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Prévia do material em texto

2017
Prof. Graciela Márcia Fochi
Prof. Thiago Rodrigo da Silva
Contexto HistóriCo-
FilosóFiCo da eduCação
Copyright © UNIASSELVI 2017
Elaboração:
Prof. Graciela Márcia Fochi
Prof. Thiago Rodrigo da Silva
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
370.1
F652c 
 Fochi; Graciela Márcia
 Contexto histórico-filosófico da educação / Graciela Márcia 
Fochi; Thiago Rodrigo da Silva: UNIASSELVI, 2017.
 225 p. : il.
 ISBN 978-85-515-0056-9
 1.Educação - Filosofia. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Impresso por:
III
Apresentação
Prezado acadêmico!
Com grande satisfação apresentamos mais um caderno, que com zelo 
preparamos para que ele possa lhe ser referência e fonte de consulta na jornada 
de estudos que aqui se inicia. Trata-se do Caderno de Estudos da disciplina 
de Contexto Histórico-filosófico da Educação. Com isto, compreendemos 
que o papel social de educar e aprender apresenta diferentes características e 
que sofre alterações conforme o contexto histórico, filosófico, político e social 
de cada sociedade com que se está lidando. 
Na primeira unidade de estudos, leremos sobre o desenvolvimento 
das práticas educativas em contextos sociais distintas das nossas, mas que ao 
mesmo tempo, possuem uma relação primordial com o ensino ministrado e 
aprendido no presente, pois estudaremos a educação da invenção da escrita 
até o surgimento das universidades. A importância da temática é quase 
“autoexplicativa”, pois, estamos num contexto de ensino superior e temos 
consciência da importância da escrita para o desenvolvimento do intelecto 
humano, do registro escrito à transmissão dos conhecimentos.
Porém, como parte intrínseca das organizações sociais, mesmo 
em culturas humanas sem escrita (as sociedades ágrafas), existem práticas 
educativas que foram e são fundamentais para a manutenção, unidade e 
renovação de inúmeros grupos tribais. Enfatizaremos também como a filosofia 
grega e o pensamento cristão medieval motivaram o desenvolvimento de 
pedagogias inovadoras. 
 
