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1 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S 2 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S 3 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S 6 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professor: Mauro C. Rezende 7 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S O entendimento de aspectos saudáveis ou patológicos do neurodesenvolvimento, bem como o refinamento do entendimento sobre o comportamento humano, tem ocupado cada dia mais pes- quisadores nos centros de pesquisa ao redor do mundo. Por certo, mesmo com todo esse movimento ainda é limitado o entendimento científico sobre como se organiza o sistema nervoso humano e o por que em algumas crianças se inscrevem os transtornos psiquiátricos. Vale lembrar que alguns transtornos, principalmente os de aprendiza- gem, só vão ser evidenciados quando a criança chegar à idade esco- lar formal, perdendo-se um tempo precioso para intervir e minimizar as consequências danosas às crianças, bem como para a família e a sociedade, de modo geral. Alguns transtornos psiquiátricos na infân- cia e adolescência trazem grandes prejuízos para o desenvolvimento desses sujeitos. Conhecer algumas características desses transtornos e compreender a lógica da semiologia desses transtornos, é relevante para o aprimoramento profissional, social e cívico de quem está envol- vido com esse público. Neurodesenvolvimento. Transtorno Psiquiátrico. Semiologia. Transtornos Ansiosos e Somáticos. 9 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 ASPECTOS CLÍNICOS DOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS DA IN- FÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 13 39 Transtornos do Neurodesenvolvimento _________________________ Transtorno de Ansiedade Generalizada _________________________ CAPÍTULO 02 TRANSTORNO DE ANSIEDADE E DE SOMATIZAÇÃO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Transtorno de Ansiedade de Separação _________________________ 37 32Recapitulando ________________________________________________ Transtorno Obsessivo-Compulsivo ______________________________ 44 41Fobia Social e Transtorno de Ansiedade Social __________________ Recapitulando _________________________________________________ 51 CAPÍTULO 03 SEMIOLOGIA PSICOPEDAGÓGICA, NEUROPEDIÁTRICA E PSICOLÓ- GICA Semiologia Neuropediátrica __________________________________ 54 Semiologia Psicopedagógica __________________________________ 56 Síndrome de Tourette __________________________________________ 47 10 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Semiologia Neuropediátrica _____________________________________ 58 Semiologia Psicológica _________________________________________ 62 Recapitulando __________________________________________________ 68 Considerações Finais ____________________________________________ 72 Fechando a Unidade ____________________________________________ 73 Referências _____________________________________________________ 77 11 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S O conhecimento sobre os aspectos saudáveis ou patológicos do neurodesenvolvimento humano, bem como o entendimento do com- portamento humano, tem ocupado cada dia mais pesquisadores nos centros de pesquisa. Por certo é limitado o entendimento científico so- bre como é organizado o sistema nervoso humano e o por que algumas crianças e adolescentes desenvolvem transtornos psiquiátricos. Vale lembrar que alguns transtornos, infelizmente, só vão ser evidenciados quando a criança chegar à idade escolar formal, ou seja, perdeu-se um tempo precioso para intervire minimizar as consequências danosas, tanto para a criança ou adolescente, quanto à família e à sociedade. Dessa forma, é importante admitir que, antes da inserção dos sujeitos no ambiente escolar, muitas vezes, inabilidades sequer são observa- das, e outras vão se estruturar exatamente pela inabilidade dos pais ou responsáveis, em lidar com as particularidades do neurodesenvolvi- mento do sistema nervoso dessas crianças e adolescentes. Nosso sistema nervoso vai se estruturando, a partir do nasci- mento, e por meio de uma série de estímulos e respostas, a criança vai aprendendo sobre ele próprio o mundo a sua volta. E é nesse processo de desenvolvimento que alguns dos transtorno psiquiátricos são instaurados. Nessa unidade será feita a apresentação de alguns dos transtor- nos do desenvolvimento, assim como algumas características mais cari- caturadas de cada um, para que profissionais das áreas Neuro-Psi este- jam com seu olhar clínico mais refinado e apto a captar nuances quanto à “forma” como está estruturado na criança, as facilidades e dificuldades para socialização, a emissão de comportamentos assertivos, como se dá o desenvolvimento da autonomia e a habilidade de orquestrar as ativi- dades da vida diária. Essas dimensões são potenciais norteadores para propor diagnóstico e delinear estratégias mais interessantes para atuar, respeitando os limites e possibilidades da criança. Para tal, são utilizados referenciais mundiais sobre a identificação de alguns dos diagnósticos do neurodesenvolvimento, do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtor- nos Mentais da American Psychiatric Association - DSM-5- . Posteriormente, são apresentados alguns transtornos que têm impacto direto no humor, como: a ansiedade e a somatização em crian- ças e adolescentes, que cada dia estão ficando mais prevalentes nessa população. Intencionalmente com destaque para alguns quadros como: a ansiedade de separação que é muito comum aparecer nos primeiros dia de aula, mas que, são necessários alguns critérios semiológicos es- pecíficos para que o profissional consiga identificar o que é considerado normal ou patológico, analisando todo um contexto. Já na ansiedade generalizada, alguns sinais são destacados para delinear o transtorno e 12 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S ampliar a visão do profissional para além do contexto escolar, atingindo a família da criança e do adolescentes e a sociedade. Cada aspecto ressaltado anteriormente, tem como foco refinar a aptidão profissional em levantar uma hipótese diagnóstica mais con- dizente com o caso, e para tal, a semiologia tem um importante papel. Pois, ela ajuda a destacar alguns elementos estruturantes de patologias e suas peculiaridades em relação aos múltiplos olhares sintomatológi- cos dos transtornos psiquiátricos, sob um ponto de vista pedagógico, o psicopedagógico, do neuropediatra e psicológico, que em conjunto, so- mam forças para estabelecer a tratativa mais adequada para lidar com portadores de transtorno psiquiátrico. 13 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S TRANSTORNOS DE NEURODESENVOLVIMENTO Segundo Boarati e Pantano (2016), os transtornos do neuro- desenvolvimento são um conjunto de características comportamentais bem similares, cuja a espinha dorsal é estarem presentes desde o início do desenvolvimento da criança. Todavia, algumas alterações patológi- cas são identificadas, apesar de já estarem instauradas nas crianças, quando alguma habilidade específica é requisitada, como por exem- plo, a identificação de um transtorno de aprendizagem é mais evidente quando se faz a entrada na escola formal. Portanto, ao diagnosticar algum transtorno dessa categoria, é importante observar como se deu o processo de desenvolvimento da criança antes da entrada na escola. O impacto no refinamento das habilidades essenciais para o neu- ASPECTOS CLÍNICOS DO NEURODESENVOLVIMENTO TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S 13 14 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S rodesenvolvimento varia de acordo com a gravidade de cada diagnóstico. Algumas crianças podem apresentar maiores dificuldades na socialização, no comportamento, na autonomia ou em realizar as atividades da vida diá- ria (AVD), sendo importante o suporte e estímulos individualizados concer- nentes a cada uma dessas limitações (Boarati & Pantano, 2016). Tendo como base o Manual Diagnóstico e Estatístico de Trans- tornos Mentais da American Psychiatric Association mais conhecido no Brasil como DSM, que atualmente está na sua quinta edição, apresen- ta seis diagnósticos distintos dos transtornos do neurodesenvolvimento que são (Boarati & Pantano, 2016): - transtorno do desenvolvimento intelectual (Deficiência inte- lectual) - transtorno do espectro autista (TEA) - transtornos motores do desenvolvimento - transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) - transtornos de linguagem - transtornos específicos de linguagem As múltiplas formas de realizar abordagens diagnósticas que englobem os transtornos do neurodesenvolvimento carecem de ter um fio condutor a observação pormenorizada de vários profissionais ligados as abordagens específicas do desenvolvimento humano, bem como de outros profissionais como