da 2ª Região Militar em São Paulo. Em 1931 se indispõe com Vargas e é substituído por Góis Monteiro. Em 1932 participa da Revolução Constitucionalista, e acaba deportado para Portugal . Anistiado em 1934 retorna ao Brasil. Em 1937, afastado da política, critica o golpe e a ditadura do Estado Novo. 9 de Toledo12. A voltar, a Piratininga, à atividade, a 3 de novembro, o Venerável Mestre comunicava que, embora tivesse, a Loja, deixado de funcionar por determinação superior --- do Grande Oriente de S. Paulo, dirigida a todas as suas Lojas --- mas que a sua diretoria havia continuado a se reunir, semanalmente, para tomar conhecimento do expediente e para resolver os assuntos mais urgentes. E Vaz de Oliveira, interpretando o pensamento da Piratininga e de todo o povo paulista, dizia que "não pode deixar de saudar ao povo paulista pela dedicação, patriotismo e heroísmo, que tão fortemente demonstrou na guerra em que se empenhou, heroísmo que igual, quanto mais maior, em nenhuma guerra aponta a história, mesmo na mundial, bem como não pode ser apontada maior traição do que a sofrida pelos paulistas, para cujos traidores deve todo maçom cônscio dos seus deveres, evitar convívio, votando-lhes desprezo". A Constituinte de 1934 Em novembro de 1933, diante da instalação da Assembléia Nacional Constituinte, que era a aspiração dos paulistas, no movimento de 1932, a notícia era saudada pelos obreiros da Loja. E o Orador, Ramon Roca Dordal, propunha a inserção, em ata, de um voto de louvor e aplauso, por aquela instalação. Aprovada, unanimemente, a proposta, Alexandre de Albuquerque dizia que havia votado como paulista de coração e na qualidade de ex-combatente, mas propunha um adendo àquela resolução: que o voto de louvor e aplauso fosse extensivo ao fato da volta, a São Paulo, do Irmão Pedro de Toledo, que havia sido exilado. Em 1934, no dia 23 de maio, emblemático para a alma paulista, depois de cumprimentos ao Irmão do quadro, Alexandre de Albuquerque, pela homenagem que recebera do Instituto de Engenharia, como um importante engenheiro civil de S. Paulo e pela sua atuação na Revolução Constitucionalista, Guilherme de Carvalho, dizendo que aquela era a "data anniversaria da libertação paulista", pedia que a sessão fosse encerrada, em homenagem a ela e aos jovens mortos em 32. E Roca Dordal, inflamado, referia-se "à posição injusta em que, por todos os meios, procurava a dictadura collocar S. Paulo, que, muito embora vencido nos seus altos desideratuns pela eventualidade de circunstancias ligadas à força, 12 O extraordinário paulista, Pedro de Toledo, nesse dia, recebia, com extrema dignidade e serenidade, a desgraça que se abatia sobre si e sobre S. Paulo, dizendo, apenas: "São Paulo não foi derrotado! Fomos traídos e vencidos no campo das armas! Os ideais que nos levaram à luta, porém, serão vitoriosos". Por volta das 18 horas do dia 2, quando se preparava para deixar os Campos Elíseos, ele ouvia a voz do tenente Cândido Bravo, rompendo o pesado silêncio, que cercava o fim de um sonho: --- Senhor governador, estaremos sempre juntos. Emocionado, ele respondia: --- Nem poderia ser de outra forma! Estamos com São Paulo! (segundo reportagem de Silveira Peixoto, em A Gazeta, de 3-10-1932) 10 assim não se considerava; devido a nobreza da causa que defendera, e graças a sua força moral, ao progresso a que soube elevar-se, conseguiu o fim que almejava, e mantém-se firme e admirável na conquista do justo e do direito, não só para o seu bem, mas para o do Brasil – não discrepou do lugar de destaque em que o colocaram os seus antepassados; antes mesmo continuou o seu traçado de luta e de glória, impondo-se à admiração mundial". Poderia, até, ter terminado sua fala, com a citação de um pequeno trecho do vibrante "Minha Terra", oração de bandeirantismo do Irmão Ibrahim Nobre, o tribuno de São Paulo13. Fazendo juz ao seu título distintivo, na São Paulo de Piratininga, a Loja firmava-se como a Piratininga de São Paulo. Em julho, promulgada a nova Constituição brasileira, pela qual lutara S. Paulo, em 32, Roca Dordal tecia comentários sobre a instituição maçônica e a luta de São Paulo: "A reunião de quatro confrarias, em Londres, em 1717, dá origem à Maçonaria – que um grupo de homens destemidos, fortes, cançados da tyrania e da escravidão, que envolvia a nação e, podemos dizer, a Europa, resolveram traçar novos princípios regeneradores dos costumes da Humanidade sofredora. É a Maçonaria --- que em breve seria forte bastante para pôr um dique ao despotismo universal. Mas essa seita, essa reunião de homens de ideaes e de vontades inquebrantaveis, teve de preparar sua lucta sem tréguas ao obscurantismo e á oppressão. Agrupados esses homens de costumes puros, de energia e coragem para os mais duros sacrifícios, entraram a pregar no meio da sociedade com o mais absoluto sigilo, escolhendo os homens, que dedicados até ao sacrifício, desejavam uma Humanidade melhor. E o sacrifício é necessário! Não ha na historia da Humanidade uma conquista que não custasse rios de sangue e sacrifícios sem conta, áquelles que primeiro se opuzerão ao arbítrio e á tyrania. São Paulo recolhe os beneficios de uma Constituição, pelo sacrifício dos que não se submetteram ao capricho de uma dictadura, de um poder discricionario e tyranico. É o fim que almejavam os sinceros maçons, cujos sacrifícios serão pequenos, em face da vitória alcançada". Infelizmente, a frágil Constituição de 1934, não garantiria a continuidade de um regime realmente democrático, como viria a comprovar o golpe de 10 de novembro de 1937 (América, 2008). 13 "Terra Paulista! Da tua carne, massapé e honesta, do teu ventre de Mãe, fecundo e são, veio a alma que realizou a nacionalidade, imprimindo-lhe o sentido da Independência e os rumos católicos da Civilização. De ti proveio o homem que defrontou a natureza peito a peito e que a venceu e a dominou a facão e a fé! Tu deste geografia ao Brasil! Essa terra toda, que aí se estende e se esparrama e se perde por esse mundo grande de Deus, tudo isso tem os seus limites demarcados, não apenas pelos rios que se vadearam, pelas grimpas transpostas, pelas florestas vencidas! Mas, sobretudo, pelas sepulturas dos teus filhos, Minha Terra! Balisas! Picadas! Cruzes! Paulistas, paulistas, paulistas"! - IBRAHIM NOBRE – 1931. 11 O Estado Novo No dia 10 de novembro de 1937, o presidente Getúlio Vargas14 anunciava o Estado Novo, em cadeia de rádio. Iniciava-se um período de ditadura na História do Brasil. O Golpe de Getúlio Vargas foi articulado junto aos militares e contou com o apoio de grande parcela da sociedade, pois desde o final de 1935 o governo havia reforçado sua propaganda anti comunista, amedrontando a classe média, na verdade preparando-a para apoiar a centralização política que desde então se desencadeava. De acordo com (Historianet, 2008) a partir de novembro de 1937 Vargas impôs a censura aos meios de comunicação, reprimiua atividade política, perseguiu e prendeu inimigos político. Conforme Silva (2005) em 1937, o Estado autoritário que vinha sendo construído pelas práticas discursivas e pela reorganização e atuação de uma polícia política, produzindo informações sobre o perigo das ideologias externas que invadiam o país, se consolidou com Getúlio Vargas declarando à nação que: “Tanto os velhos partidos, como os novos em que os velhos se transformaram sob novos rótulos, nada exprimem ideologicamente, mantendo-se à sombra de ambições pessoais ou de predomínios localistas, a serviço de grupos empenhados na partilha dos despojos e nas combinações em torno de objetivos subalternos (...) as novas formações partidárias surgidas em todo o mundo, por sua própria natureza refratárias aos processos democráticos, oferecem perigo imediato para as instituições, exigindo, de maneira urgente e proporcional à virulência dos 14 Getúlio Dorneles Vargas (São Borja, 19 de abril de 1882 — Rio de Janeiro, 24 de agosto de 1954) foi um político brasileiro, chefe civil da Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha depondo seu 13º e último presidente Washington Luís. Getúlio Vargas foi por duas vezes presidente da república. Na primeira vez, de 1930 a 1945, governou o Brasil em três fases distintas: de 1930 a 1934, no governo provisório; de 1934 a 1937, no governo constitucional, eleito pelo Congresso Nacional; e de 1937 a 1945, no Estado Novo. Na segunda vez, de 1951 a 1954, governou o Brasil como presidente eleito por voto direto. Getúlio Vargas . 