Na Unidade 2 do Caderno de Estudos, contemplaremos um segundo 
momento da história da educação no ocidente, no qual tivemos um aumento 
da preocupação das sociedades com o ato de ler, escrever e realizar as quatro 
operações matemáticas básicas (somar, subtrair, dividir e multiplicar). Tal 
preocupação das sociedades possui motivações religiosas, como a leitura da 
bíblia para os protestantes, assim como motivações econômicas, nas quais 
podemos pensar nos exemplos dos contratos comerciais e políticos realizados 
na época das grandes navegações ibéricas e as aferições dos lucros durante a 
época da Revolução Industrial. 
Neste mundo que se transformou de majoritariamente agrário para 
amplamente urbanizado, artesanal para industrial, sagrado a laico, de 
religioso a científico, tivemos uma grande quantidade de pensadores que 
buscaram formas criativas e humanistas de educar a juventude, começando 
por Comênio, passando por Froebel, Jean Piaget e outros pedagogos. 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Por fim, na terceira unidade de estudos, abordaremos questões 
relativas à educação no Brasil. Faremos uma digressão histórica, que se 
inicia ainda nos tempos do Brasil Colonial e a educação dos padres jesuítas, 
passando pela formação de instituições educacionais ao longo do Brasil 
Imperial (Colégio D. Pedro II, Faculdades de Medicina, Engenharia e Direito), 
chegando até a República, que teve como um dos seus principais marcos a 
criação de universidades e o Manifesto dos Pioneiros da Nova Educação de 
1932. 
Em relação aos pensadores que refletiram e buscaram abrir novos 
caminhos para aumentar a qualidade da educação nacional, conheceremos 
um pouco da vida e do pensamento de homens como Anísio Teixeira, Paulo 
Freire e Rubem Alves. 
No desejo de uma ótima jornada de estudos, um abraço afetuoso dos 
conteudistas.
Graciela Márcia Fochi 
Thiago Rodrigo da Silva
UNI
V
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
Sumário
UNIDADE 1 – DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES .... 1
TÓPICO 1 – A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA 
ESCRITA NA ANTIGUIDADE ............................................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 AS SOCIEDADES ÁGRAFAS ........................................................................................................... 3
3 A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS .......................................................................... 9
 3.1 O PAPEL EDUCACIONAL DO CHEFE TRIBAL ...................................................................... 11
 3.2 O PAPEL EDUCACIONAL DAS MÃES E DOS PAIS ............................................................... 12
 3.3 O PAPEL EDUCACIONAL DO XAMÃ ...................................................................................... 12
 3.4 O PAPEL EDUCACIONAL DOS HOMENS MAIS VELHOS .................................................. 12
 3.5 AS VISÕES SOBRE A INFÂNCIA NAS SOCIEDADES TRIBAIS ........................................... 12
4 AS SOCIEDADES DO ANTIGO ORIENTE .................................................................................. 13
5 AS SOCIEDADES DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO, AS INSTITUIÇÕES E O 
PENSAMENTO EDUCACIONAL ....................................................................................................... 18
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 21
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 22
TÓPICO 2 – O MUNDO GRECO-ROMANO: UMA DAS BASES EDUCACIONAISDA 
SOCIEDADE OCIDENTAL .................................................................................................................. 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23
2 O PROCESSO DE FORMAÇÃO HISTÓRICA DA SOCIEDADE GRECO-ROMANA ........ 23
3 A FILOSOFIA GREGA E O PENSAMENTO ROMANO ............................................................ 30
4 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA: A CRIAÇÃO DE INSTITUIÇÕES ......... 34
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 37
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 38
TÓPICO 3 – IDADE MÉDIA: A PATRÍSTICA, A ESCOLÁSTICA E O NOMINALISMO ..... 39
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 39
2 O MUNDO BIZANTINO ................................................................................................................... 40
3 O MUNDO ÁRABE MUÇULMANO ............................................................................................... 43
4 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA OCIDENTAL ...................................................................... 45
 4.1 A CAVALARIA ................................................................................................................................ 47
 4.2 PRECEPTORIA: A EDUCAÇÃO DA NOBREZA NA IDADE MÉDIA E NA IDADE 
 MODERNA ...................................................................................................................................... 47
 4.3 A PATRÍSTICA ................................................................................................................................ 48
 4.4 A REFORMA EDUCACIONAL CAROLÍNGIA ........................................................................ 50
 4.5 OS MOSTEIROS E A EDUCAÇÃO MEDIEVAL: O MOVIMENTO CENOBITA E AS 
 ORDENS MENDICANTES ............................................................................................................ 51
 4.6 OS MONGES COPISTAS ............................................................................................................... 52
 4.7 A ESCOLÁSTICA ............................................................................................................................ 53
 4.8 O NOMINALISMO ......................................................................................................................... 54
 4.9 A FORMAÇÃO DAS CIDADES E AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO ..................................... 54
 4.10 AS UNIVERSIDADES .................................................................................................................. 55
VIII
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 57
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 63
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 64
UNIDADE 2 – ELEMENTOS DO CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL 
MODERNO E CONTEMPORÂNEO .................................................................................................. 65
TÓPICO 1 – O DECLÍNIO DO PENSAMENTO CRISTÃO E O FORTALECIMENTO DO 
HUMANISMO MODERNO ................................................................................................................. 67
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 67
2 O IMPACTO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES E DA PRENSA DE GUTTEMBERG NO 
CENÁRIO EDUCACIONAL, POLÍTICO E SOCIAL ...................................................................... 69
3 ELEMENTOS DO CONTEXTO FILOSÓFICO E CIENTÍFICO DA RENASCENÇA ............ 72
 3.1 AS UNIVERSIDADES, AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO, AS GRAMÁTICAS E O DECLÍNIO 
 DO LATIM ....................................................................................................................................... 74
 3.2 IMPLICAÇÕES DA REFORMA PROTESTANTE E DA CONTRARREFORMA NO 
 CAMPO RELIGIOSO E EDUCACIONAL .................................................................................. 76
4 PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS E FILOSÓFICOS DA ÉPOCA MODERNA ............................... 82
 4.1 ELEMENTOS DO CONTEXTO EDUCACIONAL MODERNO: A EDUCAÇÃO 
 REALISTA DO SÉCULO XVII ....................................................................................................... 88
 4.2 OS MANUAIS DE ETIQUETA E DE BONS COSTUMES ......................................................... 92
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 93
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 99
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 100
TÓPICO 2 – A FORMAÇÃO DO SISTEMA LAICO DE ENSINO NO OCIDENTE 
CONTEMPORÂNEO ............................................................................................................................. 101
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 101
2 A SUPERAÇÃO DO ANTIGO REGIME E DO SISTEMA COLONIAL E AS 
IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO ....................................................................................................... 101
3 OS PRINCIPAIS INTELECTUAIS E O PENSAMENTO DOS EDUCADORES LEIGOS .... 103
4 O EXEMPLO DE HEGEL .................................................................................................................... 106
5 O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DE DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS E 
DISCIPLINAS AUXILIARES ............................................................................................................... 107
 5.1 SOCIOLOGIA: A CIÊNCIA DA SOCIEDADE ........................................................................... 108
 5.2 A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO ............................................................................................... 115
 5.3 O IMPASSES DO PROCESSO DE LAICIZAÇÃO E DA RACIONALIZAÇÃO .................... 116
 5.3.1. O MOVIMENTO DO ROMANTISMO .............................................................................. 116
 5.3.2 O exemplo de Friedrich Nietzsche ....................................................................................... 117
 5.4 TRANSFORMAÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO CONTEXTO 
 EDUCACIONAL ............................................................................................................................. 118
 5.5 OS IMPACTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO ENSINO SUPERIOR ....................... 121
 5.6 A EDUCAÇÃO NOS PAÍSES AUTORITÁRIOS: O COMUNISMO E O NAZI-
 FASCISMO ....................................................................................................................................... 121
 5.7 O EXEMPLO DA ESCOLA DE FRANKFURT ............................................................................ 123
 5.8 O EXEMPLO DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO ..................................................................... 123
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 124
RESUMO DOTÓPICO 2 ....................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 128
TÓPICO 3 – CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL 
CONTEMPORÂNEO ............................................................................................................................. 129
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 129
IX
2 A FILOSOFIA NO CONTEXTO EDUCACIONAL CONTEMPORÂNEO .............................. 130
3 O CONTEXTO EDUCIONAL EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO: DO CÓDEX À TELA ...... 131
4 IMPLICAÇÕES DA PÓS-MODERNIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL ................. 133
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 138
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 142
UNIDADE 3 – O CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO 
BRASILEIRA ............................................................................................................................................ 143
TÓPICO 1 – CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO DA EDUCAÇÃO NO PERÍODO 
COLONIAL E IMPERIAL ..................................................................................................................... 145
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 145
2 O EXEMPLO DE PORTUGAL .......................................................................................................... 146
3 FUNDAMENTOS DO MODELO E MÉTODO JESUÍTICO DE ENSINO ............................... 150
4 FUNDAMENTOS HISTÓRICO-FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO NA ÉPOCA 
IMPERIAL ................................................................................................................................................ 153
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 160
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 161
TÓPICO 2 – CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL NOS PRIMEIROS 
ANOS DA REPÚBLICA ........................................................................................................................ 163
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 163
2 ELEMENTOS EDUCACIONAIS DO BRASIL IMPÉRIO ........................................................... 164
 2.1 DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA APÓS OS ANOS DE 1930 .............................. 169
 2.2 O LEGADO DE ANÍSIO TEIXEIRA: O DEFENSOR DA ESCOLA NOVA NO BRASIL ..... 175
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 178
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 179
TÓPICO 3 – CONTEXTO HISTÓRICO-FILOSÓFICO EDUCACIONAL DA SEGUNDA 
METADE DO SÉCULO XX ................................................................................................................... 181
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 181
2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB ................................ 181
3 ORGÃOS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO NO BRASIL: O ENSINO MILITAR ................... 184
4 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA ......................................................................................... 186
 4.1 MARGINALIZADOS E DESVALIDOS TUTELADOS PELO ESTADO .................................. 188
 4.2 O ENSINO TÉCNICO NO BRASIL .............................................................................................. 188
5 FUNDAMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS E FILOSÓFICOS PRESENTES NOS 
PCN ............................................................................................................................................................ 191
 5.1 HISTÓRIA DA ÁFRICA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA: A LEI Nº 10.639, DE 2003 ..... 194
 5.2 AS POSSIBILIDADES DOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES ...................................................... 195
6 PRINCIPAIS PENSADORES DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA DO SÉCULO XX .................. 196
 6.1 PAULO FREIRE (1921- 1997) ......................................................................................................... 196
 6.2 RUBEM ALVES (1933-2014) ........................................................................................................... 200
 6.3 DERMEVAL SAVIANI (1943) ........................................................................................................ 201
 6.4 JOSÉ CARLOS LIBÂNEO (1945) .................................................................................................. 202
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 203
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 205
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 210
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 211
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 213
ANOTAÇÕES .......................................................................................................................................... 232
X
1
UNIDADE 1
DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À 
FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• ter elementos para a compreensão do processo de formação da educação 
nas sociedades sem escrita.
• relacionar a tradição greco-romana como uma das raízes da educação oci-
dental.
• compreender o processo de formação do sistema ocidental cristão de edu-
cação.
• avaliar diferentes formas de educação antes da invenção da imprensa.
Esta unidade está dividida em três tópicos, para facilitar a compreensão 
das temáticas abordadas. Ao final de cada tópico existem atividades que 
facilitarão a compreensão dos temas históricos abordados. 
TÓPICO 1 - A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O 
SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE 
TÓPICO 2 - O MUNDO GRECO-ROMANO: UMA DAS BASES 
EDUCACIONAIS DA SOCIEDADE OCIDENTAL
TÓPICO 3 - IDADE MÉDIA: PATRÍSTICA, ESCOLÁSTICA E 
NOMINALISMO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS 
E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA 
ANTIGUIDADE
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico entraremos em contato com a formação dos primeiros tipos 
de modelos educacionais surgidos na humanidade. A educação tribal pode ser 
denominada também como educação difusa, pois nela não está presente a figura 
da instituição escolar. Também analisaremos a presença da educação e o seu 
desenvolvimento nas primeiras sociedades letradas da história humana, como 
os mesopotâmicos, egípcios, hebreus, fenícios e persas. Seguindo a cronologia, 
iniciaremos nossa narrativa contemplando a presença daeducação nas sociedades 
ágrafas.
2 AS SOCIEDADES ÁGRAFAS
Podemos compreender por sociedades ágrafas as comunidades humanas 
que não possuem formas de escrita. Em geral, uma visão linear da história classifica 
que o homem “entra na história” deixando a pré-história após o desenvolvimento 
da capacidade de escrita. Porém, não temos como, em pleno século XXI, continuar 
a reproduzir uma visão tão estreita das sociedades humanas, pois até na atualidade 
existem grupos humanos, com formas de organização social complexas, que não 
possuem a escrita como forma de mediação de conhecimento e memória. 
Assim, neste primeiro tópico vamos contemplar um pouco das sociedades 
ágrafas. Não é pela ausência da escrita que as sociedades teriam uma ausência de 
funções sociais, além de uma preocupação educacional constante por parte das 
lideranças grupais. Em geral, as sociedades ágrafas são estudadas por diferentes 
profissionais das ciências humanas e naturais. Quando se trata do estudo das 
sociedades sem escrita que já desapareceram há milhares de anos, seu estudo fica 
a cargo de arqueólogos. Quando se trata do estudo de sociedades contemporâneas, 
seu estudo fica a cargo dos antropólogos e, por vezes, sociólogos e historiadores. 
Os arqueólogos são profissionais que estudam os vestígios fósseis de 
civilizações pré-históricas, ou de civilizações perdidas há milhares de anos. 
Portanto, seu trabalho se realiza nos denominados sítios arqueológicos, nos quais 
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
4
são encontrados os restos de cultura material de alguma civilização pretérita 
(BRAIDWOOD, 1988). Os paleontólogos estudam os fósseis da vida na Terra, não 
obrigatoriamente vinculados aos seres humanos. O seu método analítico é plural, 
devido aos diferentes tipos de fósseis que o paleontólogo analisa: de animais 
invertebrados, de vertebrados, de plantas, entre outras possibilidades de vida 
humana fossilizada. 
Os antropólogos, por sua vez, utilizam uma metodologia de trabalho 
completamente diferente dos arqueólogos e paleontólogos. Os antropólogos em 
geral realizam o denominado trabalho de campo. Isto é, passam meses em uma 
tribo, buscando compreender sua língua e seu modo de funcionamento, anotando 
suas observações em um diário de campo. Posteriormente, realizam o relato 
etnográfico, no qual apontam as características da população por eles analisada. 
Em grande parte, é com base nos diferentes dados disponibilizados pelos 
antropólogos, arqueólogos, paleontólogos e demais profissionais das ciências 
humanas, que iremos realizar a caracterização das sociedades ágrafas na presente 
unidade deste caderno de estudos. Um primeiro e importante dado a pensar 
é que, mesmo estando vivendo em um período da história do mundo no qual 
temos acesso a diversos mecanismos tecnológicos para a comunicação entre as 
pessoas, passando pela televisão e o rádio, chegando aos computadores e telefones 
celulares, hoje, no momento em que estamos lendo este texto, existem milhares 
de pessoas vivendo em formas de organização social na qual não existem estas 
mediações tecnológicas, e a vida segue em um contato direto com a natureza. 
Estas populações, em geral, não possuem escrita formal. Assim, contemplaremos 
algumas destas sociedades. 
As sociedades ágrafas mais próximas aos brasileiros são as comunidades 
indígenas. O termo índio provém do eurocentrismo dos primeiros navegadores 
europeus que atingiram as costas litorâneas do continente americano e 
denominaram os nativos índios por acreditarem estar pisando nas Índias, isto é, na 
Ásia. As sociedades indígenas têm uma tradição secular na América. Em geral, se 
acredita terem os nativos americanos migrado da Ásia, atravessando o Estreito de 
Bering, no extremo norte do continente. Assim como entre os europeus ocidentais, 
que têm sua divisão cultural marcada pela origem dos idiomas (latino, eslavo, 
saxão, escandinavos), os indígenas da América também são classificados conforme 
a sua diferente forma de fala. Quatro são os principais troncos linguísticos dos 
indígenas americanos: Tupi-guarani, Arauaque, Jê e Caribe. Isto é, estes quatro 
troncos linguísticos apontam que vários grupos têm uma matriz cultural comum, 
que ganhou maior variedade devido ao processo de migração pelo continente 
(OLIVEIRA; FREIRE, 2006).
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
5
FIGURA 1- MENINA INDÍGENA
Uma visão estereotipada dos indígenas aponta como menos desenvolvidos, 
andando nus pelas matas, realizando o canibalismo e vivendo em poligamia, 
isto é, um homem tendo várias esposas. Tal visão estereotipada é reforçada 
pelos manuais didáticos de história, pois estes apresentam apenas os indígenas 
de 500 anos passados, quando da vinda dos europeus para a América. Todavia, 
deveríamos ter uma relação e visão completamente diferentes das tribos existentes 
na atualidade. Se nos últimos 500 anos o homem branco mudou de forma radical, 
os indígenas também mudaram. 
Até mesmo considerar as tribos indígenas como pertencentes a sociedades 
sem escrita pode ser considerado uma visão estereotipada. Desde o século XVI, 
parte das línguas nativas passou a ter alguma forma de escrita. No atual momento 
da história brasileira, temos alguns indígenas alcançando os graus universitários, 
sendo também comum a presença de alfabetizadores dentre as principais tribos 
brasileiras. Todavia, apenas por força da tradição, mantivemos os indígenas 
brasileiros como exemplos de sociedades ágrafas. 
Um dos principais estudiosos da presença indígena na sociedade brasileira foi o 
antropólogo Darcy Ribeiro. Em relação às suas obras, é interessante ler alguns de seus livros, 
como Os Índios e a Civilização, assim como O Povo Brasileiro e O Processo Civilizatório.
UNI
FONTE: Disponível em: <www.amazonia.org.br>. Acesso em: 15 ago. 2016.
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
6
Não apenas as tribos indígenas presentes no Brasil e nos demais países 
americanos são exemplos de sociedades sem escrita (com as ressalvas realizadas 
no parágrafo anterior). Na África e na Ásia ainda encontramos algumas formações 
culturais que não precisaram do desenvolvimento da escrita. Podemos citar os 
aborígines australianos, as populações isoladas das ilhas do Oceano Pacífico, assim 
como algumas tribos africanas, com destaque para os povos pigmeus. 
Em geral, denominam-se aborígines os nativos da Austrália, local em que 
grande parte das tribos sofreu com o processo de colonização empreendido pelos 
ingleses, assim como o preconceito racial marcou a vida de muitos destes nativos 
da Oceania durante grande parte da presença europeia na Austrália. Na atualidade, 
o governo australiano buscou formas de integrar os aborígines, sem utilizar da 
violência como a principal forma de linguagem. Também em pequenas ilhas do 
Oceano Pacífico, outras comunidades existem e são formadas por sociedades sem 
escrita. Como já afirmado, na África, dentre as populações sem escrita, uma das 
mais tradicionais são os pigmeus. Caracterizados pela baixa estatura, possuem 
uma forma peculiar de vida. 
As sociedades sem escrita possuem algumas características comuns. Em 
geral, as trocas econômicas são naturais, isto é, não possuem as moedas como 
símbolo econômico. Outra importante característica das sociedades ágrafas é a 
ausência de uma divisão de classes. Grande parte da divisão do trabalho é sexual. 
Determinadas tarefas cotidianas são destinadas aos homens, e outras destinadas 
FIGURA 2 - INDÍGENA UNIVERSITÁRIO
FONTE: Disponível em: <www.portalmec.gov.br>. Acesso em: 15 ago. 2016.
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
7
às mulheres. Questões ligadas à caça e pesca de animais para a alimentação, assim 
como a guerra, em geral, são atividades masculinas. Por sua vez, o preparo do 
alimento, assim como a coleta de frutos e grãos, são atividades majoritariamente 
femininas. 
Uma dasclassificações gerais das sociedades ágrafas é a divisão entre 
nômades e sedentários. Não é ausência de casa, mas sim de agricultura, a principal 
característica a diferenciar os dois grupos humanos. As sociedades nômades se 
caracterizam pala ausência de agricultura, sobrevivendo da coleta de frutos e 
raízes. Por sua vez, as comunidades sedentárias são aquelas que possuem grande 
produção agrícola e a existência de excedente, o que permite, como consequência, 
a fixação de residência em um local determinado, por não existir a necessidade de 
se migrar para a busca de alimentação (BRAIDWOOD, 1988). 
 
