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MARC 9 TEA, TOD, TDAH e Dislexia

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1 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Marcos evolutivos importantes na fase pré-
escolar 
Os marcos fundamentais do desenvolvimento da criança com idade entre 2 e 5 
anos são a emergência da linguagem e a exposição a uma esfera social cada vez 
maior. 
 Entre 1 e 2 anos de idade, as crianças aprendem a andar livremente e voltar 
para a segurança de um adulto ou dos pais. 
 Na idade pré-escolar, exploram a separação emocional, oscilando entre 
uma obstinada oposição e uma alegre submissão, entre explorações 
ousadas e um vínculo de dependência. O tempo, cada vez maior, 
despendido na escola e em playgrounds desafia a habilidade da criança 
para adaptar-se a novas regras e relacionamentos. Os pré-escolares sabem 
que podem fazer mais do que faziam antes, mas também estão cada vez 
mais cientes das restrições impostas a eles pelo mundo adulto por suas 
próprias habilidades limitadas. 
OBS: O termo pré-escolar para o grupo etário dos 2 e meio aos 6 anos possivelmente seja 
inadequado; nessa faixa etária, muitas crianças já estão frequentando ambientes 
semelhantes à escola, como creches e centros de cuidados diurnos, onde as mães que 
trabalham costumam deixar os filhos. Apesar de ter seu valor, a insistência em avançar a 
educação pré-escolar muito além das capacidades das crianças pode ser contraproducente. 
 Desenvolvimento linguístico e cognitivo 
 Na fase pré-escolar, há uma ampliação no uso da linguagem, e as crianças 
passam a se comunicar por meio de frases. 
 No início desse período, as palavras isoladas têm significado regular e 
consistente, e as crianças começam a pensar de uma forma simbólica. 
 No entanto, em geral, o pensamento infantil é egocêntrico; as crianças 
não conseguem se colocar no lugar de outras crianças e são incapazes de 
sentir empatia. 
 Seu pensamento é intuitivo e pré-lógico, e, portanto, elas não 
compreendem as relações causais. 
 
 Comportamento emocional e social 
 No início do período pré-escolar, as crianças conseguem expressar 
emoções complexas, como amor, infelicidade, ciúmes e inveja, de forma 
pré-verbal ou verbal. 
 As emoções ainda são facilmente influenciadas por eventos somáticos, 
como cansaço e fome. 
 Mesmo o pensamento ainda sendo egocêntrico, começam a desenvolver 
a capacidade para colaboração e compartilhamento. 
 A ansiedade está relacionada à perda de uma pessoa querida de quem a 
criança dependia e à perda da aprovação e aceitação. Embora ainda seja 
potencialmente desorganizadora, a ansiedade pode ser mais bem 
tolerada, em comparação com o passado. 
 Aos 4 anos, as crianças estão aprendendo a compartilhar e a se preocupar 
com outras pessoas. Às vezes, conseguem expressar sentimentos de 
carinho. Em determinadas circunstâncias, a ansiedade criada por lesões 
corporais e pela perda da aprovação de uma pessoa querida pode ser 
problemática. 
 No final do período pré-escolar, as crianças experimentam muitas 
emoções bastante estáveis. Expansibilidade, curiosidade, orgulho e 
entusiasmo contagiante são reações equilibradas com retraimento, 
timidez, medo, ciúmes e inveja. Vergonha e humilhação são evidentes. 
Capacidades para empatia e amor são desenvolvidas, mas são fragéis e se 
perdem facilmente se houver a interferência do esforço competitivo e dos 
ciúmes. 
 A ansiedade e os medos estão relacionados com lesões corporais, perda 
de respeito, amor e com a autoestima emergente. Sentimentos de culpa 
são uma possibilidade. 
 Crianças entre as idades de 3 e 6 anos têm consciência do próprio corpo 
e das diferenças entre os sexos. As brincadeiras de médico e enfermeira 
lhes permitem expressar suas fantasias sexuais. A consciência do próprio 
corpo estende-se além dos órgãos genitais e mostra a preocupação com 
enfermidades ou lesões, de modo que esse período passou a se denominar 
“fase do Band-Aid”. Os pais devem ter o cuidado de examinar e cuidar de 
todas as lesões. 
 
2 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 As crianças determinam um marco divisório entre o que desejam e o que 
lhes dizem para fazer. Essa divisão aumenta até a criação de um hiato 
entre o conjunto de desejos expandidos, sua exuberância no crescimento 
ilimitado e as restrições impostas pelos pais; elas transformam 
gradualmente os valores parentais em auto-obediência, auto-orientação 
e autopunição. 
 Ao final do período pré-escolar, a consciência das crianças se encontra em 
fase de evolução. O desenvolvimento da consciência define o espírito do 
sentido do que é “certo e errado”. 
 Em geral, até aproximadamente os 7 anos, as crianças encaram as regras 
como “absolutas” e aceitam que elas existem para seu próprio bem. Não 
compreendem que possa existir mais de um ponto de vista sobre um tema 
de ordem moral; a violação das regras exige retribuição absoluta – isto é, 
crianças têm noção de justiça inerente. 
 
 RIVALIDADE ENTRE IRMÃOS. Durante o período pré-escolar, as crianças 
relacionam-se umas com as outras de várias maneiras. O nascimento de 
um irmão (uma ocorrência comum nesse período) é um teste para a 
capacidade da criança na fase pré-escolar de colaborar e de compartilhar, 
porém também pode despertar o espírito de rivalidade, o que é muito 
provável que ocorra nesse momento. A rivalidade entre irmãos depende 
da prática de criação das crianças. De maneira geral, o favoritismo 
motivado por alguma razão agrava esse tipo de rivalidade. Crianças que 
recebem tratamento especial porque são bem-dotadas, porque têm algum 
tipo de deficiência ou porque têm um gênero preferido provavelmente 
venham a despertar sentimentos de raiva nos irmãos. As experiências com 
irmãos podem influenciar o relacionamento das crianças em fase de 
crescimento com seus pares e com a autoridade; por exemplo, podem 
surgir problemas nas situações em que as necessidades do novo bebê 
impeçam as mães de atender as necessidades do filho que nasceu antes. 
Se esse tipo de situação não for tratado de maneira adequada, o 
afastamento do primogênito pode se transformar em um evento 
traumático. 
 
 BRINCADEIRAS. Nos anos pré-escolares, as crianças começam a fazer a 
distinção entre realidade e fantasia, e o ato de brincar reflete o 
crescimento da consciência. Os jogos de faz-de-conta são muito populares 
e ajudam a testar situações da vida real de uma forma descontraída. As 
brincadeiras dramatizadas, nas quais as crianças desempenham algum tipo 
de papel, como o de dona de casa ou de motorista de caminhão, são muito 
comuns. As relações um-a-um evoluem para padrões complicados, com 
rivalidades, segredos e intrigas. O comportamento lúdico das crianças 
reflete o nível de desenvolvimento social. 
 Entre os 2 e meio e 3 anos → crianças participam de brincadeiras 
paralelas, brincadeiras solitárias ao lado de outra criança, sem qualquer 
interesse para com o outro. 
 Por volta dos 3 anos → elas são muitas vezes associativas, isto é, brincam 
com os mesmos brinquedos aos pares e em grupos pequenos, porém ainda 
sem haver interação de fato entre elas. 
 Idade de 4 anos → geralmente conseguem compartilhar e participar de 
brincadeiras cooperativas. Interações reais e revezamentos tornam-se 
viáveis. 
 