12 antagonismos, o esforço do poder central. Isto já se evidenciou por ocasião do golpe extremista de 1935 (...) o perigo das formações partidárias sistematicamente agressivas à Nação, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos brasileiros e o amparo decisivo e vigilante das forças armadas, não dispões de meios defensivos eficazes dentro dos quadros legais, vendo-se obrigada a lançar mão, de modo normal, das medidas excepcionais que caracterizam o estado de risco iminente da soberania nacional e da agressão externa”. Os trechos supracitados são partes dos pronunciamentos utilizados por Vargas na implantação do Estado Novo. São declarações nas quais o representante do Estado colocava- se como “saneador” de uma grande ameaça que se espalhava pela nação através da ação dos inimigos, num primeiro momento apontados entre os comunistas (Silva, 2005). Segundo o site da Loja Triumpho do Direito (2008) o Ir.: José Castellani o escreveu o seguinte sobre o Estado Novo e o fechamento das Lojas Maçônicas: a essa altura dos acontecimentos (1937), o ambiente político do país voltava a ficar agitado, diante de nova campanha presidencial --- já que o mandato de Getúlio Vargas deveria se encerrar em 1938 --- à qual se apresentaram duas candidaturas: a de José Américo de Almeida --- político, literato e figura de projeção no Nordeste --- e a do governador de S. Paulo, Armando de Salles Oliveira, sendo, a do primeiro, ostensivamente apoiada pelo governo federal. Vargas, todavia, com sua formação caudilhesca, já se preparava para se instalar como senhor absoluto, impedindo as eleições. Já nos primeiros meses de 1937, muitos políticos ligados ao governo sabiam que uma nova Constituição havia sido elaborada por Francisco Campos, ministro da Justiça, com planos de continuísmo. Além de Campos, participavam da operação, para levar a cabo um golpe de Estado, o general Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra, o general Góis Monteiro, chefe do Estado Maior do Exército, e Agamenon Magalhães, ministro do Trabalho. Os governadores de Estados, que não aderiram aos planos de Vargas, foram obrigados a se demitir, ou a fugir para o Exterior. E, em outubro de 1937, o governo solicitava, ao Congresso Nacional, a decretação do Estado de guerra, com base na existência de um vasto plano de terrorismo comunista, denominado "Plano Cohen". Todavia, como o próprio Góis Monteiro declararia, mais tarde, o Plano Cohen não passava de um documento forjado por um oficial integralista do Estado Maior. Era mais um embuste de Vargas, utilizando, em seu proveito, as lutas das facções extremistas. Com a decretação do estado de guerra, conseguida graças à ovina docilidade do Congresso Nacional, o governo não tardou a dar o golpe de Estado. E este aconteceria a 10 de novembro de 1937,quando era dissolvido o Congresso, dissolvidos todos os partidos, extinta a Constituição de 1934 e imposta aquela elaborada por Francisco Campos. Estava implantado o chamado "Estado Novo", regime ditatorial de direita, a exemplo daqueles existentes na Itália, na Alemanha, em Portugal, na Espanha e na Polônia, numa época em que a conjuntura internacional favorecia a implantação do nazi-fascismo. Esse fato iria repercutir em todas as instituições sociais brasileiras, inclusive na Maçonaria. O fechamento desta foi aconselhado, ao governo, a 25 de novembro de 1937, pelo general Newton Cavalcanti, membro do Conselho de Segurança Nacional. E embora isso possa não ter ocorrido entre as 13 Lojas do então Distrito Federal --- provavelmente por mediação de algum figurão do novo regime --- o mesmo não se pode dizer do resto do país. No Estado de São Paulo, por exemplo, podem ser tomados os casos de cinco Lojas, de quatro cidades, de diferentes regiões do Estado: 1. Na Loja Piratininga, da Capital, o Livro de Atas nº 45 foi encerrado na folha nº 84, com o final da ata nº 2.993, de 20 de outubro de 1937. Nessa mesma folha, consta um termo, com os seguintes dizeres: "Tendo sido, por ordem das autoridades do país, fechados os templos maçônicos e interrompidos os nossos trabalhos, os trabalhos de reabertura foram, por deliberação da Diretoria, lançado em um livro de atas, a partir de 17 de janeiro de 1940, data em que foi permitido, novamente funcionarem as Lojas. Ass. : A. Pacheco Júnior - Secretário". Na ata nº 2.994, de 17 de janeiro de 1940, consta que o Ir.: Secretário informa que não pode dar leitura à ata dos últimos trabalhos, em virtude de terem sido, os arquivos, apreendidos pela autoridade policial; é resolvido, então, que se inicie um novo livro de atas e um novo livro de presenças. 2. Na Loja Fé e Perseverança, de Jaboticabal, consta, em ata de 29 de outubro de 1937, que o Venerável Mestre, major Hilário Tavares Pinheiro, informava que "em virtude de Lei Federal editada pelas autoridades do País, foi fechada toda a Maçonaria brasileira e, por esse motivo, fica, de hoje em diante, fechada esta Loja, até ulterior deliberação". A Loja só iria ser reaberta, oficialmente, a 3 de setembro de 1943, embora, já a partir de 1940, as demais Lojas tenham voltado a funcionar. A data de 29 de outubro --- quando a Loja foi fechada --- pode ter sido registrada com erro (seria 29 de novembro), ou pode ser verdadeira, reforçando, então, a tese de que as Lojas começaram a ser fechadas já quando o Estado Novo estava sendo articulado, em sua fase final. 3. Na Loja Firmeza, de Itapetininga, não constam atas do período compreendido entre outubro de 1937 e janeiro de 1940. No dia 20 de janeiro de 1940, cogitava- se da autorização policial para a reabertura da Oficina. 4. Na Loja Ordem e Progresso, da Capital, o Livro de Atas nº 18 termina, abruptamente, à folha 68, estando, todas as demais, até à última, de nº 100, em branco. Nessa folha 68, está lavrada a ata da sessão de 27 de setembro de 1937, na qual foram lidos diversos artigos de jornais, criticando o integralismo de Plínio Salgado. A ata seguinte, no livro nº 19, tem a data de 5 de outubro de 1941, sendo registrada como a primeira reunião de reabertura dos trabalhos, realizada na rua Passos, nº 246, residência do Irmãos Serpa Sobrinho. Nela consta, textualmente, o seguinte: "Os trabalhos foram abertos às 15 horas e de acordo com a convocação feita pelo Ir.: Serpa, o qual foi aclamado Secretário, em continuação de mandato,por se achar exercendo esse cargo na ocasião em que, por ordem do governo federal, foram suspensos os trabalhos". Para dirigir os trabalhos, foi aclamado o Irmão Elias Rahal e, para Orador, o Irmãos Luís Trento. O Ir.: Serpa declarava, na ocasião, que a reunião era para tratar da reabertura dos trabalhos, pois a Loja "Ordem e Progresso", uma das mais antigas e das de maior tradição em São Paulo, não podia continuar inativa, pois grande parte das suas co-irmãs já 14 se achava em funcionamento; ao final dos trabalhos, deliberou-se convocar outra reunião, para, definitivamente, serem reiniciados os trabalhos no templo. 