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2013
Análise de BAlAnço e 
ConCessão de Crédito
Prof. Luciano Fernandes
Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Luciano Fernandes
Prof. José Alfredo Pareja Gomez de La Torre
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 658.15076
 F363a Fernandes, Luciano 
 Análise de balanço e concessão de crédito / Luciano 
Fernandes, José Alfredo Pareja Gomez de La Torre. Indaial : Uniasselvi, 
2013.
 283 p. : il
ISBN 978-85-7830-826-1
 1. Contabilidade. 2. Balanço contábil. 3. Análise de crédito. 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
III
ApresentAção
Caro(a) acadêmico(a)!
Conceder crédito implica em uma relação de confiança com seu 
cliente, e neste processo deve-se observar, entre outras coisas, a segurança, 
a liquidez e a rentabilidade de seus clientes, para oferecer crédito com certa 
margem de segurança, que garanta a eficiência e eficácia das operações.
Neste livro serão estudados todos os aspectos que envolvem a análise 
de balanço e concessão de crédito, e para se conseguir atingir este propósito, 
dividiremos este caderno em três unidades.
A Unidade 1 abordará os conceitos básicos para introdução à análise 
das demonstrações contábeis. Para isto, serão vistos de forma sucinta os 
tipos de sociedades existentes em nossa legislação atual, as principais 
demonstrações contábeis obrigatórias pela Lei 6.404/76 e atualizada pelas 
leis 11/638/07 e 11.941/09, conhecidas como Leis das Sociedades por Ações 
– LSA. Por fim, serão apresentados os conceitos teóricos relacionados 
ao seu fundamento, objetivos, processo e metodologia, padronização e 
reclassificação das demonstrações contábeis.
Na Unidade 2 será abordada a análise das demonstrações contábeis 
propriamente ditas, quanto ao seu método e principais indicadores de análises, 
bem como os indicadores fundamentalistas, os métodos quantitativos para 
previsão de insolvência e a etapa final quanto à elaboração do relatório ou 
parecer de análise das demonstrações contábeis.
Finalmente, na Unidade 3 será abordada a análise para concessão de 
crédito, explicitando seus fundamentos, o papel da informação no processo 
de crédito, os principais títulos de crédito e tipos de garantias, os riscos na 
concessão do crédito e a formação do parecer de crédito.
Bons estudos!
Luciano Fernandes
José Alfredo Pareja Gomez de La Torre
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS 
 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ........................................................................... 1
TÓPICO 1 – CONTABILIDADE E A ATIVIDADE EMPRESARIAL ............................................ 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 OS TIPOS DE SOCIEDADES ............................................................................................................ 3
3 A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA ATIVIDADE EMPRESARIAL ..................... 5
4 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS ................................................................................................................. 7
5 REGIME DE COMPETÊNCIA VERSUS REGIME DE CAIXA .................................................... 7
6 PROVISÕES, DEPRECIAÇÕES, AMORTIZAÇÕES E EXAUSTÕES ....................................... 9
6.1 PROVISÕES ...................................................................................................................................... 9
6.2 DEPRECIAÇÕES, AMORTIZAÇÕES E EXAUSTÕES ............................................................... 10
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 13
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 14
TÓPICO 2 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................... 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17
2 BALANÇO PATRIMONIAL ............................................................................................................... 20
2.1 ATIVO CIRCULANTE .................................................................................................................... 24
2.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE .......................................................................................................... 26
2.3 PASSIVO CIRCULANTE ................................................................................................................ 27
2.4 PASSIVO NÃO CIRCULANTE ..................................................................................................... 29
2.5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................................................ 30
3 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE ................................................. 34
3.1 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS - DLPA. ...................... 40
4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – DMPL .................. 44
5 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA - DFC .................................................................. 44
6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA ............................................................ 51
7 NOTAS EXPLICATIVAS E RELATÓRIOS QUE ACOMPANHAM AS 
 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................................................................................. 55
7.1 NOTAS EXPLICATIVAS ................................................................................................................. 56
7.2 RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE ......................................................................... 56
7.3 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO .......................................................................................... 57
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 58
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 60
TÓPICO3 – INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...... 63
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63
2 FUNDAMENTOS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRACÕES CONTÁBEIS ....................... 63
2.1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...................................... 64
2.2 USUÁRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ....................................... 64
2.3 PROCESSO, METODOLOGIA E ETAPAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 
 CONTÁBEIS ..................................................................................................................................... 65
2.4 PADRONIZAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES 
 CONTÁBEIS PARA EFEITOS DE PREPARAÇÃO DA ANÁLISE ........................................... 71
sumário
VIII
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 75
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 80
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 81
UNIDADE 2 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS .............................................. 83
TÓPICO 1 – ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES ........................................................... 85
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85
2 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS ÍNDICES OU QUOCIENTES ..................................... 86
3 ÍNDICES DE LIQUIDEZ (OU SOLVÊNCIA) ............................................................................... 90
3.1 ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE OU LIQUIDEZ COMUM (LC) ................... 91
3.2 ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA (LS) .................................................................................... 92
3.3 ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA (LI).......................................................................... 93
3.4 ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL (LG) ............................................................................... 94
4 ÍNDICES DA ESTRUTURA DE CAPITAL ................................................................................... 96
4.1 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS (GRAU DE ENDIVIDAMENTO) ......... 97
4.2 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO.................................................................................. 98
4.3 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ...................................................................... 99
4.4 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES ........................................................ 100
5 ÍNDICES DE RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE ............................................................ 101
5.1 GIRO DO ATIVO .......................................................................................................................... 102
5.2 MARGEM LÍQUIDA .................................................................................................................... 103
5.3 RENTABILIDADE OU RETORNO DO ATIVO (ROI OU ROA) ............................................ 104
5.4 RENTABILIDADE OU RETORNO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE) ........................... 104
5.5 ANÁLISE DO ROI PELO MÉTODO DUPONT ....................................................................... 105
5.6 GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF) ............................................................... 107
5.7 ALAVANCAGEM OPERACIONAL ............................................................................................ 115
5.8 ÍNDICE DE ATIVIDADE, PRAZO MÉDIO OU ROTATIVIDADE ....................................... 118
5.8.1 Prazo Médio de Estoques – PME ....................................................................................... 118
5.8.2 Prazo Médio de Clientes – PMC ........................................................................................ 120
5.8.3 Prazo Médio de Pagamento – PMP ................................................................................... 121
5.8.4 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro ................................................................................ 123
5.9 ÍNDICE-PADRÃO ........................................................................................................................ 127
5.10 ATRIBUIÇÃO DE PESOS NA ESTRUTURA DE ÍNDICE-PADRÃO ................................. 131
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 137
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 139
TÓPICO 2 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL .................................................................. 143
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 143
2 TÉCNICA DA ANÁLISE VERTICAL (AV) .................................................................................. 143
3 TÉCNICA DA ANÁLISE HORIZONTAL (AH)........................................................................... 145
4 ANÁLISE CONJUNTA – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL ........................................ 148
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 152
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 153
TÓPICO 3 –ANÁLISE DA DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO .............................................. 157
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 157
2 MODELO FLEURIET – RECLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS DO ATIVO E PASSIVO 
 CIRCULANTE .................................................................................................................................... 157
3 APLICAÇÃO DA ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO NA GESTÃO EMPRESARIAL ...... 163
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 167
IX
TÓPICO 4 – ANÁLISE FINANCEIRA AVANÇADA .....................................................................169
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................169
2 VALOR ECONÔMICO ADICIONADO NAS EMPRESAS .......................................................169
3 EBITDA – EARNING BEFORE INTEREST, TAXES, DEPRECIATION AND 
 AMORTIZATION OU LAJIDA – LUCRO ANTES DE JUROS, IMPOSTOS, 
 DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO ..............................................................................................173
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................177
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................178
TÓPICO 5 – MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA .....................................................181
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181
2 MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA .........................................................................182
2.1 MODELO ALTMANN ..................................................................................................................182
2.2 MODELO ELIZABETSKY ............................................................................................................1822.3 MODELO MATIAS ........................................................................................................................183
2.4 MODELO PEREIRA ......................................................................................................................184
3 MODELO DE KANITZ ......................................................................................................................184
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................188
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................189
TÓPICO 6 – RELATÓRIO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ...............193
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................193
2 PASSOS PARA ELABORAR UM RELATÓRIO DE ANÁLISE .................................................193
3 ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO DE ANÁLISE .....................................................................195
3.1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................195
3.2 SUMÁRIO .......................................................................................................................................195
3.3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .......................................................................................196
3.4 CORPO ............................................................................................................................................196
3.5 ANEXOS ..........................................................................................................................................197
RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................198
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................199
UNIDADE 3 – PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO 
 DE PARECERES ..........................................................................................................201
TÓPICO 1 – ANÁLISE DE CRÉDITO ...............................................................................................203
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................203
2 OBJETIVOS E CONCEITO ..............................................................................................................203
3 FUNDAMENTOS DA ANÁLISE.....................................................................................................204
4 O BOM SENSO E O PROCESSO DE DECISÃO..........................................................................205
4.1 OS 4 “C” DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO ..............................................................................206
4.1.1 C.1 Caráter ............................................................................................................................206
4.1.2 C.2 Capacidade ....................................................................................................................207
4.1.3 C.3 Capital..............................................................................................................................208
4.1.4 C.4 Condições ........................................................................................................................209
4.1.5 Colateral .................................................................................................................................210
5 DECISÕES ANALISANDO OS 4 “C” NAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO ...........................210
6 SEGURANÇA NA DOCUMENTAÇÃO DAS OPERAÇÕES ....................................................211
6.1 INFORMAÇÕES E DADOS CADASTRAIS ..............................................................................212
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................213
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................216
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................217
X
TÓPICO 2 – RISCOS E LIMITES DE CRÉDITO.............................................................................219
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................219
2 ANÁLISE DO RISCO NA OPERAÇÃO .........................................................................................220
3 LINHAS E LIMITES DE CRÉDITO ................................................................................................222
3.1 TIPOS E COMPATIBILIDADES DE LINHAS DE CRÉDITO ..................................................224
3.1.1. Crédito Pessoas Físicas ........................................................................................................224
3.1.1.1 Rotativas, crédito pessoal .......................................................................................224
3.1.1.2 Específicas, Crédito Pessoal ...................................................................................225
3.1.2. Crédito Empresas.................................................................................................................226
3.2 CONTROLE E GESTÃO DO RISCO EM FUNÇÃO DOS LIMITES DE CRÉDITO .............228
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................230
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................234
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................235
TÓPICO 3 – GARANTIAS NAS OPERAÇÕES ...............................................................................237
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................237
2 FONTES DE PAGAMENTO .............................................................................................................238
3 TIPOS DE GARANTIAS EM FUNÇÃO DOS LIMITES DE CRÉDITO .................................239
3.1 GARANTIAS PESSOAIS ..............................................................................................................239
3.1.1. Aval ........................................................................................................................................240
3.1.1.1 Fiança ...................................................................................................................................241
3.2 GARANTIAS REAIS .....................................................................................................................241
3.2.1 Hipotecas ...............................................................................................................................242
3.2.2 Alienação fiduciária ..............................................................................................................243
3.2.3 Penhor Mercantil ...................................................................................................................244
3.2.4 Caução de duplicatas e cheques .........................................................................................244
3.2.5 Caução de cheques ...............................................................................................................245
4 PROCESSOSDE COBRANÇA E CONTROLE DAS GARANTIAS ........................................245
4.1 ALERTAS DE RISCO .....................................................................................................................246
4.2 PERFIL DEVEDOR ........................................................................................................................247
4.3 MEDIDAS PREVENTIVAS ...........................................................................................................248
4.4 PROCEDIMENTOS DE COBRANÇA ........................................................................................249
4.4.1 Contato telefônico .................................................................................................................250
4.4.2 Mensagens .............................................................................................................................250
4.4.3 Visita in loco ...........................................................................................................................250
4.4.4 Agência de cobrança e protesto ..........................................................................................251
4.4.5 Processo Judicial ...................................................................................................................251
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................252
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................256
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................257
TÓPICO 4 – ELABORAÇÃO DE PARECERES ................................................................................259
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................259
2 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DE PARECERES .......................................................................259
3 PROCESSOS NA GESTÃO DE ELABORAÇÃO DE PARECERES ..........................................260
4 ANÁLISE COM TÉCNICAS ESTATÍSTICAS ..............................................................................262
5 RATINGS DE CRÉDITO ....................................................................................................................266
5.1. GRAUS DE RATINGS ...................................................................................................................267
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................271
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................274
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................275
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................277
1
UNIDADE 1
ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA 
A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
• conhecer os principais tipos de sociedades;
• conhecer os principais princípios contábeis e sua influência nas entidades;
• identificar conceitos relacionados aos eventos contábeis;
• conhecer as principais demonstrações e relatórios contábeis obrigatórios;
• identificar os principais fundamentos e objetivos de análise das demons-
trações contábeis;
• conhecer e aplicar o processo e a metodologia de análise;
• conhecer as formas de padronização e reclassificação durante a prepara-
ção para as demonstrações contábeis.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No primeiro você conhecerá 
os principais tipos de sociedades relacionadas com a legislação atual, 
o funcionamento da empresa, os postulados, princípios e convenções 
contábeis. Também será abordada a diferença entre regime de competência 
e caixa e ainda serão tratados conceitos envolvendo eventos contábeis. No 
segundo tópico será abordada a estrutura e apresentação das demonstrações 
contábeis obrigatórias pela Lei das Sociedades por Ações – LSA. No terceiro 
tópico serão abordados os principais fundamentos, processo, padronização e 
reclassificação das demonstrações contábeis.
TÓPICO 1 – CONTABILIDADE E A ATIVIDADE EMPRESARIAL
TÓPICO 2 – ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONTABILIDADE E A ATIVIDADE EMPRESARIAL
1 INTRODUÇÃO
A necessidade de atender aos seus mais diversos usuários ao longo 
da história fez da Contabilidade uma ciência que acompanhou a evolução da 
necessidade de seus usuários. Isto se deu desde seus proprietários, que de 
forma rudimentar controlavam sua riqueza, até o surgimento do método das 
partidas dobradas para evidenciar as transações e garantir aporte de recursos nas 
atividades empresariais.
Aliás, a atividade empresarial sempre existiu, desde os tempos mais 
remotos, concebida através do meio de troca das mercadorias excedentes da 
produção (escambo). Mais tarde a produção passou a ser trocada por moeda 
(dinheiro), estabelecendo um comércio mais dinâmico, estruturado e organizado.
Como tema relevante no estudo desta disciplina, este tópico abordará 
uma visão contábil focada em conceitos, estruturas e relatórios adequados aos 
novos padrões harmonizados com os padrões internacionais.
Além destas, a compreensão do tipo de sociedade analisado poderá 
influenciar em seus aspectos legais, tributários e fiscais, entre outros, sendo 
determinante sua compreensão.
2 OS TIPOS DE SOCIEDADES
Caro acadêmico! Imagine que você tenha uma ideia que possa lhe render 
economicamente e queira abrir um negócio! Qual é o primeiro questionamento 
que provavelmente virá à sua mente? Acredito que você deva se perguntar:
– Qual o tipo de sociedade mais compatível com a atividade empresarial que 
pretendo desenvolver?
Talvez você já tenha pensado ou vivido tal situação. O fato é que o tipo de 
sociedade pode ser preponderante, dependendo do tipo de negócio que se queira 
desenvolver economicamente.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
4
Para compreender melhor este assunto, vamos abordar os conceitos dos 
principais tipos de sociedades, mas lembre-se de que maiores detalhes podem ser estudados 
no Caderno de Estudos da disciplina de Direito.
ATENCAO
Na realidade, a constituição de um negócio implica na junção de capitais 
alheios. A necessidade de criação de uma sociedade se torna imprescindível para 
separar o patrimônio dos sócios do patrimônio da sociedade.
No Brasil, em se tratando do direito societário e empresarial, a legislação 
que regulamenta os tipos de sociedades empresariais está definida no novo Código 
Civil, conforme Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, nos artigos 1.039 a 1.096. 
Porém, as sociedades anônimas são regidas pela Lei 6.404, de 15 de dezembro de 
1976, conforme preceitua o próprio Código Civil no artigo 1.089.
Então, conforme a Lei 10.406/2002 (novo Código Civil), as sociedades 
passam a ser classificadas quanto à sua natureza como: sociedade simples ou 
sociedade empresária.
A diferença entre uma e outra se baseia na presença ou não de uma estrutura 
empresarial organizada, de forma a exercer uma atividade empresarial, que 
caracteriza a sociedade empresária.
Portanto, sua personificação jurídica implica na existência de atividades de 
produção de bens e serviços, com patrimônio constituído com o objetivo de gerar 
lucro, enquanto as sociedades simples se aplicam a atividades não empresariais, 
por não possuírem uma estrutura organizacional. Nestas são exploradas as 
atividades de intelecto literário, artístico,entre outras.
QUADRO 1 – PRINCIPAIS TIPOS DE SOCIEDADES EMPRESARIAIS NO BRASIL
Sociedade em Nome 
Coletivo (arts.1.039 
a 1.044).
Tipo de sociedade composta apenas e tão somente por pessoas físicas. 
Possui responsabilidade solidária e ilimitada, isto requer dizer que os 
sócios respondem com seu patrimônio pelo excedente das dívidas da 
empresa.
Sociedade em
Comandita Simples 
(arts. 1.045 a 1.051).
Este tipo de sociedade possui dois tipos de sócios: comanditados e 
comanditários. Os comanditados são pessoas físicas que respondem de 
forma solidária e ilimitada, ou seja, com seu próprio patrimônio, em caso 
de excedente das dívidas da sociedade. Os comanditários respondem 
apenas pelos valores de suas quotas. 
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE E A ATIVIDADE EMPRESARIAL
5
Sociedade Limitada 
(arts. 1.052 a 1.087),
Neste tipo de sociedade a responsabilidade dos sócios perante o capital 
social é limitado, ou seja, responde de forma limitada à sua participação ao 
capital social, que é composto por quotas proporcionais à sua participação.
Sociedade Anônima 
(arts. 1.088 e 1.089).
Neste tipo de sociedade o capital social é dividido em ações e os sócios 
ou acionistas respondem de forma limitada ao capital social, baseado 
no preço da emissão das ações que subscrever ou adquirir. Pode ser de 
capital fechado ou aberto.
Sociedade em
Comandita por Ações 
(arts. 1.090 a 1.092).
Este tipo de sociedade é regido por normas especiais da sociedade 
anônima. Da mesma forma que na sociedade em Comandita Simples, 
existem os sócios comanditados, que respondem de forma solidária e 
ilimitada pelas obrigações contraídas pela sociedade, e os comanditários, 
que respondem apenas pelas ações subscritas. 
Trata-se de uma sociedade de capitais em que somente o acionista pode 
ser diretor e exercer função de administrador.
FONTE: Adaptado de: Lei 10.406/2002 – Código Civil 
3 A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA ATIVIDADE
EMPRESARIAL
A contabilidade nunca foi tão necessária como nos dias atuais. A razão é 
muito simples, eis que vivemos na era da informação e o sistema contábil em uma 
empresa é o principal gerador de informação para tomada de decisão.
A estrutura contábil em uma empresa depende fundamentalmente do 
seu tamanho. Empresas de pequeno porte dificilmente terão profissionais da área 
contábil dentro da empresa para atender à sua demanda, e empresas de grande 
porte poderão ter profissionais especializados por área: tributária, contábil, 
societária, gerencial, fiscal, custos, entre outros.
Contudo, a realidade é bem outra! Muitas empresas fecham suas portas 
pouco tempo após o início de suas atividades, e os motivos são diversos, porém 
os mais impactantes são a falta de conhecimentos básicos acerca de informações 
financeiras e contábeis que ajudariam a gerir sua atividade e torná-la lucrativa a 
longo prazo para garantir sua sobrevivência.
Você sabia que, em geral, calcula-se que mais de 50% das empresas se 
extinguem antes de completar cinco anos?
ATENCAO
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
6
Outro fator preponderante é que no Brasil existe uma forte influência 
normativa que acabou por desenvolver uma cultura para atender muito mais 
ao fisco do que aos interesses societários. Assim, há uma nítida preferência da 
contabilidade para fins de apuração dos tributos do que propriamente voltados 
para a eficiência e eficácia das operações.
Se nem todas as empresas podem ter contadores exclusivos, contudo seus 
empreendedores deveriam ter profundo conhecimento contábil para extrair e 
interpretar informações para a gestão financeira, como: fluxo de caixa, resultado 
econômico e financeiro, previsão de insolvência, formação de preços, entre outros.
IMPORTANT
E
Mas, então, para que serve a Contabilidade, afinal?
Atkinson (2000, p. 37) define a contabilidade financeira como “Processo 
de elaboração de demonstrativos financeiros para propósitos externos: pessoal 
externo à organização, como acionistas, credores e autoridades governamentais”.
Desta forma, a contabilidade financeira deve gerar informações aos seus 
usuários sempre baseadas em normas governamentais (aspectos tributários) e 
conforme os princípios fundamentais da Contabilidade (aspectos societários), 
levando-se em conta a objetividade, clareza e precisão das informações.
Neste contexto, pode-se inferir que um sistema de informação contábil é 
o resultado das extrações de dados do sistema contábil para alimentar o processo 
de gestão de uma empresa que se compõe de vários subsistemas e que, segundo 
Crepaldi (2004, p. 28), são assim relacionados:
• Subsistema contabilidade financeira.
• Subsistema contabilidade gerencial.
• Subsistema contabilidade em outras moedas.
• Subsistema custos e orçamento.
• Subsistema contabilidade por unidades de negócios.
• Subsistema gestão de impostos.
• Subsistema análise financeira e de balanço.
• Subsistema gestão de tesouraria.
• Subsistema de controladoria.
Caro acadêmico! Perceba que todos esses subsistemas alimentam o sistema 
contábil responsável pela geração de informações úteis ao processo de gestão das 
empresas. Entre eles, o subsistema de análise financeira e balanço, que gera a seus 
usuários informações de qualidade para uma boa tomada de decisão.
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE E A ATIVIDADE EMPRESARIAL
7
4 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS
Para que o analista obtenha informações úteis e com qualidade, extraídas 
da Contabilidade, é necessário que as demonstrações contábeis estejam conforme 
os Princípios de Contabilidade, descritos na Resolução do Conselho Federal de 
Contabilidade nº. 750/93, que foi atualizada pela Resolução nº 1.282/10.
Conforme explica Iudícibus (2009, p. 11): “A formação dos princípios 
contábeis deveu-se principalmente a respostas graduais que os contadores foram 
desenvolvendo, ao longo dos séculos, a problemas e desafios formulados pelas 
necessidades práticas”.
Não há pretensão de discutirmos os Princípios de Contabilidade em sua 
profunda reflexão teórica, mas tão somente discutir os pontos principais que 
levam ao entendimento básico e compreender uma base de informações contábeis 
geradas pelas demonstrações contábeis. Segundo a Resolução CFC 750/93, o 
conceito pode ser assim disposto:
Art. 2º. Os Princípios de Contabilidade representam a essência das 
doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o 
entendimento predominante nos universos científico e profissional 
de nosso país. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais 
amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. 
(Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10) (CONSELHO 
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1993).
Tem-se desta forma, nos Princípios de Contabilidade, um arcabouço teórico 
que orienta a padronização das práticas contábeis aplicáveis à interpretação e 
uniformidade das demonstrações contábeis.
5 REGIME DE COMPETÊNCIA VERSUS REGIME DE CAIXA
Administradores e contadores possuem visões diferenciadas sob a ótica 
da gestão e, naturalmente, suas análises possuem objetivos diferentes. Contudo, 
compreender estas visões se faz necessário para uma análise das informações 
econômico-financeiras geradas pelas demonstrações contábeis.
O interesse do administrador se volta para a solvência da empresa, logo seu 
foco principal está relacionado à gestão financeira no que se refere à capacidade 
de pagamento de suas obrigações assumidas, mediante a gestão adequada dos 
fluxos de caixa da empresa.
No regime de caixa as receitas são reconhecidas no momento em que os 
recursos financeiros entram (entradas) no caixa da empresa e as despesas são 
reconhecidas no momento em que os recursos saem (saídas) do caixa da empresa. 
Estes movimentos de entradas e saídas responsáveis pela gestão adequada dos 
investimentos, financiamento e operações, denominamos de fluxo de caixa.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
8
O interesse do contador se direciona mais para a eficiência econômicadas 
operações, logo, segue os Princípios Contábeis, já estudados neste tópico, em que 
as receitas são reconhecidas no momento das vendas e as despesas no momento 
em que incorrem.
IMPORTANT
E
O regime de competência se baseia nos Princípios Contábeis, portanto utiliza 
o Princípio da Competência para estabelecer que receitas são integralmente reconhecidas 
com a confrontação de todas as despesas incorridas, enquanto o regime de caixa se baseia 
nos fluxos monetários.
Caro acadêmico, veja o exemplo a seguir.
QUADRO 2 – QUADRO DAS OPERAÇÕES REALIZADAS
Atividades realizadas pela empresa Vendebem Ltda. no ano 20x1
Vendas Realizadas R$ 400.000 (50% das vendas a prazo)
Custo das Operações R$ 160.000 (Pagamento à vista)
Despesas Gerais R$ 140.000 (Pagamento à vista)
FONTE: Os autores
Vamos agora ver as diferenças que ocorrem em cada uma das formas 
(regime de competência versus regime de caixa).
