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ANTROPOLOGIA E SAÚDE Profª DrªCláudia Messias MÉTODOS DE PESQUISA EM ANTROPOLOGIA MÉDICA Métodos qualitativos: interpretação-compreensão de significados e intencionalidades (MINAYO, 1998). Etnografia: descrição densa (GEERTZ, 1989). Modelos culturais interpretativos de pensar e agir em saúde e doença: O EXEMPLO DE UMA DOENÇA HEREDITÁRIA Antropologia para explicar os padrões de casamento daquela sociedade, e identificar quem pode casar com quem dentro da mesma Pp ppp identificar as manifestações clínicas da doença: Patologia: para confirmar a existência da doença ao nível celular e bioquímico Genética: para identificar e prever a base hereditária da doença e sua ligação com um gen recessivo Epidemiologia: para demonstrar a alta incidência da doença numa determinada população pelo “agrupamento” de gens recessivos decorrentes dos costumes matrimoniais Extremo sócio-cultural do espectro Extremo biológico do espectro CONCEITOS A Antropologia da Saúde e seus objetivos sua preocupação em fundamentar a necessidade da reflexão antropológica no contexto das ciências da saúde, nomeadamente da Medicina; a valorização da centralidade da Pessoa, enquanto sujeito cultural e social; o discurso nos processos relativos à prevenção e promoção da saúde e à prestação de cuidados; a transmissão e contribuição que a Antropologia Médica, nas suas duas correntes, filosófica e cultural, oferece à Saúde Pública. Competências da Antropologia da Saúde Reconhecimento do caráter antropológico da Medicina, como ciência e como Práxis; Aprofundamento da consciência, do significado e das implicações do ser humano – que é sujeito – constituir o seu objeto; Compreender o ser humano, como realidade plural, íntegra e única, destacando a importância das dimensões cultural e social no âmbito da Saúde Pública; Aprender a reconhecer a diversidade de olhares sobre o Homem na sua relação com a saúde e a doença, em contexto de multi-culturalidade, como horizonte de compreensão e instrumento de intervenção em Saúde Pública; A Antropologia da Saúde e Graus de estudos No que se refere aos graus de estudos podemos observar três: a) Grau Epistemológico da Antropologia b) Grau Filosófico c) Grau metodológico a)Grau Epistemológico da Antropologia Introdução à Antropologia – Conceitos e Métodos. Interdisciplinaridade. Antropologia e Antropologias – a especificidade da Antropologia da Saúde. Antropologia Física, Antropologia Cultural e Antropologia Médica. Análise crítica dos reducionismos antropológicos. Grandes paradigmas antropológicos da Cultura Ocidental. b) Grau Filosófico Algumas contribuições fundamentais da Antropologia Filosófica contemporânea. Pluridimensionalidade estrutural constitutiva da Pessoa Humana: relação, corporeidade, interioridade, comunicação, ética, historicidade, indigência, vulnerabilidade, mistério. A Pessoa Humana sujeito de cultura e à cultura (cultura e culturas) – vivências e representações de saúde e doença, do sofrimento e morte. O Homem entre a evidência e o mistério. O processo de medicalização da vida e da condição humana. Aplicação Bioética no tratamento de questões primordiais. c) Grau metodológico Antropologia Médica: elementos conceituais e metodológicos para uma abordagem da saúde e da doença, no âmbito da Saúde Pública Importância dos fatores culturais e sociais na consideração do binômio saúde-doença. Aspectos culturais determinantes da interação médico-doente no processo terapêutico. Incidência dos fatores culturais na Epidemiologia. Definições culturais de anatomia e de fisiologia Antropologia: cultura, religião e doença Na sociedade moderna, o papel da cultura popular, seus significantes e significados, somatizam os elementos de crenças e costumes de vários grupos, acompanhados da mídia e de uma variedade de informações responsáveis por interpretações discursivas dos médicos dedicados à causa. O significado de estar doente é entendido como a percepção de sensações e sintomas desagradáveis: cansaço; dor de cabeça; dor no corpo; sono; fraqueza; falta de apetite; febre, e etc. Identificados pelo médico ou pelo paciente, representam a doença como uma construção social, traduzida e culturalmente assumida pelos simpatizantes. Antropologia: cultura, religião e doença Doenças como a Aids, câncer, hanseníase (lepra), tuberculose, são encaradas diferentemente por homens e mulheres de um mesmo grupo, com ou sem diagnóstico biomédico. Para entender a sexualidade, a compreensão do processo histórico e seu desenvolvimento no Brasil, é condição, sine quanon, bem como, a ética, a ciência e a política, componentes responsáveis pela apropriação dos valores e significados dos modelos masculino e feminino de nossa ambiência. Novamente, a antropologia da saúde interfere nas interpretações empíricas, factuais, prontas e acabadas da construção de sujeito e objeto, norteando os estudos por meio de reflexões, apresentando as incertezas inerentes ao homem, à sociedade e a espécie. Antropologia: cultura, religião e doença