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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de atividade individual Disciplina: Tributário Módulo: Aluno: Stefanie Duarte Turma: 02 Tarefa: Atividade Individual Análise da aplicação da imunidade tributária 1. Imóveis Sendo o imóvel locado a um terceiro, poderá a entidade religiosa ser beneficiada com a imunidade tributária prevista no texto constitucional? A Suprema Corte diz que sim, amparada pela súmula vinculante número 52, que ratifica esta afirmação, conforme o disposto abaixo: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. Não pode se perder de vista que OS VALORES RECEBIDOS DOS ALUGUÉIS ORIUNDOS DO IMÓVEL EM QUESTÃO DEVERÃO SER APLICADOS NAS ATIVIDADES RELATIVAS AO OBJETO SOCIAL DO CULTO RELIGIOSO. A referida súmula está calcada em outros recursos analisados pela Corte onde fixam o entendimento de que os valores recebidos tem destinação presumida ao objetivo a ser realizado nas atividades constantes do estatuto da organização religiosa, sendo do Fisco o ônus da produção de prova que venha afastar esta conclusão, conforme trecho transcrito abaixo: irresignação não merece prosperar. Verifico que o Tribunal a quo não divergiu do entendimento do Supremo Tribunal Federal quanto ao ponto 2 referente ao instituto da imunidade ante os imóveis alugados (...). Ademais, para acolher a pretensão do recorrente acerca da análise da relação do patrimônio com as finalidades essenciais da entidade e do preenchimento dos demais requisitos para fim de configuração da imunidade tributária, seria necessário o reexame do conjunto fático- probatório dos autos, bem como da legislação infraconstitucional pertinente, o que é inviável em sede de apelo extremo, a teor do enunciado da Súmula 279 desta Corte. (...) Por fim, no entendimento atual da Corte, a presun- ção de que o imóvel ou as rendas da entidade estão afetados às suas finalidades institucionais milita em favor da entidade. Cabe ao Fisco o ônus de elidir a presunção, mediante a constituição de prova em contrário. (...) Ante o exposto, nos termos do art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, nego seguimento ao recurso. [ARE 987.801, rel. min. Dias Toffoli, dec. monocrática, j. 25-8-2016, DJE 194 de 12-9-2016.] Tal entendimento se aplica, também, ao imóvel destinado a moradia dos pastores da organização religiosa: Conforme destaquei na decisão agravada, a jurisprudência desta Corte fixou orientação no sentido de que a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, b, da Constituição abrange não apenas os locais destinados à celebração de cultos, mas se estende, também, a todos os imóveis pertencentes à entidade religiosa e destinados ao atendimento de suas finalidades essenciais, ainda que alugados a terceiros. Nesse sentido, transcrevo a Súmula 724 do STF (...). Dessa forma, o argumento sustentado pelo recorrente, no sentido de que seria possível a incidência de IPTU sobre o imóvel destinado à residência de pastores, dado que a imunidade discutida abarcaria apenas os locais destinados à realização de atos religiosos, não encontra amparo no entendimento firmado por este Tribunal a respeito do tema. Com efeito, se a circunstância de a recorrida alugar o imóvel de sua propriedade a terceiro, sem qualquer vínculo com ela, não afasta a imunidade sob exame, não há qualquer razão que justifique o óbice ao gozo do benefício na hipótese de o bem em questão ser destinado à residência dos seus ministros religiosos. [ARE 694.453 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 25-6-2013, DJE 156 de 12-8-2013.] Ainda é preciso pensar que a nossa Constituição Federal criou inúmeros dispositivos para que a liberdade religiosa não fosse cerceada por interesses políticos, através da Carta Magna. Portanto, os tributos não devem servir como forma de controle do Estado para com a população, por isso, os tempos em que se celebram os cultos religiosos, conforme dispõe a Carta Magna, dispõem de imunidade tributária não se mostrando como sujeitos passivos à incidência de IPTU, mesmo que o imóvel tenha por finalidade outras atividades, contanto que se observe os interesses ligados às questões religiosas. 2. Veículos A lógica quanto aos veículos que pertencem ao tempo é a mesma em relação ao imóvel, logo, também detém a referida imunidade tributária. É preciso atenção já que estes só podem servir para o uso que sirva ao cerne do objeto social da instituição religiosa, ou seja, para fins de transporte dos componentes da congregação, sendo que, desviando-se desta finalidade poder representar a perda da imunidade garantida pela Constituição Federal. 