5. A Loja Estrela de Santos, de Santos, fundada a 22 de junho de 1937, embora tenha recebido sua Carta Constitutiva, a 8 de outubro de 1937, só iria ser regularizada a 1 de agosto de 1942. Além disso tudo, não foram fundadas novas Lojas no Estado, em todo esse período. E o Boletim Oficial do Grande Oriente de S. Paulo interrompeu sua publicação em outubro de 1937 --- quando foi publicado o último número da década --- só a tendo restabelecida em 1943. O Funcionamento da Loja Estrela do Oriente n o 1 Durante a Ditadura Vargas Em 27 de junho de 1937 A∴R∴L∴S∴ Estrela do Oriente, foi fechada. Momentos antes de ser fechada o Ir∴Natala Abraão, entra na Loja e retira todos os livros e documentos, salvando desta maneira o acervo documental da Loja. Em Corumbá, MS, apenas uma Loja a A∴R∴L∴S∴ Estrela do Oriente manteve-se funcionando na clandestinidade. Em 27 de outubro de 1937 aconteceu a primeira sessão clandestina, na residência do V∴M∴ João Baptista de Oliveira Mota. A sua residência estava situada à rua Major Gama em frente ao antigo Fórum. V∴M∴ João Baptista de Oliveira Mota. 15 Em novembro de 1938 ocorreu a abertura das Lojas Maçônicas em Corumbá. A ordem foi dada pelo Comandante da 9° região Militar o General José Pessoa15. E finalmente em 10 de novembro de 1938 ocorreu a primeira sessão regular da ARLS Estrela do Oriente, após a abertura.Porem em outros orientes como o paulista a reabertura das Lojas somente ocorreu em 1940, e deveu-se à atitude destemida de Benedicto Pinheiro Machado Tolosa, que, em plena vigência do Estado Novo, compareceu, como Grão-Mestre Adjunto, no exercício do Grão- Mestrado --- o Grão-Mestre, José Adriano Marrey Júnior estava licenciado --- perante as autoridades policias a serviço da ditadura, e assumiu desassombradamente, o compromisso de responsabilidade pessoal pela manutenção da ordem, o que fez com que fossem autorizados os trabalhos maçônicos. 15 José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque , conhecido como marechal José Pessoa, (Cabaceiras-PB, 12 de setembro de 1885 — Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1959) foi um militar brasileiro. Filho de Cândido Clementino Cavalcanti de Albuquerque e de Maria Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, era sobrinho de Epitácio Pessoa, presidente da República de 1919 a 1922, e irmão de João Pessoa, presidente da Paraíba de 1928 a 1930. Assentou praça em 1903 no 2º Batalhão de Infantaria em Recife, seguindo depois para a Escola Preparatória e de Tática em Realengo (Rio de Janeiro). Transferiu-se em 1909 para a Escola de Guerra em Porto Alegre, de onde saiu aspirante-a-oficial. Esteve à disposição do Ministério da Justiça, servindo na Brigada Policial do Distrito Federal. Foi ajudante-de-ordem e assistente do comando da divisão de operações enviada a Mato Grosso para pacificar o estado em 1917 e, finalmente, serviu como ajudante-de-ordem e assistente do inspetor da 10ª Região Militar na Bahia. Participou da Revolução de 1930. Após um breve período como comandante do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, José Pessoa assumiu, ainda em 1930, o comando da Escola Militar do Realengo. Foi o grande idealizador da Academia Militar das Agulhas Negras, que só veio a ser fundada em 1944, bem como dos novos símbolos do Exército: uniformes históricos, brasão, espadim de Caxias etc. Em 1933 foi promovido a general-de-brigada e enfrentou, em 1934, um movimento de rebeldia dos cadetes do estabelecimento que comandava. Inconformado com a solução dada para o caso, demitiu-se do comando da escola, sendo nomeado em seguida inspetor e comandante do Distrito de Artilharia de Costa da 1ª Região Militar no Distrito Federal. Foi o fundador do Centro de Instrução de Artilharia de Costa. Somente em março de 1938, quatro meses após o advento do Estado Novo, recebeu outra comissão de comando. Inicialmente cogitado para um posto em Belo Horizonte, acabou nomeado comandante da 9ª Região Militar em Mato Grosso, promovendo intenso combate ao banditismo que então grassava no estado. No início de 1939, foi nomeado inspetor da arma de cavalaria, que tratou de modernizar, dotando-a de novos regulamentos. Adido militar em Londres de 1946 a 1947, retornou ao Brasil e, em abril de 1948, participou da fundação do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (Cedpen). Em torno do órgão se articularam, de modo amplo, estudantes, jornalistas, militares, professores e homens públicos, e em pouco tempo o centro se tornou o núcleo de uma campanha de mobilização da opinião pública em favor de uma solução nacionalista para a questão do petróleo. A Campanha do Petróleo como ficou conhecida, desembocou no estabelecimento do monopólio estatal em 1953 e na conseqüente criação da Petrobrás em 1954. Em 12 de setembro de 1949, foi transferido para a reserva no posto de general-de-exército. Promovido a marechal em janeiro de 1953. Foi convidado em 1954 pelo presidente Café Filho para ocupar a presidência da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, encarregada de examinar as condições gerais de instalação da cidade a ser construída. Em seguida, Café Filho homologou a escolha do sítio da nova capital e delimitou a área do futuro Distrito Federal, determinando que a comissão encaminhasse o estudo de todos os problemas correlatos à mudança. A comissão encerrou seus trabalhos em 1956. Brasília foi erigida no local escolhido pelo Marechal josé pessoa, que, também, idealizou o Lago Paranoá e a estruturação da cidade ao longo de dois eixos transversais. http://www.eltheatro.com/destaque16.htm 16 Eram maçons , entre os principais participantes da Revolução Constitucionalista , os seguintes homens16: Júlio de Mesquita Filho (chefe civil da revolta) , Altino Arantes ; Pedro de Toledo ; Menotti del Picchia ; Ibrahim Nobre ; Paulo Duarte ; José Adriano Marrey Júnior (Grão-Mestre do Grande Oriente de S. Paulo) ; Benedicto Pinheiro Machado Tolosa17 (Venerável Mestre da Loja Piratininga e, depois , Grão-Mestre do Grande Oriente de S. Paulo) ; Thyrso Martins, Waldemar Ferreira ; Alcântara Machado ; Mergulhão Lobo ; Piragibe Nogueira ; Cincinato Braga ; Frederico Abranches , tenente Cândido Bravo . 16 http://www.lojasmaconicas.com.br/ jc_sinopses/sinopse/sip23.htm 17 Médico, pesquisador e professor da USP General José Pessoa. 17 Referências bibliográficas América. A Maçonaria Paulista na Revolução de 1932. A Participação de Destaque da Loja América. Extrato de Artigo de José Castellani http://www.america.org.br/documentos/ rev_const_1932.html. Acessado em 9/10/2008. Historianet. O Estado Novo http://www.historianet.com.br/conteudo/default. aspx?codigo=53. Acessado em 19/9/2008. Silva, G. B. No entre guerra, a situação dos integralistas na implantação do estado novo de Getúlio Vargas. Proj. História, São Paulo, v. 30, p. 229-241, 2005.Loja Triumpho do Direito. O Estado Novo e o fechamento das Lojas Maçônicas. Obtido de escritos do Ir.: José Castellani . Do livro "História do Grande Oriente de São Paulo" Editora do GOB – 1994. http://www.triumphodo direito.triunfo.nom.br/Tboestadonovo.htm.Acessado em 9/10/2008. Benedicto Pinheiro Machado Tolosa . 18 A Maçonaria Durante o Regime do General Francisco Franco na Espanha. Na Espanha dos sécalos XIX e XX a Maçonaria teve momentos de grande poder até a Guerra Civil de 1936. Com a ditadura do general Francisco Franco, os Maçons se convirteram no símbolo por excelencia dos enemigos da Patria e foram perseguidos sem tregua. General Francisco Franco. Práxedes Mateo Sagasta Es colar (1825 — 1903) foi um dos dez Chefes do Governo espanhol entre 1868 e 1936 que era Maçom. 