Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TUTORIA 6 - UC 8 Karolina Cabral Machado - P3 2020.2 TEMA: TDAH fonte:Cap. 5,6 e 7 (Desenvolvimento infantil) Pág.75/103 (DSM-5) file:///C:/Users/karol/Documents/FACULDADE/P3/UC%208/TUTORIA/TDAH.pdf http://www.polbr.med.br/ano03/artigo1203_a.php Objetivos e métodos da psicologia, Henri Wallon: file:///C:/Users/karol/Documents/FACULDADE/P3/UC%208/TUTORIA/As%20etapas%20do %20desenvolvimento%20da%20personalidade.pdf https://www.scielo.br/pdf/rpc/v31n2/a06v31n2.pdf HIPÓTESES 1.A manifestação da hiperatividade foi tardia no caso de Daniel ou não foi perceptível pelos pais antes disso. A maturação e mielinização do encéfalo ocorre de maneira póstero-anterior, assim, seguindo a cronologia de desenvolvimento neurológico é considerado fisiológico algum nível de hiperatividade isolada em crianças sem acometimento até cerca de 4 anos de idade, pois a região pré-frontal (responsável pelo controle motor) só finaliza seu processo de mielinização nesse período. 2.O parto prematuro está relacionado com o desenvolvimento retardado das funções do sistema nervoso e das funções psicomotoras. 3.O consumo de drogas lícitas e ilícitas durante a gestação é fator de risco para o desenvolvimento do TDAH. 4.Filhos de relações consanguíneas pode aumentar a possibilidade do aparecimento de doenças autossômicas recessivas. Além de doenças autossômicas recessivas, o TDAH parece estar relacionado com fatores genéticos visto que é mais prevalente em crianças com pais biológicos do que em crianças com pais adotivos. 5.O parto demorado pode trazer consequências ao sistema nervoso do neonato (reversíveis ou não, como por exemplo o dano neural). 6.Algumas das características específicas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são: impulsividade, desatenção, irritabilidade, hiperatividade, agressividade, inquietação e dificuldade no aprendizado. 7.Essas características estão relacionadas às questões que envolvem principalmente os neurotransmissores + sinapses + informações adquiridas (disfunção). 8.Essas características do TDAH são demonstradas através do comprometimento de questões relacionadas a relações sociais. 9.O TDAH pode desencadear uma falta de associação de memórias e conhecimentos adquiridos. 10. As pioras do paciente com TDAH do problema decorreram devido à falta de acompanhamento, ausência de tratamento e aumento de cobranças. 11. A falta de acompanhamento/estímulo contribui para o quadro de piora. 12.O trauma encefálico contribuiu na piora do quadro de Daniel. 13.Diagnóstico diferencial: dislexia, hiperatividade, autismo, transtorno de aprendizagem, TDAH. http://www.polbr.med.br/ano03/artigo1203_a.php https://www.scielo.br/pdf/rpc/v31n2/a06v31n2.pdf 14.Tratamento hipotético: medicamentoso Ritalina (cloridrato de metilfenidato), atendimento psicoterapêutico, terapia familiar e individual. 15.O Cloridrato de Metilfenidato (ritalina) atua nos neuroreceptores e auxilia na concentração dos neurotransmissores. 16.O tratamento multiprofissional em conjunto com o acompanhamento/estímulo/cuidado familiar pode auxiliar no quadro de melhora. 17. A personalidade é uma construção social e pode ser moldada ao longo de toda a vida. OBJETIVOS 1.Entender a influência da história da gestação/parto no desenvolvimento psicomotor; Desde o nascimento o bebê possui reflexos de movimentos involuntários. Alguns desses estarão presentes somente neste período e vão se extinguir nos meses seguintes. Outros desaparecerão, para retornarem meses mais tarde como atividade voluntária (marcha reflexa) e alguns outros, durante a maturação, transitam de uma atividade reflexa para voluntária (preensão palmar). No primeiro ano de vida, ocorrem aquisições importantes no desenvolvimento motor. Esses movimentos voluntários se organizam no sentido crânio-caudal, obedecendo à sequência do processo de mielinização. Ou seja, acontece primeiramente na porção cefálica e, mais tardiamente, nos membros inferiores. Etapas fundamentais do desenvolvimento motor: • Sustentação da cabeça: entre o 