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Direito de consulta dos povos indígenas

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2º Resenha Indígena - Direito de Consulta dos Povos Indígenas
A palestrante Thais Silva Filgueiras, apresentou sobre o direito de consulta dos Povos
Indígenas, que é admitido na CCPLI e surgiu tendo como principal fonte a Convenção 169,
da Organização Internacional do Trabalho, que em sua composição também versa sobre os
direitos humanos fundamentais para os povos indígenas e tribais. Além disso, essa CCPLI,
também é reconhecida por outras organizações internacionais, justamente por ser de
caráter fundamental. A CCPLI, abrange então como sujeitos, os povos indígenas, tribais e
tradicionais. Contudo, o Estado brasileiro em seus relatórios de acompanhamento enviados
a OIT, não reconhece os últimos. Importante ressaltar que não é só nesse sentido que o
Brasil é negligente e omisso, porém em toda a política de implantação e efetividade da
CCPLI, o Estado apresentou dificuldades em aplicar diretamente esse direito. No sentido de
que, apesar de estar consagrado na Constituição a proteção dos povos indígenas, e do
direito de consulta ter caráter de norma supralegal, o país em suas decisões judiciais sobre,
ainda apresenta contradições, como por exemplo, a Suspensão de Liminar de Antecipação
de Tutela, que é utilizada para suspender decisões que ordenam a realização de consultas
aos povos indígenas afetados pela construção de empreendimentos, como as hidrelétricas.
Outro exemplo que a palestrante trouxe, foi a utilização da Advocacia Geral da União, da
decisão do caso Raposa Serra do Sol, com a portaria 303, no qual o tribunal reconheceu a
demarcação indígena totalmente, mas relativizou o usufruto exclusivo dos recursos naturais,
estabelecendo limites ao direito de consulta.
Ou seja, os povos daquela área ficam submetidos a decisões de terceiros, em relação ao
uso de sua própria terra, tirando sua autonomia e poder sobre a área. Assim, apesar do
Brasil nunca ter implementado medidas legislativas que afetam os povos indígenas,
quilombolas e comunidades tradicionais, o acontecimento que talvez mude a relação entre o
direito de consulta desses povos é a decisão da Portaria 303, continuar suspensa ou não.
Dessa forma, o modo da consulta também deve ser respeitado, usando os princípios da
boa-fé, conversa livre e culturalmente apropriada. Visto que, a fase de planejamento deve
ser feita com antecedência e tal direito deve ser garantido em todas as fases de tomada da
decisão pública, desde o planejamento, licenciamento, execução e o monitoramento de
obras. Fica claro então que a finalidade da palestra é nos alertar sobre essa outra ameaça
que os povos indígenas e tradicionais sofrem, pois, como a apresentadora do tema, bem
colocou que, se as decisões fossem tomadas em conjunto na relação entre Estado e povos
com direito a consulta, houvesse um diálogo intercultural e se todas as decisões sobre as
terras indígenas fossem mais claras em sua interpretação, não dando brechas para
finalidades “errôneas”, não seria necessário um desgaste enorme de recursos para a busca
da efetivação de um direito que já deveria ser comum e normal em todas as possibilidades
de novas construções em terras indígenas, quilombolas e das comunidades tradicionais.
3ª resenha - Interculturalidade e Políticas Públicas
Nessa aula, apresentada por Matheus Antunes Oliveira, é tratado o tema da relação dos
povos indígenas com o Estado, e de como eles são vistos. A definição de povos indígenas
passa por 3 elementos, a autoidentificação, heteroidentificação e ascendência
pré-colombiana. Contudo, essa ideia que o palestrante nos pôs a refletir sobre, determinar
uma cultura pelo olhar de especialistas e as lentes da cultura dominante, pois querendo ou
não ela influencia nessa perspectiva, que pode acabar sendo não condizente.
Além disso, ele explicou sobre a diferença entre multiculturalismo e interculturalismo, no
qual o primeiro reconhece a existência de grupos culturalmente diferenciados, em um
território (estado-nação), com a adoção de políticas que promovam a diversidade. Já o
interculturalismo, promove uma atenção a interação entre pessoas e grupos diferentes, que
reconhecem diversidades e focam no diálogo intercultural. Ou seja, o segundo, tem mais
interatividade entre seus grupos, que o primeiro. Porém, na Constituição é previsto de forma
clara, o multiculturalismo, por exemplo no artigo 231 e 215, parágrafo 1º.
Dessa forma, outro tema abordado, foi a questão da aplicação das disposições
constitucionais e convencionais, passando por vários tipos de direito e a relação dos povos
indígenas com eles e a necessidade de uma adequação cultural destes. Como o direito à
saúde, o direito à educação, o direito à terra, os direitos da criança e do adolescente, o
direito penal e a negação do direito à diferença.
No direito à saúde, ele citou como exemplo os casos em que há uma divergência entre a
medicina ocidental e tradicional, e de como é preciso que haja um equilíbrio e comunicação
entre as duas áreas sempre que possível. A respeito do direito à educação, ele citou o
ensino da língua indígena e dos próprios métodos de ensino, como a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação,que garante esse direito. No direito a terra, os indígenas também não
podem depender só da União para demarcar suas terras, que são constantemente
invadidas e violadas. O palestrante, quando tratou sobre o direito penal nas terras
indígenas, focou nas diversidades culturais subjacentes, até porque cada povo pode ter seu
método de sanção e punição, e o Estado precisa respeitar isso por causa das
considerações sociais e culturais, presentes na Convenção 169. Contudo, é necessário
também ter a observação e a perícia desses costumes, pela Antropologia. No qual, essas
proibições e permissões não podem ferir direitos fundamentais. Por fim, a palestra foi muito
interessante e trouxe para mim uma nova perspectiva em como deve haver esse diálogo
intercultural constantemente, para trazer mais efetividade aos direitos e garantias desses
povos.

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