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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA CÂMPUS SÃO MIGUEL DO OESTE CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS MARLI PANSERA BULIGON ACOMPANHAMENTO DO PROCESSAMENTO DE PEPINOS EM CONSERVA São Miguel do Oeste - SC 2018 MARLI PANSERA BULIGON ACOMPANHAMENTO DO PROCESSAMENTO DE PEPINOS EM CONSERVA Relatório de estágio apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal de Santa Catarina do Câmpus São Miguel do Oeste como requisito parcial para a obtenção do diploma de Tecnóloga m Alimentos. Orientadora Profa. Dra. Danielle Honorato Ferreira São Miguel do Oeste - SC 2018 MARLI PANSERA BULIGON ACOMPANHAMENTO DO PROCESSAMENTO DE PEPINOS EM CONSERVA Este trabalho foi julgado adequado como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Alimentos, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, e aprovado na sua forma final pela comissão avaliadora abaixo indicada. São Miguel do Oeste, 21 de junho de 2018. __________________________ Dra. Profa. Danielle Honorato Ferreira Orientadora Instituto Federal Santa Catarina- Câmpus São Miguel do Oeste ___________________________ Dra. Profa. Stefany Grutzmann Arcari Instituto Federal Santa Catarina- Câmpus São Miguel do Oeste __________________________ Dra. Profa. Tahis Regina Baú Instituto Federal Santa Catarina- Câmpus São Miguel do Oeste As assinaturas da banca estão devidamente registradas na ata de defesa e arquivadas junto à Coordenação do Curso. RESUMO O pepino, denominado cientificamente como Cucumis sativus L., é proveniente da índia. Nesta hortaliça observam-se grandes quantidades de água, o que influencia na sua pericibilidade. Desta forma, podem ser aplicados os métodos de conservação por acidificação, em salmoura e tratamento térmico com o intuito de aumentar a vida útil do produto in natura e agregar maior valor a esta matéria-prima. As etapas envolvidas no processamento de conservas de pepino visam retardar alterações indesejáveis sejam, microbiológicas ou bioquímica. O conjunto de processos tecnológicos adequados aplicados neste processamento promovem a vida útil prolongada da conserva. O objetivo deste estágio foi acompanhar o processamento de pepinos em conserva em uma agroindústria localizada no Oeste de Santa Catarina. Desta forma, no decorrer do estágio foram realizadas as seguintes atividades: visita à infra-estrutura da agroindústria processadora das conservas, acompanhamento do processo produtivo, execução das atividades de envase dos pepinos em vidros de 1800 g e 300 g e acompanhamento da rotina produtiva na agroindústria Entre as atividades de processamento desenvolvidas e descritas neste estágio tem-se a higienização dos pepinos, preparo e adição de salmoura, tratamento térmico , armazenamento e rotulagem, além da higiene de equipamentos e pessoal. Como resultado do estágio foi compreendido as etapas e equipamentos utilizados para produzido os pepinos em conserva. Ressalta-se ainda que durante o processamento as operações devem ser realizadas com comprometimento da equipe de manipuladores a fim de obter produtos com qualidade. Portanto, o estágio comprova os conceitos adquiridos em sala de aula que para se obter qualidade ao fim do processamento de conservas é necessário um embasamento teórico adequado a atividade pratica de produção das conservas. Palavras-Chave: Cucumis sativus L. Etapas de processamento. Infra- estrutura. Equipamentos, Picles. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Cultivares de pepinos comercializados no Brasil, A) caipira; B) aodai ou comum; C) japonês ou aonaga; D) pepino indústria ou conserva ........................ 12 Figura 2; Ácidos orgânicos de conservação resultante de fermentação láctea em picles ................................................................................................................... 15 Figura 3: Fluxograma do processamento de pepino em conserva/picles ....... 16 Figura 4: Fluxograma de processamento de pepinos em conserva de uma agroindústria .............................................................................................................. 21 Figura 5: ilustração da planta baixa de uma agroindústria de pepinos em conserva .................................................................................................................... 22 Figura 6: Pepinos acondicionados em caixas de plástico ou bag´s para frutas e vegetais .................................................................................................................. 26 Figura 7: Máquina de tambor rotativo utilizado na lavagem dos pepinos ....... 27 Figura 8: Local de sanitização de pepinos ...................................................... 27 Figura 9: Tanque de imersão de pepinos ........................................................ 28 Figura 10: Mesa de envase na sala de processamento.................................. 30 Figura 11: Tanque de salmoura ....................................................................... 32 Figura 12: Pasteurização de conservas de 1800 g em tanque horizontal ....... 33 Figura 13: Carinho plataforma transportando conservas prontas ................... 34 Figura 14: Local para lavagem das botas ....................................................... 36 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 7 1.1 Objetivos .................................................................................................. 7 1.1.1 Objetivo geral ........................................................................................... 7 1.1.2 Objetivo específico ................................................................................... 8 2 A EMPRESA .................................................................................................. 9 2.1 Caracterização do local do estágio ............................................................. 9 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 10 3.1 Agroindústria ............................................................................................. 10 3.2 Origem e características da planta do pepino (Cucumis sativus L.) ......... 10 3.3 Cultivares do pepino ................................................................................. 11 3.4 Composição química do pepino (Cucumis sativus L.) .............................. 12 3. 5 Pepino como matéria-prima ..................................................................... 12 3.6 Hortaliças em conserva ............................................................................ 13 3.7 Processamento e conservação do pepino em conserva/picles ................ 16 3.8 Composição química da conserva de pepino/picles ................................. 18 3.9 Microbiologia e bioquímica em picles ....................................................... 19 3.10 Defeitos tecnológicos de conservas de pepino/picles ............................. 20 4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................. 21 4.1 Descrição das instalações produtivas na agroindústria ............................ 21 4.2 Processamento de pepino em conservas ................................................. 24 4.2.1 Origem e transporte da matéria-prima ................................................... 25 4.2.2 Recepção e armazenamento na agroindústria ...................................... 26 4.2.3 Higienização .......................................................................................... 26 4.2.4 Seleçãoe classificação .......................................................................... 28 4.2.5 Envase ................................................................................................... 29 4.2.6 Preparo e adição de salmoura ............................................................... 30 4.2.7 Tratamento térmico ................................................................................ 32 4.2.8 Armazenamento final e Rotulagem ........................................................ 34 4.3 Higiene das Instalações ............................................................................ 