Podemos compreender, a partir desta explicação, que os indígenas 
brasileiros têm como principal característica o seminomadismo. Isto porque as 
comunidades possuem agricultura, porém, não possuem a figura do excedente. 
Com isto, essas comunidades possuem processos migratórios. Devido a isto, 
podemos compreender como é complexa a solução encontrada pelo Estado 
brasileiro ao longo do século XX, que é a da criação de reservas indígenas. 
A grande pergunta a se responder com relação às sociedades tribais é a 
seguinte: por que, mesmo com o grande desenvolvimento tecnológico da sociedade 
ocidental, as sociedades tribais continuam a existir em pleno século XXI? 
A principal resposta é a eficiência econômica. Para compreendermos esta 
eficiência, devemos analisar a formação das sociedades ágrafas desde o período 
pré-histórico. Pois, partindo do pressuposto de que a necessidade básica da 
manutenção da vida humana é a alimentação, nós podemos compreender que a 
denominada Revolução Agrícola, ocorrida há mais ou menos 10 mil anos, teve 
como legado uma eficiência na produção de alimentos que se manteve até o 
presente.
Um dos mais destacados pesquisadores da Pré-história foi o australiano 
Gordon Childe. Suas pesquisas relativas ao período neolítico foram revolucionárias para a 
compreensão que temos sobre a vida humana, em especial pelos termos criados por ele, 
como Revolução Neolítica e Revolução Urbana. 
Por pré-história se compreende o estudo do passado da humanidade, do 
surgimento dos homens na Terra até a invenção da escrita. Portanto, podemos 
compreender a pré-história como um dos principais períodos da história humana, 
UNI
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
8
porque ele é o mais longo. Todavia, não devemos afirmar, por exemplo, que os 
indígenas brasileiros vivem na pré-história, mas sim que possuem um modo tribal 
de organização econômica que surgiu na pré-história. 
Uma das principais classificações sobre a pré-história é a divisão tripartite 
do período em paleolítico, mesolítico e neolítico. O paleolítico, período mais 
antigo, se caracteriza pelo período no qual os homens eram nômades. Por sua vez, 
o mesolítico é um período intermediário, que desemboca no neolítico, que tem 
como principal característica o processo de sedentarização. De modo esquemático, 
podemos compreender estes três períodos como: 
Paleolítico: Período anterior ao domínio do fogo. 
Mesolítico: Período no qual o homem conseguiu dominar o fogo. 
Neolítico: Período da Revolução Agrícola. 
 