 Entre as idades de 3 e 6 anos, é possível acompanhar o crescimento por 
meio de desenhos. 
 O primeiro desenho do ser humano feito por uma criança é uma linha 
circular com marcas para a boca, o nariz e os olhos; as orelhas e os cabelos 
são adicionados mais tarde; os braços e os dedos na forma de varetas 
surgem em seguida; na sequência aparecem as pernas. O torso é o último 
a aparecer em proporção ao resto do corpo. 
 As crianças inteligentes preocupam-se com detalhes em sua arte. Os 
desenhos expressam a criatividade ao longo do desenvolvimento de uma 
criança. Eles são representativos e formais logo no início da infância, 
utilizam perspectiva no período intermediário e tornam-se abstratos e 
carregados de afeto na adolescência. Além disso,os desenhos refletem o 
conceito de imagem corporal das crianças e os impulsos sexuais e 
agressivos. 
 
 
3 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 COMPANHEIROS IMAGINÁRIOS. Na maior parte das vezes, os 
companheiros imaginários surgem durante os anos pré-escolares, 
habitualmente em crianças com inteligência acima da média e em geral 
na forma de pessoas. Os amigos imaginários podem também ser objetos, 
como, por exemplo, os brinquedos que poderão ser antropomorfizados. 
Alguns estudos indicam que até 50% das crianças entre as idades de 3 e 10 
anos têm esses amigos em algum momento. O significado desse fato não 
é muito claro, porém essas figuras são sempre amigáveis, aliviam o 
sentimento de solidão e diminuem a ansiedade. Na maioria das 
circunstâncias, os companheiros imaginários desparecem em torno dos 12 
anos, embora algumas vezes possam persistir durante a vida adulta. 
 
 Desenvolvimento físico 
 No final do segundo ano, a velocidade de crescimento somático e cerebral 
diminui, com redução correspondente das exigências nutricionais e do 
apetite, e o surgimento do hábito alimentar de “belisca”. 
 Espera-se o aumento anual de aproximadamente 2 kg no peso e 7-8 cm de 
altura por ano. 
 O peso de nascimento quadruplica em torno dos 2 anos e meio de idade. 
Uma criança mediana de 4 anos pesa 20 kg e tem 1 metro de altura. A 
cabeça cresce apenas 5 cm entre 3 e 18 anos de idade. 
 Crianças com rebote da adiposidade precoce (aumento do índice de massa 
corporal) têm maior risco de obesidade na fase adulta. 
 O crescimento dos órgãos sexuais é proporcional ao crescimento 
somático. 
 Os pré-escolares apresentam genuvalgo (joelhos que batem) e pés planos 
(pés chatos) discretos. O tronco emagrece à medida que as pernas se 
fortalecem. 
 A energia física atinge o máximo, e a necessidade de sono cai para 11-13 
horas/dia, incluindo eventualmente uma sesta. 
 A acuidade visual atinge 20/30 até os 3 anos de idade e 20/20 por volta dos 
4 anos. 
 Todos os 20 dentes de leite já irromperam até os 3 anos. 
 A maioria das crianças apresenta marcha bem desenvolvida e corre com 
firmeza antes do final do terceiro ano de vida. Além desse nível básico, há 
grande variação nas habilidades, conforme a amplitude das atividades 
motoras se expande, e pode incluir jogar, pegar e chutar bola; andar de 
bicicleta; usar os brinquedos do playground; dançar; e outros tipos 
complexos de comportamento. 
 A destreza manual geralmente se estabelece por volta dos 3 anos de idade. 
Pode ocorrer frustração resultante de mudar a preferência da criança pela 
mão direita ou esquerda. As variações do desenvolvimento motor fino 
refletem tanto a propensão individual quanto as oportunidades diferentes 
de aprendizado. Por exemplo, as crianças que raramente são autorizadas a 
usar giz de cera ou crayon, por exemplo, demoram mais para desenvolver 
o modo maduro de segurar o lápis no futuro. 
 O controle intestinal e vesical inicia-se nesse período, e a “presteza” para 
apreender a usar o banheiro tem grande variação individual e cultural. As 
meninas tendem a ser mais rápidas e mais precoces que os meninos. 
Molhar a cama é normal até os 4 anos para as meninas e 5 anos para os 
meninos. 
 Muitas crianças aprendem a usar o banheiro com facilidade, 
particularmente as que são capazes de verbalizar suas necessidades 
corporais. Para outras, esse treinamento pode envolver uma prolongada 
disputa de forças. 
 A recusa para defecar no vaso sanitário ou em urinol é relativamente 
comum e pode provocar constipação na criança e frustração nos pais. 
Suavizar o problema com interrupção temporária do treinamento (e 
retorno às fraldas) frequentemente viabiliza o processo de controle das 
eliminações. 
 
 
 
 
 
 
4 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Transtorno do Espectro Autista (TEA) 
INTRODUÇÃO 
O transtorno do espectro autista, antes conhecido por transtornos globais do 
desenvolvimento, é um grupo fenotipicamente heterogêneo de síndromes 
neuroevolutivas, com hereditariedade poligênica, que se caracteriza por uma 
ampla gama de problemas na comunicação social e por comportamentos restritos 
e repetitivos. 
OBS: O transtorno do autismo era caracterizado pela presença de problemas em três 
domínios: comunicação social, comportamentos restritos e repetitivos e desenvolvimento 
e uso de linguagem aberrante. Um consenso clínico recente mudou o conceito e os 
problemas diagnósticos básicos caíram em dois domínios: 
 deficiências na comunicação social 
 comportamentos restritos e repetitivos. 
O desenvolvimento e uso da linguagem aberrante deixaram de ser considerados uma 
característica básica do transtorno do espectro autista. 
Via de regra, o transtorno do espectro autista se torna evidente no decorrer do 
segundo ano de vida, e, em alguns casos, se observa uma ausência de interesse 
evolutivo apropriado nas interações sociais, mesmo no primeiro ano de vida. 
Alguns estudos sugerem a possibilidade de que ocorra um declínio na interação 
social entre o primeiro e o segundo ano de vida. Entretanto, em casos mais 
brandos, deficiências básicas no transtorno do espectro autista talvez não sejam 
identificadas por muitos anos. Embora os problemas linguísticos não sejam 
critérios diagnósticos primordiais nesse transtorno, os médicos e os pais 
compartilham preocupações sobre crianças que ainda não tenham desenvolvido 
linguagem alguma no período de 12 a 18 meses de idade; além disso, retardo 
linguístico acompanhado de uma retração no comportamento social é, com 
frequência, um sintoma preditor do transtorno de espectro autista. 
Nos termos do DSM-5, os critérios diagnósticos para o transtorno do espectro 
autista incluem deficiências na comunicação social e interesses restritos, que se 
apresentam na fase inicial do período evolutivo; entretanto, quando sutis, esses 
sinais talvez não sejam identificados até alguns anos mais tarde. Aproximadamente 
um terço das crianças que atendem aos critérios diagnósticos do DSM-5 para o 
transtorno do espectro autista apresenta incapacidade intelectual (II). 
EPIDEMIOLOGIA 
 Prevalência: os transtornos do espectro autista foram diagnosticados de 
uma forma crescente nas últimas duas décadas, e, atualmente, estima-se 
que a prevalência seja em torno de 1% nos Estados Unidos. 
 As taxas de prevalência aumentam com a idade nos casos de crianças mais 
jovens, isso devido alguns casos serem identificados mais tardiamente. 
 Distribuição por sexo: 4x maior em meninos do que em meninas. Em 
amostragens clínicas, as garotas que o apresentam revelam incapacidade 
intelectual com muito mais frequência do que os garotos. Uma explicação 
potencial para esse fato é que há uma probabilidade bem menor de 
identificar, encaminhar clinicamente e diagnosticar meninas com esse 
transtorno sem incapacidade intelectual. 
ETIOLOGIA E PATOGENESE 
 Fatores genéticos 
 Estudos realizados com famílias e gêmeos indicam que o transtorno do 
espectro autista tem uma contribuição hereditária significativa; 
entretanto, não parece ser completamente penetrante. 
 Embora até 15% dos casos de transtorno do espectro autista pareçam estar 
associados a mutações genéticas conhecidas, na maior parte das situações 
sua expressão depende de múltiplos genes. 
 Estudos de famílias revelaram que houve um aumento nas taxas de 
incidência do transtorno do espectro autista nos irmãos de uma criança – 
índice de até 50% em algumas famílias com duas ou mais crianças com 
transtorno do espectro autista. 
 Os irmãos de uma criança com esse transtorno também correm um 
grande risco de apresentar uma multiplicidade de problemas de 
desenvolvimento nas habilidades comunicativas e sociais, mesmo nas 
situações em que não atendam aos critérios para o transtorno do espectro 
autista. 
 