35 4.4 Higiene pessoal ........................................................................................ 35 4.5 Ampliação da agroindústria ....................................................................... 36 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 38 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 39 7 1 INTRODUÇÃO As agroindústrias são empresas que realizam o beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários de origem animal ou vegetal, em instalações próprias, comunitárias ou de terceiros, a partir de matéria-prima produzida na propriedade agroindustrial ou adquirida de outros agricultores (IBGE, 2006). O pepino da espécie Cucumis sativus L. de origem indiana pode se diferenciar na coloração de verde claro ou escuro (TAVARES, 2016). e características visuais e de comprimento como o “japonês ou aonaga” que possui coloração verde escura, a presença de espinhos brancos e são colhidos quando atingem entre 20 e 30 cm de comprimento, mas em geral as cultivares de pepino apresentam concentrações elevadas de água. Este vegetal depois de colhido pode ser deteriorado facilmente se não processado ou comercializado (EMPRAPA, 2013). Uma alternativa para preservar esta matéria-prima in natura e garantir sua comercialização o ano todo é a aplicação da conservação por acidificação, que entre suas etapas envolve a adição salmoura e tratamento térmico, denominada de “pepino em conserva”. Estas operações citadas acima retardam alterações microbiológicas e bioquímicas no produto. Além disso, o processamento global da conserva de pepino e promove a melhoria do sabor, odor e aspecto visual (LETRA et al., 2007). As conservas de vegetais, independentes do seu local de produção devem ser processadas a partir de matéria prima de qualidade, aplicando tecnologia adequada e boas práticas de fabricação (KROLOW, 2006). O estudo vem para ressaltar que as agroindústrias devem realizar adequadamente o processamento de conservas de pepino, pois cada etapa do processo influência nas características sensoriais e microbiológicas do produto final. Portanto, o objetivo deste estágio foi acompanhar o processamento de pepinos em conserva em uma agroindústria. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo geral 8 Acompanhar o processamento de pepinos em conserva em uma agroindústria. 1.1.2 Objetivo específico Conhecer a infra-estrutura da agroindústria processadora das conservas; Observar o processamento do pepino em conserva; Executar a atividade produtiva de envase dos pepinos em vidros de 1800 g e 300 g; Acompanhar a rotina do processamento de conserva na agroindústria. 35 2 A EMPRESA 2.1 Caracterização do local do estágio O estágio foi realizado em uma agroindústria localizada no oeste catarinense, na qual trabalham seis colaboradores. Além deste número de colaboradores, no período de maior produção (novembro a dezembro) ocorre a contratação de colaboradores temporários. A empresa possui 2500 m2 de área total, a seção produtiva é composta de 80 m2 e dividida em: área de higienização/recepção da matéria prima, sala de armazenamento da matéria prima, área de preparo da salmoura e sala de armazenamento final. Além do processamento da conserva de pepino, a empresa também produz conserva de cebola, compota de frutas e geleiada, dependendo da demanda e da disponibilidade de matéria-prima local. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Agroindústria As agroindústrias são estruturadas em propriedades de agricultores familiares ou não familiares. As agroindústrias de grande porte localizadas na zona urbana ou rural possuem relação profissional com a população rural, em que somente obtém dos agricultores os produtos in natura para industrialização. A expansão do mercado agroindustrial atrai o interesse das instituições acadêmicas para o processamento nas agroindústrias, esse intercâmbio de informações possibilita a melhoria da qualidade e segurança alimentar de produtos disponibilizados ao consumidor final (IPEA, 2013). A agroindústria refere-se à atividade de transformação e beneficiamento de produtos agropecuários de origem animal ou vegetal realizada em instalações próprias, comunitárias ou de terceiros, sendo a matéria-prima adquirida e processada no próprio estabelecimento agropecuário ou de outros produtores terceirizados (IBGE, 2006). Nas agroindústrias familiares, o pepino pode ser um vegetal ideal para o processamento de conservas, em virtude de agregar valor à esta matéria-prima in natura e possibilitar o seu processamento de modo artesanal (COLVERO: PIENIZ, 2017). Imlau e Gasparetto (2014) em seu estudo observaram comparativamente que o agricultor familiar poderia vender 316 g de pepino, sem passar por processos de industrialização, no valor de R$ 0,27. Entretanto ao optar pelo processamento de pepino em conserva de 300 g, utilizando sua própria mão de obra, poderia comercializar a conserva pelo preço de R$ 1,51, agregando o valor de R$ 1,24 no produto. Comparando-se as duas alternativas, conclui-se que, ao escolher o processamento dos vegetais, o agricultor obtém um ganho 4,6 vezes maior do que o valor da comercialização do produto in natura (IMLAU E GASPARETTO, 2014). 3.2 Origem e características da planta do pepino (Cucumis sativus L.) 35 O pepino (Cucumis sativus L) pertence à família da Cucurbitácea, assim como a abóbora, o chuchu, a melancia e o melão. O gênero Cucumis contempla por volta de 38 espécies classificadas. (TAVARES, 2016). A planta do pepino é herbácea, com produção anual e possui hastes longas. Desenvolve-se no sentido vertical ou horizontal, influenciado pela presença ou ausência de suporte. O pepino é uma baga que apresenta suculência e formato cilíndrico, com 3 a 5 cavidades de armazenamento para semente, sendo mais comum as de três cavidades/lóculos, denominados triloculares. A coloração verde clara a verde escura altera-se de acordo com a cultivar (NITZKE, 2008). 3.3 Cultivares do pepino No mercado brasileiro há quatro tipos de cultivares de pepino: “caipira”, “aodai ou comum”, “japonês ou aonaga” e ”indústria ou conserva”. O pepino caipira é caracterizado por frutos verde claros com listras longitudinais e uma mancha denominada de “barriga branca”, são colhidos com aproximadamente 15 cm de comprimento e 5 a 6 cm de diâmetro (Figura 1A). Possui sabor agradável e livre de amargor (EMBRAPA, 2013). Enquanto que o pepino do grupo aodai ou comum possui coloração verde escura e formato cilíndrico (Figura 1B). Seus frutos possuem sabor agradável, apresentando grande comercialização na capital São Paulo (EMBRAPA, 2013). O pepino do grupo japonês ou aonaga apresenta coloração verde escura, alongados, com a presença de espinhos brancos, são colhidos quando atingem entre 20 e 30 cm de comprimento (Figura 1C). Possui sabor agradável e pode ser comercializado em mercados exigentes, devido à majoritária produção em ambientes protegidos (estufas) que promove um maior controle de qualidade, (EMBRAPA, 2013). O pepino indústriaou conserva são colhidos precocemente entre 5 a 7 cm de comprimento e são caracterizados pela coloração verde escura (Figura 1D). Os estados do Sul do Brasil, principalmente Santa Catarina, são os maiores produtores destes pepinos para indústria (EMBRAPA, 2013). Observa-se que os três primeiros tipos são utilizados na forma in natura e o tipo indústria ou conserva é destinado ao processamento de conservas, devido às suas características fisiológica que possibilitam o plantio rasteiro, o qual é menos oneroso em relação à mão de obra. Além disto, este tipo de pepino pode ser colhido precocemente quando possuem de 5 a 7 cm de comprimento, entre 40 a 60 dias após seu plantio. (EMBRAPA, 2013). Figura 1: Cultivares de pepinos comercializados no Brasil, A) caipira; B) aodai ou comum; C) japonês ou aonaga; D) pepino indústria ou conserva Fonte: adaptado de Embrapa (2013). 