A principal revolução tecnológica vivida durante o período da pré-história 
foi o desenvolvimento da agricultura, há aproximadamente 10 mil anos. Pois, 
tivemos um início da possibilidade de se utilizar o reino vegetal a favor dos seres 
humanos. Por isso, este processo, um dos mais importantes para a história humana, 
é denominado de Revolução Agrícola. Esta possibilitou aos seres humanos uma 
melhor utilização do meio ambiente. Pois, além de se utilizar a força dos animais 
para o desenvolvimento humano, também se passou a utilizar das sementes, 
plantas, flores e frutos, para a alimentação, cura de doenças, além de perfume e 
embelezamento estético nas diferentes sociedades humanas. 
Com relação à importância da pré-história e das sociedades ágrafas, alguns 
filmes foram criados. Dentre eles, podemos citar alguns que se tornaram clássicos. Com 
relação à pré-história, o filme A Guerra do Fogo, dirigido pelo cineasta francês Jean-Jacques 
Annaud, é destaque. Outro filme interessante é Rappa-Nui, produção norte-americana que 
retrata a vida na Ilha de Páscoa, antes da chegada dos colonizadores europeus.
Uma das principais transformações sociais que a sedentarização 
(possibilitada pela revolução agrícola) vivenciou foi o surgimento do excedente. 
Isto é, o surgimento de uma produção de alimentos maior que a necessidade de 
consumo do grupo. Assim, surge uma das primeiras preocupações sociais, a de 
se ter a capacidade de guardar o excedente de modo a possibilitar a alimentação 
da tribo em momentos de intempéries climáticas, como secas. Em função da 
agricultura, sistemas irrigados tiveram de ser criados, visando à utilização de 
vastas áreas para a produção de alimentos. 
UNI
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
9
Também o excedente gerado pela agricultura teve como um dos efeitos 
o aumento da rivalidade entre as tribos, pois uma disputa pelas terras que 
apresentavam melhores condições de plantio se tornou uma das principais 
ambições dos grupos humanos. O excedente estimulou, nas diferentes sociedades, 
uma incipiente divisão do trabalho. Todavia, a divisão era regida pela forma de 
organização social, em que se pesava a faixa etária, a hereditariedade e o gênero. 
Como já afirmamos, em geral, o papel de caça e pesca era masculino, assim como a 
ação de guerreiros nas violentas disputas tribais. Para as mulheres eram reservadas 
as funções ligadas à agricultura. As crianças, por sua vez, eram estimuladas a 
auxiliar os adultos nas tarefas da tribo que eram, em geral, divididas conforme o 
sexo. No entanto, é importante salientar que existiam funções especiais, como a do 
líder político (entre os indígenas comumente denominamos cacique) e os xamãs, 
os chefes espirituais das tribos (entre os indígenas, denominados pajés). 
Este sistema socioeconômico demonstrou grande eficiência, ao possibilitar 
a manutenção da vida nos mais diferentes locais do mundo. Dois pontos são 
importantes para a compreensão da educação nas sociedades ágrafas. Um primeiro 
é o da ausência de instituições. Uma segunda questão é a compreensão mítica do 
universo. Estes dois elementos explicam o modo difuso de educação praticado 
nestas sociedades. 
3 A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS
Uma das principais características das sociedades ágrafas é a ausência de 
instituições formais. Esta ausência de instituições pode ser compreendida segundo 
a teoria de um importante antropólogo francês da segunda metade do século XX, 
Pierre Clastres, autor da relevante tese A Sociedade Contra o Estado (CLASTRES, 
2003). 
Segundo a observação deste antropólogo, a figura do chefe político das 
tribos indígenas da América do Sul não é tão relevante quanto a dos chefes de 
Estado da atualidade. O chefe possuía algumas regalias, como a possibilidade 
da poligamia, porém, as obrigações do chefe guerreiro são maiores que seus 
privilégios. Assim, deve o chefe ter grande capacidade oratória, ao mesmo tempo 
em que deve demonstrar generosidade com relação aos demais membros da 
tribo. O poder é mais aparente do que eficaz, pois não consegue o chefe impor 
aos demais membros da tribo obrigações, como impostos, privação de liberdade 
ou recrutamento militar compulsório. Este fato demonstra um maior controle da 
sociedade sobre os seus chefes. No Ocidente, por conseguinte, ocorre o contrário, 
sendo a principal característica o controle do Estado sobre a sociedade, tendo os 
chefes políticos um efetivo controle e poder sobre a população por eles dominada. 
Clastres aponta que o Estado existe nas sociedades ágrafas em sua forma 
latente, porém, as formas de controle da sociedade contra o poder instituído são 
melhores que as apresentadas pelo Ocidente, no qual o Estado possuiu um poder 
maior sobre os indivíduos que nas sociedades tribais. 
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADESÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
10
 FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 
12 ago. 2016.
Deste modo, o poder nas sociedades ágrafas é difuso. Isto é, ele não se apresenta 
da forma racional e hierarquizada como na sociedade ocidental. Por isso, o poder 
permanece difuso. Neste caso, podemos compreender que em uma sociedade na qual 
o poder permanece difuso, a educação é igualmente difusa. Um dos dados importantes 
para a compreensão das sociedades ágrafas é a ausência de instituições. Isto é, não existe 
nela marinha, exército, igreja, congresso nacional ou poder judiciário. No que tange 
às instituições educacionais, estão ausentes creches, escolas, colégios, universidades e 
faculdades, porém, podemos compreender a ausência destas instituições educacionais 
pela ausência das primeiras instituições citadas, pois, em grande parte, a educação tem 
como principal meta adequar os indivíduos ao meio social. Em um meio social no qual 
o poder é difuso, os processos educativos por eles realizados também são difusos. Em 
locais nos quais a relação de poder não é institucionalizada, não existe a necessidade 
de se institucionalizar o processo educativo. 
 
Mesmo com o pouco grau de institucionalização do processo educacional 
nas sociedades analisadas, podemos compreender que não eram grandes as 
liberdades dos indivíduos nas sociedades tribais. Isto porque, em grande parte, 
podemos observar que as funções sociais são muito rígidas, marcadas pela idade 
e sexo do indivíduo. No entanto, a ausência de liberdade, em geral, se relaciona 
também à compreensão do universo, que é de base mítica. Assim, a relação do 
indivíduo com o seu meio se caracteriza por uma mentalidade marcadamente 
vinculada aos mitos fundadores das tribos.
 
Os mitos possuem uma função pedagógica fundamental para a compreensão 
das sociedades tribais. Eles são uma forma de se passar o conhecimento dos 
antepassados, dos ancestrais, para as populações contemporâneas. Assim, a 
mitologia tinha uma relação clara com o processo educacional. Contudo, como 
podemos relacionar os mitos e suas implicações educacionais? 
Primeiramente, temos que compreender os mitos, e suas diversas funções: 
a de estabelecer uma explicação sobre o surgimento dos seres humanos, sobre a 
natureza, a contagem do tempo e as condutas individuais. 
FIGURA 3 - INSCRIÇÕES RUPESTRES
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
11
Com relação ao surgimento do universo, a função dos mitos possuiu uma 
clara e fundamental função explicativa. Muitos mitos existem ao redor do mundo, 
relacionando o surgimento do planeta a elementos da natureza, como a água, a 
terra, ou então, com fábulas relacionadas a demiurgos, isto é, a deuses criadores. 
Assim como para explicar o mundo, os mitos também são importantes para 
a compreensão do surgimento dos seres humanos sobre a Terra. Temos, assim, 
uma grande quantidade de mitos que apontam a presença dos seres humanos 
vinculados à natureza, ou como descendentes de antigos deuses. 
Como principal efeito dos mitos, temos uma visão sacralizada da natureza. 
Deste modo, os seres humanos têm uma visão de que a natureza deve ser preservada 
em seus principais aspectos, para que se possa ter um melhor aproveitamento do 
que ela oferta para o homem. Isto é, a visão principal das comunidades tribais é a 
da natureza como uma mãe, que com o seu seio possibilita a saciedade da fome de 
seus filhos. 
Assim, podemos compreender que a mitologia tem um papel fundamental 
no estabelecimento das condutas individuais das pessoas que vivem nas sociedades 
tribais, pois o mito, além de impulsionar algumas ações, também tem a capacidade 
de limitar as ações individuais e coletivas que causariam a ruína da coletividade. 
 
O papel de educador cabe a qual indivíduo nas sociedades ágrafas? O papel 
de professor é difuso, diluído entre os diversos personagens sociais que compõem 
a tribo. Deste modo, podemos pensar no papel educacional exercido pelos vários 
membros das comunidades tribais (ARANHA, 1996). 
3.1 O PAPEL EDUCACIONAL DO CHEFE TRIBAL
Podemos compreender que o chefe tribal possui alguma função educacional 
com os mais jovens. Sendo o líder, deveria ser ele um exemplo de coragem, carisma 
e astúcia com relação à superação das dificuldades cotidianas, que poderiam ser 
causadas tanto pela ação da natureza, como secas e estiagens, assim como cheias 
dos rios ou excesso de chuva, ao mesmo tempo que poderiam ser ocasionadas 
pelas ações belicosas de tribos rivais. Assim, ao observar a postura do chefe 
tribal, que liderava as ações de caça e guerra, os meninos iam aprendendo sobre 
a importância das habilidades com arco, flechas e pedras para a manutenção da 
tribo enquanto organização social. 
3.2 O PAPEL EDUCACIONAL DAS MÃES E DOS PAIS
 Uma figura que possuiu uma posição social diferente com relação à 
sociedade judaico-cristã ocidental no tocante ao papel de educar está na figura 
dos pais e das mães. Em nossa sociedade, cabe a estas figuras o papel de primeiro 
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
12
educador, porém, nas sociedades tribais, o principal papel da mãe, o de amamentar, 
poderia ser compartilhado com outras mulheres em processo de lactação. 
Por vezes, o papel que caberia ao pai, de ser um exemplo de masculinidade 
para a prole, era desempenhado pelo líder tribal, que possui, neste tipo de 
organização social, em geral, um papel de maior prestígio que o do progenitor. 
 