 
5 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Biomarcadores no transtorno do espectro autista 
 Há vários biomarcadoresde sinalização anormal no sistema 5-HT, nos 
mecanismos de plasticidade sináptica ligados ao mTOR e nas alterações do 
sistema inibitório do ácido "% -aminobutírico (GABA). 
 O primeiro biomarcador identificado no transtorno do espectro autista foi 
um nível elevado de serotonina no sangue total, quase apenas nas 
plaquetas. 
 Fatores imunológicos 
 Há diversos relatos sugerindo que a incompatibilidade imunológica (i.e., 
anticorpos maternos direcionados ao feto) pode contribuir para o 
transtorno do espectro autista. Os linfócitos de algumas crianças autistas 
com anticorpos maternos permitem pensar que os tecidos neurais 
embrionários tenham sido lesionados durante a gestação. Em geral, esses 
relatos se referem a casos únicos e aos resultados de estudos controlados, 
e essa hipótese ainda se encontra em investigação. 
 Fatores pré-natais e perinatais 
 Fatores pré-natais mais significativos são: 
- idade materna e paterna avançada no momento do nascimento do bebê 
- hemorragia gestacional materna 
- diabetes gestacional 
- bebê primogênito 
 Fatores de risco perinatais incluem: 
- complicações no cordão umbilical 
- trauma no nascimento 
- desconforto fetal 
- feto pequeno para a idade gestacional 
- peso baixo ao nascer 
- baixo índice de Apgar no quinto minuto 
- malformação congênita 
- incompatibilidade do grupo sanguíneo ABO ou do fator Rh 
- hiperbilirrubinemia. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 
 
 
 
 
6 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
Sintomas centrais do transtorno do espectro autista 
 Deficiências persistentes na comunicação e interação social 
 Não se adaptam ao nível esperado de habilidades sociais recíprocas e de 
interações sociais não verbais espontâneas. 
 Lactentes → não desenvolvam sorrisos sociais 
 Bebês mais velhos → podem não ter a postura antecipatória de serem 
colocados no colo de uma cuidadora. 
 Contato com os olhos menos frequente e mais fraco 
 Comportamento de apego atípico 
 É possível que essas crianças não reconheçam ou diferenciem 
explicitamente as pessoas mais importantes em suas vidas – pais, irmãos 
e professores –, e, no entanto, é provável que não reajam de forma tão 
intensa quando são deixadas com uma pessoa estranha, se comparadas a 
outras crianças da mesma idade. 
 Sentirem e demonstrarem uma ansiedade extrema quando sua rotina 
normal é interrompida. 
 Deficiência nas brincadeiras espontâneas com pares e nas capacidades 
sociais sutis que estimulam o desenvolvimento de amizades. 
 Sob o ponto de vista cognitivo, frequentemente crianças com esse 
transtorno têm mais habilidade nas tarefas visuais do que nas que exigem 
raciocínio verbal. 
 Deficiência na capacidade de perceber os sentimentos ou o estado 
emocional das pessoas a seu redor. Ou seja, indivíduos com o transtorno 
não conseguem atribuir motivações ou intenções a outras pessoas (fato 
também conhecido como “teoria da mente”) e, por isso, sentem 
dificuldades para desenvolver empatia. A ausência da “teoria da mente” 
dificulta a interpretação do comportamento social de outras pessoas e 
produz ausência de reciprocidade social. 
 De modo geral, adolescentes e adultos com transtorno do espectro autista 
desejam manter relacionamentos românticos, e, para alguns deles, o 
aprimoramento nas habilidades e na competência social possibilita o 
desenvolvimento de relacionamentos de longo prazo. 
 
 Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades 
 Em geral, as crianças autistas não apresentam o nível de brincadeiras 
imitativas ou de pantomima abstrata exibido pelas outras da mesma 
idade, nas quais essas características são espontâneas. As atividades e 
brincadeiras das crianças com o transtorno do espectro autista parecem 
ser mais rígidas, repetitivas e monótonas em comparação com os pares. 
 Os comportamentos ritualísticos e compulsivos são comuns na fase inicial 
e intermediária da infância. 
 Na maior parte das vezes, as crianças afetadas apreciam girar, martelar e 
ver o fluir de um fluxo de água. 
 Comportamentos compulsivos espontâneos, tais como alinhar objetos, 
são comuns; e, às vezes, uma criança com esse tipo de transtorno pode 
demonstrar um forte apego por determinados tipos de objetos 
inanimados. 
 Crianças autistas com deficiência intelectual grave apresentam taxas 
elevadas de comportamentos autoestimuladores e autolesivos. 
 Estereotipias, maneirismos e fazer caretas surgem com maior frequência 
nos casos em que a criança estiver em uma situação menos estruturada. 
 Essas crianças costumam encarar transições e mudanças como 
intimidatórias. Fatos como mudança para outra casa, reorganização da 
mobília do quarto ou mesmo pequenas alterações, como fazer as refeições 
antes do banho, quando o contrário era a rotina, podem desencadear 
pânico, medo ou ataques de birra. 
 
 Caraterísticas físicas associadas 
 À primeira vista, crianças com o transtorno do espectro autista não 
apresentam sinais físicos que indiquem a presença do transtorno. De 
maneira geral, elas realmente apresentam taxas mais elevadas de 
anomalias físicas de menor importância, como, por exemplo, 
malformações nas orelhas, e outras que podem ser reflexo de anomalias 
que ocorreram durante o desenvolvimento fetal dos órgãos, junto com 
partes do cérebro. 
 Um número maior do que a expectativa de crianças com transtorno autista 
não apresenta destreza manual e lateralidade e permanecem 
 
7 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
ambidestras na idade em que o domínio cerebral costuma ser 
estabelecido. 
 Observou-se que as que aquelas afetadas o transtorno apresentam uma 
incidência mais elevada de dermatoglifia anormal (p. ex., impressões 
digitais) do que a população em geral. Essa descoberta possivelmente seja 
a indicação de alguma perturbação no desenvolvimento 
neuroectodérmico. 
Sintomas comportamentais associados que podem ocorrer no transtorno do 
espectro autista 
 Perturbações no desenvolvimento e uso da linguagem 
 As deficiências no desenvolvimento da linguagem e as dificuldades no uso 
da linguagem para comunicar ideias não fazem parte dos critérios básicos 
para diagnosticar o transtorno do espectro autista; 
 O desvio linguístico, assim como o retardo no desenvolvimento da 
linguagem, é uma característica de subtipos mais graves desse transtorno. 
 As crianças sofrem com a versão grave do transtorno, sentem uma grande 
dificuldade para organizar as frases de uma forma inteligível, mesmo que 
tenham um vocabulário amplo. 
 No primeiro ano de vida, o padrão típico de balbucio pode ser mínimo ou 
ausente. Algumas crianças com o transtorno do espectro autista vocalizam 
ruídos – cliques, guinchos ou sílabas sem sentido – de uma forma 
estereotipada, sem intenção aparente de se comunicar. 
 É bastante comum o fato de algumas usarem uma palavra uma vez e não 
usá-la novamente durante uma semana, um mês ou vários anos. 
 Alguns jovens apresentam fala com ecolalia, tanto imediata como 
retardada, ou frases estereotipadas que parecem fora do contexto. 
 Inversões pronominais → pode dizer, por exemplo, “Você quer o 
brinquedo”, quando, na realidade, ela é quem deseja o brinquedo. 
 Às vezes, são excelentes na execução de determinadas tarefas ou têm 
habilidades especiais; por exemplo, uma criança pode aprender a ler 
fluentemente na idade pré-escolar (hiperlexia). Embora consigam ler 
muitas palavras, crianças muito jovens com transtorno do espectro autista 
compreendem muito pouco o sentido daquilo que foi lido. 
 
