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politicas setoriais II

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POLÍTICAS SETORIAIS II
Valquiria Viviani Rodrigues Backes Forster
Constituição de 1988 
e o Estatuto da Criança 
e do Adolescente (ECA)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar os contextos socioeconômico e político dos anos 1980 e o 
processo de mobilização popular no Brasil.
  Reconhecer o ECA e a doutrina da proteção integral.
  Identificar os desafios das políticas públicas para o reconhecimento 
da criança e do adolescente como sujeitos de direitos.
Introdução
O Brasil viveu diversos momentos cruciais em sua história, economia 
e política, mas, sem dúvida, o fim da década de 1980 e o início da de 
1990 se destacam entre eles, já que viram surgir diversos movimentos 
e articulações muito necessários para o restabelecimento democrático 
com o fim do regime militar. Nesse sentido, foram fundamentais a ela-
boração de dois instrumentos que protegem e reconhecem a criança e 
o adolescente no Brasil: a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA).
Neste capítulo, você vai acompanhar uma contextualização do pro-
cesso de mobilização popular no Brasil que precedeu e contribuiu com 
a construção e aprovação da Constituição Federal de 1988 e, dois anos 
depois, do ECA. Além disso, você também vai reconhecer o ECA e os 
principais desafios das políticas públicas para reconhecer a criança e o 
adolescente como sujeitos de direitos.
Contexto econômico e político dos anos 1980 
e o processo de mobilização popular no Brasil
Os anos 1980 e 1990 no Brasil foram de articulação e fortalecimento da mobiliza-
ção popular. Inicialmente, a articulação se deu em torno da resistência ao regime 
militar, culminando em grandes greves que se intensifi caram nos anos de 1978 e 
1979. Setores como as Comunidades Eclesiais de Base (ligadas à Igreja Católica), a 
educação, a saúde e segmentos ligados aos trabalhadores passaram a se organizar 
e criaram movimentos pelos transportes, movimentos de favelados pelo direito de 
uso das terras onde estavam, a Confederação Geral dos Trabalhadores, a Central 
Única dos Trabalhadores, a Confederação Nacional de Moradores, entre outros, 
sendo que muitos deles deram origem a alguns dos atuais movimentos sociais. 
Os anos entre 1937 e 1985 compuseram uma fase paradoxal na sociedade 
brasileira, pois, de um lado, o regime militar estabelecia uma profunda opressão 
social, com o cerceamento de liberdades e repressão vivida especialmente pelos 
grupos historicamente marginalizados no país, como, entre outros: as mulheres 
(o regime, por meio da religião e da comunicação, pregava que o papel da mulher 
deveria ser o da mãe e esposa dedicada, obediente e casta, não reagindo e não 
resistindo; aquelas que se colocavam contra o regime militar eram duramente 
castigadas, sendo vítimas de violências diversas, muita crueldade e, muitas 
vezes, de morte), os negros (que foram alvo da violência policial, que não 
permitia a participação dessa população na sociedade, relegando o povo negro 
à subalternidade e impedindo-o, inclusive, de manifestar sua religião ou suas 
tradições), os indígenas (que sofreram principalmente porque residiam em terras 
que eram do interesse das ações desenvolvimentistas, ou seja, atrapalhavam as 
obras previstas, como estradas, hidrelétricas, etc.; há registro de que esses povos 
sofreram torturas de todos os tipos Brasil afora); a população LGBT+ (cabe 
lembrar que a homossexualidade era considerada uma patologia nessa época, 
inclusive pela OMS; a população LGBT+ era duramente perseguida, ofendida 
e encarcerada arbitraria e ilegalmente). De outro lado, houve a consolidação de 
direitos políticos, o que, de alguma maneira, minimizou o momento de torturas 
e impedimentos diversos pelos quais o Brasil passava, mantendo um véu sobre o 
fato de que as políticas desenvolvidas nesse período eram impostas pelos militares 
“de cima para baixo”, com o claro objetivo nacional desenvolvimentista. Pode-
-se dizer que, nesse período, o regime militar se utilizou, além da repressão, de 
muita propaganda estabelecida pela mídia controlada pelo governo, o que dava 
aos menos avisados a impressão de se viver um bom período, afinal, muitas 
construções e desenvolvimento econômico estavam acontecendo, o que fazia 
parecer que tudo estava bem. 
