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1 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Marcos evolutivos importantes na fase pré- escolar Os marcos fundamentais do desenvolvimento da criança com idade entre 2 e 5 anos são a emergência da linguagem e a exposição a uma esfera social cada vez maior. Entre 1 e 2 anos de idade, as crianças aprendem a andar livremente e voltar para a segurança de um adulto ou dos pais. Na idade pré-escolar, exploram a separação emocional, oscilando entre uma obstinada oposição e uma alegre submissão, entre explorações ousadas e um vínculo de dependência. O tempo, cada vez maior, despendido na escola e em playgrounds desafia a habilidade da criança para adaptar-se a novas regras e relacionamentos. Os pré-escolares sabem que podem fazer mais do que faziam antes, mas também estão cada vez mais cientes das restrições impostas a eles pelo mundo adulto por suas próprias habilidades limitadas. OBS: O termo pré-escolar para o grupo etário dos 2 e meio aos 6 anos possivelmente seja inadequado; nessa faixa etária, muitas crianças já estão frequentando ambientes semelhantes à escola, como creches e centros de cuidados diurnos, onde as mães que trabalham costumam deixar os filhos. Apesar de ter seu valor, a insistência em avançar a educação pré-escolar muito além das capacidades das crianças pode ser contraproducente. Desenvolvimento linguístico e cognitivo Na fase pré-escolar, há uma ampliação no uso da linguagem, e as crianças passam a se comunicar por meio de frases. No início desse período, as palavras isoladas têm significado regular e consistente, e as crianças começam a pensar de uma forma simbólica. No entanto, em geral, o pensamento infantil é egocêntrico; as crianças não conseguem se colocar no lugar de outras crianças e são incapazes de sentir empatia. Seu pensamento é intuitivo e pré-lógico, e, portanto, elas não compreendem as relações causais. Comportamento emocional e social No início do período pré-escolar, as crianças conseguem expressar emoções complexas, como amor, infelicidade, ciúmes e inveja, de forma pré-verbal ou verbal. As emoções ainda são facilmente influenciadas por eventos somáticos, como cansaço e fome. Mesmo o pensamento ainda sendo egocêntrico, começam a desenvolver a capacidade para colaboração e compartilhamento. A ansiedade está relacionada à perda de uma pessoa querida de quem a criança dependia e à perda da aprovação e aceitação. Embora ainda seja potencialmente desorganizadora, a ansiedade pode ser mais bem tolerada, em comparação com o passado. Aos 4 anos, as crianças estão aprendendo a compartilhar e a se preocupar com outras pessoas. Às vezes, conseguem expressar sentimentos de carinho. Em determinadas circunstâncias, a ansiedade criada por lesões corporais e pela perda da aprovação de uma pessoa querida pode ser problemática. No final do período pré-escolar, as crianças experimentam muitas emoções bastante estáveis. Expansibilidade, curiosidade, orgulho e entusiasmo contagiante são reações equilibradas com retraimento, timidez, medo, ciúmes e inveja. Vergonha e humilhação são evidentes. Capacidades para empatia e amor são desenvolvidas, mas são fragéis e se perdem facilmente se houver a interferência do esforço competitivo e dos ciúmes. A ansiedade e os medos estão relacionados com lesões corporais, perda de respeito, amor e com a autoestima emergente. Sentimentos de culpa são uma possibilidade. Crianças entre as idades de 3 e 6 anos têm consciência do próprio corpo e das diferenças entre os sexos. As brincadeiras de médico e enfermeira lhes permitem expressar suas fantasias sexuais. A consciência do próprio corpo estende-se além dos órgãos genitais e mostra a preocupação com enfermidades ou lesões, de modo que esse período passou a se denominar “fase do Band-Aid”. Os pais devem ter o cuidado de examinar e cuidar de todas as lesões. 2 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP As crianças determinam um marco divisório entre o que desejam e o que lhes dizem para fazer. Essa divisão aumenta até a criação de um hiato entre o conjunto de desejos expandidos, sua exuberância no crescimento ilimitado e as restrições impostas pelos pais; elas transformam gradualmente os valores parentais em auto-obediência, auto-orientação e autopunição. Ao final do período pré-escolar, a consciência das crianças se encontra em fase de evolução. O desenvolvimento da consciência define o espírito do sentido do que é “certo e errado”. Em geral, até aproximadamente os 7 anos, as crianças encaram as regras como “absolutas” e aceitam que elas existem para seu próprio bem. Não compreendem que possa existir mais de um ponto de vista sobre um tema de ordem moral; a violação das regras exige retribuição absoluta – isto é, crianças têm noção de justiça inerente. RIVALIDADE ENTRE IRMÃOS. Durante o período pré-escolar, as crianças relacionam-se umas com as outras de várias maneiras. O nascimento de um irmão (uma ocorrência comum nesse período) é um teste para a capacidade da criança na fase pré-escolar de colaborar e de compartilhar, porém também pode despertar o espírito de rivalidade, o que é muito provável que ocorra nesse momento. A rivalidade entre irmãos depende da prática de criação das crianças. De maneira geral, o favoritismo motivado por alguma razão agrava esse tipo de rivalidade. Crianças que recebem tratamento especial porque são bem-dotadas, porque têm algum tipo de deficiência ou porque têm um gênero preferido provavelmente venham a despertar sentimentos de raiva nos irmãos. As experiências com irmãos podem influenciar o relacionamento das crianças em fase de crescimento com seus pares e com a autoridade; por exemplo, podem surgir problemas nas situações em que as necessidades do novo bebê impeçam as mães de atender as necessidades do filho que nasceu antes. Se esse tipo de situação não for tratado de maneira adequada, o afastamento do primogênito pode se transformar em um evento traumático. BRINCADEIRAS. Nos anos pré-escolares, as crianças começam a fazer a distinção entre realidade e fantasia, e o ato de brincar reflete o crescimento da consciência. Os jogos de faz-de-conta são muito populares e ajudam a testar situações da vida real de uma forma descontraída. As brincadeiras dramatizadas, nas quais as crianças desempenham algum tipo de papel, como o de dona de casa ou de motorista de caminhão, são muito comuns. As relações um-a-um evoluem para padrões complicados, com rivalidades, segredos e intrigas. O comportamento lúdico das crianças reflete o nível de desenvolvimento social. Entre os 2 e meio e 3 anos → crianças participam de brincadeiras paralelas, brincadeiras solitárias ao lado de outra criança, sem qualquer interesse para com o outro. Por volta dos 3 anos → elas são muitas vezes associativas, isto é, brincam com os mesmos brinquedos aos pares e em grupos pequenos, porém ainda sem haver interação de fato entre elas. Idade de 4 anos → geralmente conseguem compartilhar e participar de brincadeiras cooperativas. Interações reais e revezamentos tornam-se viáveis. Entre as idades de 3 e 6 anos, é possível acompanhar o crescimento por meio de desenhos. O primeiro desenho do ser humano feito por uma criança é uma linha circular com marcas para a boca, o nariz e os olhos; as orelhas e os cabelos são adicionados mais tarde; os braços e os dedos na forma de varetas surgem em seguida; na sequência aparecem as pernas. O torso é o último a aparecer em proporção ao resto do corpo. As crianças inteligentes preocupam-se com detalhes em sua arte. Os desenhos expressam a criatividade ao longo do desenvolvimento de uma criança. Eles são representativos e formais logo no início da infância, utilizam perspectiva no período intermediário e tornam-se abstratos e carregados de afeto na adolescência. Além disso,os desenhos refletem o conceito de imagem corporal das crianças e os impulsos sexuais e agressivos. 