3.4 Composição química do pepino (Cucumis sativus L.) O pepino possui em sua composição aproximadamente 96% de água. O seu baixo teor de calorias aliado a grande quantidade de fibras, justificam seus benefícios à saúde (EMPRAPA, 2013). A seguir na Tabela 1, apresenta-se a composição química em 100g do pepino (Cucumis sativus L.)com casca e cru (TABCA, 2017). Tabela 1: Composição química do pepino (Cucumis sativus L.), com casca, cru Composição química Pepino (em 100 g) Energia (kcal) 11 Umidade (%) 96,7 Carboidratos (g) 2,24 Proteína (g) 0,7 Lipídios (g) 0,09 Cinzas (g) 0,33 Potássio (mg) 154 Vitamina C (mg) 4,99 Fonte: Adaptado de TBCA (2017). 3. 5 Pepino como matéria-prima O consumo de pepino é realizado em todas as regiões brasileiras, sendo apreciado em sopas, saladas, sanduíches, picles. Além de ser utilizado nas 35 indústrias de cosméticos e medicamentos devido às suas propriedades nutracêuticas (EMPRAPA, 2013) Os pepinos podem servir de matéria-prima para a produção de conservas vegetais ou picles, haja vista que este processamento preserva a qualidade das matérias-primas que possuem alto conteúdo de água (MALDONADE, 2009). 3.6 Hortaliças em conserva De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os produtos vegetais são obtidos a partir de partes comestíveis de espécies vegetais tradicionalmente consumidas como alimento, incluindo as sementes oleaginosas, submetidos a processos de secagem e ou desidratação e ou cocção e ou salga e ou fermentação e ou laminação e ou floculação e ou extrusão e ou congelamento e ou outros processos tecnológicos considerados seguros para a produção de alimentos. Podem ser apresentados com líquido de cobertura e adicionados de sal, açúcar, tempero ou especiaria e ou outro ingrediente desde que não descaracterize o produto (BRASIL, 2005). A ANVISA também estabelece para produtos vegetais em especifico como hortaliça em conserva: “Produto preparado com tubérculos, raízes, rizomas, bulbos, talos, brotos, folhas, inflorescências, pecíolos, frutos, sementes e cogumelos cultivados, cujas partes comestíveis são envasadas praticamente cruas, reidratadas ou pré-cozidas, imersas ou não em líquido de cobertura apropriado, submetidas a processamento tecnológico antes ou depois de fechadas hermeticamente nos recipientes utilizados a fim de evitar sua alteração” (BRASIL, 2002). Os produtos em conservas demonstram um grande nicho de possibilidades de comercialização, pois aproveita a grande variedade de sabores, aromas e cores dos vegetais produzidos pela agricultura brasileira. Como outras vantagens do negócio se tem a preservação das propriedades nutricionais e da qualidade dos vegetais (SEBRAE, 2014). As hortaliças em conserva segundo a resolução RDC nº. 352 de 23 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2003) podem ser classificadas em diferentes categorias, como hortaliça em conserva de baixa acidez, hortaliça em conserva acidificada artificialmente, hortaliça acidificada por fermentação lática, hortaliça naturalmente ácida e hortaliça marinada, as quais se diferem entre si por pH próprio da hortaliça e ou se a hortaliça for submetida a processo tecnológico de acidificação. O pepino devido a sua elevada concentração de água e “baixa acidez” (MALDONADE, 2009) pode ser processado na forma de conserva e ser classificado nas categorias de hortaliça acidificada ou hortaliça acidificada por fermentação lática, sendo a primeira definida como aquela elaborada com hortaliças de baixa acidez, na qual é feita a adição de ácido orgânico ou alimento ácido a fim de obter no produto final o pH igual ou menor que 4,5 e com posterior pasteurização, para sua conservação. A hortaliça acidificada por fermentação lática visando no produto final o pH menor ou igual a 4,5, em que este pH é alcançado por fermentação de bactérias lácteas, nesta hortaliça para a conservação realiza-se a pasteurização (ANVISA, 2002). De acordo com LICON (2008) a fermentação láctica é em decorrência da oxidação parcial anaeróbica em que a reserva energética do alimento é convertida em ácido lático e substâncias inorgânicas. Os microrganismos de referência desta fermentação são os Streptococcus lactis, Lactobacillus bulgaricus e L. Acidophilus. Na fermentação se utiliza microrganismos selecionados, denominados normalmente por “cultura starter” com o objetivo de ao ser aumentado a concentração destes fermentadores ocorre à redução do tempo de fermentação e inibição de agentes patogênicos e deteriorantes (LINCON, 2008). O antagonismo entre microrganismos é o ponto central da fermentação láctea, baseado na inibição por parte de uma ou mais espécies sobre as demais através da competição por nutrientes e produção de metabólitos antimicrobianos obtidos de substratos presentes no alimento. Entre os metabólitos pode se citar ácidos orgânicos, álcoois e dióxido de carbono. Então a fermentação tem as finalidades de impossibilitar o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis e agregar características sensoriais específicas e conservativas. Neste caso de fermentação, o picles é preservado com ácido acético, lático e propiônico, abaixo observa-se na Figura 2 a estrutura química destes ácidos orgânicos (LINCON, 2008). 35 Figura 2. Ácidos orgânicos de conservação resultante de fermentação láctea em picles Fonte: Autoria própria. O pH de 4,5 é uma medida padrão que objetiva a segurança dos alimentos, pois a maioria dos microrganismos patogênicos ou deteriorantes não se desenvolvem neste pH ou abaixo (OETTERER et al.,2006). Esse valor de pH é baseado em estudos que comprovam que o Clostridium botulinum é reduzido a níveis seguros. Esta bactéria gram-positiva em situações adversas como falta de nutrientes, temperaturas altas ou baixas e meios ácidos transformam-se de um metabolismo ativo (vegetativo) para um metabolismo não ativo (esporulado) que suportam altas temperaturas, radiação e alguns desinfetantes (TOLDO, 2011). Quando a conserva de pepino é submetida ao tratamento térmico e adição de salmoura adequada para conservação e há necessidade da adição do ácido à salmoura para abaixamento do pH. Que evita o desenvolvimento do Clostridium botulinum termo-resistente que pode ser letal ao ser humano na denominada síndrome do botulismo (CARVALHO et al.,2014). Entre os produtos vegetais conservados por meio de líquidos de cobertura existem os denominados picles. Picles são legumes, conservados em vinagre ou em salmoura. Em que os picles em vinagre são classificados em: picles ácido, picles doce e picles aromatizado. Os picles em salmoura são classificados em: picles fermentados e picles não-fermentados. Na produção de picles pode-se citar o uso de pepinos, cebolas, couve-flor e vagens. Portanto toda conserva de pepino pode ser classificada como picles, mas nem todo picles pode ser considerado conserva de pepino (LETRA et al., 2007). 3.7 Processamentoe conservação do pepino em conserva/picles O termo processamento define uma série de operações unitárias complementares entre si, cujo objetivo é prevenir alterações indesejáveis que podem ocorrer na pós-colheita da hortaliça, aumentando o seu período de vida útil. Estas alterações podem ser microbiológicas ou por reações químicas, físicas e bioquímicas dos fatores intrínsecos ou extrínsecos do alimento (LETRA et al., 2007). As conservas vegetais devem ser processadas com qualidade e segurança, independente se o processamento for realizado de maneira artesanal ou industrial. Os seguintes fatores são essenciais para garantir a qualidade do produto final: qualidade da matéria-prima, aplicação de tecnologia adequada e manipulação correta por meio das boas práticas de fabricação (BPF) (KROLOW, 2006). As etapas do processamento de pepino em conserva promovem a melhoria do sabor, odor e aspecto visual (LETRA et al., 2007). Na Figura 3 estão apresentadas as etapas efetuadas no processamento de pepinos em conserva adicionado de ácido, sedo que pode ser substituída a etapa de branqueamento pela etapa de fermentação quando deseja-se produzir picles fermentados como produto final. Figura 3: Fluxograma do processamento de pepino em conserva/picles Fonte: autoria própria. Para o processamento de pepino adicionado de ácido a parte descritiva das etapas segundo literaturas, encontra-se paralelamente a descrição do 35 processamento de pepino em conserva na seção de atividades desenvolvidas e a seguir se descreve a etapa