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)2
Todos os anos e vivências do período do regime militar deixaram profundas 
marcas na sociedade brasileira e, na atualidade, ainda encontramos resquícios 
de perseguições aos povos que compõem as minorias sociais, repressão às li-
berdades, cerceamento das lutas e dos movimentos sociais. Ainda hoje, pode-se 
encontrar notícias de líderes sendo calados (muitas vezes com a própria morte) 
para que não se oponham àqueles que se encontram no poder. Atualmente, 
ainda se tortura, prende e mata a população de negros, especialmente os 
jovens negros que se encontram marginalizados nos grandes centros urbanos, 
e ainda se acompanha no discurso de políticos e governantes do país ideias de 
repressão e de cerceamento da liberdade e do pensamento que esteja apartado 
do que defende a elite da política brasileira — assim, encontramos no cotidiano 
da nossa sociedade diversos exemplos de reverberação da ditadura militar.
O ano de 1984 foi marcado fortemente pela organização popular, que foi 
para as ruas do país pedindo o fim do regime militar e eleições diretas para 
presidente da república, o que acabou por só acontecer no ano de 1989. Nesse 
mesmo tempo, o país passava por uma crise econômica, que assolava também o 
restante do planeta, e o desemprego, a flexibilização de contratos de trabalho e 
a reestruturação geral do mercado passaram a ser o tema do momento. A pauta 
de reivindicação dos trabalhadores passa a ser a manutenção do emprego, sem 
luta por melhores salários ou melhores condições de trabalho. Nesse momento 
histórico, os movimentos populares urbanos se enfraquecem. Diferentemente 
deles, os movimentos sociais no campo ganham força nesse período e passam 
a ser o principal conflito social (GOHN, 2000).
Os movimentos sociais dos anos 1980 e 1990 trouxeram para a sociedade 
brasileira um legado de democracia participativa. Foram os movimentos sociais 
que envidaram a aprovação da Constituição Federal (CF) de 1988. Chamada 
de Carta Magna, ela apresenta os direitos gerais e específicos dos cidadãos 
brasileiros e tem base democrática, já que, com ela, a sociedade brasileira 
passou a “ter o direito de ter direitos”. Para a criação da Constituição Fede-
ral, foi formado, em 1º de janeiro de 1987, um grupo chamado Assembleia 
Nacional Constituinte (Figura 1), o qual era composto por 487 deputados e 
72 senadores. Esse grupo, responsável pela criação da CF, estava aberto para 
receber emendas e proposições populares, desde que fossem apresentadas 
por associações civis devidamente estabelecidas e tivesse, pelo menos, 30 mil 
assinaturas (para comprovar o apoio popular às propostas apresentadas), tendo 
recebido mais de 120 mil propostas nas mais diversas áreas e apresentado 
aproximadamente 12 milhões de assinaturas. Isso tem verdadeira importância, 
pois denota o interesse e envolvimento da população na construção desse 
importante instrumento de liberdade, direitos e justiça.
3Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
Figura 1. Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela construção e aprovação da 
Constituição Federal de 1988.
Fonte: Leão (2018, documento on-line). 
Eram tão fortes a mobilização e o sentimento de cidadania vividos naquele 
momento pela sociedade brasileira que o preâmbulo da Constituição Federal 
trazia em si o sentimento de democracia dos constituintes ao assim dizer: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar 
o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar,o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supre-
mos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na 
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, 
a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988, 
documento on-line).
Esse texto demonstra a crença dos constituintes na mudança social que 
a CF/88 viria trazer aos cidadãos brasileiros. A CF traz em si os direitos e 
garantias fundamentais, tanto individuais quanto coletivos, aos indivíduos 
que nascem ou vivem no país. 
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)4
Os movimentos sociais que lutaram pela inclusão de textos democráticos e 
justos às populações excluídas obtiveram êxito em maior ou menor grau. Foram 
os movimentos sociais que contribuíram com a inclusão de pautas relacionadas 
aos mais prejudicados pela ditadura militar, neles incluídos as mulheres, os 
negros, a população LGBT+, os indígenas e as pessoas com deficiência. 
