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Cezar Roberto Bitencourt, 2012 Tratado de Direito Penal 3 CRIMES PATRIMÔNIO, SENTIMENTO RELIGIOSO E AOS MORTOS

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 SÃO PAULO
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 ISBN 978-85-02-17439-9
 
 
 
 
 
 
 	
 
 Bitencourt, Cezar Roberto
 Tratado de direito penal, 3 : parte especial : dos crimes
 contra o patrimônio até dos crimes contra o sentimento
 religioso e o respeito aos mortos / Cezar Roberto Bitencourt.
 - 8. ed. rev. e ampl. --São Paulo : Saraiva, 2012.
 Bibliografia.
 1. Direito penal 2. Direito penal - Brasil
 I. Título.
 CDU-343(81)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Índice para catálogo sistemático:
 
 1. Brasil : Direito penal 343(81)
 
 
 
 Diretor editorial Luiz Roberto Curia
 Gerente de produção editorialLígia Alves
 EditoraThaís de Camargo Rodrigues
 Assistente editorialAline Darcy Flôr de Souza
 Produtora editorial Clarissa Boraschi Maria
 Preparação de originais Ana Cristina Garcia /Maria Izabel Barreiros Bitencourt Bressan / Raquel Benchimol de Oliveira Rosenthal
 Arte e diagramaçãoCristina Aparecida Agudo de Freitas
 Revisão de provas Rita de Cássia Queiroz Gorgati /Ana Beatriz F. Moreira
 Serviços editoriais Elaine Cristina da Silva /Vinicius Asevedo Vieira
 Capa Aero Comunicação
 Produção gráfica Marli Rampim
 Produção eletrônica Ro Comunicação
 
 
 
 
 
 
 	
 Data de fechamento da edição: 31-12-2011
 
 
 
 
 
 
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 Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da Editora Saraiva.
 A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
 
 
 
 PUBLICAÇÕES DO AUTOR
 Tratado de direito penal; parte geral, 16. ed., São Paulo, Saraiva, 2011, v. 1.
 Tratado de direito penal; parte especial, 11. ed., São Paulo, Saraiva, 2011, v. 2.
 Tratado deƒ direito penal; parte especial, 7. ed., São Paulo, Saraiva, 2011, v. 3.
 Tratado de direito penal; parte especial, 6. ed., São Paulo, Saraiva, 2011, v. 4.
 Tratado de direito penal; parte especial, 5. ed., São Paulo, Saraiva, 2011, v. 5.
 Código Penal comentado, 7. ed., São Paulo, Saraiva, 2012.
 Falência da pena de prisão causas e alternativas, 4. ed., São Paulo, Saraiva, 2011.
 Crimes contra o sistema financeiro nacional e contra o mercado de capitais (em coautoria com Juliano Breda), 2. ed., Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2011.
 Reforma penal material de 2009 crimes sexuais, sequestro relâmpago, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2010.
 Erro de tipo e erro de proibição uma análise comparativa, 5. ed., São Paulo, Saraiva, 2010.
 Crimes contra as finanças públicas e crimes de responsabilidade de prefeitos, 2. ed., São Paulo, Saraiva, 2010.
 Teoria geral do delito: uma visão panorâmica da dogmática penal brasileira, Coimbra, Almedina Editora, 2007.
 Novas penas alternativas, 3. ed., São Paulo, Saraiva, 2006.
 Juizados especiais criminais federais análise comparativa das Leis 9.099/95 e 10.259/2001, 2. ed., São Paulo, Saraiva, 2005.
 Direito penal econômico aplicado (em coautoria com Andrei Z. Schmidt), Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2004.
 Lições de direito penal, 3. ed., Porto Alegre, Livraria do Advogado Ed., 1995 (esgotado).
 Elementos de direito penal; parte geral (em coautoria com Luiz R. Prado), São Paulo, Revista dos Tribunais, 1995 (esgotado).
 Elementos de direito penal; parte especial (em coautoria com Luiz R. Prado), São Paulo, Revista dos Tribunais, 1996 (esgotado).
 Juizados especiais criminais e alternativas à pena de prisão, 3. ed., Porto Alegre, Livraria do Advogado Ed., 1997 (esgotado).
 Teoria geral do delito, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1997 (esgotado).
 Código Penal anotado, 2. ed. (em coautoria com Luiz R. Prado), São Paulo, Revista dos Tribunais, 1999 (esgotado).
 Teoria geral do delito (bilíngue), em coautoria com Francisco Muñoz Conde, 2. ed., São Paulo, Saraiva, 2004.
 