QUADRO 3 – COMPARATIVOS ENTRE REGIME DE COMPETÊNCIA E CAIXA
Demonstração Resumos em 20x1
COMPETÊNCIA CAIXA
Vendas R$ 400.000 R$ 200.000
(-) Custo das Operações R$ (160.000) R$ (160.000)
(=) Margem Bruta R$ 240.000 R$ (40,000)
(-) Despesas Gerais R$ (140.000) R$ (140.000)
Lucro (Prejuízo)/Saldo de caixa R$ 100.000 R$(100.000)
FONTE: Os autores 
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE E A ATIVIDADE EMPRESARIAL
9
Comparativamente, observa-se que o regime de competência enfocou o 
resultado real das operações, cujo lucro representou o valor de R$ 100.000,00, 
enquanto o regime de caixa enfocou o fluxo financeiro e considerou apenas as 
entradas e saídas efetivas do caixa da empresa. Desta forma, representando um 
déficit de caixa no valor de R$ 100.000,00 que deverão ser financiados e suportados 
por outras fontes de recursos.
Neste contexto, infere-se que o administrador financeiro utiliza-se das 
informações das demonstrações contábeis para a correta tomada de decisão 
quanto ao adequado tratamento dos fluxos monetários e quanto aos investimentos 
frente às fontes de financiamento disponíveis na organização.
6 PROVISÕES, DEPRECIAÇÕES, AMORTIZAÇÕES E 
EXAUSTÕES
Caro acadêmico! Vamos aqui esgotar mais alguns conceitos contábeis 
importantes, cujos elementos encontram-se evidenciados nas demonstrações 
contábeis e devem ser objetos de análise.
6.1 PROVISÕES
As provisões se constituem em um importante componente contábil, 
pois tais provisionamentos em determinadas contas contábeis garantem o 
cumprimento ao Princípio da Competência.
A provisão refere-se à constituição de um valor estimado, com base em 
métodos e técnicas, que seja certo ou com alta probabilidade de ocorrência, cuja 
expectativa gere perdas de ativo ou da existência de obrigações no futuro.
Quanto ao reconhecimento de uma provisão, o Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis – CPC (2009) descreve da seguinte forma:
Uma provisão deve ser reconhecida quando: 
(a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) 
como resultado de evento passado; 
(b) seja provável que será necessária uma saída de recursos que 
incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação; e 
(c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação. 
Se essas condições não forem satisfeitas, nenhuma provisão deve ser 
reconhecida.
Existem casos clássicos na contabilidade, como, por exemplo:
a) Provisão para férias.
b) Provisão para 13º salário.
c) Provisão para contingências trabalhistas.
d) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social, entre outras.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
10
Importa relatar que tais provisionamentos ocorrem pela certeza do 
desembolso e pela incerteza do valor a ser realizado em determinado momento 
futuro. Contudo, quando de fato acontecem, deixam de ser provisões para se 
tornarem obrigações.
Por exemplo, a constituição da provisão para o Imposto de Renda se torna 
imposto de renda a pagar, as provisões para férias se transformam em salários a 
pagar, e assim por diante.
6.2 DEPRECIAÇÕES, AMORTIZAÇÕES E EXAUSTÕES
Todos os bens corpóreos que compõem o ativo permanente da empresa 
possuem certa limitação em sua vida útil e econômica, quer pela ação da natureza 
ou mesmo pelo seu uso na atividade operacional para geração de fluxos de caixa.
O processo de desgaste do bem ao longo do tempo determinará um valor 
residual que poderá ser vendido, porém, ao recuperar este valor, caso não tenha 
efetuado nenhuma reserva financeira, terá que repor o bem pelo seu valor de 
mercado quando comprar um novo.
Com a finalidade de garantir uma reserva técnica para reposição do bem 
ao final de sua vida útil, atendendo ao princípio da competência e evitando 
antecipar lucros, utiliza-se do método de depreciação para apropriar valores e 
bens destinados ao uso em suas operações.
Apesar de tratar-se de uma reserva técnica com a finalidade de repor o 
bem no final de sua vida útil, este não gera desembolso de caixa, mas tão somente 
apropria o resultado econômico do período (princípio da competência) em 
confrontação com as receitas reconhecidas em decorrência dos custos e despesas 
incorridos.
No balanço patrimonial a depreciação é representada como uma conta 
retificadora do ativo, com a denominação de “Depreciação Acumulada”, cujo 
bem a subtrai e seu saldo deduzido do valor de custo do bem, resulta no valor 
contábil conforme se demonstra na figura a seguir:
TÓPICO 1 | CONTABILIDADE E A ATIVIDADE EMPRESARIAL
11
FIGURA 1 – EXEMPLO DE “DEPRECIAÇÃO ACUMULADA”
FONTE: Os autores 
Ativo 2.350
Ativo Circulante 1.000
Ativo Não Circulante 1.350
Realizavel de Longo Prazo 1.000
Investimentos 50
Imobilizado 200
Equipamentos 500
(-) Depreciação Acumulada -300
Intangível 100
Para estimativa dos valores da depreciação utilizam-se vários métodos, 
entre eles: (i) linear ou cotas constantes; (ii) soma dos dígitos (método cole); (iii) 
unidade de tempo trabalhada ou unidades produzidas.
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! Os métodos aplicáveis para realização do cálculo estimativo 
das depreciações não são o foco do estudo deste Caderno de Estudos.
A amortização constitui-se com a mesma finalidade que a depreciação, 
porém refere-se aos bens incorpóreos e diferenciando-se no que tange ao fator de 
limite “tempo” e não pelo desgaste em relação ao uso.
Portanto, a amortização reconhece a perda de valor de um ativo intangível 
ao longo de sua vida útil.
A exaustão decorre do desgaste na exploração de recursos minerais, 
florestais ou quaisquer fontes de recursos naturais esgotáveis de bens destinados 
a esta exploração. Portanto, é reconhecida a perda de valor durante o período em 
que os recursos minerais ou florestais são extraídos.
Sua estimativa de exaustão pode ocorrer pelo (i) volume de produção no 
período e sua relação com a reserva potencial de exploração conhecida, ou ainda 
(ii) pelo prazo de concessão dado pela autoridade governamental.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
12
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! Os métodos aplicáveis para realização do cálculo estimativo 
das exaustões não são o foco do estudo deste Caderno de Estudos.
Agora que você viu os principais conceitos a respeito da contabilidade, 
vamos conhecer as principais demonstrações contábeis exigidas por lei e suas 
implicações na análise de performance econômico-financeira das empresas.
13
Neste tópico você estudou que:
• Foi a partir da Lei 10.406/2002 (novo Código Civil) que as sociedades passaram 
a ter uma nova classificação quanto à sua natureza, denominando-as como 
sociedade simples ou sociedade empresária.
• Os principais tipos de sociedade são: 
• Sociedade em Nome Coletivo (arts. 1.039 a 1.044).
• Sociedade em Comandita Simples (arts. 1.045 a 1.051).
• Sociedade Limitada (arts. 1.052 a 1.087).
• Sociedade Anônima (arts. 1.088 e 1.089).
• Sociedade em Comandita por Ações (arts. 1.090 a 1.092).
• Em uma empresa, a estrutura contábil depende do tipo da estrutura 
organizacional, a qual determinará a demanda de profissionais maisespecializados.
• Os Princípios de Contabilidade referem-se a um arcabouço teórico que orienta a 
padronização das práticas contábeis aplicáveis à interpretação e uniformidade 
das demonstrações contábeis. 
• Os Princípios de Contabilidade, definidos conforme a Resolução CFC 750/93, são: 
• O princípio da ENTIDADE. 
• O princípio da CONTINUIDADE.
• O princípio da OPORTUNIDADE.
• O princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL.
• O princípio da COMPETÊNCIA.
• O princípio da PRUDÊNCIA.
• Voltando-se à continuidade da empresa, o interesse do administrador está 
na solvência da empresa, logo seu foco principal está relacionado à gestão 
financeira, ou seja, garantir a capacidade de pagamento de suas obrigações 
assumidas, mediante a gestão adequada dos fluxos de caixa da empresa. 
• Já o contador volta seu interesse mais para a eficiência econômica das operações, 
logo, segue os Princípios Contábeis, em que as receitas são reconhecidas no 
momento das vendas e as despesas no momento em que incorrem. 
• Desta forma, a gestão financeira deve compreender ambos os regimes, 
competência e caixa. Eis que o regime de competência deve sinalizar ao 
administrador a eficiência econômica da empresa relacionada com as ameaças 
e oportunidades das atividades em qualquer tipo de negócio.
RESUMO DO TÓPICO 1
14
1 O novo Código Civil define os tipos de sociedades empresariais, excluídas 
as sociedades anônimas que são regidas pela Lei das Sociedades por Ações. 
Associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Sociedade em Nome Coletivo.
II- Sociedade em Comandita Simples.
III- Sociedade Limitada.
IV- Sociedade Anônima.
V- Sociedade em Comandita por Ações.
( ) Sociedade com dois tipos de sócios, denominados de comanditados 
e comanditários. Responsabilidade perante o capital pelos sócios 
comanditados é ilimitada e pelos comanditários no limite de suas cotas.
( ) Sociedade dividida em ações e os acionistas respondem de forma limitada, 
de acordo com o preço das ações subscritas.
( ) Sociedade de capital, portanto regida pela Lei das Sociedades por Ações. 
Responsabilidade dos comanditados é ilimitada e os comanditários 
respondem limitados ao número de ações subscritas.
( ) Composta por pessoas físicas e seus sócios respondem com seu próprio 
patrimônio o excedente das dívidas.
( ) Responde de forma limitada ao capital social na proporcionalidade de 
suas cotas de participação.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) IV - I - V - II - III.
b) ( ) II - I - III - IV - V.
c) ( ) V - III - IV - II - I.
d) ( ) I - II - V - IV - III.
2 Complete as lacunas da sentença a seguir:
No Brasil, a forte influência normativa sobre a Contabilidade permeou 
uma cultura muito mais voltada para atender ao interesse do fisco do que 
aos interesses societários. A Contabilidade deve atender seus ____________ 
para suprir informação referente aos aspectos tributários emanados pelas 
normas _____________ e referente aos aspectos societários emanados pelos 
____________ de Contabilidade.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) usuários – governamentais – princípios fundamentais.
b) ( ) proprietários – fundamentais – regimes tributários.
AUTOATIVIDADE
15
c) ( ) executivos – reguladoras – sistemas.
d) ( ) aspectos normativos – contábeis – registros.
3 As demonstrações contábeis são alvo de contadores e administradores. 
O primeiro produz as demonstrações contábeis para servir de suporte 
informacional aos administradores. Contudo, o interesse nas informações 
é diferente, pois possuem objetivos diferentes. Partindo desse pressuposto, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) No regime de caixa as receitas são reconhecidas no momento da saída de 
recursos no caixa e as despesas no momento da entrada de recursos do 
caixa.
( ) O interesse do administrador nas demonstrações contábeis busca 
identificar a eficiência econômica das operações, por isto, baseia-se sempre 
nos princípios contábeis.
( ) Fluxo de caixa refere-se à gestão adequada dos recursos de entradas e 
saídas do caixa para investimentos, financiamentos e operações.
( ) O regime de competência baseia-se no princípio contábil da competência, 
em que as receitas devem ser reconhecidas e confrontadas com as despesas 
no momento em que foram incorridas.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: 
a) ( ) F - F - V - V.
b) ( ) V - V - V - F.
c) ( ) F - V - V - F.
d) ( ) V - F - F - V.
4 As provisões são importantes mecanismos contábeis que, seguindo alguns 
critérios de reconhecimento, determinam a constituição de um valor com 
desembolso certo, mas valor estimado. Partindo desse pressuposto, classifique 
V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Uma estimativa confiável do valor a ser provisionado é pré-requisito.
( ) Um dos requisitos que definem uma provisão é a improvável saída de 
recurso que poderia incorporar benefícios econômicos no momento da 
liquidação da obrigação.
( ) Uma provisão será sempre uma provisão e jamais uma obrigação.
( ) Em uma constituição de provisão existe a certeza do desembolso e a 
incerteza do valor que será realizado em determinado período futuro. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: 
a) ( ) V - F - F - V.
b) ( ) F - F - V - V.
c) ( ) F - V - V - F.
d) ( ) F - F - V - V.
16
17
TÓPICO 2
ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A expressão análise de balanço surgiu devido à análise inicialmente se 
referir apenas ao balanço patrimonial. Com o passar do tempo e o aprimoramento 
da contabilidade, surgiram novas demonstrações contábeis, como a Demonstração 
de Resultado do Exercício (DRE), Demonstração das Mutações do Patrimônio 
Líquido (DMPL), Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), entre outras. Então, 
passou a denominar-se de análise das demonstrações contábeis, contudo, o 
primeiro nome ainda é muito utilizado.
Este termo também será encontrado na literatura, principalmente quando 
relacionado com a legislação, denominando-se Demonstrações Financeiras, 
devido à forte relação e interesse com a situação econômico-financeira.
A análise das demonstrações contábeis tem grande importância na tomada 
de decisão no que se refere ao interesse de investidores para tornarem-se acionistas 
das empresas, na avaliação de desempenho das organizações, concorrentes, 
sindicatos, empregados, entre outros.
Numa visão de processos, pode-se inferir que as demonstrações contábeis 
são os relatórios que representam o produto final (saída) do processo contábil 
que será o insumo (entradas) no processo de finanças, em que o administrador se 
utilizará para analisar as informações e torná-las úteis na sua tomada de decisão.
Segundo relata Marion (2009, p. 2): “Relatório contábil é a exposição 
resumida de dados colhidos pela contabilidade. Objetiva relatar às pessoas que se 
utilizam da contabilidade (usuários da contabilidade) os principais fatos registrados 
pela contabilidade em determinado período”.
Os relatórios contábeis são os mais importantes e mais utilizados, conforme 
a Lei 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades por Ações (LSA). Além disto, a 
estrutura e divulgação das demonstrações contábeis também são regidas pela Lei 
10.406/02, conhecida como o Novo Código Civil (NCC).
Contudo, a Contabilidade sofreu profundas alterações em sua forma 
de contabilizar e evidenciar fatos contábeis no Brasil. Estas alterações foram 
alinhadas com os padrões contábeis internacionais, depois da Lei das Sociedades 
por Ações (LSA) ser editada e alterada pelas leis 11.638/07 e 11.941/09, que foi 
editada pela Medida Provisória 449/08.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
18
No Brasil, alguns segmentos, como as instituições financeiras, seguros e 
concessionárias de serviços públicos (energia elétrica, telefonia e saúde), emitem 
suas regulamentações contábeis e, por força de lei, não podem delegarseus 
poderes constituídos. 
O processo de harmonização contábil no Brasil partiu da criação do Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que passou a emitir pronunciamentos 
técnicos, os quais eram automaticamente transformados em normas nos diversos 
órgãos participantes das audiências públicas, como, por exemplo: (i) Conselho 
Federal de Contabilidade – CFC; (ii) Comissão de Valores Mobiliários – CVM; (iii) 
Banco Central – BACEN; (iv) Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; (v) 
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Agência Nacional de Transportes 
Terrestres – ANTT, Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.
Na figura a seguir demonstram-se, como exemplo, as deliberações 
dos órgãos em relação ao pronunciamento técnico emitido pelo Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis.
FIGURA 2 – EMISSÃO DAS NORMAS DOS ÓRGÃOS REGULADORES CONFORME CPC
FONTE: Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pronunciamentosIndex.php>. Acesso em: 
13 out. 2013. 
CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro 
Aprovado por: CVM - Deliberação CVM n°. 592/09;
CFC - NBC TG 23 - Resolução n°. 1.179/09; 
CMN - Resolução n°. 4.007/11 (Banco Central do Brasil); 
ANEEL - Despacho n° 4.722/09;
ANS - Instrução Normativa n°. 37/09;
SUSEP - Circular n°. 424/11, anexos, anexo IV 
Observe que cada órgão emite sua regulamentação em consonância com 
o CPC, tornando, desta forma, as práticas contábeis adotadas no Brasil unificadas 
e em convergência com as normas contábeis internacionais.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
19
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! Você pode consultar diretamente todas as normas emitidas 
pelos órgãos reguladores diretamente no site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis: 
<www.cpc.org.br>.
O pronunciamento técnico CPC 26 (2011) conceitua as demonstrações 
contábeis da seguinte forma:
As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da 
posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O 
objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação 
acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos 
de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em 
suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações 
contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da 
administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão 
diligente dos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer a esse 
objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da 
entidade acerca do seguinte:
(a) ativos;
(b) passivos;
(c) patrimônio líquido;
(d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas;
(e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos 
proprietários e distribuições a eles; e
(f) fluxos de caixa.
Essas informações, juntamente com outras informações constantes das 
notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis a 
prever os futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época 
e o grau de certeza de sua geração.
Entende-se, segundo o conceito do Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (CPC), a importância das demonstrações contábeis como geradora de 
informações patrimonial, financeira, econômica das entidades, para controle e 
gestão de usuários nas análises e tomada de decisão.
As principais demonstrações contábeis exigidas pela Lei das Sociedades 
por Ações (LSA) são: (i) Balanço Patrimonial, (ii) Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE), (iii) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), (iv) 
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e (v) Demonstração do Valor Adicionado 
(DVA), esta somente para companhias abertas, e (vi) Demonstrações das Mutações 
do Patrimônio Líquido, que substituirá no caso de sociedades anônimas a DLPA.
Estão dispensadas da elaboração e publicação da Demonstração dos 
Fluxos de Caixa (DFC) , segundo a Lei 11.638/07, as companhias fechadas com 
patrimônio líquido inferior a dois milhões de reais, na data do fechamento do 
balanço patrimonial.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
20
Outra alteração importante, a partir da Lei 11.638/07, determina a 
obrigatoriedade de empresas de sociedade limitada por quotas, consideradas 
de grande porte, cujo ativo seja superior a 240 milhões ou tenham receita bruta 
superior a 300 milhões, a elaborar e publicar suas demonstrações contábeis de 
acordo com a regulamentação da Lei das Sociedades por Ações (LSA).
As notas explicativas, e no caso das companhias abertas, o Relatório 
do Auditor Independente e o Relatório da Administração, complementam as 
demonstrações contábeis.
Caro acadêmico! Vamos agora compreender cada uma das demonstrações 
contábeis.
2 BALANÇO PATRIMONIAL
O Balanço Patrimonial é a principal demonstração contábil, pois evidencia 
a situação patrimonial e financeira de uma empresa em um determinado momento. 
Pode ser comparado a uma fotografia da empresa, na qual você registra todos os 
bens em seu poder, valores a receber ou a pagar em algum momento.
Segundo Silva (2010, p. 41), o Balanço Patrimonial “deve representar de 
forma quantitativa e qualitativa a posição financeira e patrimonial da empresa, a 
qual é composta por bens, direitos e obrigações em um determinado momento”.
Na sua estrutura serão classificados os elementos patrimoniais de 
acordo com a natureza de seus registros e agrupados de forma compreensiva ao 
entendimento da situação patrimonial e financeira da entidade. 
Desta forma, o Balanço Patrimonial é dividido em três grandes grupos e 
demonstrado em duas colunas, sendo o lado esquerdo representado pelo Ativo e o 
lado esquerdo pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido, conforme a figura a seguir.
FIGURA 3 – EQUILÍBRIO PATRIMONIAL
FONTE: Os autores 
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
21
Nestes três grupos, Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, são classificadas 
as contas que representam o patrimônio da empresa, que é o objeto de estudo da 
contabilidade.
O termo “balanço” deriva do sentido figurado representativo do equilíbrio 
dos saldos das contas do patrimônio. Demonstra a igualdade da balança entre os 
dois lados, ou seja, o ativo sempre deverá ter o mesmo saldo do passivo mais o 
patrimônio líquido. Isto nos leva à primeira e mais importante equação da teoria 
contábil, sendo:
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
O ativo representa os bens e direitos que estão em poder ou sob controle 
da entidade adquiridos em momento anterior ao Balanço Patrimonial e sob os 
quais existe a expectativa de geração de fluxos de caixa futuro.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2011), em sua Estrutura 
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, define 
ativo como “um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos 
passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a 
entidade”, ou seja, um ativo pode ser um bem que esteja apenas em posse ou 
ainda possua de fato a propriedade. Um exemplo clássico é o leasing financeiro, 
em que o bem é do arrendador (portanto o proprietário de direito), porém na 
contabilidade do arrendatário deverá ser contabilizado no ativo como bem do 
mesmo, visto que o leasing financeiro nada mais é do que uma operação financeira 
disfarçada, em que o arrendatário já fez a opção de compra do bem, inclusive lhe 
proporciona benefícios futuros (fluxos de caixa).
O passivo é representado pelas obrigações presentes que a empresa 
possui, ou seja, aquelas que já ocorrem e espera a sua liquidação para que seja 
capaz de produzir benefícios futuros para a empresa.
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2011), em 
sua Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro, o “passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos 
passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade 
capazes de gerar benefícioseconômicos”.
Todas as obrigações decorrentes de operações que a empresa assume no 
presente com promessa de pagamento futuro devem ser registradas no passivo, 
portanto, representam as dívidas com terceiros. As dívidas com os sócios ou 
proprietários são representadas pelo grupo do patrimônio líquido.
Em sua Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório 
Contábil-Financeiro, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2011) define 
patrimônio líquido como “o interesse residual nos ativos da entidade depois de 
deduzidos todos os seus passivos”.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
22
Os valores do patrimônio líquido representam os investimentos aplicados 
pelos sócios quotistas ou acionistas na entidade, com a finalidade de obter vantagens 
econômicas derivadas das riquezas geradas pelas atividades do negócio.
DICAS
Na teoria contábil denominamos o lado direito do Balanço Patrimonial como 
Passivo e Patrimônio Líquido, mas pela Lei das Sociedades por Ações é denominado apenas 
de Passivo.
Caro acadêmico, você pode visualizar os principais agrupamentos de 
contas do Balanço Patrimonial na figura a seguir.
FIGURA 4 – AGRUPAMENTO DE CONTAS DO BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: Adaptado de Silva (2010, p. 41)
ATIVO PASSIVO + PATRIMÓNIO LÍQUIDO 
Ativo Circulante Passivo Circulante
Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante 
Realizável a Longo Prazo Patrimônio Líquido
Investimentos Capital Social
Imobilizado Reservas de Capital
Intangível Reservas de Lucros
Ajuste Aval. Patrimonial
(-) Ações em Tesouraria
Prejuízo Acumulado
Mas você deve estar se perguntando: 
– Por que as contas são agrupadas e classificadas nesta ordem?
Como já explicamos anteriormente, as contas devem ser agrupadas de 
forma compreensível e que demonstre a real situação patrimonial e financeira da 
empresa, lembra?
Portanto, para uma adequada análise do Balanço Patrimonial, imaginando 
a possibilidade de uma descontinuidade das operações, seria importante que 
as contas do ativo fossem agrupadas pelo seu grau de liquidez, ou seja, pela 
capacidade de converter seu patrimônio (ativo) em dinheiro mais rapidamente. 
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
23
Por outro lado, partindo do pressuposto de uma descontinuidade de operações, 
também seria interessante que as contas do passivo fossem agrupadas pelo seu 
grau de exigibilidade, ou seja, as dívidas que devem ser pagas mais rapidamente.
Desta forma, o Balanço Patrimonial foi dividido em Circulantes e Não 
Circulantes. O grupo Circulantes deve compreender um período superior a 12 
meses após o encerramento do exercício social e são as contas de curto prazo, 
enquanto o Não Circulantes compreende um período superior a 12 meses após 
o encerramento do exercício e são as contas de longo prazo, conforme se pode 
observar na figura a seguir.
FIGURA 5 – CICLO CONTÁBIL
FONTE: Os autores
Dentro desses dois grupos, Circulantes e Não Circulantes, são agrupadas 
as contas segundo seu grau de liquidez para ativos e exigibilidade para passivos 
em ordem decrescente, conforme apresentamos na figura a seguir:
FIGURA 6 – DEMONSTRATIVO DE CONVERSIBILIDADE DAS CONTAS PATRIMONIAIS
FONTE: Adaptado de Marion (2009, p. 64)
Grau de Liquidez 
Decrescente Ativo
Passivo e
Patrimônio Líquido
Rápida Circulante Circulante
Lenta Não Circulante> Realizável a LP
 Não Circulante
> Exigível de Longo Prazo
Não há Bens de uso (não paravenda)
Patrimônio Líquido
Capital (Sócios)
* Excepcionalmente a empresa vende bens de uso.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
24
Como podemos observar, comparativamente com o agrupamento de 
contas, as contas que compreendem o grupo circulante, como as disponibilidades 
de caixa e bancos, clientes, estoques, entre outras contas que compõem as 
operações da empresa, terão conversão mais rápida em dinheiro do que as 
contas do grupo Realizável a Longo Prazo. Como exemplos das contas do grupo 
Realizável a Longo Prazo temos os créditos a receber em longo prazo, ou seja, os 
bens da empresa, os quais praticamente não há velocidade na conversão, visto 
que os bens não são destinados à venda, mas, sim, destinados às operações para 
gerar benefícios futuros ao longo de sua vida útil.
2.1 ATIVO CIRCULANTE
O grupo de ativo circulante compreende as contas das movimentações 
que se espera dentro de suas operações normais, em até 12 meses após o 
encerramento do exercício social da entidade. Desta forma, para que este grupo 
seja classificado como um ativo, ele deve atender alguns pré-requisitos descritos 
no pronunciamento técnico CPC 26 (2011), sendo que: 
O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer 
qualquer dos seguintes critérios:
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou 
consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado;
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; 
ou
(d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no 
Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de 
Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo 
se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do 
balanço.
Com base nestes critérios, demonstramos, na figura a seguir, as principais 
contas deste agrupamento. 