Às mulheres, foi garantida a igualdade jurídica, a definição do princípio 
da não discriminação por sexo e raça-etnia, a ampliação dos direitos sociais 
e econômicos, a igualdade de direitos e responsabilidades na família, ficou 
proibida a discriminação no mercado de trabalho e foram contemplados direitos 
no campo da anticoncepção. Aos negros, foi garantido, também, o direito 
a igualdade e a não discriminação racial, porém, na própria composição 
da Assembleia Nacional Constituinte, havia somente 2% de representantes 
negros, o que denota o tímido interesse em promover os direitos para essa 
população. A população homossexual (termo usado à época) foi tímida em 
suas aquisições na Constituição Cidadã, mas o movimento ocorrido por conta 
da aprovação da CF refletiu na ampliação e no fortalecimento do movimento, 
inclusive ampliando a abertura para abarcar outras identidades, o que vêm 
a ser atualmente os movimentos sociais de lutas pelos direitos da população 
LGBT+ e outros. No que se refere aos indígenas, embora os partidos políticos 
tenham inicialmente ignorado essa população, a presença dos índios e de suas 
lideranças nas discussões constitucionais acabaram por garantir um capítulo 
exclusivo para tratar de assuntos relacionados a eles, especialmente no que se 
refere às terras por eles ocupadas. Quanto às pessoas com deficiência, após 
diversos embates, o texto final da Carta Magna contemplou as demandas 
apresentadas pelos movimentos sociais, garantindo atendimento educacional 
especializado, percentual obrigatório em cargos e empregos públicos, proteção 
e integração social, habilitação e reabilitação, adaptação dos locais públicos 
(acessibilidade), entre outros (CONFEDERAÇÃO..., 2018).
Como se pode ver, os movimentos sociais tiveram importante participação 
na construção da Constituição Federal que nos rege atualmente, tanto nos 
momentos que precederam a convocação da Assembleia Nacional Consti-
tuinte quanto durante os trabalhos de elaboração do seu texto. É mérito da 
participação popular a sua veia democrática, cidadã e protetora dos direitos 
humanos. Não obstante, é fundamental ter conhecimento de que os movimentos 
sociais têm sua manifestação (popular) e organização garantidas justamente 
pela Constituição Cidadã. 
A Constituição Federal de 1988 protege os direitos humanos e, nesse sentido, 
importa que saibamos que esses direitos são temas dos debates contemporâneos, 
sendo imprescindível que a sociedade como um todo promova a efetivação dos 
5Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
direitos promulgados, pois somente assim se alcançará a justiça social e a demo-
cracia. Entre os direitos humanos estabelecidos na CF/88 (anteriormente afirmado 
nas Convenções Internacionais, das quais o Brasil é signatário), destacam-se 
aqueles que objetivam garantir a dignidade da pessoa humana e colocam todos 
os brasileiros em condições de igualdade. Esses direitos são também base do 
trabalho dos profissionais do Serviço Social e, portanto, devem ser conhecidos 
e defendidos. São eles o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à 
propriedade, ao pluralismo, à democracia e à justiça social, ao desenvolvimento, 
a não ser torturado. Provêm da Constituição, também, os direitos sociais que 
devem alcançar todos os brasileiros e brasileiras, quais sejam: a educação, a 
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, 
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos 
desamparados. Todos esses são direitos que estão no escopo do Serviço Social 
e, como tal, os assistentes sociais devem criar maneiras de garanti-los e lutar 
para que sejam efetivados, alcançando a todos com igual intensidade.
Agora que você conhece um pouco melhor a Constituição Federal de 1988, 
vamos abordar um novo aspecto de igual importância para seu conhecimento. 
Da CF/88, no seu artigo 227, provém a necessidade de, dois anos mais adiante, 
construir-se e aprovar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A con-
textualização socioeconômica e política do período de criação e aprovação do 
ECA não difere em muito do período de promulgação da CF/88. No entanto, 
não se pode deixar de refletir que os movimento sociais que lutaram pela 
aprovação do ECA já tinham como horizonte e base de direitos a Constituição 
Federal já aprovada e que a luta se dava em um momento em que o país já 
estava livre do regime militar, de modo que a liberdade de expressão já era 
um direito constituído.
O Estatuto da Criança e do Adolescente 
e a doutrina de proteção integral
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é, para os brasileiros, um marco 
normativo de grande importância e que tem o objetivo de regrar a relação do 
Estado, da família e da sociedade como um todo em todos os temas relacionados 
às crianças e aos adolescentes. É reconhecido internacionalmente como uma 
lei abrangente e contemporânea e foi construído com base nas convenções, 
diretrizes e tratados internacionais, dos quais o Brasil é também signatário.
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)6
Ao estudar o ECA, você deve ter em mente que ele não é uma normativa findada, e, 
sim, que está em constante revisão, recebendo as adequações necessárias de acordo 
com as demandas desse segmento; então, sempre que fizer uma pesquisa que tenha o 
Estatuto como base, atente para usar a versão com todas as atualizações em vigência.