3. Pequenas lojas Segundo o artigo 150, inciso VI, alínea “b”, da Constituição Federal, quando se fala da venda de artigos ligados ao culto religioso, poderia ocorrer a incidência de ICMS, onde o real contribuinte seria o comprador dos artigos religiosos em questão e não o vendedor do referido item, o que gera a controvérsia sobre a incidência, ou não do referido tributo. Por se tratar de tributo indireto, não poderíamos falar de imunidade tributária, dirigida às organizações religiosas, uma vez que a Constituição Federal dispõe sobre a imunidade oriunda de impostos que atinjam o patrimônio, renda ou serviços da entidade religiosa. Levando em conta os valores dos produtos, devem ser revertidos às finalidades atinentes ao objeto social da entidade religiosa. Este entendimento já foi objeto da análise do Recurso Extraordinário, RE 210.251, em sede de decisão de Embargos de Divergência, onde o Ministro Gilmar Mendes, esposou o seguinte entendimento: Embora reconheça a seriedade da posição dos que defendem que se cuida de ICMS, que, pela propria natureza, não incidiria sobre o patrimônio, a renda ou serviços da entidade, entendo que esta distinção 4 nçao se afigura suficiente para afastar a aplicação da imunidade na espécie. A propósito, continua atual, a um ver a lição de Baleeiro: ‘A imunidade, para alcançar os efeitos de preservação, proteção e estímulo, inspiradores do constituinte, pelo fato de serem os fins das instituições beneficiadas, também atribuições, interesses e deveres do Estado, deve abranger os impostos que, por seus efeitos econômicos, Segundo as circunstâncias, desfalcariam o patrimônio e diminuiriam a eficácia dos serviços ou a integral aplicação das rendas aos objetivos específicos daquelas entidades presumidamente desinteressadas por sua propria natureza.’(…)”. Portanto, as pequenas lojas devem atender aos fiéis e o dinheiro das vendas dos produtos deve ser direcionado interiramente às causas do objeto social da instituição religiosa. 4. Restaurantes O mesmo raciocínio empregado às pequenas lojas pode ser entendido com os restaurantes. Estes devem atender apenas aos fiéis, no momento destinado à prática religiosa. 5. Cemitério Os cemitérios são entendidos como uma espécie de extensão da instituição religiosa, e não pode ser explorado de forma lucrativa. Deve ser destinado apenas aos fiéis e é imunizado tributariamente. O RE 578.562-9 deixa explícito em sua decisão: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, “B”, CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO 1 – Os cemitéiros que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada pelo artigo 150 da Constituição Federal. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. 2 – A imunidade aos tributos de que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da totalidade que o textoda Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5.º, VI, 19, I e 150, VI, “b”. 3 – As áreas de incidência e da imunidade tributária são antípodas. Recurso extraordinário provido. Segundo o Ministro Eros Grau, reportando-se diretamente ao que fora decidido pelo Ministro Gilmar Mendes, no julgamento do RE 325.822, a ressalva se dá aos benefícios da imunidade tributária que abrange além do imóvel, onde se pratica o culto religioso, o patrimônio desta congregação. A menção é feita pelo Ministro Gilmar Mendes, inserto no julgamento do RE 325.822, onde o mesmo ressalta que a imunidade tributária não abrange apenas os prédios destinados ao culto, mas também ao patrimônio, o que inclui os cemitérios. Ainda segundo o Ministro Carlos Britto, no corpo do acórdão proferido no Recurso Extraordinário em questão, conforme transcrição abaixo: E eu tendo, também, a compreender os cemitérios como uma espécie, cada um deles, de templo heterodoxo. Por que heterodoxo? Porque a céu aberto, mas sem deixar de ser um local de culto aos nossos mortos, à aqueles que temos como traspassados para uma outra existência dominada pelo traço da incognoscibilidade; é o reino do amorfo, mas que nem por isso deixa de se ligar aos vivos por um vínculo de forte crença. Tanto assim que nós chamamos. e a imprensa chama, numa linguagem colloquial, os cemitérios de “campo santo”. Não é à toa esse nome de campo santo. E nele, no cemitério, há como que todos os cultos reunidos, vale dizer, há uma ambiência, um clima, uma atmsofera de todas as religiosidades. Portanto, os cemitérios também estão sob a égide da imunidade tributária, fazendo-se extensão de seus templos e da própria prática do culto religioso. Referências bibliográficas -SÚMULA VINCULANTE 52-STF 6 -SÚMULA 724- STF -ARE 895.972 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, DJE 34 de 24-2-2016 - STF. -ARE 694.453 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJE 156 de 12-8-2013 - STF. -ARE 875.619, Rel. Min. Dias Toffoli, Em decisão monocrática, DJE 10 de 1º-2-2016 - STF. -ARE 875.619, rel. min. Dias Toffoli, dec. monocrática, DJE 10 de 1º-2-2016. -ARE 987.801, rel. min. Dias Toffoli, dec. monocrática, DJE 194 de 12-9-2016. -RE nº 210251- STF- MIN. ELLEN GRACIE -RE nº 578.562-9 - STF- MIN. EROS GRAU
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