 Deficiência intelectual 
 Em torno de 30% das crianças com transtorno do espectro autista 
apresentam um nível intelectualmente incapaz no desempenho 
intelectual. 
 Irritabilidade 
 A definição de irritabilidade inclui agressão, comportamentos autolesivos 
e ataques graves de birra e são bastante observados em crianças e 
adolescentes com transtorno do espectro autista. Esses sintomas costumam ser produzidos por situações do dia a dia em que 
esses jovens mudam de uma atividade para outra, permanecem sentados 
na sala de aula ou ficam quietos quando sentem vontade de sair correndo. 
 Nos casos de crianças afetadas pelo transtorno com desempenho mais 
baixo e com deficiências intelectuais, o instintivo agressivo pode surgir de 
forma inesperada, sem um desencadeador ou propósito óbvio, sendo 
observados também comportamentos autolesivos, como bater a cabeça, 
beliscar a pele e se morder. 
 Instabilidade no humor e no afeto 
 Algumas crianças com transtorno do espectro autista apresentam 
mudanças repentinas de humor, com explosões de riso ou de choro, sem 
nenhuma razão óbvia. 
 A melhor compreensão desses episódios se torna ainda mais difícil nas 
situações em que elas não conseguem expressar pensamentos associados 
ao afeto. 
 Resposta a estímulos sensoriais 
 Respondem de forma intensa a alguns estímulos e fraca a outros 
estímulos sensoriais (p. ex., ao som e à dor). 
 É uma ocorrência comum que elas aparentem ser surdas; em geral, 
respondem muito pouco ao som da voz de uma conversa normal; no 
entanto, a mesma criança poderá demonstrar um interesse intenso pelo 
som de um relógio de pulso. 
 Algumas crianças apresentam um limiar alto para dor ou respostas 
alteradas para ela. Na realidade, algumas não respondem a uma lesão com 
choro ou busca de conforto. 
 
8 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Alguns jovens autistas persistem em alguma experiência sensorial; por 
exemplo, com frequência cantarolam uma música ou cantam a canção de 
algum anúncio comercial, antes de expressar palavras ou de usar a fala. 
Outros gostam particularmente da estimulação vestibular – rotação, 
oscilação e movimentos para cima e para baixo. 
 Hiperatividade e desatenção 
 São comportamentos comuns em crianças com o transtorno do espectro 
autista. 
 Níveis de atividade abaixo da média são menos frequentes; nesse caso, há 
alternância com excesso de atividade. 
 Comportamentos como déficit de atenção e incapacidade para se 
concentrar em uma tarefa específica também interferem no desempenho 
diário. 
 Habilidades precoces 
 Alguns têm habilidades precoces ou dissidentes de grande proficiência, tais 
como habilidade prodigiosa para cálculos e aprendizagem de memória, 
geralmente além das capacidades dos pares normais. 
 Outras habilidades precoces potenciais em algumas crianças autistas 
incluem hiperlexia, uma capacidade precoce para leitura (mesmo que não 
entendam aquilo que estão lendo), memorização e declamação e 
habilidades musicais (cantar ou tocar; ou reconhecer peças musicais). 
 Insônia 
 Insônia é um problema frequente do sono entre crianças e adolescentes 
com o transtorno do espectro autista, e as estimativas indicam que ocorre 
em 44 a 83% das crianças em idade escolar. 
 Terapias comportamentais e farmacológicas foram aplicadas como 
intervenções. 
 As intervenções comportamentais incluem mudança no comportamento 
parental, antes e no momento de ir para a cama, bem como criação de 
rotinas que eliminem os estímulos para permanecer acordado. 
 Farmacológicas → melatonina, que aparentemente é um agente 
promissor em doses variando de 1 mg com liberação rápida a 4 mg com 
liberação controlada, conforme demonstraram alguns estudos envolvendo 
jovens com esse transtorno. 
 Infecções menores e sintomas gastrintestinais 
 Há relatos de crianças mais jovens com transtorno do espectro autista que 
apresentam incidência acima das expectativas de infecções no trato 
respiratório superior e outras de menor importância. 
 Sintomas gastrintestinais: arrotos excessivos, constipação e movimentos 
intestinais soltos. 
 Observa-se também um aumento na incidência de convulsões febris. 
 Algumas crianças não apresentam elevações na temperatura na presença 
de enfermidades infecciosas de menor importância e podem não sentir a 
indisposição típica de quem está doente. 
 Em outras, os problemas comportamentais e as condições relacionadas 
aparentam melhorar significativamente nos casos de enfermidades menos 
graves, e essas mudanças podem ser indicações da presença de alguma 
enfermidade física. 
 
Escala M-CHAT 
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda, portanto, que toda criança seja 
triada para autismo entre 18 e 24 meses mesmo que não tenha sinais clínicos de 
alerta ou atrasos no DNPM. Para isto, a principal escala utilizada para esta triagem 
é a Modifield Checklist fo Autism in Toddlers (M-CHAT). Este instrumento é 
validado para triagem e não diagnóstico sendo direcionado para identificar sinais 
precoces de autismo e não para uma análise global do neurodesenvolvimento. 
Deve ser aplicado pelo Pediatria durante a consulta de puericultura com o objetivo 
de detectar o maior número de casos suspeitos de TEA o que pode levar a falsos 
positivos. 
Diante disto, uma outra ferramenta foi criada para aumentar a especificidade no 
diagnóstico de TEA através do M-CHAT- R/F a ser realizada com crianças entre 16 
e 30 meses de idade. Os questionários são autoexplicativo devendo ser realizado 
com os pais no momento da consulta acessando o mesmo no link: 
https://mchatscreen.com/wp-content/uploads/2015/05/M-CHAT_Por-
tuguese_Brazil.pdf. 
 
https://mchatscreen.com/wp-content/uploads/2015/05/M-CHAT_Por-tuguese_Brazil.pdf
https://mchatscreen.com/wp-content/uploads/2015/05/M-CHAT_Por-tuguese_Brazil.pdf
 
9 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 
 
 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Os transtornos a serem considerados no diagnóstico diferencial de transtorno do 
espectro autista incluem: 
 Transtorno da comunicação social (pragmática); 
 Da comunicação, descrito recentemente no DSM-5; 
 Esquizofrenia com início na infância; 
 Surdez congênita ou distúrbio auditivo grave; 
 Privação psicossocial. 
O diagnóstico de transtorno do espectro autista também é muito difícil devido à 
sobreposição potencial dos sintomas com esquizofrenia da infância, síndromes de 
capacidade intelectual com sintomas comportamentais e transtornos da 
linguagem. 
TRATAMENTO 
Metas principais: 
 Focar comportamentos básicos para melhorar as interações sociais e a 
comunicação; 
 Ampliar as estratégias de integração escolar; 
 Desenvolver relacionamentos significativos com os pares; 
 Aumentar as habilidades para viver uma vida independente no longo 
prazo. 
Logo após o diagnóstico é fundamental comunicar adequadamente à família, 
oferecendo amparo a mesma e estabelecendo um bom vínculo que seja capaz de 
repercutir de forma positiva no modo como os familiares irão enfrentar o 
diagnóstico, encorajando os mesmos a realizar questionamentos e a participar da 
tomada de decisão quanto ao tratamento. 
 Algumas ferramentas de apoio foram criadas para este momento, como 
por exemplo o “kit dos 100 primeiros dias” disponível no site 
www.autismspeaks. org e o site www.autismo.institutopensi.org.br onde 
é possível acessar manuais que auxiliam nos cuidados cotidianos à 
criança. 
 