3.3 O PAPEL EDUCACIONAL DO XAMÃ
Uma das principais figuras educacionais era desempenhada pelo líder 
religioso. Isto porque os líderes religiosos tinham função de grande destaque nas 
tribos. Em especial, por serem os principais guardiões do conhecimento tribal com 
relação ao universo mítico, como também com relação à utilização medicinal dos 
elementos da natureza. Os xamãs, por sua vez, educavam seu sucessor, escolhido 
em geral dentre os meninos mais habilidosos da tribo. 
3.4 O PAPEL EDUCACIONAL DOS HOMENS MAIS VELHOS
No lugar do pai, um dos principais vetores de educação entre as sociedades 
ágrafas eram os anciãos e as anciãs. As mulheres e os homens mais velhos possuem 
uma grande importância para a tribo, pois a experiência no contato com a natureza 
permitia a eles uma grande vantagem na luta cotidiana pela sobrevivência. 
3.5 AS VISÕES SOBRE A INFÂNCIA NAS SOCIEDADES TRIBAIS
Nas sociedades tribais, as crianças tinham uma posição diferente em 
comparação com nossa sociedade. Sobre isto, podemos pensar em duas possibilidades 
de compreensão. A compreensão utópica e a compreensão funcionalista. A 
compreensão utópica aponta que as crianças gozavam de grande liberdade em 
sociedades como as tribais ou ágrafas. Isto porque a ausência de uma instituição 
disciplinadora, como a escola, garantiria às crianças um espaço de liberdade que 
elas não teriam em uma sociedade como a ocidental, na qual grande parte da vida 
infantil é regrada e disciplinada pela uniformização de condutas e castração de 
impulsos com os quais as sociedades ocidentalizadas tratam a infância. 
 
Tal visão é, em grande parte, uma utopia, uma visão sonhadora da vida 
nas comunidades tribais. Os funcionalistas nos lembram que em grande parte, 
assim como no Ocidente, as crianças observam uma rígida disciplina, porém, 
vinculadas não a trabalhar em indústrias ou repartições governamentais, mas, sim, 
em atividades ao ar livre. Muitos rituais que envolvem violência, como torturas 
físicas, fazem parte do universo indígena, em especial nos rituais de passagem 
que simbolizam o fim da vida infantil e o início da idade adulta. Com isto, 
podemos considerar que mais importante que julgar ser boa ou má a forma como 
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
13
as sociedades ágrafas educam suas crianças, é buscar compreender como estas 
sociedades lidam com a infância.
4 AS SOCIEDADES DO ANTIGO ORIENTE
Por sociedadesdo antigo Oriente Próximo são denominadas algumas das 
civilizações que existiram no denominado Crescente Fértil, terras que hoje são 
nomeadas como Oriente Médio e parte do norte da África. Dentre elas, podemos 
elencar algumas civilizações, como o antigo Egito, a Mesopotâmia, os hebreus, os 
fenícios, além dos persas, que formaram posteriormente aos babilônicos um dos 
primeiros impérios da história do mundo. O sistema produtivo destas sociedades 
era baseado em uma servidão coletiva, na qual o Estado era o principal gestor e 
proprietário das terras. Vamos conhecer um pouco sobre estas civilizações?
 
Sociedade egípcia: a sociedade egípcia é comumente lembrada como a terra 
das pirâmides, construídas ao longo dos séculos. Também fazem parte da memória 
social do antigo Egito as múmias. Em geral, se tratavam dos corpos dos antigos 
membros da nobreza, que passavam por este tipo de processo de manutenção física. 
Este se relacionava à religião, que tinha como uma das principais características a 
ideia de reencarnação. Assim, os corpos eram mumificados para novamente retornar 
à vida. Como se tratava de uma sociedade politeísta, tinham os egípcios uma 
organização teocrática, na qual o faraó, líder político daquela civilização, tinha também 
responsabilidades religiosas, sendo adorado como um deus (CARDOSO, 1990).
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.br>. Acesso em: 17 ago. 2016.
FIGURA 4 - PIRÂMIDE EGÍPCIA
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
14
A base da pirâmide social era composta pelos servos, que trabalhavam na 
produção agrícola, bem como nas grandes obras de irrigação, fundamentais para a 
manutenção da vida, pois eram as cheias e os vazantes do rio Nilo que garantiam 
a fertilidade do solo, fundamental para a produção de alimentos. Também existia 
uma camada de burocratas (funcionários públicos), bem como de militares, escribas 
e sacerdotes; no topo da pirâmide, a nobreza, composta pelo faraó e suas famílias. 
 
Dentre o principal mito egípcio temos a contenda entre Set e Horos, bem 
como a presença de Ísis e Osíris. Os deuses do panteão egípcio tinham características 
antropomórficas (humanas), zoomórficas (culto aos animais), antropozoomórficas 
(deuses metade humanos e metade animais). 
 
Sociedade mesopotâmica: o termo Mesopotâmia quer dizer “Terra entre 
Rios”. Tal nome se deve à importante presença dos rios Tigre e Eufrates na 
constituição desta sociedade, marcada pela presença de alguns povos, como os 
sumérios, os babilônicos e os caldeus. Os povos que habitavam a Mesopotâmia 
possuíam uma religião politeísta, marcada também pela compreensão mítica das 
cheias dos rios e do poder civil. A sociedade, assim como a egípcia, era marcada 
pela desigualdade social, sendo as relações de trabalho vinculadas pela servidão 
(REDE, 2007). 
 
Apesar de menos famosa que o Egito, no tocante à religião, alguns dos 
mitos e práticas surgidas na Mesopotâmia deixaram um legado na sociedade 
ocidental. O horóscopo, prática até hoje presente, surgiu entre os mesopotâmicos. 
Tinham como uma de suas principais características a ideia de poder adivinhar 
o futuro dos indivíduos com a observação das estrelas. Visando à observação 
astronômica, os povos mesopotâmicos criaram enormes torres, que se chamavam 
zigurates. Ainda com relação à religião mesopotâmica, podemos nos lembrar de 
alguns mitos e deuses. Um dos principais era o deus Marduk. Entre os mitos, o 
principal era o mito do dilúvio, uma grande inundação de água, capaz de destruir 
a maior parte dos seres humanos. 
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
15
FIGURA 5 - MAPA DA MESOPOTÂMIA
Sociedade israelita: outra importante sociedade existente no antigo Oriente 
Próximo eram os israelitas. Grupo fundado pelo patriarca Abraão, que fora 
chamada por Deus, na cidade mesopotâmica de Ur, habitada pelo povo caldeu, 
para formar um povo escolhido. Os israelitas tinham como principal diferença 
com relação às demais sociedades do antigo Oriente o monoteísmo, isto é, a crença 
em um único Deus. 
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 11 ago. 2016.
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
16
FIGURA 6 - MAPA DO ANTIGO ISRAEL
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 30 ago. 2016.
A história política do povo israelita possuiu várias fases. Uma primeira, 
na qual o povo era organizado em tribos. Posteriormente, com Saul, formou-se 
uma monarquia, que contou com os famosos reis Davi e Salomão, responsável pela 
criação do templo de Deus, denominado pelos israelitas como Jeová (YAWEH). 
Uma divisão política fez com que o povo fosse dividido em dois reinos, Israel, 
ao norte, que teve como capital Samaria, e Judá, ao sul, que tinha como capital 
Jerusalém. Um dado marcante da história do povo de Israel foi o momento em que 
foram escravizados pelos egípcios, dos quais foram libertos com a liderança de 
Moisés, que guiou o povo pelo deserto até Canaã, a terra prometida. Posteriormente, 
um segundo período foi caracterizado pelo denominado Cativeiro Babilônico, 
no qual Israel foi dizimado, sendo Judá, ao sul, preservada, mas teve parte de 
sua população cativa na Babilônia (CARDOSO, 1990). Posteriormente, também 
dominados pelo Império Romano, os judeus foram dispersos pelo mundo em 70 
D.C., com a denominada Diáspora, na qual a região de Jerusalém deixou de ser 
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
17
uma área de posse exclusiva dos judeus, tendo retornado a Jerusalém apenas no 
século XX, após a Segunda Guerra Mundial. 
 