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
25
FIGURA 7 – ESTRUTURA DO ATIVO CIRCULANTE
FONTE: Os autores
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE
- Disponibilidades (caixa e bancos e 
 aplicações financeiras)
- Clientes ou duplicatas a receber
- Estoques
- Despesas pagas antecipadamente
PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A composição do Disponível é formada pelas contas: caixa, depósitos 
bancários à vista e clientes ou duplicatas a receber.
Na conta caixa o saldo representa o dinheiro disponível em espécie ou cheques 
em poder, mas ainda não depositados, porém são recebíveis de imediata realização.
A conta Depósito Bancários à Vista representa os saldos da movimentação 
bancária da empresa, juntamente com os cheques, depósitos efetuados e 
recebimentos de cobranças, entre outros.
A conta Clientes ou Duplicatas a Receber representa os saldos das vendas de 
mercadorias e/ou serviços prestados a prazo, pela emissão de títulos em cobranças 
no prazo acordado com o cliente. Porém, devido à incerteza no recebimento e 
aos riscos de crédito, a empresa registra em uma conta redutora, denominada 
de Provisão para Devedores Duvidosos, os valores que reconhecidamente não 
serão recebidos, que venceram e não serão recebidos no fim do exercício social. 
A contrapartida desta conta deverá ser a conta de despesas com devedores 
duvidosos, reduzindo o lucro das operações.
FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DA PROVISÃO PARA DEVEDORES DUVIDOSOS
FONTE: Os autores
Ativo R$
Ativo Circulante
Disponivel
Clientes 300.000
(-) Provisão p/ Dev. Duvidosos -30.000 270.000
Ativo Não Circulante
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
26
A conta Estoques representa os saldos das mercadorias destinadas a 
vendas e mercadorias inacabadas (em transformação) e matéria-prima in natura, 
aguardando para ser consumida no processo de fabricação.
A conta Despesas Pagas Antecipadamente representa saldos de despesas 
pagas que trarão benefícios até o próximo exercício social e que somente neste 
período é que devem ser apropriados, independente do desembolso. As despesas 
Pagas Antecipadamente mais conhecidas são: seguros, juros, aluguéis, impressos 
e materiais de uso personalizado.
2.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE
Todos os demais ativos que não se enquadram no circulante deverão 
ser classificados como Não Circulantes. Após a edição da Lei 11.941/09, que 
extinguiu o grupo de Realizável e o incorporou ao Não Circulante, este passou 
a ser estruturado com as contas: (i) Realizável a Longo Prazo, (ii) Investimentos,(iii) Imobilizado e (iv) Intangível, conforme a figura a seguir.
FIGURA 9 – ESTRUTURA DO ATIVO NÃO CIRCULANTE
FONTE: Os autores
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE
- Realizável de longo prazo
- Investimentos
- Imobilizado
- Intangível
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A conta Realizável de Longo Prazo representa menor liquidez às contas 
do grupo circulante, conforme já discutido anteriormente. Segundo Lima (2010, 
p. 42), nesta conta são classificados:
[...] os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, 
assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos 
a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou 
participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios 
usuais na exploração do objeto da companhia.
Na conta Investimentos são classificadas as participações em outras 
sociedades, não mantidas para venda (caráter permanente), e as aplicações 
permanentes que não se destinam à atividade operacional da empresa, como, por 
exemplo, terrenos, imóveis alugados a terceiros, obras de arte, entre outros.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
27
A conta Imobilizado representa os saldos em que são classificados os bens 
corpóreos da empresa que tenham sido destinados às atividades operacionais 
que promovam benefícios futuros e estejam sob controle e risco da empresa.
IMPORTANT
E
São características obrigatórias de um Ativo Não Circulante – Imobilizado para 
tal classificação: (i) ser de natureza duradoura (vida útil superior ao exercício social); (ii) ser 
utilizado nas operações da empresa; e (iii) não se destinar à venda.
A conta Intangível representa os saldos em que são classificados todos os 
direitos que tenham como objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da 
empresa, inclusive os fundos de comércio adquiridos (SILVA, 2010).
Caro acadêmico! Agora que estudamos o ativo, passaremos a conceituar o 
passivo e o patrimônio líquido.
2.3 PASSIVO CIRCULANTE
O grupo de passivo circulante compreende as contas em que existe uma 
obrigação presente, cujo pagamento resulte em benefícios futuros. Em outras 
palavras, são obrigações assumidas pela empresa que tenham como vencimento 
para liquidação dentro do exercício social seguinte.
Desta forma, para que seja classificado como um passivo, este grupo 
deve atender alguns pré-requisitos descritos no pronunciamento técnico CPC 26 
(2011), sendo que: 
O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer 
qualquer dos seguintes critérios:
(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da 
entidade;
(b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do 
balanço; ou
(d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do 
passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço (ver 
item 73). Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, 
resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos 
patrimoniais não devem afetar a sua classificação.
Com base neste critério, têm-se as contas, demonstradas na figura a seguir, 
como principais neste agrupamento.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
28
FIGURA 10 – ESTRUTURA DO PASSIVO CIRCULANTE
FONTE: Os autores
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
- Fornecedores;
- Salários a Pagar;
- Encargos Sociais a recolher;
- Impostos a recolher;
- Imposto de Renda e Provisões;
- Empréstimos Bancários; e 
- Outras Obrigações.
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A conta Fornecedores representa os saldos das compras realizadas, dos 
insumos adquiridos para o processo produtivo (indústrias) ou compras para 
revenda (comércio).
A conta Salários a Pagar representa os saldos de dívidas com salários dos 
colaboradores da empresa, cujo pagamento somente ocorrerá no quinto dia útil 
após o fechamento do balanço.
A conta Encargos Sociais a Recolher representa os saldos das despesas 
incorridas e decorrentes da folha de pagamento dos colaboradores que ainda 
serão pagos, portanto se tornam obrigações.
A conta Impostos a recolher representa os saldos dos impostos aferidos 
sobre vendas ou lucros, devidamente apuradas suas compensações, quando lhe 
couber, cujas despesas incorreram e obrigação de pagamento tem vencimento 
futuro. Como exemplos podemos citar o Imposto sobre Produtos Industrializados 
– IPI, Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços – ICMS, 
entre outros.
A conta Imposto de Renda a Pagar representa os saldos da obrigação 
existente, proveniente da apuração do lucro do exercício que deverá ser recolhido 
no exercício seguinte ao fechamento.
A conta Provisões representa os saldos de obrigações presentes existentes 
para com terceiros, cujo valor não pode ser aferido com precisão, portanto 
representa estimativas de valores. A constituição de provisões mais conhecidas 
refere-se a férias, gratificação a empregados, 13º salário e contingências.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
29
A conta Empréstimos Bancários representa os saldos dos empréstimos 
realizados com instituições financeiras, cujas obrigações têm vencimento dentro 
do próximo exercício social.
As outras obrigações representam os saldos correspondentes a valores 
adiantados de clientes, dados em garantia da entrega do bem ou execução 
do serviço no futuro, a contas a pagar referente a gastos de pequena monta, 
como água, telefone, energia elétrica, e ainda aos dividendos a pagar que são a 
distribuição sobre os lucros.
Agora que você conheceu sobre as principais contas do passivo circulante, 
veremos as contas do passivo não circulante.
2.4 PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Todas as demais obrigações que sejam superiores a 12 meses após o 
encerramento do exercício devem ser contabilizadas no Passivo Não Circulante. A 
partir da Lei 11.941/09 (Medida Provisória 449/08), o grupo de contas denominado 
de Exigível de Longo Prazo foi substituído pelo Passivo Não Circulante, e este, 
por sua vez, tornou-se um subgrupo. 
As principais contas dentro do Exigível de Longo Prazo podem ser: (i) 
Financiamentos, (ii) Debêntures, entre outras.
FIGURA 11 – ESTRUTURA DO PASSIVO NÃO CIRCULANTE
FONTE: Os autores
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
- Exigível a longo prazo
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A conta Financiamento representa os saldos de empréstimos nacionais e 
internacionais realizados pela empresa com pagamento em longo prazo. Os juros 
devem ser calculados e apropriados de acordo com o sistema de amortização 
contratado que corresponda aos juros que deverão incorrer em longo prazo.
A conta Debêntures representa os saldos das dívidas com os detentores 
dos direitos de crédito contra a empresa pela emissão dos títulos que apresentam 
característica de vencimento em longo prazo.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
30
Agora que você conheceu sobre as principais contas do passivo não 
circulante, veremos as contas do patrimônio líquido.
2.5 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O Patrimônio Líquido pode ser compreendido como uma diferença 
residual entre ativos e passivos exigíveis. Os passivos exigíveis representam os 
recursos aplicados no ativo e reclamados por terceiros (fornecedores, bancos, 
entre outros) no momento de seu vencimento. Neste contexto, o Patrimônio 
Líquido representa os recursos aplicados no ativo pelos sócios quotistas ou 
acionistas que não possuem data de vencimento, ou seja, trata-se de recursos não 
exigíveis, porém esperam que uma remuneração lhes seja conferida na forma de 
distribuição dos dividendos.
Conforme Iudícibus (2009, p. 29), o Patrimônio Líquido “evidencia 
recursos dos proprietários no empreendimento”.
O Patrimônio Líquido está representado do lado direito do Balanço 
Patrimonial, com o ativo circulante, não circulantee o subgrupo do Exigível de 
Longo Prazo, conforme a figura a seguir.
FIGURA 12 – ESTRUTURA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
FONTE: Os autores
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
- Capital Social
- Reservas de Capital
- Ajustes de Avaliação Patrimonial
- Reservas de Lucros
- (Lucros ou) Prejuízos Acumulados
- Reservas de Incentivos Fiscais
- Ações em tesouraria
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
31
O Passivo representa a exigibilidade de recursos reclamados (Passivo 
Exigível) e o Patrimônio Líquido, denominados de fontes de recursos, e ativo são 
os lucros dos recursos.
Para visualizar a exigibilidade com clareza, observe a figura a seguir:
FIGURA 13 – CLASSIFICAÇÃO DO PASSIVO EXIGÍVEL E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
FONTE: Os autores
Passivo Circulante
+
Exigível de Longo Prazo
CAPITAIS DE TERCEIROS
(EXIGÍVEIS)
Patrimônio Líquido CAPITAL PRÓPRIO(NÃO EXIGÍVEIS)
Caro acadêmico! Para simplificar seu entendimento, basta compreender que 
há igualdade entre o lado esquerdo e o lado direito do Balanço Patrimonial e que os 
valores do Patrimônio Líquido representam o residual de ativos e passivos exigíveis. 
ATIVO – PASSIVO EXIGÍVEL = PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O ativo e o passivo exigível já foram objetos de estudos anteriores. 
Quanto ao Patrimônio Líquido, sua estrutura tem como principais contas: (i) 
Capital Social, (ii) Reservas de Capital, (iii) Ajustes de Avaliação Patrimonial, (iii) 
Reservas de Lucros, (iv) Reservas de Incentivos Fiscais e (v) Ações em Tesouraria, 
que serão Lucros ou Prejuízos Acumulados. 
A conta Capital representa o saldo inicial dos proprietários investidos na 
entidade e demais acréscimos ao capital resultantes de lucros retidos e reservas 
que foram incorporadas ao capital social.
A conta reserva de capital representa os saldos que não se originam do 
lucro da empresa, como, por exemplo, ágio na emissão de ações, alienação de 
partes beneficiárias ou bônus de subscrição. As reservas de capital se destinam a 
completar a absorção de prejuízos não cobertos pelos lucros retidos e reservas de 
lucros ou incorporar o capital social pelo aumento de capital.
A conta Ajustes de Avaliação Patrimonial representa os saldos em 
substituição, conforme explica Marion (2009, p. 410):
No lugar de Reservas de Reavaliação surge Ajustes de Avaliação 
Patrimonial, que serão classificados como ajustes de avaliação 
patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em 
obediência ao Regime de Competência as contrapartidas de aumentos 
ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, 
em decorrência de sua avaliação a preço de mercado.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
32
Desta forma, as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive 
derivativos, são os direitos e títulos de créditos classificados no Ativo Circulante 
e Realizável de Longo Prazo, quando se destinarem para a venda.
A conta Reservas de Lucros representa os saldos apropriados pela empresa, 
conforme determina a Lei das Sociedades por Ações (LSA), ou instituídas por 
vontade de seus proprietários instituídos por estatuto social (reservas estatutárias) 
ou por assembleias (reservas para contingências, lucros retidos para expansão ou 
reservas de lucros a realizar).
A conta Lucros Acumulados, especificamente, foi extinta para empresas 
regidas pela Lei das Sociedades por Ações (LSA), após a Lei 11.638/07. A partir 
desta lei as empresas devem dar um destino aos saldos, transferindo para reservas 
ou distribuindo sob forma de dividendos, e se ainda houver saldo remanescente, 
este deve ser destinado ao aumento do capital social. A conta prejuízos acumulados 
terá como tratamento a seguinte forma: primeiramente serão absorvidos pelos 
saldos de reservas de lucros e reservas de capital, contudo ficam evidenciados até 
o momento em que sejam compensados ou assumidos pelos sócios. 
IMPORTANT
E
Lembre-se de que a conta Acumulados foi extinta apenas para as empresas 
regidas pela Lei das Sociedades por Ações (LSA), sendo que as empresas de pequeno e médio 
porte (limitadas) continuam com a conta e acumulando saldos de lucros acumulados.
A conta Reserva de Incentivos Fiscais representa os saldos do acréscimo 
ao lucro de doações ou subvenções que se tornaram obrigatórios transitar por 
resultado do exercício, mas que podem ser destinados especificamente para uma 
reserva denominada de Reservas de Incentivos Fiscais.
A conta Ações em Tesouraria representa os saldos de aquisições de ações 
da própria empresa que devem ser excepcionalidade e evidenciados tais registros.
Caro acadêmico! Estudamos os principais conceitos atribuídos aos grupos 
e subgrupos que compõem a estrutura de contas do Balanço Patrimonial de uma 
empresa regida pela Lei das Sociedades por Ações (LSA). Na figura a seguir 
você poderá verificar a estrutura completa de um modelo de apresentação desta 
demonstração contábil, conforme determina a lei.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
33
FIGURA 14 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL
FONTE: Os autores
O Balanço Patrimonial, assim como a Demonstração de Resultado do 
Exercício (DRE), são as principais demonstrações contábeis utilizadas para 
análise. Vamos, agora, compreender a estrutura de uma DRE.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
34
3 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE
A medição da performance das operações da empresa é de suma importância 
para a sua continuidade, portanto, periodicamente os resultados do confronto das 
receitas com os custos e despesas são apurados e seu resultado (lucro ou prejuízo) 
é transferido para o grupo do Patrimônio Líquido. Trata-se de uma demonstração 
contábil com o objetivo de evidenciar, em determinado período (normalmente 12 
meses), o resultado das atividades operacionais, denominada de Demonstração 
do Resultado do Exercício, também conhecida por DRE.
IMPORTANT
E
Lembre-se de que o nível de detalhamento da DRE pode variar de tipo de 
empresa. Imagine que informações necessárias a uma companhia de energia elétrica não 
terão o mesmo nível de detalhes para um bar, mercearia ou minimercado, contudo, algumas 
informações mínimas devem ser atendidas.
Para conhecermos a estrutura da DRE, primeiramente precisamos 
compreender sua organização informacional.
Segundo Silva (2009, p. 39), a DRE “é apresentada de forma dedutiva 
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o 
resultado (lucro ou prejuízo)”.
Esta disposição informacional pode ser visualizada na figura a seguir:
FIGURA 15 – GERAÇÃO DE INFORMAÇÃO
FONTE: Adaptado de Silva (2009, p. 39)
DRE
Receita
 ( - ) Deduções
 ( - ) Custos do período
( - ) Despesas
( - ) ................
 ....................
 Lucro ou prejuízo
V
ER
TI
C
A
L
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
35
Assim sendo, o objetivo econômico de qualquer entidade é gerar lucro, 
contudo, este lucro também deve ser suficiente para remunerar o capital investido.
O detalhamento da DRE, conforme determina a Lei das Sociedades 
por Ações (LSA), objetiva evidenciar informações relevantes das atividades da 
empresa na geração dos resultados econômicos.
FIGURA 16 – COMPOSIÇÃO DA DRE
FONTE: Adaptado de Marion (2009, p. 131) e Iudícibus (2009, p. 45)
Receita Operacional Bruta 
Deduções da Receita Bruta 
Devolução e abatimentos 
Impostos Incidentes s/ Vendas
Impostos Incidentes s/ Serviços
Receita Operacional Líquida 
Custo das Vendas
Lucro Operacional Bruto 
Despesas Operacionais 
Com Vendas, Administrativas e Gerais
Lucro Antes das Desp. e Rec. Financeiras
Despesas Financeiras 
Receitas Financeiras
Lucro antes do Resultado Não Operacional
Receita Não Operacional 
Despesas Não Operacional 
Lucro antes dos Tributos 
Contribuição Social sobre o Lucro
Imposto de Renda sobre o Lucro
Lucro líquido antes das participações
Debêntures,Empregados. Participações de 
Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de 
Assistência e Previdência para Empregados
Lucro Líquido do Período
A Receita Operacional Bruta representa a venda do produto (serviços ou 
mercadoria) da empresa e pode ser conceituada por Iudícibus (2009, p. 39) como 
“total bruto vendido no período. Nela estão inclusos os impostos sobre vendas (os 
quais pertencem ao governo) e dela não foram subtraídas as devoluções (vendas 
canceladas) e os abatimentos (descontos) ocorridos no período”.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
36
A Receita Operacional Bruta gera os impostos que incidem sobre as 
operações de vendas e devem ser repassados ao governo. Os impostos incidentes 
sobre a venda podem ser: Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços 
– ICMS, Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, Contribuição para o 
Financiamento da Seguridade Social – COFINS, Programa de Integração Social – 
PIS, Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISQN, entre outros.
Como os impostos pertencem ao governo, não devem ser considerados 
como parte de sua receita, pois, independente de suas operações, sempre deverão 
ser repassados ao governo.
As devoluções por vendas canceladas são efetivadas pelo descumprimento 
em relação ao pedido, que pode ser qualidade, preço, quantidade ou mesmo defeito. 
Na tentativa de evitar o cancelamento, a empresa propõe ao cliente um desconto 
(abatimento) para que ele fique com a mercadoria, evite a devolução e compense 
possíveis prejuízos. Tanto as devoluções como os descontos/abatimentos são 
deduzidos da receita bruta, resultando na RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA.
Receita Operacional Bruta
(-) Devolução e abatimentos
(-) Impostos s/ Vendas
Receita Operacional Líquida
Da receita operacional líquida são deduzidos os custos das operações 
envolvidas com a venda da mercadoria ou serviços que devem ser confrontados 
com as receitas. Quando as operações envolverem empresas industriais, a conta 
será denominada de Custo dos Produtos Vendidos (CPV); quando empresas 
comerciais, será denominada de Custos das Mercadorias Vendidas (CMV), e 
ainda, quando empresas de serviços, será denominada de Custos dos Serviços 
Prestados (CSP).
Depois de deduzido o custo dos produtos, das mercadorias ou serviços 
vendidos, tem-se o LUCRO OPERACIONAL BRUTO.
Receita Operacional Líquida
(-) Custos das Vendas
(=) Lucro Operacional Bruto 
Na mesma proporção em que são reconhecidas as receitas das operações 
de vendas, também são reconhecidos os custos nesta mesma proporção, logo se 
tem uma variabilidade dos custos e das vendas, ou seja, quanto maiores as vendas, 
maiores serão os custos. Partindo do pressuposto do lucro marginal nas operações, 
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
37
tem-se que quanto maiores forem as vendas, maior será o lucro operacional bruto, 
contribuindo desta forma para suportar as despesas operacionais necessárias 
para gerar as receitas.
As Despesas operacionais são necessárias para gerar a receita, visto sua 
existência nas operações para vender os produtos e administrar a empresa, como 
controlar o faturamento e contas a receber, por exemplo.
As despesas com vendas são necessárias no processo de comercialização 
de distribuição dos produtos da empresa. Elas envolvem as despesas com pessoal 
da área comercial, comissões, propaganda e publicidade, fretes sobre vendas, 
participação em feiras e eventos, entre outros.
As despesas administrativas são gastos necessários para a gestão da 
empresa, envolvendo gastos com pessoal da administração, aluguéis, seguros, 
depreciações do escritório, entre outros relacionados com a área administrativa.
Incorrem também as despesas gerais, que podem ser as que envolvem 
despesas tributárias, como tributos, taxas de licenças e alvarás. Além dos 
resultados de participação societária ou, ainda, outras despesas operacionais 
como resultado da venda de bens que foram destinados às operações.
Subtraindo os valores correspondentes a estas despesas, tem-se o Lucro 
Antes das Desp. e Rec. Financeiras. Anteriormente à Lei 11.638/07 não havia 
uma preocupação em separar as despesas e receitas financeiras, e desta forma 
compunha o saldo das operações. Contudo, com a implantação da Demonstração 
dos Fluxos de Caixa e o entendimento das atividades que se destinam às operações, 
aos investimentos e aos financiamentos, as despesas financeiras não fazem parte 
das operações, mas destinam-se a financiar as operações da empresa, desta 
forma, mensuram-se os juros de dívidas sobre financiamentos que se destinam às 
operações ou aos investimentos do negócio.
As receitas financeiras representam os valores excedentes das operações 
que foram aplicados no mercado financeiro, portanto não se referem às atividades 
operacionais. Os acréscimos (receitas financeiras) ou diminuições (despesas 
financeiras) ao Lucro Antes das Desp. e Rec. Financeiras representam o Lucro 
antes do Resultado Não Operacional.
(=) Lucro Operacional Bruto 
(-) Despesas Operacionais
Com Vendas, Administrativas e Gerais
(=) Lucro Antes das Desp. e Rec. Financeiras
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
38
(=) Lucro Antes das Desp. e Rec. Financeiras
(-) Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras
(=) Lucro antes do Resultado Não Operacional
As despesas e receitas que não estejam relacionadas com as operações 
da empresa são classificadas como Não Operacionais, que ocorrem de forma 
excepcional, portanto referem-se a perdas ou ganhos não operacionais. As 
despesas não operacionais podem ser consideradas as perdas com a baixa de 
imobilizados, e as receitas não operacionais podem ser consideradas as doações e 
subvenções para investimentos. 
(=) Lucro antes do Resultado Não Operacional
(+) Receita Não Operacional
(-) Despesa Não Operacional
(=) Lucro antes dos Tributos
Como resultado dos acréscimos e diminuições do lucro tem-se o lucro 
antes dos tributos, que são incidentes sobre o lucro das operações da empresa.
A apuração dos tributos sobre o lucro é o Imposto de Renda Pessoa 
Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), em que, 
devido à influência regulatória nas demonstrações contábeis, os impostos sobre o 
lucro não são aplicados diretamente sobre o mesmo. 
Os impostos incidentes sobre o lucro são apurados através do Livro de 
Apuração do Lucro Real (LALUR). No caso de Sociedades Anônimas, que são 
tributadas por este regime, os efeitos da contabilidade são neutralizados pela 
opção do Regime Tributário de Transição, mais conhecido como RTT.
IMPORTANT
E
Os regimes tributários utilizados para apuração do Imposto de Renda Pessoa 
Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), como, por exemplo, lucro 
real, lucro presumido, SIMPLES, entre outros, não são objetos de estudo deste caderno.
Deduzindo os tributos do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), obtém-se como resultado o 
Lucro Líquido antes das Participações.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
39
(=) Lucro antes dos Tributos
(-) Contribuição Social sobre o Lucro
(-) Imposto de Renda sobre o Lucro
(=) Lucro líquido antes das participações
As participações sobre o lucro estão dispostas na Lei das Sociedades por 
Ações (LSA) nos artigos 187 e 190. Estas serão calculadas com base no percentual 
determinado pelo estatuto da empresa e na seguinte ordem:
a) debêntures;
b) empregados;
c) administradores; e
d) partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de 
instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não 
se caracterizem como despesa.
As partes beneficiárias referem-se a valores mobiliários que proporcionam 
ao titular direito de crédito eventual contra a empresa de sociedade anônima 
que emitiu o título, concedendo-lhe uma determinada participação durante 
determinado tempo nos lucros da empresa. Conformedisciplina a Lei das 
Sociedades por Ações (LSA), em seu artigo 47, a emissão de tal instrumento 
somente se aplica às Sociedades Anônimas de capital fechado.
Vamos exemplificar! Suponha que uma determinada Sociedade Anônima 
tenha um lucro Líquido antes das Participações no valor de R$ 100.000. 
Considerando que a empresa não apresentou prejuízo acumulado no exercício 
anterior e que no estatuto estão previstas participações a serem distribuídas 
da seguinte forma: 10% para debêntures; 10% para empregados e 10% para os 
administradores, de quanto será o Lucro Líquido do Exercício?
Demonstração do Resultado do Exercício - DRE
Lucro depois dos Tributos 100.000 
(-) Participação de Debêntures (10.000) >>>> (100.000 x 10%)
(-) Participação de Empregados (9.000) >>>> (90.000 x 10%)
(-) Participação Administração (8.100) >>>> (81.000 x 10%)
Lucro Líquido do Exercício 72.900 
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
40
Depois de deduzidas todas as participações definidas em estatuto, o saldo 
representa o lucro líquido do exercício, cujo valor a ser distribuído (dividendos) 
e valor que ficará retido será definido em assembleia.
Contudo, a Lei das Sociedades por Ações (LSA) ainda determina que ao 
final da Demonstração de Resultado do Exercício seja demonstrado o lucro por 
ação do capital social, desta forma dividindo-se o lucro líquido do exercício pelo 
número de ações da empresa.