19 Para entender a preseguição do General Francisco Franco à Maçonaria, é preciso conhecer a história da Guerra Civil Espanhola. Guerra Civil Espanhola A chamada Guerra Civil Espanhola foi um conflito bélico deflagrado após um fracassado golpe de estado de um setor do exército contra o governo legal e democrático da Segunda República Espanhola18. A guerra civil teve início em 17 de julho de 1936 e terminou em 1° de abril de 1939, com a vitória dos rebeldes e a instauração de um regime ditatorial de caráter fascista19, liderado pelo general Francisco Franco. Antecedentes historicos 18 A Segunda República Espanhola foi proclamada a 14 de Abril de 1931 na sequência da vitória republicana nas eleições municipais, tendo como primeiro presidente Niceto Alcalá Zamora. Após a demissão voluntária do general Miguel Primo de Rivera, Afonso XIII tentou devolver o debilitado regime monárquico ao caminho constitucional e parlamentar, apesar da debilidade dos partidos dinásticos. Para ele o governo da Coroa convocou uma ronda de eleições que deviam injectar legitimidade democrática nas instituições monárquicas. 19 O fascismo é uma doutrina totalitária desenvolvida por Benito Mussolini na Itália, a partir de 1919, durante seu governo (1922–;1943 e 1943–;1945). Fascismo deriva de fascio, nome de grupos políticos ou de militância que surgiram na Itália entre fins do século XIX e começo do século XX; mas também de fasces, que nos tempos do Império Romano era um símbolo dos magistrados: um machado cujo cabo era rodeado de varas, simbolizando o poder do Estado e a unidade do povo. Os fascistas italianos também ficaram conhecidos pela expressão camisas negras , em virtude do uniforme que utilizavam. Francisco Franco. 20 A derrubada temporária dos Bourbons absolutistas por Napoleão Bonaparte, em março de 1808, a Guerra de Independência contra a ocupação francesa, a abertura das Cortes de Cádiz, em 1810, e a proclamação da Constituição liberal de 1812 assinalam o desaparecimento do Antigo Regime espanhol, que, durante o reinado de Carlos III, chegou a ser considerado como um exemplo de Despotismo Esclarecido. Durante todo o século XIX e o início do século XX, no entanto, a Espanha não conseguiu completar, política e socialmente, a sua revolução burguesa de forma a produzir uma institucionalidade liberal-democrática estável. O século XIX espanhol foi um período especialmente conflitivo, com lutas entre liberais e absolutistas, entre membros rivais da Casa de Bourbon20 (isabelinos e carlistas), e mais tarde entre monarquistas e republicanos, sobre o pano de fundo da perda das colônias americanas e filipinas. A economia espanhola teve um crescimento rápido desde o final do século XIX até ao início do século XX. Em especial, as indústrias mineiras e metalúrgicas lucraram e expandiram-se enormemente durante a Primeira Guerra Mundial, fornecendo insumos a ambos os lados. 20 A Casa de Bourbon ou Burbom (Borbón em castelhano e Borbone em italiano) é uma importante casa real européia. Durante o século XVI, os reis Bourbon governaram Navarra e França. Carlos III. 21 Entretanto, os resultados desse crescimento não se refletiram em mudanças nas condições sociais. A agricultura, sobretudo na Andaluzia, continuou em mãos de latifundiários, que deixavam grandes extensões de terra sem cultivar. Somava-se a isto a forte presença da Igreja Católica, que se opunha às reformas sociais e se alinhava aos interesses da elite agrária. Finalmente, a monarquia espanhola apoiava-se no poder militar para manter o seu regime. O fim da monarquia e o advento da república, em 1931, em nada mudou esta configuração política básica, com a agravante de que Igreja e Exército se mantiveram monárquicos e as tentativas de golpe tornaram-se constantes. Com o crescimento da economia, cresceu também o movimento operário. Após a fundação da primeira sociedade operária em Barcelona (1840), o movimento cresceu e se espalhou pelo país. Desde o início, e principalmente na Catalunha, a principal região industrial de Espanha, o anarquismo tornou-se a tendência política mais difundida entre os operários. A principal confederação sindical, a CNT (Confederación Nacional del Trabajo21), sob influência anarcossindicalista, recusava-se a participar na política partidária. O choque entre classes é freqüente e violento. Desde o fim do século XIX até o início do século XX, grupos de extermínio, como o Sindicato Libre, procuram suprimir os sindicatos através do assassinato dos seus principais militantes. Do outro lado, grupos de militantes sindicalistas, como o famoso Nosotros, também assassina religiosos e industriais suspeitos de apoiar o Sindicato Libre. Insurreições armadas, tanto de direita como de esquerda, ocorrem com regularidade. O fim da monarquia, a eleição da Frente Popular e o golpe Com a renúncia do ditador Primo de Rivera22 após uma onda de escândalos de corrupção, o rei Alfonso XIII procurou restaurar o regime parlamentar e constitucional. Foram convocadas eleições municipais em Abril de 1931 e, embora 21 A Confederação Nacional do Trabalho (CNT) (em espanhol Confederación Nacional del Trabajo) é uma união confederal de sindicatos autônomos de ideologia anarcossindicalista da Espanha. 22 Miguel Primo de Rivera y Orbaneja , Marquês de Estella e de Ajdir (Jerez de la Frontera, 8 de Janeiro de 1870 — Paris, 16 de Março de 1930) foi um militar e ditador espanhol, fundador da organização fascista Unión Patriótica, inspiradora da União Nacional portuguesa. Miguel Primo de Rivera y Orbaneja nasceu em Jerez de la Frontera, província de Cádis, pertencendo a uma família de militares ilustres, na qual se destacava seu tio, Fernando Primo de Rivera (1831-1921), marquês de Estella, herói da terceira guerra carlista, governador das Filipinas e várias vezes Ministro da Guerra. Seguindo a tradição familiar, Miguel ingressou no exército aos 14 anos, tendo desenvolvido a maior parte da sua carreira em serviço nas colónias: Marrocos, Cuba e Filipinas, aonde acompanhou o seu tio. Nestes destacamentos, por mérito em combate, teve a oportunidade de ascender rapidamente na hierarquia militar pelo que em 1912 já era general. Depois de uma intensa carreira política, desautorizado pelos altos comandos militares e pelo rei Afonso XIII, em 1930, Primo de Rivera demitiu-se e auto-exilou-se em Paris, onde morreu dois meses mais tarde, amargurado e desiludido com aquilo que entendia ser a ingratidão dos seus compatriotas. O seu filho mais velho, José António Primo de Rivera, sucedeu-o na actividade política, alegadamente para reabilitar a memória paterna, sendo uma das figuras gradas da implantação do franquismo e o mítico fundador da Falange espanhola. 