de fermentação para produção de picles fermentados. Em que as agroindústrias especializadas na fabricação de picles podem realizar o processamento com fermentação. A etapa de fermentação ocorre dentro de uma tina de fermentação, antes da adição de vinagre e em conjunto com a salmoura contendo 10% de cloreto de sódio (LETRA et al., 2007). Ao longo da fermentação os microrganismos predominantes e desejáveis são as bactérias lácteas. Como os pepinos contêm mais de 90% de água, a salmoura perde facilmente sua ação, devendo ocorrer diariamente a recirculação uniforme da salmoura, além da adição de cloreto de sódio à salmoura, para evitar o surgimento de microrganismos deteriorantes. Entretanto, concentrações superiores a 10% podem retardar a atividade das bactérias (LETRA et al., 2007). A fermentação se completa em torno de 4 a 6 semanas, ao final do processo a concentração de cloreto de sódio é elevada gradativamente até aproximadamente 16% e estabilizada. Nesta etapa os pepinos adquirem coloração verde amarelado e polpa translúcida. (LETRA et al., 2007). Na fermentação o sal tem a função de extrair água e componentes solúveis do pepino, como açúcar, ao qual é convertido em ácido lático pelas bactérias láticas (JAY, 2005). O sal é um adequado método de conservação, pois com o aumento da pressão osmótica, o substrato disponível para os microrganismos não está mais acessível (MATOS, 2015). As vantagens desta conservação são o alto poder higroscópico, reduzindo o valor aquoso do alimento e por osmose destrói microrganismos impedem sobrevivência de microrganismos aeróbios por razão da diminuição de O2 solúvel na água, promove palatabilidade agradável e possui baixo custo de aplicação. Entretanto pode possibilitar perda de nutrientes solúveis, não elimina toxinas, se o picles for mal armazenado pode ocorrer crescimento de microrganismos halofílicos como o Mycobacterium tuberculosis e se o cloreto de sódio apresentar impurezas provoca sabor desagradável ao produto (MATOS, 2015). A conservação por acidificação nas conservas pode também prolongar a validade desta, apresentando as vantagens de contribuir na saborização do produto e prevenir o desenvolvimento de microrganismos e esporos (LETRA et al., 2007). 3.8 Composição química da conserva de pepino/picles Carvalho et al (2014) determinam em um estudo as características físico- químicas e a qualidade microbiológica de uma conserva de picles de pepinos orgânicos com o objetivo de aplicação na agricultura familiar. Esta conserva realizada não pode ser classificada como orgânica, devido a quantidade de vinagre convencional adicionada ficar acima do limite máximo definido por legislação, que autoriza o uso de matéria-prima de origem não orgânica em quantidade não superior a 5% (p/p). Os picles de pepino apresentaram elevada umidade de 94,20%, e um baixo teor calórico, constituído de proteínas, carboidratos e lipídios (Tabela 2). Tabela 2: Resultados da análise físico-química de picles elaborados com pepino orgânico. Análises (%) Picles de Pepino Umidade 94,20 ±0,61 Cinzas 2,83 ±0,10 Carboidratos 0,95 ±0,15 Proteínas 1,33 ±0,18 Lipídeos 0,47 ±0,18 Fibras 0,22 ±0,10 pH 4,10 ±0,02 Acidez 0,55 ±0,02 Sódio (mg/100g) 1460 ±1,00 Valor energético (Kcal/100g) 13,40 ±0,10 Média de 3 repetições ± IC (incerteza), intervalo de confiança a uma probabilidade estatística de 95,45%, Fonte: Carvalho et al. (2014). De acordo com a Tabela 3 a conserva de picles de pepino está dentro dos padrões microbiológicos de qualidade estabelecidos pela ANVISA, indicando que as boas práticas de fabricação (BPF) utilizadas pelos agricultores foram adequadas (CARVALHO et al. ,2014). 35 Tabela 3: Qualidade microbiológica das amostras de picles de pepino Microrganismo Contagens Coliformes totais < 3,0 NMP/g Coliformes termotolerantes < 3,0 NMP/g Salmonella Ausência/25g Staphylococcus coagulase positiva < 1,0 x 10² est NMP = Número mais provável; est: estimado. Fonte: Carvalho et a.l (2014). Segundo a RDC nº 12 da ANVISA, referente ao regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos, na categoria 4 “outros produtos vegetais”, intem “b”. Os vegetais em salmoura, temperados ou não, condimentados ou não, não comercialmente estéreis estáveis à temperatura ambiente devem apresentar para Coliformes termotolerantes ou Coliformes a 45ºC/g 102 UFC/g, para Staphylococcus coagulase positiv /g 5x102 UFC/g, ausência para Salmonella sp na amostra de 25 g do produto e não encontrado no item o padrão microbiológico para Coliformes totais ou Coliformes a 35ºC/g (BRASIL, 2001) 3.9 Microbiologia e bioquímica em picles Em fermentações naturais de picles, de acordo com sua prevalência em ordem decrescente encontram-se as bactérias L. plantarum, L. breves, P.cerevisae, E faecolis, L. mesenteroides, sendo que o L. plantarum é um microrganismo de importância desejável para a produção de picles e o L. breves é indesejável devido a sua potencialidade de produção de gases. O picles com pH final de aproximadamente 4,0 sofre deterioramento em razão de bactérias e leveduras, podendo-se citar o enegrecimento do produto devido Bacillus nigrificans que produzem pigmentos solúveis em água, o “estufamento” que são gases produzidos no interior das conservas por parte de Enterobacter spp, Lactobacillus e Pediococcus e o amolecimento em razão de pectinases que cisar/quebra as ligações celulares do pepino, deste problema existem muitos microrganismos pectinolíticos causadores, como exemplo, os gêneros Bacillus, Fusarium, penicillium e Aspergillus (JAY, 2005). A deterioração de alimentos pode ocorrer de três formas microbiológica, enzimática e física. Na microbiológica ocorre crescimento de microrganismos que em alimentos de concentrações de nutrientes, aw e baixo pH se desenvolvem e elevam a acidez, precipitam proteínas, alterando características físico-químicas. Na enzimática existem as enzimas autolíticas que ao encontrarem seus substratos podem deteriorar o alimento. Por último a deterioração física se caracteriza pela elevada temperatura que tem como consequência reações enzimáticas e não- enzimáticas, reduzindo a qualidade do produto e também a auto oxidação devido a incidência de luz solarno alimento (MATOS, 2015). . 3.10 Defeitos tecnológicos de conservas de pepino/picles O amolecimento pode resultar em perdas para a indústria de picles. Este é decorrente da decomposição de substâncias pécticas devido a enzimas naturais da hortaliça ou enzimas secretadas por bactérias, leveduras ou fungos, sendo o amolecimento característico de transformações químicas que ocorrem lentamente em todos os alimentos processados (BIOTECNOLOGIA 2001). Picles “ocos” ou com ”cavidades” cita-se como fatores de causas, estrutura física da hortaliça, formação de gás por microrganismos, efeito da pressão da salmoura sobre suas superfícies, diferenças entre variedades e estádios de maturação. A adição de benzoato diminui o desenvolvimento de ”cavidades” com maior poder de ação contra leveduras (BIOTECNOLOGIA 2001). A salmoura escura pode ser visualizada quando ocorre a formação de sulfato de ferro, a qual é obtida pela reação do gás sulfídrico (decomposição de proteínas) e sais de ferro (água e equipamentos que contém ferro). Estudos indicam que a salmoura viscosa é causada por bactérias gram-negativas devido a sua capacidade de desenvolver uma cápsula e assim se sobreviver em meios de baixa acidez e concentração de cloreto de sódio. (BIOTECNOLOGIA 2001). A acidificação ou “flat-sour” é caracterizado pela produção de ácido sem desenvolvimento de gás, gerando produtos ácidos/picantes e turvação do líquido (MATOS, 2015). 35 4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O processamento do pepino em conserva em uma agroindústria é compreendido das seguintes etapas apresentadas na Figura 4. Figura 4: Fluxograma de processamento de pepinos em conserva de uma agroindústria Fonte: Autoria própria. No decorrer do estágio foi realizada a execução das seguintes atividades: acondicionamento dos pepinos no interior das embalagens, adição da salmoura e colocação das tampas nas conservas de 300 g, 1800 g e lavagem dos utensílios (bacias e baldes) ao final do turno matutino. As demais etapas foram apenas visualizadas durante o estágio. 