neuropediatras, neurologistas, psiquiatrias, psicólogos, pedagogos, dentre outros. Isso ocorre devido a uma mirí- ade de sinais e sintomas que os transtornos do desenvolvimento apre- sentam. Esses sinais mostram ter um impacto diretamente proporcional sobre a gravidade do caso, crianças e adolescentes que apresentam diversos sinais e sintomas, podem indicar um provável quadro de co- morbidades (Boarati & Pantano, 2016). Tais condições comórbidas ressaltam a importância de se pen- sar o diagnóstico e intervenção precoces, ou seja, quanto mais cedo for elaborado um diagnóstico correto, melhores resultados poderão ser alcançados com a intervenção. Uma outra questão importante quanto ao diagnóstico é a presença de uma grande variedade de condições que estão ligadas ao aparecimento desses transtornos como os fatores biológicos individuais (genético, agentes pré e pós natais), nutricionais, bem como das questões emocionais e ambientais, que precisam ser levadas em conta ao lidar com o tratamento de crianças e adolescentes (Boarati & Pantano, 2016). De acordo com Boarati e Pantano (2016) o tratamento deve sem- pre ser encarado como uma tarefa que exige esforços dos vários atores envolvidos com esse público, do próprio paciente, dos pais, professores e vários outros profissionais. De forma bem sucinta, os autores estabelecem 15 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S um foco diretivo para lidar com esses casos, para eles, no tratamento: O foco sempre será a estimulação sobre as deficiências presentes e o desen- volvimento de habilidades globais (p. ex., linguagem, motricidade, aprendiza- gem, regulação emocional e comportamental, autonomia etc.) e, frequente- mente, os resultados são observados após longo período de investimento. Uma outra importante característica do tratamento é a necessi- dade de se fazer constantes reavaliações do processo, para que o pla- nejamento terapêutico apresente os melhores resultados, ou seja, assim que existe a assimilação de uma habilidade mais básica na criança, ir rea- daptando as intervenções para que outras aptidões mais refinadas sejam consolidadas. Portanto, a troca de informações entre os atores é uma fer- ramenta importante para a potencialização do tratamento, caso contrário,ações propositivas podem perder eficácia sem uma rede de sustentabilida- de para que a nova habilidade seja consolidada (Boarati & Pantano, 2016). Em casos de déficit intelectual o foco sempre será a esti- mulação sobre as deficiências presentes e o desenvolvimento de habilidades globais (p. ex., linguagem, motricidade, aprendizagem, regulação emocional e comportamental, autonomia etc.), e, fre- quentemente, os resultados são observados após longo período de investimento. Deficiências Intelectuais A deficiência intelectual DI, é um transtorno caracterizado pela presença de déficits ou prejuízos nas aptidões mentais genéricas, como por exemplo: o raciocínio coerente, a solução de problemas, o plane- jamento de ações assertivas, o pensamento abstrato, a capacidade de senso crítico. Existe também prejuízos na função adaptativa do sujeito à vida diária, bem como no desenvolvimento da independência social e ocupacional (Carniel et al., 2018). Ainda sobre as limitações da DI, os pacientes mostram rebai- xamento nas habilidade para assumir responsabilidades sociais, quan- do são comparadas a outras crianças na mesma faixa etária, classe social e cultural. Pacientes com essa deficiência alcançam nos testes padronizados de quociente intelectual QI, scores inferiores a 70 pontos. 16 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S O diagnóstico de DI é feito por meio de uma avaliação combinatória de quatro grupos etiológicos: biomédicos, comportamentais, sociais e edu- cacionais (Boarati & Pantano, 2016; Carniel et al., 2018). Quando 01 – Critérios diagnóstico segundo o DSM-5 para o diagnóstico de deficiência intelectual. Fonte: DSM-05 17 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S De acordo com Boarati e Pantano (2016), as deficiências liga- das ao funcionamento adaptativo das crianças avaliam o grau de fun- cionalidade que os indivíduos possuem em relação a sua faixa etária e envolve três dimensões distintas: conceitual, social e prático. Cada uma dessas dimensões requer diferentes habilidades, que aos se relaciona- rem, complementam assertivamente o funcionamento mais global do sujeito. Observe o quadro abaixo: Quadro 02 - Domínios do funcionamento global Fonte: Boarati et al., 2016 Ainda segundo Boarati e Pantano (2016), a deficiência intelectual pode apresentar ligação com outros quadros comórbidos, como os trans- tornos do humor, transtorno desafiador opositor, inabilidade social, dentre outros. O que traz um impacto negativo importante para o tratamento e que não pode ser deixado de lado no período de investigação de transtornos em crianças e adolescentes. Por exemplo, nos casos onde é diagnosticado o mutismo seletivo, a criança é apta a se expressar adequadamente por meio de palavras, mas que em ambiente escolar, não se expressa, e com isso, interfere no processo de aprendizagem, pois, podem não falar suas dúvidas ou confirmar entendimento de um tema específico. É necessário ser trabalhado também com os responsáveis das crianças e adolescentes, melhoria nas habilidades parentais de reforça- mento adequado, de instrução assertiva para as crianças, da estimulação precoce e ensinar técnicas de manejo comportamental com destaque na habilidade dos pais ou responsáveis de fornecerem reforço positivo de comportamentos adequados, de forma correta (Boarati e Pantano, 2016). Mutismo seletivo Fonte: ARAÚJO, Álvaro Cabral; NETO, Francisco Lotufo. 18 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S A nova classificação americana para os transtornos mentais– o DSM-5. Revista brasileira de terapia comportamental e cognitiva, v. 16, n. 1, p. 67-82, 2014. Transtorno Espectro Autista De acordo com Ribeiro, Freitas e Olivia-Teles (2013) o trans- torno do espectro autista TEA é caracterizado por perturbações nos pa- drões de interação social recíproca de gravidade variável. Utiliza-se a denominação “Espectro” para se abarcar uma gama imensa de inefici- ência sem expressar atitudes sociais adequadas ao estar frente a situa- ções comportamentais de interação,que seja necessário a utilização de habilidade de comunicação. No TEA, para Boarati e Pantano (2016), os sintomas são dis- tribuídos em uma tríade de alterações: da comunicação como citado anteriormente, na sociabilidade e de comportamentos estereotipados. A prevalência do TEA é altamente variável, meninos apresentam quatro vezes mais chances de apresentar o transtorno. Entretanto, as meninas com TEA apresentam maior comprometimento cognitivo e menor com- prometimento social quando comparado com os meninos. Estudos neurológicos e neuropsiquiátricos têm demonstrado que sujeitos com TEA apresentam atraso mental, coordenação motora comprometida, comportamento obsessivo compulsivo e a presença de comportamentos auto prejudiciais (bater com a cabeça, arrancar cabe- los, beliscar-se), bem com padrões de eletroencefalografia alterada ou a presença de epilepsia (Ribeiro, Freitas & Olivia-Teles, 2013). Estudos em imagiologia demonstram que em 90% dos casos, os pacientes apresentam maior volume do córtex e volume superior na região das amígdalas e no cerebelo. Esses pacientes apresentam tam- bém um comprometimento na comunicação não verbal, ou seja, suas posturas e expressões gestuais não são adequadamente interpretadas por outros interlocutores. Os pacientes apresentam também limitação em fazer leituras faciais, manter contato visual restrito e também quan- do o fazem, é realizado de forma inadequada, por vezes, mostrando entonação de fala e postura comportamental incompatível ao contex- to, aspectos que comprometem de forma intensa a soiciabilidade das crianças e adolescentes com TEA (Ribeiro, Freitas e Olivia-Teles, 2013; Boarati & Pantano 2016). 