22 os monarquistas tivessem sido vitoriosos, os republicanos conquistaram a maioria nas grandes cidades. Prevendo uma guerra civil, o rei Alfonso XIII prefere abdicar e é proclamada a Segunda República. Rei Alfonso XIII. 23 Novas eleições são convocadaspara compor uma assembléia constituinte em Junho, que institui a separação entre Igreja e Estado. Por este motivo, Alcalá Zamora, chefe do governo provisório, abdica. Novas eleições acontecem em Dezembro de 1931, nas quais a esquerda sai vitoriosa. Alcalá Zamora é eleito presidente da República e encarrega Manuel Azaña de organizar um governo. O governo da República não consegue avançar na resolução da questão das autonomias regionais, nem no encaminhamento da questões agrária e trabalhista. Na questão religiosa, a governo Azaña cedeu moderadamente ao espírito anticlerical que predominava no parlamento, através da dissolução da Companhia de Jesus23 na Espanha, ficando preservadas as demais ordens religiosas, que no entanto foram proibidas de dedicar-se ao ensino. Comprimido entre a direita e a Igreja - que viam a laicização do Estado e da educação de maneira muito negativa - e a esquerda e os anarquistas - os quais consideravam as mesmas reformas insignificantes - o governo Azaña é incapaz de agradar a população. Como economia predominantemente agrário exportadora, a Espanha havia sido pouco atingida pela Crise de 1929: o desemprego era pequeno e o salário médio por dia trabalhado havia aumentado significativamente nos primeiros anos da Segunda República. Este aquecimento da economia aguçava as tensões sociais 23 A Companhia de Jesus (em latim: Societas Iesu, S. J.), cujos membros são conhecidos como jesuítas , é uma ordem religiosa fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo basco Íñigo López de Loyola, conhecido posteriormente como Inácio de Loyola. É hoje conhecida principalmente por seu trabalho missionário e educacional. Niceto Alcalá-Zamora. Miguel Primo de Rivera y Orbaneja. 24 já existentes, e com elas a aguda divisão político-ideológica da sociedade, que já vinha do século anterior. Em maio de 1931, os anarquistas incendiaram a Igreja dos Jesuítas na Calle de la Flor, no centro de Madrid. Em agosto de 1932, o general monarquista Sanjurjo tenta dar um golpe, mas fracassa. Condenado à morte, é depois indultado, continuando a conspirar na prisão. Em 1933, a recusa dos anarquistas em dar apoio aos partidos de esquerda e sua propaganda pela "greve do voto" permitem a vitória eleitoral da direita, representada pela Confederação das Direitas Autônomas (CEDA) de José Maria Gil Robles. Segue-se uma insurreição da esquerda, que foi mal sucedida em toda a Espanha, menos nas Astúrias, onde os operários dominaram Gijón por 13 dias. Este evento ficou conhecido como Comuna das Astúrias. Com milhares de militantes feitos prisioneiros, os anarquistas decidem apoiar a esquerda nas eleições de 1936. Espera-se que o novo governo lhes conceda anistia. A esquerda vence em 16 de Fevereiro, com 4.645.116 votos, contra 4.503.524 da direita e 500 mil votos do centro, mas as particularidades do sistema eleitoral - que favorecia as maiorias - dão à esquerda a maioria das cadeiras no parlamento. Alcalá Zamora encarrega Azaña de formar um governo. Em maio de 1936, Alcalá Zamora é destituído e Azaña assume a Presidência da República, tendo como seu primeiro-ministro o socialista Largo Caballero. A direita então lança-se a preparar um golpe militar que se concretiza em 18 de Julho. O desenrolar das operações: do golpe à vitória franquista Se os militares rebeldes esperavam resolver a questão com um pronunciamiento rápido e sem muito derramamento de sangue, à maneira do século XIX, foram surpreendidos pelo nível de mobilização ideológica da sociedade espanhola da General Sanjurjo. 25 época: de modo geral, exceto em casos isolados, os militares triunfaram nas regiões onde a direita havia sido mais votada em fevereiro de 1936, enquanto a esquerda - principalmente pela ação das milícias armadas socialistas, comunistas e anarquistas - vence nas regiões onde havia sido mais votada a Frente Popular: em Madrid e Barcelona, a insurreição foi esmagada quase que imediatamente. Em 21 de julho, os rebeldes controlavam o Marrocos Espanhol, as Canárias (exceto a ilha de La Palma), as Baleares (exceto Minorca) e o oeste da Espanha continental. As Astúrias, a Cantábria, o País Basco e a Catalunha, assim como a região de Madri e Murcia, estavam nas mãos dos republicanos. Mas os rebeldes conseguem apoderar-se das cidades mais importantes da Andaluzia: Sevilha - tomada pelo General Queipo de Llano24, que se tornaria tristemente célebre pelas suas atrocidades - Cádiz, Granada e Córdoba. Muralhas de la Macarena, em Sevilha, onde foram assasinados os condenados pelo aparato jurídico militar do General Queipo. No pelotão de fuzilamiento, era regulamentar a presença de um sacerdote e um médico, que certificava a morte. Finalmente o pelotão desfilava na frente dos cadáveres. As posições rebeldes no Sul da Espanha estando separadas de suas posições mais ao Norte, realiza-se a Campanha da Extremadura, quando o bombardeio de aviões alemães e italianos contra a marinha republicana no Estreito de Gibraltar, o que permite a passagem de tropas rebeldes do Marrocos para a Espanha. 24 Gonzalo Queipo de Llano y Sierra (Tordesillas, 5 de febrero de 1875 - Sevilla, 9 de marzo de 1951), foi um militar espanhol, “uno de los cuatro cabecillas” principais do golpe militar contra a II República Espanhola, cujo fracaso parcial originou a Guerra Civil española. O bombardeio de aviões alemães. Muralhas de la Macarena. 26 Um avanço rápido de Sevilha a Toledo, realizado sob o comando do Tenente- Coronel Yagüe, que aplicava as técnicas alemãs de Blitzkrieg25, com avanços rápidos de tropas de infantaria apoiadas por artilharia e aviação (acompanhada pela eliminação sistemática de pessoas suspeitas na retaguarda) , possibilitou aos rebeldes nacionalistas tomarem Badajoz, em agosto de 1936, o que lhes permite organizar um frente coerente contra o campo republicano - estratégia esta, mais rotineira, adotada por Franco, que preferiu apoiar-se primeiro sobre a fronteira do Portugal de Salazar a tentar um avanço direto até Madrid, a partir do Sul.[2] A morosidade dos rebeldes e a ação das milícias populares na defesa republicana fizeram com que o conflito assumisse, assim, um caráter ideológico e potencialmente revolucionário. Uma vez tendo feito junção as forças rebeldes em Badajoz, inicia-se o avanço sobre Madrid, buscando-se encerrar a campanha o mais rápido possível. Em 28 de setembro, as forças rebeldes rompem o cerco republicano ao Alcazar de Toledo, defendido por José Moscardó desde 22 de julho - uma conquista sem muito significado estratégico mas que foi logo revestida de características lendárias (o filho de Moscardó teria sido fuzilado após haver pedido ao pai, ao telefone, que se rendesse26) e serviu de mito fundador do regime franquista. Em 8 de novembro começa a Batalha de Madrid, mas o lento movimento das forças rebeldes, que haviam levado três meses deslocando-se a partir de Sevilha, permite ao governo republicano estabilizar o frente em 23 do mesmo mês. No Norte, os rebeldes tomam Irún em 5 de setembro e San Sebastián no dia 13, isolando o Norte republicano. Em inícios de 1937, os rebeldes tentam novamente tomar Madri: uma ofensiva a partir de Jarama, de 6 a 24 de fevereiro, é apoiada pelo avanço de tropas de voluntários italianos fascistas na direção de Guadalajara, de 8 a 18 de março. A 25 O Blitzkrieg (termo alemão para guerra-relâmpago) foi uma doutrina militar a nível operacional que consistia em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de organizar a defesa. Seus três elementos essenciais eram a o efeito surpresa , a rapidez da manobra e abrutalidade do ataque, e seus objetivos principais a desmoralização do inimigo e a desorganização de suas forças (paralisando seus centros de controle). O arquitecto desta estratégia militar foi o general Erich von Manstein 26 O coronel José Moscardó, comandante da Academia Militar sediada no alcácer de Toledo, aderira à rebelião militar. Mas a cidade estava nas mãos de milícias socialistas, fiéis ao governo de Madrid. O alcácer foi cercado e o coronel chamado ao telefone. Do outro lado da linha, o chefe das milícias intimou-o a render-se dentro de dez minutos porque, se o não fizesse, lhe fuzilaria o filho. O filho do coronel, Luís, de 24 anos, foi então posto ao telefone. Falou ao pai e confirmou que o matariam se este não rendesse o alcácer. Moscardó respondeu-lhe que encomendasse a alma a Deus e morresse como um patriota com um viva a Cristo-rei e a Espanha. 