2° e o 5° mês; • Sentar sem apoio: entre o 7° e o 10° mês; • Andar sem apoio: entre o 12° e o 18° mês; No primeiro mês de vida, a criança consegue elevar a cabeça do berço quando colocada de bruços e fixa um ponto luminoso. No segundo mês, fixa o olhar em objetos ou pessoas e segue seu deslocamento, fazendo isso com mais constância até o terceiro mês, sorrindo, emitindo sons orais ou dando pequenas gargalhadas no contato com os pais. No quarto mês, apanha objetos e os leva à boca, usando uma preensão de tipo palmar. Em torno do terceiro ao quinto mês, mostra-se mais independente, revelando maior atividade e interação. Ressalte-se que as suas condições de audição já estão presentes desde a 30ª semana de vida intrauterina. O bebê demonstra interesse especial pela voz humana, mais nitidamente a de seus pais. A voz da mãe lhe proporciona prazer e tranquilidade A partir do quinto e do sexto mês, suas condições de equilíbrio de tronco permitem que comece progressivamente a sentar com apoio. Nas semanas seguintes, apresenta melhor postura, mesmo sem apoio. Nessa época, aprimora também sua habilidade manual, conseguindo manipular melhor os objetos e trocar de mãos, iniciando aos poucos a preensão do tipo pinça, com o polegar e o indicador. Entre o sétimo e o oitavo meses demonstra interesse e preferência por certos desenhos ou mesmo figuras de livros infantis. Mais próximo dos 12 meses de idade, começa a ficar de pé com apoio. Em seguida, esboça dar alguns passos, apoiando-se em móveis ou sendo seguro por uma das mãos. Certo número de crianças poderá ter essa reação mais tardiamente, até os 18 meses. Também é um tempo normal. Além disso, já conseguem bater palmas. Pode se ver isso na festa de comemoração do aniversário. Seus movimentos manuais são mais precisos, com utilização da preensão em pinça, conseguindo surpreendentemente apanhar objetos de tamanho bastante reduzido. Passa a apresentar condições motoras para brincar com jogos simples, como receber e jogar uma bola de volta ou mesmo empilhar alguns blocos. A medida do PC é tomada sempre na glabela e no ponto mais saliente da região occipital. Do ponto de vista prático, os RN a termo têm o PC em torno de 34 a 35 cm, sendo que ao final do primeiro ano estará entre 45 e 47 cm. A progressão é proporcionalmente maior no primeiro semestre, reduzindo-se no segundo. ● Linguagem: A imitação vai oferecendo ao lactente a oportunidade de reproduzir sons, principalmente os labiais – ao mesmo tempo em que ouve o som, também percebe como o adulto o produz. A linguagem, mais especialmente a fala, surge em torno dos segundo e terceiro meses, com a emissão dos primeiros sons (gugugu...). Constitui-se no chamado gorjeio ou balbucio, que certamente possuem contextos de comunicação e afetivo. Na sequência, em torno dos quatro meses, terá a percepção mais discriminada dos sons como as vogais e algumas sílabas. Em torno do quinto mês, podem imitar alguns sons emitidos pelos adultos. Mostram também reação às entonações com significado expressas pelo adulto, sorrindo ou tranquilizando-se com falas mais doces e reconfortantes.Por volta do sexto e sétimo meses, surgem as vocalizações de sílabas (bababada - dada), características do que chamamos lalação. Passam a ter a compreensão de gestos como “não” por movimento do dedo indicador ou por gestos laterais da cabeça do cuidador. As primeiras palavras vão surgir no período dos dez aos 12 meses. As crianças utilizam para a sua emissão fonemas labiais (papá e mamã). Passam a atender quando chamadas pelo nome. ● Sono: Habitualmente, até o terceiro e quarto meses, os bebês costumam dormir boa parte do tempo, até cerca de 16 horas por dia. Já a partir do quinto e sexto meses começam, durante o dia, a não dormir no intervalo entre as mamadas. Entre o sétimo e oitavo meses, mostram-se bastante ativos. Mesmo no início da noite, quando chega seu horário de dormir, por volta das 20hs, querem seguir entretidos e participando. A função nutriente se dá tanto em dormir como em sonhar. Dormir é o estado em que predominam os processos