Sociedade fenícia: dentre os grupos humanos importantes para a 
compreensão da dinâmica socioeconômica do mundo da antiguidade, um destaque 
foram os fenícios. Grupo humano que se caracterizou pelo comércio marítimo, 
tanto ao longo do Mediterrâneo, quanto ao longo do Mar Vermelho. Os fenícios 
possuíam uma forma de organização política na qual a presença forte das cidades, 
com autonomia, era a principal característica. Assim, algumas das cidades-estado 
fenícias tiveram grande destaque, como Sídon, Tiro, Biblos e Cartago, no norte da 
África. 
 
Com relação à religião, os fenícios possuíam uma religião politeísta, 
na qual alguns deuses possuíam grande destaque no panteão, como Baal, além 
de Yam, o deus do mar, de grande destaque em uma sociedade marcada pela 
grande presença de marinheiros. A estrutura social era semelhante às das demais 
sociedades asiáticas. Todavia, possuía uma diferença fundamental: a presença 
do comércio de longa cabotagem, isto é, de longas distâncias através da costa, o 
que permitiu o enriquecimento das principais cidades-estado vinculadas ao povo 
fenício. Uma das cidades fenícias, Cartago, chegou a rivalizar com Roma o domínio 
do Mediterrâneo. No entanto, com a derrota do general Aníbal, Cartago acabou 
sendo dominada pelo Império Romano. 
Império Persa: um dos primeiros impérios surgidos no mundo foi o Império 
Persa. Teve como seus mais célebres líderes Sargão e Ciro, o Grande, conquistador 
de grande faixa de terra ao longo do Mar Mediterrâneo. Uma das principais 
conquistas do Império Persa foi o domínio sobre o antigo Império Babilônico. A 
sociedade persa viveu grande apogeu cultural, sendo desenvolvida pelo povo persa 
uma das primeiras religiões monoteístas do mundo, o zoroastrismo. O modelo de 
sociedade persa entrou em rivalidade com o mundo grego, sendo um dos mais 
importantes eventos da história grega as denominadas Guerras Médicas, nas quais 
os gregos venceram os persas na Batalha de Salamina, garantindo o domínio dos 
gregos no Mar Mediterrâneo (CARDOSO, 1990). 
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
18
FIGURA 7 - ARTE PERSA
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 1 
ago. 2016.
As sociedades do antigo Oriente Próximo deixaram um grande legado 
cultural a todo o mundo. Grande partedas populações, atualmente, segue religiões 
como a cristã ou muçulmana, que tiveram como uma das suas principais bases o 
judaísmo, uma das religiões criadas por um dos povos do antigo Oriente Próximo, 
porém, como podemos observar no texto já descrito, ocorreu um domínio da 
sociedade greco-romana sobre as civilizações do antigo Oriente Próximo. 
5 AS SOCIEDADES DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO, AS 
INSTITUIÇÕES E O PENSAMENTO EDUCACIONAL
As diferentes sociedades do antigo Oriente Próximo, brevemente descritas 
nos parágrafos acima, têm grande importância na análise do desenvolvimento da 
educação. Por vezes, alguns dos inventos produzidos pelas antigas sociedades do 
Oriente são rememorados pelos professores de História, como as obras hidráulicas, 
responsáveis pela irrigação nas margens dos rios Nilo, Tigre e Eufrates, assim 
como os zigurates e as pirâmides. 
Podemos considerar que uma das mais importantes invenções destes povos 
está relacionada à questão educacional. Os mesopotâmicos inventaram o primeiro 
sistema de escrita da história, a denominada escrita cuneiforme. Em uma visão linear, 
progressista da história, se diria que com este invento a humanidade deixou de estar 
na pré-história e adentrou para a história. A denominada escrita cuneiforme era 
realizada em cunhas, por isso o nome que possui. A invenção da escrita possibilitou 
um grande desenvolvimento social, econômico, político, como também nas questões 
de inteligência e sentimentos portados pelos homens, pois o registro de ideias, 
sentimentos, pensamentos, além de propriedades, heranças, dívidas e dividendos, é 
parte fundamental nas sociedades humanas (ARANHA, 1996). 
TÓPICO 1 | A EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES ÁGRAFAS E O SURGIMENTO DA ESCRITA NA ANTIGUIDADE
19
FIGURA 8 - TÁBUA DE ESCRITA CUNEIFORME
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gv.br>. Acesso 
em: 17 set. 2016.
O desenvolvimento da escrita possibilitou aos homens o desenvolvimento 
de normas escritas de conduta, como o Código de Hamurábi, na Mesopotâmia, 
assim como os Dez Mandamentos, as tábuas da lei de Moisés, presente entre os 
hebreus. Tais leis alteraram a forma de organização das sociedades. Se antes o mais 
forte possuía legitimidade social para impor sua vontade através da violência, 
com o desenvolvimento da escrita tivemos a possibilidade do desenvolvimento da 
lei como forma de se resolver os conflitos entre os indivíduos pertencentes a um 
mesmo grupo humano. 
Outro povo que deixou um importante legado no que se refere às 
questões educacionais foram os fenícios, pois foram os inventores do alfabeto, 
que influenciou as civilizações posteriores de Grécia e Roma, e, por consequência, 
a sociedade ocidental. Antes, as palavras eram formadas de modo inteiro, os 
ideogramas. No entanto, com a formação do alfabeto, temos a possibilidade da 
ampliação da expressão escrita pelos seres humanos. 
 
Também entre os fenícios, tivemos uma ampliação da possibilidade da 
realização de cálculos numéricos, pois, como grandes comerciantes, eles tiveram 
a necessidade de ampliar a eficiência da matemática (todavia, ainda não realizada 
com os números hindu-arábicos). Os fenícios também foram os responsáveis pela 
criação do termo biblioteca. Foi na cidade de Biblos, na antiga Fenícia, o local onde 
UNIDADE 1 | DAS SOCIEDADES ÁGRAFAS À FUNDAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
20
se produziam os papiros, utilizados para o registro da palavra escrita em toda 
a sociedade do mundo mediterrânico e do antigo Oriente Próximo (ARANHA, 
1996). 
 
Podemos compreender que uma das principais funções da educação é 
adequar os indivíduos ao meio social. Assim, a educação está sempre, de forma 
indelével, relacionada à estrutura da sociedade na qual pertencem. Assim, 
podemos compreender que, mesmo com o processo de desenvolvimento da escrita, 
a educação escolar institucionalizada era destinada a poucas pessoas dentre os 
indivíduos que compunham as sociedades que até aqui estudamos. A grande 
massa permaneceu analfabeta, porém, ela era educada por algumas instituições 
sociais, como a família, em especial a figura dos pais, como também tinham papel 
de educadores os sacerdotes destas sociedades. 
Em algumas delas existia uma classe profissional específica na qual o 
sustento dependia da alfabetização: os escribas. Esta categoria ocupacional era 
presente entre os egípcios, e tinha alguns privilégios sociais. Com isto, podemos 
medir o quanto ser alfabetizado é uma das principais formas de se ter poder em uma 
sociedade. E que a ampliação da alfabetização representa um aumento de práticas 
democráticas no corpo social. Todavia, como na antiguidade, as principais formas 
de trabalho não envolviam tecnologia, mas sim a força física, as sociedades eram 
compostas por massas analfabetas e pequenas parcelas letradas, que compunham 
a classe de privilegiados desta mesma sociedade. 
21
Neste tópico você viu que:
 
• A educação nas sociedades ágrafas é difusa. Isto é, não existe uma instituição 
formal que se responsabiliza pela educação, sendo ela responsabilidade de toda 
a tribo.
 