 
 ABREVIATURAS
 ADPCP Anuario de Derecho Penal y Ciencias Penales (Espanha)
 AICPC Anuario del Instituto de Ciencias Penales y Criminológicas (Venezuela)
 CF Constituição Federal do Brasil
 CLT Consolidação das Leis do Trabalho
 CNT Código Nacional de Trânsito, hoje Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
 CP Código Penal brasileiro
 CPC Cuadernos de Política Criminal (Espanha)
 CPP Código de Processo Penal brasileiro
 CTN Código Tributário Nacional
 DP Doctrina Penal Argentina
 IBCCrim Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
 ILANUD Instituto Latinoamericano para la Prevención del Delito y Tratamiento del Delincuente (ONU, Costa Rica)
 LCP Lei das Contravenções Penais
 LEP Lei de Execução Penal
 NPP Nuevo Pensamiento Penal (Argentina)
 PPU Promociones y Publicaciones Universitarias
 REEP Revista de la Escuela de Estudios Penitenciarios (Espanha)
 REP Revista de Estudios Penitenciarios (Espanha)
 RIDP Revue International de Droit Penal (Paris)
 RIPC Revista Internacional de Política Criminal (ONU)
ÍNDICE
 Publicações do Autor
 Abreviaturas
 Nota do Autor à 1ª edição
 CAPÍTULO I | FURTO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 2.1. Não podem ser objeto de furto
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Elemento normativo: coisa “alheia”
 4.2. Proprietário que subtrai coisa da qual não tem a posse: atipicidade
 4.3. Lesão patrimonial: bem economicamente apreciável
 4.4. Coisa perdida, abandonada e coisa comum
 5. Natureza e efeito do consentimento da vítima no crime de furto
 6. Tipo subjetivo: adequação típica
 7. Consumação e tentativa
 7.1. Consumação
 7.2. Tentativa
 8. Classificação doutrinária
 9. Furto durante o repouso noturno
 10. Furto de pequeno valor
 10.1. Aplicabilidade da privilegiadora no furto qualificado
 10.2. Pequeno valor e pequeno prejuízo: distinção
 11. Furto qualificado: tipo derivado
 11.1. Com destruição ou rompimento de obstáculo (I)
 11.2. Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (II)
 11.3. Com emprego de chave falsa (III)
 11.4. Mediante concurso de duas ou mais pessoas (IV)
 12. Concursus delinquentium e concurso de duas ou mais pessoas
 12.1. Coautoria e participação em sentido estrito
 12.2. Causalidade física e psíquica: elemento objetivo-subjetivo
 12.3. Participação impunível: impede a configuração da qualificadora
 12.4. Autoria colateral: atipicidade da qualificadora do concurso de pessoas
 13. Autoria mediata: impossibilidade da qualificadora de concurso de pessoas
 14. Punibilidade do concurso de pessoas e da qualificadora similar
 15. Comunicabilidade ou incomunicabilidade da qualificadora
 16. Punibilidade desproporcional da qualificadora do concurso de pessoas
 17. Furto de veículo automotor: qualificadora especial
 17.1. Furto de uso: intenção de restituir
 18. Furto de energia: equiparação a coisa móvel
 18.1. Furto de energia e furto de sinal de TV paga
 19. Erro jurídico-penal no crime de furto: erro de tipo e de proibição
 20. Pena e ação penal
 CAPÍTULO II | FURTO DE COISA COMUM
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos do crime
 3.1. Sujeito ativo
 3.2. Sujeito passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Sócio que furta da própria sociedade
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 6.1. Consumação de furto de coisa comum
 6.2. Tentativa de furto de coisa comum
 7. Classificação doutrinária
 8. Causa especial de exclusão da antijuridicidade
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO III | ROUBO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos do crime
 3.1. Sujeito ativo
 3.2. Sujeito passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Modus operandi: mediante violência ou grave ameaça ou qualquer outro meio
 5.1. Violência física (vis corporalis)
 5.2. Grave ameaça (vis compulsiva)
 5.2.1. Idoneidade da grave ameaça
 5.2.2. Simulação de arma e arma de brinquedo
 5.3. Qualquer outro meio de redução da resistência
 5.4. Violência ou grave ameaça para fugir sem a coisa
 6. Espécies de roubo: próprio e impróprio
 6.1. Roubo próprio
 6.2. Roubo impróprio
 6.3. Roubo próprio e impróprio: distinção
 7. Objeto material do crime de roubo
 8. Tipo subjetivo: adequação típica
 9. Roubo majorado (“qualificado”, § 2º)
 9.1. Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma (I)
 9.1.1. O emprego de arma de brinquedo e a Súmula 174 do STJ
 9.2. Se há concurso de duas ou mais pessoas (II)
 9.3. Em serviço de transporte de valores e o agente conhece essa circunstância (III)
 9.4. Roubo de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior (IV)
 9.5. Roubo de veículo automotor com sequestro da vítima (V)
 9.6. Elevação da pena mínima no roubo qualificado
 10. Eventual presença de duas causas de aumento
 11. Consumação e tentativa
 11.1. Consumação do crime de roubo
 11.2. Tentativa do crime de roubo
 12. Classificação doutrinária
 13. Roubo qualificado pelo resultado: lesão grave ou morte
 13.1. Pela lesão corporal grave
 13.2. Pelo resultado morte: latrocínio
 13.2.1. Resultado morte decorrente de grave ameaça: não tipifica latrocínio
 13.3. Morte de comparsa: inocorrência de latrocínio
 14. Tentativa de latrocínio: pluralidade de alternativas
 15. Latrocínio com pluralidade de vítimas
 16. Concurso do crime de roubo com o de quadrilha
 17. Pena e ação penal
 17.1. Inconstitucionalidade da proibição de progressão de regime nos crimes hediondos
 CAPÍTULO IV | EXTORSÃO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. A extorsão mediante grave ameaça e o crime de ameaça do art. 147
 4.2. Obtenção de indevida vantagem econômica: especial fim de agir
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Extorsão majorada: coautoria e emprego de armas
 6.1. Se a extorsão é cometida por duas ou mais pessoas
 6.2. Com emprego de arma
 7. Omissão da Lei n. 9.426/96: majorantes relativas a veículo automotor
 8. Extorsão qualificada: lesão grave ou morte
 9. Roubo e extorsão: semelhanças e dessemelhanças
 9.1. Roubo e extorsão: são crimes da mesma espécie
 10. Extorsão mediante restrição de liberdade
 10.1. Extorsão mediante restrição de liberdade qualificada pelo resultado
 10.2. A gravidade da semelhança entre roubo e extorsão especial
 10.3. A desproporcional cominação de penas entre roubo e extorsão especial
 10.4. Violação ao princípio da proporcionalidade e inconstitucionalidade das sanções cominadas
 11. Crimes de extorsão e de constrangimento ilegal: conflito aparente de normas
 12. Consumação e tentativa
 12.1. Consumação
 12.2. Tentativa
 13. Classificação doutrinária
 14. Pena e ação penal
 CAPÍTULO V | EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos do crime
 3.1. Sujeito ativo
 3.2. Sujeito passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. (Ir)relevância da natureza ou espécie da vantagem visada
 4.2. Vantagem devida: outra tipificação
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Extorsão qualificada: modus operandi
 6.1. Duração do sequestro e idade da vítima
 6.2. Cometido por bando ou quadrilha
 7. Extorsão mediante sequestro qualificada pelo resultado: lesão grave ou morte
 7.1. Se resulta lesão corporal de natureza grave
 7.2. Se resulta a morte
 8. Delação premiada: favor legal antiético
 9. Crime hediondo
 10. Consumação e tentativa
 11. Classificação doutrinária
 12. Pena e ação penal
 CAPÍTULO VI | EXTORSÃO INDIRETA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos do crime
 3.1. Sujeito ativo
 3.2. Sujeito passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Classificação doutrinária
 7. Consumação e tentativa
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO VII | DA USURPAÇÃO
 1ª SEÇÃO
 ALTERAÇÃO DE LIMITES
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 5.1. Elemento subjetivo especial: para apropriar-se de coisa móvel alheia
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO VIII
 2ª SEÇÃO
 USURPAÇÃO DE ÁGUAS
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO IX
 3ª SEÇÃO
 ESBULHO POSSESSÓRIO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos do crime
 3.1. Sujeito ativo
 3.2. Sujeito passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Violência à pessoa ou grave ameaça ou concurso de mais de duas pessoas
 4.2. Esbulho civil e esbulho penal
 4.3. Esbulho de imóvel do SFH
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Usurpação em concurso com violência
 8. Pena e ação penal
 8.1. Penas cominadas
 8.2. Pena e ação penal
 CAPÍTULO X | SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Somente em animais já marcados
 4.2. Concurso com outros crimes
 4.3. Elementares típico-normativas: “indevidamente” e “alheio”
 4.4. Significado e limite das locuções “gado” ou “rebanho”
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XI | DO DANO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Dano qualificado
 6.1. Com violência à pessoa ou grave ameaça
 6.1.1. Dano praticado com violência: concurso material de crimes ou cúmulo material de penas
 6.2. Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
 6.3. Contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista
 6.4. Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima
 6.4.1. Por motivo egoístico
 6.4.2. Com prejuízo considerável
 7. Consumação e tentativa
 8. Classificação doutrinária
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XII | INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PRO PRIEDADE ALHEIA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Sem consentimento de quem de direito
 4.2. Ocorrência efetiva de prejuízo
 4.3. Prejuízo: condição objetiva da punibilidade ou elementar típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Questões especiais
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XIII | DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XIV | ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Questões especiais
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XV | DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos do crime
 3.1. Sujeito ativo
 3.2. Sujeito passivo
 4. Pressuposto da apropriação indébita
 5. Tipo objetivo: adequação típica
 6. Tipo subjetivo: adequação típica
 7. Consumação e tentativa
 8. Classificação doutrinária
 9. Formas majoradas de apropriação indébita
 9.1. Coisa recebida em depósito necessário
 9.2. Qualidade pessoal do agente: tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial
 9.3. Em razão de ofício, emprego ou profissão
 10. Apropriação, furto e estelionato
 11. Compra e venda, depositário infiel e apropriação indébita
 12. Apropriação indébita e relação mandante/mandatário
 13. Pena e ação penal
 14. Algumas questões especiais
 CAPÍTULO XVI | APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
 1. Bem jurídico tutelado
 2. Sujeitos ativo e passivo
 3. Tipo objetivo: adequação típica
 3.1. Pressuposto: contribuições recolhidas
 3.2. Prazo e forma legal ou convencional: norma penal em branco
 4. Tipo subjetivo: adequação típica
 5. Figuras do caput e do § 1º: distinção
 6. Deixar de recolher no prazo legal (§ 1º, I)
 6.1. Pressuposto: que tenha sido descontado de pagamento efetuado
 6.2. Antiga figura do art. 95, d
 7. Deixar de recolher contribuições devidas (§ 1º, II)
 7.1. Despesas contábeis ou custos relativos a produtos e serviços
 7.2. Pressuposto: que tenham integrado os custos
 8. Deixar de pagar benefício devido (§ 1º, III)
 8.1. Pressuposto: reembolso realizado
 9. Consumação e tentativa