10 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
A intervenção precoce está associada a ganhos significativos no funcionamento 
cognitivo e adaptativo da criança, aumentando seus potenciais de 
desenvolvimento, reduzindo danos intelectuais, melhorar a qualidade de vida das 
mesmas, além de diminuir as angústias da família. Com isso, é possível uma maior 
capacidade de organização neural através da neuroplasticidade e potencial de 
mielinização cerebral já que é nos primeiros anos de vida que a formação sináptica 
possui maior velocidade e resultados satisfatórios. A terapia cognitiva 
comportamental tem resultados melhores se iniciada antes dos 3 anos de idade, 
resultando em melhora da linguagem e função social da criança. 
Para a melhor abordagem terapêutica deve-se contar com uma equipe 
interdisciplinar com profissionais da Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia 
Ocupacional,Psicopedagogia, Fisioterapia, Assistência Social e Educação Física. O 
pediatra deve gerar essa articulação não somente entre os profissionais, mas entre 
as terapias adotadas. Os pais também devem ser capacitados por estes 
profissionais para estimular a criança no ambiente domiciliar. 
A terapia cognitiva comportamental é o cerne do tratamento já que não há 
medicamentos específicos para o tratamento da TEA. Diversas são os programas 
terapêuticos disponíveis que visam estimular a criança, promover sua interação e 
estabelecendo rotinas agregando a participação dos pais, cuidadores e 
educadores. 
 Um destes é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) que visa 
promover interações sociais positivas e naturalistas para aumentar a 
motivação da criança para competências sociais, aprendizagem e 
desenvolvimento da comunicação receptiva e expressiva das habilidades 
cognitivas e motoras. 
 
Tratamento medicamentoso 
 É direcionado para o tratamento de condições associadas ao TEA 
(comorbidades) ou controle de comportamentos disruptivos como: 
irritabilidade, impulsividade, agitação, auto e/ou heteroagressividade e 
destrutividade. 
 Os antipsicóticos costumam ser utilizados, no entanto, apenas a 
Risperidona e o Aripipazol são indicados para sintomas relacionados ao 
TEA. 
Transtorno Opositor Desafiador (TOD) 
INTRODUÇÃO 
Comportamentos disruptivos, especialmente padrões oposicionais e 
comportamentos agressivos, estão entre os motivos mais frequentes de indicação 
de crianças e adolescentes para avaliação psiquiátrica. 
A origem de padrões estáveis de comportamentos de oposição desafiante é 
amplamente aceita como uma convergência de múltiplos fatores contribuintes, 
incluindo biológicos, temperamentais, aprendidos e condições psicológicas. 
Fatores de risco para o desenvolvimento de comportamento agressivo nos jovens 
incluem: 
 maus-tratos infantis, como abuso físico ou sexual 
 negligência 
 abuso emocional 
 parentagem bruta ou punitiva em excesso. 
 
O DSM-5 dividiu o transtorno de oposição desafiante em três tipos: 
 Humor Raivoso/Irritável 
 Comportamento Questionador/ Desafiante 
 Índole Vingativa 
Uma criança pode satisfazer os critérios diagnósticos para transtorno de oposição 
desafiante com um padrão de 6 meses de pelo menos quatro sintomas desses três 
tipos. 
 Crianças raivosas/irritáveis com transtorno de oposição desafiante 
perdem a cabeça com frequência, ficam facilmente incomodadas e se 
sentem irritadas na maior parte do tempo. 
 Já aquelas que são questionadoras/desafiadoras exibem um padrão de 
questionamento de figuras de autoridade e adultos, como pais, 
professores e parentes. Crianças com esse tipo de transtorno de oposição 
desafiante recusam-se a obedecer a pedidos, quebram regras de forma 
deliberada e incomodam os outros de propósito. Elas não costumam 
assumir responsabilidade por suas ações e em geral culpam os outros por 
seu mau comportamento. 
 
11 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Crianças com o tipo vingativo de transtorno de oposição desafiante são 
rancorosas, tendo de demonstrar ações vingativas ou rancorosas pelo 
menos duas vezes em 6 meses para satisfazer os critérios diagnósticos. 
 
O transtorno de oposição desafiante é caracterizado por padrões duradouros de 
comportamento negativo, desobediente e hostil em relação a figuras de 
autoridade, assim como uma incapacidade de assumir responsabilidade por erros, 
o que leva a jogar a culpa nos outros. 
Crianças com o transtorno frequentemente discutem com adultos e se sentem 
cada vez mais incomodadas pelos outros, levando a um estado de ressentimento 
irritado. Elas podem ter dificuldade na sala de aula e nos relacionamentos com os 
pares, mas de modo geral não recorrem a agressão física ou a comportamento 
destrutivo marcante. 
Em contraste, crianças com transtorno da conduta realizam atos repetidos de 
agressividade que podem causar mal físico a si mesmas e aos outros, violando 
muitas vezes os direitos alheios. 
No transtorno de oposição desafiante, os surtos de agressividade, a recusa ativa a 
seguir regras e os comportamentos inoportunos dos pacientes excedem as 
expectativas em relação a esses comportamentos para crianças da mesma idade. 
O transtorno é um padrão duradouro de comportamentos negativos, hostis e 
desafiantes na ausência de sérias violações dos direitos dos outros. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 Comportamentos de oposição e negativos, de forma moderada, são 
normais na infância e na adolescência. 
 Estudos epidemiológicos de traços negativos em populações não clínicas 
encontrou tal comportamento em 16 a 22% das crianças em idade escolar. 
 Embora possa começar já aos 3 anos, o transtorno de oposição desafiante 
costuma ser notado por volta dos 8 anos e não depois do início da 
adolescência. 
 Esse transtorno foi reportado a taxas de 2 a 16%, sendo as mais elevadas 
em meninos na puberdade, com uma proporção igual para ambos os sexos 
após a puberdade. 
 Sua prevalência em homens e em mulheres diminui em jovens com mais 
de 12 anos. 
ETIOLOGIA 
 O exemplo mais marcante de comportamento normal de oposição tem seu 
auge entre 18 e 24 meses, os “terríveis 2 anos”, quando os bebês se 
comportam negativamente como forma de expressar sua crescente 
autonomia. 
 A patologia começa quando essa fase de desenvolvimento persiste de 
modo anormal, figuras de autoridade têm reação exagerada ou o 
comportamento de oposição ocorre com muito mais frequência do que nas 
outras crianças com a mesma idade. 
 Entre os critérios incluídos no transtorno de oposição desafiante, 
irritabilidade parece ser o mais preditivo de transtornos psiquiátricos 
posteriores, enquanto outros elementos podem ser considerados 
componentes do temperamento. 
 No fim da infância, trauma ambiental, doença ou incapacidade crônica, 
como retardo mental, podem ativar a oposição como uma defesa contra 
o desamparo, a ansiedade e a perda de autoestima. Outro estágio 
normativo de oposição ocorre na adolescência como expressão da 
necessidade de se separar dos pais e de estabelecer uma identidade 
autônoma. 
 A teoria psicanalítica clássica implica conflitos não resolvidos como a fonte 
dos comportamentos desafiantes contra figuras de autoridade. Os 
behavioristas observaram que, em crianças, a oposição pode ser um 
comportamento aprendido reforçado pelo qual a criança exerce controle 
sobre figuras de autoridade; por exemplo, se fazer pirraça força os pais a 
retirar um pedido que haviam feito, então essa pirraça fica fortemente 
reforçada. Além disso, atenção parental aumentada durante um surto 
também pode reforçar o comportamento. 
 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
 Crianças com transtorno de oposição desafiante costumam discutir com 
adultos, perder a cabeça e ficar com raiva, ressentidas e irritadas a um nível 
e uma frequência fora da variação esperada para sua idade e nível de 
desenvolvimento. 
 Enfrentarem ordens ou regras de adultos 
 