Por força de lei, a parcela do lucro líquido distribuído ou que fica retido na 
empresa deverá ser evidenciada através da demonstração contábil denominada de 
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA, da qual passaremos 
a explicar a partir de agora.
3.1 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS 
ACUMULADOS - DLPA.
A grande parte do lucro apurado na Demonstração de Resultado do 
Exercício fica retida para ser reinvestido no negócio. Trata-se de uma demonstração 
contábil obrigatória, prevista no artigo 176 da Lei das Sociedades por Ações (LSA), 
que evidencia a movimentação da conta contábil Lucros acumulados que não 
poderá apresentar saldos, pois obrigatoriamente deverá ser dada uma destinação 
para o lucro do exercício.
FIGURA 17 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
* Lucros Acumulados – de acordo com a Lei nº 11.638/07, não pode mais permanecer, nos balanços, saldo na 
conta Lucros Acumulados. O resultado deverá ser obrigatoriamente destinado, ou seja, as parcelas do resultado 
a serem retidas precisarão ser contabilizadas em reservas próprias.
FONTE: Iudícibus (2009, p. 50)
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
41
O lucro retido pode ser utilizado de várias formas, como, por exemplo: 
“Pode ser utilizado para aumentar o capital circulante da empresa. Pode, ainda, 
ser destinado a algum fim específico e, nesse caso, será tratado em forma de 
reserva [...]” (MARION, 2009, p. 173).
A parte residual do lucro líquido que não for distribuída sob forma de 
dividendos, ou utilizada para aumento de capital ou destinada a reservas, será 
acumulada na conta Lucros Acumulados, apenas nas empresas que não seguem 
a Lei das Sociedades por Ações (LSA).
IMPORTANT
E
Nas empresas regidas pela Lei das Sociedades por Ações (LSA) a demonstração 
DLPA será substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, que 
estudaremos a seguir.
Pode-se inferir que a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados 
- DLPA demonstra as alterações ocorridas no saldo da conta Lucros Acumulados 
entre um período e outro.
Vamos então visualizar o modelo da DLPA para depois explicitarmos seu 
preenchimento.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
42
FIGURA 18 – ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS 
ACUMULADOS
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
Companhia Modelo S.A
Em R$ mil
Saldo em 31/12/20x0 (ou saldo inicial em 01/01/20x1 ...................
( +/- ) Ajustes de exercícios anteriores ...................
Reversões de Reservas ...................
Lucro Líquido do Exercício em (20x1) ...................
Saldo Disponível ...................
Proposta da Administração para Destinação do Lucro
Reserva Legal (...................)
Reserva Estatutária (...................)
Reserva para Contingência (...................)
Reserva Orçamentária (para expansão) (...................)
Reserva de Lucros a Realizar (...................)
Dividendos (...................)
Saldo em 31/12/20x1 ...................
FONTE: Marion (2009, p. 431)
A DLPA é iniciada com o preenchimento do saldo da conta Lucros 
Acumulados do Balanço Patrimonial do período anterior ou o saldo inicial do 
Balanço Patrimonial atual.
Os Ajustes de Exercícios Anteriores devem ser utilizados quando se 
constatar erros nos registros contábeis que afetem significativamente o resultado 
do exercício. Estes efeitos não devem ser considerados no período corrente, por 
ferir os Princípios Contábeis e também suprimir dividendos a que investidores 
tenham direito e que não tenham relação com estes eventos que causariam a 
redução do lucro no período corrente.
Desta forma, os ajustes seriam realizados diretamente na conta de lucros 
acumulados, não afetando o resultado econômico (DRE) do período.
Algumas reservas destinadas para certos fins, como reserva para lucros 
a realizar ou reservas para contingências, podem sofrer a reversão para a conta 
lucros acumulados e que são reincorporadas a Lucros Acumulados em exercícios 
posteriores. Estas reincorporações são classificadas na DLPA como Reversões de 
reservas.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
43
Como vimos anteriormente, a DRE termina com a apuração do lucro 
líquido após as participações, e este saldo será transferido para a conta Lucros 
Acumulados e, a partir desta, são tomadas decisões para quais destinos este saldo 
remanescente será distribuído.
Normalmente, as destinações propostas pela Administração são aprovadas 
na primeira Assembleia Geral Ordinária (AGO) e são destinadas às reservas, com 
base na lei ou nos estatutos, denominadas como reservas de lucros, tais como:
Reserva legal – está prevista por lei, sendo fixado o percentual de 5% 
do lucro líquido que serão destinados antes que qualquer outra reserva seja 
constituída. Sua finalidade é garantir a integridade do capital da empresa, sendo 
sua compensação permitida somente para aumento de capital ou compensação 
de prejuízos.
Reservas estatutárias – o estatuto da empresa poderá criar reservas, desde 
que obedeçam aos seguintes critérios: (i) indique com clareza a sua finalidade, 
(ii) determine os critérios de fixação da parcela anual do lucro líquido que será 
destinada com essa finalidade e (iii) estabeleça o limite máximo permitido para 
esta reserva.
Reservas para contingência – segundo Marion (2009, p. 411), este tipo de 
reserva poderá “[...] destinar parte do lucro líquido à formação de reservas com a 
finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente 
de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado”. A reserva poderá ser 
revertida caso as causas que gerarem a contingência deixarem de existir.
Reservas de Lucros para Expansão (Retenção de Lucro) – poderá em 
assembleia, por proposta da administração, reter parte do lucro e se destinar na 
execução de orçamento de capital previamente aprovado.
Reservas de Lucros a Realizar – destina-se a apropriar parcela do lucro 
em que a realização financeira ocorrerá em exercícios posteriores, ou seja, houve 
a realização econômica, mas a realização financeira do lucro que se transformará 
em caixa somente acontecerá em outro momento. Desta forma, seriam pagos os 
dividendos sobre a parcela do lucro a realizar somente quando o lucro se realizar 
financeiramente.
Dividendos – refere-se à parte do lucro destinado aos acionistas da 
empresa.
Como vimos, a DLPA é uma demonstração simples de ser preenchida. 
No caso das empresas regidas pela Lei das Sociedades por Ações (LSA), deve ser 
substituída pela Demonstração das Mutaçõesdo Patrimônio Líquido – DMPL, 
que será demonstrada a seguir.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
44
4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO – DMPL 
A publicação desta demonstração é uma obrigação apenas para as 
empresas regidas pela Lei nº 6.404/76, art. 186, § 2º (Lei das Sociedades por 
Ações), todavia, autoriza a inclusão da DLPA na Demonstração das Mutações do 
Patrimônio Líquido (DMPL). Assim, quando as empresas apresentarem a DMPL, 
dispensam apresentação da DLPA.
A principal diferença entre a DLPA e a DMPL está na amplitude 
das informações demonstradas, pois enquanto a DLPA explica apenas a 
movimentação da conta Lucros Acumulados, a DMPL explica a movimentação 
de todo o patrimônio líquido.
5 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA - DFC
No Brasil, a DFC é obrigatória para as empresas que possuem Patrimônio 
Líquido superior a R$ 2.000.000,00 na data do fechamento do balanço. As 
orientações regulatórias para preenchimento desta demonstração foram 
aprovadas e estão contidas no Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 
03/2010.
Ribeiro (2008, p. 72) conceitua a Demonstração de Fluxo de caixa como:
[...] um relatório contábil que tem por fim evidenciar as transações 
ocorridas em um determinado período e que provocaram modificações 
no saldo da conta caixa. Trata-se de uma demonstração sintetizada dos 
fatos administrativos que envolvem os fluxos de dinheiro ocorridos 
durante determinado período, devidamente registrados a débito 
(entradas) e a crédito (saídas) da conta Caixa.
O Caixa compreende os recursos da empresa em espécie ou equivalentes 
a caixa, como os depósitos bancários com saldos disponíveis. Conforme CPC 
03/2010, equivalentes de caixa “são aplicações financeiras de curto prazo, de alta 
liquidez, que são prontamente conversíveis em caixa e que estão sujeitas a um 
insignificante risco de mudança de valor”.
Desta forma, a DFC tem como objetivo demonstrar o fluxo financeiro de caixa 
e equivalentes a caixa, explicando os motivos, a partir do saldo inicial, os fatos que 
provocaram o saldo final das disponibilidades e onde foram aplicados os recursos 
que deram entrada no disponível, conforme demonstrado na figura a seguir.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
45
FIGURA 19 – O QUE EXPLICA A DFC
FONTE: Marion (2009, p. 459)
 Circulante 31/12/X0 31/12/X1
 Disponível 180.000 250.000
A Demonstração dos Fluxos de Caixa evidenciará as razões 
do acréscimo de S 70.000 no disponível.
Cia.....
Demonstração dos Fluxos de caixa 
Período ___/___/___ a ___/___/___
Saldo no início do período (1°.-1-X1)* (+) 
(+) Entradas (Fontes) 180,000
................................................... ...................
................................................... ...................
................................................... ................... .................. 
(-) Saídas (Aplicações)
................................................... ...................
................................................... ...................
................................................... ................... (..................)
(=) Saldo no final do período (31/12/X1) 250.000
* Note que o saldo de 1° –1–X1 é o mesmo de 31/12/X0.
Observa-se na figura que o saldo no Balanço Patrimonial do disponível em 
31/12/x0 está representado na DFC, como saldo inicial no valor de R$ 180.000,00, 
e que depois das movimentações de entradas e saídas apresentou o saldo final de 
R$ 250.000,00, que é o saldo do balanço patrimonial em 31/12/20x1.
Silva (2010, p. 54) explica que “essa demonstração será obtida de forma 
direta (a partir da movimentação do caixa e equivalente de caixa) ou de forma 
indireta (com base no lucro/prejuízo do exercício)”.
Ainda segundo o CPC 03, os Fluxos de Caixa devem ser demonstrados 
por uma classificação por atividades (i) operacionais, (ii) de investimentos e (iii) 
de financiamentos.
Nas atividades operacionais são demonstradas todas as atividades que 
causam a geração das receitas e que tenham relação com o objetivo social da 
empresa.
As atividades de investimentos estão relacionadas com a demonstração 
dos fluxos relativos à compra e à venda de ativos e investimentos que são 
destinados às operações, ou seja, investimentos destinados à geração de fluxos de 
caixa presentes ou futuros.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
46
Por último, nas atividades de financiamentos estão relacionadas com 
a demonstração dos fluxos as fontes de recursos utilizados para financiar as 
operações da empresa, seja de capital próprio ou de fornecedores de capital.
Desta forma, na elaboração de uma DFC pode-se utilizar o método direto 
e o método indireto, conforme se demonstra a seguir:
FIGURA 20 – ESTRUTURAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA – 
MODELO DIRETO
FONTE: Marion (2009, p. 469)
Nas atividades operacionais, o método direto evidencia os recursos 
equivalentes às atividades operacionais originadas dos valores de recebimentos 
e pagamentos das operações normais da empresa, cujo desembolso ocorreu 
efetivamente.
No caso dos recebimentos podem se referir às entradas de vendas à vista 
ou a prazo que deram origem a duplicatas a receber, recebimentos de juros sobre 
empréstimos concedidos, resgates de aplicações, dividendos de participações 
em outras empresas, vendas de ativos destinados à venda, como, por exemplo, 
títulos de valores mobiliários.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
47
FIGURA 21 – ESTRUTURAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA – MODELO 
INDIRETO
As saídas podem se referir a pagamentos realizados a fornecedores de 
matérias-primas, pagamento de juros, dividendos, compras de bens do ativo 
destinados à venda ou destinados às operações da empresa.
Enquanto o método direto baseia-se nas entradas e saídas efetivamente 
realizadas no caixa, o método indireto baseia-se na composição (conciliação) do 
caixa a partir do lucro líquido, acrescida das despesas e excluídas as receitas que 
estão inclusas no resultado econômico, mas que não afetam o caixa, como pode 
ser observado no modelo apresentado na figura a seguir.
FONTE: Marion (2009, p. 469)
Caro acadêmico! Observe que no método indireto, o Lucro Líquido no 
exercício deverá ser reconciliado com os valores que afetam o caixa. Um exemplo 
é a depreciação, que nada mais é do que uma provisão constituída para reservar 
parte do lucro para repor um novo bem ao fim da vida útil do bem atual. Como 
não afeta nem entrada e nem saída de caixa, logo, deve ser acrescido para ajustar 
o Lucro que Afeta o Caixa. Podem ainda representar ajustes ao lucro líquido: 
(i) lucro na venda do imobilizado (provisões); (ii) despesas financeiras de longo 
prazo, (iii) resultado de participação societária, entre outras.
Mas como identificar as entradas e saídas de caixa neste método? 
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
48
Vimos anteriormente que uma DRE é composta por receitas menos 
custos e despesas, cuja diferença resulta no lucro das operações. O Balanço 
Patrimonial (BP) e a DRE estão intimamente ligados quando da ocorrência dos 
eventos contábeis, sendo que aumentos de receitas provocam aumentos do ativo 
ou reduções de passivo, enquanto aumentos de despesas provocam reduções do 
ativo ou aumento do passivo.
Neste caso, uma venda à vista ou a prazo gerará um evento que aumentará 
o ativo (caixa ou duplicatas a receber no BP); por outro lado, a ocorrência de uma 
despesa à vista ou a prazo gerará um evento que reduzirá o ativo (caixa no BP) ou 
aumentará o passivo (Fornecedores no BP).
Por exemplo, uma venda à vista e a prazo no valor de R$ 1.200,00, para 
saber os efeitos causados no balanço patrimonial, tem-se a seguinte apresentação:
FIGURA 22 – VENDA À VISTA E A PRAZO
FONTE: Os autores
DESCRIÇÃO VENDA
Contas Grupo SaldoInicial À Vista Saldo A Prazo Saldo
Caixa Ativo 1.000 1.200 2.200 
Contas a Receber Ativo 2.500 1.200 3.700
Vendas Resultado 5.000 1.200 6.200 1.200 6.200
Podemos observar que uma venda à vista, cujo saldo inicial da empresa 
era de R$ 1.000,00 passará a ter um saldo de R$ 2.200,00 devido à entrada de 
recursos no caixa (ativo), em contrapartida, aumentará as vendas (Resultado). 
Da mesma forma, uma venda a prazo aumentará a contas a receber (ativo) que 
tinha um saldo inicial de R$ 2.500,00 e com o acréscimo terá um novo saldo de R$ 
3.700,00 em contrapartida com o aumento das vendas (resultado).
Vamos agora verificar a situação das contas para um evento de geração de 
despesas com desembolso à vista e a prazo.
FIGURA 23 – DESPESAS COM DESEMBOLSO À VISTA E A PRAZO 
DESCRIÇÃO GASTO
Contas Grupo Saldo Inicial À Vista Saldo A Prazo Saldo
Caixa Ativo 1.000 - 400 600 
Fornecedores Passivo 500 400 900
Despesas Resultado 2.000 400 2.400 400 2.400
FONTE: Os autores
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
49
No caso da despesa com desembolso à vista no valor de R$ 400,00 observa-
se que o saldo do caixa (ativo) reduzirá seu saldo em relação ao saldo inicial 
de R$ 1.000,00 e aumentará as despesas (resultado), enquanto uma despesa a 
prazo aumentará o saldo de fornecedores (passivo) de R$ 500,00 para R$ 900,00 e 
também o aumento da despesa (resultado) para R$ 2.400,00.
Para identificar entradas e saídas de caixa pelo método indireto, devemos 
ter como regra geral, segundo Marion (2009, p. 470), as seguintes definições:
• os aumentos no Ativo Circulante provocam o uso do dinheiro (caixa); 
as reduções do Ativo Circulante produzem caixa (origem de caixa);
• os aumentos do Passivo Circulante evitam a saída de mais dinheiro, 
aumentando o caixa; as reduções do Passivo Circulante significam que 
o pagamento foi feito, reduzindo o caixa (uso de caixa);
• para calcular as variações líquidas, basta subtrair o saldo anterior do 
saldo atual das contas do Circulante (Ativo e Passivo).
Pode-se concluir que, pela diferença de saldos das contas do Ativo, 
Passivo e Patrimônio Líquido é que será possível determinar as entradas e 
saídas do caixa ajustado pelo acréscimo ou redução do lucro líquido pelas 
contas que não afetam o caixa.
Vamos ver o exemplo para a Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC 
apresentado em nosso tópico.
TABELA 1 – CÁLCULO DAS VARIAÇÕES DO CIRCULANTE (CAPITAL DE GIRO)
Fonte: Marion (2009, p. 470)
ATIVO 31-12-X1 31-12-X2 VARIAÇÃO REFLEXO NO CAIXA
Duplicatas a 
receber 500 1.000 500 Adia recebimento: reduz o caixa
Estoques 1.000 1.500 500 Mais aquisição: reduz o caixa
PASSIVO
Fornecedores 1.000 2.000 1.000 Posterga pagamento: favorece o caixa
Empréstimos 
Bancários 1.000 1.470 470
Tratado como Atividade de 
Financiamento
Imposto de 
Renda a Pagar - 1.050 1.050 Posterga pagamento: favorece o caixa
Observe que no caso das duplicatas a receber houve um aumento em 
31-12-X2 que representa uma variação de R$ 500, e o aumento da conta indica 
que o cliente não efetuou o pagamento, logo representa uma redução de caixa. 
O mesmo princípio se aplica à conta de estoque, cujo aumento do saldo indica 
redução de caixa.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
50
No Passivo há o aumento da conta Fornecedores, a variação de R$ 1.000 
indica que o pagamento foi adiado, logo não houve a saída de caixa, portanto se 
considera um aumento do caixa, aplicando-se o mesmo caso para o Imposto de 
Renda a Pagar.
FIGURA 24 – ESTRUTURAÇÃO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS
FONTE: Marion (2009, p. 471)
Desta forma, a Composição da DFC, relativa às atividades operacionais, 
pode ser refletida pelo saldo do Caixa Gerado nos Negócios. Para a elaboração 
das atividades de financiamento e de investimento será elaborada da mesma 
forma, ou seja, pela diferença dos saldos entre o período anterior e o período 
atual no Balanço Patrimonial.
DICAS
Leia o Pronunciamento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 03, 
neste poderão ser observadas com mais detalhes as regras para apresentar e divulgar a 
Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC.
Vamos agora conhecer outra demonstração que se tornou obrigatória 
a partir de 2008, apesar de que muitas já a publicavam, para as empresas de 
Sociedade Anônima: a Demonstração do Valor Adicionado, conhecida como DVA.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
51
6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA
Trata-se de uma demonstração contábil que objetiva demonstrar a 
riqueza gerada por uma empresa em um determinado período, evidenciando sua 
distribuição.
Ribeiro (2008, p. 91) conceitua a DVA como “um relatório contábil que 
evidencia o quanto de riqueza uma empresa produziu, isto é, o quanto ela 
adicionou de valor aos seus fatores de produção e o quanto e de que forma essa 
riqueza foi distribuída (entre empregados, governo, acionistas, financiadores de 
capital e outros)”.
A partir das alterações na Lei das Sociedades por Ações (LSA), a DVA 
passou a ser obrigatória para as empresas de capital aberto no Brasil, e sua forma 
de apresentação foi definida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 09.
As informações da DVA se originam da Demonstração do Resultado do 
Exercício – DRE, logo, as informações de elaboração são baseadas no Princípio 
da Competência e o cerne desta demonstração utiliza o conceito de VALOR 
ADICIONADO.
O valor adicionado ou valor agregado pode ser compreendido como 
custos que são gerados dentro da empresa que remunera os fatores de produção. 
Os fatores de produção podem ser compreendidos como trabalho, capital, 
capacidade tecnológica, entre outros.
IMPORTANT
E
Você sabia que nem todos os custos são gerados dentro das empresas? As 
empresas podem decidir transferir alguns custos para que outras empresas forneçam insumos 
necessários à produção.
Os custos que são gerados externamente (produção ou serviços) e que 
são adquiridos por uma empresa para incorporar o custo dos produtos ou das 
mercadorias são denominados de insumos. Os mais conhecidos são a matéria-
prima, serviços variados como os de contabilidade, auditoria, limpeza, vigilância, 
engenharia, advocacia, ou materiais diversos, como lubrificantes e combustíveis, 
materiais de escritório ou de limpeza, entre outros.
Desta forma, pode-se inferir que uma empresa, para vender um produto, 
necessita adquirir insumos que serão agregados ao valor necessário para remunerar 
seus fatores de produção. 
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
52
Caro acadêmico! Você deve estar pensando: como uma entidade adiciona 
valor aos seus insumos e como a remuneração aos fatores de produção é 
distribuída?
Imagine que uma empresa tenha produzido e vendido o equivalente a R$ 
150.000,00. Para isto, precisou comprar R$ 80.000,00 de matéria-prima e utilizou 
mão de obra que lhe custou R$ 30.000,00. O valor agregado pela empresa ficaria 
desta forma:
Valor de Produção (venda) 150.000 
( - ) Materiais (insumos) 80.000 
Valor Adicionado (Riqueza Gerada) 70.000 
Observe que no exemplo acima a empresa adicionou valor aos insumos 
na ordem de R$ 70.000,00. A mão de obra não entra no cálculo, pois se trata de um 
custo gerado dentro da empresa e apenas devem ser eliminados custos de bens 
e serviços intermediários, de terceiros, ou seja, os custos gerados externamente à 
empresa. Mas de que forma ou para que fatores de produção foram distribuídos?
Distribuição do Valor Adicionado 70.000
( - ) Funcionário (Mão de obra) 10.000
( - ) Acionistas (Lucro) 60.000
Do valor adicionado, R$ 10.000 foram distribuídos aos funcionários e o 
valor restante, de R$ 60.000, seria o lucro destinado aos detentores do capital 
social da empresa.
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! Observe que toda a riqueza gerada teve uma destinação, logo, 
o valor adicionado a distribuir deve ser igual ao valor adicionado distribuído.
Para melhorar o exemplo anterior, vejamos como ficaria a DRE e como 
ficaria a DVA se,além das informações citadas, a empresa ainda tivesse como 
gastos incorridos: despesas com propaganda e publicidade de R$ 3.000,00, 
serviços de contabilidade de R$ 2.000,00 e impostos sobre o lucro de R$ 12.000,00.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
53
FIGURA 25 – COMPARATIVO DRE VERSUS DVA
DRE
Descrição R$
Vendas de Produto 150.000
(-) Custo Produtos Vendidos
Matéria-prima + Mão de Obra 90.000
(=) Lucro Bruto 60.000
(-) Despesas 5.000
(=) Lucro Antes dos Impostos 55.000
(-) Impostos s/ Lucro 12.000
(=) Lucro Líquido 43.000
DVA
Descrição R$
Receita 150.000
(-) Insumos
Matéria-prima 80.000
Serviços Contábeis 2.000
Propaganda e Publicidade 3.000
(=) Valor Adicionado a Distribuir 65.000
(=) Valor Adicionado Distribuído 65.000
Pessoal 10.00
Governo 12.00
Acionistas 43.000
FONTE: Os autores
Ao incluir as informações de gastos, o resultado econômico conforme 
DRE apresentou um lucro de R$ 43.000,00.
Ao evidenciar tais informações da DVA, tem-se que a nova apresentação 
teria como insumos (custos gerados externamente) o valor de R$ 85.000,00 e, 
portanto, deduzido das receitas, determinou um valor a distribuir (riqueza 
gerada) de R$ 65.000,00.
Observe que esta pode ser compreendida como a primeira parte da DVA, 
em que são evidenciados a riqueza gerada pela entidade e o valor adicionado 
distribuído; a segunda parte da DVA, em que são demonstrados como foram 
distribuídos esta riqueza, que, neste caso, foram destinados R$ 10.000,00 aos 
colaboradores pelos gastos de mão de obra, R$ 12.000,00 ao governo pelos tributos 
sobre o lucro e R$ 43.000,00 aos acionistas pelo lucro final gerado das operações.
Neste sentido, é preciso compreender que a DVA indica a parte da riqueza 
distribuída (i) aos sócios ou acionistas, (ii) aos demais capitalistas que financiam a 
entidade (capital de terceiros), (iii) aos empregados, e (iv) ao governo.
Perceba que a lógica de construção da DVA é bem simples, porém alguns 
cuidados devem ser tomados:
a) A depreciação, amortização e exaustão devem ser consideradas como redutoras 
do Valor Adicionado Bruto, portanto devem compor o Valor Adicionado Líquido.
b) As receitas financeiras da entidade obtidas pela empresa não representam uma 
criação de riqueza, pois refletem uma remuneração do seu capital aplicado em 
terceiros, os quais produziram sua riqueza e transferiram uma parte à entidade 
na forma de juros.
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
54
c) O mesmo caso se aplica ao resultado das participações societárias, e este deve 
ser considerado como valor adicionado recebido em transferências.
d) Tem-se, nas demonstrações contábeis, dificuldade em identificar os insumos 
separados do que é adicionado, visto que o Custo dos Produtos Vendidos - CPV 
costuma englobar todos os valores de uma conta única (Insumos, mão de obra, 
depreciação, entre outros), ou mesmo as despesas operacionais não costumam 
separar os custos com pessoal dos demais custos gerados externamente.
Na figura a seguir demonstra-se o modelo proposto pelo Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis – CPC 03.