reconstrutores do organismo. Na infância, além disso, é quando se ativa o hormônio do crescimento. Premissas importantes para o desenvolvimento das crianças: a) A ideia de que o desenvolvimento é marcado por três fatores: a herança genética, a educação e o meio ambiente e a qualidade das relações humanas (os vínculos) às quais ela está exposta. b) A importância de educadores, pais e cuidadores focarem sua atenção na natureza, na singularidade de cada criança para conhecer suas necessidades, interesses, potenciais e essência mais profunda, as percepções a partir das quais eles vão introduzir as crianças nos valores das suas culturas, que irão sendo incorporados pelas mesmas no decorrer do seu desenvolvimento; c) Os três primeiros anos de vida do ser humano são determinantes para o processo de desenvolvimento integral – físico-motor, psicoemocional, social, cognitivo, linguístico, criativo e moral - que cada um vai traçar no decorrer da sua história de vida. ➢ Aprender a conhecer. Ao contrário de outrora, não importa tanto hoje a quantidade de saberes codificados, mas o desenvolvimento do desejo e das capacidades de aprender a aprender. ➢ Aprender a fazer. “Conhecer e fazer são, em larga medida, indissociáveis. O fazer é consequência do aprender. ➢ Aprender a viver juntos, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências, no sentido de realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos. ➢ Aprender a ser. “A Comissão reafirmou que a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, isto é, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. 2.Pontuar o desenvolvimento infantil da personalidade; ● Etapas da personalidade da criança: A primeira fase do desenvolvimento é intrauterina. As reações do feto são reflexos de postura que ainda são observados em RN, sendo rapidamente perdidos e aperfeiçoados com o passar da idade. Após o nascimento há muitas mudanças, visto que alimentação, limpeza e todas as necessidades do ser são dependentes dos seus responsáveis e não são feitas de maneira automática. A partir disso as crianças começam a experimentar os quadro de espera e de privação. Nesse estágio a movimentação das crianças é explosiva e sem ordem específica, chamado de estágio de impulsividade motora. A próxima fase chamada de estágio emocional é vista a partir da expressão das sua emoções. É nessa fase que tudo ao redor familiar parece ser indissociável da criança. Na fase final do primeiro ano, o estágio de investigação, a criança tenta responder a tudo que é submetida. A atividade sensorial e motora é muito aguçada. Nessa fase a maturação progressiva de vários centros nervosos que ligam diversos campos sensoriais e motores do córtex cerebral. A linguagem também irá contribuir para a identificação, visto que as primeiras perguntas são: nomes de objetos e nomes de lugares. Por volta dos 3 anos começa o estágio de personalismo. O aparecimento do uso dos pronomes EU e MIM são evidentes e demonstram a consciência de si própria. A manha é evidente e utilizada para obter vantagem em relação aos outros. Dentro desse estágio existe a fase do encanto demonstra a necessidade de imitação de personagens, em uma tentativa de ser sedutora aos olhos dos outros. Até os 5 anos há uma tendência de ser muito suscetível e sensível às suas frustrações. Assim, essa fase costuma ser muito decisiva na formação do seu comportamento e orientação duradoura. Frequentemente nessa fase são desenvolvidos os complexos. Esse será um período de intensa diferenciação, principalmente nos âmbitos intelectual, social e emocional. A criança ampliará seus relacionamentos e buscará interação com colegas de sua idade. O vocabulário aumenta ricamente, as frases se tornam mais longas, construídas com cinco a seis palavras. Embora muitas vezes agramaticais, os relatos já se mostrarão bastante organizados. A criança passa a narrar pequenos fatos ou mesmo a organizar uma pequena história a partir das figuras de um livro. A partir dos 6 anos até os 11 segue o estágio no qual são feitas as diferenciações