 10. Classificação doutrinária
 11. Causa extintiva da punibilidade
 11.1. Início da ação fiscal (antes)
 11.2. Requisitos para extinção da punibilidade
 11.3. Aplicação do art. 34 da Lei n. 9.249/95
 12. Irretroatividade da lei nova (n. 9.983/2000)
 13. Perdão judicial ou pena de multa
 13.1. Valor de pouca monta: inocuidade
 13.2. Princípio da insignificância: configurado
 13.3. Requisitos necessários ao perdão judicial ou multa
 14. Crimes praticados após a Lei n. 9.983/2000: efeitos práticos
 15. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XVII | APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Apropriação de tesouro
 6. Apropriação de coisa achada
 6.1. Elemento temporal: quinze dias
 7. Tipo subjetivo: adequação típica
 8. Classificação doutrinária
 9. Consumação e tentativa
 10. Minorante do pequeno valor nos crimes de apropriação indébita
 11. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XVIII | ESTELIONATO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 3.1. Criança e débil mental: impossibilidade
 4. Fraude civil e fraude penal: ontologicamente iguais
 5. Tipo objetivo: adequação típica
 5.1. Emprego de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento
 5.2. Induzimento ou manutenção da vítima em erro
 5.3. Obtenção de vantagem ilícita em prejuízo alheio: elemento normativo
 6. Vantagem ilícita: irrelevância da natureza econômica
 7. Tipo subjetivo: adequação típica
 8. Classificação doutrinária
 9. Consumação e tentativa
 10. Estelionato e falsidade
 11. Estelionato privilegiado: minorante de aplicação obrigatória
 12. Figuras especiais de estelionato
 12.1. Disposição de coisa alheia como própria (I)
 12.2. Alienação ou oneração
fraudulenta de coisa própria (II)
 12.3. Defraudação de penhor (III)
 12.4. Fraude na entrega de coisa (IV)
 12.5. Fraude para o recebimento de indenização ou valor de seguro (V)
 12.6. Fraude no pagamento por meio de cheque (VI)
 12.6.1. Cheque pós-datado e cheque especial
 12.6.2. Sujeitos ativo e passivo do crime
 13. Majorante especial do crime de estelionato
 14. Arrependimento posterior e as Súmulas 246 e 554
 14.1. Reparação de danos e as Súmulas 246 e 554
 15. Algumas questões especiais
 16. Pena e ação penal
 17. Transcrição das principais súmulas relativas ao estelionato
 CAPÍTULO XIX | DUPLICATA SIMULADA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Falsificação ou adulteração do livro de registro de duplicatas
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XX | ABUSO DE INCAPAZES
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Necessidade, paixão ou inexperiência do menor
 4.2. Ato suscetível de produzir efeito jurídico
 4.3. Natureza do proveito ou vantagem
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXI | INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXII | FRAUDE NO COMÉRCIO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Fraude no comércio de metais ou pedras preciosas (§ 1º)
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXIII | OUTRAS FRAUDES
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXIV | FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇÃO OU ADMINISTRAção de sociedade por ações
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Fraude na fundação de sociedade por ações: crime subsidiário
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Fraude sobre as condições econômicas de sociedade por ações (§ 1º, I)
 8.1. Bem jurídico tutelado
 8.2. Sujeitos ativo e passivo
 8.3. Tipo objetivo: adequação típica
 8.4. Consumação e tentativa
 9. Falsa cotação de ações ou título de sociedade (§ 1º, II)
 9.1. Sujeitos ativo e passivo
 9.2. Tipo objetivo: adequação típica
 9.3. Consumação e tentativa
 10. Empréstimo ou uso indevido de bens ou haveres (§ 1º, III)
 10.1. Sujeitos ativo e passivo
 10.2. Tipo objetivo: adequação típica
 10.3. Consumação e tentativa
 11. Compra e venda de ações da sociedade (§ 1º, IV)
 11.1. Sujeitos ativo e passivo
 11.2. Tipo objetivo: adequação típica
 11.3. Consumação e tentativa
 12. Caução de ações da sociedade (§ 1º, V)
 12.1. Sujeitos ativo e passivo
 12.2. Tipo objetivo: adequação típica
 12.3. Consumação e tentativa
 13. Distribuição de lucros ou dividendos fictícios (§ 1º, VI)
 13.1. Sujeitos ativo e passivo
 13.2. Tipo objetivo: adequação típica
 13.3. Consumação e tentativa
 14. Aprovação fraudulenta de conta ou parecer (§ 1º, VII)
 14.1. Sujeitos ativo e passivo
 14.2. Tipo objetivo: adequação típica
 14.3. Consumação e tentativa
 15. Crimes de liquidante (§ 1º , VIII)
 16. Crimes do representante da sociedade estrangeira (§ 1º, IX)
 16.1. Sujeitos ativo e passivo
 17. Crime de acionista: negociação de voto (§ 2º)
 17.1. Sujeitos ativo e passivo
 17.2. Tipo objetivo: adequação típica
 18. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXV | EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE DEPÓSITO OU WARRANT
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Conhecimento de depósito e warrant
 5. Tipo objetivo: adequação típica
 5.1. Elemento normativo: em desacordo com disposição legal
 6. Tipo subjetivo: adequação típica
 7. Consumação e tentativa
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXVI | FRAUDE À EXECUÇÃO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXVII | RECEPTAÇÃO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica: receptação simples
 4.1. Novas figuras da Lei n. 9.426/96: receptação ou favorecimento
 4.2. Receptação de receptação: possibilidade
 5. Significado dogmático das elementares: “sabe” e “deve saber”
 5.1. Síntese dos postulados fundamentais das teorias do dolo e da culpabilidade
 5.2. Sentido e função das elementares “sabe” e “deve saber” na definição do crime de receptação
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Receptação qualificada: tipo autônomo ou derivado
 8.1. Adequação típica: receptação qualificada
 8.2. Receptação simples, receptação qualificada e princípio da proporcionalidade
 8.3. Elemento normativo da receptação qualificada: no exercício de atividade comercial ou industrial
 9. Tipo subjetivo: adequação típica: dolo direto
 9.1. Elemento subjetivo especial do injusto: em proveito próprio ou alheio
 10. Receptação culposa
 11. Autonomia da receptação: independência relativa
 12. “Autor de crime”: a culpabilidade não é mero pressuposto da pena
 13. Perdão judicial (§ 5º, 1ª parte)
 14. Receptação privilegiada (§ 5º, 2ª parte)
 15. Receptação majorada (§ 6º)
 16. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXVIII | DISPOSIÇÕES GERAIS DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
 1. Considerações preliminares
 2. Repercussão do Estatuto do Idoso nos crimes patrimoniais
 3. Imunidade penal absoluta
 4. Imunidade relativa: condição de procedibilidade
 5. Exclusão de imunidade ou privilégio
 5.1. Concurso eventual de estranhos: coautoria ou participação
 CAPÍTULO XXIX | VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Inovações da Lei n. 10.695/2003
 5. Figuras qualificadas: majoração penal
 5.1. Intuito de lucro é o fundamento da majoração penal
 5.2. Elemento normativo do tipo: sem autorização
 6. Repressão da ciberpirataria
 7. Tipo subjetivo: adequação típica
 8. Consumação e tentativa
 9. Classificação doutrinária
 10. Pena e ação penal
 11. Algumas questões especiais
 CAPÍTULO XXX | USURPAÇÃO DE NOME OU PSEUDÔNIMO ALHEIO
1. Considerações preliminares
 CAPÍTULO XXXI | AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDAde Intelectual
 1. Considerações preliminares
 2. Natureza da ação penal
 3. Prazo decadencial: geral ou especial
 4. Prova do direito de ação (art. 526 do CPP): pré-constituída
 CAPÍTULO XXXII | ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 3.1. Pessoa jurídica: impossibilidade
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Formas ou meios de execução: mediante violência ou grave ameaça
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Concurso com crimes praticados com violência
 8. Classificação doutrinária
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXXIII | ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE CONTRATO de trabalho e boicotagem violenta
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Formas ou meios de execução: mediante violência ou grave ameaça
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Concurso de crimes: violência tipificada
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXXIV | ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Trabalho individual e crime contra a organização do trabalho
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXXV | PARALISAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU PERTURBAÇÃO DA ORDEM
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Abandono coletivo e suspensão do trabalho
 4.2. Violência contra pessoa ou coisa
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXXVI | PARALISAÇÃO DE TRABALHO DE INTERESSE COLETIVO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 5.1. Tipicidade de greve pacífica: excepcionalmente
 6. Consumação e tentativa
 7. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XXXVII | INVASÃO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL, COMERCIAL OU AGRÍCOLA. SABOTAGEM
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Pena e ação penal
 8. Questões especiais
 CAPÍTULO XXXVIII | FRUSTRAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Novos tipos assemelhados
 8. Penas e ação penal
 8.1. Sanções cominadas
 8.2. Natureza da ação penal
 9. Questões especiais
 CAPÍTULO XXXIX | FRUSTRAÇÃO DE LEI SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Meios executórios normativos: mediante fraude ou violência
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Penas e ação penal
 CAPÍTULO XL | EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO administrativa
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XLI | ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XLII | ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA OUTRO DO TERRITÓRIO NACIONAL
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Novo tipo penal (§ 1º)
 8. Pena e ação penal
 9. Leis n. 9.099/95 e 9.714/98: “fundamentos” para exasperação penal
 CAPÍTULO XLIII | ULTRAJE A CULTO E IMPEDIMENTO OU PERTURBAÇÃO DE ATO A ELE RELATIVO
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Escárnio por motivo de religião
 4.2. Impedimento ou perturbação de culto religioso
 4.3. Vilipêndio público de ato ou objeto obsceno
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Majorante especial: com violência
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XLIV | IMPEDIMENTO OU PERTURBAÇÃO DE CERIMÔNIA FUNERÁRIA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Figura majorada
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XLV | VIOLAÇÃO DE SEPULTURA
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Furto em sepultura: tipificação
 8. Classificação doutrinária
 9. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XLVI | Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 4.1. Objeto material do crime: cadáver
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 CAPÍTULO XLVII | VILIPÊNDIO A CADÁVER
 1. Considerações preliminares
 2. Bem jurídico tutelado
 3. Sujeitos ativo e passivo
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 5. Tipo subjetivo: adequação típica
 6. Consumação e tentativa
 7. Classificação doutrinária
 8. Pena e ação penal
 