FIGURA 26 – MODELO II – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – EMPRESAS EM GERAL
DESCRIÇÃO
Ano Ano
1 — RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias. produtos e serviços
1.2) Outras receitas
1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios
1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa — Reversão / 
 (Constituição)
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
 (inclui os valores dos irrpostos— ICMS, IPI, PIS e COFINS)
2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos
2.2) Materiais. energia. serviços de terceiros e outros
2.3) Perda, Recuperação de valores ativos
2.4) Outras (especificar)
3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA 
 ENTIDADE (3-4)
6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
6.3) Outras
7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)
Empresa: ___________________________________________
Demonstração de valor adicionado (DVA)
Em milhares de reais
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
55
FONTE: Pronunciamento Técnico CPC 09.
8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO ( = 7 )
8.1) Pessoal
8.1.1 — Remuneração direta
8.1.2 — Benefícios
8.1.3 — F.G.T.S
8.2) Impostos. taxas e contribuições
8.2.1 — Federais
8.2.2 — Estaduais
8.2.3 — Municipais
8.3) Remuneração de capitais de terceiros
8.3.1 — Juros
8.3.2 — Aluguéis
8.3.3 — Outras
8.4) Remuneração de Capitais Próprios
8.4.1 — Juros sobre o Capital Próprio
8.4.2 — Dividendos
8.4.3 — Lucros retidos / Prejuízo do exercício
8.4.4 — Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só 
 p/ consolidação)
A Demonstração do Valor Adicionado – DVA representa um avanço na 
geração de informações de natureza social, ao evidenciar a riqueza gerada pelas 
empresas e como ela é distribuída:
a) aos funcionários pela obtenção dos salários e benefícios;
b) aos detentores do capital social pela obtenção da remuneração do capital 
investido sob forma de dividendos; 
c) aos financiadores de capital pela obtenção da remuneração de seus recursos 
emprestados; e
d) à sociedade pela obtenção dos tributos recolhidos ao governo.
Caro acadêmico! Agora que você compreendeu a composição da DVA, 
vamos conhecer outros elementos que compõem as demonstrações contábeis.
7 NOTAS EXPLICATIVAS E RELATÓRIOS QUE
ACOMPANHAM AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
A partir deste momento, trataremos sobre outros elementos que compõem 
as administrações contábeis, tais como: notas explicativas, relatório do auditor 
independente e relatório da administração. 
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
56
As Notas Explicativas são descrições que buscam complementar e explicar 
os relatórios contábeis relativos aos saldos que as compõem. Obrigatórias para 
as sociedades de capital aberto, as notas explicativas estão previstas na Lei das 
Sociedades por Ações (LSA) no § 4º do artigo 176 da Lei 6.404/1976, o qual descreve 
que "as demonstrações serão complementadas por Notas Explicativas e outros 
quadros analíticos ou demonstrações contábeis, necessários para esclarecimento 
da situação patrimonial e dos resultados do exercício".
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis emitiu um Pronunciamento 
Técnico a respeito da estrutura e conteúdo das demonstrações contábeis, cujo 
objetivo seria:
definir a base para a apresentação de demonstrações contábeis, no 
sentido de assegurar a comparabilidade tanto com as demonstrações 
contábeis de períodos anteriores da mesma entidade, quanto com as 
demonstrações contábeis de outras entidades (CPC 26, 2011, p. 3).
Neste sentido, tem grande importância quando da publicação das 
demonstrações contábeis, pois buscam suprir a necessidade de informação de 
seu público usuário e esclarecer saldos, transações relativas à situação de ordem 
econômica, financeira e patrimonial da entidade relacionadas a eventos que 
ocorreram no exercício ou que venham afetar a empresa no futuro.
7.2 RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE
7.1 NOTAS EXPLICATIVAS
O Parecer de Auditor Independente teve sua nomenclatura alterada 
para Relatório do Auditor Independente quando da reestruturação das Normas 
Brasileiras de Contabilidade (NBC).
A obrigatoriedade de que as empresas de capital aberto sejam submetidas 
à opinião dos auditores independentes em relação às demonstrações contábeis 
está prevista na Lei 11.941/09, em seu § 3º, art. 177, cujo relato descreve que “as 
demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas 
expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários e serão obrigatoriamente 
submetidas a auditoria por auditores independentes nela registrados”.
TÓPICO 2 | ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
57
NOTA
Sobre as opiniões emitidas pelos auditores independentes, você pode acessar as 
Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC relativasaos trabalhos da auditoria: NBC TA 700 
(Formação da opinião e emissão do Relatório do Auditor Independente);
NBC TA 200 (objetivos gerais do auditor independente); e 
NBC TA 705 (modificação na opinião do auditor).
Basicamente, o Relatório do Auditor Independente busca aferir a qualidade das 
demonstrações contábeis, no que tange (i) à adoção das práticas contábeis adequadas; 
(ii) se as informações das demonstrações e notas explicativas são suficientes para 
entendimento; e se (iii) as demonstrações contábeis foram classificadas e agrupadas 
de forma adequada e aderente às normas e práticas contábeis.
7.3 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO
O Relatório da Administração está previsto no artigo 133 da Lei das 
Sociedades por Ações (LSA), portanto é parte integrante das demonstrações 
contábeis, quando de sua publicação.
Segundo Silva (2010, p. 64), o Relatório da Administração tem como 
objetivo “servir como complemento às demonstrações financeiras, de forma a 
subsidiar o leitor com informações sobre o contexto operacional da companhia, 
com fatos relevantes que aconteceram ao longo do exercício e com planos da 
mesma para os exercícios seguintes”.
A sua elaboração busca demonstrar fatos ou eventos ocorridos ou que 
indiquem tendências de: (i) seu cenário econômico; (ii) inovações tecnológicas; 
(iii) planos de expansão da empresa; (iv) políticas adotadas de responsabilidade 
socioambiental; (v) indicadores de desempenho de qualidade e produtividade 
em relação aos concorrentes; (vi) informações e dados estatísticos, entre outros.
Todavia, este relatório expressa fatos relevantes ocorridos no exercício e 
quais as tendências para o futuro, sob a ótica dos administradores e somente 
destes, sendo que os auditores não emitem sua opinião acerca do relatório da 
administração, logo, deve-se analisar criteriosamente para evitar o viés das 
informações.
58
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
• As principais demonstrações contábeis exigidas pela Lei das Sociedades por 
Ações (LSA) são: (i) Balanço Patrimonial, (ii) Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE), (iii) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados 
(DLPA), (iv) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e (v) Demonstração 
do Valor Adicionado (DVA), esta última somente para companhias abertas, 
bem como a (vi) Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido, que 
substituirá, no caso de sociedades anônimas, a DLPA.
• O Balanço Patrimonial é a principal demonstração contábil, pois evidencia 
a situação patrimonial e financeira de uma empresa em um determinado 
momento, sendo o lado esquerdo representado pelo Ativo, e do lado direito o 
Passivo e o Patrimônio Líquido. Tanto o ativo quanto o passivo se dividem em 
Circulantes e Não Circulantes. Os circulantes devem compreender um período 
inferior a 12 meses após o encerramento do exercício social e são as contas de 
curto prazo, enquanto o Não Circulantes compreende um período superior a 
12 meses após o encerramento do exercício e são as contas de longo prazo.
• Uma demonstração contábil, com o objetivo de evidenciar em determinado 
período (normalmente 12 meses) o resultado das atividades operacionais, é 
denominada de Demonstração do Resultado do Exercício, também conhecida 
por DRE, e a grande parte do lucro apurado na Demonstração de Resultado do 
Exercício fica retida para ser reinvestida no negócio.
• A DLPA é uma publicação obrigatória apenas para as empresas regidas pela 
Lei nº 6.404/76, art. 186, § 2º (Lei das Sociedades por Ações), todavia, autoriza 
a inclusão da DLPA na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 
(DMPL), assim sendo, quando a empresa apresentar a DMPL dispensa 
apresentação da DLPA.
• A Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC é uma demonstração introduzida 
no Brasil a partir da Lei 11.638/07 em substituição à Demonstração de Origens 
e Aplicação de Recursos – DOAR, baseada no modelo utilizado nos Estados 
Unidos em suas publicações obrigatórias. Contudo, no Brasil a DFC é 
obrigatória para as empresas que possuem Patrimônio Líquido superior a R$ 
2.000.000,00 na data do fechamento do balanço. 
• A Demonstração do Valor Adicionado – DVA é uma demonstração contábil que 
objetiva demonstrar a riqueza gerada por uma empresa em um determinado 
período, evidenciando sua distribuição.
59
• As Notas Explicativas são descrições que buscam complementar e explicar os 
relatórios contábeis relativos aos saldos que as compõem.
• O Parecer de Auditor Independente teve sua nomenclatura alterada para 
Relatório do Auditor Independente quando da reestruturação das Normas 
Brasileiras de Contabilidade (NBC).
• O Relatório da Administração está previsto no artigo 133 da Lei das Sociedades 
por Ações (LSA), portanto, também é parte integrante das demonstrações 
contábeis, quando de sua publicação.
60
1 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é o órgão composto pelos 
principais órgãos reguladores do Brasil e tem como objetivo padronizar 
as normas de contabilidade no Brasil, em convergência com os padrões 
internacionais de contabilidade. Sobre algumas mudanças advindas da 
padronização das normas contábeis, analise as seguintes sentenças:
I- Introdução da Demonstração dos Fluxos de Caixa obrigatório para sociedades 
de capital aberto e para empresas de capital fechado com patrimônio líquido 
inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) na data do fechamento do 
balanço patrimonial.
II- A obrigatoriedade da Demonstração do Valor Adicionado pela Lei das 
Sociedades Anônimas (LSA) convergiu com as normas internacionais de 
contabilidade.
III- Sociedades limitadas com ativo superior a R$ 240 milhões ou receita bruta 
superior a R$ 300 milhões devem elaborar e publicar suas demonstrações de 
acordo com a Lei das Sociedades por Ações. 
IV- As empresas de sociedades anônimas estão dispensadas da elaboração e 
publicação de notas explicativas às demonstrações contábeis.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e III estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa Ill está correta.
c) ( ) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
2 O conjunto de relatórios contábeis a ser utilizado como gerador de informação 
financeira, econômica, patrimonial de uma entidade é denominado de 
demonstrações contábeis ou demonstrações financeiras. Partindo desse 
pressuposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Uma das principais demonstrações financeiras é o Balanço Patrimonial, 
que deve evidenciar a situação econômica e financeira da empresa em 
um determinado momento.
( ) As notas explicativas, o Relatório do Auditor Independente e Relatório 
da Administração são complementos que incorporam-se e compõem as 
demonstrações contábeis.
( ) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) substituirá 
a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) nos casos em que se referir a 
empresas de sociedades anônimas.
( ) As demonstrações contábeis fornecem informações sobre ativos, passivos 
e patrimônio líquido, receitas e despesas (incluso ganhos e perdas), 
fluxos de caixa e alterações no capital próprio com a integralização dos 
proprietários ou sua distribuição. 
AUTOATIVIDADE
61
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
 
a) ( ) V - V - V - F.
b) ( ) F - F - F - V.
c) ( ) F - V - F - F.
d) ( ) F - F - V - V.
3 O balanço patrimonial está dividido em três grandes grupos, sendo o 
Ativo representado do lado esquerdo e o Passivo e o Patrimônio Líquido 
representados do lado direito, e sua igualdade leva ao conceito de uma das 
mais importantes equações da teoria contábil. Partindo desse pressuposto, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) As contas do ativo devem ser organizadas em ordem de liquidez, enquanto 
as contas do passivo devem ser ordenadas por grau de exigibilidade.
( ) A separação das contas que deve ser classificada entre de curto e de 
longo prazo levando em consideração como critériopara curto prazo 
vencimento superior a 18 meses, após o encerramento do exercício, e após 
18 meses, será de longo prazo.
( ) No grupo do circulante são agrupadas contas como disponibilidades, 
estoques, imobilizado.
( ) O intangível é um grupo classificado no curto prazo, destinado às 
operações. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: 
a) ( ) V - F - F - F.
b) ( ) F - F - V - V.
c) ( ) F - V - V - F.
d) ( ) F - F - V - V.
4 Complete as lacunas da sentença a seguir:
 O passivo representa todas as____________ de operações assumidas no 
presente, com promessa de pagamento futuro, cuja ____________ espera-
se produza benefício futuro, ou seja, que produza ____________ para a 
empresa.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) obrigações – liquidação – fluxos de caixa.
b) ( ) situações – contabilização – lucro.
c) ( ) formas – flutuação – resultados.
d) ( ) obrigações – contabilização – lucro.
5 As demonstrações contábeis ou demonstrações financeiras representam uma 
posição da situação patrimonial, financeira e de desempenho organizacional. 
Dentre as demonstrações contábeis, algumas são obrigatórias pelas 
62
sociedades anônimas que são regidas pela LSA. Associe os itens, utilizando 
o código a seguir:
I- Demonstração do Resultado do Exercício – DRE
II- Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA
III- Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL
IV- Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC
V- Demonstração do Valor Adicionado – DVA
( ) Demonstração introduzida com as alterações na Lei das Sociedades 
Anônimas e que evidencia a movimentação de recursos de caixa ou 
equivalentes a caixa.
( ) Demonstração obrigatória para empresa S.A. e que substitui a DLPA, 
que está contemplada na amplitude de evidência da movimentação do 
patrimônio líquido.
( ) Tem como objetivo demonstrar os resultados obtidos com as atividades 
operacionais em um determinado período contábil, normalmente 12 
meses.
( ) Tem como objetivo demonstrar a riqueza gerada e como ela foi distribuída 
durante um determinado período.
( ) Tem como objetivo evidenciar a movimentação da conta contábil lucros 
acumulados, ou seja, a parcela do lucro líquido que permanecer na 
empresa.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) IV - III - I - V- II.
b) ( ) II - I - III - V - IV.
c) ( ) III - IV - I - V - II.
d) ( ) III - II - I - IV - V.
63
TÓPICO 3
INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A alta competitividade das empresas nos dias atuais exige cada vez mais 
preparo destas para atuarem no mercado. Neste contexto, há a demanda por 
informações que possibilitem conhecer padrões de operações, estimar e prever 
ocorrências futuras, entre outras. Na realidade, estamos na era da informação e 
quem a possui detém privilégios que orientam uma vantagem competitiva em 
relação ao mercado em que atua.
Dentre os vários tipos de informações obtidas, as demonstrações contábeis 
possibilitam aos gestores tomar decisões que orientam a eficácia e a eficiência 
operacional, econômica, financeira e patrimonial.
Para que as demonstrações contábeis forneçam informações úteis para 
avaliação do desempenho da empresa, utilizam-se técnicas para análise das 
demonstrações contábeis, como análises por índices ou, ainda, análise vertical e 
horizontal.
Como introdução aos conceitos de análise das demonstrações contábeis, 
neste tópico serão abordados aspectos relacionados aos objetivos, ao processo, 
à metodologia de aplicação e ainda quanto à padronização das demonstrações 
contábeis para sua preparação.
2 FUNDAMENTOS PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRACÕES 
CONTÁBEIS
Caro acadêmico! Antes de iniciarmos propriamente as técnicas que 
envolvem a análise das demonstrações contábeis, é imperativo compreender os 
principais fundamentos que orientam a aplicação desta metodologia de análise 
de cenários econômico, financeiro e patrimonial de uma empresa.
64
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
2.1 OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
Todos que utilizam as demonstrações contábeis buscam produzir 
informações que tornem possível atender às suas expectativas em relação ao seu 
objeto de análise. Como produto final da contabilidade, os relatórios contábeis 
são dados que, uma vez agrupados, geram informações em níveis diversos para 
os usuários que deles se utilizam.
Conforme explica Matarazzo (2003, p. 15), “a análise de balanços objetiva 
extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões”. 
Isto significa compreender que a utilização do método de Análise das 
Demonstrações Contábeis tem como objetivo investigar, analisar e contextualizar 
o desempenho organizacional, produzindo informações de ordem econômica, 
financeira e patrimonial. Em sentido amplo, comparar períodos passados e prever 
tendências ou perspectivas futuras de lucratividade e retorno, e ainda projetar 
cenários que orientem o direcionamento operacional e estratégico nas decisões de 
financiamento e investimento.
2.2 USUÁRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
Segundo explica Silva (2010, p. 8), 
inicialmente, a Análise das Demonstrações Contábeis foi um 
instrumento utilizado preponderantemente pelas instituições 
financeiras com o objetivo de avaliar os riscos de crédito; mais tarde, 
porém, se firmou como instrumento de apoio gerencial e fornecedor 
de informações para investidores.
Os usuários que detêm interesse nas demonstrações contábeis podem 
representar um vasto número de pessoas, com interesses e necessidades 
diferentes e que desejam de alguma forma, particular ou coletiva, relacionar-se 
com a empresa.
Estes usuários podem ser denominados de analistas internos ou externos. 
Os analistas internos são caracterizados pelos sócios ou gestores da 
empresa que devem possuir uma visão mais proativa, voltados para ações que 
indiquem desvios e diretrizes da empresa. 
Seu foco na análise das demonstrações contábeis busca apoiar suas decisões 
de aumentar ou reduzir investimentos, captar recursos próprios ou de terceiros, 
expandir ou reduzir as operações, operar na capacidade instalada ou terceirizar no 
todo ou em parte suas operações, comprar e vender à vista ou a prazo. 
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
65
Os analistas externos possuem uma enorme gama de usuários, entre eles 
pode-se destacar:
Instituições financeiras: têm como foco analisar a concessão de 
empréstimos, mediante análise do risco de devolução do principal e da sua 
remuneração.
Fornecedores e clientes: têm como foco analisar a concessão do crédito 
em termos de volume e prazo, mediante análise da liquidez, rentabilidade e 
endividamento.
Investidores: têm como foco analisar as decisões de investir na compra de 
ações, adquirir controle acionário, avaliando o risco e o retorno do investimento.
Governo: tem como foco analisar a situação de liquidez da empresa 
em caso de participação em licitações públicas, realizar análise econômica por 
atividade ou setor econômico e, ainda, analisar situações de evasão fiscal.
Empregados e sindicatos: têm como foco analisar a capacidade de gerar 
valor agregado e distribuir aos empregados, sob forma de participações de 
lucros, salários e benefícios, e ainda analisar a situação da empresa em termos 
de continuidade de suas operações (solvência), rotatividade de funcionários e 
investimentos socioambientais.
2.3 PROCESSO, METODOLOGIA E ETAPAS DE ANÁLISE 
DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
A informação advinda da análise das demonstrações contábeis depende 
muito da qualidade gerada no processo contábil responsável pela captação, 
organização e compilação dos dados gerados pelos eventos contábeis.
FIGURA 27 – SEQUÊNCIA DO PROCESSO CONTÁBIL
FONTE: Matarazzo (2003, p. 16) 
Fatos ou eventos 
econômico-
financeiros
Demonstrações
Financeiras = 
dados
Informações 
financeiras para a 
tomadade decisões
Processo 
Contábil
Técnicas de 
Análise de 
Balanços
O contador mantém seu foco nos registros contábeis com a finalidade 
de produzir as demonstrações contábeis confiáveis em conformidade com seus 
princípios contábeis. Já o analista de balanços mantém seu foco no produto 
final da contabilidade, que são as demonstrações contábeis. Estas alimentarão 
66
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
o processo de análise das demonstrações contábeis e produzirão informações 
que atendam às necessidades informacionais de seus usuários, como: liberação 
de crédito, desempenho da administração, eficiência operacional, solvência, 
liquidez, entre outros.
“A análise de balanços começa onde termina a contabilidade” 
(MATARAZZO, 2003, p. 17). Este conceito explica muito bem o contexto do 
processo que alimenta a análise das demonstrações contábeis.
Conforme Marion (2005, p. 16), “o estudo da análise das demonstrações 
contábeis compreende três níveis de complexidade, sendo (i) introdutório, (ii) 
intermediário e (iii) avançado”.
No nível introdutório o entendimento baseia-se apenas nos pontos 
fundamentais da análise econômico-financeira, sendo liquidez, rentabilidade 
e endividamento. Este conjunto denomina-se de tripé da análise, conforme se 
observa na figura a seguir.
FIGURA 28 – TRIPÉ DA ANÁLISE
FONTE: Marion (2005, p. 15)
Este conjunto básico de indicadores proporciona um nível de entendimento 
básico suficiente, relacionado com a liquidez (seca, corrente e geral), com a 
rentabilidade gerada (empresa e proprietário) e com o endividamento (na sua 
quantidade e qualidade).
No nível intermediário, aprofunda-se um pouco mais este tripé, buscando 
mais subsídios para alimentar o sistema de informação e identificar com mais 
qualidade a situação econômico-financeira de uma empresa. Veja a figura a seguir.
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
67
FIGURA 29 – NÍVEIS INTRODUTÓRIO E INTERMEDIÁRIO.
FONTE: Marion (2005, p. 16)
Neste nível, por exemplo, pode-se aprofundar as análises dos indicadores 
de liquidez, utilizando-se a Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC, estabelecer 
os níveis de necessidade de capital de giro e os saldos disponíveis em tesouraria.
Para o endividamento, pode-se aprofundar as análises com a alavancagem 
financeira, enquanto que nas análises de rentabilidade se pode obter lucratividade 
das operações, produtividade gerada e investigar as variações de retorno do 
investimento através do conceito margem versus giro do modelo DU PONT.
No nível avançado, as análises se tornam mais consistentes e as 
informações geradas proporcionam maior qualidade das decisões em relação à 
situação econômico-financeira da empresa analisada, que, segundo Marion (2005, 
p. 17), entre outras podem ser:
• indicadores combinados (avaliar a empresa ponderando a 
capacidade conjuntamente ao tripé, dando uma nota final);
• análise da Demonstração do Valor Agregado (avalia a capacidade de 
gerar renda, e como essa renda gerada é distribuída);
• liquidez dinâmica (liquidez econômica, patrimonial etc.);
• projeções das Demonstrações Contábeis e sua análise;
• análise com ajustamento das Demonstrações Contábeis no nível 
geral de preços;
• análise por meio de dividendos por ações e outros indicadores para 
as empresas de capital aberto com ações cotadas no mercado;
68
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
• análise das variações de fluxo econômico versus financeiro;
• outros modelos de análise: EVA, MVA, Balanced Scorecard etc.
Tais indicadores, considerados no nível avançado, proporcionam 
informações mais complexas, porém extremamente ricas e úteis à tomada de 
decisão e que devem ser preparadas da forma mais simples possível, para facilitar 
a compreensão da conclusão obtida com a análise dos dados extraídos.
Desta forma, os relatórios produzidos pelas demonstrações contábeis 
devem apresentar uma linguagem compreensível a todos os seus usuários, 
inclusive com o uso de ilustrações, gráficos e tabelas que facilitem o entendimento 
das proposições mais complexas.
Neste contexto, concorda-se com as palavras de Iudícibus (1997, p.113), 
o qual ressalta que “é importante utilizar, nas demonstrações, uma terminologia 
clara e relativamente simplificada”.
IMPORTANT
E
Os relatórios produzidos pelas análises das demonstrações contábeis serão 
estudados no próximo capítulo.
Segundo explica Matarazzo (2003, p. 19), “a Análise de Balanços baseia-se 
no raciocínio científico”, conforme se observa na figura a seguir:
FIGURA 29 – PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO
FONTE: Matarazzo (2003, p. 19)
Escolha de 
indicadores Decisões
Etapa 1: 2 3 4
Comparação 
com os 
padrões
Diagnóstico 
ou 
conclusões
Análise
A escolha dos indicadores é a primeira etapa do processo e condiciona as 
informações que servirão de base comparativa com os padrões para estabelecer o 
diagnóstico e concluir a melhor decisão baseada na análise dos dados.
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
69
Imagine que você vai preparar uma receita de bolo. Neste caso, a receita 
é o padrão estabelecido que serve de comparação com os ingredientes que serão 
utilizados para preparar o bolo. O cozinheiro analista verifica os ingredientes 
(indicadores) e compara com receita (padrões) e conclui que está seguindo 
adequadamente a receita, portanto tomou a decisão assertiva para preparar um 
delicioso bolo para servir aos convidados.
O campo das medicinas, das engenharias, entre outras profissões, também 
se baseia no raciocínio científico, assim como na análise das demonstrações 
contábeis, cujo processo deve, segundo Matarazzo (2003, p. 20), proceder da 
seguinte forma:
1. extraem-se índices das demonstrações financeiras;
2. comparam-se os índices com os padrões;
3. ponderam-se as diferentes informações e chega-se a um diagnóstico 
ou conclusões;
4. tomam-se decisões.
Desta forma, observa-se que para garantir um adequado e eficiente 
processo de análise das demonstrações contábeis, o analista deve ponderar tais 
etapas durante a análise.
Contudo, pressupõe que o analista das demonstrações contábeis tem 
conhecimento suficiente sobre os efeitos causados no patrimônio líquido da 
entidade por meio dos eventos contábeis e, portanto, deverá seguir algumas 
etapas que o tornarão apto no processo de análise das demonstrações contábeis, 
conforme se demonstra a seguir:
FIGURA 30 – ETAPAS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
FONTE: Silva (2010, p. 87)
Coleta 
de 
dados
Conferência 
dos dados 
coletados
Preparação 
dos dados 
para análise
Processamento 
de dados
Análise 
dos dados
Elaboração 
do relatório 
ou parecer
Conforme se observa na figura anterior, baseada em Silva (2010), a análise 
das demonstrações contábeis deve ser concluída em seis etapas, a saber:
Coleta de dados: nesta etapa o analista busca obter os dados das 
demonstrações contábeis que alimentarão o sistema de análise, como: balanço 
patrimonial (BP), demonstração de resultados do exercício (DRE), demonstração 
dos fluxos de caixa (DFC), demonstração das mutações do patrimônio líquido 
(DMPL), demonstração dos lucros acumulados (DLPA), entre outros.