19 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Quadro 03 - DSM-5 Critérios diagnósticos espectro autista 20 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S 21 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Boarati et al., 2016 Os sintomas do TEA ocorrem desde muito cedo, frequente- mente antes dos três anos, devido a pouco contato visual com os cuidadores, sensibilidade aguçada a sons, cheiros e cores; a tratativa com crianças com TEA é bem complexa e exige uma aprofundamento e conhecimento sobre o tema para que os pais sejam bons agentes e contribuem com as repostas de intervenção com as crianças. Fonte: MARQUES, M. H.; DIXE, M. dos A. R. Crianças e jo- vens autistas: impacto na dinâmica familiar e pessoal de seus pais. Archivesof Clinical Psychiatry, v. 38, n. 2, p. 66-70, 2011. Boarati & Pantano (2016) salientam que pacientes com TEA: Alguns casos apresentam sinais que podem ser observados logo nos pri- meiros meses de vida, como a ausência de sinais de apego, contato visu- al, ausência do desenvolvimento da linguagem do bebê (como balbuciar ou imitar sons) ou atraso da fala. As crianças não acompanham com a cabeça e o olhar o afastamento da mãe e também não apresentam postura antecipa- tória, como esticar os braços para serem pegas por um adulto de confiança. Entretanto, casos mais leves sem o comprometimento da fala e sem movi- mentos estereotipados podem passar despercebidos por muitos anos, mas tornam-se evidentes no início da vida escolar, quando a interação com os pares da mesma faixa etária impõe a necessidade de habilidades sociais e comunicativas que a criança não possui e não desenvolverá naturalmente. Pacientes com TEA mostrammuita dificuldade para lidar com mudança de rotina, mesmo as mais simples como mudanças de horá- rios. Tendem a mostrar hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais como sons altos, luzes intensas ou odores fortes; para Boarati e Panta- no (2016) "muitas crianças se irritam com determinados sons agudos ou demonstram fascinação extrema por luzes e cores”. 22 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Estudos neurológicos e neuropsiquiátricos têm demonstra- do que nos sujeitos com TEA apresentam atraso mental, coorde- nação comprometida, comportamento obsessivo compulsivo e au- to-prejudicial (bater com a cabeça, arrancar cabelos, beliscar) bem com padrões de eletroencefalografia alterada ou epilepsia. Estudos em imagiologia demonstram que em 90% dos casos apresenta maior volume do córtex e volume superior na região das amígdalas e no cerebelo. Esses pacientes tem também comprometimento na comu- nicação não verbal, ou seja, posturas e gestos não são adequada- mente interpretados. Apresentam limitação em fazer leituras faciais, tem contato visual restrito e inadequado, por vezes mostrando ento- nação de fala e postura comportamental incompatível ao contexto. Transtorno de Linguagem Existe muita discussão ainda em relação a classificação dos transtornos de linguagem, no que tange às características envolvidas. A aptidão para criar símbolos e signos é vista como uma habilidade ligada ao neurodesenvolvimento humano. Portanto, para se comunicar, o homem necessita utilizar um sistema simbólico dos signos compartilhados por um grupo específico, que é denominada Linguagem (Boarati & Pantano, 2016). Quanto à utilização da linguagem, existem aspectos caractero- lógicos ligadas à forma de emissão da mensagem, que pode ser: oral (emissão oral e recepção auditiva), escrita (envolve aspectos de controle motor voluntário e recepção visual), gestual, musical dentre outras. Es- sas formas servem para expressar sensações, informações, sentimen- tos e com isso, tecer uma extensa rede de dados que se combinados adequadamente e interpretados corretamente, formam a comunicação eficiente em um determinado contexto social (Boarati & Pantano, 2016). De acordo com Muskat e Mello (2009), na aquisição da linguagem existe o envolvimento de quatro sistemas interdependentes, que são: - Fonológico: ligado à produção e percepção dos sons para formas palavras. Compreendendo as regiões corticais do lobo fronto- -temporal. - Pragmático: relacionado ao uso adequado da linguagem em determinados contextos, ligado a como a mensagem precisa ser adap- tada e situações sociais bem específicas (comunicar com pessoas co- 23 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S nhecidas e com pessoas desconhecidas, exige uma maior polidez ou refino para que a comunicação seja adequada). Ligado ao córtex pré- -frontal, aproximadamente nas áreas opercular, orbital e triangular, no hemisfério esquerdo na maioria da população. - Semântico: atribuído ao significado das palavras. Envolvendo áreas corticais temporo-parietal, próximos às áreas do giro angular e supramarginal no lobo temporal, a conhecida área de Wernicke. - Morfológico ou gramatical: combinação das regras sintáticas para elaborar frases compreensíveis. A linguagem ainda possui uma característica bem singular, ela é entendida como uma estrutura de base filogenética, mas que se adapta constantemente por questões ontogenéticas. Conforme Muskat e Mello (2009) destacam: A linguagem é a atividade humana de maior plasticidade e também a de maior ambiguidade, subjetividade, fazendo a ponte entre a percepção media- da pelos sentidos, e a experiência simbólica integrada pela memória e o pen- samento. Se antes do desenvolvimento da linguagem verbal o pensamento traduz-se em fragmentos sensório motores, carregados de emocionalidade, com a mediação da linguagem, este proto-pensamento transcende a níveis mais complexos de abstração e metacognição. Segundo Ribeiro(2003), por muitos anos as pesquisas na área da aprendizagem centravam-se nas capacidades cognitivas e nos as- pectos motivacionais como pontos cruciais para o bom desempenho em aprendizagem. Entretanto, novas descobertas das áreas do neuro- desenvolvimento identificaram outras categorias que estão envolvidas na aprendizagem, como os processos metacognitivos que, segundo os autores, “coordenam as aptidões cognitivas envolvidas na memória, lei- tura, compreensão de textos”. O autor aponta que: [...] em termos de realização escolar, para além da utilização de estratégias, é importante o conhecimento sobre quando e como utilizá-las, sobre a sua utilidade, eficácia e oportunidade. A este conhecimento, bem como à faculda- de de planificar, de dirigir a compreensão e de avaliar o que foi aprendido [...]. Metacognição é também entendida sobre o conhecimento sobre o conhecimento, que envolve aspectos ligados à tomada de consciência dos processos e competências essenciais para reali- zar adequadamente uma determinada tarefa. 24 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Fonte: RIBEIRO, C. Metacognição: um apoio ao processo de aprendizagem. Psicologia: reflexão e crítica, v. 16, n. 1, p. 109- 116, 2003. Para Boarati & Pantano (2016) o diagnóstico adequado para os transtornos de linguagem precisa ser feito utilizando inventários pa- dronizados, levando em conta a história clínica, a observação direta da compreensão e a produção da linguagem nas crianças e adolescentes. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento cujo o diag- nóstico é predominantemente clínico. O paciente apresenta sinais de comprometimento comportamental diante de situações do dia a dia e a presença de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. A prevalência desse transtorno é cerca de 5% das crianças, com um des- taque maior sobre a presença de índice mais acentuado de desatenção. E esta é uma condição que persistirá ao longo da vida da criança e do adolescente. A medida que o tempo passa, a presença de impulsividade tende a diminuir na maioria dos casos, mas a desatenção tende a per- manecer mais constante (Boarati & Pantano, 2016). Fundamentalmente nesse transtorno é preciso que haja prejuízo significativo no funcionamento global e no desenvolvimento e que os sin- tomas se manifestem em pelo menos dois ambientes. Portanto, a escola é um desses locais sobremaneira relevante (Boarati & Pantano, 2016). 25 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Quadro 04 Critérios diagnósticos para o TDAH 26 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Boarati et al (2015) É Importante ressaltar que o não diagnóstico ou tratamento equi- vocado aumentam as chances do aparecimento de comorbidades psiqui- átricas, de problemas associados ao uso abusivo de substâncias ilícitas e problemas de comportamento disruptivo (Boarati & Pantano, 2016). Transtorno Específico de Aprendizagem O diagnóstico do transtorno específico de aprendizagem na criança e adolescente é definido pela presença de prejuízos significati- vos na leitura. Nesse quadro, existem falhas no processo de decodifica- ção da escrita decorrente por vezes, pela presença de falhas na veloci- dade, na fluência ou na compreensão da leitura. Um ponto relevante é que a dificuldade é persistente mesmo com a escolarização adequada. De acordo com Boarati & Pantano (2016): O transtorno de aprendizagem é considerado específico, uma vez que não pode ser atribuído a fatores externos,como questões econômicas, sociais ou educacionais, transtorno do desenvolvimento intelectual e transtornos mo- tores ou deficiências visual ou auditiva. O diagnóstico só pode ser realizado após a entrada da criança na educação formal. Nos anos escolares, é co- mum a presença de transtornos atencionais, de linguagem ou de habilidades motoras. O componente familiar deve ser considerado nesses transtornos. 