A criação do ECA ocorreu para regulamentar os artigos 227 e 228 da Cons-
tituição Federal de 1988, que tratam genericamente da proteção de crianças 
e adolescentes e apontam de quem é a responsabilidade de prover a proteção 
dessa parcela da população. Para iniciar o mergulho sobre o ECA, é necessário 
que você fique alerta para a grande modificação que essa lei trouxe para o 
arcabouço normativo e regulatório no Brasil. O ECA traz a quebra de um forte 
paradigma social; diferentemente das legislações vigentes até sua aprovação (a 
exemplo do Código de Menores de 1979), que traziam a concepção de menor 
em situação irregular, o ECA passa a tratar da proteção integral a todas as 
crianças e os adolescentes brasileiros, independentemente de sua condição ou 
classe social, ou seja, essa lei protege a todos sem distinção.
Para o ECA, são considerados crianças os indivíduos de até 12 anos in-
completos e adolescentes aqueles que possuem de 12 a 18 anos, podendo, nos 
casos expressos em lei, aplicar-se essa lei a indivíduos entre 18 e 21 anos, ou 
seja, no caso de que em outras normativas esteja escrito que se aplicará o ECA 
a essa faixa de idade, assim se fará. O Estatuto está dividido em livros, títulos 
e capítulos, cada um deles disposto em artigos, parágrafos, incisos e alíneas, 
o que é necessário para melhor entendimento e aplicação de seu conteúdo. 
Assim, você poderá acompanhar, a seguir, uma descrição dos principais 
pontos desse importanteinstrumento de garantia de direitos das crianças e 
dos adolescentes do nosso país.
O Livro I do ECA apresenta a parte geral. Nele, estão as disposições 
preliminares, ou seja, tudo aquilo que serve como base para o entendimento 
e a aplicação dos direitos das crianças e dos adolescentes. É no Livro I que 
estão contidos, também, os direitos fundamentais, como: direito à vida e à 
saúde; direito à liberdade, ao respeito e à dignidade; direito à convivência 
familiar e comunitária; direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer; 
direito à profissionalização e à proteção no trabalho. Já o Livro II trata a parte 
especial que dispõe sobre a política de atendimento a crianças e adolescentes; 
as medidas de proteção; a prática do ato infracional; as medidas pertinentes 
7Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
aos pais ou responsáveis; o Conselho Tutelar; o acesso à Justiça; os crimes e 
infrações administrativas e, ainda, as disposições finais e transitórias.
Para melhor compreensão da importância e magnitude que o ECA tem, 
é importante destacar o artigo 3º, que, logo em seu início, esclarece que as 
crianças e os adolescentes são demandatários de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, ou seja, além daqueles direitos previstos no ECA, 
esse público deverá alcançar quaisquer outros direitos que sejam dirigidos à 
pessoa humana. Esse artigo dá às crianças e aos adolescentes o reconheci-
mento de serem pessoas dignas de atenção e os coloca na situação de sujeitos 
de direitos. Esse artigo abrange a todos os indivíduos contidos na faixa etária 
a que se destinam, sejam eles de qualquer etnia, raça, cor, religião, condição 
econômica ou outras condições que os diferenciem. Como você pode ver, o 
ECA diverge totalmente do código de menores, o qual tinha sua existência 
voltada apenas para aqueles que estivessem em “situação irregular”.
A doutrina jurídica da proteção integral adotada pelo Estatuto da Criança 
e do Adolescente assenta-se em três princípios, a saber:
  criança e adolescente como sujeitos de direito — deixam de ser objetos 
passivos para se tornarem titulares de direitos;
  destinatários de absoluta prioridade;
  respeitando a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Outra questão de destaque apontada pelo ECA é a responsabilidade da 
família, do poder público e da sociedade em geral de priorizar a efetivação 
dos direitos das crianças e dos adolescentes sob qualquer circunstância. Essa 
responsabilidade está imputada a todos os cidadãos brasileiros e não é uma 
escolha. Todos estamos obrigados a defender e garantir que esses direitos 
alcancem os seus destinatários, o que quer dizer que, tanto na nossa vida 
particular como cidadãos quanto na nossa vida profissional, temos o dever de 
aplicar o ECA, independentemente do nosso desejo. Assim sendo, o artigo 5º 
vai nos ajudar a compreender isso quando disserta que nenhuma criança ou 
adolescente será objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade, 
exploração, entre outros. Mais do que isso, o referido artigo afirma que serão 
punidos aqueles que, por ação ou omissão, atentarem contra os direitos funda-
mentais de crianças e adolescentes (BRASIL, 1990). Então, precisamos ficar 
atentos, pois não só haverá crime quando agimos em contrário ao ECA, mas 
também quando não agimos para defender suas premissas.