 Bibliografia
 
 
 
 
 
 
 NOTA DO AUTOR À 1ª EDIÇÃO
 É com imenso prazer que trazemos a público a primeira edição do terceiro volume de nosso trabalho que, como já mencionado nos volumes anteriores, passou a denominar-se Tratado de Direito Penal em razão de certa profundidade que achamos necessária para podermos imprimir-lhe alguma renovação conceitual, particularmente em relação à Parte Especial do Código Penal.
 Mantendo nossa linha de trabalho, procuramos revigorar conceitos que o pensamento jurídico atual aprimorou, na tentativa de adequar o tratamento dos crimes em espécie à reforma penal de 1984 (Lei n. 7.209/84), que alterou toda a Parte Geral do Código de 1940. Na verdade, a exemplo do que ocorreu no segundo volume, esforçamo-nos por fazer uma releitura dos velhos tipos penais de acordo com a atual dogmática e, particularmente, segundo os princípios que inspiraram a
referida reforma. Sustentamos, como em todos os nossos trabalhos, uma postura crítica, procurando contribuir para a evolução da dogmática penal brasileira.
 Este volume abrange os Títulos II (Dos crimes contra o patrimônio) a V (Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos) da Parte Especial do Código Penal. Procuramos manter o nível de abordagem, especialmente em relação aos crimes contra o patrimônio. Nosso interesse é oferecer conteúdo mais denso aos operadores do direito, uma vez que a bibliografia nacional ressente-se de obras com um pouco mais de fôlego, particularmente em relação à Parte Especial.
 No tocante ao tratamento dos demais crimes (Títulos III, IV e V), realizamos uma análise objetiva, oferecendo o estritamente necessário para os estudantes dos cursos de graduação. A pequena importância dessas infrações penais e a pouca frequência com que ocorrem no quotidiano conduziram-nos à adoção dessa postura.
 As críticas, como sempre, além de bem-vindas, serão recebidas como estímulo.
 
 Porto Alegre, inverno de 2003.
 
 
 CAPÍTULO I - FURTO
 Sumário: 1. Considerações preliminares. 2. Bem jurídico tutelado. 2.1. Não podem ser objeto de furto. 3. Sujeitos ativo e passivo. 4. Tipo objetivo: adequação típica. 4.1. Elemento normativo: coisa “alheia”. 4.2. Proprietário que subtrai coisa da qual não tem a posse: atipicidade. 4.3. Lesão patrimonial: bem economicamente apreciável. 4.4. Coisa perdida, abandonada e coisa comum. 5. Natureza e efeito do consentimento da vítima no crime de furto. 6. Tipo subjetivo: adequação típica. 7. Consumação e tentativa. 7.1. Consumação. 7.2. Tentativa. 8. Classificação doutrinária. 9. Furto durante o repouso noturno. 10. Furto de pequeno valor. 10.1. Aplicabilidade da privilegiadora no furto qualificado. 10.2. Pequeno valor e pequeno prejuízo: distinção. 11. Furto qualificado: tipo derivado. 11.1. Com destruição ou rompimento de obstáculo (I). 11.2. Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza (II). 11.3. Com emprego de chave falsa (III). 11.4. Mediante concurso de duas ou mais pessoas (IV). 12. Concursus delinquentium e concurso de duas ou mais pessoas. 12.1. Coautoria e participação em sentido estrito. 12.2. Causalidade física e psíquica: elemento objetivo-subjetivo. 12.3. Participação impunível: impede a configuração da qualificadora. 12.4. Autoria colateral: atipicidade da qualificadora do concurso de pessoas. 13. Autoria mediata: impossibilidade da qualificadora de concurso de pessoas. 14. Punibilidade do concurso de pessoas e da quali­ficadora similar. 15. Co­mu­ni­ca­bilidade ou incomunicabilidade da qua­lificadora. 16. Punibilidade desproporcional da qualificadora do concurso de pessoas. 17. Furto de veículo automotor: qualificadora especial. 17.1. Furto de uso: intenção de restituir. 18. Furto de energia: equiparação a coisa móvel. 18.1. Furto de energia e furto de sinal de TV paga. 19. Erro jurídico-penal no crime de furto: erro de tipo e de proibição. 20. Pena e ação penal.
 
 TÍTULO II | DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
 Capítulo I
 DO FURTO
 Furto
 Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
 Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
 § 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
 § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
 § 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
 Furto qualificado
 § 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido:
 I — com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
 II — com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
 III — com emprego de chave falsa;
 IV — mediante concurso de duas ou mais pessoas.
 § 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
 • § 5º acrescentado pela Lei n. 9.426, de 24-12-1996.
 