necessárias, por isso que corresponde à idade escolar, na maioria dos países. Aprende-se a lidar com os diferentes temperamentos, a disciplina e o conhecimento sobre si mesmo. Disciplinar é necessário até para ajudar o bebê a controlar sentimentos e impulsos muito fortes, que podem dominá-lo e que podem levá-lo a fazer coisas que o amedrontam. O “não” do adulto visa educar, limitar, proteger a criança para que não fique a mercê de seus próprios recursos, em uma idade em que eles ainda não são suficientes. Os ataques de birra normalmente estão relacionados às frustrações. Fazem parte do processo de crescimento e precisam ser tolerados. Minutos depois, a criança pode ser acalmada, acolhida e ficará mais disponível para ouvir o que o pai ou a mãe tem a dizer. O brincar proporciona alegria, mas também proporciona desafios a serem superados, desenvolvem a curiosidade, incrementam a confiança e a criatividade; e favorecem o desenvolvimento intelectual, motor e afetivo, o domínio da linguagem, as aquisições sociais, as habilidades de comunicação. ● Teoria psicosexual A personalidade corresponde a um conjunto de características psicológicas que afetam a maneira com que o indivíduo interage com o ambiente. Essa personalidade é formada e alterada a partir do nascimento e vai até a morte, sendo influenciada por tudo o que acontece na vida. Os primeiros anos de vida é onde há o maior desenvolvimento da personalidade, por conta da forte relação do bebê com os pais e com o ambiente. De acordo com Freud, o desenvolvimento da personalidade é formado por 5 fases ou estágios. Denominadas de Teoria psicosexual, em que ele acreditava que o desenvolvimento da personalidade ocorre por meio de forças por busca de prazer. O indivíduo só parte para outra fase por meio da resolução de questões, quando ele passa corretamente pelas fases, ele possui uma personalidade estável. Caso isso nãoocorra, ocorre a fixação do indivíduo em uma fase. São elas: 1. Fase oral: Ocorre do nascimento até 1 ano de idade, em que o prazer para a personalidade é obtida por meio da boca. Caso ocorra a fixação nessa fase, o indivíduo pode desenvolver problemas com dependência a álcool, tabagismo, comida, e roer as unhas. O grande conflito nessa idade é o desmame, em que o indivíduo tem que aprender a ser independente. 2. Fase anal: Acontece entre 1 - 3 anos de idade, em que o prazer está no controle dos esfíncteres. O grande conflito dessa fase, está no controle das necessidades corporais. Um problema nessa etapa gera um indivíduo rigoroso, ordenado, rígido e obsessivo. 3. Fase fálica: Vai de 3 - 6 anos, onde o prazer está nos órgãos genitais. Nessa fase, as crianças apreendem a diferenciação dos sexos. Presença do Complexo de Édipo e do Complexo de Electra. O Complexo de Édipo, é o desenvolvimento do sentido de competição entre filho e pai pela atenção da mãe. em que o filho desenvolve ciúme e raiva em relação ao pai. Ao contemplar essa fase, o filho deve se identificar com o pai e desenvolver uma identidade sexual madura. O Complexo de Electra, descreve o sentimento de competição entre filha e mãe pela atenção do pai. Ao contemplar essa fase, a filha deve se identificar com a mãe e desenvolver uma identidade sexual madura. 4. Fase de latência: Ocorre entre os 6 anos até o início da puberdade, onde há a supressão dos interesses do prazer. Ocorre o desenvolvimento do ego e do superego. Nessa etapa há o desenvolvimento cognitivo e social. 5. Fase genital: Vai da puberdade até a morte, em que há o desenvolvimento do interesse sexual. Nessa fase também há o desenvolvimento do interesse do bem-estar dos outros, equilibrando entre todas as áreas da vida. Freud por meio de sua Teoria estrutural, que organiza a personalidade por meio do: ✓ Id: Representa os impulsos, ou seja, a personalidade irracional, ilógica e impulsiva. Ela busca o prazer, desconsiderando as consequências. O Id é muita das vezes considerado como inconsciente. ✓ Ego: Funciona no nível de consciência e pré-consciência, mas contém elementos inconscientes também. O Ego garante a saúde, segurança e saniedade para a personalidade. Ele controla as exigências advindas do Id, decidindo se devem ser realizadas ou não, e o momento em que devem ser realizadas. ✓ Superego: Atua como o juiz ou censor sobre os pensamentos do Ego. É no superego que está os códigos morais, modelos de conduta e parâmetros que inibem a personalidade. Ele possui a função de consciência, auto-observação e formação de ideias. 