3 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP COMPANHEIROS IMAGINÁRIOS. Na maior parte das vezes, os companheiros imaginários surgem durante os anos pré-escolares, habitualmente em crianças com inteligência acima da média e em geral na forma de pessoas. Os amigos imaginários podem também ser objetos, como, por exemplo, os brinquedos que poderão ser antropomorfizados. Alguns estudos indicam que até 50% das crianças entre as idades de 3 e 10 anos têm esses amigos em algum momento. O significado desse fato não é muito claro, porém essas figuras são sempre amigáveis, aliviam o sentimento de solidão e diminuem a ansiedade. Na maioria das circunstâncias, os companheiros imaginários desparecem em torno dos 12 anos, embora algumas vezes possam persistir durante a vida adulta. Desenvolvimento físico No final do segundo ano, a velocidade de crescimento somático e cerebral diminui, com redução correspondente das exigências nutricionais e do apetite, e o surgimento do hábito alimentar de “belisca”. Espera-se o aumento anual de aproximadamente 2 kg no peso e 7-8 cm de altura por ano. O peso de nascimento quadruplica em torno dos 2 anos e meio de idade. Uma criança mediana de 4 anos pesa 20 kg e tem 1 metro de altura. A cabeça cresce apenas 5 cm entre 3 e 18 anos de idade. Crianças com rebote da adiposidade precoce (aumento do índice de massa corporal) têm maior risco de obesidade na fase adulta. O crescimento dos órgãos sexuais é proporcional ao crescimento somático. Os pré-escolares apresentam genuvalgo (joelhos que batem) e pés planos (pés chatos) discretos. O tronco emagrece à medida que as pernas se fortalecem. A energia física atinge o máximo, e a necessidade de sono cai para 11-13 horas/dia, incluindo eventualmente uma sesta. A acuidade visual atinge 20/30 até os 3 anos de idade e 20/20 por volta dos 4 anos. Todos os 20 dentes de leite já irromperam até os 3 anos. A maioria das crianças apresenta marcha bem desenvolvida e corre com firmeza antes do final do terceiro ano de vida. Além desse nível básico, há grande variação nas habilidades, conforme a amplitude das atividades motoras se expande, e pode incluir jogar, pegar e chutar bola; andar de bicicleta; usar os brinquedos do playground; dançar; e outros tipos complexos de comportamento. A destreza manual geralmente se estabelece por volta dos 3 anos de idade. Pode ocorrer frustração resultante de mudar a preferência da criança pela mão direita ou esquerda. As variações do desenvolvimento motor fino refletem tanto a propensão individual quanto as oportunidades diferentes de aprendizado. Por exemplo, as crianças que raramente são autorizadas a usar giz de cera ou crayon, por exemplo, demoram mais para desenvolver o modo maduro de segurar o lápis no futuro. O controle intestinal e vesical inicia-se nesse período, e a “presteza” para apreender a usar o banheiro tem grande variação individual e cultural. As meninas tendem a ser mais rápidas e mais precoces que os meninos. Molhar a cama é normal até os 4 anos para as meninas e 5 anos para os meninos. Muitas crianças aprendem a usar o banheiro com facilidade, particularmente as que são capazes de verbalizar suas necessidades corporais. Para outras, esse treinamento pode envolver uma prolongada disputa de forças. A recusa para defecar no vaso sanitário ou em urinol é relativamente comum e pode provocar constipação na criança e frustração nos pais. Suavizar o problema com interrupção temporária do treinamento (e retorno às fraldas) frequentemente viabiliza o processo de controle das eliminações. 4 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Transtorno do Espectro Autista (TEA) INTRODUÇÃO O transtorno do espectro autista, antes conhecido por transtornos globais do desenvolvimento, é um grupo fenotipicamente heterogêneo de síndromes neuroevolutivas, com hereditariedade poligênica, que se caracteriza por uma ampla gama de problemas na comunicação social e por comportamentos restritos e repetitivos. OBS: O transtorno do autismo era caracterizado pela presença de problemas em três domínios: comunicação social, comportamentos restritos e repetitivos e desenvolvimento e uso de linguagem aberrante. Um consenso clínico recente mudou o conceito e os problemas diagnósticos básicos caíram em dois domínios: deficiências na comunicação social comportamentos restritos e repetitivos. O desenvolvimento e uso da linguagem aberrante deixaram de ser considerados uma característica básica do transtorno do espectro autista. Via de regra, o transtorno do espectro autista se torna evidente no decorrer do segundo ano de vida, e, em alguns casos, se observa uma ausência de interesse evolutivo apropriado nas interações sociais, mesmo no primeiro ano de vida. Alguns estudos sugerem a possibilidade de que ocorra um declínio na interação social entre o primeiro e o segundo ano de vida. Entretanto, em casos mais brandos, deficiências básicas no transtorno do espectro autista talvez não sejam identificadas por muitos anos. Embora os problemas linguísticos não sejam critérios diagnósticos primordiais nesse transtorno, os médicos e os pais compartilham preocupações sobre crianças que ainda não tenham desenvolvido linguagem alguma no período de 12 a 18 meses de idade; além disso, retardo linguístico acompanhado de uma retração no comportamento social é, com frequência, um sintoma preditor do transtorno de espectro autista. Nos termos do DSM-5, os critérios diagnósticos para o transtorno do espectro autista incluem deficiências na comunicação social e interesses restritos, que se apresentam na fase inicial do período evolutivo; entretanto, quando sutis, esses sinais talvez não sejam identificados até alguns anos mais tarde. Aproximadamente um terço das crianças que atendem aos critérios diagnósticos do DSM-5 para o transtorno do espectro autista apresenta incapacidade intelectual (II). EPIDEMIOLOGIA Prevalência: os transtornos do espectro autista foram diagnosticados de uma forma crescente nas últimas duas décadas, e, atualmente, estima-se que a prevalência seja em torno de 1% nos Estados Unidos. As taxas de prevalência aumentam com a idade nos casos de crianças mais jovens, isso devido alguns casos serem identificados mais tardiamente. Distribuição por sexo: 4x maior em meninos do que em meninas. Em amostragens clínicas, as garotas que o apresentam revelam incapacidade intelectual com muito mais frequência do que os garotos. Uma explicação potencial para esse fato é que há uma probabilidade bem menor de identificar, encaminhar clinicamente e diagnosticar meninas com esse transtorno sem incapacidade intelectual. ETIOLOGIA E PATOGENESE Fatores genéticos Estudos realizados com famílias e gêmeos indicam que o transtorno do espectro autista tem uma contribuição hereditária significativa; entretanto, não parece ser completamente penetrante. Embora até 15% dos casos de transtorno do espectro autista pareçam estar associados a mutações genéticas conhecidas, na maior parte das situações sua expressão depende de múltiplos genes. Estudos de famílias revelaram que houve um aumento nas taxas de incidência do transtorno do espectro autista nos irmãos de uma criança – índice de até 50% em algumas famílias com duas ou mais crianças com transtorno do espectro autista. Os irmãos de uma criança com esse transtorno também correm um grande risco de apresentar uma multiplicidade de problemas de desenvolvimento nas habilidades comunicativas e sociais, mesmo nas situações em que não atendam aos critérios para o transtorno do espectro autista. 