4.1 Descrição das instalações produtivas na agroindústria As instalações em que o processamento de pepinos era executado na agroindústria podem ser observadas na Figura 5: Figura 4: ilustração da planta baixa de uma agroindústria de pepinos em conserva Fonte: Autoria própria. A área de higienização/recepção da matéria-prima localizada na área 1 (Figura 5) da agroindústria, ocorre a recepção os pepinos e caixas de vidros e não ocorre diferenciação estrutural entre estas áreas. A recepção dos ingredientes da salmoura e das caixas de tampas esterilizadas é realizado próximo as áreas 5 e 6 (Figura 5) da agroindústria devido aos locais de armazenamento destas matérias estarem mais próximos, do que se fosse realizado a recepção na área de higienização/recepção da matéria-prima (área 1 – Figura 5). Esta proximidade de recepção e produção está em Desacordo com e RDC nº 352, de 23 de dezembro de 2002 em que cita que as operações de recepção das hortaliças, ingredientes e embalagens devem ser realizadas em local protegido, limpo e isolado da área de produção. As operações do processo de produção devem ser realizadas em local apropriado, com isolamento da área de pré-preparo e preparo, seguindo fluxo ordenado, linear e sem cruzamentos, sendo o processo desempenhadas e supervisionadas por funcionários comprovadamente capacitados. (BRASIL, 2003) Na área de recepção da matéria-prima encontra-se uma balança de 100 kg vertical para pesagem dos pepinos, os quais são dispostos e acondicionados em caixas de plástico e bag´s para hortaliças. Esta área encontra-se junto ao local de armazenamento das caixas de papelão com vidros (área 1 – Figura 5), os quais são utilizados para acondicionar os pepinos após o processamento (área 5 - Figura 5). Estas embalagens ficam dispostas sobre paletes de madeira. A área de 35 higienização/seleção da matéria-prima (área 1 - Figura 5) é separada da área externa por um muro de alvenaria. A sala de armazenamento da matéria prima (área 2 - Figura 5) possui azulejos na cor bege apresentando uma porta para a área de produção e uma porta para a área de higienização, além de um ar acondicionado, o qual é responsável por evitar alterações indesejáveis mantendo os pepinos sadios na temperatura refrigerada de 16º C até o momento da higienização dos mesmos. A área de higienização (área 1 - Figura 5) é composta de pia de inox denominada “bica”, a qual é utilizada para sanitização dos pepinos, um tambor rotativo para lavagem dos pepinos. A sala de processamento (área 3 - Figura 5), de modo longitudinal existem as salas de preparo de salmoura (área 4 Figura – 5) e armazenamento final (área 5 Figura – 5) As paredes da sala de processamento são de cor branca, o piso é bruto. Através da área de higienização os manipuladores possuem acesso ao setor produtivo. Na sala de processamento há cinco mesas de aço inoxidável posicionadas longitudinalmente. Nessas mesas com baldes brancos de 10 L e bacias brancas pequenas e grandes, os manipuladores realizam o acondicionamento dos pepinos no interior das embalagens e adição de salmoura. Na sala de processamento (área 3 – Figura 5) há um tanque de imersão com água para depositar os pepinos já higienizados, além de caixas de vidros empilhadas sobre paletes, ambos com o objetivo de evitar a movimentação dos manipuladores para a área de higienização. O tanque de salmoura de aço inoxidável também está localizado na área de produção (área 3 – Figura 5) ao lado esquerdo das mesas. Neste lado sobre paletes encontra-se disposta uma caixa de tampas esterilizadas, a qual é utilizada por parte dos manipuladores para vedação das embalagens. Há também sobre as mesas de aço inoxidável duas balanças eletrônicas de 5 Kg cada, empregada para pesar os vidros após serem preenchidos com os pepinos. Na área produtiva (área 3 – Figura 5) também se localiza um tanque vertical e um tanque horizontal para imersão de 4 cestos grandes e oito pequenos, sendo que no vertical é colocado somente um cesto por vez e no tanque horizontal pode ser acondicionado até quatro cestos pequenos. A temperatura de pasteurização é medida por meio de um termômetro de mercúrio. Ao final do processo térmico, os cestos contendo as conservas são retirados do tanque de tratamento térmico por meio de um sistema elétrico. E um carrinho plataforma que auxilia no transporte dos cestos antes e depois do tratamento térmico. A área de armazenamento dos ingredientes (área 4 – Figura 5) para o preparo da salmoura é um espaço localizado entre o escritório e a sala de processamento. Nesta área encontra-se disposto, sobre paletes, os ingredientes como vinagre, sal e açúcar, assim como os condimentos como erva doce e coentro, que estão distribuídos em uma estante de aço inox. A sala de armazenamento do produto final (área 5 – Figura 5) é um local em que as conservas se encontram acondicionadas em caixas de papelão e estas empilhadas, sendo o empilhamento realizado de forma manual. Nesta área também estão dispostas as caixas de tampa esterilizadas. Este local está de acordo com a legislação em que cita que os alimentos devem ser armazenados separados por tipo ou grupo, sobre estrados distantes do piso, ou sobre paletes, bem conservados elimpos ou sobre outro sistema aprovado, afastados das paredes e distantes do teto de forma a permitir apropriada higienização, iluminação e circulação de ar. Apresentando também ausência de material estranho, estragado ou tóxico (BRASIL, 2003). 4.2 Processamento de pepino em conservas O processamento do pepino em conserva na agroindústria foi compreendido pelas etapas visualizadas na Figura 4. A empresa possui duas linhas de produção, a primeira é utilizada para o processamento e envase de pepinosem conserva de 300 g, enquanto a outra é destinada ao preparo de produtos contendo 1800 g. Nesta linha de 1800 g são utilizados pepinos de diâmetros médios superiores de 1,7 cm e circunferência média superior de 6,7 cm (pepinos de medidas inferiores a estes números são destinados a linha de 300 g), aos quais são acondicionados em vidros. O seu processamento apresenta as etapas descritas na Figura 4, sendo que antes do envase ocorre um pré-aquecimento dos pepinos. As conservas com 1800 g são destinadas exclusivamente a uma empresa de são Lourenço do Oeste, a qual reprocessa e vende na forma de conserva agridoce. Esses valores citados acima em gramas se referem à conserva ainda sem a adição 35 de salmoura nos vidros, sendo que com a adição da salmoura a conserva de 300 g vai para 500g e a conserva com 1800 g apresenta 3 kg. 4.2.1 Origem e transporte da matéria-prima A empresa adquire os pepinos de agricultores locais e da região, sendo que a matéria-prima utilizada no processamento pertence às cultivares ajax e kybria, que são do tipo indústria ou conserva. Durante a safra, a qual ocorre no período de setembro a janeiro, os agricultores na grande maioria, aplicam o tutoramento, esse plantio utiliza estacas e arames para desenvolvimento da planta no sentido vertical, que reduz perdas de produção em razão de doenças e pragas. Enquanto que na época de safrinha que é identificada como um período de menor produção de pepinos, a qual ocorre de fevereiro até abril, muitos produtores de pepino consideram o processo de tutoramento como muito trabalhoso e optam por um plantio sem anteparos e quando este é aliado a grandes períodos de chuva, ocorrem grandes perdas de produto. No ano de 2018 observou-se, por parte da agroindústria, essa situação de perda de matéria prima, devido ao plantio sem anteparo e períodos de chuva excedentes. Para colheita do pepino recomenda-se que a sua realização seja em temperaturas mais amenas, acondicionando o vegetal em caixas de plástico limpas, sendo este transportando o mais rápido possível até o local de manipulação. Se não for possível o transporte imediato é ideal que a hortaliça seja colocada em ambiente resfriado logo após a colheita (KROLOW, 2006). O ambiente refrigerado possui como objetivos a redução da atividade biológica do vegetal, que retarda a maturação, a diminuição do desenvolvimento de microrganismos e a minimização da perda de água na hortaliça, logo prolongando a vida útil do pepino in natura em 10 a 15 dias. Durante o armazenamento comercial do pepino recomenda-se a temperatura de 10 a 13º C e umidade relativa de 95% (MORAIS, 2006). A colheita dos pepinos nas propriedades ocorre em qualquer horário do período matutino e vespertino. Após a colheita, as matérias-primas são acondicionadas em caixas de plástico ou bag´s para hortaliças de acordo com a Figura 6. O transporte da matéria prima é realizado por meio de caminhão baú ou furgão da própria agroindústria, a qual realiza a recolha da colheita de pepinos nas propriedades. Normalmente, este procedimento é realizado em dias alternados. Isto ocorre, pois em um dia os pepinos são transportados até a empresa e no outro os pepinos são processados, devido à sua alta pericibilidade. Figura 6: Pepinos acondicionados em caixas de plástico ou bag´s para frutas e vegetais Fonte: Autoria própria. 