27 resistência das Brigadas Internacionais republicanas27 frusta os planos das forças italianas e, mais uma vez, converte o que se pretendia como golpe de estado numa guerra civil de longa duração, em que o acirramento das paixões políticas internas era potencializado pela presença de contingentes militares estrangeiros, ideologicamente opostos, numa verdadeira guerra civil européia, em que voluntários italianos fascistas e alemães nazistas, por exemplo, enfrentavam voluntários esquerdistas das mesmas nacionalidades. A substituição do governo republicano de Largo Caballero pelo de Juan Negrín - que buscou apoiar-se, internamente, no Partido Comunista, e, externamente, na aliança com a União Soviética - deu conta do acirramento ideológico do conflito, mesmo no interior do campo republicano, levando aos incidentes de maio em Barcelona, de enfrentamento armado entre forças do governo e comunistas contra diversas milícias de Extrema Esquerda - anarquistas, trotskistas e semi-trotskistas -seguidos por uma cruel repressão policial à mesma Extrema Esquerda, sob o comando dos comunistas. Neste interím, o governo Negrín tenta substituir as milícias, tanto quanto possível, por um exército republicano regular, e lança, em agosto, na frente de Aragão, uma ofensiva em Belchite, tentando aliviar a pressão sobre a frente Norte. A ofensiva fracassa; o lado republicano tinha menos armas modernas (blindados e aviões) do que o nacionalista, e, ao invés de combinar ações defensivas com a infiltração de guerrilheiros na retaguarda franquista (para o que teria que contar com as milícias anarquistas) preferia tentar vitórias convencionais com ganho propagandístico para os comunistas que comandavam as unidades de elite do exército regular. Estas ofensivas, que não tinham um alvo estratégico claro, soldaram-se sempre com enormes perdas de homens e equipamento, solapando ainda a moral das Brigadas Internacionais. Acrescente-se a isso que as dissensões internas e insanáveis no campo republicano, sobre se convinha primeiro ganhar a guerra militarmente, ou se a guerra deveria ser combinada com uma revolução socialista, fizeram com que este governo jamais conseguisse a autoridade indisputada que precisaria para vencer militarmente, ao mesmo tempo que não possuía uma ideologia coerente que garantisse sua sustentação política: no verão de 1937, soma-se à ofensiva fracassada em Belchite o avanço dos rebeldes no Norte, onde é rompido o assim chamado "Cinturão de Ferro" republicano: Bilbao, Santander e finalmente Gijón, em 20 de outubro, são ocupadas pelos franquistas e a Frente Norte desaparece, 27 Brigadas Internacionais , conjunto de unidades militares compostas por voluntários estrangeiros que durante a Guerra Civil Espanhola lutaram do lado da República. Combateram em Espanha mais de 40 mil Brigadistas , o maior contigente veio da França e da Alemanha, mas vieram voluntários de todas as partes do mundo, entre os quais portugueses e brasileiros. As Brigadas perderam cerca de 10.000 voluntários em combate. Em 26 de Janeiro de 1996 as Cortes concederam a todos os brigadistas ainda vivos a cidadania espanhola, cumprindo uma promessa feita pela República mais de 60 anos antes. 28 com os prisioneiros republicanos sendo internados no campo de Miranda de Ebro. A República perde, assim, o apoio do nacionalismo basco, assim como uma das suas bases industriais mais importantes. No Sul, depois da tomada de Málaga pelos franquistas em 8 de fevereiro, a frente havia estabilizado-se na província de Almería. Situação do frente em outubro de 1937 Em fins de 1937, os republicanos tomam a iniciativa e fazem uma ofensiva na direção de Teruel, que é tomada em 8 de janeiro de 1938, apenas para ser recuperada pelos franquistas em 20 de fevereiro. A contra-ofensiva franquista toma Vinaroz em 15 de abril, atingindo o Mar Mediterrâneo, e a zona republicana remanescente é dividida em duas partes, isolando a Catalunha. Os republicanos contra-atacam em 24 de julho na Batalha do Ebro, e acabaram por retirar-se em 16 de novembro após uma longa batalha de atrito, que permite aos franquistas o caminho para a tomada da Catalunha. Em 23 de setembro o governo republicano ordena a retirada total das Brigadas Internacionais, numa tentativa (fracassada) de modificar a posição de não intervenção mantida pelos governo francês e inglês pela retirada de uma força militar sob forte influência comunista. Em 23 de dezembro inicia-se a batalha por Barcelona, que cai nas mãos dos franquistas em 26 de janeiro de 1939. As tropas rebeldes ocupam a fronteira com a França e cortam a retirada dos republicanos. Em março de 1939, começa uma pequena guerra civil dentro do campo republicano, quando o Coronel Casado, comandante do Exército do Centro, dá um golpe de estado em Madri, apoiado pelos oficiais de carreira (que acreditavam que "entre militares nos entenderemos melhor"), golpe este que tinha como objetivo a ruptura com os comunistas para facilitar negociações com os franquistas, enquanto o governo Negrín, partidário da continuação da resistência - e esperando que o estalar iminente da Segunda Guerra Mundial trouxesse novos apoios aos republicanos - refugia-se na chamada Posição Yuste. Os franquistas, no entanto, exigem dos casadistas a rendição incondicional, e Madri cai em 26 de março. Com a queda de Valencia e Alicante em 30 de março, e de Murcia em 31, a guerra termina em 1o. de abril. A questão religiosa na Guerra Civil O liberalismo, na Espanha, tinha, desde os inícios do século XIX, sido violentamente anticlerical; entre os anarquistas, muito influentes na Esquerda, o anticlericalismo havia sido sempre particularmente agressivo, ao contrário dos socialistas marxistas. Na medida em que a Guerra Civil foi a conclusão dos enfrentamentos político-ideológicos do século XIX espanhol, a identificação da Igreja com a Direita determinou o anticlericalismo da Esquerda na sua generalidade: Já em 14 de outubro de 1931, no jornal El Sol, o então primeiro- 29 ministro Azaña equiparara a proclamação da República com o fim da Espanha católica, e durante a Guerra Civil, como Presidente da República, teria dito num de seus discursos, que preferia ver todas as igrejas de Espanha incendiadas a ver uma só cabeça republicana ferida, e o radical catalão Alejandro Leroux teria conclamado a juventude a destruir igrejas, rasgar os véus das noviças e "elevá-las à condição de mães". A perseguição anticatólica durante a Guerra Civil apenas continuou um padrão já existente: nos só quatro meses que precederam a guerra civil já 160 igrejas teriam sido incendiadas. Durante a Guerra, pela repressão republicana, segundo o historiador Hugh Thomas, foram mortos 6861 religiosos católicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363 monges); uma obra mais recente, de Anthony Beevor, dá números muito semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283 freiras, 2.365 monges). De acordo com o artigo espanhol, foram destruídas por volta de 20.000igrejas, com perdas culturais incalculáveis pela destruição concomitante de retábulos, imagens e arquivos. Diante disto, é pouco surpreendente verificar que a Igreja Católica, tenha chegado, na sua generalidade a propagandear a revolta contra o governo e chegado a compará-la, numa declaração coletiva de todo o episcopado (1 de julho de 1937) com uma cruzada moderna; note-se, no entanto, que os mesmos bispos espanhóis, numa carta de 11 de julho do mesmo ano de 1937, mostraram-se ciosos em desmentir à opinião católica liberal, que via na intransigência conservadora do clero espanhol a razão das perseguições por ele sofridas, argumentando que a Constituição republicana de 1931 e todas as leis subseqüentes haviam dirigido a história da Espanha num rumo contrário à sua identidade nacional, fundada no Catolicismo[1]- ou, nas palavras do Cardeal Segura y Sáenz: "na Espanha ou se é católico ou não se é nada". Sacerdotes espanhóis armados. 