27 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S - Dislexia: Transtorno da Linguagem Escrita Rota e Pedroso (2015) ao estudarem os transtornos de apren- dizagem, mais especificamente a dislexia, encontram falas de dois grandes expoentes da sociedade moderna que mesmo disléxicos, são referências mundiais de inteligência e articulação das ideias, que foram: Winston Churchill e Albert Einstein, que disseram respectivamente: Fui totalmente desestimulado em meus dias de escola. E nada é mais de- sencorajador do que ser marginalizado em sala de aula, o que nos leva a sentirmo-nos inferiores em nossa origem humana. Quando leio, somente escuto o que estou lendo e sou incapaz de lembrar da imagem visual da palavra escrita Muitos autores investigaram essa complexa entidade nosoló- gica – Dislexia- que é restrita a uma inabilidade do sujeito em realizar a leitura ou escrita de forma coerente e organizada. Pacientes com esse transtorno, de acordo com Bryant e Bradley como citado por Rotta e Pedroso (2015) ressaltaram que crianças disléxicas apresentam déficits significativos quando estão na fase de aprender a ler e escrever. Toda- via, mesmo com essa dificuldade, possuem nível intelectual dentro da média, ou até superior a outras crianças da mesma idade; elas apresen- tam também aptidão para reter a atenção e memorização de conteúdos verbais adequadamente, não apresentam deficiência visual ou auditiva, não apresentarem deficiência neurológica ou física significativa. Na ver- dade estudos apontam que essa dificuldade está ligada a uma deficiên- cia no componente fonológico da linguagem (Rotta & Pedroso, 2015). De acordo com Rotta e Pedrosos (2015), como a dislexia apre- senta um comprometimento na leitura, faz-se necessário definir esse termo, nas palavras deles: Leitura de forma ampla, é entendida como interpretação de qualquer sinal que, chegando aos órgãos dos sentidos, conduza o pensamento a outra si- tuação além dele próprio. A leitura [...], refere-se à interpretação de sinais gráficos que uma comunidade convencionou utilizar para substituir os sinais linguísticos da fala, ou seja, quando se trata de substituir, pela fala ou men- talmente, um conjunto de sinais gráficos que formam palavras. De acordo com a Associação Internacional de Dislexia, ele é um transtorno específico do aprendizado com origem neurobiológica. No DSM-5, essa origem biológica ocorre por meio da interação de fato- res: genéticos, epigenéticos e ambientais. Muito embora o diagnóstico preciso de dislexia seja de caráter clínico-neurológico, psicopedagógico 28 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S e fonoaudiólogo, em alguns casos é necessário a utilização de exames complementares. Com destaque para os novos métodos de imagiologia que permitem a avaliação das regiões corticais e dos padrões de ativa- ção neuronal via tarefas cognitivas complexas (Rotta & Pedroso, 2015). Quanto aos achados de imagiologia foram encontradas pistas sobre o entendimento do funcionamento cortical “anormal” em pacien- tes disléxicos. Exames de ressonância magnética funcional RNMf por exemplo, mostraram que pacientes disléxicos tem uma menor ativação cortical na região do giro angular (área de Wernicke) e uma ação com- pensatória de ativação mais intensa da área do giro frontal inferior es- querdo (área de Broca) (Rotta & Pedroso, 2015). Um outro aspecto relevante é que os neurônios em pacientes disléxicos são em média menores em algumas áreas do cérebro (ex.: tálamo) quando comparados a outras crianças da mesma idade e não disléxicas; mostram ainda alterações na cito arquitetura do tálamo e do córtex temporal e do cerebelo. Essas condições podem ter como origem, possíveis “agressões” no tecido neural em estágios iniciais do desenvolvimento (Rotta & Pedroso, 2015). - Áreas Responsáveis pela Leitura no Cérebro Dados têm mostrado que o processamento da linguagem envolve a ativação da área temporal esquerda, bem como das regiões parietais es- querda, incluindo os giros angular e supramarginal (área de Wernicke). Na região do córtex frontal, nota-se a ativação do giro frontal inferior (área de Broca), do giro pré-frontal dorsolateral e o giro orbital. Já no lobo temporal destaca-se e giro temporal superior e médio. Quanto ao lobo parietal uma maior ativação nas regiões extra estriada (Rotta & Pedroso, 2015). Assim sendo, em períodos de avaliação diagnóstica é importan- te questionar sobre os períodos pré-peri e pós-natal, bem como sobre o desenvolvimento neuropsicomotor ou de antecedentes mórbidos. Um ou- tro aspecto importante a ser investigado é a respeito da noção de esque- ma corporal, mais precisamente se a criança tem ou não problemas de lateralidade; pois, quando está presente tal dificuldade, pode ser uma das razões para a inversão das letras em disléxicos. Enfim, todas as funções corticais superiores devem ser investigadas, considerando nos exames as gnosias, praxias, atenção e memória (Rotta & Pedroso, 2015). 29 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S - Prevalência da Dislexia A prevalência desse transtorno é considerada alta. O DSM-5 apresenta incidência entre 5 a 15 % de crianças na idade escolar. No Brasil, de acordo com Silva e Pedroso como citado por Rotta e Pedroso (2015) foi identificado 12,1% das crianças em idade escolar, utilizando nas análises estatísticas o intervalo de confiança de 95% entre 7,4 e 19%. Em relação a gênero, estudos apontam ser maior em meninos, que em meninas (Rotta & Pedroso,215). Intervalo de confiança Ao realizar trabalhos de pesquisa, mesmo utilizando os melhores desenhos metodológicos e possível que haja erro de amostragem de forma aleatória. A margem de erro é a distância da estatística estimada para cada valor de intervalo de confiança. Fonte: suporte minitab Disponível em: https://support.minitab.com/pt-br/mini- tab/18/help-and-how-to/statistics/basic-statistics/supporting-topi- cs/basics/what-is-a-confidence-interval/ Acesso em: 03/19 - Classificação da Dislexia Segundo Rotta e Pedroso (2015), dentre as várias formas de classificar a dislexia, a que tem maior consenso nos centros de pesqui- sa dizem respeito a percepções e as memória visuais ou auditivas que estão relacionados a três formas: memória auditiva pobre e visual boa, memória visual boa e auditiva pobre e com déficits em ambas. Questões diagnósticas precisam levar em consideração as premissas do DSM-5, que apresentam uma divisão de quatro critérios descritos no quadro abaixo: 30 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Quadro 05- Critérios diagnósticos DSM-5 (Rotta & Pedroso, 2015) Fonte: DSM-5; Rotta e Pedroso (2015) Ainda sobre as limitações da Dislexia, Rotta e Pedroso (2015) destacam que as crianças e adolescentes podem apresentar em suas produções acadêmicas: - Leitura e escrita sem a compreensão correta; - inversão de letras em relação a orientação espacial (invertem 31 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S o p/q; b/d); - mostram desordem de letras com sons semelhantes (b/p; d/t; g/j); - Fazem mudanças em palavras ou sílabas (prato/grto;lata/tala); - Fazem substituições de palavras com estrutura semelhante (grato/quadro); - Fazem adição ou supressão de letras ou de sílabas (caalo/ cavalo; vela/bela); - realizam repetições de palavras ou sílabas (eu jogo jogo bola; sorvet de amemeixa); - fazem incorretamente fragmentação das palavras (macarrão/ queroabola); - têm dificuldades para entender textos lidos. Transtorno Motores É um transtorno do neurodesenvolvimento ligado ao desenvol- vimento da coordenação, marcado por atraso na aquisição das habili- dades motoras finas logo no início da vida, e pela presença de transtor- no do movimento estereotipado, caracterizado por tiques (movimentos motores ou vocalizações súbita, recorrente e não ritmada), incluindo a Síndrome de Tourette (Boarati & Pantano, 2016). Movimentos involuntários, súbitos, rápidos, recorrentes, não rítmicos e estereotipados. Aparecem também na forma de voca- lizações. Ocorrem de forma contínua ou em acessos. Às vezes são precedidos por uma sensação desconfortável, chamada de sensa- ção premonitória e, frequentemente, seguidos por uma sensação de alívio. Geralmente desaparecem durante o sono e diminuem quando da ingestão de álcool e durante atividades que exijam concentração. Ao contrário, são exacerbados pelo estresse, fadiga, ansiedade e excitação. Podem ser suprimidos pela vontade, mas ao custo de ele- vada tensão emocional (Hounie & Petribí, pg. 21-22, 1999). Fonte: HOUNIE, A.; PETRIBÚ, K. Síndrome de Tourette -re- visão bibliográfica e relato de casos. RevBrasPsiquiatr, v. 21, n. 1, p. 50-63, 1999. 