5 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Biomarcadores no transtorno do espectro autista Há vários biomarcadoresde sinalização anormal no sistema 5-HT, nos mecanismos de plasticidade sináptica ligados ao mTOR e nas alterações do sistema inibitório do ácido "% -aminobutírico (GABA). O primeiro biomarcador identificado no transtorno do espectro autista foi um nível elevado de serotonina no sangue total, quase apenas nas plaquetas. Fatores imunológicos Há diversos relatos sugerindo que a incompatibilidade imunológica (i.e., anticorpos maternos direcionados ao feto) pode contribuir para o transtorno do espectro autista. Os linfócitos de algumas crianças autistas com anticorpos maternos permitem pensar que os tecidos neurais embrionários tenham sido lesionados durante a gestação. Em geral, esses relatos se referem a casos únicos e aos resultados de estudos controlados, e essa hipótese ainda se encontra em investigação. Fatores pré-natais e perinatais Fatores pré-natais mais significativos são: - idade materna e paterna avançada no momento do nascimento do bebê - hemorragia gestacional materna - diabetes gestacional - bebê primogênito Fatores de risco perinatais incluem: - complicações no cordão umbilical - trauma no nascimento - desconforto fetal - feto pequeno para a idade gestacional - peso baixo ao nascer - baixo índice de Apgar no quinto minuto - malformação congênita - incompatibilidade do grupo sanguíneo ABO ou do fator Rh - hiperbilirrubinemia. DIAGNÓSTICO 6 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Sintomas centrais do transtorno do espectro autista Deficiências persistentes na comunicação e interação social Não se adaptam ao nível esperado de habilidades sociais recíprocas e de interações sociais não verbais espontâneas. Lactentes → não desenvolvam sorrisos sociais Bebês mais velhos → podem não ter a postura antecipatória de serem colocados no colo de uma cuidadora. Contato com os olhos menos frequente e mais fraco Comportamento de apego atípico É possível que essas crianças não reconheçam ou diferenciem explicitamente as pessoas mais importantes em suas vidas – pais, irmãos e professores –, e, no entanto, é provável que não reajam de forma tão intensa quando são deixadas com uma pessoa estranha, se comparadas a outras crianças da mesma idade. Sentirem e demonstrarem uma ansiedade extrema quando sua rotina normal é interrompida. Deficiência nas brincadeiras espontâneas com pares e nas capacidades sociais sutis que estimulam o desenvolvimento de amizades. Sob o ponto de vista cognitivo, frequentemente crianças com esse transtorno têm mais habilidade nas tarefas visuais do que nas que exigem raciocínio verbal. Deficiência na capacidade de perceber os sentimentos ou o estado emocional das pessoas a seu redor. Ou seja, indivíduos com o transtorno não conseguem atribuir motivações ou intenções a outras pessoas (fato também conhecido como “teoria da mente”) e, por isso, sentem dificuldades para desenvolver empatia. A ausência da “teoria da mente” dificulta a interpretação do comportamento social de outras pessoas e produz ausência de reciprocidade social. De modo geral, adolescentes e adultos com transtorno do espectro autista desejam manter relacionamentos românticos, e, para alguns deles, o aprimoramento nas habilidades e na competência social possibilita o desenvolvimento de relacionamentos de longo prazo. Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades Em geral, as crianças autistas não apresentam o nível de brincadeiras imitativas ou de pantomima abstrata exibido pelas outras da mesma idade, nas quais essas características são espontâneas. As atividades e brincadeiras das crianças com o transtorno do espectro autista parecem ser mais rígidas, repetitivas e monótonas em comparação com os pares. Os comportamentos ritualísticos e compulsivos são comuns na fase inicial e intermediária da infância. Na maior parte das vezes, as crianças afetadas apreciam girar, martelar e ver o fluir de um fluxo de água. Comportamentos compulsivos espontâneos, tais como alinhar objetos, são comuns; e, às vezes, uma criança com esse tipo de transtorno pode demonstrar um forte apego por determinados tipos de objetos inanimados. Crianças autistas com deficiência intelectual grave apresentam taxas elevadas de comportamentos autoestimuladores e autolesivos. Estereotipias, maneirismos e fazer caretas surgem com maior frequência nos casos em que a criança estiver em uma situação menos estruturada. Essas crianças costumam encarar transições e mudanças como intimidatórias. Fatos como mudança para outra casa, reorganização da mobília do quarto ou mesmo pequenas alterações, como fazer as refeições antes do banho, quando o contrário era a rotina, podem desencadear pânico, medo ou ataques de birra. Caraterísticas físicas associadas À primeira vista, crianças com o transtorno do espectro autista não apresentam sinais físicos que indiquem a presença do transtorno. De maneira geral, elas realmente apresentam taxas mais elevadas de anomalias físicas de menor importância, como, por exemplo, malformações nas orelhas, e outras que podem ser reflexo de anomalias que ocorreram durante o desenvolvimento fetal dos órgãos, junto com partes do cérebro. Um número maior do que a expectativa de crianças com transtorno autista não apresenta destreza manual e lateralidade e permanecem 7 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP ambidestras na idade em que o domínio cerebral costuma ser estabelecido. Observou-se que as que aquelas afetadas o transtorno apresentam uma incidência mais elevada de dermatoglifia anormal (p. ex., impressões digitais) do que a população em geral. Essa descoberta possivelmente seja a indicação de alguma perturbação no desenvolvimento neuroectodérmico. Sintomas comportamentais associados que podem ocorrer no transtorno do espectro autista Perturbações no desenvolvimento e uso da linguagem As deficiências no desenvolvimento da linguagem e as dificuldades no uso da linguagem para comunicar ideias não fazem parte dos critérios básicos para diagnosticar o transtorno do espectro autista; O desvio linguístico, assim como o retardo no desenvolvimento da linguagem, é uma característica de subtipos mais graves desse transtorno. As crianças sofrem com a versão grave do transtorno, sentem uma grande dificuldade para organizar as frases de uma forma inteligível, mesmo que tenham um vocabulário amplo. No primeiro ano de vida, o padrão típico de balbucio pode ser mínimo ou ausente. Algumas crianças com o transtorno do espectro autista vocalizam ruídos – cliques, guinchos ou sílabas sem sentido – de uma forma estereotipada, sem intenção aparente de se comunicar. É bastante comum o fato de algumas usarem uma palavra uma vez e não usá-la novamente durante uma semana, um mês ou vários anos. Alguns jovens apresentam fala com ecolalia, tanto imediata como retardada, ou frases estereotipadas que parecem fora do contexto. Inversões pronominais → pode dizer, por exemplo, “Você quer o brinquedo”, quando, na realidade, ela é quem deseja o brinquedo. Às vezes, são excelentes na execução de