3.Relacionar o TCE com a piora no quadro de transtornos de atenção (SNC); ❖ O TCE é a principal causa de deficiências de atenção e memória que podem perdurar por muitos anos após traumas de leves, moderados ou graves; ❖ Os déficits de atenção após os TCE em crianças podem se apresentar de forma diferente do que ocorre nos adultos, possivelmente pela relativa imaturidade das habilidades atentivas ao tempo das lesões; ❖ Em alguns estudos, a função mais comprometida foi a da velocidade de processamento da informação; ❖ Os déficits de atenção após os TCE, mesmo em adultos, podem se apresentar com performances diferentes, com subtipos de deficiências; ❖ Em crianças, os transtornos psiquiátricos de maior ocorrência após os TCE são os depressivos e os TDAH; ❖ Um ponto de discussão é a importância de outras variáveis ao desenvolvimento de TDAH após os TCE, como o funcionamento familiar, o grau da lesão traumática e a história psiquiátrica familiar; ❖ Correlações entre os TCE e os TDAH mostram-se muito freqüentes entre os estudos realizados nos últimos anos. As correlações são feitas a partir de alterações semelhantes nas redes neuronais - que incluem os sistemas dopaminérgicos e noradrenérgicos - as seqüelas comportamentais e cognitivas possuem em comum déficits na resposta inibitória e no controle dos impulsos e uso de medicamentos; 4.Descrever o diagnóstico do TDAH (fatores de risco, fisiopatologia, quadro clínico, diagnósticos e tratamento); Os transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência. É frequente a ocorrência de mais de um transtorno do neurodesenvolvimento. No caso de alguns transtornos, a apresentação clínica inclui sintomas tanto de excesso quanto de déficits e atrasos em atingir os marcos esperados. A deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) caracteriza-se por déficits em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência. Os transtornos da comunicação incluem o transtorno da linguagem, o transtorno da fala, o transtorno da comunicação social (pragmática) e o transtorno da fluência com início na infância (gagueira). O transtorno do espectro autista caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. O transtorno específico da aprendizagem manifesta-se, inicialmente, durante os anos de escolaridade formal, caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática. O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com a idade ou o nível de desenvolvimento. Hiperatividade-impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação, incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e incapacidade de aguardar – sintomas que são excessivos para a idade ou o nível de desenvolvimento. O TDAH costuma persistir na vida adulta, resultando em prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional. ● Critérios diagnósticos, quadro clínico e diagnóstico: Padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento. O paciente é classificado em predominantemente hiperativo/impulsivo quando somente os critérios de hiperatividade/impulsividade são preenchidos, sem preencher os 6 critérios de desatenção. É considerado predominantemente desatento quando somenteos critérios de desatenção são preenchidos, sem preencher os 6 critérios de hiperatividade/ impulsividade. Por fim, é classificado como subtipo combinado quando preenche critérios para desatenção e hiperatividade/impulsividade. É considerado leve se o paciente apresentar poucos ou nenhum sintoma além dos necessários para o diagnóstico e tenha apenas pequenos prejuízos no âmbito social ou acadêmico/profissional. É classificado como grave se tiver muitos sintomas além dos