É também logo no seu início que o Estatuto vai afirmar a primazia de que a 
criança e o adolescente recebam proteção e socorro em quaisquer circunstâncias. 
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)8
Isso vale tanto para o atendimento nos serviços públicos e privados quanto para 
a formulação e execução das políticas públicas ou para a destinação de recursos 
públicos, devendo sempre prevalecer a ideia de que crianças e adolescentes são 
indivíduos em desenvolvimento. Isso equivale a dizer que, no planejamento ou 
execução das políticas públicas, a infância e a adolescência deverão ter prioridade, 
de modo que as diversas políticas públicas precisam trabalhar intersetorialmente 
para a execução desse princípio, inclusive, adequando os orçamentos públicos 
dos entes federados para atender às necessidades desse segmento.
No que se refere ao direito à vida e à saúde, é fundamental que saibamos 
que esse direito cobre a criança antes mesmo de seu nascimento e que se 
estende à mãe gestante, à qual está destinado o direito a um atendimento 
digno e respeitoso para garantir que também a criança tenha seus direitos 
concretizados. Aliado a esse direito, o ECA é muito claro quanto ao papel 
de toda sociedade no que se trata de defender os direitos de crianças e ado-
lescentes e, em seu artigo 18, assim aponta: “É dever de todos velar pela 
dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qual tratamento 
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor” (BRASIL, 
1990, documento on-line). Ou seja, qualquer pessoa, ao tomar conhecimento 
de uma situação que exponha esses indivíduos a qualquer violação de seus 
direitos, tem a obrigação de tomar as providências cabíveis para que se cesse 
a violação, devendo levar os fatos ao conhecimento dos Órgãos de Defesa e 
Garantia de Direitos (Conselhos Tutelares, Conselhos de Direitos da Criança 
e do Adolescente e Ministério Público), sem prejuízo de outras ações para a 
proteção desses indivíduos, que estão, segundo o ECA, em “condição peculiar 
de desenvolvimento”. Devemos dar atenção, também, ao fato de que o ECA 
não designa um ou outro órgão ou instituição para velar pelos direitos nele 
afirmados, e, sim, afirma que é papel do conjunto Estado, família e sociedade, 
de forma articulada, defender e promover direitos de crianças e adolescentes.
É fundamental refletir sobre o direito à convivência familiar e comunitária 
sobre o qual reza o ECA, pois, sendo esse um direito fundamental, ao pensar 
na proteção integral, os profissionais devem atentar ao fato de que nem sempre 
as famílias conseguem, sozinhas, cumprir o papel que a elas foi determinado. 
Assim sendo, cabe ao Estado auxiliar no processo, garantindo que a convivência 
familiar seja maximizada para o bem da infância e da adolescência. Nesse sentido, 
o papel do Estado é orientar, apoiar, encaminhar para atendimento ou tratamento 
especializado aquelas famílias que necessitam. Esse é um princípio elementar 
que, segundo Digiácomo e Digiácomo (2017), deve ser uma preocupação per-
manente das políticas públicas. Ao tratar desse direito, o ECA trouxe, de um 
lado, a manutenção e o fortalecimento de vínculos com a família de origem, e, 
9Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
de outro, quando isso não for possível, a inserção em família substituta de modo 
criterioso e responsável, devendo evitar-se a institucionalização.
Para os profissionais que lidam diariamente com famílias, é imprescindível 
ter conhecimento e convencer-se do importante papel que têm a desempenhar 
na defesa dessa importante lei, que, sozinha, não alcançará os propósitos 
para os quais foi criada. É necessário que, para além de tratar o ECA como 
base das ações diárias que contemplem crianças e adolescentes, também 
busquemos defender a execução dos seus preceitos, para que a dignidade e o 
respeito à infância e à adolescência, prometidos desde 1990, possam de fato 
ser alcançados. No cotidiano de trabalho, ao lidar com situações de violação 
de direitos, é fundamental que os profissionais se furtem ao agravamento do 
problema, evitando a revitimização, o constrangimento e o desrespeito dos 
sujeitos que são, naquele momento, sua responsabilidade.
Ainda em relação à proteção integral, o ECA instituiu os Conselhos de 
Direitos da Criança e do Adolescente, os Fundos da Infância e Adolescência 
e os Conselhos Tutelares, os quais, junto ao Estado e à sociedade civil, devem 
articular um conjunto de ações para o atendimento às necessidades de crianças 
e adolescentes nos três níveis governamentais (Município,Estado e União). 