determinadas tarefas ou têm habilidades especiais; por exemplo, uma criança pode aprender a ler fluentemente na idade pré-escolar (hiperlexia). Embora consigam ler muitas palavras, crianças muito jovens com transtorno do espectro autista compreendem muito pouco o sentido daquilo que foi lido. Deficiência intelectual Em torno de 30% das crianças com transtorno do espectro autista apresentam um nível intelectualmente incapaz no desempenho intelectual. Irritabilidade A definição de irritabilidade inclui agressão, comportamentos autolesivos e ataques graves de birra e são bastante observados em crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista. Esses sintomas costumam ser produzidos por situações do dia a dia em que esses jovens mudam de uma atividade para outra, permanecem sentados na sala de aula ou ficam quietos quando sentem vontade de sair correndo. Nos casos de crianças afetadas pelo transtorno com desempenho mais baixo e com deficiências intelectuais, o instintivo agressivo pode surgir de forma inesperada, sem um desencadeador ou propósito óbvio, sendo observados também comportamentos autolesivos, como bater a cabeça, beliscar a pele e se morder. Instabilidade no humor e no afeto Algumas crianças com transtorno do espectro autista apresentam mudanças repentinas de humor, com explosões de riso ou de choro, sem nenhuma razão óbvia. A melhor compreensão desses episódios se torna ainda mais difícil nas situações em que elas não conseguem expressar pensamentos associados ao afeto. Resposta a estímulos sensoriais Respondem de forma intensa a alguns estímulos e fraca a outros estímulos sensoriais (p. ex., ao som e à dor). É uma ocorrência comum que elas aparentem ser surdas; em geral, respondem muito pouco ao som da voz de uma conversa normal; no entanto, a mesma criança poderá demonstrar um interesse intenso pelo som de um relógio de pulso. Algumas crianças apresentam um limiar alto para dor ou respostas alteradas para ela. Na realidade, algumas não respondem a uma lesão com choro ou busca de conforto. 8 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Alguns jovens autistas persistem em alguma experiência sensorial; por exemplo, com frequência cantarolam uma música ou cantam a canção de algum anúncio comercial, antes de expressar palavras ou de usar a fala. Outros gostam particularmente da estimulação vestibular – rotação, oscilação e movimentos para cima e para baixo. Hiperatividade e desatenção São comportamentos comuns em crianças com o transtorno do espectro autista. Níveis de atividade abaixo da média são menos frequentes; nesse caso, há alternância com excesso de atividade. Comportamentos como déficit de atenção e incapacidade para se concentrar em uma tarefa específica também interferem no desempenho diário. Habilidades precoces Alguns têm habilidades precoces ou dissidentes de grande proficiência, tais como habilidade prodigiosa para cálculos e aprendizagem de memória, geralmente além das capacidades dos pares normais. Outras habilidades precoces potenciais em algumas crianças autistas incluem hiperlexia, uma capacidade precoce para leitura (mesmo que não entendam aquilo que estão lendo), memorização e declamação e habilidades musicais (cantar ou tocar; ou reconhecer peças musicais). Insônia Insônia é um problema frequente do sono entre crianças e adolescentes com o transtorno do espectro autista, e as estimativas indicam que ocorre em 44 a 83% das crianças em idade escolar. Terapias comportamentais e farmacológicas foram aplicadas como intervenções. As intervenções comportamentais incluem mudança no comportamento parental, antes e no momento de ir para a cama, bem como criação de rotinas que eliminem os estímulos para permanecer acordado. Farmacológicas → melatonina, que aparentemente é um agente promissor em doses variando de 1 mg com liberação rápida a 4 mg com liberação controlada, conforme demonstraram alguns estudos envolvendo jovens com esse transtorno. Infecções menores e sintomas gastrintestinais Há relatos de crianças mais jovens com transtorno do espectro autista que apresentam incidência acima das expectativas de infecções no trato respiratório superior e outras de menor importância. Sintomas gastrintestinais: arrotos excessivos, constipação e movimentos intestinais soltos. Observa-se também um aumento na incidência de convulsões febris. Algumas crianças não apresentam elevações na temperatura na presença de enfermidades infecciosas de menor importância e podem não sentir a indisposição típica de quem está doente. Em outras, os problemas comportamentais e as condições relacionadas aparentam melhorar significativamente nos casos de enfermidades menos graves, e essas mudanças podem ser indicações da presença de alguma enfermidade física. Escala M-CHAT A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda, portanto, que toda criança seja triada para autismo entre 18 e 24 meses mesmo que não tenha sinais clínicos de alerta ou atrasos no DNPM. Para isto, a principal escala utilizada para esta triagem é a Modifield Checklist fo Autism in Toddlers (M-CHAT). Este instrumento é validado para triagem e não diagnóstico sendo direcionado para identificar sinais precoces de autismo e não para uma análise global do neurodesenvolvimento. Deve ser aplicado pelo Pediatria durante a consulta de puericultura com o objetivo de detectar o maior número de casos suspeitos de TEA o que pode levar a falsos positivos. Diante disto, uma outra ferramenta foi criada para aumentar a especificidade no diagnóstico de TEA através do M-CHAT- R/F a ser realizada com crianças entre 16 e 30 meses de idade. Os questionários são autoexplicativo devendo ser realizado com os pais no momento da consulta acessando o mesmo no link: https://mchatscreen.com/wp-content/uploads/2015/05/M-CHAT_Por- tuguese_Brazil.pdf. https://mchatscreen.com/wp-content/uploads/2015/05/M-CHAT_Por-tuguese_Brazil.pdf https://mchatscreen.com/wp-content/uploads/2015/05/M-CHAT_Por-tuguese_Brazil.pdf 9 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os transtornos a serem considerados no diagnóstico diferencial de transtorno do espectro autista incluem: Transtorno da comunicação social (pragmática); Da comunicação, descrito recentemente no DSM-5; Esquizofrenia com início na infância; Surdez congênita ou distúrbio auditivo grave; Privação psicossocial. O diagnóstico de transtorno do espectro autista também é muito difícil devido à sobreposição potencial dos sintomas com esquizofrenia da infância, síndromes de capacidade intelectual com sintomas comportamentais e transtornos da linguagem. TRATAMENTO Metas principais: Focar comportamentos básicos para melhorar as interações sociais e a comunicação; Ampliar as estratégias de integração escolar; Desenvolver relacionamentos significativos com os pares; Aumentar as habilidades para viver uma vida independente no longo prazo. Logo após o diagnóstico é fundamental comunicar adequadamente à família, oferecendo amparo a mesma e estabelecendo um bom vínculo que seja capaz de repercutir de forma positiva no modo como os familiares irão enfrentar o diagnóstico, encorajando os mesmos a realizar questionamentos e a participar da tomada de decisão quanto ao tratamento. Algumas ferramentas de apoio foram criadas para este momento, como por exemplo o “kit dos 100 primeiros dias” disponível no site www.autismspeaks. org e o site www.autismo.institutopensi.org.br onde é possível acessar manuais que auxiliam nos cuidados cotidianos à criança. 