30 Muito embora houvessem sido realizados esforços de propaganda pelos republicanos no exterior em favor da liberdade religiosa (o Ministro da Justiça do governo Negrín, Manuel Irujo, autorizou o culto católico, que, no entanto, na prática realizou-se de forma semi-clandestina) de forma a não alienar a opinião pública católica internacional e os próprios grupos católicos no campo republicano (muito notadamente o principal partido basco, o PNV) o campo republicano era em Cardeal Segura y Sáenz. Cardeal Segura y Sáenz, preso. O Cardeal está saindo do palácio, preso. Sério, sem falar com ninguém nem comentar nada. Está preso, e o prisioneiro não deve se comunicar com o carcereiro. 31 geral anticlerical e apoiava a repressão à Igreja. Por outro lado, o escritor e filósofo católico francês Jacques Maritain protestou violentamente contra as repressões franquistas contra o clero basco, e teria dito que "a Guerra Santa, mais do que ao infiel, odeia ardentemente os crentes que não a servem". Dois contingentes militares De um lado lutavam a Frente Popular, composta pela esquerda (e extrema esquerda como o comunismo, anarquismo mas também o governo eleito liberal- democrático) e os nacionalistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha, que defendiam a legitimidade do regime instalado recentemente no Estado, (a República proclamada em 1931 e os respectivos estatutos de autonomia). Do outro lado os nacionalistas (compostos por monárquicos, falangistas, e militares de extrema direita, etc. O seu referente político (sobretudo para a Falange) era o general José Sanjurjo, chave da intentona militar de 1932, mas que morreu num acidente aéreo ao se transladar de Portugal para a zona ocupada pelos nacionalistas. Só durante o decorrer da guerra, os nacionalistas, chefiados pelo militar Francisco Franco irão aceitar progressivamente a sua indiscutível liderança. Franquismo A sublevação fascista tentava impedir a qualquer preço que as instituições republicanas assentassem de maneira estável e permanente o regime democrático, impedindo o trabalho de um governo real de esquerda que estava para realizar profundas reformas económicas, jurídicas e políticas no conjunto do Estado. Sob o suposto afã de lutar contra o perigo do aumento do comunismo e do anarquismo em certos lugares do Estado, ocultava-se realmente o levantamento contra o regime institucional e democrático estabelecido, na tentativa de impedir a continuação e assentamento da democracia e daquilo que os fascistas consideravam intoleráveis experiências de colectivismo. Mas outra das claras intencionalidades do chamado "Movimiento Nacional", além de lutar contra o "perigo vermelho", foi lutar contra o que consideravam o "perigo separatista" tentando impedir a todo preço a instituição dos governos autónomos nas nações chamadas históricas. Aliados à Igreja Católica, Exército e latifundiários, buscavam implementar um regime de tipo fascista na Espanha,o que consideravam mais condizente com a "originalidade espanhola (suas tradições políticas de raiz católica e autoritária).No entanto, o franquismo não foi fascista, se por tal entender-se um regime fundado numa base política de massa, na mobilização mais ou menos permanente dos seus partidários e no papel importante atribuído a certos grupos sociais emergentes: mesmo antes da queda dos regimes efetivamente fascistas, o regime acabou muito cedo por configurar-se como uma ditadura pessoal apoiada nos grupos dominantes tradicionais, muito semelhante nisto ao Portugal salazarista. 32 Os apoios internacionais As tropas do chamado "Movimiento Nacional" foram reforçadas, desde o início da guerra pela pela ajuda militar directa da Alemanha de Hitler, expressa no bombardeamento a Guernica e Madrid, e da Itália de Mussolini, que enviou um Corpo de Tropas Voluntárias ao fronte nacionalista, assim como engajou aviões e submarinos no esforço de guerra franquista. O Portugal de Salazar enviou tropas voluntárias (a Legião Viriato) e permitiu o abastecimento das tropas rebeldes através de seu território; a Irlanda católica enviou uma brigada comandada pelo General Eoin O'Duffy, um veterano histórico do IRA que na Irlanda presidia os Camisas Azuis, algo entre uma associação de ex-militares e um partido fascista. O Vaticano apoiou igualmente Franco, pois a Igreja condenava o comunismo - e também porque a política anticlerical do governo da República não lhe oferecia outra alternativa. General Eoin O'Duffy . Franco e a Igreja católica. 33 O papa Pio XI, no entanto, que não tinha simpatias pelo fascismo, e que em 1937 publicaria a encíclica em alemão Mit brennender Sorge ("Com profunda preocupação"), condenando a ideologia nazista, não chegou jamais a oferecer um apoio incondicional ao campo franquista. No País Basco- que ficou isolado do restante da zona republicana desde o início da guerra - grande parte do clero católico colocou-se ao lado do nacionalismo basco e pela República, escapando assim à sorte dos seus análogos no restante do território republicano, onde as igrejas foram saqueadas e os padres perseguidos como agentes do fascismo. Pelo menos uma figura do alto clero espanhol, o cardeal-arcebispo de Tarragona Vidal y Barraquer - que havia sido exilado na Itália pela Generalitat republicana catalã - tentou realizar esforços por uma paz negociada, o que lhe valeu o desprazer constante do governo franquista, que impediu o seu retorno a Espanha até à sua morte em 1943, na Suíça. Papa Pio XI . Francisco de Asís Vidal y Barraquer, cardeal-arcebispo de Tarragona Vidal y Barraquer. 34 De certo modo, a divisão no interior do catolicismo mundial encontra-se bem descrita num artigo, muito posterior, do escritor e católico integrista brasileiro Gustavo Corção que relata como um grupo de padres bascos, buscando entrevistar-se com Pio XI para conseguirem um protesto seu contra as perseguições franquistas ao clero basco, teria sido impedido de conferenciar com o pontífice pelo seu Secretário de Estado, o cardeal Pacelli [2]- que, mais tarde, como papa Pio XII, seria objeto de fortes controvérsias quanto a sua postura em relação ao fascismo. O mesmo Pio XII, tendo sido elevado ao papado durante o término da Guerra Civil, saudou o fim da guerra com a vitória nacionalista no documento Com imenso gozo e em discurso radiofônico de 18 de abril de 1939. Em 11 de maio de 2001, o papa João Paulo II procederia à beatificação de 233 vítimas religiosas da repressão republicana. Uma nova beatificação de outras 498 vítimas seria proclamada por Bento XVI em 28 de outubro de 2007.Esta última beatificação, que não foi celebrada pelo próprio papa, não sendo incluída, entre suas celebrações litúrgicas, foi no entanto, a maior beatificação da história da Igreja Católica. O papa declarou, na ocasião,a importância do martírio como testemunho de fé numa sociedade secularizada. Continuam sem solução os protestos dos parentes das vítimas das repressões nacionalistas ao clero basco contra o que consideram falta de reconhecimento da hierarquia católica [5] Padres Salesianos assassinados pelo regime de Francisco Franco. 