necessários para o diagnóstico ou apresenta sintomas graves ou que resulte em grande prejuízo nas relações sociais ou na função acadêmica ou profissional. É considerado moderado quando os sintomas não se encaixam nem em leve nem em grave. Os critérios são: 1. Desatenção: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: - não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades; - tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; - parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente; - não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho; - evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado; - tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; - perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; - é facilmente distraído por estímulos externos; - é esquecido em relação a atividades cotidianas; 2. Hiperatividade e impulsividade: Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: - remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira; - levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado; - corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado; - é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente; - “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”; - deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída; - fala demais; - interrompe as pessoas; - tem dificuldade de esperar sua vez; Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade. A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa. As características associadas podem incluir baixa tolerância à frustração, irritabilidade ou labilidade do humor. Mesmo na ausência de um transtorno específico da aprendizagem, o desempenho acadêmico ou profissional costuma estar prejudicado. Crianças com TDAH apresentam eletroencefalogramas com aumento de ondas lentas, volume encefálico total reduzido na ressonância magnética e, possivelmente, atraso na maturação cortical no sentido póstero-anterior, embora esses achados não sejam diagnósticos. Exames de acuidade visual e auditiva, entretanto, são importantes para identificar se o déficit de atenção é proveniente de alteração nessas funções sensoriais ou se podem estar relacionadas ao TDAH. Muitos pais observam pela primeira vez uma atividade motora excessiva quando a criança começa a andar, mas é difícil distinguir os sintomas do comportamento normal, que é altamente variável, antes dos 4 anos de idade. O TDAH costuma ser identificado com mais frequência durante os anos do ensino fundamental, com a desatenção ficando mais saliente e prejudicial. - Na pré-escola, a principal manifestação é a hiperatividade. A desatenção fica mais proeminente nos anos do ensino fundamental. - Na adolescência, sinais de hiperatividade (p. ex., correr e subir nas coisas) são menos comuns, podendo limitar-se a comportamento mais irrequieto ou sensação interna de nervosismo, inquietação ou impaciência. - Na vida adulta, além da desatenção e da inquietude, a impulsividade pode permanecer problemática. ● Fatores de risco: - O TDAH está associado a níveis menores de inibição comportamental, de controle à base de esforço ou de contenção, a afetividade negativa e/ou maior busca por novidades. - Muito baixo peso ao nascer (<1.500 gramas) confere um risco 2 a 3 vezes maior para TDAH. - Pode haver história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares adotivos, exposição a neurotoxina (p. ex., chumbo), infecções (p. ex., encefalite) ou exposição ao álcool no útero. Exposição a toxinas ambientais foi correlacionada com TDAH subsequente, embora não se saiba se tais associações são causais. - O TDAH é frequente em parentes biológicos de primeiro grau com o transtorno. A herdabilidade do TDAH é substancial. Enquanto genes específicos foram correlacionados com o transtorno, eles não constituem fatores causais necessários ou suficientes. Deficiências visuais e auditivas, anormalidades metabólicas, transtornos do sono, deficiências nutricionais e epilepsia devem ser considerados influências possíveis sobre sintomas de TDAH. O TDAH não