 1. Considerações preliminares
 A Lei das XII Tábuas já punia o crime de furto, distinguindo-o em manifesto e não manifesto. Ocorria o furtum manifestum quando o agente era surpreendido em flagrante delito, praticando a ação ou no lugar em que essa fora praticada. As penas aplicadas eram as próprias da épo­ca, quais sejam, de natureza corporal para o furto manifesto e pe­cu­niárias1 para o furto não manifesto. A própria Lei das XII Tábuas previa que o ladrão podia ser morto se fosse surpreendido durante furto noturno.
 Na expressão de Magalhães Noronha, “o furto é, em geral, crime do indivíduo de casta ínfima, do pária, destituído, em regra, de audácia e temibilidade para o roubo ou para a extorsão; de inteligência para o estelionato; e desprovido de meios para usurpação. Frequentemente é o crime do necessitado”2.
 Nosso Código Penal vigente, no Título dos Crimes contra o Patrimônio, dividiu-os em oito capítulos: I — furto; II — roubo e extorsão; III — usurpação; IV — dano; V — apropriação indébita; VI — estelionato e outras fraudes; VII — receptação; VIII — disposições gerais. Contudo, nem todos os crimes contra o patrimônio estão incluídos nesse capítulo da Parte Especial. Nas leis extravagantes e no próprio Código Penal encontraremos outros crimes que também ofendem o patrimônio público ou particular, tais como a usura (art. 4º da Lei n. 1.521) e os crimes falimentares (Dec. n. 7.661/45); nos crimes de peculato (art. 312 do CP), corrupção (arts. 317 e 333) e concussão (art. 316) há também a lesão patrimonial, embora o legislador tenha preferido incluí-los no Título relativo aos Crimes contra a Administração Pública.
 Nos chamados crimes pluriofensivos (ofensa a mais de um bem ju­rídico), como o roubo e a extorsão, os códigos anteriores (Criminal do Império, de 1830, e o Republicano, de 1890) os classificavam, a nosso juízo com acerto, em Título autônomo, “Crimes contra a Pessoa e contra a Propriedade”.
 2. Bem jurídico tutelado
 Bens jurídicos protegidos diretamente são a posse e a propriedade de coisa móvel, como regra geral, e admitimos também a própria detenção como objeto da tutela penal, na medida em que usá-la, portá-la ou simplesmente retê-la já representa um bem para o possuidor ou detentor da coisa3. A posse, como bem jurídico protegido pela cri­mi­na­­lização da conduta de furtar, remonta ao direito romano, desde Justiniano, que prescrevia: de obligationibus quae ex delicto nascuntur (furto é a tomada fraudulenta de uma coisa de seu uso ou de sua posse) (Institutas de Justiniano — Livro IV, Título I, § 1º). Carrara já destacava que, para os práticos, o crime de furto consistia tanto na violação do direito de propriedade quanto no de posse, constituindo, na última hipótese, furto impróprio, pois o proprietário já se encontrava privado da coisa subtraída4.
 Nesse aspecto, equivocava-se Nélson Hungria quando afirmava: “A posse, como mero fato, só por si, ou não correspondente ao direito de propriedade, embora protegida pelo direito civil, não entra na configuração do furto”5. Magalhães Noronha, pontificando a corrente majoritária, em sentido diametralmente oposto a Hungria, sustentava que o objeto jurídico imediato do crime de furto é a proteção da posse, e apenas secundariamente a propriedade é protegida6. Somente a posse legítima, contudo, recebe a proteção jurídico-penal: assim, ladrão que furta de ladrão responde pelo crime de furto7; apenas o sujeito passivo do segundo furto não será o ladrão, mas o verdadeiro dono ou possuidor legítimo de quem a coisa fora anteriormente subtraída.
 A lei protege, igualmente, a propriedade, pois não se pode negar que o proprietário sofre dano patrimonial com a subtração ou o desapa­re­cimento da coisa sobre
a qual tinha a posse, direta ou indireta. Somos obrigados a admitir, contudo, que a proteção da posse vem em primeiro lugar, e só secundariamente se tutela a propriedade. Esta é o direito complexo de usar, gozar e dispor de seus bens — jus utendi, fruendi et abutendi; aquela, a posse, é, na expressão de Ihering, a relação de fato estabelecida entre o indivíduo e a coisa, pelo fim de sua utilização eco­nômica. Enfim, posse é fato, protegida pelo direito como fato, enquanto fato. E é exatamente essa situação de fato que o diploma legal protege, imediatamente.
 2.1 Não podem ser objeto de furto
 Objeto de furto somente pode ser coisa móvel. O ser humano, vivo, não pode ser objeto de furto, pela singela razão de que não se trata de coisa. Poderá responder por inúmeras outras infrações, não de natureza patrimonial, tais como sequestro, cárcere privado, subtração de incapazes, lesão corporal etc. A própria subtração de cadáver, em princípio, não pode ser objeto material de furto; constitui, na verdade, crime contra o respeito aos mortos (art. 211). No entanto, quando, eventualmente, o cadáver for propriedade de alguém, passando a ter valor econômico, pode ser objeto de furto, como, por exemplo, quando algo que pertence a uma instituição de ensino para estudos científicos é furtado.
 Não podem ser objeto do crime de furto, por exemplo, aquelas coisas que não pertencem a ninguém, tais como res nullius (coisa que nunca teve dono), res derelicta (coisa que já pertenceu a alguém, mas foi abandonada pelo proprietário)8 e res commune omnium (coisa de uso comum, que, embora de uso de todos, como o ar, a luz ou o calor do Sol, a água do mar e dos rios, não pode ser objeto de ocupação em sua totalidade ou in natura). Para efeitos penais, constitui res derelicta qualquer objeto abandonado pelo dono e, como tal, por ele declarado sem valor econômico, ainda que para terceiro possa ser valioso; apoderar-se de coisa de ninguém — res nullius — constitui, para o direito privado, forma de aquisição da propriedade de coisa móvel (ocupação), algo impossível de ocorrer quando a coisa tem dono. E assim o é porque a coisa subtraída, para constituir objeto de furto, deve pertencer a alguém, e em qualquer das hipóteses antes mencionadas, não pertence a ninguém.
 Os direitos, reais ou pessoais, não podem ser objeto de furto. Contudo, os títulos ou documentos que os constituem ou representam podem ser furtados ou subtraídos de seus titulares ou detentores.
 3. Sujeitos ativo e passivo
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, menos o proprietário; este não pode ser sujeito ativo do crime de furto, mesmo em relação ao possuidor, pois faltará à coisa a elementar normativa “alheia”, ou seja, ninguém pode furtar “coisa própria”; poderá, no máximo, praticar o crime do art. 346. Pelas mesmas razões, condômino, coerdeiro ou sócio também não podem ser sujeito ativo desse crime de furto.
 Na mesma linha de raciocínio, o possuidor tampouco pode ser sujeito ativo do crime de furto, na medida em que, estando de posse da coisa, não pode subtraí-la de outrem. Ademais, se inverter a natureza da posse que detém, o crime que praticará não será este, mas o de apropriação indébita (art. 168).
 Sujeitos passivos são o proprietário, o possuidor e, eventualmente, até mesmo o detentor da coisa alheia móvel, desde que tenha algum interesse legítimo sobre a coisa subtraída. Na verdade, para o possuidor, inegavelmente, a perda da posse também representa um dano pa­tri­­monial. Assim, tanto o proprietário quanto o possuidor são sujeitos passivos do crime de furto. Ter a coisa, a qualquer título, ou simplesmente poder usá-la constitui um bem para o possuidor ou mesmo o de­tentor9. Essa conclusão é coerente com a posição que assumimos, pois, se posse e detenção são equiparadas a um bem para o possuidor ou detentor, é natural que os titulares desse bem se sintam lesados quando forem vítimas de subtração.
 A posse ou detenção, contudo, não pode ser confundida com a dis­posição momentânea da coisa. Por exemplo, alguém entrega a coisa a terceiro, que, de inopino, põe-se em fuga: essa entrega e posse correspondente não convertem a conduta em apropriação indébita. O crime cometido, na realidade, configura furto.
 Para a configuração do crime de furto é irrelevante a identificação e individualização da vítima, pois a lei não protege o patrimônio de alguém em particular, mas de todos em geral; por isso, basta a certeza de que a res furtiva não pertence ao ladrão, isto é, trata-se de coisa alheia. Logo, o fato de não ser descoberto ou identificado o proprietário ou possuidor da coisa furtada, por si só, não afasta a tipicidade da subtração de coisa alheia.
 4. Tipo objetivo: adequação típica
 Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem. Subtrair significa tirar, retirar, surrupiar, tirar às escondidas. Subtrair não é a simples retirada da coisa do lugar em que se encontrava; é necessário, a posteriori, sujeitá-la ao poder de disposição do agente. A finalidade deste é dispor da coisa, com animus definitivo, para si ou para outrem. O ordenamento jurídico brasileiro continua não punindo criminalmente o furto de uso. A coisa ob­jeto da subtração tem de ser móvel, sendo-lhe equiparada a energia elétrica. A coisa móvel tem de ser alheia. Coisa sem dono ou por esse abandonada não pode ser objeto de furto. Subtrair coisa própria constitui conduta atípica. A coisa móvel precisa ser economicamente apreciável.