Da mesma forma, para acompanhar a evolução de determinado distúrbio da saúde, seguindo rigorosamente o tratamento indicado por especialista ou não (principalmente os alcoólatras e portadores de Aids; distúrbios psicológicos e abandono de parentes), o paciente nutre-se também do apoio religioso. As religiões de tradição conservadora condenam em sua maioria os doentes, reforçando a idéia de culpa, afirmando, ser a doença, um castigo das ordens superiores pela ausência de compromisso de fé do enfermo para com a crença. A enfermidade mental é estudada por meio de narrativas, depoimentos, estudos de casos de famílias ou histórias de vida contadas por familiares ou terceiros. Antropologia da saúde A antropologia da saúde institui e viabiliza práticas entre pensamentos e ações, teorias e experiências de vida dos doentes. Organiza os símbolos e as categorias das doenças, por meio de fontes produtoras de sentido, sejam, biológicas, políticas, sociais, econômicas e culturais. Utilizando-se do bom senso entre os paradoxos: coletivo/indivíduo;vida/morte;ciências médicas/ciências sociais; objetividade/subjetividade. Assim, a antropologia da saúde, procura desvendar caminhos menos convergentes e construtivismos mais eficientes, num futuro próximo. A ABRANGÊNCIA DA ANTROPOLOGIA MÉDICA Aborda as maneiras pelas quais as pessoas, em diferentes culturas e grupos sociais, explicam as causas dos problemas de saúde. Relaciona-se também aos tipos de tratamento nos quais as pessoas acreditam e aos indivíduos a quem recorrem quando, de fato, adoecem. É, também, o estudo de como essas crenças e práticas relacionam-se às mudanças biológicas, psicológicas e sociais do organismo humano, tanto na saúde quanto na doença. A ANTROPOLOGIA COMO DISICIPLINA MÃE DA ANTROPOLOGIA MÉDICA Objeto teórico da Antropologia: O estudo holístico da humanidade, de suas origens, desenvolvimento, organização política e social, religiões, línguas, arte e artefatos. “O estudo do homem inteiro; o estudo do homem em todas as sociedades, sob todas as latitudes em todos os seus estados e em todas as épocas” (LAPLANTINE, 2000, p. 16). O ESTATUTO DISCIPLINAR DA ANTROPOLOGIA MÉDICA A Antropologia Médica é uma disciplina biocultural que trata dos aspectos biológicos e socioculturais do comportamento humano e, em particular, das formas com que tais aspectos interagem e têm interagido no curso da história humana, influenciando a saúde e a doença. O ESPECTRO DA ANTROPOLOGIA MÉDICA Antropologia social e cultural Bioquímica, genética, microbiologia, parasitologia, patologia, nutrição e epidemiologia Extremo antropológico do espectro Extremo biológico do espectro O EXTREMO SÓCIO-CULTURAL DO ESPECTRO DA ANTROPOLOGIA MÉDICA Valores e costumes associados à saúde e às doenças que fazem parte do complexo cultural das sociedades humanas. Organização social de saúde e doença de uma dada cultura, incluindo formas com que as pessoas são reconhecidas como “doentes”, o modo como apresentam a doença aos outros, os atributos daqueles a quem a doença é apresentada, e as formas com que a doença é tratada. TEORIA INTERPRETATIVA DA CULTURA NA ABORDAGEM DA SAÚDE E DOENÇA Doença como processo fisiopatológico ou disease (doença-objeto ou patologia) definida como anormalidades dos processos biológicos e/ou psicológicos. Doença como experiência ou illness (doença-sujeito ou enfermidade): experiência psicossocial da doença, considerada como uma construção cultural que se expressa em formas específicas de pensar e agir. Doença como processo social ou sickness (doença-sociedade ou doença): o processo de socialização tanto da disease quanto da illness, ou o “entendimento de uma desordem em seu senso genérico através de uma população em relação a forças macrossociais (econômicas, políticas, institucionais)” (KLEINMAN, 1988). RESUMINDO A antropologia da saúde coletiva/pública articula a linguagem simbólica da doença, buscando: revelação das identidades sociais nas relações de gênero; condições sócio-relacionais da gerontologia; estudos sobre a juventude; temáticas preocupantes com a saúde e o bem estar do indivíduo na sociedade. A antropologia da saúde institui e viabiliza práticas entre pensamentos e ações, teorias e experiências de vida dos doentes. Organiza os símbolos e as categorias das doenças, por meio de fontes produtoras de sentido, sejam, biológicas, políticas, sociais, econômicas e culturais. Utilizando-se do bom senso entre os paradoxos: coletivo/indivíduo; vida/morte; ciências médicas/ciências sociais; objetividade/subjetividade. A antropologia da saúde/doença, procura desvendar caminhos menos convergentes e construtivismos mais eficientes, num futuro próximo. BIBLIOGRAFIA PARA APROFUNDAMENTO HELMAN, C.G. Cultura, saúde e doença. 4 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003, capítulo 1. Uchôa E, Vidal JM. Antropologia médica: elementos conceituais e metodológicos para uma abordagem da saúde e da doença. Cad Saúde Pública Out-Dez 1994; 10(4):497-504.
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