4.2.2 Recepção e armazenamento na agroindústria A recepção e seleção ocorrem na denominada área suja. Na recepção os pepinos devem ser avaliados quanto à sua qualidade comercial (sadios). Logo, os pepinos que apresentarem injúrias como machucados ou deteriorações, devem ser rejeitados. Se necessário o armazenamento, este deve ser feito em ambiente refrigerado e umidade relativa de 90% (KROLOW, 2006). Os pepinos ao chegarem à empresa são pesados para depois ser efetuado o pagamento aos produtores. Não ocorrendo uma seleção antes do armazenamento (conforme sugerido na literatura) da matéria-prima que ocorre na sala específica para este fim (área 2 – Figura 5), a qual é climatizada a 16º C, para conservação dos pepinos até o momento da produção, sendo a seleção anterior ao início da lavagem. 4.2.3 Higienização Na higienização, os pepinos devem ser primeiramente lavados em tambores rotativos ou em aspersores com jatos de água para a remoção de sujidades e terra aderidas nas hortaliças (KROLOW, 2006). Após a lavagem, deve ser procedido a sanitização, na qual os pepinos podem ser imersos, durante 10 minutos em um 35 tanque de aço inoxidável contendo solução clorada de 2,0 a 2,5% de cloro ativo (MALDONADE, 2009). Na agroindústria realiza-se da seguinte forma a retirada de sujidades advindas da plantação de pepinos como terra e folhas era realizada por meio de tambor rotativo (Figura 7). Na qual, o manipulador depositava os pepinos no equipamento, o qual possui cerdas de nylon nas laterais das paredes internas e com o movimento giratório de 360º executava a operação de limpeza. Para diminuir a abrasão entre a matéria prima e as cerdas injetava-se água potável clorada pela lateral esquerda. Figura 7: Máquina de tambor rotativo utilizado na lavagem dos pepinos Fonte: Autoria própria. Após a lavagem, o pepino era depositado na pia de aço inoxidável que possuía a cada 3 litros de água 60 ml de água sanitária, o que resultava em uma concentração final de 2,5% de cloro livre (indicado no rótulo da água sanitária). A presença do cloro ativo sanitiza a superfície externa do pepino. Na Figura 8 observa- se o local de sanitização de pepinos. Figura 8: Local de sanitização de pepinos Fonte: Autoria própria. Com o objetivo de reduzir a movimentação dos manipuladores entre os ambientes internos na agroindústria, os pepinos eram transportados pelo manipulador da área de higienização, por meio de bacias brancas, até a sala de processamento. Nesta, eram colocados em um tanque de imersão de pepinos (Figura 9) que contém água potável, essa água é drenada ao final de cada turno para lavagem do tanque. Figura 9: Tanque de imersão de pepinos Fonte: Autoria própria. 4.2.4 Seleção e classificação A seleção dos pepinos tem como objetivo uniformizar e melhorar as operações de branqueamento, envase e conservação (MALDONADE,2009). Os pepinos para picles devem ser de variedade firme, forma regular e aspecto sadio, sem a maturação fisiológica completa (LETRA et al., 2007). A classificação deve ser realizada devido aos pepinos muito grandes não serem adequados para a produção de picles, sendo ideal àqueles que possuem tamanhos pequenos (LETRA et al., 2007). Mallmann (2012) informa que o tamanho ideal do pepino para conserva segundo o agricultor Domingos Guaragni “deve ter de seis a oito centímetros”. A seleção dos pepinos sadios e a sua classificação por diâmetro e circunferência ocorrem de forma manual (análise visual) na agroindústria, o que pode acarretar em erros na sua diferenciação, tornando o procedimento não padronizado e dependente de cada manipulador. Classifica-se os pepinos entre a linha de produção de conservas de 300 g e linha de produção de conservas com 1800 g, respeitando-se as medidas para conservas de 1800 g (1,7 cm de diâmetro ou mais e 6,7 cm de circunferência ou mais). Para o processamento das conservas de 300 g se utiliza no máximo diâmetro e circunferência inferiores ao utilizado na linha de 1800 g, não havendo números de diâmetro e circunferência mínimos na linha de 300 g. Os pepinos da linha de produção de 1800 g são separados em bacias, até o término da produção das conservas de 300 g, para então dar início ao 35 processamento das conservas de 1800 g. As operações de seleção e classificação eram realizadas durante o processamento na linha de pepinos em conservas de 300 g. A seleção e classificação poderiaser executada por todos os manipuladores, tanto na área de higienização, na pia de inox, quanto na sala de processamento, nas mesas de envase. As únicas recomendações que os manipuladores deveriam seguir eram: os pepinos não comestíveis referentes ao aspecto amarelado e textura mole deveriam ser depositados em baldes e levados, no fim do turno, à uma das propriedades da agroindústria. Na propriedade este produto é utilizado para adubação da horta com os pepinos fora dos padrões. Nesta agroindústria, em que o estágio foi realizado, não é aplicado sobre os pepinos o branqueamento. Procedimento este que se realiza por meio do aquecimento do pepino em água em ebulição por 2 minutos, seguido do resfriamento rápido. A aplicação do branqueamento é benéfica ao vegetal possibilitando a eliminação do ar do tecido, inativação das enzimas, fixação da cor, redução da carga microbiana e alteração da textura (MALDONADE, 2009). 4.2.5 Envase No envase de picles são amplamente utilizados os vidros por possibilitarem ao consumidor a visão do produto final. Antes do envase deve-se assegurar que os vidros estejam limpos. A esterilização dos vidros pode ser realizada por meio de fervura dos vidros durante 15 minutos. Após lavagem, enxágue e esterilização recomenda-se passá-los em água fervente para testar se há falhas no vidro, logo se houver, o vidro se quebrará em contato com a água quente (KROLOW, 2006). Sugere-se que a hortaliça seja disposta nas embalagens de modo que fiquem bem “encaixadas”, evitando-se sua flutuação após a adição de salmoura, além de ser mais atrativas ao consumidor (KROLOW, 2006). Na agroindústria, os manipuladores retiravam o pepino do tanque (figura 7) por meio de peneira de plástico ou metálica, depositando-os em bacias brancas que facilitam a sua visualização, seleção e classificação. Na mesa de envase os pepinos eram acondicionados inteiros e com casca nos vidros até a obtenção do peso estipulado para 300 g ou 1800 g. Duas balanças eletrônicas de 5 Kg cada auxiliava nesta etapa. Os vidros para as linhas de conservas na maioria das vezes eram retirados das caixas, não ocorrendo nenhum processo prévio de limpeza, pois já vinham esterilizados do fornecedor. As caixas de vidro (15 vidros cada) dispostas na sala de processamento (área 3 – Figura 5) encontravam-se empilhadas sobre paletes, seguindo a finalidade de evitar movimentação desnecessária dos manipuladores entre ambientes de produção na agroindústria. A operação de envase ocorre em cinco mesas, em duas trabalham os manipuladores que depositavam os pepinos nos vidros de conserva e as restantes eram destinadas à adição de salmoura, conforme Figura 10. Figura 10: Mesa de envase na sala de processamento Fonte: Autoria própria. Os vidros de reaproveitamento, predominantemente da linha de processamento de 1800 g, eram lavados com detergente e água e imersos em água quente de 60º C por cinco minutos. Para as tampas reaproveitáveis se fazia o mesmo procedimento de lavagem dos vidros e posteriormente a imersão em água clorada. Nesta etapa era necessário evitar deixar espaços vazios no vidro, assim como pepinos acima da borda do vidro, pois estes fatores podem prejudicar a vedação posterior. Nas conservas, para evitar essas ocorrências os pepinos eram acondicionados verticalmente. 