 A estrutura da descrição típica do crime de furto não se limita a dados puramente objetivos, encontrando-se enriquecida por elementos extraídos das searas da antijuridicidade e da antiga definição da cul­­­pabilidade, com grande carga normativa e subjetiva. Para a con­cretização dessa infração penal é insuficiente que o agente subtraia coisa móvel: é indispensável que o faça, para si ou para outrem, e que a coisa subtraída seja alheia. Esses dois elementos — o primeiro nor­ma­ti­vo e o segundo subjetivo —, exigindo, ambos, juízos valorativos, in­dispensáveis para que se encontrem seus verdadeiros significados, afastam a objetividade pura própria dos chamados tipos normais.
 Enfim, a tipificação do crime de furto materializa-se com a subtração da coisa móvel, pertencente a outrem, orientada pela intenção do agente do assenhoramento, próprio ou de terceiro.
 Coisa, para fins penais, é tudo que possa constituir objeto da ação física de subtrair, isto é, coisa corpórea passível de ser deslocada, removida, apreendida ou transportada de um lugar para outro. A eventual intangibilidade da coisa não afasta sua idoneidade para ser objeto de subtração. Contudo, em princípio, a luz, o ar, o calor, a água, do mar ou dos rios, não podem ser apreendidos, consumidos ou utilizados em sua totalidade. Mas, como lembra Nélson Hungria, parcialmente, podem ser aproveitados ou consumidos como força ou energia, e, nesse caso, são passíveis de furto10.
 Coisa imóvel, com efeito, pode ser objeto de inúmeras infrações, mas nunca dos crimes de furto e roubo. As definições de coisa móvel e imóvel, no direito penal, não têm exatamente a mesma correspondência no direito civil ou mesmo no direito comercial. Apesar da prescrição, em sentido contrário, do Código Civil, para fins penais são consideradas coisas móveis apólices da dívida pública com cláusula de inalienabilidade (art. 79 do CC), materiais separados provisoriamente de um prédio (art. 81, II), navios (art. 1.473, VI) e aeronaves (art. 1.473, VII)11. Em verdade, todos esses objetos podem facilmente ser subtraídos e retirados do lugar onde se encontram sem que o dono ou possuidor o perceba; são, em outros termos, de acordo com sua natureza, coisas móveis, configurando, portanto, a elementar exigida pelo tipo penal. Por isso merecem a tutela penal, a despeito da natureza jurídica de imóveis que o Código Civil lhes atribui.
 Coisa móvel, para o direito penal, é todo e qualquer objeto passível de deslocamento, de remoção, apreensão, apossamento ou transporte
de um lugar para outro. Na definição de Hungria, “a noção desta, em direito penal, é escrupulosamente realística, não admitindo as equiparações fictícias do direito civil”12. Assim, os imóveis, somente se, por qualquer meio, forem mobilizados poderão ser objeto de furto. Os acessórios do imóvel — árvores, arbustos, casas, madeira, plantas — que forem mobilizados também podem ser objeto de furto.
 Nessa mesma linha, a despeito de o Código Civil considerar coisa móvel os direitos reais (art. 83), eles não podem ser objeto do crime de furto, por não serem coisas suscetíveis de serem apreendidas, subtraídas, removidas ou transportadas pelo sujeito ativo.
 4.1 Elemento normativo: coisa “alheia”
 A condição “alheia” é elemento normativo indispensável à ti­pi­fi­ca­­ção da subtração de coisa móvel; sua ausência torna a conduta atípica. A expressão alheia tem o sentido de coisa que não tem ou nunca teve dono. Por isso, as coisas sem dono (res nullius), abandonadas (res derelicta) e as coisas comuns (res communes omnium) não podem ser objeto de furto em sua totalidade. Esta última — res communes —, já destacava Hungria, “pode ser, entretanto, parcialmente captada e aproveitada como força ou energia (ar liquefeito, calor solar como força mo­triz etc.), incidindo essa parte especializada na propriedade de alguém e, assim, tornando-se objeto adequado do furto. As águas das cisternas ou as colhidas e depositadas para uso exclusivo de alguém podem ser, como é claro, res furtiva”13. Observe-se, porém, que o desvio ou represamento de águas correntes alheias, em proveito próprio ou alheio, tipifica o crime de usurpação (art. 161, § 1º, I, do CP), e não o crime de furto.
 Faz-se necessário demonstrar que a res furtiva pertence a alguém. Não há necessidade de identificar o proprietário ou possuidor. A comprovação de que pertence a alguém tem a finalidade de excluir a res nullius, res derelicta e res desperdita. No caso da última hipótese, poderá caracterizar apropriação indébita (art. 169).
 4.2 Proprietário que subtrai coisa da qual não tem a posse: atipicidade
 Afinal, pode o proprietário de uma coisa, da qual não tem a posse, furtá-la? Não esqueçamos a afirmação que fizemos sobre a impossibilidade de o proprietário não poder ser sujeito ativo do crime de furto de coisa própria, por faltar a característica de alheia na coisa cujo domínio lhe pertence. Contudo, a questão, num aspecto mais abrangente, não é assim tão simples.
 Magalhães Noronha, refletindo sobre o tema, exemplifica com um direito real de garantia, como o penhor, quando alguém dá ao credor, em garantia de dívida, coisa móvel a título de penhor14. Posteriormente, impossibilitado de honrar o crédito, e não querendo ficar privado de sua coisa, resolve subtraí-la. Não temos dúvida de que a subtração é ilegítima, para não dizer ilícita, ou ainda, criminosa: se criminosa, é certo que a objetividade jurídica é patrimonial. Admitindo tratar-se do crime de furto — prossegue Noronha —, a despeito de ter havido subtra­ção de coisa própria, há sujeito ativo (o dono), há sujeito passivo (o cre­dor), há ação (o apoderamento), há objeto material (a coisa) e há le­são a um bem jurídico (o direito real de garantia do credor). Magalhães Noronha afasta, ainda, a possibilidade de ser admitida a modalida­de do art. 346, que, segundo afirma, é “modalidade do delito de exercício arbitrário das próprias razões, devendo, no caso, o proprietário ter certa ou supostamente uma pretensão legítima a satisfazer”.
 A infração penal, se houver, e acredita-se que há, é de natureza patrimonial. O penhor ficou sem objeto, houve lesão patrimonial, na medida em que o direito real de garantia, representado pelo penhor, integrava o patrimônio do credor, que foi diminuído pelo devedor, proprietário da coisa penhorada. Mas, afinal, será furto subtrair coisa própria, de que não se tem a posse direta? E a tipicidade estrita, que exige a presença da elementar normativa, “alheia”, para configuração típica desse crime?
 Bento de Faria, na mesma linha de Magalhães Noronha, admitia essa possibilidade, da qual discordava Carlos Xavier15. Para Nélson Hungria e Heleno Cláudio Fragoso haveria infração ao art. 346 do CP16. Damásio de Jesus e Paulo José da Costa Jr. acompanham o entendimento esposado por Hungria17. Este último, contrariando expressamente Magalhães Noronha, que afirma estar equivocado, justificando sua op­ção pela tipificação do art. 346, sustenta: “O que aí se apresenta, in­ques­tionavelmente, é a solução para a hipótese de subtração da res pró­pria na legítima posse de outrem (a qual, erroneamente, o Código de 1890, no seu art. 332, considerava furto)”18. Mais recentemente, Luiz Regis Prado não se posiciona, limitando-se a trazer à colação as duas correntes sobre o tema19.
 Contudo, a despeito de os dois entendimentos perdurarem por mais de meio século, temos dificuldades dogmáticas em aceitar qualquer das orientações anteriormente mencionadas, no marco de um direito penal garantista, em um Estado Democrático de Direito. Afinal, de plano não se pode esquecer que o direito penal somente se legitima quando objetiva proteger bens ou interesses jurídicos, e a partir daí, exatamente, começa nossa grande dificuldade. A figura do crime de furto, desde o direito romano, tem como objetividade jurídica a proteção do patrimônio (posse, propriedade, detenção etc.); de igual sorte, o verbo nuclear representativo desse crime tem sido, sistematicamente, “subtrair”. Por fim, dentro da harmonia adotada pelo Código Penal de 1940, todos os crimes contra o patrimônio têm sede própria, qual seja, o Título II de sua Parte Especial.
