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ENCONTRO DE 2 CULTURAS DIFERENTES PERCEBEM QUE AQUILO QUE PRA ELA É NATURAL NA VERDADE É CULTURAL MUDAM O OLHAR SOBRE SI MESMO (Aula 1) “Estudo do homem” através de suas origens, desenvolvimento, organizações sociais e politicas, religiões, línguas, artes e artefatos. Estudo a partir das SOCIEDADES PRIMITIVAS que são as sociedades distantes da Europa, são mais simples (que tem poucas variáveis), pequenas e de pouco contato. O estudo busca entender porque somos diferentes e a partir destas sociedades pode se entender as populações mais complexas (possui mais variáveis). ESTRANHAMENTO = acontece quando duas culturas diferentes se encontram, e modificam o olhar sobre si mesmo, . Percebe que aquilo que era natural na verdade é cultural, isso significa a mudança do olhar sobre si mesmo. (ex. vestimenta das mulheres no Brasil e vestimenta das mulheres na Índia) Natural = algo inato que nasce com a gente Cultural = algo adquirido pela convivência em um grupo social. O estranhamento é resultado da oposição entre sociedades simples e complexas. ESTRANHAMENTO: LAPLANTINE: ao encontrar com culturas distintas, quando tentamos entender essas culturas e suas especificidades MODIFICAMOS O OLHAR SOBRE NOS MESMOS percebendo que também somos vistos assim pra eles, analisamos que os nossos comportamentos NÃO SÃO DE FORMA ALGUMA NATURAIS, o que acontece é que vivemos numa PRISÃO CULTURAL, pois somos condicionados por uma ÚNICA CULTURA, então a partir da alteridade, ficamos surpresos com a gente mesmo e passamos a nos questionar, a questionar a cultura e atitudes que tínhamos que era HABITUAL, FAMILIAR E COTIDIANO. (Aula 2) Antropologia médica Pesquisas relacionadas à saúde humana numa perspectiva antropológica. É o estudo do sofrimento humano e das etapas pelas quais as pessoas passam para explica-los e alivia-los. Que possui 4 pressupostos básicos: Como as pessoas, nas diferentes culturas e grupos sociais explicam as causas das doenças, os tipos de tratamentos que acreditam e a quem recorrem se ficam doentes. 1) Relação entre incidência e distribuição das doenças epidêmicas/endêmicas e as variantes ambientais e/ou socioculturais. Estuda as relações entre hábitos e doenças específicas para criar um programa de intervenção (certos hábitos podem causar doenças). 2) Cuidados oferecidos nas instituições médicas (hospitais, UBS etc). Analisa a relação entre medico e paciente e a organização dos cuidados médicos. 3) Problemas de saúde das populações especificas. Ex: idosos, mulheres, homens, etc. Com foco no comportamento dos indivíduos 4) Práticas, crenças e conhecimentos terapêuticos relativos às etiologias. Analisa os métodos de diagnóstico e a forma de tratamento = ETNOMEDICINA. Na definição de Foster e Anderson, ela é ‘uma disciplina biocultural voltada tanto para os aspectos biológicos como para os aspectos socioculturais do comportamento humano e, particularmente, para a maneira como os dois interagem ao longo da história humana para influenciar a saúde e a doença’ Como essas crenças e praticas estão relacionadas com as mudanças biológicas e psicológicas no corpo humano, tanto na saúde como na doença. Há quatro linhas de pesquisa: (texto Buchillet) 1) O organismo humano é mais do que um organismo físico que oscila entre os estados de saúde e doença. 2) Ele agrega um conjunto de crenças, interpretações e significados sociais e psicológicos acerca de sua estrutura e funcionamento fisiológico. 3) Em toda sociedade o corpo humano tem uma realidade física e outra social. 4) Forma e tamanho corporal de uma pessoa informam a cerca de sua posição social, gênero, status, profissão, adesão a certos grupos religiosos etc. Identificação e classificação das doenças, segundo um grupo estudado, reconhecendo as queixas que as definem, assim como as diferentes maneiras de classificação representam signos de doenças que podem variar de cultura para cultura, não correspondendo, necessariamente as categorias da biomedicina. Illness (subjetiva) Disease (biofísica) Sickness (sociocultural) • Estado de alteração biofisica enfatizado pelo diagnostico do especialista com base legítima no estado e papel social do doente. • Conjunto de sinais, dor, sofrimento, é aprendido como manifestação de alteração biofísica, objetivamente comprovada no corpo denominado. • Experiência subjetiva do sofrimento, á dor as indisposições. Etnomedicina Saúde X Doença ANTROPOLOGIA DA SAÚDE ANTROPOLOGIA DA DOENÇA Aborda a doença como parte de um processo sociocultural, em que sua construção ocorre por meio de sistemas médicos plurais e de forças politicas desiguais. A partir do comportamento e interpretações dos indivíduos frente a uma doença, demonstrar a coerência e racionalidade do pensamento tradicional. Vê a doença como um infortuno inevitável e para superar isso exige um percurso de vários caminhos, mesmo sobrenaturais Doença é o algo que acomete o individuo e a cultura oferece meios para a cura. Privilegia os sistemas de representação mobilizados para superar o sofrimento. Três dimensões da doença 1) Estudo do significado em relação às explicações científicas, levando em conta metáforas de saúde e doença e os usos simbólicos do corpo nas varias culturas. 