12 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Tendem a culpar os outros por seus próprios erros. 
 Os sintomas do transtorno ficam mais evidentes em interações com 
adultos ou pares que a criança conhece bem. 
 Pode não exibir sinais do problema quando examinada clinicamente. 
 O transtorno parece causar mais sofrimento àqueles ao redor da criança 
do que a ela própria. 
 Interferem nos relacionamentos interpessoais e no desempenho escolar. 
 rejeitadas pelos pares, podendo se tornar isoladas e solitárias 
 Apesar da inteligência adequada, elas podem se sair mal ou ser reprovadas 
na escola devido a sua falta de cooperação, baixa participação e 
incapacidade de aceitar ajuda. 
 Baixa autoestima, baixa tolerância a frustração, humor deprimido e surtos 
de agressividade. 
 Adolescentes ostracizados podem se voltar ao álcool ou a substâncias 
ilícitas como forma de serem aceitos pelos pares. 
 Crianças cronicamenteirritáveis com frequência desenvolvem transtornos 
do humor na adolescência ou na vida adulta. 
 
Patologia e exames de laboratório 
 Não há testes laboratoriais ou achados patológicos específicos que ajudem 
a diagnosticar o transtorno de oposição desafiante. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
 Comportamentos opositores são normais e adaptativos no âmbito da 
variação esperada em estágios específicos do desenvolvimento. 
 Quando características do transtorno de oposição desafiante aparecem 
durante o curso de um transtorno da conduta, esquizofrenia ou transtorno 
do humor, o diagnóstico de transtorno de oposição desafiante não deve 
ser feito. 
 Comportamentos opositores e negativos também podem estar presentes 
no TDAH, em transtornos cognitivos e no retardo mental. 
 
Existe uma associação entre o transtorno de oposição desafiante e o TDAH, bem 
como os transtornos do humor. 
TRATAMENTO 
 O principal tratamento para transtorno de oposição desafiante é 
intervenção familiar, usando tratamento direto dos pais, com habilidades 
de gerenciamento da criança, assim como avaliação cuidadosa das 
interações familiares. 
 Os objetivos dessa intervenção são reforçar comportamentos mais pró-
sociais e, ao mesmo tempo, reduzir comportamentos indesejados. 
 Terapeutas cognitivo-comportamentais enfatizam que deve ser ensinado 
aos pais como alterar seus comportamentos para desencorajar o 
comportamento opositor da criança, reduzindo a atenção dada a ele. Além 
disso, deve-se estimular a terapia adequada, concentrada em reforçar 
seletivamente e elogiar comportamentos apropriados, bem como ignorar 
ou não reforçar aqueles indesejados. 
 Psicoterapia individual. 
 Conflitos entre pais e filhos são fortes preditores de problemas de conduta; 
padrões rigorosos de punições físicas e verbais, em particular, provocam o 
surgimento da agressividade em crianças. 
 
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) 
 
INTRODUÇÃO 
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é identificado pelo 
Manual Diagnóstico e estatístico dos Transtornos Mentais (DSM 5) como um 
distúrbio do neurodesenvolvimento, definido por sintomas de desatenção, 
desorganização ou hiperatividade e impulsividade. 
Os transtornos do neurodesenvolvimento são um conjunto de condições que 
levam a déficits no desenvolvimento e começam a se manifestar em crianças com 
idade pré-escolar, causando dificuldades no desempenho social, pessoal, 
acadêmico e profissional. 
A desatenção e desorganização estão relacionados com: 
 dificuldade de permanecer em uma tarefa 
 perder objetos 
 não perceber um chamado em nível incoerente à idade. 
 
13 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Já a hiperatividade e impulsividade envolvem: 
 inquietação 
 interferência nas atividades de outras pessoas 
 incapacidade de aguardar sua vez ou de permanecer sentado 
 também de forma inadequada ao nível de desenvolvimento. 
 
Sabe-se que o TDAH é uma das condições mais estudadas em crianças com idade 
escolar atualmente e calcula-se que este transtorno é um dos principais motivos 
de encaminhamento de pacientes nesta faixa etária para o serviço de saúde, 
porém os dados epidemiológicos sofrem grandes variações de um local para o 
outro. Diversos países realizam estudos de epidemiológicos de TDAH e encontram 
resultados diferentes. A localização geográfica tem pouca influência nesses dados 
e essas divergências obtidas nas taxas de prevalência são consequência da 
diferença de metodologia entre os estudos, como idade, fonte de informação, 
critérios diagnósticos e forma de aplicação. 
EPIDEMIOLOGIA 
 Taxa de prevalência em torno de 3% a 6% em crianças em idade escolar, 
sendo mais prevalente em meninos. 
 A prevalência mundial é de 5,3% em crianças e adolescentes menores de 
18 anos. Estima-se que metade desses pacientes permaneçam 
sintomáticos na idade adulta. 
 A diferença entre os gêneros varia de 2:1 em estudos populacionais e 
chega até 9:1 em estudos clínicos. 
 Dentre os subtipos, o predominantemente hiperativo/impulsivo atinge 
entre 2 a 9 vezes mais os meninos, e o tipo predominantemente desatento 
atinge ambos os sexos com frequência similar. 
 A diferença de prevalência entre os sexos possivelmente ocorre, pois, 
meninas apresentam mais o subtipo predominantemente desatento que 
exibe menos transtornos de conduta como comorbidade e causa menos 
desconforto social para a escola e para a família e, por isso, são menos 
encaminhadas ao serviço de saúde. 
 Faltam estudos que possibilitem uma avaliação clara da diferença de 
prevalência dentre os níveis sociais e as etnias. 
FISIOPATOLOGIA 
 A etiologia precisa do TDAH ainda permanece desconhecida, porém sabe-
se que existe uma influência genética e ambiental para seu 
desenvolvimento. 
 interação de genes suscetíveis entre si e com o ambiente 
 O TDAH apresenta uma grande heterogeneidade clínica e, por isso, 
acredita-se que tenha também uma heterogeneidade etiológica. 
 Apesar de ainda não haver estudo que indique algum gene que seja 
suficiente para o desenvolvimento da doença, algumas pesquisas sugerem 
que genes codificadores dos componentes do sistema dopaminérgico, 
serotoninérgico e noradrenérgico estão envolvidos na sua fisiopatologia. 
 Polimorfismos no gene transportador de dopamina (DAT1), no gene do 
receptor D4 de dopamina (DRD4) e no gene do receptor 2A de serotonina 
(HTR2A) podem estar associados as manifestações clínicas do TDAH, mas 
não são fatores causais necessários. 
 A maturação e mielinização do encéfalo ocorre de maneira póstero-
anterior, assim, seguindo a cronologia de desenvolvimento neurológico é 
considerado fisiológico algum nível de hiperatividade isolada em crianças 
sem acometimento até cerca de 4 anos de idade, pois a região pré-frontal 
(responsável pelo controle motor) só finaliza seu processo de mielinização 
nesse período. 
 Estudos mais recentes sugerem que crianças com TDAH apresentam 
atividade reduzida, menor volume e uma lentificação na maturação do 
córtex pré-frontal, que entre outras coisas, está relacionado à capacidade 
de atenção e controle de impulsos. 
 A menor disponibilidade de receptores D2 e D3 de dopamina está 
associada a sintomas de desatenção, enquanto que a hiperatividade está 
mais ligada ao bloqueio de receptores α2 de serotonina. 
 Fatores ambientais 
 Questões psicossociais que modifiquem o funcionamento 
adaptativo da criança, como presença de doença mental nos pais 
e história de abuso infantil; 
 Complicações da gestação: eclampsia, estresse fetal e hemorragia 
pré-parto; 
 