As informações podem ser coletadas em jornais e revistas especializadas, 
ou ainda em sites das empresas ou no site da Bolsa de Valores Mobiliários do 
Estado de São Paulo (BOVESPA) ou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
70
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
O analista deve também se utilizar, principalmente, dos relatórios da 
administração para coletar informações relevantes do negócio da empresa, como 
concorrência, tendências e implicações de conjuntura econômica e principais 
direcionamentos estratégicos da empresa para o futuro, relacionados com seu 
mercado, produtos, tecnologias, entreoutros.
Conferência dos dados coletados: nesta etapa se busca o nível de 
qualidade dos dados coletados, que darão subsídio ao tratamento das 
informações obtidas das peças contábeis, relacionados com confiabilidade, 
objetividade, compreensibilidade, comparabilidade, entre outras considerações 
de padronização de informações.
Preparação dos dados para análise: esta é uma das etapas mais importantes, 
visto que é de grande valia na padronização e adequação das demonstrações 
contábeis. Também há a necessidade de reclassificar algumas contas que deverão 
ser ajustadas a um padrão que torne possível comparar os dados da empresa com 
os de outras. 
Processamento de dados: nesta etapa os dados são preparados em formato 
eletrônico ou não, cujo processamento dos dados levantados será transformado 
em informações de análise vertical ou horizontal e em indicadores econômico-
financeiros.
Análise dos dados: esta etapa envolve a percepção e experiência do 
analista das demonstrações contábeis, que com base no conhecimento da empresa, 
seu cenário econômico e os efeitos inflacionário e cambiais, poderá inferir sobre 
os dados resultantes da análise vertical e horizontal, alavancagem, necessidade 
de capital de giro, estrutura de capital da empresa.
Esta análise levará o analista a inferir sobre a situação econômica e 
financeira da empresa e decidir sobre a concessão ou não do crédito solicitado. 
Esta formalização se materializa através da elaboração do relatório ou parecer de 
análise das demonstrações contábeis.
Elaboração do relatório ou parecer: etapa final em que o analista propõe 
organizar e estruturar todos os pontos da situação econômico-financeira a serem 
recomendados em sua análise sobre as demonstrações contábeis da empresa. 
Conclui-se então que um analista precisa expor de forma clara e simples, 
porém com objetividade e consistência, uma análise da situação econômico-
financeira da empresa analisada, para que seja tomada a decisão mais adequada 
para satisfazer a finalidade de sua análise.
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
71
2.4 PADRONIZAÇÃO E RECLASSIFICAÇÃO DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA EFEITOS DE 
PREPARAÇÃO DA ANÁLISE
A necessidade de padronização para apresentação das demonstrações 
contábeis busca facilitar a sua elaboração, e indiscutivelmente as normas 
emitidas pela Lei das Sociedades por Ações (LSA) seguem uma padronização 
de apresentação que ajuda na simplificação e na comparabilidade, evitando 
reordenar as contas, principalmente as relacionadas com o balanço patrimonial, 
que normalmente precisam ser reorientadas para proporcionar uma adequada 
análise econômico-financeira.
Para a elaboração e publicação das demonstrações contábeis, em 
consonância com a LSA em seus artigos 176 e 177, algumas regras de padronização 
devem ocorrer com periodicidade, logo deve ser preparada ao fim de cada 
exercício social, que pode ou não coincidir com o exercício fiscal.
Também devem ser claras em relação à informação do patrimônio líquido 
da empresa, e para que haja comparabilidade devem sempre ser publicadas, 
juntamente com os saldos correspondentes ao exercício anterior.
Não são permitidos agrupamentos de contas com denominações genéricas 
do tipo “contas diversas”, que interfiram na clareza das demonstrações contábeis.
As demonstrações contábeis, quando auditadas, permitem maior 
confiabilidade em seus saldos, pois nas não auditadas existe maior probabilidade 
de se incorrer em erros de classificação das contas e devem ser objeto do analista 
para sua correção antes da análise.
Pode-se inferir que a qualidade das informações contábeis, para fins 
de análise das demonstrações contábeis, deve sempre levar em consideração a 
confiabilidade, com base em relatórios precisos e devidamente auditados, com 
uma abrangência de informações completa acerca da empresa analisada, com 
objetividade para enfocar o ponto principal e sempre oportunizar dados atuais.
Cada empresa apresenta de forma diferente a publicação das 
demonstrações contábeis, de acordo com as normas brasileiras, portanto, cabe 
ao analista, quando necessário, reclassificá-las para adequá-las a um padrão 
comparável, conforme se observa na figura a seguir:
72
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
FIGURA 31 – AJUSTES OU RECLASSIFICAÇÕES DE CONTAS
FONTE: Os autores
Demonstrações
Contábeis
Demais informes 
Contábeis
Demonstrações contábeis ajustadas para análise dos 
indicadores
Interpretação, análise e parecer
Reclasssificação
O analista das demonstrações contábeis deve fazer as adaptações que julgar 
necessárias, sem transgredir as normas estabelecidas pela Lei das Sociedades por 
Ações (LSA) e as normas emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
alinhadas com os padrões internacionais.
A reclassificação não ocorre apenas pelo agrupamento de contas dentro 
de um mesmo grupo, mas também reclassificando as contas, conforme explica 
Silva (2010, p. 91):
Antes de serem procedidas quaisquer reclassificações de contas, o 
analista deverá verificar se os saldos das contas expressam relevância 
em relação ao grupo de contas ao qual pertencem. Caso a permanência 
do saldo da conta no seu grupo natural não venha a distorcer 
significativamente os índices apurados, o analista poderá dispensar 
tal reclassificação.
Contudo, para que o analista das demonstrações contábeis obtenha 
dados mais confiáveis, principalmente relacionados com o balanço patrimonial 
e demonstração do resultado do exercício, seria necessário reclassificar algumas 
contas, conforme se evidencia na figura a seguir.
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
73
QUADRO 4 – AJUSTES QUE PODERÃO SER EFETUADOS NO BALANÇO PATRIMONIAL
Conta Grupo Natural Grupo pós- reclassificação Comentários
Duplicatas 
Descontadas Ativo Circulante 
Passivo Circulante 
(Aumentando)
Existe a corresponsabilidade da 
empresa junto ao banco pela liquidação 
do título, caso seu cliente não quite a 
dívida.
Despesas 
do Exercício 
Seguinte
Ativo Circulante
Patrimônio 
Líquido 
(Reduzindo)
O que existe é um direito a receber 
por um serviço a ser prestado por 
terceiros durante o exercício seguinte. 
Dessa forma, o saldo desta conta será 
transferido para a conta de resultado 
do exercício seguinte e, portanto, não se 
transformará em disponibilidade.
Imobilizações 
em 
andamento
Ativo Não 
Circulante/ 
Imobilizado
Eliminado
Como estes recursos estão aplicados 
em bens que ainda não estão em fase de 
produção, não deverão ser considerados 
na análise de rentabilidade do ativo.
Receita 
Diferida*
Passivo Não 
Circulante/ 
Receita Diferida
Patrimônio 
Líquido 
(Aumentando)
Esses valores são efetivamente receitas 
ou despesas de exercícios futuros, que 
devem ser reclassificados em razão do 
não desfazimento do negócio.
* De acordo com as alterações da LSA, introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09, 
o saldo porventura existente em 1º-1-2008, no grupo Resultado de Exercícios Futuros, deverá 
ser reclassificado para o passivo não circulante em conta representativa de receita diferida, 
evidenciando o respectivo custo diferido. 
FONTE: Silva (2010, p. 91)
Vamos considerar, como exemplo, uma situação em que uma empresa 
detém evidenciados, em seu Balancete Patrimonial, um ativo circulante de R$ 
120.000,00 e um saldo em contas a receber em 20x1 de R$ 50.000,00 desta carteira, 
e no mesmo período efetuou uma operação bancária de desconto no valor de R$ 
10.000,00, com um passivo circulante de 60.000,00, assim configurado:
FIGURA 32 – BALANÇO PATRIMONIAL EM 20X1
FONTE: Os autores
Ativo 20x1
Ativo Circulante 120.000
Disponibilidades 20.000
Contas a receber 50.000
(-) Duplicatas descontadas -10.000 40.000
Estoques 60.000
Passivo 20x1
Passivo Circulante 60.000
Fornecedores 40.000
Empréstimos 20.000
74
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Observe que no Balanço Patrimonial a conta “Contas areceber” teve seu 
saldo reduzido pelo valor referente a duplicatas descontadas, que foi disposto de 
forma a representar o saldo real de duplicatas a receber pela empresa. Porém, em 
uma análise econômico-financeira o índice de liquidez seria influenciado por esta 
configuração do Balanço Patrimonial, pois obteria um índice de liquidez de 2,00, 
indicando a existência de R$ 2,00 de ativos de curto prazo para cada R$ 1,00 de 
dívidas de curto prazo.
O analista, ao perceber, fará a reclassificação dos saldos, ficando disposto 
em nova configuração, conforme se apresenta na figura a seguir:
FIGURA 33 – BALANÇO PATRIMONIAL EM 20X1 RECLASSIFICADO
FONTE: Os autores
Ativo 20x1
Ativo Circulante 130.000
Disponibilidades 20.000
Contas a receber 50.000
Estoques 60.000
Passivo 20x1
Passivo Circulante 70.000
Fornecedores 40.000
Empréstimos 30.000
Na nova reconfiguração do Balanço Patrimonial em 20x1, reclassificamos 
os valores provenientes das operações de desconto do lado do ativo para o lado 
do passivo, pois se trata de uma dívida da empresa e, portanto, aumentará o saldo 
por se tratar de obrigações desta em curto prazo, caso seu cliente não pague.
Com base nesta reclassificação, o indicador de liquidez (ativo circulante ÷ 
passivo circulante) será de 1,86 (130.000/70.000), indicando que para cada R$ 1,00 
de dívidas a curto prazo a empresa possui R$ 1,86 em ativos de curto prazo para 
receber.
Perceba que uma simples reclassificação afetou a análise de liquidez em 
7% (2,00 para 1,86) e, portanto, este tipo de situação deve ser observada pelo 
analista das demonstrações contábeis.
Caro acadêmico! Agora que você conheceu as demonstrações contábeis 
que podem ser utilizadas e recebeu as instruções iniciais para começar a coletar, 
conferir e preparar as análises das demonstrações contábeis, entraremos na 
análise propriamente dita, que será objeto da próxima unidade.
Bons estudos e até lá!
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
75
LEITURA COMPLEMENTAR
ASPECTOS RELEVANTES DA ANÁLISE DE BALANÇOS SÃO 
IGNORADOS EM PROCESSOS DE LICITAÇÃO
Aderbal N. Müller
Percebe-se na prática que muitos aspectos importantes do processo de 
análise das demonstrações contábeis, mais conhecida como análise de balanços, 
são ignorados por seus usuários. As demonstrações contábeis ou financeiras, 
previstas no artigo 176 da Lei 6.404/76, são elaboradas por profissionais da 
área contábil, atendendo aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às 
Normas Brasileiras de Contabilidade. Ocorre que sua utilização dentro dos 
processos de licitação, notadamente nas concorrências públicas, encontra a 
análise e a preparação de editais por profissionais leigos à ciência contábil. Assim, 
encontramos análises simples e descompromissadas com o real objetivo do 
processo, análises com pura aplicação de fórmulas transcritas de outros editais ou 
de livros, sem a preocupação com o seu fundamento intrínseco. É lamentável que 
os acadêmicos ainda não tenham se manifestado com tamanha ênfase a respeito, 
e que a discussão sobre este tema ainda seja tão escassa. Dentro deste artigo, 
vamos analisar alguns aspectos que podem ser discutidos, sem elucubrações ou 
variantes adicionais, preservando o bom entendimento do leitor, que também 
pode ser leigo.
A Lei 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, teve 
mais uma recente alteração, com a edição da Lei 10.303/2001, porém sem 
modificações no que se refere às demonstrações financeiras. Esta lei é também 
aplicável, em muitos casos, às sociedades de outros tipos jurídicos, como as 
sociedades por quotas de responsabilidade limitada e as sociedades civis, com 
ou sem caráter mercantil. O artigo 176 da Lei 6.404/76 prevê a elaboração, ao 
final de cada exercício social, das seguintes demonstrações: Balanço Patrimonial, 
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração dos Lucros ou 
Prejuízos Acumulados (DLPA) e Demonstração das Origens e Aplicações de 
Recursos (DOAR). O artigo 186 disciplina que, quando elaborada a Demonstração 
das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e nela contida, portanto, a DLPA, 
esta não precisa ser elaborada. A Instrução CVM 59/86, emitida pela Comissão 
de Valores Mobiliários, reforça o artigo 186. Sendo a DOAR obrigatória apenas 
para as sociedades por ações, inclusive de capital fechado, ficam as limitadas 
dispensadas de sua elaboração. Assim, uma sociedade limitada tem por obrigação 
a confecção do Balanço Patrimonial, da Demonstração do Resultado do Exercício 
(DRE) e da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). Esta 
última, porém, é muitas vezes ignorada na elaboração do rol de demonstrações a 
serem apresentadas nas licitações. É um erro formal, mas ressaltamos que a DLPA 
é uma demonstração obrigatória. O escopo desta perspectiva pode também ser 
encontrado no Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3.000/99.
76
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
As demonstrações financeiras ou contábeis são elaboradas de acordo 
com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de 
Contabilidade. Em especial, destaque-se a Resolução do Conselho Federal 
de Contabilidade nº 686/90, que aprova a NBC T 3, Norma Brasileira de 
Contabilidade Técnica número 3, que trata de dispositivos de estruturação 
das demonstrações. Deste modo, as demonstrações contábeis são formais, 
e obedecem a uma estrutura singular, não cedendo margem a manobras ou 
interpretações que possam prejudicar o bom entendimento delas. Os grupos de 
contas são classificados de acordo com uma sistemática bem definida, e qualquer 
irregularidade pode comprometer a demonstração. Os grupos de contas dentro 
do Balanço Patrimonial, por exemplo, identificados como Ativo Circulante, 
Ativo Realizável a Longo Prazo e Ativo Permanente, e no Passivo os grupos do 
Passivo Circulante, Exigível a Longo Prazo, Resultados de Exercícios Futuros 
e Patrimônio Líquido, possuem características próprias e bem definidas para a 
Contabilidade. Para iniciarmos um processo de análise de balanços, devemos 
conhecer seus objetivos. Os objetivos de uma análise de balanços são diversos, 
e podem atender a uma infinita gama de usuários. Conhecidos os objetivos, 
devemos preparar as demonstrações para a análise, reclassificando muitas vezes 
alguns saldos, padronizando as demonstrações para efeitos de comparabilidade, 
readequando sua apresentação, entre outros procedimentos. Tem-se percebido 
que, nos processos de licitações, em especial na qualificação econômico-
financeira solicitada nos editais de concorrência, este aspecto é simplesmente 
ignorado. Os cálculos são justificados por fórmulas de conhecimento comum 
entre os licitantes, normalmente sendo sempre as mesmas ou muito similares, 
sem qualquer menção à reclassificação de contas ou tratamentos particulares 
para atendimento ao objetivo proposto. Aqui, deve-se identificar o previsto no 
artigo 31, parágrafo 5º da Lei 8.666/93, que roga pelo uso de indicadores comuns e 
impede a utilização de modelos especiais, procurando evitar aberrações à ciência 
contábil. Ainda assim, devemos ter o cuidado necessário a um bom processo de 
análise. Por exemplo: estaria correta a alocação das despesas antecipadas dentro 
do ativo circulante, para efeitos de análise da liquidez? Vamos lembrar a fórmula 
da liquidez corrente, que é obtida pela divisão do montante do ativo circulante 
pelo montante do passivo circulante.
São componentes do grupo Ativo Circulante as contas representativas 
de saldos de disponibilidades (caixa, bancos, aplicações financeiras), os créditos 
de curto prazo (conforme entendimento contábil), os estoques e as despesas 
antecipadas (despesas pagas antecipadamente, que comporão o resultado em 
períodos futuros). São componentes do Passivo Circulante as obrigações vencíveis 
a curto prazo (no entendimento contábil, curto prazo refere-se a vencimentos que 
ocorrerão até o término do exercício social seguinte ao ano da demonstração).Analisados os componentes, verifica-se que dentro do Ativo Circulante algumas 
parcelas não se convertem em espécie, não sendo componentes representativos 
de liquidez da entidade analisada. Em especial podemos citar as despesas pagas 
antecipadamente, que se apropriarão ao resultado na DRE, não gerando caixa. 
No processo de análise, este tipo de saldo deveria ser reclassificado. Outros casos 
que se pode mencionar referem-se ao saldo redutor de duplicatas descontadas 
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
77
ou ao valor do estoque mínimo de segurança, dentro do ativo circulante. Vamos 
tomar outro exemplo, lembrando agora a fórmula da liquidez geral, apenas para 
completarmos a visão com a reclassificação dentro dos grupos passivos.
No Passivo Circulante são lançadas as obrigações de curto prazo. As 
obrigações de longo prazo são lançadas no grupo do Passivo Exigível a Longo 
Prazo, e correspondem às obrigações com vencimento além do término do exercício 
social subsequente à elaboração das demonstrações. Ocorre que existe um grupo 
de contas logo abaixo do exigível a longo prazo, e antes do Patrimônio Líquido 
(PL), denominado de Resultados de Exercícios Futuros, previsto na Lei 6.404/76 em 
seu artigo 178, parágrafo 2º, e no artigo 181. Este grupo contempla uma dificuldade 
especial de utilização pela classe contábil, face à sua especificidade. É muito difícil 
encontrar uma conta que realmente se enquadre nas características deste grupo, 
razão pela qual a NBC-T 3 o omite. A natureza das contas deste grupo indica que os 
valores ali alocados não podem representar obrigação de qualquer espécie por parte 
da entidade. Quando representam obrigação, tais valores devem ser devidamente 
consignados nos grupos de passivo circulante ou exigível a longo prazo, conforme 
o caso. A pergunta a se fazer é: qual o tratamento a ser dado ao grupo de Resultados 
de Exercícios Futuros, que eventualmente apareçam nas demonstrações de algum 
licitante, para fins de análise? Observe a fórmula de liquidez geral e perceba que 
haveria uma alteração em seu denominador, caso a reclassificação acontecesse para 
os grupos passivos. Alguns autores na área de análise de balanços consideram a 
possibilidade de reclassificação deste tipo de saldo diretamente ao PL, o que viria a 
interferir em outros índices no processo de análise, como os índices de rentabilidade 
ou de endividamento, considerados sobre o PL.
O processo de análise das demonstrações contábeis pode ser realizado de 
diversas formas: análise propriamente dita, análise por quocientes, análise vertical, 
análise horizontal ou comparação com padrões (setoriais, por exemplo). De toda 
forma, a análise reveste-se de aspectos estáticos e dinâmicos e nenhum índice deve 
ser considerado isoladamente. Neste contexto, surge um novo questionamento, 
que diz respeito aos valores apresentados nas demonstrações e o conceito de 
tempo: e o aspecto inflacionário? Ainda que tenhamos certa estabilidade de nossa 
moeda e um processo inflacionário mais estável, certamente a variação dos valores 
no tempo é um fator a ser considerado. O que disciplinaria a matéria nos casos 
de licitações seria o artigo 31 da Lei 8.666/93, quando prevê a possibilidade de 
atualização dos valores apresentados nas demonstrações exigidas, quando estas 
forem encerradas há mais de três meses. Tal atualização seria realizada por índices 
oficiais. Devemos analisar o contexto, observando a qualidade e a distinção dada 
por outro diploma legal, a Lei 9.249/95, que, em seu artigo 4º, extinguiu a correção 
monetária de balanços, inclusive para fins societários. Não se pode afirmar a 
revogação de um artigo pelo outro, por tratarem-se de leis especiais, tratando de 
objetos específicos, mas também não se pode ignorar a interferência direta que 
isto oferece no processo de análise desses balanços. Em um exemplo hipotético, 
em que o edital corrobore com o citado artigo 31 e aceite uma atualização, como 
haveria comparabilidade entre os indicadores dos diversos participantes, se 
alguns atualizassem seus números e outros não? É verdade que muitos editais 
78
UNIDADE 1 | ESTRUTURA E PREPARAÇÃO PARA A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
não estão prevendo a atualização dos saldos, mas a discussão permanece e, aos 
olhos de um analista e dos juristas interessados pela matéria, esta controvérsia 
precisa ter um fim. 
Por fim, e para enaltecer uma visão de objetivos dada por um texto 
normativo, o item 7.2 da IN MARE 05/95 flexibiliza a apresentação alternativa 
de um indicador por outro. Este item prevê a possibilidade de uma empresa 
apresentar índice de liquidez geral, solvência geral ou liquidez corrente inferior a 
um. Nesta situação, alternativamente, considerados os riscos para a administração 
e a critério da autoridade competente, deverão comprovar capital mínimo ou PL 
mínimo como exigência para a classificação, ou ainda ser solicitada uma garantia 
para fins de contratação. Justo e aplicável, pois a flexibilidade é uma exigência do 
mercado e a análise de balanços fica congratulada pelo respeito à variabilidade 
dos índices e pela análise conjugada de diversos fatores do processo, sem um 
entendimento castrado pela simples observância de um indicador isolado.
Devemos enaltecer também modelos, como o adotado pela SERASA há 
vários anos, onde índices setoriais parametrizam, estatisticamente, os diversos 
indicadores a serem considerados no processo de análise. Lamentamos, no 
entanto, a falta de divulgação destes parâmetros e a dificuldade que nós, analistas, 
encontramos, quando solicitamos tal tipo de informação para a SERASA. A 
sugestão que se faz, para engrandecimento da própria entidade e da sociedade, é 
a da criação de um boletim setorial ou panorâmico nacional, com os indicadores 
SERASA. Elogios à Gazeta Mercantil1, que realiza uma análise setorial com as 
maiores empresas de cada segmento, e divulga o Balanço Anual, explicitando 
todos estes números.
Apenas para lembrar, e como relato histórico, o estimado Professor Stephen 
Charles Kanitz idealizou um modelo de indicador de solvência empresarial, há 
vários anos, que ficou conhecido como o Termômetro de Solvência de Kanitz. Tal 
indicador foi bastante utilizado, e junto com outros, como o de Mathias, Altman, 
Elizabetsky e José Pereira da Silva, criaram uma nova forma à análise de balanços. 
Em verdade, parâmetros estatísticos pré-admitidos podem causar distorção 
nos processos de licitação, o que ocasiona a vedação de modelos especiais, 
também prevista no artigo 31, parágrafo 5º da Lei 8.666/93. Por que, então, ainda 
encontramos fórmulas como a CFD – Capacidade Financeira Disponível nos 
Editais? Não seria um modelo especial? 
Há ainda muito de moralidade a ser discutida nas licitações ocorridas em 
nosso país. Bem, moralidade, auditoria e corrupção podem ser objeto de outro 
artigo, talvez.
1 O jornal Gazeta Mercantil circulou pela última vez em maio de 2009. 
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
79
Por enquanto, permaneço a observar as análises de balanços efetuadas 
e suas incoerências, pensando a cada dia em como melhorar os processos e 
sintonizar as ideias que possam contribuir com a ciência contábil e com o 
nosso país!
 
FONTE: Disponível em: <http://www.crcpr.org.br/new/content/publicacao/revista/revista137/
aspectos.htm>. Acesso em: 4 set. 2013
80
Neste tópico vimos que:
• O objetivo das demonstrações contábeis é produzir informações que tornem 
possível atender às expectativas em relação ao seu objeto de análise.
• Os usuários das demonstrações contábeis são as instituições financeiras, 
fornecedores e clientes, investidores, governo, empregados e sindicatos, entre 
outros.
• As etapas para a análise das demonstrações contábeis são a coleta de 
dados, conferência dos dados coletados, preparação dos dados para análise, 
processamento de dados, análise dos dados e elaboração do relatório ou 
parecer.
• A qualidade das informações contábeis parafins de análise das demonstrações 
contábeis deve sempre levar em consideração a confiabilidade, relatórios 
precisos e devidamente auditados, com informações completas acerca da 
empresa analisada e objetividade para enfocar o ponto principal e manter 
dados atuais.
• Para que o analista das demonstrações contábeis obtenha dados mais confiáveis, 
principalmente relacionados com o balanço patrimonial e com a demonstração 
do resultado do exercício, seria necessário reclassificar algumas contas que 
interferem nos indicadores econômico-financeiros.
RESUMO DO TÓPICO 3
81
1 Aplicação da Análise das Demonstrações Contábeis requer etapas a serem 
seguidas. Associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Coleta de dados
II- Conferência de dados coletados
III- Preparação dos dados para análise
IV- Processamento de dados
V- Análise dos dados
( ) Momento em que o analista forma sua opinião baseado em sua percepção e 
experiência.
( ) Momento em que os dados serão transformados em informações para 
análise.
( ) Momento em que o analista busca obter dados.
( ) Momento em que os dados são padronizados e adequados para análise.
( ) Momento em que o analista busca cercar-se da qualidade dos dados.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - IV - I - III - II.
b) ( ) II - IV - III - V - I.
c) ( ) I - IV - II - V - III.
d) ( ) V - II - IV - III - I.
2 Os usuários que detêm algum interesse nas demonstrações contábeis 
possuem as mais variadas necessidades informacionais. Associe os itens, 
utilizando o código a seguir:
I- Analistas internos
II- Instituições financeiras
III- Fornecedores e clientes
IV- Investidores
V- Governo
( ) Interesse em analisar a liquidez para fins de participação em licitações públicas 
e análise de possível evasão fiscal.