Estabeleceu, também, quais são as medidas de proteção contra ameaça ou 
violação dos direitos das crianças e dos adolescentes; como será a guarda, a 
tutela e a curatela; estabeleceu os critérios e procedimentos para a adoção; 
definiu a conduta de ato infracional e ordenou como será o tratamento aos 
adolescentes que vierem a cometê-lo; definiu parâmetros e diretrizes para a 
execução das medidas socioeducativas dos adolescentes em conflito com a lei; 
criou a remissão; instituiu o Juizado da Infância e da Juventude, entre outras 
condições, atividades, aspectos, diretrizes e procedimentos relacionados a 
crianças e adolescentes no país.
Após essa breve contextualização, que teve o objetivo de despertar o seu 
interesse pelo aprofundamento do estudo sobre esse importante tema, você 
obteve o conhecimento sobre o alicerce legal que rege as práticas voltadas à 
criança e ao adolescente no Brasil. Esse conhecimento é essencial para todo 
cidadão e profissional, que deve sensibilizar-se e inspirar a luta pela implemen-
tação da doutrina de proteção integral às crianças e aos adolescentes brasileiros.
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)10
Acesse o link a seguir e leia o artigo “A doutrina da proteção integral e os Princípios 
Norteadores do Direito da Infância e Juventude”, de Renata Malta Vilas-Bôas (2011).
https://goo.gl/aVfdtE
Desafios das políticas públicas para o 
reconhecimento da criança e do adolescente 
como sujeitos de direitos 
Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente seja conhecido nacional e 
internacionalmente como uma lei abrangente e que reconhece crianças e 
adolescentes como sujeitos de direitos, que deverão estar livres de qualquer 
ameaça ou violação de direitos, a sua execução não se dá na íntegra e, sem 
muita difi culdade, podemos acompanhar, em várias regiões do país, em todos 
os níveis de governo, embaraços ao se planejar, implantar, implementar e 
executar políticas públicas que materializem os direitos pelo ECA preconi-
zados. Pretendemos, aqui, chamar sua atenção para os principais desafi os 
encontrados nesse campo com o intuito de sensibilizar suas práticas atuais e 
futuras na busca por uma sociedade mais justa e digna para aqueles que são 
o futuro da nação brasileira. 
Um dos desafios para as políticas públicas se refere ao amadorismo e ao 
improviso ainda presentes nas práticas, o que acarreta prejuízos diversos 
no reconhecimento de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. É 
muito comum vivenciar a execução das mais variadas políticas públicas sendo 
praticadas sem o conhecimento necessário sobre os temas próprios a essa fase 
da vida. Essas práticas, sem a devida capacitação de seus agentes, tendem a 
não considerar as especificidades da infância e adolescência, assim como as 
premissas apontadas no ECA.
A atual conjuntura em que o Brasil se encontra apresenta uma grande parte 
da população vivendo marginalizada na sociedade, ou seja, à margem dos di-
reitos fundamentais. Isso posto, devemos imaginar que, com as crianças e os 
adolescentes, a realidade não é diferente: há uma grande massa de brasileiros e 
brasileiras que têm menos de 18 anos e que não acessam os direitos apontados no 
ordenamento jurídico. Esse é, talvez, o maior desafio a ser superado no sentido de 
se reconhecer essa população como sujeitos de direito, haja vista que o abandono 
11Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
do Estado e da sociedade os atinge diariamente. Não há como separar a infância e 
a juventude das suas famílias desempregadas, humilhadas, sem casa, sem renda, 
vivendo em situação de pobreza e de extrema pobreza. Além disso, vivemos em 
um modelo econômico em que os indivíduos são compelidos a cada vez mais 
adquirir, apenas para si, bens materiais e imateriais, ampliando cada vez mais as 
diferenças socioeconômicas entre os indivíduos. Para que as políticas públicas 
atinjam o reconhecimento desses indivíduos como sujeitos de direito, é preciso 
que as desigualdades sociais e econômicas sejam fortemente combatidas.