32 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 01 Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-AL Prova: CESPE - 2012 - TJ- -AL - Analista Judiciário - Medicina – Psiquiátrica No que se refere a transtornos do desenvolvimento da linguagem, assinale a opção correta. (A) No transtorno expressivo de linguagem, a compreensão da lingua- gem se encontra além dos limites normais de compreensão. (B) No transtorno misto da linguagem receptivo-expressiva, as disfun- ções da linguagem, em geral, não excedem aquelas associadas a re- tardo mental. (C) No diagnóstico do transtorno da linguagem expressiva, o uso de au- diograma é adequado para crianças muito pequenas ou com aparente comprometimento da acuidade auditiva. (D) Em geral, o prognóstico da linguagem expressiva é desfavorável. (E) Em crianças pequenas, o transtorno misto da linguagem receptivo- -expressiva é, em geral, mais positivo que o prognóstico do transtorno isolado da linguagem expressiva. QUESTÃO 02 Ano: 2012 Banca: FCC Órgão: TRE-SP Prova: FCC - 2012 - TRE-SP - Analista Judiciário - Medicina - Psiquiátrica Condição caracterizada por uma seletividade marcante e emocio- nalmente determinada na fala, tal que a criança demonstra a sua competência de linguagem em algumas situações, mas falha em falar em outras. (A) a hipótese diagnóstica quando ocorre na infância é de linguagem social. (B) mutismo social. (C) transtorno específico do desenvolvimento da fala e da linguagem. (D) linguagem seletiva. (E) mutismo seletivo. QUESTÃO 03 Ano: 2016 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: EBSERH Prova: INSTI- TUTO AOCP - 2016 - EBSERH - Médico - Psiquiatria da Infância e Adolescência (HU-UFJF) O prognóstico do transtorno de linguagem expressiva está relacio- nado com a (A) incidência (B) epidemiologia. (C) sua gravidade. 33 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S (D) Prevalência (E) confidencialidade. QUESTÃO 04 Ano: 2016 Banca: Prefeitura de Fortaleza - CE Órgão: Prefeitura de Fortaleza - CE Prova: Prefeitura de Fortaleza - CE - 2016 - Prefeitura de Fortaleza - CE - Médico Psiquiatra Lançada em maio de 2013, a quinta edição do Manual de Classifica- ção de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM –V) trouxe algumas alterações no diagnóstico de autismo. Entre essas alterações, é correto afirmar que: (A) o transtorno de Asperger e o transtorno invasivo do desenvolvimento ficaram restritos a idades inferiores a 10 anos. (B) as categorias autismo clássico, o transtorno de Asperger, o trans- torno invasivo do desenvolvimento, a Síndrome de Rett e o transtorno global do desenvolvimento passaram a ser vistos como entidade única. (C) no novo DSM, o diagnóstico de autismo tem apenas duas áreas principais: déficits na comunicação social e padrões restritos e repetiti- vos de comportamento. (D) os atrasos de linguagem passaram a fazer parte do diagnóstico. (E) autismo hoje não é mais um transtorno que envolve aspectos da comunicação. QUESTÃO 05 Ano: 2016 Banca: UFSC Órgão: UFSC Prova: UFSC - 2016 - UFSC - Pedagogo - Educação Infantil “Respeitar a criança não é limitar suas oportunidades de desco- berta, é conhecê-la verdadeiramente para proporcionar-lhe expe- riências de vida ricas e desafiadoras, é procurar não fazer por ela, auxiliando-a a encontrar meios de fazer o que quer, é deixá-la ser criança” (HOFFMANN; SILVA, 1995, p. 14). De acordo com a citação acima, assinale a alternativa que apre- senta CORRETAMENTE o aspecto mais visado pela ação educativa segundo a concepção descrita por Hoffmann e Silva. (A) Tornar as crianças cada vez mais dependentes em relação aos adultos. (B) Tornar a criança mais comedida, auxiliando-a a controlar seus impul- sos e sua curiosidade. (C) Encorajar as crianças a solicitarem auxílio e mediação para resolver conflitos que ocorram entre elas. (D) Encorajar as crianças a ter confiança para expressar suas ideias com convicção. (E) Estimular as crianças a reproduzir as ideias já construídas sobre as 34 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S coisas e o mundo. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Tem aumentado o número de casos diagnósticos de transtorno de défi- cits de atenção com hiperatividade TDAH, uma das razões talvez seja o refinamento dos profissionais envolvidos com saúde e educação quanto ao olhar sobre o que é realmente desviante da norma. Pensando nisso, quais são os indicadores do transtorno? TREINO INÉDITO Tendo como base o Transtorno do Espectro Autista TEA, leia as afirmativas abaixo e marque a opção correta: I - O transtorno do espectro autista TEA é caracterizado por per- turbações nos padrões de interação social recíproca de gravidade variável. Utiliza-se a denominação “Espectro” pela gama de situa- ções comportamentais quanto à habilidade de comunicação. II - Pacientes com TEA apresentam limitação em fazer leituras faciais, têm contato visual restrito e inadequado, por vezes mostrando ento- nação de fala e postura comportamental incompatível ao contexto. III - Estudos neurológicos e neuropsiquiátricos têm demonstra- do os sujeitos com TEA apresentam atraso mental, coordenação comprometida, comportamento obsessivo compulsivo e auto pre- judicial (bater com a cabeça, arrancar cabelos, beliscar) bem com padrões de eletroencefalografia alterada ou epilepsia. São consideradas opções corretas apenas o que se afirma em: (A) I (B) I e III (C) II (D) Todas as afirmativas são verdadeiras. (E) N.D.A. Nenhuma das alternativas anteriores. NA MÍDIA AUTISMO: UM UNIVERSO PARTICULAR O transtorno do espectro autista TEA tem o aparecimento dos primeiros sinais ainda nos primeiros anos de vida, sua prevalência na população é algo no âmbito de 1%. É importante para que práticas inclusivas sejam implementadas nas escolas e que seja um tema para ser constante- mente discutido desde a reuniões das escolas, de encontro de pais e responsáveis. Com essas práticas muita da interação social da criança pode ser trabalhado, contando com os colegas de aula, com os pais dos alunos e a sociedade em geral. Fonte: http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhos-da-reportagem/autismo 35 TR A N ST O RN O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Data: 03/19 NA PRÁTICA NEURODESENVOLVIMENTO INFANTIL E SUAS IMPLICAÇÕES NA ESCOLA O estudo do neurodesenvolvimento infantil é muito importante para o aprimoramento das práticas educativas. É alvo do estudo neurodesen- volvimental as habilidades sensoriais (por exemplo: audição e visão), a aptidão para manipulação de objetos, na comunicação e a linguagem, dos afetos, dos comportamentos e as emoções da criança. Sempre te- mos que ter em mente a força que o ambiente tem sobre o neurodesen- volvimento, locais com estímulos adequados tendem a contribuir para a estruturação das competências necessários para o desenvolvimento das habilidades para aprendizagem. Fonte:https://neurosaber.com.br/neurodesenvolvimento-infantil-e-suas- -implicacoes-na-escola/ Data: 03/19 PARA SABER MAIS SÓ DESCOBRI QUE TINHA AUTISMO DEPOIS DE ADULTA Maura 50 anos, só descobriu que tinha o espectro autista depois que teve seu filho e precisou se envolver mais com o tratamento. Segundo ela foi como tirar um espartilho mental que o paciente sequer sabia que estava usando, ela relatava que sempre foi mais tímida mas o que ninguém reparava era o sofrimento que ela tinha ao se colocar em situa- ções sociais. A experiência dela serviu para escrever um livro que narra o que foi sua vida com o TEA sem saber que o possuía. Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-43549847 Data: 03/19 36 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S De acordo com Castillo (2000) a ansiedade, é um termo deriva- do do latim anxietus, que se refere a alguém que tem a “mente perturba- da”. Ela é caracterizada pela presença de intensos sentimentos de des- conforto ou forte tensão, oriundo da antecipação e da forte convicção de uma eminência de algum risco ou perigo, e que não possui aptidão para lidar com essas possíveis catástrofes. Dentre as várias respostas de ansiedade manifestas, o autor destaca nas crianças e adolescentes, a presença de uma alteração na frequência cardíaca, na respiração, inquietação, sudorese, sensação de aperto no peito, dentre outras. A etiologia da ansiedade na infância é multifatorial, integrando agentes ambientais diversos e fatores biopsicológicos. O transtorno não sendo diagnosticado adequadamente e nem tratado, o quadro pode evoluir para um curso crônico, mesmo que episódico ou flutuante. TRANSTORNOS DE ANSIEDADE E DE SOMATIZAÇÃO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S 36 37 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S TRANSTORNO ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO De acordo com Assumpção (2014), o transtorno de ansiedade de separação-TAS é caracterizado pela presença de resposta de ansiedade na criança em situações em que ela precisa distanciar-se de locais familia- res, ou precise afastar de pessoas que tenha apego afetivo importante. A resposta ansiogênica precisa ser avaliada como inadequada para o nível do desenvolvimento da criança ou adolescente, e geradora de sofrimento intenso, bem como, de prejuízo significativo em várias áreas da vida. Com frequência as crianças apresentam sintomas como pesa- delo, dificuldade de sono, ideias recorrentes de que algo perigoso possa acontecer com os responsáveis. Portanto identificar os traços que carac- terizam a patologia ansiosa, de um comportamento “normal” é primordial para o início de qualquer processo de melhoria da qualidade de vida das crianças. Estudos têm apontado que a presença de TAS na