10 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP A intervenção precoce está associada a ganhos significativos no funcionamento cognitivo e adaptativo da criança, aumentando seus potenciais de desenvolvimento, reduzindo danos intelectuais, melhorar a qualidade de vida das mesmas, além de diminuir as angústias da família. Com isso, é possível uma maior capacidade de organização neural através da neuroplasticidade e potencial de mielinização cerebral já que é nos primeiros anos de vida que a formação sináptica possui maior velocidade e resultados satisfatórios. A terapia cognitiva comportamental tem resultados melhores se iniciada antes dos 3 anos de idade, resultando em melhora da linguagem e função social da criança. Para a melhor abordagem terapêutica deve-se contar com uma equipe interdisciplinar com profissionais da Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional,Psicopedagogia, Fisioterapia, Assistência Social e Educação Física. O pediatra deve gerar essa articulação não somente entre os profissionais, mas entre as terapias adotadas. Os pais também devem ser capacitados por estes profissionais para estimular a criança no ambiente domiciliar. A terapia cognitiva comportamental é o cerne do tratamento já que não há medicamentos específicos para o tratamento da TEA. Diversas são os programas terapêuticos disponíveis que visam estimular a criança, promover sua interação e estabelecendo rotinas agregando a participação dos pais, cuidadores e educadores. Um destes é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) que visa promover interações sociais positivas e naturalistas para aumentar a motivação da criança para competências sociais, aprendizagem e desenvolvimento da comunicação receptiva e expressiva das habilidades cognitivas e motoras. Tratamento medicamentoso É direcionado para o tratamento de condições associadas ao TEA (comorbidades) ou controle de comportamentos disruptivos como: irritabilidade, impulsividade, agitação, auto e/ou heteroagressividade e destrutividade. Os antipsicóticos costumam ser utilizados, no entanto, apenas a Risperidona e o Aripipazol são indicados para sintomas relacionados ao TEA. Transtorno Opositor Desafiador (TOD) INTRODUÇÃO Comportamentos disruptivos, especialmente padrões oposicionais e comportamentos agressivos, estão entre os motivos mais frequentes de indicação de crianças e adolescentes para avaliação psiquiátrica. A origem de padrões estáveis de comportamentos de oposição desafiante é amplamente aceita como uma convergência de múltiplos fatores contribuintes, incluindo biológicos, temperamentais, aprendidos e condições psicológicas. Fatores de risco para o desenvolvimento de comportamento agressivo nos jovens incluem: maus-tratos infantis, como abuso físico ou sexual negligência abuso emocional parentagem bruta ou punitiva em excesso. O DSM-5 dividiu o transtorno de oposição desafiante em três tipos: Humor Raivoso/Irritável Comportamento Questionador/ Desafiante Índole Vingativa Uma criança pode satisfazer os critérios diagnósticos para transtorno de oposição desafiante com um padrão de 6 meses de pelo menos quatro sintomas desses três tipos. Crianças raivosas/irritáveis com transtorno de oposição desafiante perdem a cabeça com frequência, ficam facilmente incomodadas e se sentem irritadas na maior parte do tempo. Já aquelas que são questionadoras/desafiadoras exibem um padrão de questionamento de figuras de autoridade e adultos, como pais, professores e parentes. Crianças com esse tipo de transtorno de oposição desafiante recusam-se a obedecer a pedidos, quebram regras de forma deliberada e incomodam os outros de propósito. Elas não costumam assumir responsabilidade por suas ações e em geral culpam os outros por seu mau comportamento. 11 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Crianças com o tipo vingativo de transtorno de oposição desafiante são rancorosas, tendo de demonstrar ações vingativas ou rancorosas pelo menos duas vezes em 6 meses para satisfazer os critérios diagnósticos. O transtorno de oposição desafiante é caracterizado por padrões duradouros de comportamento negativo, desobediente e hostil em relação a figuras de autoridade, assim como uma incapacidade de assumir responsabilidade por erros, o que leva a jogar a culpa nos outros. Crianças com o transtorno frequentemente discutem com adultos e se sentem cada vez mais incomodadas pelos outros, levando a um estado de ressentimento irritado. Elas podem ter dificuldade na sala de aula e nos relacionamentos com os pares, mas de modo geral não recorrem a agressão física ou a comportamento destrutivo marcante. Em contraste, crianças com transtorno da conduta realizam atos repetidos de agressividade que podem causar mal físico a si mesmas e aos outros, violando muitas vezes os direitos alheios. No transtorno de oposição desafiante, os surtos de agressividade, a recusa ativa a seguir regras e os comportamentos inoportunos dos pacientes excedem as expectativas em relação a esses comportamentos para crianças da mesma idade. O transtorno é um padrão duradouro de comportamentos negativos, hostis e desafiantes na ausência de sérias violações dos direitos dos outros. EPIDEMIOLOGIA Comportamentos de oposição e negativos, de forma moderada, são normais na infância e na adolescência. Estudos epidemiológicos de traços negativos em populações não clínicas encontrou tal comportamento em 16 a 22% das crianças em idade escolar. Embora possa começar já aos 3 anos, o transtorno de oposição desafiante costuma ser notado por volta dos 8 anos e não depois do início da adolescência. Esse transtorno foi reportado a taxas de 2 a 16%, sendo as mais elevadas em meninos na puberdade, com uma proporção igual para ambos os sexos após a puberdade. Sua prevalência em homens e em mulheres diminui em jovens com mais de 12 anos. ETIOLOGIA O exemplo mais marcante de comportamento normal de oposição tem seu auge entre 18 e 24 meses, os “terríveis 2 anos”, quando os bebês se comportam negativamente como forma de expressar sua crescente autonomia. A patologia começa quando essa fase de desenvolvimento persiste de modo anormal, figuras de autoridade têm reação exagerada ou o comportamento de oposição ocorre com muito mais frequência do que nas outras crianças com a mesma idade. Entre os critérios incluídos no transtorno de oposição desafiante, irritabilidade parece ser o mais preditivo de transtornos psiquiátricos posteriores, enquanto outros elementos podem ser considerados componentes do temperamento. No fim da infância, trauma ambiental, doença ou incapacidade crônica, como retardo mental, podem ativar a oposição como uma defesa contra o desamparo, a ansiedade e a perda de autoestima. Outro estágio normativo de oposição ocorre na adolescência como expressão da necessidade de se separar dos pais e de estabelecer uma identidade autônoma. A teoria psicanalítica clássica implica conflitos não resolvidos como a fonte dos comportamentos desafiantes contra figuras de autoridade. Os behavioristas observaram que, em crianças, a oposição pode ser um comportamento aprendido reforçado pelo qual a criança exerce controle sobre figuras de autoridade; por exemplo, se fazer pirraça força os pais a retirar um pedido que haviam feito, então essa pirraça fica fortemente reforçada. Além disso, atenção parental aumentada durante um surto também pode reforçar o comportamento. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Crianças com transtorno de oposição desafiante costumam discutir com adultos, perder a cabeça e ficar com raiva, ressentidas e irritadas a um nível e uma frequência fora da variação esperada para sua idade e nível de desenvolvimento. Enfrentarem ordens ou regras de adultos 12 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Tendem a culpar os outros por seus próprios erros. Os sintomas do transtorno ficam mais evidentes em interações com adultos ou pares que a criança conhece bem. Pode não exibir sinais do problema quando examinada clinicamente. O transtorno parece causar mais sofrimento àqueles ao redor da criança do que a ela própria. Interferem nos relacionamentos interpessoais e no desempenho escolar. rejeitadas pelos pares, podendo se tornar isoladas e solitárias Apesar da inteligência adequada, elas podem se sair mal ou ser reprovadas na escola devido a sua falta de cooperação, baixa participação e incapacidade de aceitar ajuda. Baixa autoestima, baixa tolerância a frustração, humor deprimido e surtos de agressividade. Adolescentes ostracizados podem se voltar ao álcool ou a substâncias ilícitas como forma de serem aceitos pelos pares. Crianças cronicamenteirritáveis com frequência desenvolvem transtornos do humor na adolescência ou na vida adulta. Patologia e exames de laboratório Não há testes laboratoriais ou achados patológicos específicos que ajudem a diagnosticar o transtorno de oposição desafiante. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Comportamentos opositores são normais e adaptativos no âmbito da variação esperada em estágios específicos do desenvolvimento. Quando características do transtorno de oposição desafiante aparecem durante o curso de um transtorno da conduta, esquizofrenia ou transtorno do humor, o diagnóstico de transtorno de oposição desafiante não deve ser feito. Comportamentos opositores e negativos também podem estar presentes no TDAH, em transtornos cognitivos e no retardo mental. Existe uma associação entre o transtorno de oposição desafiante e o TDAH, bem como os transtornos do humor. TRATAMENTO O principal tratamento para transtorno de oposição desafiante é intervenção familiar, usando tratamento direto dos pais, com habilidades de gerenciamento da criança, assim como avaliação cuidadosa das interações familiares. Os objetivos dessa intervenção são reforçar comportamentos mais pró- sociais e, ao mesmo tempo, reduzir comportamentos indesejados. Terapeutas cognitivo-comportamentais enfatizam que deve ser ensinado aos pais como alterar seus comportamentos para desencorajar o comportamento opositor da criança, reduzindo a atenção dada a ele. Além disso, deve-se estimular a terapia adequada, concentrada em reforçar seletivamente e elogiar comportamentos apropriados, bem como ignorar ou não reforçar aqueles indesejados. Psicoterapia individual. Conflitos entre pais e filhos são fortes preditores de problemas de conduta; padrões rigorosos de punições físicas e verbais, em particular, provocam o surgimento da agressividade em crianças. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) INTRODUÇÃO O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é identificado pelo Manual Diagnóstico e estatístico dos Transtornos Mentais (DSM 5) como um distúrbio do neurodesenvolvimento, definido por sintomas de desatenção, desorganização ou hiperatividade e impulsividade. Os transtornos do neurodesenvolvimento são um conjunto de condições que levam a déficits no desenvolvimento e começam a se manifestar em crianças com idade pré-escolar, causando dificuldades no desempenho social, pessoal, acadêmico e profissional. A desatenção e desorganização estão relacionados com: dificuldade de permanecer em uma tarefa perder objetos não perceber um chamado em nível incoerente à idade. 13 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Já a hiperatividade e impulsividade envolvem: inquietação interferência nas atividades de outras pessoas incapacidade de aguardar sua vez ou de permanecer sentado também de forma inadequada ao nível de desenvolvimento. Sabe-se que o TDAH é uma das condições mais estudadas em crianças com idade escolar atualmente e calcula-se que este transtorno é um dos principais motivos de encaminhamento de pacientes nesta faixa etária para o serviço de saúde, porém os dados epidemiológicos sofrem grandes variações de um local para o outro. Diversos países realizam estudos de epidemiológicos de TDAH e encontram resultados diferentes. A localização geográfica tem pouca influência nesses dados e essas divergências obtidas nas taxas de prevalência são consequência da diferença de metodologia entre os estudos, como idade, fonte de informação, critérios diagnósticos e forma de aplicação. EPIDEMIOLOGIA Taxa de prevalência em torno de 3% a 6% em crianças em idade escolar, sendo mais prevalente em meninos. A prevalência mundial é de 5,3% em crianças e adolescentes menores de 18 anos. Estima-se que metade desses pacientes permaneçam sintomáticos na idade adulta. A diferença entre os gêneros varia de 2:1 em estudos populacionais e chega até 9:1 em estudos clínicos. Dentre os subtipos, o predominantemente hiperativo/impulsivo atinge entre 2 a 9 vezes mais os meninos, e o tipo predominantemente desatento atinge ambos os sexos com frequência similar. A diferença de prevalência entre os sexos possivelmente ocorre, pois, meninas apresentam mais o subtipo predominantemente desatento que exibe menos transtornos de conduta como comorbidade e causa menos desconforto social para a escola e para a família e, por isso, são menos encaminhadas ao serviço de saúde. Faltam estudos que possibilitem uma avaliação clara da diferença de prevalência dentre os níveis sociais e as etnias. FISIOPATOLOGIA A etiologia precisa do TDAH ainda permanece desconhecida, porém sabe- se que existe uma influência genética e ambiental para seu desenvolvimento. interação de genes suscetíveis entre si e com o ambiente O TDAH apresenta uma grande heterogeneidade clínica e, por isso, acredita-se que tenha também uma heterogeneidade etiológica. Apesar de ainda não haver estudo que indique algum gene que seja suficiente para o desenvolvimento da doença, algumas pesquisas sugerem que genes codificadores dos componentes do sistema dopaminérgico, serotoninérgico e noradrenérgico estão envolvidos na sua fisiopatologia. Polimorfismos no gene transportador de dopamina (DAT1), no gene do receptor D4 de dopamina (DRD4) e no gene do receptor 2A de serotonina (HTR2A) podem estar associados as manifestações clínicas do TDAH, mas não são fatores causais necessários. A maturação e mielinização do encéfalo ocorre de maneira póstero- anterior, assim, seguindo a cronologia de desenvolvimento neurológico é considerado fisiológico algum nível de hiperatividade isolada em crianças sem acometimento até cerca de 4 anos de idade, pois a região pré-frontal (responsável pelo controle motor) só finaliza seu processo de mielinização nesse período. Estudos mais recentes sugerem que crianças com TDAH apresentam atividade reduzida, menor volume e uma lentificação na maturação do córtex pré-frontal, que entre outras coisas, está relacionado à capacidade de atenção e controle de impulsos. A menor disponibilidade de receptores D2 e D3 de dopamina está associada a sintomas de desatenção, enquanto que a hiperatividade está mais ligada ao bloqueio de receptores α2 de serotonina. Fatores ambientais Questões psicossociais que modifiquem o funcionamento adaptativo da criança, como presença de doença mental nos pais e história de abuso infantil; Complicações da gestação: eclampsia, estresse fetal e hemorragia pré-parto; 14 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Pacientes com muito baixo peso ao nascer tem risco amentado de 2 a 3 vezes de desenvolver o transtorno do que a população geral; Exposição intrauterina ao álcool ou tabaco. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O diagnóstico do TDAH é clínico, realizado através de critérios operacionais de sistemas classificatórios, como o DSM. Os critérios utilizados pelo DSM abrangem uma avaliação da intensidade, frequência, contexto e duração dos sintomas. Os sintomas envolvem: Desatenção: é percebida pela distração durante as atividades, mudança constante de atividades, frequentes mudanças de assunto durante uma conversa e aversão a realização de atividades mais complexas que necessitam de organização. Hiperatividade/impulsividade: são manifestadas dificuldade de ficar sentado, movimentação excessiva, agir sem pensar nas consequências e dificuldade em esperar sua vez. Para realizar o diagnóstico de desatenção pelo DSM 5, o paciente precisa preencher pelo menos 6 dos critérios listados abaixo: 1. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades; 2. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; 3. Frequentemente parece nãoescutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente; 4. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho; 5. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; 6. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado; 7. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; 8. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos; 9. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas. Para diagnóstico de hiperatividade e impulsividade pelo DSM 5, o paciente precisa preencher pelo menos 6 dos critérios listados abaixo: 1. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. 2. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado; 3. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado; 4. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente; 5. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”; 6. Frequentemente fala demais; 7. . Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída; 8. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez; 9. Frequentemente interrompe ou se intromete; 15 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Para fechar o diagnóstico Os sintomas precisam ser constantes e persistentes por um período mínimo de 6 meses e terem um grau incoerente com a idade e o nível de desenvolvimento da criança. Devem ter surgido antes dos 12 anos de idade e influenciarem negativamente a funcionalidade das atividades sociais, diminuindo a qualidade das tarefas exercidas, estando presente em pelo menos 2 ambientes (como casa, escola, com amigos). Por ser um transtorno dinâmico e possivelmente transitório, com possibilidade de melhora clínica conforme o desenvolvimento e a maturação neurológica, o paciente deve ser reavaliado e o diagnóstico precisar ser revisado a cada 6 meses. Na idade pré-escolar, a principal manifestação é a hiperatividade. Muitas vezes, os sintomas começam a ser percebidos pelos pais quando a criança começa a andar, porém nessa idade é muito difícil diferenciar o comportamento normal do patológico devido a maturação do encéfalo só se completar aos 4 anos de idade. Por isso, o TDAH é mais diagnosticado durante o ensino fundamental, principalmente quando o paciente apresenta desatenção, por ela ficar mais perceptível e prejudicial no ambiente escolar. Durante a adolescência, o transtorno tende a melhorar e ficar mais estável, com sintomas de hiperatividade motora menos perceptíveis. Porém, a desatenção, a impulsividade, a sensação de inquietude e os problemas de planejamento de tarefas tendem a continuar e permanecer durante a vida adulta. Apesar da presença de sintomas de desatenção, o paciente com TDAH costuma apresentar o hiperfoco que é a capacidade de se manter concentrado em uma única tarefa por várias horas. Normalmente a criança tem hiperfoco de forma inconsciente em atividades que considera prazerosa. Os sintomas podem variar de acordo com o ambiente que a criança está e com o contexto a que está sendo submetido. Os sintomas podem ficar menos perceptíveis se o paciente está sob supervisão de um adulto, está inserido em um contexto social novo, está recebendo estímulos externos, está envolvido em atividades de seu interesse ou está recebendo recompensas constantes por seguir determinado comportamento. O TDAH não é considerado um transtorno de aprendizagem, mas seus sintomas podem gerar uma dificuldade de aprendizagem, resultando em um pior rendimento escolar e sucesso acadêmico e profissional reduzido. Procuram mais serviços de emergência por lesões acidentais, como fraturas e tendem a se envolver mais em violações e acidentes de trânsito. Crianças com o diagnóstico tem risco maior do que a população geral de evoluir com transtorno de conduta na adolescência e transtorno de personalidade antissocial na vida adulta. Uma das principais comorbidades das crianças com TDAH é o transtorno opositor desafiante (TOD), podendo estar presente em até metade dos pacientes com TDAH com subtipo combinado. CLASSIFICAÇÃO O TDAH é classificado em 3 subtipos: Apresentação predominantemente desatenta → quando somente os critérios de desatenção são preenchidos, sem preencher os 6 critérios de hiperatividade/ impulsividade. Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva → quando somente os critérios de hiperatividade/impulsividade são preenchidos, sem preencher os 6 critérios de desatenção. Apresentação combinada → quando preenche critérios para desatenção e hiperatividade/impulsividade. Também pode ser classificado conforme a gravidade: Leve → se o paciente apresentar poucos ou nenhum sintoma além dos necessários para o diagnóstico e tenha apenas pequenos prejuízos no âmbito social ou acadêmico/profissional. Grave → se tiver muitos sintomas além dos necessários para o diagnóstico ou apresenta sintomas graves ou que resulte em grande prejuízo nas relações sociais ou na função acadêmica ou profissional. Moderado → quando os sintomas não se encaixam nem em leve nem em grave. 16 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP EXAMES COMPLEMENTARES O diagnóstico do TDAH é eminentemente clínico e não exige exames laboratoriais ou de imagem. Não existe nenhum marcador biológico para diagnóstico de TDAH. Exames de eletroencefalograma mostram que crianças com TDAH apresentam um aumento de ondas lentas, e ressonância magnética do crânio apresenta volume encefálico total menor que crianças sem o transtorno. Porém, esses exames não são indicados para a prática clínica, ficando limitado ao uso em pesquisas. Exames de acuidade visual e auditiva, entretanto, são importantes para identificar se o déficit de atenção é proveniente de alteração nessas funções sensoriais ou se podem estar relacionadas ao TDAH. Além disso, caso o paciente apresente características que indiquem uma possível síndrome do X frágil, é necessário descartar essa hipótese antes de concluir que é TDAH. TRATAMENTO É multiprofissional e engloba intervenções psicossociais e farmacológicas para atingir um bom resultado. Intervenções psicossociais O pediatra deve orientar os pais sobre intervenções comportamentais que podem ajudar a manejar os sintomas da criança, como, fornecer um ambiente sem estímulos visuais e silencioso para estudar, além de conhecer técnicas de reforço positivo, que podem favorecer o comportamento adaptativo social. Deve-se indicar tratamento psicológico, sendo que a