Para elucidar essa questão, vamos ver alguns dados do IBGE (Pnad, 2015) 
sobre a população entre 0 (zero) e 14 (catorze) anos de idade em situação 
domiciliar de baixa renda, separando-se pobres e extremamente pobres. Se-
gundo a referida pesquisa, no ano de 2015, o Brasil contava com 17,3 milhões 
de brasileiros (0 a 14 anos) na condição de pobreza, ou seja, compunham 
famílias em que as pessoas vivem com renda domiciliar per capita mensal 
igual ou menor que meio salário mínimo. Já os extremamente pobres, ou seja, 
aqueles cujas famílias vivem com renda per capita mensal igual ou inferior 
a um quarto de salário mínimo, somavam 5,8 milhões. Esse é um número 
alarmante, que demonstra que ainda estamos muito aquém de tratar nossas 
crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, pois, quando a família não 
tem condições financeiras suficientes para prover as necessidades básicas 
dos seus membros, devemos atentar para a imposição de condições de risco e 
vulnerabilidades ligadas à ausência ou à insuficiência da renda.
Ainda para materializar os desafios que estão postos às políticas públicas, 
apresentamos os dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da 
República sobre o Disque 100 no ano de 2016, que, nesse ano, recebeu 144 mil 
denúncias de violações de direito em todo o país. O Disque 100 é um mecanismo 
que recebe denúncias feitas pelo telefone sobre todos os tipos de violação de 
direitos de crianças e adolescentes em todos os municípios do país. Após receber 
as denúncias, o Disque 100 encaminha os fatos para que os Conselhos Tutelares 
e as políticas públicas do município em questão tomem as providências cabíveis. 
No ano de 2016, foram 54.304 denúncias de negligência; 15.707 de violência se-
xual; 32.040 de violência física; 33.860 de violência psicológica e 8.669 de outras 
violências. Esses números são alarmantes, haja vista que, desde 1990, temos uma 
lei específica que proíbe qualquer tipo de violência e maus-tratos à infância e à 
juventude. É desafiador pensar e materializar políticas públicas que deem conta 
de diminuir e quiçá eliminar a incidência de violações de direito no país.
Também de modo a materializar o desafio das políticas públicas em tratar 
crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, podemos analisar os dados do 
Ministério da Saúde que apontam que, no ano de 2016, a taxa de mortalidade 
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)12
de menores de 1 ano de idade no Brasil foi de 12,7 para cada mil nascidos 
vivos; para menores de 5 anos, foi de 14,9 para mil nascidos vivos, e a taxa 
de mortalidade materna foi de 56,7 para cada mil nascidos vivos. Esses dados 
são fundamentais para refletirmos sobre o direito à vida e à saúde garantidos 
no ECA e que, atualmente, embora haja esforços das políticas públicas, ainda 
é um grande desafio a ser ultrapassado.
Urge que governos e sociedade civil se unam em esforços para que a 
proteção integral à infância e à adolescência aconteça. Nesse sentido, não é 
do ECA ou demais doutrinas a função de intervir para a materialização do 
reconhecimento dessa população como sujeitos de direitos. É necessário que a 
primazia prometida seja realizada no momento de definição do uso dos recursos 
financeiros. É necessário que o país busque equidade (Figura 2) para todos, 
especialmente para o futuro da nossa nação, isto é, dar a todos as condições 
que lhes são necessárias para alcançar os mesmos direitos que os demais. 
Figura 2. Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, 
observando-se os critérios de justiça. Pode-se dizer, então, que a equidade adapta a 
regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa.
Fonte: Interaction Institute for Social Change, Angus Maguire (2016, documento on-line).
13Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
É um imenso desafio entregar educação, saúde,lazer, cultura, segurança 
pública de qualidade a todos os brasileiros; para ultrapassá-lo, é necessário que 
aqueles que detêm efetivo poder tenham uma ação firme e ativa para contemplar 
os direitos das crianças e dos adolescentes. É dos governantes o papel principal 
de cumprir o que ditam as leis, e esse é, talvez, o mais difícil enfrentamento a ser 
feito pela sociedade, pois a prioridade e a primazia não ocupam os orçamentos 
e nem as execuções financeiras nos nossos municípios, estados e país. Para 
elucidar o princípio da prioridade absoluta, devemos imaginar que, quando os 
governantes planejam o gasto dos recursos com as políticas públicas, a prioridade 
deverá ser sempre para aquelas que atenderão crianças e adolescentes; sendo 
assim, na administração pública, não deverá haver investimentos em asfalto, 
pontes, praças, museus ou quaisquer outras obras enquanto não existem moradias 
dignas, postos de saúde, creches, escolas, atendimento preventivo e emergencial 
às gestantes, atenção especializada à infância e à adolescência.
É imprescindível, também, que o Sistema de Garantia de Direitos tenha 
maior afinco em garantir que a Lei se aplique, materializando-a em direitos. 