infância, tem um forte impacto para o aparecimento de outros tipos de transtornos du- rante a vida como a depressão e a ansiedade (Assumpção -Jr, 2014). Os sintomas do TAS trazem prejuízos na formação do senso de autonomia da criança, aumentam as dificuldade de aprendizagem e geram grande estresse pessoal e familiar. Vale destacar a seriedade de quadros patológicos na infância oriundos do estresse tóxico que causa um prejuízo irreparável na formação e na maturação cognitiva infantil (Assumpção- Jr, 2014). Segundo Linhares (2016), algumas das características mais prevalentes e que evidenciam o estresse tóxico são: caracterizado por uma reatividade forte do organismo, frequente e de pro- longada ativação do corpo ao sistema de reposta ao estímulo estressor [...] Além desse maior nível de ativação, o estresse tóxico ocorre na ausência dos relacionamentos de um suporte protetor para a criança por parte dos adultos cuidadores [...] Ainda segundo Linhares (2016), alguns fatores são potenciais fatores de risco para o estresse tóxico, bem como o TAS, o abuso infantil, abuso de substâncias, a presença de depressão materna dentre outros. As crianças que experienciam qualquer desses fatores, podem apresen- tar como reposta um comportamento mais introspectivo, medroso e terem baixa autoestima. Características que vão impactar o processo de apren- dizagem de forma significativa (Assumpção- Jr, 2014; Linhares, 2016). 38 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Estresse tóxico De acordo com Linhares (2016, experiências estressoras envolvem um potente estímulo estressor, impacto na avaliação cognitiva do sujeito sobre eventuais ameaças; esse estresse cau- sa forte impacto sobre a saúde do indivíduo. Segundo o Shonkoff como citado por Linhares (2016) existem três tipos de estresse: - Positivo: estado psicológico de ativação de respostas de alerta de duração breve de leve a moderada. É um importante me- canismo de aprendizado para o desenvolvimento de comportamen- tos mais adaptados frente a eventos potencialmente estressores. - Tolerável: está ligado ao envolvimento e a exposição a experiências atípicas como morte de familiar, doenças graves na família, desastres naturais dentre outros. - Tóxico: é o que apresenta maior impacto prejudicial ao desenvolvimento, gerando consequências negativas em várias áreas da vida do indivíduo a curto, médio e longo prazo. Fonte: LINHARES, M. B. M.. Estresse precoce no desenvol- vimento: impactos na saúde e mecanismos de proteção. Estudos de Psicologia, v. 33, n. 04, p. 587-599, 2016. A abordagem terapêutica no TAS envolve em alguns casos tra- tamento psicofarmacológico, como os inibidores seletivos da recepta- ção da serotonina (com alvo no alívio dos sintomas de desconforto) e a psicoterapia. Atualmente a psicoterapia considerada padrão ouro para o tratamento da TAS é a Terapia Cognitivo-Comportamental, pois, ela de- senvolve técnicas de estratégias para promover um aumento no suporte parental, para que o ambiente mais familiar da criança seja um grande reforçador para comportamentos assertivos (Assumpção- Jr, 2014). Dentre as várias estratégias de intervenção para o TAS, Linha- res (2016) destaca: Quadro 06 – Estratégias de intervenção no TAS 39 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Fonte : Assumpção 2014 TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Segundo Fu-I, Boarati, Nogueira-Lima (2014) qualquer criança ou adolescente pode apresentar sintomas de ansiedade em alguns momen- tos específicos do desenvolvimento. Já aquelas crianças com ansiedade generalizada em um nível patológico, são indivíduos que permanecem grande parte do tempo sempre em alerta ou tensas. É importante que pro- fissionais atuantes diretamente com crianças tenham muita atenção com as sutilezas desse transtorno, pois, algumas crianças podem ter compor- tamentos no dia a dia, bem diferentes do que realmente estão sentindo, ou seja, algumas crianças com TAG podemse mostrar calmas, tranquilas, mas, cognitivamente estão em uma produção acelerada de ideias catas- tróficas que causam desgaste físico, psíquico e emocional. Portanto, é im- portante que não seja desprezada nenhuma queixa de medo em crianças, para que intervenções possam ser utilizadas quando se fizer necessário e assim, impedir complicações mais graves no futuro. Uma marca bem prevalente em pacientes com TAG e que é uma das maiores geradoras de sofrimento é que eles têm uma alta expectativa de resultados positivos (algumas vezes inalcançáveis) e uma baixa auto eficácia. Em relação à manifestação do TAG, as crianças e adolescen- tes podem apresentar queixas como dores de cabeça recorrentes, dor de estômago, tontura, suor e inquietação. Estudos epidemiológicos mostram a prevalência dos transtornos ansiosos ocorrem em torno de 6 a 20%, sendo mais prevalente em meninas do que em meninos. Para Fu-I, Boarati, Nogueira-Lima (2014): as crianças intrinsecamente cautelosas, silenciosas e tímidas são mais pro- pensas a desenvolver um transtorno de ansiedade. Fatores de risco ambien- tais, como estilo parental, combinam com os fatores de risco biológicos da 40 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S genética e temperamento para fazer uma criança mais ou menos predisposta a desenvolver um transtorno de ansiedade. Algumas crianças com TAG podem se mostrar calmas, tranquilas, mas cognitivamente estão em uma produção acelerada que causa desgaste físico, psíquico e emocional. Portanto, é im- portante que não seja desprezada nenhuma queixa de medo. De acordo com Vianna, Campos, Landeira- Fernandes (2009) crianças e adolescentes com TAG são entendidos como “mini adultos” em razão de apresentarem uma constante preocupação com riscos e pe- rigos, envolverem-se em excesso com compromissos, têm dificuldades em seguir regras pela insegurança. Crianças com TAG tendem a ser mui- to pontuais, perfeccionistas, a têm preocupação com a saúde dos pais e de pessoas próximas. Um grave agente dificultador para o diagnóstico mais preciso de TAG, é que essas características citadas muitas vezes são muito reforçadas e valorizadas pelos pais, professores e familiares. Entendendo erroneamente que esse perfil “preocupado” (grifo nosso) como alguém com responsabilidades, e com isso, demorando a perceber prejuízos que as crianças e adolescentes estão sentindo. A ansiedade e o medo são prevalentes em todos os se- res, podendo ser vistos como fruto de processos básicos do com- portamento humano ao se deparar com situações que envolvem a avaliação de riscos e tomada de decisão. Todavia, quando quadros representam prejuízos para o homem, são tidos como psicopatoló- gicos, pois, acarretam grande impacto negativo no funcionamento sócio funcional do indivíduo e trazem prejuízos na qualidade de vida e devem ser considerados. Tendo como referência a terapêu- tica com o paciente, os transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes devem ser abordados no processo de educação e re- alizados intervenções familiares por meio do esclarecimento (Fu-I, Boarati, Nogueira-Lima, 2014). 41 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S FOBIA SOCIAL OU TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL TAS Segundo Vianna, Campos e Landeira- Fernandes (2009), a fobia social -FB- é caracterizada como a presença de sintomas somáticos (sin- tomas no corpo) expressos em momentos de antecipação e exposição a alguma situação social. O paciente apresenta uma ansiedade exagerada e persistente ao estar com pessoas estranhas. É importante ressaltar que esse comportamento é esperado em crianças de dois a cinco anos, que evitem comunicação com pessoas estranhas, porém, persistindo este quadro acima dessa idade, ou se a resposta for muito acentuada de des- conforto diante de outras pessoas, é relevante prestar mais atenção, pois, um quadro patológico pode começar a ser instaurado. Dentre as características mais marcantes do transtorno, pode- -se destacar a presença de: medo acentuado e persistente, constante em uma ou mais situações sociais, forte desconforto em relação à ex- pectativa quanto a fazer alguma exposição diante de pessoas estra- nhas. Mostram ter fortes respostas de ataques de pânico ao perceber chegada de um número alto de pessoas estranhas. O mais interessante desse transtorno é que o paciente reconhece que o medo apresentado é desproporcional e irracional, mas nem por isso consegue evitar tais sintomas (Vianna, Campos & Landeira - Fernandes, 2009). Para Nadi et al. (1996), a ansiedade pode se manifestar em al- guns pacientes com apenas sintomas cardiovasculares, somente sin- tomas gastrintestinais ou somente sudorese excessiva. Mas nem por isso deixa de caracterizar uma ansiedade patológica. Pois, a sensa- ção de ansiedade pode ser dividida em dois aspectos fundamentais: (i) A consciência de sensações físicas e de preocupação excessiva com problemas pequenos ligados em três áreas: a) ten- são motora, manifesta por meio de tremores, incapacidade de re- laxar e fadiga; b) hiperatividade autonômica, com dificuldade para respirar, presença de palpitações. Tonteira, ondas de frio e calor, náuseas e etc.; c) hipervigilância, incluindo insônia, irritabilidade, preocupação excessiva. (ii) Consciência de estar nervoso ou amedrontado. NARDI, A. E. et al. Transtorno de ansiedade generalizada: questões teóricas e diagnósticas. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 42 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S v. 45, n. 3, p. 173-178, 1996. Segundo Nardi et al. (1996) o TAG é um transtorno crônico, que traz muito comprometimento na qualidade de vida das crianças e adolescentes, prejudicando o bom desempenho escolar, familiar e so- cial. Dentro das explicações biológicas para a manifestação do TAG, os autores ressaltam a possibilidade de haver anormalidade no sistema de receptores cerebrais benzodiazepínicos. No lobo occipital, no siste- ma límbico, nos gânglios da base e no córtex pré-frontal, existem uma maior concentração de receptores benzodiazepínicos, sendo assim, áreas muito importantes de serem estudadas para compreender melhor a neurobiologia do TAG e a Fobia Social -FS-. Para Vianna, Campos e Landeira - Fernandes (2009), os pa- cientes com quadro de FS e TAG, constantemente usam a evitação como forma de enfrentamento, ou vivenciam a experiência com intenso desconforto. Esses aspectos trazem impacto negativo para o estabe- lecimento de segurança e de desenvolvimento de habilidades sociais, elementos importantes à socialização e ao aprendizado. Atualmente um dos atributos mais valorizados em escolas in- fantis é o trabalho em grupo. Portanto a FS e TAG, podem ser transtor- nos que vêm se arrastando desde tenras idades, e trazendo incapaci- tações ou o rebaixamento das aptidões para aprender com pares. Com isso, crianças e adolescentes tornando-se pessoas mais introspectivas, mais reservadas e com tendência ao recato. Um aspecto relevante des- ses transtornos é que os sujeitos são capazes de perceber que este é um comportamento “inadequado”, eles próprios desejam agir de outra forma, porém, não dão conta de vencer os medos irracionais de risco e perigo diante de pessoas estranhas ou situações de exposição (Nardi, 1996; Vianna, Campos &Landeira- Fernandes, 2009). Para Assumpção et al. (2014) o DSM define a FS como um transtorno de evolução crônica, marcada por intensa resposta de an- siedade frente a pessoas ou situações sociais. Ao considerar o grau de comprometimento, a FS pode ser classificadas por dois tipos: (i) FS discreta e específica, usualmente restrita a algumas situ- ações sociais (por exemplo: medo de fazer apresentações em público, falar ao microfone e etc.) Esse caso é entendidocomo de fobia social não generalizada. (ii) FS complexa, existe a presença mais grave de sintomas sendo muito mais limitante e de longa duração. Segundo Assumpção et al. (2014) o tratamento da FS consis- te na associação de psicofármacos e psicoterapia em especial a tera- pia cognitivo-comportamental TCC. Os principais critérios diagnósticos 43 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S para fobia social na infância e na adolescência segundo o DSM-5 são apresentados no quadro abaixo: Quadro 07 - Critérios diagnósticos da FS Fonte: DSM-5; Assumpção, 2014 44 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO Para Assumpção et al. (2014) o transtorno obsessivo-compul- sivo -TOC- é o mais complexo dos quadros envolvidos nos transtornos da ansiedade, para o autor o TOC é “caracterizado por obsessões ou compulsões recorrentes graves a ponto de consumirem tempo ou cau- sarem sofrimento acentuado ou prejuízo significativo ao paciente”. A descrição da síndrome obsessiva compulsiva já vem sendo alvo de pesquisas há muito tempo. Portanto, alguns passos importantes já foram descritos, a despeito da consideração inicial que o TOC é um transtorno raro em crianças e adolescentes, as taxas de prevalência são semelhantes aos de adultos (Assumpção et al., 2014) Pesquisas evidenciam que no período antes da puberdade há um predomínio maior de diagnóstico de TOC em meninos; já na ado- lescência há um aumento de casos de TOC entre meninas. O início do quadro pode ser abrupto ou de início discreto e pode ou não estar relacionado a algum fator precipitante. O início do quadro habitualmen- te é silencioso, de forma que a criança só vai ser levada ao tratamento quando a situação se tornar insuportável. Todavia, essa demora acaba permitindo a instauração de outros quadros combórbidos e de maior gravidade dos casos (Rosário-Campos, 2001; Assumpção et al. 2014). Segundo Rosário-Campos (2001) entre os sintomas mais fre- quentes do TOC são: [...] medo de contaminação, de ferir-se ou ferir outras pessoas, obsessões se- xuais e de simetria, compulsões de lavagem, verificação, repetição, contagem, ordenação/arranjo e compulsões semelhantes a tiques ("tic-like"). Apesar de a maioria das crianças apresentar múltiplas obsessões e compulsões, é comum as compulsões precederem o início das obsessões, além de ser mais comum encontrar compulsões sem obsessões em crianças do que em adolescentes. Apesar de a maioria das crianças apresentarem múltiplas obsessões e compulsões, é comum as compulsões precederem o início das obsessões, além de ser mais comum encontrar compul- sões sem obsessões em crianças do que em adolescentes. O tratamento do TOC se dá pela inserção de estratégias mul- tiprofissionais, incluindo a psicofarmacologia e a psicoterapia cognitivo- 45 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S -comportamental. A terapia busca intervir sobre as síndrome dos com- portamentos compulsivos, principalmente atuando sobre as compulsões (apego exagerado a alguma ideia) pois, são elas que levam o paciente a realizar alguns rituais, que tem o objetivo de diminuir o incomodo gerado pelos pensamentos intrusivos e recorrentes; por exemplo, ter a ideia que o mundo é cheio de germes, então é importante estar constante- mente limpo e livre dos germes, o que não está de todo errado. Toda- via, no TOC, o pensamento intrusivo de que está contaminado induz ao comportamento de lavar as mãos, corpo ou objetos. Entretanto, como os germes são invisíveis, e a ideia intrusiva de que não está limpo o suficiente, faz com que a frequência das lavagens aumente cada vez mais, se tornando um ritual para dar maior segurança de estar protegido contra os germes (Rosário-Campos, 2001). Cabe ressaltar que o próprio paciente tem na maioria das ve- zes, principalmente na adolescência, a convicção que seus rituais são descabidos de lógica, mas mesmo assim não consegue controlar as ideias intrusivas (Rosário-Campos, 2001; Assumpção,2014). O TOC segundo o DSM-5 passa a ser considerado uma en- tidade específica, sendo distinta dos transtornos de ansiedade, e isso foi um importante passo para a delimitação do tratamento, principal- mente nos casos onde se faz a necessidade do uso de psicofármacos em crianças ou adolescentes. As questões diagnósticas envolvem os aspectos destacados no quadro abaixo: Quadro 08 - TOC questões critérios diagnósticos DSM-5 46 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S Fonte: DSM-5; Assumpção, 2014 - Características que Apoiam o Diagnóstico O conteúdo específico das compulsões é bem variado nos su- jeitos. Todavia, algumas temáticas ou dimensões são muito comuns, podendo ser de: 47 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S - limpeza (ideias recorrentes de contaminação por germes e compulsão por higienização); - simetria (ideias de que existe uma forma única e correta da disposição das coisas ou lugares delimitados e compulsão por conta- gem, repetição e organização); - pensamentos proibidos ou tabus (receio de causar risco a si ou a terceiros, tendo obsessões sexuais, agressivas ou religiosas) e - danos (compulsão por checagem e verificação de presença de riscos ou perigos, paranoia). Em alguns casos existe também a compulsão por acumular objetos, isso se dá por uma obsessão de que algum dia poderá precisar utilizar os objetos, esses pacientes têm uma dificuldade intensa em se livrar de objetos, pois, sempre acreditam que em algum momento aque- le objeto fará falta. Alguns casos experimentam uma vasta gama de res- postas afetivas quando confrontados com situações que desencadeiam as compulsões (Rosário-Campos, 2001). É frequente a tentativa por parte dos pacientes por evitar as situações, lugares e coisas que podem precipitar a compulsão. Pensa- mentos suicidas podem ocorrer em metade dos pacientes com TOC. As tentativas de suicídio são relatadas em um quarto dos pacientes. Ambas devido ao intenso sofrimento causado pelas obsessões e compulsões (Rosário-Campos, 2001). SÍNDROME DE GILLES DE LA TOURETTE Loureiro, Guimarães, Santos, Fabri, Rodrigues e Castro (2005) apresentam que a Síndrome de Tourette é uma patologia que traz com- prometimento psicossocial e importante