4.2.6 Preparo e adição de salmoura No preparo de salmoura padrão os ingredientes utilizados são 750 mL de água potável, 250 mL de vinagre de álcool, 25 g de açúcar, 20 g de sal refinado (e condimentos q.s (quantum satis) de pimenta-do-reino, pimenta-vermelha, mostarda 35 em grão, erva-doce, sendo indicado não usar salsinha, cebolinha, orégano e outros temperos verdes, que dão cor esverdeada à salmoura (KROLOW, 2006). No momento do envase a salmoura era preparada (área 4 – Figura 5), havendo na agroindústria três colaboradores que exercem esta função. Os quais não possuíam cursos ou formação para a atividade. O procedimento de medição dos ingredientes para salmoura ocorria em uma área entre a sala de produção e o escritório (área 4 – Figura 5). As quantidades de ingredientes obtidas de um balde medidor eram vertidas no tanque de salmoura construído com aço inox localizado na sala de processamento. A salmoura, preparada em um tanque de aço inox, sendo que em uma batelada possuía: 560 litros de água, 17 % de vinagre branco duplo com 9% de ácido acético, 5 % de sal, 3% de açúcar e condimentos de erva doce e coentro. Na linha de 1800 g adicionava-se ainda 1% de vinagre a mais que na linha de 300g. A água utilizada em todas as operações, não somente na adição de salmoura, é coletada de poço artesiano, sendo essa água clorada na caixa de água de 2000 litros. Antes do início do estágio foram realizadas análises laboratoriais de contagens microbiológicas e dureza na água, a qual se apresentou dentro dos padrões, o que garante a sua potabilidade. Conforme Brasil (2003) a potabilidade da água deve ser atestada por meio de laudos laboratoriais, com adequada periodicidade, assinados por técnico responsável pela análise ou expedidos por empresa terceirizada Segundo Krolow (2006) para preparar a salmoura, a água com cloreto de sódio é aquecida até o início da temperatura de ebulição. Assim, nesse momento os demais ingredientes devem ser adicionados. O processo de aquecimento continua até que a salmoura apresente temperatura mínima de 85ºC, para proceder a sua adição ainda a quente à embalagem. Esta é vertida sobre todo o pepino disposto na embalagem, com a finalidade de evitar o escurecimento do pepino e promover a conservação de todas as hortaliças, devido à redução de oxigênio prejudicial na conserva. Na agroindústria, o preparo da batelada de salmoura iniciava-se em paralelo ao envase. Inicialmente a água era colocada para ferver em um tanque de inox (Figura 11) e no momento da fervura adicionados os ingredientes, conforme mencionado na formulação citada acima. Quando se apresenta acondicionados 540 vidros de pepino envasado, ou seja, três mesas completas com “pepinos em conserva”, ocorre a adição da salmoura a quente até a borda do vidro. Então, as embalagens eram vedadas com a colocação das tampas e um fechamento de maior pressão. Figura 11: Tanque de salmoura Fonte: Autoria própria Durante adição da salmoura, um balde era colocado abaixo de uma abertura circular da mesa, com a finalidade de aproveitar a salmoura que ficar ali acumulada. Na sequência ao fechamento das tampas as embalagens eram colocadas no interior do cesto para o tratamento térmico. Uma importante etapa que se realizava ao longo do processamento nesta agroindústria é a exaustão, que tem o objetivo de expulsar o ar de dentro da embalagem e assim minimizar reações químicas de deterioração no produto final. Esta operação pode ser realizada artesanalmente com a perfuração da faca nos espaços vazios e fechamento imediato com tampas novas. Existe também o método de exaustão por tratamento térmico, em que o vidro passa por túnel de exaustão a vácuo, na temperatura entre 85°C e 95°C, por 2 a 4 minutos, sedo realizado o fechamento hermético dos vidros na saída do túnel. O uso da salmoura à quente já favorece a retirada de ar (KROLOW, 2006). Durante o aquecimento, o calor expulsa o ar interno do alimento e também aquele presente no espaço livre do recipiente, posteriormente ao fechamento e resfriamento os vapores contidos na embalagem se condensam formando o vácuo (OETTERER et al.,2006). 4.2.7 Tratamento térmico O tratamento térmico aplicado para conservação do calor tem por objetivo a morte térmica de microrganismos por meio da desnaturação e da coagulação de 35 suas proteínas e destruição das enzimas metabólicas. O tratamento térmico pode ser realizado nos alimentos por apertização, ou seja, produtos já embaladossubmetidos à esterilização em autoclave (115º C OU 121º C) (OETTERER et al.,2006). Entretanto esta temperatura pode escurecer demais o pepino, não sendo atrativo ao consumidor, por isto se utilizam temperaturas inferiores a 100ºC, processo denominado pasteurização (MALDONADE, 2009). No tratamento térmico da agroindústria as embalagens eram colocadas em um cesto de inox, de diferentes tamanhos e dispostos dentro de um tanque contendo água aquecida, a qual advém da caldeira a lenha, localizada em ambiente externo. Neste tratamento térmico a temperatura utilizada é de 75º C por 15 minutos, com o objetivo de reduzir a contagem microbiana e as alterações bioquímicas. O binômio tempo x temperatura 75º C por 15 minutos é mantido igual para as conservas de 300 g e 1800 g independentemente de haver maior massa. Haja vista que anteriormente ao envase, os pepinos de circunferência destinados a conserva de 1800 g são submetidos ao calor por 5 minutos, não se caracterizado como branqueamento devido ao resfriamento ocorrer com jatos de água na temperatura ambiente. Esta operação é executada com o objetivo de tornar os pepinos mais flexíveis durante o seu acondicionamento nos vidros. Entre as camadas das conservas de vidros de 1800 g, em que o cesto é grande, colocavam-se toalhas para não quebrar os vidros e perder produto devido aos espaços vazios entre as embalagens de vidro durante essa operação. Na Figura 12 pode ser observada a execução do tratamento térmico de conservas de 1800 g em cestos pequenos no tanque vertical de tratamento térmico. Figura 52: Pasteurização de conservas de 1800 g em tanque horizontal Fonte: Autoria própria. Na agroindústria do estágio também não se realizava o resfriamento. No entanto, esta é uma etapa importante do processo, uma vez que promove a interrupção do tratamento térmico das hortaliças, evitando-se alterações indesejáveis de cor, sabor, odor e textura na conserva. Sem o resfriamento, as hortaliças continuarão em cocção promovendo condições para o desenvolvimento de microrganismos termo-resistentes, que podem fermentar e tornar o produto azedo. No entanto, deve-se tomar o cuidado para não ocorrer choque térmico nos vidros, para isso, antes do resfriamento deve-se deixar escorrer água fria lentamente pelas paredes internas do tanque de tratamento térmico (KROLOW, 2006). 