está associado a características físicas específicas. - Padrões de interação familiar no começo da infância provavelmente não causam TDAH, embora possam influenciar seu curso. - O TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino na população em geral, com uma proporção de cerca de 2:1 nas crianças e de 1,6:1 nos adultos. Há maior probabilidade de pessoas do sexo feminino se apresentarem primariamente com características de desatenção na comparação com as do sexo masculino. - Complicações da gestação também parecem aumentar o risco de desenvolvimento do TDAH, como eclâmpsia, estresse fetal e hemorragia pré-parto. - A exposição intrauterina ao álcool ou tabaco também aumentam o risco. ● Fisiopatologia: Estudos mais recentes sugerem que crianças com TDAH apresentam atividade reduzida, menor volume e uma lentificação na maturação do córtex pré-frontal, que entre outras coisas, está relacionado à capacidade de atenção e controle de impulsos. O córtex pré-frontal é responsável pelas funções executivas do indivíduo, que abrangem: o ajuste preparatório, que escolhe do comportamento mais adequado para cada situação social; a memória operacional, que mantém temporariamente ativa as informações necessárias para conclusão de uma atividade; e o controle inibitório de impulsos interferências. Por ser um transtorno dinâmico e possivelmente transitório, com possibilidade de melhora clínica conforme o desenvolvimento e a maturação neurológica, o paciente deve ser reavaliado e o diagnóstico precisar ser revisado a cada 6 meses. Os sintomas podem variar de acordo com o ambiente que a criança está e com o contexto a que está sendo submetido.Os sintomas podem ficar menos perceptíveis se o paciente está sob supervisão de um adulto, está inserido em um contexto social novo, está recebendo estímulos externos, está envolvido em atividades de seu interesse ou está recebendo recompensas constantes por seguir determinado comportamento. ● Tratamento: ● Mecanismo de ação do Metilfenidato; O metilfenidato é um dos medicamentos dessa classe, que age inibindo a recaptação da dopamina e, assim, aumenta a disponibilidade desse neurotransmissor. Pode ser administrado na dose inicial de 10 mg/Kg a cada 4 horas. Seu mecanismo de ação é o estímulo de receptores alfa e beta-adrenérgicos diretamente, ou a liberação de dopamina e noradrenalina dos terminais sinápticos, indiretamente. Seu início de ação dá-se em 30 minutos, com pico em uma a duas horas, e meia-vida de duas a três horas. Qual o papel dos receptores alfa e beta-adrenérgicos? ● Responsável pelo processamento seletivo de informações recebidas. Receptores alfa-adrenérgicos nele localizados são responsáveis pela modulação da resposta dessa estrutura aos distratores internos e externos. A disfunção desses receptores gera a dificuldade em manter a concentração. ● O córtex parietal posterior através de fibras noradrenérgicas procedentes do locus ceruleus. O estímulo de tais fibras manteria o córtex parietal posterior pronto a responder a novos estímulos. O mau funcionamento dessa região cerebral explicaria o déficit de atenção. ● Neurônios noradrenérgicos localizados no córtex pré-frontal estimulariam esta região a processar estímulos relevantes, inibir estímulos irrelevantes e restringir o comportamento hiperativo. Logo, sua disfunção traria dificuldades de atenção. Existem formulações de liberação lenta que permitem uma única dose diária. Outra medicação estimulante é a lisdexanfetamina que também inibe a recaptação da dopamina, estimulando o SNC e pode ser administrada na dose inicial de 30mg uma vez ao dia. Por serem medicações estimulantes, só estão indicados para crianças maiores de 6 anos. A atomoxetina, um fármaco não estimulante que inibe seletivamente a noradrenalina e está liberada para uso em maiores de 6 anos pode ser prescrita, em dose de 0,3 mg/Kg, uma vez ao dia. ● Recaptação → relacionado com os neuroreceptores presentes na membrana pré-sináptica ● Receptação → relacionado com os neuroreceptores presentes na membrana pós-sináptica
Compartilhar