( ) Interesse em analisar a concessão de crédito em relação a volume e prazo com 
base na sua capacidade financeira.
( ) Interesse em analisar o risco e retorno de investir na compra de ações ou 
adquirir o controle acionário.
( ) Interesse em analisar a concessão de empréstimos mediante avaliação dos 
riscos envolvidos.
( ) Interesse em analisar o desempenho sob a ótica de gestão operacional e 
financeira com ações voltadas para a correção dos desvios em relação ao 
plano.
AUTOATIVIDADE
82
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - III - IV - II - I.
b) ( ) II - IV - III - V - I.
c) ( ) I - IV - II - V - III.
d) ( ) V - II - IV - III - I.
3 Complete as lacunas:
O objetivo da análise das demonstrações contábeis é extrair os dados 
____________ da contabilidade produzidos pelas ______________ para 
gerar as informações de interesse do ____________.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) bruto – demonstrações contábeis – usuário.
b) ( ) líquidos – DVAs – analista.
c) ( ) financeiros – demonstrações dos fluxos de caixa – analista.
d) ( ) econômicos – estruturas contábeis – profissional contábil.
83
UNIDADE 2
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE 
BALANÇOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
• conhecer, calcular e interpretar índices ou quocientes de liquidez, estrutu-
ra de capital, lucratividade e rentabilidade;
• conhecer, calcular e interpretar os indicadores de atividade;
• calcular o índice-padrão;
• conhecer e aplicar a técnica de análise vertical e horizontal para interpre-
tação das demonstrações contábeis;
• reclassificar as contas do ativo circulante para analisar as dinâmicas de 
capital de giro na gestão empresarial;
• conhecer os conceitos de criação de valor econômico e calcular o indicador 
EVA – Economic Value Added.
• conhecer os conceitos de EBITDA e calcular o indicador;
• identificar alguns indicadores fundamentalistas e seus conceitos;
• conhecer os principais modelos de insolvência;
• identificar os componentes de um relatório de análise das demonstrações 
contábeis.
Esta unidade está dividida em seis tópicos. No primeiro, você conhecerá os 
principais indicadores econômico-financeiros e como interpretá-los. Além 
disso, terá conhecimento de como desenvolver o índice-padrão. No segundo 
tópico será abordada a técnica de análise vertical e horizontal para identificar 
variações relevantes em sua estrutura e em sua evolução histórica. No tercei-
ro tópico será demonstrado como reclassificar as contas do circulante para 
identificar as dinâmicas envolvidas com o capital de giro e a necessidade de 
capital de giro. No quarto tópico você conhecerá os conceitos relacionados 
com a criação de valor das empresas, EBITDA e indicadores fundamenta-
listas. No quinto tópico serão apresentados os modelos de previsão de in-
solvência mais conhecidos e aplicados no Brasil. No sexto e último tópico 
serão abordados os aspectos relacionados com a estrutura e composição dos 
relatórios de análise das demonstrações contábeis.
TÓPICO 1 – ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
TÓPICO 2 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
84
TÓPICO 3 – ANÁLISE DA DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO
TÓPICO 4 – ANÁLISE FINANCEIRA AVANÇADA
TÓPICO 5 – MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
TÓPICO 6 – RELATÓRIO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
85
TÓPICO 1
ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Seria óbvio imaginar que qualquer atividade, por mais simples que possa 
parecer, envolverá uma análise crítica de seu desempenho. Por exemplo, o simples 
fato de nos locomovermos de um ponto a outro, independente da distância, 
requer, no mínimo, uma análise de percurso para identificar se há obstáculos no 
caminho, uma avaliação tempo versus a distância a ser percorrida, desse modo 
estabelecemos uma análise baseada em dados empíricos. É verdade, contudo, 
que esta análise e a interpretação dos dados foram necessárias para realizar a 
tarefa com sucesso.
Outro exemplo que pode ser utilizado é o de um piloto de corrida 
automobilística que precisa estar atento a todos os indicadores do painel de 
instrumentos, seja a temperatura do motor, pressão do óleo, combustível, pneu, 
velocidade e assim por diante.
Mas o que todos esses casos têm em comum? Caro(a) acadêmico(a), a 
resposta é muito simples!
Em todos os casos, a análise realizada que proporcionou a interpretação dos 
dados exigiu, obrigatoriamente, uma comparação com um padrão preexistente.
Nas empresas, o seu diagnóstico econômico-financeiro também necessita 
de análise baseada em padrões que determinem ou indiquem o desempenho 
atribuído.
Neste contexto, a análise de balanços utiliza-se de várias técnicas, entre 
elas a análise por índices ou quocientes, que será vista neste tópico.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
86
2 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS ÍNDICES OU QUOCIENTES
A técnica de análise de índices ou indicadores, também denominados de 
quocientes, é a mais utilizada em análise de balanços, pois sua finalidade baseia-
se em suprir o analista de informações econômico-financeiras de uma empresa.
A extração de um índice de uma ou mais demonstrações contábeis se dá 
pela inter-relação entre os dados de valores absolutos, de um numerador e um 
denominador, que resultam no quociente ou índice. 
Numerador
= Índice ou quociente
Denominador
Imagine que a empresa mantém um saldo médio de disponibilidade 
diária de entradas no caixa da empresa de R$ 50.000,00 e que as vendas diárias 
sejam de R$ 125.000,00. Logo, se percebe que nem todas as vendas da empresa 
são realizadas à vista, ou seja, apenas 40%, conforme podemos observar a seguir.
50.000,00
= 0,40
125.000,00
O cálculo do índice é apenas a primeira etapa do processo, pois ainda 
é necessário interpretar, ou seja, explicar o seu significado e comparar com um 
padrão para concluir se o desempenho do índice é bom ou ruim.
IMPORTANT
E
Lembre-se de que para realizar o cálculo dos indicadores para análise é necessário 
primeiro padronizar as demonstrações contábeis, preparando-as para gerar a informação 
correta originada pelos indicadores.
Em uma análise de balanço,o analista não deve se preocupar em elaborar 
um grande número de índices, seu foco deve ser na qualidade, para atingir os 
objetivos da análise para o público interessado. Deve-se, portanto, preparar 
um conjunto de índices que forneçam a informação necessária da situação da 
empresa, conforme o nível desejado.
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
87
Por exemplo, se a profundidade de um conjunto de indicadores tem como 
objetivo atender à demanda de crédito para venda de mercadoria, talvez alguns 
indicadores básicos relacionados com o endividamento, liquidez e rentabilidade 
sejam suficientes. Contudo, se o objetivo for uma proposta para aquisição de uma 
empresa, lógico que a profundidade de análise do conjunto de indicadores seria 
muito maior. Isto, no intuito de confirmar com mais assertividade as políticas da 
empresa que determinam seu estado de solvência.
Neste contexto, o conjunto de indicadores para análise de balanço é 
dividido em indicadores financeiros e indicadores econômicos que revelam a 
situação da empresa, conforme demonstrado na figura a seguir:
FIGURA 34 – CLASSIFICAÇÃO DOS ÍNDICES
FONTE: Os autores
Situação Financeira
Estrutura
Liquidez
Situação Econômica
Rentabilidade
Lucratividade
A situação financeira relaciona os indicadores da estrutura de capital da 
empresa e de liquidez. Como exemplos de indicadores da estrutura de capital 
temos: Participação de Capitais de Terceiros, Composição do Endividamento e 
Imobilização do Patrimônio Líquido; e como exemplos de indicadores de liquidez: 
Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Liquidez Seca.
O detalhamento de cada um destes e outros indicadores será visto mais 
adiante em nosso Caderno de Estudos.
Uma das etapas mais importantes na análise por índices consiste em 
compreender o significado de cada um, avaliando desta forma o seu desempenho 
indicativo ou de alerta.
Segundo descreve Matarazzo (2003), há três formas de avaliação de um 
índice, sendo: (i) pelo seu significado intrínseco, (ii) pela comparabilidade ao 
longo do tempo e (iii) pela comparabilidade com índices de outras empresas, 
utilizando-se o índice-padrão.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
88
Numa avaliação de índice pelo seu significado intrínseco, busca-se apenas 
compreender a essência do índice com base no julgamento do analista. Supondo 
que o índice de Rentabilidade do Ativo Total (Lucro Líquido dividido pelo Ativo 
Total) é de 0,30, o analista pode concluir que a empresa gera R$ 0,30 de lucro para 
cada R$ 1,00 de ativos investidos.
Nesta avaliação também poderia se concluir que o lucro deverá remunerar 
o investimento (ativo total) em três anos e quatro meses, pois uma folga de 30% de 
lucro gerado em relação ao ativo por ano causará um retorno no tempo indicado 
(100% dividido por 30% será igual a 3,33 anos).
Para o analista, um índice de Rentabilidade do Ativo de 0,30 ou 30% poderia 
ser considerado excelente em termos de desempenho; contudo, no contexto de 
um determinado setor econômico pode não representar um bom desempenho.
Por exemplo, imagine um supermercado que necessita comprar e vender 
produtos com giro rápido. Como sua margem de lucro (ganho operacional) é 
pequena, precisa fazer girar as vendas tantas vezes mais para obter um retorno 
adequado. Agora imagine que este supermercado, para manter estoques em giro 
muito alto, requer níveis de capital de giro elevado e suas dívidas de curto prazo 
tendem a ser elevadas. Neste caso, devido ao custo de captação, talvez seu custo 
de capital apresente nível mais elevado, necessitando obter lucratividade maior 
para remunerar adequadamente seus investimentos (ativo total).
Uma avaliação de índice pela comparabilidade ao longo do tempo permite 
ao analista perceber as tendências da empresa ao longo de determinado período 
comparável: meses, semestres, anos, entre outros.
Por exemplo: ao longo do tempo, pode-se perceber um aumento 
do endividamento da empresa, porém com aumento mais acentuado da 
lucratividade. Com o aumento do endividamento em curto prazo, gera-se uma 
redução do grau de liquidez. Todas essas informações juntas podem fornecer ao 
analista uma posição ou tendência, ao longo do tempo, baseada na gestão dos 
recursos da empresa.
A avaliação de índice pela comparabilidade com os índices de outras 
empresas compara e avalia através de índices predeterminados, denominados 
de índice-padrão, se o seu desempenho é bom ou ruim. Quando comparado 
aos padrões, podemos inferir um sentido de qualificação, classificando-o, por 
exemplo, em ótimo, bom, satisfatório, razoável ou deficiente.
Isto não quer dizer que, quando comparado ao padrão, sempre será 
desta forma! Observe que, por melhor que você possa pilotar, jamais poderia ser 
comparado a um piloto de Fórmula 1, acostumado com o padrão deste tipo de 
circuito. Por isso, comparações de um elemento somente devem ser feitas dentro de 
um conjunto ou universo, para então podermos qualificá-lo. 
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
89
Partindo deste princípio, agora você pode comparar corredores como 
Ayrton Senna, Nigel Mansell, Nelson Piquet, Juan Manuel Fangio, Michael 
Schumacher ou Alain Prost, que, sem dúvida, foram excepcionais pilotos de 
Fórmula 1, e suas qualificações podem ser comparadas.
Matarazzo (2003, p. 184) explica que “não se pode conceber uma boa 
análise sem a comparação dos índices da empresa analisada com padrões”. Para 
que seja realizada uma comparação, é preciso inferir que um índice deve ser 
QUANTO MAIOR, MELHOR ou QUANTO MENOR, MELHOR ou que atinja 
um ponto ótimo em torno de um parâmetro.
Vamos imaginar, como exemplo, que uma empresa do ramo alimentício 
detenha um índice de liquidez corrente de 1,60 e que 90% das empresas deste 
mesmo ramo tenham um índice inferior. Supondo que o índice signifique 
QUANTO MAIOR, MELHOR, podemos inferir que a empresa possui um índice 
de liquidez corrente com desempenho superior ao das empresas do seu ramo.
O índice-padrão é fundamental em uma análise de demonstrações 
contábeis para estabelecer a comparabilidade e fornecer um diagnóstico da 
situação da empresa.
IMPORTANT
E
Abordaremos a elaboração de índice-padrão, com mais detalhes, um pouco 
mais à frente.
Como vimos até aqui, os índices têm a importante função de relacionar 
e explicar os fenômenos, principalmente das contas patrimoniais (ativo, passivo 
e patrimônio líquido) e sua relação com os recursos investidos nos ativos da 
empresa.
Para explicar tais indicadores, passaremos a usar uma demonstração 
contábil fictícia da empresa denominada Cia. VTEX S.A.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
90
FIGURA 35 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
Utilizando como base as informações da Cia. VTEX S.A., vamos agora 
conhecer os principais indicadores econômicos e financeiros utilizados para análise 
das demonstrações contábeis. 
3 ÍNDICES DE LIQUIDEZ (OU SOLVÊNCIA)
Conforme Padoveze e Benedicto (2010, p. 147), “[...] os índices de liquidez 
querem medir se os bens e direitos da empresa (ativos) são suficientes para a 
liquidação das dívidas”. Portanto, os índices de liquidez têm como função avaliar 
a capacidade da empresa de liquidar seus compromissos assumidos frente aos 
recursos disponíveis de curto e longo prazo.
Normalmente, os analistas trabalham com quatro indicadores de análise da 
liquidez: (i) Liquidez Corrente – LC, (ii) Liquidez Seca – LS, (iii) Liquidez Imediata 
(LI) e (iv) Liquidez Geral (LG).
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
91
3.1 Índice de Liquidez Corrente ou Liquidez Comum (LC)
O índice de liquidez corrente tem como função explicar, através desta 
medição, a capacidade que a empresa possui para liquidar suas dívidas de curto 
prazo, ou seja, até 360 dias após o encerramento do exercício contábil.
Podemos obtê-lo a partir da fórmula:
LC AC
PC
In
=
 (Ativo Circulante)
 (Passivo Circulante)
tterpretação : Quanto maior, melhor
LC AC
PC
= = = 1,20134140139140
0 96 157589
131029
,
20x1 20x2índice índice
A intepretação do indicador demonstra que a Cia. VTEX S.A. melhorou 
seu índice em 20x2, uma vez que apresentou índice maior, portanto melhor. Como 
sua função é evidenciar a quantidade de bens e direitos frente às obrigações, no 
curto prazo, temos que em 20x1 a empresa possui R$ 0,96 de recursos em ativos 
de curto prazo, para cada um R$ 1,00 de obrigações de curto prazo, demonstrando 
uma situação vulnerável de liquidez. Contudo, em 20x2 a empresa melhorou sua 
situação de liquidez corrente, demonstrando que possuía R$ 1,20 de recursos em 
ativos de curto prazo para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo.
O fato é que mesmo essa melhora aparente pode esconder problemas de 
liquidez, logo, o indicador não estaria demonstrando uma situação verdadeira, 
por vários motivos:
1) O aumento de ativos do circulante, que originaram a cobertura das obrigações 
circulantes, pode ter sido resultante de produtos estocados e que não foram 
vendidos e/ou obsoletos ou, ainda, de valores de clientes inadimplentes.
2) Como não é possível aferir a precisão de seus vencimentos com base neste 
indicador, seria possível que a empresa estivesse em uma iminente falta de 
liquidez se, por exemplo, seus pagamentos tivessem como prazo de pagamento 
em 30 dias e seus recebimentos de clientes em 90 dias. Essa falta de sincronismo 
no fluxo de caixa não pode ser prevista pelo índice de liquidez corrente.
3) Os estoques são registrados pelo custo histórico, porém sempre será realizado 
a valor de mercado; isto implica que o estoque, para fins de conversão em 
moeda, não teria a mesma velocidade que outros ativos do circulante, como 
disponibilidade ou aplicações financeiras.
Na avaliação do índice de liquidez corrente, quanto maior o índice, maior 
será a quantidade de recursos disponíveis no giro da empresa, porém há de 
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
92
se observar que os recursos excedentes ao capital de giro deveriam ser melhor 
dimensionados em aplicações de investimentos com maior retorno, como, por 
exemplo, máquinas e equipamentos do parque de produção. A liquidez de uma 
empresa é um objeto muito apreciado pelos credores, portanto a liquidez se faz 
necessária para garantir margem de segurança aos credores.
3.2 Índice de Liquidez Seca (LS)
O índice de liquidez seca (LS) segue a mesma lógica da Liquidez Corrente 
(LC), porém excluindo os estoques. Segundo a teoria de finanças, os estoques 
demoram muito mais que os demais ativos circulantes para serem convertidos 
em moeda, visto que precisam ser transformados em produto final, estocados, 
vendidos, para enfim receber o valor do insumo. Além disso, os estoques 
representam a conta do balanço patrimonial mais suscetível a manipulações, 
visto que podem estar deteriorados, obsoletos ou inexistentes. 
O índice de liquidez seca (LS) tem como função explicar a liquidez das 
empresas para aferir se existe dependência do volume de vendas para liquidar 
suas dívidas de curto prazo, ou seja, demonstra a capacidade de liquidar seus 
compromissos de curto prazo com os valores do ativo circulante, excetuando-se 
os estoques.
Segundo explica Silva (2010, p. 136), “este índice é muito útil quando 
necessitamos ver a capacidade da empresa nas situações em que a mesma tem 
uma rotação de estoques muito baixa, o que pode refletir uma má gestão sobre o 
volume de compras [...]”.
O que podemos depreender destas reflexões é que a liquidez seca deve 
sempre ser analisada em conjunto com os demais indicadores de liquidez, pois 
é preciso tomar alguns cuidados em sua análise. Por exemplo, se considerar um 
supermercado em que a maior parte das vendas é feita à vista ou com cartão 
de crédito e não há processo de transformação dos produtos, mas apenas a 
comercialização, há a necessidade de manter níveis de estoques elevados e, 
portanto, será normal apresentar indicadores de liquidez seca muito baixos. 
Podemos obter os indicadores de Liquidez Seca a partir da fórmula:
LS AC E
PC
=
− (Ativo Circulante - Estoques)
 (Passivo Circullante)
 Quanto maior, melhorInterpretação :
LS AC E
PC
=
−
= = 0,80 1,01110940
139140
131900
131029
20x1 20x2índice índice
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
93
A interpretação simples do indicador evidencia quanto maior, melhor, 
pois menor será a dependência dos estoques. Desta forma, desconsiderando os 
estoques, temos que em 20x1, para cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo, a 
empresa possuía apenas R$ 0,80 de ativos circulantes; contudo, em 20x2 o índice 
melhorou, indicando que para cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo, possuía R$ 
1,01 de ativos circulantes para liquidar esses compromissos.
A interpretação do índice de liquidez seca, em conjunto com o índice de 
liquidez corrente, evidencia que a empresa tinha uma dependência dos estoques 
muito semelhante em 20x1 e 20x2. Assim, a dependência de ocorrência das vendas 
para transformar os estoques em moeda era praticamente a mesma. Isto pode ser 
percebido observando a figura a seguir, com a informação sintetizada.
FIGURA 36 – GRAU DE DEPENDÊNCIA DOS ESTOQUES
FONTE: Os autores
O leve crescimento de 20x1 para 20x2 pode ser percebido se comparado a 
LC com a LS, pois em 20x1 a liquidez seca representava 83% da liquidez corrente e 
em 20x1 representava 84%, indicando que a dependência ou influência dos estoques 
na liquidez corrente era maior em 20x2.
Na realidade, para avaliar se o indicador apresentado é bom ou ruim, 
frente ao desempenho da empresa, devemos nos orientar, em primeiro lugar, em 
relação ao tipo de negócio, e, em segundo lugar, estabelecer um índice padrão 
para suportar a análise conclusiva.
Indicador 20x1 20x2
LC 0,96 1,20
LS 0,80 1,01
83% 84%
3.3 Índice de Liquidez Imediata (LI)
Outro indicador muito utilizado, principalmente pelos analistas de 
bancos, é o Índice de Liquidez Imediata (LI). Este indicador tem como função 
detalhar um pouco mais o nível de liquidez da empresa, considerando sua 
capacidade de liquidar suas dívidas com as disponibilidades imediatas, ou seja, 
recursos disponíveis do circulante de rápida conversão, como: os valores em caixa 
ou disponível em contas bancárias.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
94
3.4 Índice de Liquidez Geral (LG)
O Indicador de Liquidez Imediata (LI), em sua interpretação, evidencia 
que quanto maior for o índice, melhor será a liquidez imediata, ou seja, a 
empresa dispõe de mais recursos de alta conversão em moeda, frente aos seus 
compromissos de curto prazo.
No exemplo da Cia. VTEX S.A., temos que em 20x1 a empresa possuía 
para cada R$ 1,00 de obrigação, uma disponibilidade imediata (caixa, bancos e 
aplicações financeiras de curto prazo) de R$ 0,40 de cobertura. Comparativamente, 
em 20x2 a empresa apresentou uma redução de disponibilidade imediata, 
indicando que para cada R$ 1,00 de dívidas e empresa possuía apenas R$ 0,51 de 
disponibilidades imediatas.
Em termos de objetividade para análise, este índice não é um dos mais 
relevantes, visto que normalmente as empresas mantêm poucos recursos em caixa 
ou bancos, disponíveis de forma imediata. Outro fator ponderado implica na 
comparabilidade das disponibilidades imediatas com os recursos do circulante. 
Não é uma das melhores práticas, visto que no circulante existem valores com 
vencimentos em até 360 dias após o encerramento do período.
Podemos obtê-lo a partir da fórmula:
LI D
PC
= = = 0,40 0,5155940
139140
66900
131029
20x1 20x2índice índice
Conforme Marion (2005, p. 89), o Índice de Liquidez Geral (LG) “mostra 
a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo, considerando tudo o que 
ela converterá em dinheiro (a curto e longo prazo), relacionando-se com tudo o 
que já assumiu como dívida (a curto e longo prazo)”.
Como diz o próprio nome, pode-se compreender que se trata de um 
indicador de liquidez geral, considerando-se todas as dívidas exigíveis, ou seja, 
passivos de curto e longo prazo são suportadospelos ativos realizáveis de curto 
e longo prazo.
Este indicador tem como função evidenciar a sua saúde financeira, com 
relação à sua liquidez a longo prazo. Podemos obtê-lo a partir da fórmula:
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
95
LG AC RLP
P
=
+ (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo)
CC PNC
Interpretaçã
+ (Passivo Circulante + Não Circulante)
oo : Quanto maior, melhor
LG= AC+RLP
PC+PNC
 199140
204140
= 0,98 242589
186029
= 1,30
20x1 20x2índice índice
A sua interpretação evidencia que quanto maior for o índice, melhor será, 
pois maior será a capacidade financeira de liquidar suas dívidas no longo prazo. 
Na análise da Cia. VTEX S.A., em 20x1 existe, a longo prazo, para cada R$ 
1,00 de dívidas (curto e longo prazo), o equivalente a R$ 0,98 de ativos realizáveis 
(curto e longo prazo). Contudo, observa-se uma melhora do índice de R$ 1,30, 
indicando que para cada R$ 1,00 de dívidas (curto e longo prazo) a empresa possui 
R$ 1,30 de ativos realizáveis (curto e longo prazo) para converter em moeda.
Este indicador é de difícil análise, pois é preciso comparar recebimentos 
(realização) e pagamentos (exigibilidades) com datas de vencimentos muito 
diferentes (curto e longo prazo). Isto torna difícil precisar sobre sua conversão em 
moeda, exceto quando existe a possibilidade de comparar seu comportamento ao 
longo do tempo e diagnosticar se a empresa está incorrendo em uma perda de 
liquidez ao longo do tempo.
DICAS
Ao analisar um indicador de liquidez pense nisto:
a) nunca considere isoladamente os indicadores para uma análise, devendo sempre associá-
los para compreender seu comportamento;
b) avalie um indicador considerando o efeito temporal, ou seja, analise-o ao longo do tempo 
(dias, meses, anos);
c) a utilização do índice-padrão, como forma de comparar o desempenho da empresa com 
o seu setor ou concorrentes, é sempre uma forma saudável de analisar a saúde financeira da 
empresa.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
96
4 ÍNDICES DA ESTRUTURA DE CAPITAL
Os indicadores da estrutura de capital visam demonstrar as decisões de 
financiamentos tomadas pela empresa quanto à obtenção dos recursos e como 
foram aplicados, logo, revelam o comportamento do endividamento da empresa.
Quando analisamos as políticas de financiamentos adotadas por uma 
empresa, é preciso levar em consideração, além do custo, o impacto 
das modificações sobre a estrutura de capital da empresa, ou seja, 
a proporção da participação de capitais próprios e de terceiros no 
financiamento dos ativos.
Para uso interno da empresa, os indicadores de endividamento 
sinalizam o grau de risco acarretado pelos financiamentos. A 
administração financeira também se preocupa com os níveis de 
endividamento, porque bancos, fornecedores, clientes e concorrentes 
também avaliam a solidez financeira da empresa com base nesses 
indicadores (SILVA, 2010, p. 138-139).
Normalmente, as empresas recorrem ao capital de terceiros para financiar 
suas operações e o crédito é essencial para suportar o crescimento das empresas. 
O endividamento pode ser visto como uma condição saudável para que 
haja crescimento em participação de mercado ou mesmo projetos de expansão 
fabril, e o lucro das operações geradas pela empresa deverá suportar o pagamento 
dos juros e da dívida. O problema é quando a empresa não consegue que suas 
operações sejam lucrativas e acaba refinanciando suas dívidas. Este ciclo de 
renovação fatalmente resultará na falência da empresa.
IMPORTANT
E
Mas, então, qual é o nível de endividamento ideal?
Não existe um nível de endividamento ideal! O importante é que recursos 
de curto prazo devem financiar as operações de curto prazo (capital de giro) e 
recursos de longo prazo devem financiar operações de longo prazo (imobilizado). 