modalidade mais estudada e com maior evidência científica de benefício para esses quadros é cognitivo-comportamental. Terapia medicamentosa Amplamente difundida através de medicamentos estimulantes, sendo essa classe a primeira escolha para o tratamento. Metilfenidato → é um dos medicamentos dessa classe, que age inibindo a recaptação da dopamina e pode ser administrado na dose inicial de 10 mg/Kg a cada 4 horas. Existem formulações de liberação lenta que permitem uma única dose diária. Lisdexanfetamina → que também inibe a recaptação da dopamina e pode ser administrada na dose inicial de 30mg uma vez ao dia. Por serem medicações estimulantes, só estão indicados para crianças maiores de 6 anos. Como medicações estimulantes podem apresentar efeitos colaterais como mudanças de humor, ansiedade, dificuldade para adormecer, diminuição do apetite, cefaleia e com uso prolongado pode causar desaceleração do crescimento o uso de medicação não estimulante pode ser melhor indicada. Atomoxetina → um fármaco não estimulante que inibe seletivamente a noradrenalina e está liberada para uso em maiores de 6 anos pode serprescrita, em dose de 0,3 mg/Kg, uma vez ao dia. 17 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Dislexia Até 75% das crianças e dos adolescentes com transtorno específico da aprendizagem têm deficiência de leitura. De maneira geral, estudantes que tiverem problemas de aprendizagem em outras áreas têm também dificuldades com a leitura. Caracteriza-se pela presença de fatores como dificuldade para reconhecer palavras, leitura lenta e inadequada, má compreensão do texto e dificuldades ortográficas. Na população infantil, com frequência a deficiência de leitura é comórbida com outros transtornos, em particular o de déficit de atenção/ hiperatividade. EPIDEMIOLOGIA Os relatos de amostragens de encaminhamento clínico indicam que há 4x mais garotos do que garotas com deficiências de leitura. Entretanto, em amostragens epidemiológicas, as taxas de deficiências de leitura são aproximadamente iguais entre ambos os sexos. Garotos com deficiência de leitura são encaminhados para avaliação psiquiátrica com mais frequência que as garotas, devido à presença comórbida de TDAH e problemas com comportamentos disruptivos. Não há qualquer diferencial claro de gênero entre adultos com dificuldades de leitura. COMORBIDADE O risco de incidência de deficiências adicionais de leitura, incluindo matemática e expressão escrita, é maior em crianças com dificuldades de leitura. Tradicionalmente, nos termos do DSM-5, o transtorno da linguagem, também conhecido por deficiência específica de linguagem, foi considerado uma condição distinta de dislexia e discalculia. Transtornos psiquiátricos comórbidos como TDAH, o de oposição desafiante, da conduta e os depressivos também são frequentes, principalmente em adolescentes. Os dados indicam que até 25% das crianças com deficiência de leitura podem ter TDAH comórbido. No entanto, estima-se que entre 15 e 30% das crianças diagnosticadas com TDAH tenham também o transtorno específico da aprendizagem. ETIOLOGIA É um transtorno neurobiológico com uma grande contribuição genética. Esse fato reflete uma deficiência no processamento dos sons da fala e consequentemente da linguagem falada. É muito provável que as crianças que se esforçam para ler também tenham deficiência para falar e nas habilidades para processar os sons da fala. Crianças portadoras desse tipo de deficiência não conseguem identificar de forma efetiva as partes das palavras que denotam sons específicos, resultando na dificuldade de reconhecer e “produzir os sons” das palavras. 18 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Uma vez que, via de regra, o prejuízo na leitura inclui uma deficiência de linguagem, teoricamente o lado esquerdo do cérebro tem sido considerado o sítio anatômico desse tipo de disfunção. DIAGNÓSTICO Faz-se o diagnóstico de deficiência de leitura quando a capacidade de leitura estiver significativamente abaixo daquela esperada para crianças da mesma idade. As características diagnósticas típicas incluem: Lembrar, evocar e fazer o sequenciamento de letras e palavras impressas; Processar construções gramaticais sofisticadas; Fazer inferências. O insucesso escolar e a baixa autoestima resultante exacerbam o problema à medida que a criança se torna cada vez mais desgastada com a sensação de falha e dedica menos tempo ao foco no trabalho acadêmico. CARACTERISTICAS CLÍNICAS Costumam ser identificadas em torno da idade de 7 anos (2º série). Eventualmente, as crianças compensam o transtorno da leitura nas séries elementares pelo uso da memória e de inferências, sobretudo aquelas com nível elevado de inteligência. Cometem muitos erros na leitura oral. Esses erros caracterizam-se por omissões, adições e distorções de palavras. Dificuldade para distinguir entre letras impressas, caracteres e tamanhos, em particular aqueles que se distinguem apenas em relação à orientação espacial e ao comprimento das linhas. A velocidade de leitura da criança é lenta, e em geral o nível de compreensão é mínimo. A maior parte das crianças com incapacidade de leitura tem habilidade compatível com a idade para copiar textos escritos ou impressos, porém quase todas têm habilidades fracas para ortografia. 19 MARC 9 – Heloísa Paraíso 7ºP Dificuldades linguísticas: discriminação e dificuldade para construir sequências de palavras de forma adequada. Podem iniciar uma palavra no meio ou no final de uma frase escrita ou impressa. A maior parte dessas crianças não gosta de ler e escrever e evita essas atividades. A ansiedade agrava-se ainda mais quando se defrontam com demandas que envolvam a linguagem impressa. Muitas crianças com transtorno específico da aprendizagem que não recebem educação corretiva se sentem envergonhadas e humilhadas em razão da deficiência contínua e da frustração subsequente. Esses sentimentos tornam-se mais intensos ao longo do tempo. As crianças mais velhas tendem a ficar deprimidas e irritadas, além de exibir autoestima baixa. Patologia e Exames Laboratoriais Testes psicoeducacionais Bateria diagnóstica inclui: teste ortográfico-padrão, composição escrita, processamento e uso da linguagem oral, cópia de desenhos e avaliação do uso adequado do lápis. Esse tipo de avaliação deve incluir também a observação sistemática de variáveis comportamentais. TRATAMENTO As estratégias corretivas para crianças com problemas de leitura têm como foco a instrução direta que encaminha a atenção do jovem para as conexões entre sons da fala e ortografia. Os programas corretivos eficazes iniciam a partir do momento em que a criança aprende a associar letras e sons de uma forma precisa. Essa abordagem fundamenta-se na teoria de que as deficiências básicas em problemas de leitura estão relacionadas com dificuldade para reconhecer e lembrar as associações entre letras e sons. Após o domínio dessas associações, a intervenção corretiva pode ser direcionada para componentes mais importantes da leitura, como sílabas e palavras. O foco exato de qualquer programa de leitura somente pode ser determinado após a avaliação precisa das deficiências e fraquezas específicas da criança. As estratégias positivas de exercícios de cópia incluem a formação de grupos de leitura pequenos e bem estruturados que ofereçam atenção individual e facilitem à criança pedir ajuda. REFERÊNCIAS Compêndio de Psiquiatria – 11º edição. NELSON, Tratado de Pediatria – 19º edição. Sanarflix
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