É desafiador combater a corrupção que assola o país e que leva para o lugar 
privado o recurso financeiro que deve ser aplicado na esfera pública. É muitas 
vezes o recurso desviado na corrupção que fará falta na execução de políticas 
públicas abrangentes e de qualidade.
Não se pode negar, também, que é provocatória a deserção social que 
vivenciamos no que se refere ao descaso com que crianças e adolescentes são 
tratados todos os dias ao nosso redor. A ampliação da participação efetiva da 
sociedade civil na luta pelo reconhecimento e garantia dos direitos da infância 
e adolescência é premente. Sem a participação popular, nos mais diversos 
canais e das mais variadas formas, é muito difícil que consigamos quebrar 
paradigmas e construir uma cultura de proteção integral, a qual, legalmente, 
já está instituída. É dos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente 
a função de convocar a sociedade para participar da luta pela ampliação de 
políticas públicas de qualidade.
Não apartado do acima exposto, o desafio que por certo se sobressai aos 
demais é a integração convergente de decisões, forças e atitudes das diversas 
políticas públicas para que crianças e adolescentes sejam, de fato, reconhecidos 
como sujeitos de direitos. Essa convergência é vital, haja vista que há uma 
transversalidade desse segmento, de modo que os mais diversos setores devem 
agir, direcionando esforços nesse sentido. Não é possível separar a política 
de atendimento a crianças e adolescentes das demais políticas públicas sob a 
pena de não se atingir um lugar de direitos a essa população. Nesse sentido, o 
artigo 86 do ECA assim profere: “[...] a política de atendimento dos direitos da 
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)14
criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações 
governamentais e não governamentais, da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos municípios”. Essa afirmação do ECA pressupõe uma atuação em 
rede em que a efetividade das ações está diretamente ligada à integração entre 
os saberes profissionais e entre as diretrizes de cada uma das áreas envolvi-
das. Para que o desafio da integração das políticas públicas seja enfrentado e 
superado, a construção de uma relação de interdependência entre as políticas 
é necessária, e o trabalho em rede pressupõe que a tomada das decisões seja 
feita de forma horizontal, respeitando-se a democracia, a cooperação e a 
solidariedade. Devemos lembrar que o Serviço Social tem papel fundamental 
de agregar e articular as diversas políticas públicas em torno de uma rede 
integrada de atendimento a crianças e adolescentes, propondo e estabelecendo 
fluxos e protocolos a serem executados nos processos de trabalho.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência 
da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
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BRASIL. Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
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p. 13.563-13.577, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA SAÚDE. Participação dos movi-
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Disponível em: https://cnts.org.br/noticias/participacao-dos-movimentos-sociais-foi-
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DIGIÁCOMO, M. J.; DIGIÁCOMO, I. A. Estatuto da criança e do adolescente anotado e interpre-
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das Promotorias da Criança e do Adolescente, 2017. Disponível em: http://femparpr.org.
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GOHN, M. G. 500 anos de lutas sociais no Brasil: movimentos sociais, ONG’s e terceiro 
setor. Mediações: Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 5, n. 1, p. 11-40, 2000. Disponível 
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Acesso em: 18 mar. 2019.
INTERACTION INSTITUTE FOR SOCIAL CHANGE. Illustrating Equality vs Equity. 2016. 
Disponível em: http://interactioninstitute.org/illustrating-equality-vs-equity/. Acesso 
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15Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
LEÃO, D. A. O que é uma Assembleia Constituinte? In: Politize! São Paulo, 2018. Disponível 
em: https://www.politize.com.br/assembleia-constituinte/. Acesso em: 18 mar. 2019. 
SABINO, S. Equidade e igualdade: somos todos iguais? In: Éticas. São Paulo, 2017. Dis-
ponível em: http://blog.eticas.com.br/?p=190. Acesso em: 18 mar. 2019.
Leituras recomendadas
FUNDAÇÃO ABRINQ. Cenário da Infância e Adolescência no Brasil: 2018. São Paulo: Fun-
dação ABRINQ, 2018. Disponível em: https://fadc.org.br/sites/default/files/2019-02/
cenario-brasil-2018.pdf. Acesso em: 18 mar. 2019.
SIMÕES, C. Curso de direito do Serviço Social. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2014.
VILAS-BÔAS, R. M. A doutrina da proteção integral e os Princípios Norteadores do Direito 
da Infância e Juventude. Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 14, n. 94, nov. 2011. Disponível 
em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
id=10588&revista_caderno=12. Acesso em: 18 mar. 2019.
Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)16

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