 A infração penal descrita no art. 346 do Código Penal está inserta no Título XI, que disciplina os Crimes contra a Administração Pública, mais especificamente aqueles que forem praticados contra a administração da justiça. Ora, nenhum desses crimes tem como objetividade jurídica o patrimônio alheio ou, principalmente, o próprio. Já por esse aspecto, eventual furto de coisa própria, por si só, deve ser afastado da moldura descrita no art. 346, que tem outra finalidade protetiva. Por outro lado, nos crimes de furto (inclusive de coisa comum) e de roubo o verbo nuclear, “subtrair”, tem forma livre, não estabelecendo meio, forma ou modo de ser executado, adquirindo sentido específico, qual seja, de apossamento da res furtiva. Assim, os verbos “tirar”, “suprimir”, “destruir” ou “danificar” são inadequados ou impróprios para sig­nificar subtração de coisa móvel, própria ou alheia. Ademais, o especial fim de agir, típico do crime de furto, tampouco se faz presente na figura descrita no art. 346, que, como afirma Noronha, constitui modalidade de exercício arbitrário das próprias razões. O fato de não existir a rubrica lateral com o nomen juris do tipo penal não causa ne­nhuma estranheza, na medida em que existem inúmeros dispositivos com essa técnica, sem que a omissão permita atribuir a proteção de bens jurídicos estranhos ao próprio capítulo ou título a que pertençam.
 Por fim, os estudiosos do Código Penal são unânimes em re­conhecer que se trata de um diploma legal metódico, harmonioso e coerente. Pelo menos não se lhe tem atribuído, ao longo de sua existência, nenhum paradoxo, como seria deslocar um tipo penal protegendo um bem jurídico fora daquele Título que lhe foi cientificamente reservado. Que seria de nosso diploma legal se nos onze Títulos de sua Parte Especial pudessem ser encontrados aqui e acolá tipos penais disciplinando e protegendo bens jurídicos distintos de suas rubricas? Certamente não teria recebido o reconhecimento internacional como um dos melhores Códigos Penais da primeira metade do século XX.
 Assim, com essa sucinta argumentação, afastamos a adequação do crime de furto de coisa própria da descrição contida no art. 346.
 Melhor sorte, contudo, não assiste ao entendimento esposado por Magalhães Noronha, independentemente de a proteção imediata ser da posse ou da propriedade, em especial nos
tempos atuais, quando se sustenta a necessidade absoluta da tipicidade estrita, como garantia máxima da proteção das liberdades individuais. A imensa maioria da doutrina, inclusive a estrangeira, não admite o furto de coisa própria, por faltar-lhe a elementar alheia: o dono não pode ser sujeito ativo do crime de furto de coisa que lhe pertence!20 Alheio, seja no sentido comum, seja em sentido jurídico-penal, significa “o que não é nosso, o que não nos pertence”. Esse é o sentido empregado pelo Código Penal, nos crimes de furto e roubo e também naqueles descritos nos arts. 163, 164, 168 e 169, todos contra o patrimônio.
 O fato de o direito do detentor da coisa subtraída pelo dono necessitar de proteção legal não autoriza interpretação extensiva para admitir a tipificação de condutas que não encontram correspondência típica em nenhum dispositivo penal. O reconhecimento da existência de eventual dano patrimonial tampouco é fundamento suficiente para burlar toda a estrutura dogmática da teoria do delito, construída ao longo de séculos de evolução científica.
 Com efeito, se dano patrimonial existir, indevidamente, necessita da proteção legal que, por certo, ante a ausência de tipificação específica, não estará no âmbito penal. Porém, o ordenamento jurídico como um todo tem condições de estender seu manto protetor para assegurar eventual lesão de quem assim se sentir; institutos tais como busca e apreensão, sequestro, ações possessórias, indenizatórias etc., enfim, um arsenal de medidas estará à disposição de eventual lesado, sem necessidade de destruir o direito penal para suprir uma lacuna desconhecida pelo então legislador.
 4.3 Lesão patrimonial: bem economicamente apreciável
 Determinada corrente condiciona a existência de crime patrimonial à lesão de interesse economicamente apreciável; outra corrente, embora reconheça a importância do aspecto econômico nos crimes pa­tri­mo­niais, adverte que, se algum bem moral for constituído por alguma coisa, deve ser considerado “coisa” no sentido jurídico, pois é nessa condição que assume valor patrimonial21. Efetivamente, determinada coisa pode não ter valor para o agente, mas ser extremamente valiosa para a vítima.
 Para Heleno Fragoso, não pode existir crime patrimonial se não houver lesão a interesse jurídico apreciável economicamente, aplicando-se, nesses casos, a noção civilística, segundo a qual é elementar ao conceito de patrimônio a avaliação econômica dos bens ou relações que o compõem22. Em sentido contrário posicionava-se Nélson Hungria, re­conhecendo que, embora a nota predominante do elemento pa­tri­mo­nial seja seu caráter econômico, deve-se advertir que, “por extensão, também se dizem patrimoniais aquelas coisas que, embora sem valor venal, representam uma utilidade, ainda que simplesmente moral” (Hun­gria). Manzini adotava essa orientação, considerando que o conceito de valor patrimonial não corresponde necessariamente ao de valor econômico, e o conceito de dano patrimonial não se identifica necessariamente com o de dano econômico. Se um bem moral é constituído por uma coisa, ele é coisa no sentido jurídico23. No mesmo sentido era o magistério de Antolisei24, para quem “O patrimônio não compreende apenas as relações jurídicas economicamente apreciáveis — isto é, os direitos que são avaliáveis em dinheiro — senão também as que versam sobre coisas que têm mero valor de afeição (recordações de família, objetos que nos são caros por motivos especiais etc.). Posto que também essas coisas fazem parte do patrimônio, a subtração delas representa, sem dúvida, uma diminuição patrimonial e, assim, constitui dano patrimonial”.
 Trata-se de crime material por excelência, sendo indispensável a superveniência do eventus damni. Não se pode falar em crime de furto, em nossa concepção, sem a existência efetiva de diminuição do pa­tri­mô­nio alheio. A coisa subtraída não deve ter, enfim, para o sujeito passivo, apenas valor monetário, mas representar, pelo menos, alguma utilidade, de qualquer natureza, para que possa ser considerada integrante de seu patrimônio.
 A descrição típica não exige que a finalidade do agente seja a obtenção de vantagem ilícita ou, mais precisamente, agir com animus lucrandi, como algumas legislações fazem. A despeito dessa omissão, alguns doutrinadores sustentam a necessidade dessa finalidade que, segundo afirmam, estaria implícita na definição do crime de furto. Assim Weber Martins Batista, para quem “é evidente que ele é essencial ao furto e está implícito na expressão ‘para si ou para outrem’”25. Contraditoriamente, no parágrafo anterior, Weber Martins Batista afirma que “nada importa, para a caracterização do fato, o motivo do crime, o fim último que levou o agente a cometê-lo. Basta que o tenha praticado com a intenção de ficar com a coisa — que sabia ser alheia — para si ou para terceiros”26. É indiferente que pratique um furto infamante ou, ao contrário, o faça como um moderno Robin Hood, furtando dos ricos para distribuir aos pobres.
 Na verdade, em nosso entendimento, é irrelevante o motivo ou fi­nalidade que orientou a conduta do agente, ou seja, é absolutamente desnecessário que o sujeito ativo tenha praticado a subtração visando a obtenção de lucro ou mesmo que tenha conseguido efetivamente algum lucro, sendo suficiente que o tenha feito para “si ou para outrem”, sabendo que se trata de coisa alheia, e apresente algum dano pa­tri­mo­nial. Igualmente, a motivação de vingança contra a vítima ou apenas proporcionar um agrado a um amigo, desafeto da vítima, não altera a tipicidade do crime, desde que presente o animus rem sibi habendi.
 Não se pode esquecer, contudo, que, se o animus orientador da conduta tipificar outra infração penal, por exemplo, exercício arbitrário das próprias razões, responderá por esse crime, e não pelo de furto. Assim, aquele que, visando satisfazer pretensão, legítima ou não, subtrai valor de seu devedor que não lhe paga comete esse crime (art. 345), e não o de furto.
 Quando o objeto da subtração (aspecto examinado em tópico próprio) for de pequeno valor, configurará a minorante prevista no art. 155, § 2º, do CP. Esse “valor diminuto”, convém registrar, não constitui descriminante ou mesmo qualquer causa de atipicidade; no entanto, as coisas juridicamente irrelevantes não podem ser objeto do crime de furto, tais como um palito, um cotonete, um alfinete, uma agulha etc.
 4.4 Coisa perdida, abandonada e coisa comum
 Ao examinarmos o objeto jurídico do crime de furto, destacamos que, prioritariamente, é a posse e, secundariamente, a propriedade, estendendo-se até a detenção legítima. Assim, a coisa perdida não se encontra na posse de ninguém. Mas coisa perdida não é coisa abandonada; consequentemente, o dono não renunciou a sua propriedade, apenas e tão somente ignora o local onde ela se encontra. Por isso a coisa perdida não pode ser objeto de subtração. Teoricamente até se poderia discutir a existência residual da proteção do direito de propriedade. Seria, no entanto, mera discussão acadêmica, no caso improdutiva, na medida em que o art. 169, II, tipifica essa conduta como apropriação de coisa achada (a especialidade afasta a generalidade).