2) Economia politica ou teorias criticas, foco de analise nos seguintes fatores: classe social, incidência e macro relações de poder politico e econômico como determinantes cruciais da saúde e doença. 3) Teorias bioculturais e ecológicas, enfatiza que a espécie humana interage com outras espécies vegetais e animais nos ciclos de troca de energia,nesse sentido, a saúde e a doença são vistas como resultado, estando em função de tais interações. 4) Ecologia politica – enfatiza a necessidade de variáveis ecológicas serem cruzadas com fatos históricos, sociais, e politicas. (texto) Sobre as linhas de pesquisa que caracterizam a antropologia médica e criticas da abordagem. Buchillet – linhas de pesquisas na pagina anterior Langdon – 3 vertentes básicas: Mc Elroy e Townsend – 4 linhas de pesquisa: A Dor A dor é mais do que um processo fisiológico, e é influenciada pela bagagem psicológica, social e cultural. A dor é UNIVERSAL para todos independente da cultura, e também pode ser definida como um alerta de uma lesão ou mau funcionamento fisiológico do corpo. 1) Os estudos preocupados com questões sobre serviço e problemas específicos de saúde. (semelhante a linha de pesquisa 3 da Buchillet) 2) Estudos de “orientação ecológica”, ou ecologia medica, que são os interesses da antropologia ecológica e biológica aplicadas as questões de saúde, doença e adaptação. A doença é vista como um fenômeno de múltiplos fatores, refletindo a natureza da adaptação e o papel da comunidade no ecossistema. 3) Estuda a perspectiva “culturalista”, geneticamente denominada como etnomedicina (antropologia da saúde – EUA, e antropologia da doença – FRA) As formas de dor e as respostas a elas são denominadas culturalmente. Fatores culturais influenciam no modo como as pessoas comunicam a dor, que significa o comportamento da dor, que pode ser reação involuntária que ocorre quando a pessoa recua de um estímulo agudo de dor (ex: pontas, encostar no ferro quente, etc), e a reação voluntaria que é o que a pessoa escolhe fazer quando esta sentindo a dor (ex: tomar remédio, procurar ajuda de outra pessoa). SENSAÇÃO ORIGINAL: é quando a dor aparece, depois ocorre a reação a sensação de dor, que pode ser a careta, emissão de sons, procurar remédio, ir ao médico. SENSACAO ORIGINAL – REACAO A SENSACAO ORIGINAL (REACAO VOLUNTARIA/INVOLUNTARIA – FORMA DE COMPORTAMENTO DA DOR DETERMINADO PELA CULTURA (PRIVADA/PUBLICA) A sensação original e a reação a sensação caracteriza o que é chamado de comportamentode dor (forma que a pessoa expressa a dor). Então a pessoa pode expressar a dor por: expressões faciais como caretas ou modificação de conduta como a emissão de sons, ficar mais triste, chorar etc. O comportamento de dor pode aparecer sem estimulo doloroso, como também pode haver um estimulo doloroso e a pessoa não expressar o comportamento (sente a dor e não há expressa verbalmente ou não verbalmente). Pra entender esse tipo de comportamento existem dois tipos de expressão da dor: Dor privada, quando não comunica como ela esta se sentindo. Típico de sociedades que valorizam o estoicismo ou heroico, não expressarem para mostrar o quão forte são (ex. vikings). Dor pública quando a pessoa expressa a dor por sinais perceptíveis, é influenciada por fatores socioculturais. A forma de manifestação da dor e a resposta, depende da valorização ou desvalorização daquela cultura a dor expressada publicamente. Alguns grupos valorizam a expressão publica exagerada de dor (italianos), e outros vão valorizar o estoicismo que não manifesta a dor publicamente, por ser um sinal de fraqueza (americanos e irlandeses). A dor publica pode ser resultado da somatização, quando a dor tem causas psicológicas e não orgânica, forma de representação do sofrimento emocional acaba tendo impacto em questões físicas, devido à ligação do corpo com a mente. Aspectos sociais da dor Pessoas que expressam a dor publicamente: recebem mais atenção e solidariedade, no entanto esse tipo de comportamento depende de quanto aquela cultura valoriza ou desvaloriza a dor. 1. Fatores individuais – Idade, sexo, tamanho, aparência, personalidade, inteligência, experiência, estado físico e emocional. 2. Fatores educacionais – Educação formal, educação informal, religião, inserção e Étnica ou profissional. 3. Fatores socioeconômicos – Pobreza, classe social, status econômico, ocupação ou desemprego, discriminação ou racismo etc. 4. Fatores ambientais – Clima, densidade populacional, poluição do habitat, incluindo tipos de infra-estrutura (moradia, estradas, pontes, transporte público e serviços de saúde). 1. Uma dimensão normativa. 