14 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Pacientes com muito baixo peso ao nascer tem risco amentado de 
2 a 3 vezes de desenvolver o transtorno do que a população geral; 
 Exposição intrauterina ao álcool ou tabaco. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
O diagnóstico do TDAH é clínico, realizado através de critérios operacionais de 
sistemas classificatórios, como o DSM. 
Os critérios utilizados pelo DSM abrangem uma avaliação da intensidade, 
frequência, contexto e duração dos sintomas. 
Os sintomas envolvem: 
 Desatenção: é percebida pela distração durante as atividades, mudança 
constante de atividades, frequentes mudanças de assunto durante uma 
conversa e aversão a realização de atividades mais complexas que 
necessitam de organização. 
 Hiperatividade/impulsividade: são manifestadas dificuldade de ficar 
sentado, movimentação excessiva, agir sem pensar nas consequências e 
dificuldade em esperar sua vez. 
 
Para realizar o diagnóstico de desatenção pelo DSM 5, o paciente precisa 
preencher pelo menos 6 dos critérios listados abaixo: 
1. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por 
descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades; 
2. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou 
atividades lúdicas; 
3. Frequentemente parece nãoescutar quando alguém lhe dirige a palavra 
diretamente; 
4. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar 
trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho; 
5. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; 
6. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que 
exijam esforço mental prolongado; 
7. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; 
8. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos; 
9. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas. 
Para diagnóstico de hiperatividade e impulsividade pelo DSM 5, o paciente precisa 
preencher pelo menos 6 dos critérios listados abaixo: 
1. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na 
cadeira. 
2. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que 
permaneça sentado; 
3. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é 
inapropriado; 
4. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer 
calmamente; 
5. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor 
ligado”; 
6. Frequentemente fala demais; 
7. . Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha 
sido concluída; 
8. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez; 
9. Frequentemente interrompe ou se intromete; 
 
15 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
Para fechar o diagnóstico 
 Os sintomas precisam ser constantes e persistentes por um período 
mínimo de 6 meses e terem um grau incoerente com a idade e o nível de 
desenvolvimento da criança. 
 Devem ter surgido antes dos 12 anos de idade e influenciarem 
negativamente a funcionalidade das atividades sociais, diminuindo a 
qualidade das tarefas exercidas, estando presente em pelo menos 2 
ambientes (como casa, escola, com amigos). 
Por ser um transtorno dinâmico e possivelmente transitório, com possibilidade de 
melhora clínica conforme o desenvolvimento e a maturação neurológica, o 
paciente deve ser reavaliado e o diagnóstico precisar ser revisado a cada 6 meses. 
Na idade pré-escolar, a principal manifestação é a hiperatividade. Muitas vezes, os 
sintomas começam a ser percebidos pelos pais quando a criança começa a andar, 
porém nessa idade é muito difícil diferenciar o comportamento normal do 
patológico devido a maturação do encéfalo só se completar aos 4 anos de idade. 
Por isso, o TDAH é mais diagnosticado durante o ensino fundamental, 
principalmente quando o paciente apresenta desatenção, por ela ficar mais 
perceptível e prejudicial no ambiente escolar. 
Durante a adolescência, o transtorno tende a melhorar e ficar mais estável, com 
sintomas de hiperatividade motora menos perceptíveis. Porém, a desatenção, a 
impulsividade, a sensação de inquietude e os problemas de planejamento de 
tarefas tendem a continuar e permanecer durante a vida adulta. 
Apesar da presença de sintomas de desatenção, o paciente com TDAH costuma 
apresentar o hiperfoco que é a capacidade de se manter concentrado em uma 
única tarefa por várias horas. Normalmente a criança tem hiperfoco de forma 
inconsciente em atividades que considera prazerosa. 
Os sintomas podem variar de acordo com o ambiente que a criança está e com o 
contexto a que está sendo submetido. Os sintomas podem ficar menos perceptíveis 
se o paciente está sob supervisão de um adulto, está inserido em um contexto 
social novo, está recebendo estímulos externos, está envolvido em atividades de 
seu interesse ou está recebendo recompensas constantes por seguir determinado 
comportamento. 
O TDAH não é considerado um transtorno de aprendizagem, mas seus sintomas 
podem gerar uma dificuldade de aprendizagem, resultando em um pior 
rendimento escolar e sucesso acadêmico e profissional reduzido. 
Procuram mais serviços de emergência por lesões acidentais, como fraturas e 
tendem a se envolver mais em violações e acidentes de trânsito. 
Crianças com o diagnóstico tem risco maior do que a população geral de evoluir 
com transtorno de conduta na adolescência e transtorno de personalidade 
antissocial na vida adulta. 
Uma das principais comorbidades das crianças com TDAH é o transtorno opositor 
desafiante (TOD), podendo estar presente em até metade dos pacientes com TDAH 
com subtipo combinado. 
CLASSIFICAÇÃO 
O TDAH é classificado em 3 subtipos: 
 Apresentação predominantemente desatenta → quando somente os 
critérios de desatenção são preenchidos, sem preencher os 6 critérios de 
hiperatividade/ impulsividade. 
 Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva → quando 
somente os critérios de hiperatividade/impulsividade são preenchidos, 
sem preencher os 6 critérios de desatenção. 
 Apresentação combinada → quando preenche critérios para desatenção e 
hiperatividade/impulsividade. 
Também pode ser classificado conforme a gravidade: 
 Leve → se o paciente apresentar poucos ou nenhum sintoma além dos 
necessários para o diagnóstico e tenha apenas pequenos prejuízos no 
âmbito social ou acadêmico/profissional. 
 Grave → se tiver muitos sintomas além dos necessários para o diagnóstico 
ou apresenta sintomas graves ou que resulte em grande prejuízo nas 
relações sociais ou na função acadêmica ou profissional. 
 Moderado → quando os sintomas não se encaixam nem em leve nem em 
grave. 
 
 
16 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 O diagnóstico do TDAH é eminentemente clínico e não exige exames 
laboratoriais ou de imagem. 
 Não existe nenhum marcador biológico para diagnóstico de TDAH. 
 Exames de eletroencefalograma mostram que crianças com TDAH 
apresentam um aumento de ondas lentas, e ressonância magnética do 
crânio apresenta volume encefálico total menor que crianças sem o 
transtorno. Porém, esses exames não são indicados para a prática clínica, 
ficando limitado ao uso em pesquisas. 
 Exames de acuidade visual e auditiva, entretanto, são importantes para 
identificar se o déficit de atenção é proveniente de alteração nessas 
funções sensoriais ou se podem estar relacionadas ao TDAH. Além disso, 
caso o paciente apresente características que indiquem uma possível 
síndrome do X frágil, é necessário descartar essa hipótese antes de concluir 
que é TDAH. 
TRATAMENTO 
É multiprofissional e engloba intervenções psicossociais e farmacológicas para 
atingir um bom resultado. 
Intervenções psicossociais 
 O pediatra deve orientar os pais sobre intervenções comportamentais 
que podem ajudar a manejar os sintomas da criança, como, fornecer um 
ambiente sem estímulos visuais e silencioso para estudar, além de 
conhecer técnicas de reforço positivo, que podem favorecer o 
comportamento adaptativo social. 
 Deve-se indicar tratamento psicológico, sendo que a modalidade mais 
estudada e com maior evidência científica de benefício para esses quadros 
é cognitivo-comportamental. 
Terapia medicamentosa 
 Amplamente difundida através de medicamentos estimulantes, sendo 
essa classe a primeira escolha para o tratamento. 
 Metilfenidato → é um dos medicamentos dessa classe, que age 
inibindo a recaptação da dopamina e pode ser administrado na dose 
inicial de 10 mg/Kg a cada 4 horas. Existem formulações de liberação 
lenta que permitem uma única dose diária. 
 Lisdexanfetamina → que também inibe a recaptação da dopamina e 
pode ser administrada na dose inicial de 30mg uma vez ao dia. 
 Por serem medicações estimulantes, só estão indicados para crianças 
maiores de 6 anos. 
 Como medicações estimulantes podem apresentar efeitos colaterais como 
mudanças de humor, ansiedade, dificuldade para adormecer, diminuição 
do apetite, cefaleia e com uso prolongado pode causar desaceleração do 
crescimento o uso de medicação não estimulante pode ser melhor 
indicada. 
 Atomoxetina → um fármaco não estimulante que inibe 
seletivamente a noradrenalina e está liberada para uso em maiores 
de 6 anos pode serprescrita, em dose de 0,3 mg/Kg, uma vez ao dia. 
 