 A coisa abandonada — res derelicta — não pode ser objeto de subtração nem de apropriação indébita. Constitui res derelicta, repetindo, qualquer objeto abandonado pelo dono e, nessa circunstância, por ele declarado sem valor econômico, ainda que, eventualmente, possa ser valioso para terceiro.
 Mas convém ter presente que o abandono da coisa deve ser evidente, inequívoco, preciso, não o caracterizando, por exemplo, o simples fato de ser uma coisa velha, com as aberturas em precárias condições, facilitando inclusive o acesso. Essas circunstâncias, por si sós, não autorizam estranho a penetrar em seu interior e dispor de seus bens.
 A subtração de coisa de propriedade ou posse comum, praticada por sócio, condômino ou coerdeiro, está tipificada no art. 156, e, por todas as suas peculiaridades,
será abordada em capítulo próprio.
 5. Natureza e efeito do consentimento da vítima no crime de furto
 Destaca-se, por fim, que o crime de furto pressupõe o dissenso da vítima, sendo irrelevante, contudo, que seja praticado na presença ou ausência desta, na medida em que a clandestinidade, embora seja a regra, não constitui elemento estrutural desse crime. Na verdade, a subtração da coisa alheia móvel pode ser realizada por meio da apreensão manual, com a utilização de algum instrumento, animal adestrado ou por intermédio de agente incapaz (autoria mediata).
 No entanto, ao se examinar a natureza e importância do consentimento do ofendido, devem-se distinguir aquelas situações que caracterizam exclusão de tipicidade das que operam como excludentes de antijuridicidade. Na verdade, se fizermos uma análise, ainda que superficial, constataremos que em muitas figuras delituosas, de qualquer Código Penal, a ausência de consentimento faz parte da estrutura típica como característica negativa do tipo. Logo, a presença de consentimento afasta a tipicidade da conduta que, para configurar crime, exige o dissenso da vítima, por exemplo, a invasão de domicílio (art. 150), a violação de correspondência (art. 151) etc. Outras vezes, o consentimento do ofendido constitui verdadeira elementar do crime, como ocorre, por exemplo, no aborto consentido (art. 126). Nesses casos, o consentimento é elemento essencial do tipo penal.
 Enfim, são duas formas distintas de o consentimento do ofendido influir na tipicidade: para excluí-la, quando o tipo pressupõe o dissenso da vítima; e para integrá-la, quando o assentimento da vítima constitui elemento estrutural da figura típica.
 6. Tipo subjetivo: adequação típica
 O tipo subjetivo é constituído pelo dolo, que é seu elemento subjetivo geral, e pelo especial fim de agir, que é seu elemento subjetivo especial. O dolo, por sua vez, constitui-se pela vontade consciente de subtrair coisa alheia, isto é, que pertença a outrem. É indispensável que o dolo abranja todos os elementos constitutivos do tipo penal, sob pena de configurar-se o erro de tipo, e, como não há previsão da modalidade de furto culposo, a evitabilidade ou inevitabilidade27 do erro é irrelevante, pois ambos excluirão a tipicidade, salvo se se tratar de simulacro de erro.
 É indispensável, enfim, que o agente saiba que se trata de coisa alheia. Quando, no entanto, o agente, por erro, supuser que a coisa “subtraída” é própria, não responderá pelo crime de furto, por faltar-lhe o conhecimento ou a consciência da elementar normativa alheia. O sujeito crê que seu atuar é permitido, em virtude de não saber o que faz, não estando, consequentemente, sua vontade dirigida à realização do tipo, como reconheceu a célebre jurisprudência alemã de 18 de março de 195228. Estar-se-á diante do que se chama de crime putativo, que, evidentemente, crime não é.
 O elemento subjetivo especial do tipo, por sua vez, é representado pelo fim especial de apoderar-se da coisa subtraída, para si ou para ou­trem. A ausência desse animus apropriativo (finalidade de apos­sa­mento) desnatura a figura do crime de furto. Logicamente, quando essa circunstância se fizer presente, haverá uma espécie de inversão do ônus da prova, devendo o agente demonstrar, in concreto, que a finalidade da subtração era outra e não a de apoderar-se da coisa, para si ou para ou­trem.
 7. Consumação e tentativa
 7.1 Consumação
 Quanto ao momento consumativo do crime de furto podem-se des­tacar, basicamente, três orientações distintas: a) que é suficiente o deslocamento da coisa, mesmo que ainda não tenha saído da esfera de vigilância da vítima; b) que é necessário afastar-se da esfera de vigilância do sujeito passivo; c) que é necessário um estado de posse tranquilo, ainda que momentâneo.
 Consuma-se o crime de furto com a retirada da coisa da esfera de disponibilidade da vítima, assegurando-se, em consequência, a posse tranquila, mesmo passageira, por parte do agente; em outros termos, consuma-se quando a coisa sai da posse da vítima, ingressando na do agente. A posse de quem detinha a coisa é substituída pela posse do agente, em verdadeira inversão ilícita. Para Magalhães Noronha, a consumação “verifica-se quando a coisa é substituída à esfera de atividade da vítima, isto é, quando ela é colocada em situação tal que aquela não mais pode exercer os atos que sua posse lhe confere”29. Enfim, o apos­sa­mento ou assenhoramento ocorre quando a coisa alheia sai da vigilância ou disponibilidade do ofendido, embora seja bastante difícil precisar, aprioristicamente, o momento em que ocorre essa verdadeira inversão da posse. Apesar de tratar-se de crime material, a fase executória, não raro, é tão exígua que ação e consumação praticamente se confundem; assim, por exemplo, quando o agente subtrai alimento e, ainda no local, o ingere.
 A despeito da necessidade dessas duas circunstâncias — sair da disponibilidade da vítima e estar na posse tranquila do agente —, é possível, teoricamente, ocorrer a consumação do furto, sendo o agente preso em flagrante. Com efeito, a amplitude do conceito de flagrante estabelecido pelo art. 302, IV, do Código de Processo Penal permite essa interpretação. Segundo esse dispositivo, considera-se em flagrante delito até mesmo quem “é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração”. Nessas circunstâncias, nada impede que a res furtiva tenha saído da esfera de vigilância da vítima e, ainda que momentaneamente, o agente tenha tido sua posse tranquila, tendo-se consumado o furto30. Enfim, a prisão em flagrante, com consequente brevidade da posse, não descaracteriza o furto consumado, pois para que o delito se consuma não é necessária posse definitiva ou prolongada da res furtiva, bastando a posse efêmera, com a saída da esfera de vigilância da vítima. Existem circunstâncias em que o furto deve ser considerado consumado, como ocorre mesmo que a res furtiva permaneça no âmbito pessoal ou profissional da vítima, como destacava Hungria: “É o caso, por exemplo, da criada que sub-repticiamente empolga uma joia da patroa e a esconde no seio ou mesmo nalgum escaninho da casa, para, oportunamente, sem despertar suspeitas, transportá-la a lugar seguro”31. Nesses casos, esclarecia Hungria, não há possibilidade material, por parte do ofendido, de exercer o seu poder de disposição da coisa, cujo paradeiro desconhece.
 7.2 Tentativa
 O furto, como crime material, admite com segurança a figura tentada. Sempre que a atividade executória seja interrompida, no curso da execução, por causas estranhas a vontade do agente, configura-se a tentativa. Em outros termos, quando o processo executório for impedido de prosseguir antes de o objeto da subtração ser deslocado da esfera de vigilância e disponibilidade da vítima para a posse tranquila do agente, não se pode falar em crime consumado. “Consuma-se o delito — afirma Damásio de Jesus — no momento em que a vítima não pode mais exercer as faculdades inerentes à sua posse ou propriedade, instante em que o ofendido não pode mais dispor do objeto material”32.
 Não se pode falar em crime consumado quando, por exemplo, a vítima percebe que está sendo furtada pelo punguista e sai em sua perseguição, prendendo-o em seguida na posse da res furtiva. Inegavelmente o evento jurídico pretendido pelo agente — apossamento da coisa alheia — não se realizou, uma vez que o objeto pretendido não saiu da esfera de vigilância da vítima e, consequentemente, não entrou na pose tranquila do agente.
 Por outro lado, para a punibilidade da tentativa, nosso Código Penal seguiu a teoria objetiva, segundo a qual “o que justifica a pu­ni­bi­li­dade da tentativa é o perigo objetivo que ela representa para o bem ju­rídico. E esse perigo só existirá se os meios empregados na tentativa fo­rem adequados à produção do resultado e se o objeto visado apresentar as condições necessárias para que esse resultado se

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