2. Uma dimensão expressiva, ou seja, a atitude real. 3. Uma dimensão discursiva, ou seja, a anunciação do que se faz. Ex: uma sociedade que valoriza a dor do parto, a pessoa que expressa essa dor publicamente vai ter mais atenção e solidariedade. Se for um sociedade que essa dor é considerada “frescura” a pessoa não é valorizada. A dor informa sobre perigos do ambiente, limites do corpo, ligada ao castigo, mal comportamento, presentes nas relações de poder, sexual e agressão superproteção, estimula uma consciência exagerada de dor. Conceito de cultura Cultura se define como modos de agir, pensar e sentir aprendidos a partir do convívio social. Todo o complexo de conhecimento e habilidade humana impregnada socialmente. Fatores que influenciam a cultura: Maus usos da cultura Generalizações indevidas. Em todo cultura há regras que normatizam o comportamento. Regras implícitas ou explícitas. Deve-se, entretanto, observar além da regra: O modo como as pessoas agem, o que as pessoas dizem, e o que fazem. Portanto, a cultura tem: Medicalização ETNOGRAFIA DUPLAMENTE REFLEXIVA É um conceito que designa a atitude de tratar como doença episódios normais do ciclo de vida. É o tratar por meio de remédios O interesse da antropologia médica por estes processos de medicalização e promoção da qualidade de vida é compreender as concepções de saúde, doença, vida boa, vida ruim, felicidade, juventude, velhice etc. Bem como os aspectos biológicos, sociais, culturais envolvidos nesse processo. (texto TO – espanhol) No contexto sócio-sanitário, no qual se encontra moldurada a T.O., a presença de pessoas de diferentes culturas demanda mudanças substantivas na profissão de terapia ocupacional. O mundo global e globalização da desigualdade nas relações de poder exige que os terapeutas ocupacionais compreendam que a cultura tem papel determinante nas intervenções práticas. • Favorece o surgimento de uma interteorização que se nutre da retroalimentação e debate entre ativistas e acadêmicos entre ambas as partes. Como consequência, a relação etnográfica se converte em práxis política. A abordagem proposta pela etnografia duplamente reflexiva desenvolvida em situações interculturais demanda a análise de três dimensões: 1) semântica; 2) pragmática; 3) e sintática. Significado das palavras: Semântica = significado Pragmático = é o usual, o prático, Sintático = respeitar regras 1) Dimensão Semântica: a partir deste aspecto da perspectiva metodológica, a ação foca na figura do ator, nos seus discursos de identidade recolhidos em entrevistas etnográficas que procuram captar a perspectiva êmica (interna) do ator. Estes discursos são reveladores das suas estratégias de etnicidades (construção de diferenças e posicionamento político). Perceba aqui que o significado de “atividades significativas” é dado a partir das experiências culturais dos pacientes, e não a partir de categorias abstratas e gerais que os profissionais ligados à terapia ocupacional trazem de sua formação. Então, a DIMENSÃO PRAGMÁTICA corresponde ao quanto aquele conceito é valorizado por uma determinada cultura. Exemplo: a T.O valoriza muito a autonomia do sujeito, no entanto em Burkina, pessoas com idades avançadas mesmo com capacidade de fazer suas tarefas sozinhos, fazem questão de ter ajuda dos familiares, pois é assim que eles aprenderam naquela cultura. Portanto a DIMENSÃO SINTÁTICA refere-se, a relação entre a perspectiva do paciente (êmica) e a perspectiva do terapeuta ocupacional (ética). No entanto para que o profissional possa exercer sua atividade de forma correta ele deve considerar a cultura ao qual o paciente esta inserida, e não deve em hipótese alguma impor sua perspectiva acima da concepção cultural do paciente. 2) Dimensão pragmática: Os exemplos, aqui, que figuram entre as páginas 29 e 35, revelam as limitações da abordagem da terapia ocupacional centrada na autonomia do indivíduo. Em contextos culturais nos quais não são valorizadas tais autonomias individuais, procurar estimulá-las por meio de terapias ocupacionais não é adequado. E decerto o resultado será inócuo. 3) Dimensão sintática: Sintático se refere à sintaxe, ou seja, ao significado das palavras nas frases e das frases no conjunto mais amplo do texto ou discurso. No caso específico de nosso texto, os exemplos, abordam a articulação entre os discursos de identidade dos atores sociais (pacientes) e as práticas de intervenção (terapeutas ocupacionais). O que autores querem e chamar atenção para as relações de poder e assimetria entre as duas perspectivas, êmica e ética. Ou seja, trabalhar em contextos interculturais significa não querer impor a perspectiva dos terapeutas ocupacionais sobre as concepções culturais dos pacientes. Por isso, o termo DIMENSÃO SEMÂNTICA, ou seja, refere-se ao significado cultural do conceito, a perspectiva da pessoa sobre aquele conceito segundo a sua cultura. Exemplo: a ocupação é muito importante pra T.O, mas já para um enfermeiro não é tão importante, pois eles valorizam mais os primeiros cuidados do que a ocupação. Etnocupação: diz respeito a uma visão da ocupação atravessada por aspectos econômicos, sociais e políticos que tem como objetivo transformar os processos sociais.
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