 
17 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 
Dislexia 
Até 75% das crianças e dos adolescentes com transtorno específico da 
aprendizagem têm deficiência de leitura. De maneira geral, estudantes que tiverem 
problemas de aprendizagem em outras áreas têm também dificuldades com a 
leitura. 
 Caracteriza-se pela presença de fatores como dificuldade para reconhecer 
palavras, leitura lenta e inadequada, má compreensão do texto e 
dificuldades ortográficas. 
 Na população infantil, com frequência a deficiência de leitura é comórbida 
com outros transtornos, em particular o de déficit de atenção/ 
hiperatividade. 
EPIDEMIOLOGIA 
 Os relatos de amostragens de encaminhamento clínico indicam que há 4x 
mais garotos do que garotas com deficiências de leitura. 
 Entretanto, em amostragens epidemiológicas, as taxas de deficiências de 
leitura são aproximadamente iguais entre ambos os sexos. 
 Garotos com deficiência de leitura são encaminhados para avaliação 
psiquiátrica com mais frequência que as garotas, devido à presença 
comórbida de TDAH e problemas com comportamentos disruptivos. 
 Não há qualquer diferencial claro de gênero entre adultos com dificuldades 
de leitura. 
COMORBIDADE 
 O risco de incidência de deficiências adicionais de leitura, incluindo 
matemática e expressão escrita, é maior em crianças com dificuldades de 
leitura. 
 Tradicionalmente, nos termos do DSM-5, o transtorno da linguagem, 
também conhecido por deficiência específica de linguagem, foi 
considerado uma condição distinta de dislexia e discalculia. 
 Transtornos psiquiátricos comórbidos como TDAH, o de oposição 
desafiante, da conduta e os depressivos também são frequentes, 
principalmente em adolescentes. Os dados indicam que até 25% das 
crianças com deficiência de leitura podem ter TDAH comórbido. No 
entanto, estima-se que entre 15 e 30% das crianças diagnosticadas com 
TDAH tenham também o transtorno específico da aprendizagem. 
ETIOLOGIA 
 É um transtorno neurobiológico com uma grande contribuição genética. 
 Esse fato reflete uma deficiência no processamento dos sons da fala e 
consequentemente da linguagem falada. É muito provável que as crianças 
que se esforçam para ler também tenham deficiência para falar e nas 
habilidades para processar os sons da fala. Crianças portadoras desse tipo 
de deficiência não conseguem identificar de forma efetiva as partes das 
palavras que denotam sons específicos, resultando na dificuldade de 
reconhecer e “produzir os sons” das palavras. 
 
18 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Uma vez que, via de regra, o prejuízo na leitura inclui uma deficiência de 
linguagem, teoricamente o lado esquerdo do cérebro tem sido 
considerado o sítio anatômico desse tipo de disfunção. 
DIAGNÓSTICO 
Faz-se o diagnóstico de deficiência de leitura quando a capacidade de leitura 
estiver significativamente abaixo daquela esperada para crianças da mesma idade. 
As características diagnósticas típicas incluem: 
 Lembrar, evocar e fazer o sequenciamento de letras e palavras impressas; 
 Processar construções gramaticais sofisticadas; 
 Fazer inferências. 
O insucesso escolar e a baixa autoestima resultante exacerbam o problema à 
medida que a criança se torna cada vez mais desgastada com a sensação de falha 
e dedica menos tempo ao foco no trabalho acadêmico. 
 
 
 
CARACTERISTICAS CLÍNICAS 
 Costumam ser identificadas em torno da idade de 7 anos (2º série). 
 Eventualmente, as crianças compensam o transtorno da leitura nas séries 
elementares pelo uso da memória e de inferências, sobretudo aquelas 
com nível elevado de inteligência. 
 Cometem muitos erros na leitura oral. Esses erros caracterizam-se por 
omissões, adições e distorções de palavras. 
 Dificuldade para distinguir entre letras impressas, caracteres e tamanhos, 
em particular aqueles que se distinguem apenas em relação à orientação 
espacial e ao comprimento das linhas. 
 A velocidade de leitura da criança é lenta, e em geral o nível de 
compreensão é mínimo. 
 A maior parte das crianças com incapacidade de leitura tem habilidade 
compatível com a idade para copiar textos escritos ou impressos, porém 
quase todas têm habilidades fracas para ortografia. 
 
19 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP 
 Dificuldades linguísticas: discriminação e dificuldade para construir 
sequências de palavras de forma adequada. 
 Podem iniciar uma palavra no meio ou no final de uma frase escrita ou 
impressa. 
 A maior parte dessas crianças não gosta de ler e escrever e evita essas 
atividades. A ansiedade agrava-se ainda mais quando se defrontam com 
demandas que envolvam a linguagem impressa. 
 Muitas crianças com transtorno específico da aprendizagem que não 
recebem educação corretiva se sentem envergonhadas e humilhadas em 
razão da deficiência contínua e da frustração subsequente. Esses 
sentimentos tornam-se mais intensos ao longo do tempo. As crianças mais 
velhas tendem a ficar deprimidas e irritadas, além de exibir autoestima 
baixa. 
Patologia e Exames Laboratoriais 
 Testes psicoeducacionais 
 Bateria diagnóstica inclui: teste ortográfico-padrão, composição escrita, 
processamento e uso da linguagem oral, cópia de desenhos e avaliação do 
uso adequado do lápis. 
 Esse tipo de avaliação deve incluir também a observação sistemática de 
variáveis comportamentais. 
TRATAMENTO 
 As estratégias corretivas para crianças com problemas de leitura têm como 
foco a instrução direta que encaminha a atenção do jovem para as 
conexões entre sons da fala e ortografia. 
 Os programas corretivos eficazes iniciam a partir do momento em que a 
criança aprende a associar letras e sons de uma forma precisa. 
 Essa abordagem fundamenta-se na teoria de que as deficiências básicas 
em problemas de leitura estão relacionadas com dificuldade para 
reconhecer e lembrar as associações entre letras e sons. 
 Após o domínio dessas associações, a intervenção corretiva pode ser 
direcionada para componentes mais importantes da leitura, como sílabas 
e palavras. 
 O foco exato de qualquer programa de leitura somente pode ser 
determinado após a avaliação precisa das deficiências e fraquezas 
específicas da criança. 
 As estratégias positivas de exercícios de cópia incluem a formação de 
grupos de leitura pequenos e bem estruturados que ofereçam atenção 
individual e facilitem à criança pedir ajuda. 
 
REFERÊNCIAS 
 Compêndio de Psiquiatria – 11º edição. 
 NELSON, Tratado de Pediatria – 19º edição. 
 Sanarflix

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