• Não podemos ter uma visão evolucionista, desconsiderando a presença de 
comunidades culturalmente ágrafas ainda no presente, em várias partes do 
mundo. 
• A primeira possibilidade de expressão escrita da humanidade foi inventada na 
Mesopotâmia, e tem o nome de escrita cuneiforme. 
• As principais sociedades da antiguidade oriental, que já possuíam uma cultura 
letrada, foram os egípcios, mesopotâmicos, hebreus, fenícios e persas.
RESUMO DO TÓPICO 1
22
1 Por que podemos dizer que a invenção da escrita foi uma grande 
conquista da humanidade? 
AUTOATIVIDADE
23
TÓPICO 2
O MUNDO GRECO-ROMANO: UMA DAS 
BASES EDUCACIONAIS DA SOCIEDADE 
OCIDENTAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, contemplaremos algumas das principais questões sobre a 
formação da sociedade grega e romana. Vamos compreender a influência cultural 
que a antiga Grécia exerceu sobre o Império Romano, assim como as especificidades 
culturais destas duas distintas civilizações. 
Estas questões são importantes para a compreensão da educação na 
sociedade ocidental. O importante historiador francês Fernand Braudel afirmava 
que o Ocidente possui uma dupla raiz cultural: judaico-cristã e greco-romana. 
Deste modo, entendendo a importância do tema, abordaremos um breve 
resumo histórico do mundo greco-romano, as questões da filosofia grega e as 
instituições sociais responsáveis pela educação no universo cultural greco-romano. 
2 O PROCESSO DE FORMAÇÃO HISTÓRICA DA SOCIEDADE 
GRECO-ROMANA
A Grécia antiga foi uma civilização surgida na denominada Península do 
Peloponeso, que possui o istmo de Corinto, banhada pelo Mar Egeu, que compõe 
o Mar Mediterrâneo. Sua história é didaticamente dividida em cinco grandes 
períodos: Pré-Homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e Helenístico. Os períodos 
têm grande relação com os escritos de Homero, autor de obras clássicas da 
antiguidade, como a Ilíada e a Odisseia, em que são relatadas histórias fabulosas, 
como a do cavalo de Troia. 
A Península no Peloponeso foi habitada por populações denominadas 
aqueus, jônios, dórios e eólios. Populações estas que estão na origem do povo grego, 
que na antiguidade se organizava em cidades-estado, isto é, cidades que possuíam 
autonomia administrativa. Dentre estas unidades político-administrativas, duas se 
destacaram e organizaram dois tipos antagônicos de sociedade: Atenas e Esparta. 
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FIGURA 9 - MAPA DA GRÉCIA ANTIGA
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 18 set. 2016.
A sociedade ateniense tinha como principal característica o desenvolvimento 
cultural. Era formada por três classes sociais. Os escravos, os cidadãos atenienses, 
além de um grupo de homens livres, mas sem direito à cidadania, os metecos. Uma 
das principais questões que envolvem a sociedade ateniense foi o desenvolvimento 
da democracia. Isto é, de uma forma de organizaçãopolítica na qual os cidadãos 
possuem direitos iguais, a denominada isonomia legal. O local no qual ocorriam 
os debates políticos em Atenas era denominado Ágora. Nela, os denominados 
demagogos, isto é, os políticos daquele período, utilizavam-se do talento retórico 
para poder defender suas ideias e interesses. A palavra democracia é uma 
justaposição de duas palavras gregas: demos, que quer dizer povo, e cracia, que 
significa governo (FUNARI, 2000). 
 
Uma das principais formas de conseguir ter direitos políticos na sociedade 
ateniense era a participação no exército. Este era organizado em unidades 
militares que eram denominadas de falanges. Os guerreiros gregos utilizavam um 
tipo de escudo chamado hoplom. Aqueles que detinham condições financeiras 
para comprar este escudo poderiam ingressar nas fileiras militares. Este ingresso 
possibilitava participar ativamente dos debates da Ágora, ingressando assim 
no mundo da política ateniense. Todavia, a democracia na Grécia possuía uma 
grande limitação, pois as mulheres eram excluídas do debate político. O machismo 
era legitimado pelo fato de as mulheres não ingressarem nas fileiras militares.
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 FIGURA 10 - DISCURSO POLÍTICO EM ATENAS
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gv.br>. Acesso em: 17 set. 2016.
 
Enquanto Atenas seguia o modelo democrático de gestão do poder político, 
sua vizinha Esparta seguia um modelo autocrático de relações sociais, pois em 
Esparta tínhamos um exemplo de sociedade militarizada e profundamente 
hierarquizada. Ela era formada por três categorias sociais: os espartanos, que 
compunham o topo da pirâmide social, os periecos e hilotas, duas outras classes 
sociais que compunham Esparta. A principal lei a reger a vida em Esparta foi a 
constituição de Licurgo, que segundo alguns estudiosos, teria durado seis séculos 
(FUNARI, 2000).
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FIGURA 11 - SOLDADOS ESPARTANOS
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 19 set. 
2016.
Duas guerras marcaram a história grega. As Guerras Médicas e a Guerra 
do Peloponeso. Por Guerras Médicas ficaram conhecidas as disputas entre os 
gregos e os persas pelo domínio da navegação em partes do Mar Mediterrâneo. 
Ela terminou com uma vitória grega, na Batalha Naval de Salamina, que decretou 
uma hegemonia ateniense, o que possibilitou um imperialismo grego em algumas 
regiões mediterrânicas. Por sua vez, a Guerra do Peloponeso foi travada entre 
Esparta e Atenas. A guerra acabou por enfraquecer os dois principais modelos 
de cidade-estado da antiguidade. Com um enfraquecimento militar causado pela 
guerra interna, Felipe II, rei da Macedônia, conquistou a península grega. Seu filho, 
Alexandre “O Grande”, que fora aluno do filósofo Aristóteles, foi um dos principais 
líderes a expandir a cultura grega por diversos locais em que Alexandre liderou 
a conquista militar. Assim, tivemos, com o império de Alexandre, o denominado 
Período Helenístico. 
 
A mitologia é um dos importantes elementos culturais para a compreensão 
da mentalidade dos antigos habitantes da Grécia. Os gregos eram politeístas, 
isto é, acreditavam em vários deuses. Estes, em geral, tinham características 
antropomórficas, isto é, tinham os antigos deuses formas humanas. Também eram 
os mesmos dotados dos mesmos sentimentos que os homens possuem, como 
amor, ciúmes, inveja, raiva. Todavia, a grande diferença é que os deuses gregos 
eram imortais. O local de morada era o Monte Olimpo, no qual esses deuses eram 
cultuados. As cidades possuíam seus deuses fundadores, como é o caso de Palas 
Atena, a fundadora de Atenas. 
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Os gregos se diziam descendentes do deus Heleno. Com relação à vida 
após a morte, os gregos acreditavam que deveriam ter uma moeda após morto 
para pagar o barqueiro Caronte, responsável pelo trajeto da alma morta até o 
paraíso. Deste modo, colocavam nos olhos dos cadáveres duas moedas. Assim, 
tinham os gregos uma relação diferente com a morte dos demais povos que até 
aqui estudamos. Em especial, por separarem o corpo do espírito, separação não 
presente entre os povos da antiguidade oriental (FUNARI, 2000). 
 
Os principais deuses do panteão grego tinham características específicas. 
Zeus era o deus dos deuses e Hera, a sua esposa, juntos moravam no Olimpo 
com as demais divindades. Ares era o deus da guerra, que protegia nas batalhas; 
Poseidon, o deus do mar; Hades, deus dos mortos e cemitérios; Afrodite, a deusa 
da Beleza, entre outros exemplos de deuses que poderiam ser citados. 
Além dos deuses, o imaginário da Grécia antiga era povoado pelas musas: 
Calíope, da poesia; Clio, da História; Érato, do casamento; Euterpe, das festividades; 
Melpômene, do canto e teatro; Polímnia, da retórica; Talia, da comédia; Terpsícore, 
da dança; Urânia, da astronomia. Estas musas se relacionavam a diferentes 
atividades, consideradas artes pelos antigos gregos. 
 FIGURA 12 - ESTÁTUA DE POSEIDON
FONTE: Disponível em: <www.portaldoprofessor.mec.br>. Acesso em: 20 set. 2016.
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Um dos principais festivais realizados pelos gregos eram as Olimpíadas, 
quando eram cultuados os deuses em competições esportivas. Também faziam 
parte do universo cultural grego algumas belas artes, com destaque para o teatro 
e as esculturas. O Teatro de Dionísio (cultuado como o deus do vinho) foi uma das 
principais casas de espetáculo, na qual se destacavam as tragédias e comédias. Por 
sua vez, as esculturas gregas possuíam características de grande beleza, ao buscar 
retratar o corpo humano em toda a sua potencialidade estética. Como se poderá 
observar, a cultura grega influenciou sobremaneira a sociedade romana. 
 
Roma foi fundada por algumas tribos latinas e sabinas, que foram 
dominadas pelos invasores etruscos. Roma, em sua história, teve três grandes 
períodos marcados por diferentes formas de legitimação das relações de poder. A 
Monarquia, a República e o Império. A monarquia foi substituída por uma forma 
menos autoritária de poder, a Rex Publica (isto é, a “coisa pública”). No entanto, o 
expansionismo militar gerou dificuldades administrativas, e uma das soluções foi 
a instituição do Império. 
 
Uma das principais características da vida romana foi o expansionismo 
militar. Este se iniciou como uma forma de aumentar a produção agrícola, graças 
à ampliação das terras destinadas ao cultivo do trigo, das oliveiras e das parreiras 
de uva, bases da produção de três dos principais produtos da dieta romana: 
pão, azeite e vinho. Para tanto, se escravizavam as populações dominadas pelos 
romanos através da guerra. O exército romano, um implacável empreendimento 
militar, tinha como uma de suas principais características a rígida disciplina. Ao 
contrário de Atenas, não necessariamente a presença no exército garantiria direitos 
políticos, pois em 111 A.C., Mário institui o soldo, isto é, o pagamento de salário 
aos militares. 
Assim, o exército romano era organizado em legiões, que eram organizadas 
em centúrias e decúrias, contando com um inovador sistema de estradas que 
ligava a capital ao interior das possessões coloniais, proporcionando uma contínua 
expansão de seus domínios, pela rápida mobilidade de soldados que o sistema de 
estradas possibilitava. Uma máxima afirmava que “todos os caminhos levam para 
Roma”. 
 