4.2.8 Armazenamento final e Rotulagem As conservas ao final do processamento devem ser armazenadas em paletes, os quais devem ser dispostos emlocal arejado, fresco e seco para evitar danos às embalagens e alterações no produto. Os produtos vegetais ainda devem respeitar o tempo de 15 dias antes de serem consumidos, para que ocorra a acidificação do produto e o desenvolvimento de aromas (MALDONADE, 2009). O transporte refrigerado não é obrigatório, podendo ser transportados em caminhões com carroceria coberta com lona, evitando-se apenas sua exposição prolongada ao calor e à umidade (KROLOW, 2006). Durante o estágio, as conservas de pepino depois de resfriadas à temperatura ambiente, seguiam por meio de um carrinho plataforma de inox (Figura 13) até a sala de armazenamento e seguiam para o acondicionamento nas mesmas caixas em que os vidros estéreis eram recebidos. As caixas da linha de 300 g possuiam 15 vidros cada e as caixas da linha de 1800 g acondicionava 6 vidros de conserva de conserva. Estas caixas, na sala de armazenamento final (área 5 – Figura 5) eram empilhadas sobre paletes até altura média de 2 m. Figura 6: Carinho plataforma transportando conservas prontas Fonte: Autoria própria. Na etapa de rotulagem colocava-se o rotulo na embalagem de conserva de pepino, apresentando as informações estabelecidas pela Resolução RDC nº 259 de 35 20 de setembro de 2002 (BRASIL, 2002). Este regulamento técnico aplica-se à rotulagem de todos os tipos de alimentos que sejam comercializados, independentemente de sua origem, embalados sem a presença do cliente, e prontos para oferta ao consumidor Depois de rotuladas, as embalagens devem ser embaladas em caixas de papelão e armazenadas até a distribuição (KROLOW, 2006). A rotulagem sempre é realizada em dias diferentes do processamento das conservas, etapa esta que não foi acompanhada durante o desenvolvimento do estágio. No entanto, foram repassadas as informações de que esta etapa é realizada manualmente pelos manipuladores. A empresa possui marca própria e também terceiriza seu serviço processando para outras empresas da região. 4.3 Higiene das Instalações Ao fim do turno ou no término das atividades, era realizada a limpeza com água corrente potável nos pisos, mesas e equipamentos sem aplicação de detergentes neutros ou sanitizantes. Com a mesma frequência, os utensílios como bacias utilizadas durante o envasem e baldes de salmoura eram limpos com água e detergente neutros, sem posterior sanitização. Ao final do procedimento eram armazenados sobre uma mesa de envase até a próxima produção das conservas. 4.4 Higiene pessoal Os manipuladores não possuem orientações diárias quanto às boas práticas de fabricação (BPF), no entanto, durante o desenvolvimento do estágio foram observados manipuladores utilizando acessórios como anéis e relógio no processamento das conservas de pepino. Observou-se que a conduta de BPF dependia de cada manipulador. As recomendações efetuadas verbalmente aos manipuladores pela empresa eram: não conversar durante o processamento, utilizar calça comprida e camisa branca (as quais são cedidas pela empresa), manter os cabelos protegidos com touca ou boné e utilizar botas de borracha para proteção contra vidros quebrados. A RDC nº 352 de 2002 cita que os manipuladores devem apresentarem-se no ambiente de trabalho com mãos limpas, unhas curtas, sem esmalte, sem adornos (anéis, pulseiras, brincos, etc.), os homens manipuladores barbeados e o cabelo protegido independente do comprimento (BRASIL, 2003). A empresa possui local para lavagem das botas na área de higienização, conforme a Figura 14. A lavagem das mãos ocorre nos banheiros, com a utilização de sabonete líquido aromatizado, no local há figura ilustrativa com a indicação do modo correto para a lavagem das mãos. Ao adentrar a área de processamento há um recipiente com sabonete antisséptico para a sanitização das mãos. Entretanto não existe controle ou indicação para a sua utilização. De acordo com Brasil (2003) no item 3.2 da lista de verificação de boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadoreJs de alimentos, os hábitos higiênicos dos manipuladores devem ocorrer com a lavagem cuidadosa das mãos antes da manipulação de alimentos, principalmente após qualquer interrupção e depois do uso de sanitários. Além de os manipuladores não poderem praticar atos que possam contaminar o alimento como cuspir, tossir, fumar. Assim como cartazes para orientação dos manipuladores sobre a correta lavagem das mãos e demais hábitos de higiene, afixados em locais apropriados e capacitação e controle registrado sobre a performance higiênica e saúde (doenças ou lesões) destes manipuladores. Figura 7: Local para lavagem das botas Fonte: Autoria própria. 4.5 Ampliação da agroindústria A agroindústria está em contínuo avanço, no entanto, foi observado no início do estágio uma sistemática de produção que pode ser melhorada em relação ao local de preparo da salmoura, local de manuseio da conserva para a caixa e a falta de aproveitamento das mesas. 35 Porém, ao final do estágio foi visualizada a substituição do tanque de salmoura por um de maior dimensão, além disso, também houve melhor redistribuição das mesas, as quais passaram a ser dispostas no sentido horizontal, aumentando a produção de conservas, devido quatro mesas de pepinos envasados nos vidros recebem a adiçãode salmoura e no antigo fluxo de processamento somente duas mesas receberiam a adição da salmoura. Ainda foi incorporado no processo um tanque de tratamento térmico horizontal que é utilizado na maioria das vezes para a linha de 1800 g, dispensando-se os panos entre as camadas de vidros. Todas estas mudanças melhoraram a produção de conservas em relação a produtividade. Em um futuro próximo será substituído a máquina de lavagem dos pepinos por uma de maior capacidade. Observando-se a rotina desta agroindústria sugere-se a implementação de boas práticas de fabricação através de medidas higiênicas adequadas dos manipuladores e materiais utilizados, assim como a proibição do uso de acessórios aos manipuladores e processamento adequado da conserva de pepino. O cumprimento de BPF evita que os pepinos sejam contaminados por microrganismos presentes no solo, na água e durante a produção e manipulação, logo promovem a melhoria da qualidade e segurança da conserva. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS No processamento realizado pela agroindústria as operações podem ter pontos divergentes daquelas citadas na literatura, entretanto existe a concordância que na execução de todas as etapas deve-se observar a garantia de obtenção de produtos adequados para comercialização do alimento, sem alterações físicas e microbiológicas durante todo o prazo de validade do produto. Observou-se que a utilização do processamento de conservas a partir de pepinos é uma adequada maneira de conservar a hortaliça, promovendo a comercialização ao longo de todo o ano e ainda agregando valor aos produtos, o que reduz as perdas e aumenta a renda das famílias agricultoras. Durante o acompanhamento do processamento das conservas de pepinos, observou-se que os pepinos podem ser classificados de acordo com a sua circunferência, lavados em tambor rotativo e sanitizados em água clorada. E no seu envase, em vidros, os espaços livres não devem estar em excesso, pois prejudicam a correta vedação. Foi observado também que os aspectos de preparo e aplicação da salmoura influenciam diretamente na qualidade sensorial da conserva. Pode-se verificar também que as temperaturas elevadas podem promover maior inocuidade ao produto final, entretanto a coloração escura advinda dessa etapa não apresenta atratividade ao consumidor, logo no processamento das conservas é indicado o tratamento térmico inferior a 100º C. A agroindústria de conservas apresenta uma infra-estrutura básica para processamento, podendo ser feito melhorias no controle de qualidade durante a rotina de processamento. Observou-se ainda que a interação e comunicação saudável, sem desrespeito por parte dos manipuladores, são de suma importância para se ter ao final uma produção mais elevada e também para garantir a segurança dos alimentos. O estágio foi importante para relacionar a parte teórica do processamento de conservas ensinada no instituto com a realidade que as agroindústrias desempenham a atividade. Observando-se que qualidade e segurança alimentar são resultados da execução de atividades adequadas durante processamento. 35 REFERÊNCIAS BIOTECNOLOGIA industrial: biotecnologia na produção de alimentos. Coordenação de Eugênio Aquarone et al. São Paulo: Blucher, 2001. 523 p. BRASIL. Resolução RDC ANVISA/MS nº. 12 de 2 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União, DF, 2 jan. 2001. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/RDC_12_2001.pdf/15ffddf6- 3767-4527-bfac-740a0400829b. Acesso 10 mai. 2018. BRASIL. 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