impacto na vida dos portadores do transtorno e dos familiares. Até pouco tempo atrás o quadro era considera- do raro, com incidência baixa na população. Entretanto, estudos mais atu- ais mostram uma prevalência de 1 a 2,9% da população, esse transtorno acomete cerca de quatro vezes mais o sexo masculino, que o feminino. O refinamento dos índices de prevalência se dão pela divulgação de traba- lhos científicos falando sobre o tema em várias áreas da saúde. De acordo com Loureiro et al. (2005), a síndrome é um distúr- bio genético, de natureza neuropsiquiátrica, onde o paciente apresenta uma série repetitiva de tiques motores (simples ou complexos) ou vo- calizações impulsivas. Geralmente os pacientes apresentam os tiques denominados mais simples, podendo evoluir para quadros mais com- plexos. Veja abaixo: Aspectos Motores podem ser classificados quanto ao grupo 48 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S muscular envolvido, sendo: - Simples: movimentos abruptos repetidos e sem propósito. O paciente realiza contrações de grupos musculares funcionalmente rela- cionados, por exemplo, fazer torções no nariz, na boca, piscar os olhos repetidas vezes,coçar a garganta e fungar o nariz) - Complexos: envolvem grupos musculares não relacionados funcionalmente e aparentemente são propositais, incluem imitação de gestos realizados por outra pessoa, podendo ser chamados de comuns (ecocinese) ou fazer gestos obscenos (ecopraxia) ou fazer gestos obs- cenos (copropraxia) verbalizar palavras obscenas (coprolalia). Coprolalia : GOLDENBERG, James N.; BROWN, Stuart B.; WEINER, William J. Coprolalia in younger patients with Gilles de la Tourette syndrome. Movement disorders: official journal of the Movement Disorder Society, v. 9, n. 6, p. 622-625, 1994. Vale ressaltar que a presença de tiques não se caracteriza o Tourette, em torno de 10% da população infantil apresenta alguma for- ma de tique. O Tourette tem uma forte ligação com os estados de ansie- dade. Pacientes ao estarem diante de situações que envolvem estres- se social, podem exacerbar os tiques, e considerável redução deles em locais mais calmos, próximo de pessoas com ligação afetiva e ao dormir (Loureiro et al., 2005). Na Síndrome de Tourette os sinais podem ser classifica- dos como: Simples, marcados por movimentos abruptos repetidos e sem propósito. O paciente realiza contrações de grupos muscula- res funcionalmente relacionados, por exemplo, fazendo torções no nariz, na boca, piscar os olhos repetidas vezes, coçar a garganta e fungar o nariz. Complexos, que envolve grupos musculares não relaciona- dos funcionalmente e são realizados pelo paciente aparentemente propositais, nesses comportamentos inclui fazer a imitação de ges- 49 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S tos realizados por outra pessoa, podendo ser chamados de comuns (ecocinese) ou fazer gestos obscenos (ecopraxia) ou fazer gestos obscenos (copropraxia) verbalizar palavras obscenas (coprolalia). O diagnóstico desse transtorno é realizado pela presença dos sinais e sintomas descritos anteriormente e pela coleta do histórico do surgimento dos primeiros sintomas. Por conta do Tourette não apresen- tar uma sintomatologia única, mas um conjunto de sinais e sintomas, dificulta um diagnóstico precoce, se comparado a outras patologias que mantêm certa similaridade como a Coréia de Huntington e etc. Os diag- nósticos demorados ou errôneos podem levar o paciente a ser subme- tido a tratamentos desnecessários e gerar maior comprometimento do paciente. (Loureiro et al.,2005) Segundo Loureiro et al. (2005) coletar acuradamente os aspec- tos que estão diretamente relacionados aos sintomas, como a localiza- ção, a intensidade, a frequência, a complexidade, os impactos na vida diária, estes devem ser criteriosamente avaliados antes de iniciar qual- quer estratégia terapêutica. Esse transtorno até onde se sabe, não tem cura, mas vem sendo utilizado alguns psicofármacos que contribuem para a redução e melhoria de controle por parte do paciente; por exemplo a Olanzapina tem sido uma droga que apresenta uma grande melhoria da qualidade de vida do paciente, cerca de 50% dos pacientes já observam melhoria a partir da oitava semana de uso (Loureiro et al., 2005). No Brasil existe desde 1996 a Associação de Pacientes com Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno obsessivo-compulsivo -AS- TOC-, seu objetivo é tornar público questões relacionadas a esses transtornos, para pacientes, classe médica, de psicólogos, pedagogos, e sociedade, de um modo geral. Conhecer esse transtorno é condição primordial para que alu- nos de escolas possam ser devidamente observados e encaminhados para profissionais competentes, para fornecer amparo ao paciente e familiares de forma precoce, e também ser agente de divulgação social quanto a aspectos ligados ao respeito ao paciente, aos familiares, evi- tando um quadro muito comum que impacta no aprendizado dos alunos portadores de Tourette, como os apelidos jocosos e chacota; nas pala- vras de um paciente com Tourette: “Vocês, ‘normais’, que têm os transmissores certos nos lugares certos, nas horas certas, em seus cérebros, têm todos os sentimentos, todos os estilos disponíveis o tempo todo – seriedade, leviandade, o que for adequado. Nós que temos a Tourette, não, somos forçados à leviandade pela síndrome e forçados à seriedade quando tomamos o remédio. Vocês são livres, têm um equilíbrio natural: nós temos de nos 50 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S contentar com um equilíbrio artificial...” O DSM-5 apresenta os critérios diagnóstico da Síndromes de Tourette, conforme o quadro abaixo: Quadro 09 Critérios diagnósticos: Síndrome de Tourette Fonte: DSM-5 51 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSO QUESTÃO 01 Ano: 2018 Banca: CESPE Orgão: MPE-I Prova: CESPE - 2018 - MPE- -PI - Analista Ministerial – Medicina. Uma professora de 45 anos de idade está em um restaurante al- moçando com a família. Tudo estava correndo bem quando a professora, quase não podendo falar, disse que não estava mais conseguindo engolir a comida. Muito ansiosa e angustiada, repen- tinamente refugia-se no banheiro. Alguns minutos depois, ela re- torna à mesa, pedindo desculpas pelo vexame. Idêntica situação num restaurante havia ocorrido há três meses. Em nenhuma outra ocasião o fato tinha se repetido. Sempre foi uma pessoa muito res- ponsável e preocupada com sua imagem social. O mais provável diagnóstico para essa professora pode ser: (A) Transtorno de Ansiedade Social. (B) Transtorno de Ansiedade Generalizada. (C) Ataque de Pânico. (D) Personalidade histriônica. (E) Transtorno conversivo. QUESTÃO 02 Ano: 2017 Banca: UFMT Órgão: UFSBA Prova: UFMT - 2017 - UFS- BA - Médico Psiquiatra A respeito de transtorno de pânico, é correto afirmar: (A) Há preocupação persistente de que ocorram ataques adicionais e sobre as implicações desses ataques. (B) Os ataques de pânico começam de forma gradual até atingir uma intensidade máxima e cessam de forma abrupta. (C) Há um medo intenso e exagerado de locais fechados, de escuro, de contato social, que são centrais no diagnóstico. (D) É necessário para o diagnóstico de transtorno de pânico a presença de agorafobia. (E) Transtorno do pânico é muito raro em ambientes escolares pois os alunos se sentem bem a vontade com suas turmas. QUESTÃO 03 Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: TJ-RO Prova: FGV - 2015 - TJ-RO - Médico Psiquiatra Dentre os sintomas essenciais para diagnóstico do transtorno de ansiedade generalizada, encontram-se: (A) ansiedade e insônia; 52 TR A N ST O R N O S P SI Q U IÁ TR IC O S N A C R IA N Ç A E N O A D O LE SC E N TE - G R U P O P R O M IN A S (B) preocupações e inquietação; (C) preocupações e ansiedade; (D) ansiedade e tensão muscular; (E) dificuldade de concentração e tensão muscular. QUESTÃO 04 Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: FUB Prova: CESPE - 2015 - FUB - Médico do Trabalho Julgue o próximo item, com relação a transtornos mentais. Pacientes com ansiedade generalizada apresentam ansiedade pa- tológica excessiva e preocupações, que são, na maior parte do tempo, associadas a eventos ou atividades — como as relaciona- das ao trabalho —, o que compromete seu desempenho funcional. (A) Certo (B) Errado QUESTÃO 05 Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: FUB Prova: CESPE - 2015 - FUB - Médico do Trabalho Julgue o próximo item, com relação a transtornos mentais. O estado misto, ansioso e depressivo, é raro em pacientes com transtornos mentais, pois os sintomas típicos de ansiedade e de depressão geralmente se manifestam isoladamente. (A) Certo (B) Errado QUESTÃO 06 Ano: 2014 Banca: IESES Órgão: TRT - 14ª Região (RO e AC) Prova: IESES - 2014 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Medicina A síndrome do pânico é um transtorno que é caracterizado:
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