As legiões romanas possibilitavam um aumento produtivo, ao ampliar 
o número de escravos em Roma, que eram capturados dentre os prisioneiros de 
guerra. Com uma grande quantidade de escravos, Roma chegou a ter centenas de 
milhares de pessoas desocupadas, que eram entretidas com a denominada Política 
do Pão e Circo, em que a maior parte da população ociosa se dirigia ao Coliseu, um 
grande estádio romano, noqual lutavam os gladiadores. 
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FIGURA 13 - COLISEU ROMANO
FONTE: Disponível em: <http://www.rome-chauffeur.com/wordpress/wp-content/
uploads/2015/03/Colosseum-Rome-Chauffeur.jpg>. Acesso em: 20 set. 2016.
Um dos principais clássicos da história do cinema de Hollywood foi o filme 
Spartacus. Dirigido por Stanley Kubrick, retrata a vida de um escravo romano, que se revolta 
em relação à sua condição social, buscando a liberdade. 
Aos poucos, os bárbaros foram invadindo as fronteiras do Império Romano. 
Os principais grupos bárbaros, como os ostrogodos, visigodos e vândalos, foram 
conquistando antigas possessões coloniais romanas. No século IV, Roma foi 
conquistada completamente pelos bárbaros, sendo este um dos fatos que marcaram 
o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média. 
 
Assim como os gregos, os romanos também possuíam sua mitologia, sendo 
ela muito próxima da mitologia dos gregos. O principal mito romano é o da fundação 
da cidade imperial. Segundo uma antiga lenda, dois irmãos, Rômulo e Remo, eram 
ainda bebês e foram criados por uma loba, que os amamentou. Posteriormente, os 
dois foram os fundadores da principal cidade do mundo. Com relação à proximidade 
com os gregos, a mitologia romana também possuía seus deuses específicos para as 
distintas atividades humanas, em grande parte, versão latinizada dos antigos deuses 
gregos. Vejamos alguns exemplos: Baco (versão latina de Dionísio) era o deus do 
vinho; Marte (versão latina de Ares), era o deus da guerra. 
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Uma importante inspiração que a mitologia grega possibilitou para o 
desenvolvimento das ciências no século XX se relaciona à psicanálise. O seu principal 
formulador, Freud, criou seus conceitos científicos, como o Complexo de Édipo, com forte 
inspiração na mitologia grega.
Apesar da presença destes deuses da mitologia, popularizados pelos 
romances, pelo cinema e pela psicanálise, o principal culto cotidiano dos gregos 
e romanos não era sobre estes “afamados” deuses da mitologia. A principal 
forma de culto entre os gregos e romanos era o culto aos fogos nos lares. Para ser 
considerada uma família e ter o status e prestígio social, advindo de ser membro de 
um clã, deveria a casa ter um fogo que sempre era mantido aceso e nunca deveria 
se apagar. Era o fogo que tinha como nome lar, responsável pelo aquecimento da 
casa, como também estava presente nos rituais de casamento, que simbolizava a 
continuidade do mesmo fogo em outro domicílio. 
A sociedade greco-romana também teve em comum um mesmo sistema 
produtivo, marcado pelo expansionismo militar e pela escravidão. Um dado 
interessante é que em determinadas regiões do Império Romano não se falava o 
latim, mas sim o grego, em especial na Ásia Menor. Isto explica por que grande parte 
da Bíblia, em especial o Novo Testamento, foi escrito em grego, mesmo fazendo 
parte do Império Romano. Com a cristianização do Império, em 395, quando o 
cristianismo deixou de ser perseguido, grandes alterações na mentalidade ocidental 
ocorreram. Posteriormente, o Império Romano se dividiu em duas partes. A região 
que falava latim viveu um processo de ruralização, e Roma acabou se tornando a 
sede da Igreja Católica Apostólica Romana. Por sua vez, Constantinopla se tornou 
a sede do Império Bizantino, sendo sede da Igreja Católica Cristã Ortodoxa.
3 A FILOSOFIA GREGA E O PENSAMENTO ROMANO
Apesar da grande popularidade e da presença da mitologia, a Grécia foi um 
dos primeiros locais do mundo no qual se desenvolveu um modo não mitológico 
de estruturar o pensamento sobre a natureza e a sociedade. Por isso, o destaque que 
devemos dar à presença da filosofia grega. A palavra filosofia tem sua raiz etimológica 
(isto é, sua origem) em duas palavras gregas, Filos e Sofia, que juntas podem ser 
traduzidas como “amante da sabedoria”. A ideia de se cultuar o pensamento humano 
na busca de se tentar compreender a natureza e a sociedade não apenas através 
dos mitos, como também através da especulação, foi uma verdadeira revolução na 
forma de o ser humano conceber a vida na Terra (JAEGER, 1995). 
Podemos citar vários nomes do pensamento grego. Em geral, a filosofia 
grega antiga é dividida em dois períodos: socrático e pré-socrático. Isto devido à 
importância da figura de Sócrates para o desenvolvimento do pensamento grego. 
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Sócrates foi um cidadão ateniense amante do saber, e dono de uma profunda 
capacidade de compreender a natureza humana e suas contradições. Filho de uma 
parteira, desenvolveu um método denominado maiêutica, cujo principal intento é 
possibilitar aos seres humanos “dar luz a novas ideias!”. 
Um interessante livro que trata da história e do desenvolvimento da filosofia foi 
escrito pelo norueguês Jostein Gaarder, de título O Mundo de Sofia. Obra que vale a pena 
ser lida pelos estudantes que sonham em atuar como professores. 
Sócrates foi o principal nome (símbolo) da vida intelectual da Grécia antiga. 
As suas formulações intelectuais têm grande importância para o desenvolvimento 
intelectual do Ocidente. Vivia perambulando pela cidade, refletindo sobre a 
existência humana, tendo muitos ouvintes. Sócrates apontava que era papel do 
filósofo ser uma espécie de mosca a avivar as consciências individuais. Teve como 
seu principal discípulo Platão. O seu pensamento foi considerado subversivo 
pelas autoridades, o que lhe acarretou sérios problemas. Sendo julgado, se negou 
a abjurar (desdizer) o que havia afirmado. Ao invés de ser punido, propôs para 
a corte que o julgava que deveria ser tratado como um deus no Monte Olimpo. 
Assim, ao “debochar” dos que o julgavam, acabou sendo punido, sendo obrigado 
a se envenenar. Assim, morto de maneira trágica, se tornou um marco histórico de 
pensador libertário morto pelo poder instituído. 
Mesmo antes de Sócrates, podemos observar o início do desenvolvimento de 
um pensamento original, e de alguns pensadores que possibilitaram o alargamento 
da compreensão que o ser humano possui sobre a natureza e sobre si mesmo. Alguns 
nomes podem ser lembrados, como Tales de Mileto, Arquimedes, entre outros. 
Um dos primeiros nomes ligados à cultura grega foi Homero. Não 
sendo considerado um filósofo, seu nome deve ser lembrado como personagem 
importante ao escrever as obras fundantes da cultura grega, que foram Ilíada e 
Odisseia. No entanto, outros nomes são em geral lembrados pelos historiadores 
da filosofia. Um dos sempre lembrados é o de Tales. Oriundo da cidade de Mileto, 
foi um importante nome no desenvolvimento dos cálculos matemáticos. Buscando 
saber a distância das embarcações em relação à terra, foi o criador do denominado 
Teorema de Tales, até hoje ensinado nas escolas para os estudantes do ensino básico. 
Outro nome importante para o desenvolvimento da filosofia foi Arquimedes, o 
descobridor da máxima: “Dois corpos, que possuem massa, não podem ocupar o 
mesmo lugar no espaço, ao mesmo tempo”. O desenvolvimento da hidráulica teve 
em Arquimedes um dos seus pioneiros. Uma história que se conta afirma estar 
Arquimedes em uma banheira, e ter feito uma descoberta, tendo saído nas ruas nu 
e gritando “Eureka!”, isto é, descobri (na língua grega). 
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Todavia, mesmo com a presença de vários personagens intelectuais, os 
principais nomes da filosofia grega clássica são os de Sócrates (já citado), Platão 
e Aristóteles. Platão foi discípulo de Sócrates, tendo sido o principal divulgador 
das ideias de seu mestre. Suas ideias são consideradas relevantes para o 
desenvolvimento da filosofia até o tempo presente. Seus principais livros são A 
República e O Banquete. O livro A República é uma crítica à ação dos demagogos, 
na Ágora. Por demagogos podem ser considerados os políticos

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