35 As tropas republicanas receberam ajuda internacional, proveniente da URSS (alguns assistentes militares e material bélico) e das Brigadas Internacionais composta de militantes de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo e de numerosas pessoas que a título individual entravam na Espanha a defender o governo da República. Vários intelectuais europeus e americanos participaram deste esforço, nomeadamente o romancista americano Ernest Hemingway, o escritor inglês George Orwell, o poeta também inglês W. H. Auden, os escritores franceses André Malraux e Saint-Exupéry e a matemática, católica e activista política, também francesa, Simone Weil. Dos brasileiros que lutaram nas Brigadas - principalmente militares comunistas de prévia militância na Aliança Nacional Libertadora - celebrizar-se-ia, sobretudo, Apolônio de Carvalho28, cuja atuação nas Brigadas seria seguida, após seu internamento na França, pela sua participação heróica na Resistência Francesa. Os governos da Inglaterra e da França, optaram por ficar de fora, impondo um embargo geral à exportação de armas à Espanha. Oficialmente, este embargo foi furado pela Alemanha e pela Itália, e não levou a qualquer consequência, na ausência de sanções impostas pela Liga das Nações. Para os anarquistas e outros críticos de Extrema Esquerda, boa parte da culpa da derrota do campo republicano espanhol pode ser creditada à política de Josef Stalin, que, desejoso da vitória da República, mas temendo que esta vitória 28 Apolônio de Carvalho foi uma figura ímpar no cenário da vida política brasileira. Poucos como ele viveram com tanta intensidade a «paixão libertária» que o impeliu, desde os seus anos de cadete da Escola Militar de Realengo, a engajar-se na luta pelos ideais socialistas e contra os regimes de opressão, com uma coerência que se manifestou em todos os episódios vividos: da militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e na ANL (Aliança Nacional Libertadora) à participação na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa contra o fascismo; da luta clandestina contra a ditadura militar no Brasil, como membro do PCBR, à militância no PT, desde o momento da fundação do partido até sua morte. Apolônio de Carvalho , Corumbaense, herói na Guerra Civil Espanhola. 36 levasse a uma revolução socialista na Espanha que criasse complicações diplomáticas à União Soviética -pois um "Outubro Espanhol" criaria uma divisão ideológica na Europa Ocidental que atuaria contra a política de uma Frente Popular antifascista que era o grande objetivo de Stalin à época - foi capaz apenas de realizar uma ajuda militar tímida, pelo envio de alguns militares, aviões e armas (por estas exportações de armas, Stálin fêz-se pagar com a reserva de ouro do Banco Central Espanhol). Segundo este ponto de vista, instalou na Espanha uma série de agentes da sua polícia secreta, o GPU, que desencadeou uma política de repressões indiscriminadas contra militantes de Extrema Esquerda, anarquistas e trotskistas, visando conter a Guerra Civil dentro de um marco democrático-liberal. O ponto alto destas repressões foi a prisão e morte sob tortura de Andreu Nin, dirigente catalão do semi-trotskista POUM - Partido Operário de Unificação Marxista. Para cúmulo, Stálin ainda encarcerou e matou como traidores os executantes desta política (tais como o velho bolchevique Antonov-Ovssenko, que havia comandado em 1917 a tomada do Palácio de Inverno do tsar em São Petersburgo) quando do seu retorno à URSS, de modo a impedir o questionamento de sua política espanhola. E Isaac Deutscher sumariza: ao tentar preservar a respeitabilidade burguesa da Espanha republicana, sem querer antagonizar as democracias liberais européias, Stalin não preservou nada e antagonizou a todos: a causa da revolução socialista foi perdida, sem que a Direita européia, por um momento sequer, deixasse de ver em Stalin o agitador revolucionário. Teve fim a guerra com a consequência da morte de mais de 400 mil espanhóis e uma queda enorme na economia, como a morte de mais da metade do gado,a queima de vários campos e milhões de moradias destruidas. Um abalo financeiro e queda do PIB que demorou quase 30 anos para se normalizar. Outras fontes ressaltam a dificuldade em quantificar o número de mortos por causa da guerra originada pelo chamado "Movimiento Nacional", mas colocam o dado para todo o período do franquismo de mais de 2 milhões de pessoas mortas sob o regime fascista. Nas áreas controladas pelos anarquistas, Aragão e Catalunha, somando-se às suas vitórias militares temporárias, existiu uma grande mudança social na qual os trabalhadores e camponeses se apoderaram da terra e da indústria, estabeleceram conselhos operários paralelos ao governo, que estava paralisado, e autogestionaram a economia. Esta revolução ocorreu à revelia dos republicanos e comunistas apoiados pela União Soviética. A coletivização agrária obteve um êxito considerável, apesar da carência de recursos, já que as terras com melhores condições para o cultivo estavam em poder dos "Nacionais". Esse êxito sobreviveu na mente dos revolucionários libertários como uma prova de que uma sociedade anarquista pode florescer sob certas condições como as que haviam durante a Guerra Civil Espanhola. Mais tarde durante o conflito, o governo e os comunistas receberam armas soviéticas, com as quais restauraram o controle do governo e se esforçaram por ganhar a guerra através da diplomacia e do poder bélico. Os anarquistas e os 37 membros do POUM foram integrados ao exército regular, ainda que a contragosto, e o POUM foi declarado ilegal, após ser falsamente denunciado como instrumento dos fascistas. Num dos episódios mais dramáticos da Guerra, centenas de milhares de soldados comunistas e militantes anarquistas, ambos antifascistas, enfrentaram-se uns aos outros pelo controle dos pontos estratégicos de Barcelona, nas chamadas "Jornadas de Maio de 1937". Por trás desse conflito estava a divergência básica entre PCE de um lado e POUM e CNT de outro: estes acreditavam que a guerra devia servir para conduzir à vitória na revolução que tinham iniciado; já o PCE acreditava que a revolução lhes minava os esforços diplomáticos para ganhar o apoio das potências ocidentais contra o fascismo, assim como seu esforço de controle sobre a economia e a sociedade de maneira geral. Na Galiza, zona que ficara na "retaguarda fascista" (militarmente ocupadas logo no início), a luta republicana encontrou a forma de guerrilhas organizadas que levaram a luta até depois de 1940. A resposta através do método das guerrilhas manteve-se na Galiza até 1956 com muita força, iniciando-se um período de decadência a partir desta data, devida em parte ao abandono dessa estratégia por parte do PCE, até ocorrerem os últimos assaltos e combates em 1967, com a morte do último guerrilheiro e o exílio doutros. Segundo dados fornecidos por diferentes historiadores foram presas ou mortas cerca de 10.000 pessoas relacionadas com a guerrilha galega durante esses anos. O Franquismo instaurou na Galiza/Galicia o método dos "passeios" (ir procurar pessoas a sua casa para "passeá-los", isto é fuzilá-los à noite e deixá-los nas valetas). Através deste método do "passeio", dos conselhos de guerra realizados contra civis, dos fuzilamentos maciços dos prisioneiros e dos confrontos armados com a guerrilha morreram 197.000 pessoas galegas (fonte "La Guerra Civil en Galicia" edic. La Voz) durante o regime franquista, das quais a grande maioria continua
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