Esta premissa parte do princípio de que os ativos de imobilizado deverão 
gerar receitas a longo prazo e representam valores expressivos, portanto, ao 
serem financiados em longo prazo, poderão suportar as dívidas com mais folga 
para a empresa. 
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
97
Ao realizar dívida de curto prazo para financiar operações de longo 
prazo, a empresa deverá devolver o principal muito antes do bem trazer o retorno 
através das operações da empresa; e como a dívida de curto prazo é mais onerosa, 
a empresa acabará pagando mais juros da dívida. 
IMPORTANT
E
Neste caso, o analista deve ficar atento à composição da dívida com capital de 
terceiros e capital próprio e sua concentração em curto e longo prazo, bem como observar 
o custo das dívidas.
A utilização dos indicadores da estrutura de capital tem por objetivo 
informar como e quanto a empresa utiliza dos capitais próprios e de terceiros. 
Os indicadores utilizados na análise são: (i) Participação de capital de terceiros, 
(ii) Composição do endividamento, (iii) Imobilização do patrimônio líquido e (iv) 
Imobilização dos recursos não correntes.
4.1 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS (GRAU DE 
ENDIVIDAMENTO)
O índice de participação de capital de terceiros tem como função 
demonstrar em que nível existe dependência do capital de terceiros por parte da 
empresa, e pode ser representado pela seguinte fórmula:
PCT= PC+PNC (Passivo Circulante + Não Circulante)
PL (Patriimônio Líquido)
 100
Interpretação: Quanto menor, melhor
x
PCT PC PNC
PL
=
+
= = 99,58% 204140
205000
186029
283900
 65,53%
20x1 20x2índice índice
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
98
A sua interpretação evidencia que quanto menor for a participação do 
capital de terceiros em relação ao capital próprio, será melhor, pois menor será a 
dependência da empresa em relação às dívidas, podendo agir com mais liberdade 
em suas decisões financeiras, implicando em menor risco de insolvência. 
IMPORTANT
E
A Participação de Capitais de Terceiros (PCT) depende muito do segmento em 
que a empresa atua. Geralmente, empresas de serviços ou empresas comerciais necessitam 
ter uma alavancagem muito alta para proporcionar velocidade de rotação de seus ativos 
e produzir maior rentabilidade. Portanto, o índice de PCT deve ser analisado levando em 
consideração os índices do setor ou segmento.
No caso da Cia. VTEX S.A., a análise dos indicadores aponta que em 20x1 
a empresa operava com um comprometimento do total de seu capital próprio 
com as dívidas e em 20x2 a empresa reduziu seu endividamento em relação 
ao capital próprio, sinalizando, portanto, uma melhora substancial no risco de 
insolvência. Porém, para o caso analisado em 20x1 não podemos afirmar que 
o índice é desfavorável; para chegar a esta conclusão é preciso comparar com 
índice-padrão de endividamento setorial.
4.2 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO
Depois de compreender em que nível existe dependência dos capitais 
de terceiros (PCT), será necessário que o analista compreenda qual é o perfil da 
dívida, ou seja, se esta dívida está concentrada em curto ou longo prazo. 
Desta forma, este indicador tem como função evidenciar a concentração 
do vencimento das dívidas e seu risco de insolvência. Pode ser representada pela 
seguinte fórmula:
CE PC
PC PNC
=
+
 (Passivo Circulante)
 (Passivo Circulante ++ Não Circulante)
 
 Quanto menor, melhor
x
Interpretação
100
:
CE PC
PC PNC
=
+
= = 68,16% 139140
204140
131029
186029
 70,43%
20x1 20x2índice índice
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
99
A interpretação deste índice evidencia que quanto menor a participação do 
passivo circulante em relação ao passivo exigível (PC + PNC), melhor será o perfil 
da dívida, pois com os financiamentos concentrados em longo prazo, a empresa 
dispõe de mais tempo para obter lucros e formar reservas de investimentos 
(depreciação) para saldar estas dívidas.
Na análise da Cia. VTEX S.A. observa-se que o perfil da dívida indica uma 
predominância de capital de curto prazo e que comparativamente entre 20x1 e 
20x2 houve um aumento desta composição. O analista deveriaefetuar uma análise 
mais profunda para determinar as causas, visto que podem representar dívidas 
vencidas ou, ainda, um incremento de novas dívidas que podem consumir o lucro 
com pagamento de juros.
4.3 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O indicador de Imobilização do Patrimônio Líquido tem como função 
evidenciar em que nível os investimentos em capital fixo, representados pelo 
ativo não circulante (Investimentos + Imobilizado + Intangível), estão sendo 
financiados por capital próprio.
O entendimento de que ativos de longo prazo devem ser financiados 
com recursos de longo prazo faz parte de uma boa política financeira. Contudo, 
quanto mais capital próprio for aplicado no ativo não circulante, menor será a 
disponibilidade de recursos no ativo circulante, que representa o capital de giro, 
e isso faz com que a empresa recorra a capitais de terceiros. Pode ser representado 
pela fórmula:
IPL CF
PL
x: (Capital Fixo)
 (Patrimônio Líquido)
 100
Interppretação: Quanto menor, melhor
IPL CF
PL
= = = 102,44% 80210000
205000
227340
283900
,,08%
20x1 20x2índice índice
A interpretação deste indicador evidencia quanto do patrimônio líquido 
está sendo aplicado no ativo não circulante, em capital fixo (Investimentos + 
Imobilizado + Intangível). Esta relação entre o patrimônio líquido e o capital fixo 
representa o capital de giro próprio da empresa. O ideal seria que o ativo não 
circulante fosse totalmente financiado com o patrimônio líquido (capital próprio) e 
ainda financiasse uma parte do ativo circulante, evitando que a empresa recorresse 
a bancos para financiar o seu capital de giro (AC – PC).
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
100
Na análise da Cia. VTEX S.A., observa-se que em 20x1 a empresa 
apresentou um índice de 102,44%, indicando que o patrimônio líquido não foi 
suficiente para financiar os investimentos em capital fixo e que por este motivo 
a empresa deve recorrer a capital de terceiros para financiar parte do ativo não 
circulante e totalmente o ativo circulante. Apesar de 20x2 demonstrar uma redução 
da dependência de capitais de terceiros (IPL 80,08%), não podemos observar se 
a empresa adota uma política financeira adequada utilizando capital de terceiros 
de longo prazo. Contudo, o próximo indicador dará sinais da forma como esse 
endividamento vem ocorrendo.
4.4 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES
O indicador de Imobilização dos Recursos Não Correntes (IRNC) tem como 
função evidenciar a parcela de recursos não correntes (Patrimônio Líquido + Exigível 
de Longo Prazo) que está sendo utilizada para financiar o capital fixo da empresa. 
Pode ser representado pela fórmula:
IRNC CF
PL ELP
=
+
 (Capital Fixo)
 (Patrimônio Líquido + Exiggível de Longo Prazo)
 100
Interpretação: Quanto menor, me
x
llhor
IRNC CF
PL ELP
=
+
= = 77,78% 210000
270000
227340
338900
 67,08%
20x1 20x2índice índice
A interpretação deste índice evidencia que quanto menor, ou seja, quanto 
mais distante de 100%, melhor será seu desempenho, pois indica que o capital fixo 
está sendo financiado com capitais de longo prazo (PL + ELP) e ainda existe sobra 
aplicada no capital de giro (curto prazo). 
Na análise da Cia. VTEX S.A. fica evidente que a empresa possui uma 
folga de recursos aplicada no capital de giro em 20x1 de 22,22% (100% - 77,78%), 
e em 20x2 de 32,92% (100% - 67,08%), e como a interpretação do índice é “quanto 
menor, melhor”, houve uma redução em 20x2, indicando uma melhora.
Caro acadêmico, como podemos perceber, os indicadores da estrutura 
de capital são importantes para determinar em que níveis e de que forma os 
capitais estão aplicados no ativo, proporcionando uma análise quanto ao risco de 
insolvência das empresas.
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
101
5 ÍNDICES DE RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE
Como todo investidor que aplica recurso em uma empresa espera que 
exista retorno de seus investimentos realizados, o credor, detentor do capital de 
terceiros, espera que ao emprestar seu capital obtenha a remuneração sobre o 
mesmo e a devolução do capital.
Desta forma, o lucro da empresa é a fonte que deverá remunerar estes 
capitais, logo, trataremos agora de analisar o desempenho econômico, cujas 
informações estão contidas na Demonstração do Resultado do Exercício – DRE.
A este desempenho econômico denominamos de análise da rentabilidade, 
que, conforme Padoveze (2003, p. 43), “está classificada em dois grandes grupos: 
(i) análise da geração da margem de lucro, em que leva em conta a performance 
das operações da empresa, e (ii) análise da destinação do lucro, que considera 
o uso do capital de terceiros e o reflexo de alavancagem sobre o aumento da 
rentabilidade do capital próprio, caracterizado pelo aumento de lucros”.
Ao avaliar a rentabilidade, estamos avaliando o êxito econômico das 
operações que a empresa executou e se a expectativa de remuneração dos capitais 
empregados foi bem-sucedida.
Os principais indicadores que vamos analisar serão: (i) Giro do Ativo, (ii) 
Margem Líquida, (iii) Rentabilidade ou Retorno do Ativo, (iv) Rentabilidade ou 
Retorno do Patrimônio Líquido, (v) Alavancagem Financeira e (vi) Alavancagem 
Operacional.
Agora, uma vez que compreendemos que a utilização de capital de 
terceiros é saudável para o crescimento e expansão do negócio, a pergunta que 
poderia ser feita é: até que ponto uma empresa pode endividar-se, reduzindo seu 
risco de insolvência?
Neste sentido, é interessante apresentar as palavras de Matarazzo (2003, 
p. 154), que menciona que “do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser 
vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros, se a remuneração 
paga a esses capitais de terceiros for menor que o lucro conseguido com a sua 
aplicação nos negócios”.
Assim, o endividamento é interessante sob o ponto de vista do lucro, 
indicando que empresas podem possuir um endividamento alto, desde que 
consigam remunerar este custo da dívida, ou seja, trazer retorno maior que o 
custo deste capital investido nos ativos.
Compreender como analisar os retornos de capital será o assunto a seguir!
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
102
5.1 GIRO DO ATIVO 
Como já abordado anteriormente, o ativo é constituído com a finalidade 
de gerar receitas (fluxos de caixa) presente ou futuro, portanto, é inegável a 
relação entre receitas e investimentos realizados no ativo.
O indicador de Giro do Ativo tem, portanto, a função de evidenciar qual o 
nível de eficiência na aplicação de recursos, ou seja, o giro indica a quantidade de 
vezes que as vendas retornaram em relação aos recursos aplicados no ativo total.
O ativo ou patrimônio líquido considerados nas fórmulas de retorno do 
capital podem ser utilizados pela média entre os períodos (N e N-1), cuja “razão é 
que nem o Ativo Final e nem o Ativo Inicial geraram o resultado, mas a média do 
ativo utilizado no ano. Idem para o Patrimônio Líquido” (MARION, 2005, p. 140).
Esta é uma corrente a ser utilizada, porém muitos autores consideram 
apenas os saldos finais de ativo e patrimônio líquido. Podemos representar o Giro 
do Ativo da seguinte forma:
GA VL
AT ou
=
 ou RL (Vendas Líquidas ou Receitas Líquidas)
 AATM
Interpretação Qua
 (Ativo Total ou Ativo Total Médio)
: nnto aior m melhor,
GA VL
AT
= =
 ou RL
 ou ATM
 1,15 472000
409140
555900
4669929
= 1,18
20x1 20x2índice índice
Na interpretação do indicador temos que quanto maior este índice melhor, 
pois indica que as vendas aumentam em relação aos investimentos, logo será 
melhor, visto que está aumentando a produtividade da empresa. 
Neste contexto, a exemplo da Cia. VTEX S.A., o giro do ativo em 20x1 
evidencia que cada R$ 1,00 investido no ativo total gerou em vendas R$ 1,15 e 
que em 20x2 cada R$ 1,00 de ativo total gerou R$ 1,18 em vendas, o que indica 
que a empresa conseguiu produzir mais vendas com as aplicações realizadas no 
ativo total.
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES103
DICAS
Ao analisar o giro do ativo, esteja atento a possíveis distorções, como: (i) aos 
itens não relacionados com as atividades operacionais, (ii) observar se a empresa está numa 
fase de expansão ou ampliação, ou (iii) mudanças drásticas de saldos do ativo total inicial e 
final, devendo então aplicar o critério do saldo médio.
5.2 MARGEM LÍQUIDA
A margem líquida é o indicador que tem como função medir o desempenho 
das operações da empresa em relação ao volume de vendas. A relação percentual 
entre lucro líquido e vendas também pode ser denominada de percentual de 
lucratividade e pode ser representado pela seguinte fórmula:
ML LL
VL
=
 Lucro Líquido
 ou RL (Vendas Líquidas ou Receitaas Líquidas)
 maior, melhorInterpretação Quanto:
LL LL
VL
= = =
 ou RL
 99000 20,97% 118900
472000 555900
 21,39%
20x1 20x2índice índice
A interpretação do indicador evidencia que quanto maior o índice, maior 
será a lucratividade da empresa, portanto, melhor será o desempenho.
A análise da Cia. VTEX S.A. apresenta um bom desempenho econômico, 
pois em 20x1 conseguiu gerar um lucro de 20,97%, sobre o montante de vendas do 
período, e apesar do aumento das vendas significativas (R$ 472.000 para R$ 555.900) 
conseguiu superar o desempenho anterior, gerando um desempenho favorável.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
104
5.3 RENTABILIDADE OU RETORNO DO ATIVO (ROI OU 
ROA)
As denominações de ROI e ROA para o retorno do ativo têm origem do 
inglês, sendo, respectivamente, Return On Investiment (Retorno sob Investimentos) 
e Return On Assets (Retorno sob Ativos), ou ainda poderão ser encontradas pela 
sigla TRI (Taxa de Retorno sob Investimentos).
Este indicador tem a função de medir o desempenho da geração de 
lucros da empresa em relação aos investimentos realizados no ativo e pode ser 
visualizado pela seguinte fórmula:
ROI LL
AT
=
 Lucro Líquido
 ou ATM (Ativo Total ou Ativo Totaal Médio)
 100
Interpretação: Quanto maior, melhor
x
ROI LL
AT
= =
 ou ATM
 24,20% 11890099000
409140 469929
== 25,30%
20x1 20x2índice índice
A interpretação do indicador ROI/ROA evidencia que quanto maior o 
índice, mais rápido será o retorno do capital investido, portanto, será melhor para 
seu desempenho da empresa.
Na análise da Cia. VTEX S.A. observa-se um ROI de 24,20% em 20x1 e 25,30% 
em 20x2, cujo crescimento da taxa evidencia uma melhora do desempenho do lucro 
em relação aos investimentos do ativo. Também em uma análise de taxa de retorno 
pelo payback é possível constatar que o retorno do investimento em 20x2 acelerou em 
relação a 20x1 de 4,13 anos (100% ÷ 24,20%) para 3,95 anos (100% ÷ 25,30%).
5.4 RENTABILIDADE OU RETORNO DO PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO (ROE)
O Retorno do Patrimônio Líquido ou Return On Equity (ROE) é o indicador 
que tem como função medir o desempenho na geração de lucros em relação ao 
capital próprio, ou seja, representa a taxa de remuneração do capital investido 
pelos acionistas e pode ser comparável com outros rendimentos, como, por 
exemplo, aplicações em CDB, fundos de investimentos, caderneta de poupança, 
aluguéis, entre outros.
A taxa de retorno do patrimônio líquido pode ser obtida pela fórmula:
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
105
ROE LL
PL
=
 (Lucro Líquido)
 ou PLM (Patrimônio Líquido Médio ou Total)
 100
Interpretação: Quanto maior, melhor
x
ROE LL
PL
= =
 ou PLM 
 48,29% 99000
205000
118900
2839900
= 41,88%
20x1 20x2índice índice
A interpretação do ROE evidencia que quanto maior o índice, maior será 
a remuneração do acionista com relação aos investimentos realizados.
No exemplo da Cia. VTEX S.A., em 20x1 para cada R$ 1,00 investido de 
Capital Próprio retornou sob a forma de lucros R$ 0,48 ou 49,29%, e em 20x2 
para cada R$ 1,00 investido retornou R$ 0,42 de lucros ou 41,88%, indicando um 
desempenho desfavorável.
5.5 ANÁLISE DO ROI PELO MÉTODO DUPONT
O método DuPont foi criado no início do século XX e disseminado pela 
empresa que levou o seu nome. Este método foi desenvolvido partindo de uma 
análise de dois componentes que determinam a geração de lucro da empresa, 
denominado de GIRO versus MARGEM, cuja fórmula demonstra-se a seguir:
ROI/ROA (DuPont) = Margem Líquida x Giro do Ativo
O giro é estabelecido pela fórmula da relação entre as receitas geradas e 
o investimento em ativos utilizados na geração da receita. A ideia está centrada 
na relação do giro, pois quanto maior este, maior será a probabilidade de gerar 
mais retorno, visto que as vendas geram ganhos operacionais marginais que 
aumentam o lucro final.
Vamos observar o desempenho da Cia. VTEX S.A.!
ROI/ROA (Dupont) = 20,97% x 1,15 = 24,20%
ROI/ROA (Dupont) = 21,39% x 1,18 = 25,30%
20x2
20x1 Índice
Índice
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
106
A interpretação deste é a mesma do ROI/ROA, porém o método permite 
avaliar duas variáveis de geração de lucros e estabelecer formas de avaliar o 
desempenho conjunto. 
Na análise da Cia. VTEX S.A. podemos observar que o ROI/ROA em 20x2 
em relação a 20x1 teve uma lucratividade maior (20,97% para 21,39%) e um giro 
maior também (1,15 para 1,18), que resultou em ROI/ROA superior de 25,30%.
Empresas com margem de lucro pequena, mas que conseguem manter 
um alto giro de seus ativos, tendem a ter uma boa performance e vice-versa, e 
desta forma é possível determinar as causas que levaram a um giro mais rápido 
ou mais lento e uma lucratividade maior ou menor.
ANÁLISE DA TAXA DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DUPONT
DESDOBRAMENTO DA FÓRMULA PELO MÉTODO DUPONT
FIGURA 37 – ANÁLISE DA EMPRESA CIA. VTEX S.A. PELO MÉTODO DUPONT
FONTE: Os autores
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
107
O diferencial do método DuPont está no desdobramento da fórmula 
margem versus giro, em que é possível estabelecer uma relação de causa e efeito, 
e podemos perceber que da taxa de retorno ROI/ROA desdobrou-se em margem 
líquida e retorno do ativo.
Da relação com a margem de lucro desdobrou-se em receita líquida 
dividida pelo lucro líquido, e desta se desdobra em receita líquida menos custos 
e despesas operacionais, e assim por diante, até o último desdobramento da 
fórmula.
Pode-se observar que à medida que se aplica o método DuPont, 
desdobrando-se a fórmula, é possível comparar a evolução de um período ao 
outro e identificar as causas que motivaram o aumento ou redução do indicador 
de rentabilidade.
5.6 GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA (GAF)
O Grau de Alavancagem Financeira tem como função avaliar o impacto 
causado nos lucros pela utilização de encargos financeiros, que são alavancados 
na utilização dos capitais de terceiros. Segundo explica Silva (2010, p. 150), a 
alavancagem financeira:
[...] é a medida que avalia a capacidade da empresa em utilizar 
encargos financeiros fixos para maximizar os efeitos da variação do 
lucro. A força da alavancagem financeira pode aumentar o retorno do 
investimento dos acionistas e, frequentemente, há vantagens fiscais 
associadas com a obtenção de empréstimos, por conta da possibilidade 
de dedução no Imposto de Renda das despesas com os juros.
O indicador Grau de Alavancagem Financeira (GAF) envolve os índices 
de retorno do ativo líquido (RsAL), o retorno do patrimônio líquido (ROE) e o 
custo da dívida. Espera-se que o RsAL seja superior ao custo da dívida, e neste 
caso os acionistas ganham e o ROE será maior; agora, se o custo da dívida for 
maior que o RsAL, os acionistas têm seu ROE menor, em função da redução do 
lucro das operações.
Desta forma, podem-se perceber os efeitos dos financiamentos no lucro 
gerado aos acionistas. Contudo, esta percepção de alavancagem requer perceber 
alguns conceitos sob a taxa de retorno que será discutida a seguir.
Primeiramente, será necessário discutir o conceito de lucro operacional, 
que representa o lucro antes de qualquer encargo financeiro, porém no Brasil, 
diferentemente do conceito americano, inclui como despesaoperacional também 
as despesas financeiras. 
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
108
As despesas financeiras representam os juros reais incorridos com uso 
de capital de terceiros. As dívidas com capital de terceiros são utilizadas para 
financiar suas atividades e alavancar o lucro das empresas. No entanto, pode-se 
observar que a empresa obtém uma vantagem fiscal ao deduzir esta despesa sob 
o lucro. 
Conforme Padoveze e Benedicto (2010, p. 136) explicam:
[...] para dar consistência analítica, é necessário considerar o efeito 
dos impostos sobre o lucro, tanto para o lucro operacional, como para 
as despesas financeiras líquidas. Para este fim, tendo em vista que 
esses impostos são genéricos para a empresa, o critério mais usado 
é utilizar a alíquota média real observada no exercício, que incidiu 
no lucro antes desses impostos, e aplicá-la ao resultado das despesas 
financeiras líquidas, reduzindo seu efeito econômico. O valor restante 
é atribuído ao lucro operacional.
Para identificar o valor das despesas operacionais antes das despesas 
financeiras, será necessário recalcular os impostos sobre o lucro, com base nas 
taxas reais incidentes sobre o lucro e os efeitos desta taxa sobre o valor das 
despesas financeiras, conforme se demonstra no caso da Cia. VTEX S.A.:
FIGURA 38 – DEMONSTRAÇÃO DE LUCRO OPERACIONAL AJUSTADO
FONTE: Os autores
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
109
Ao comparar o lucro operacional antes das despesas financeiras (R$ 
177.000,00 em 20x1 e R$ 210.900,00 em 20x2) e o lucro líquido (R$ 99.000,00 em 20x1 
e R$ 118.900,00 em 20x2), na DRE com o AJUSTE DO LUCRO OPERACIONAL, 
observa-se que não houve alterações de valores, pois o ajuste ocorre nos efeitos 
sob o lucro causado pela dedutibilidade da despesa financeira.
O primeiro passo é identificar o percentual da alíquota média dos impostos 
sob o lucro, que foi de 41,4201% em 20x1 e 40,2212% em 20x2, obtidos da seguinte 
maneira:
ALM = IL ÷ LAT x 100
ALM: Alíquota Média
IL: Impostos sob o Lucro em reais (R$)
LAT: Lucro antes dos tributos em reais (R$)
Uma vez identificada a alíquota média, aplica-se esta sobre o lucro antes 
das despesas financeiras, conforme a figura anterior. Neste caso, o lucro antes dos 
tributos deixa de considerar o valor das despesas financeiras, e com isso o valor 
de tributos incidentes passa a ter um valor de R$ 73.314 em 20x1 que antes era de 
R$ 70.000. Essa diferença de R$ 3.314 corresponde ao efeito da despesa financeira 
(em 20x1 R$ 8.000 x 41,4201%), cuja dedutibilidade proporcionou uma redução 
de impostos. 
Contudo, o valor deve ser creditado ao lucro, pois se a empresa não tivesse 
captado recursos de terceiros para financiar suas operações, não teria este ganho 
de impostos, e desta forma o lucro seria em 20x1 de R$ 107.000 e em 20x2 de R$ 
130.900.
O outro conceito importante para entendimento das taxas de retorno é o 
de ATIVO OPERACIONAL. Nas palavras de Padoveze e Benedicto (2010, p. 134), 
o ativo operacional “deve ser igual ao valor das fontes de capital que financiaram 
o investimento, ou seja, o capital próprio dos acionistas e o capital de terceiros, 
das instituições financeiras que estão financiando a empresa”.
Neste conceito, considera-se que todos os passivos que sejam geradores de 
encargos financeiros, como empréstimos e financiamento, são considerados como 
passivo financeiro, e todos os passivos que não geram encargos financeiros são 
denominados de passivos de funcionamento e, portanto, não são considerados 
como fontes de financiamento, sendo deduzidos do ativo total da seguinte forma:
Ativo Total
(-) Passivos de Funcionamento
Fornecedores
Impostos a Recolher
Salário a Pagar
Dividendos a Pagar
(=) Investimentos
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
110
O ativo operacional representa os valores de investimentos que são 
financiados pelos passivos financeiros geradores de encargos, que se compõem de 
capital de terceiro e capital próprio. 
Neste caso, os passivos de funcionamento representam as obrigações 
decorrentes de aquisições de bens e serviços destinados às operações, por isso 
podem ser considerados como redutores do capital de giro, denominados de 
capital de giro próprio ou capital de giro líquido.
No caso da Cia. VTEX S.A., podemos observar o ativo operacional, 
conforme a figura a seguir:
FIGURA 39 – COMPOSIÇÃO DO ATIVO OPERACIONAL
FONTE: Adaptado de: Padoveze e Benedicto (2010, p. 135-136)
Ativo Operacional 20x1 20x2
Ativo Total 409.140 469.929
(-) Aplicações Financeiras 40.000 40.900
(-) Passivos de Funcionamento
Fornecedores 25.140 27.728
Impostos a Recolher 15.000 16.000
Salário a Pagar 39.000 41.301
Títulos a Pagar 25.000 20.000
(=) Investimentos 265.000 324.000
No caso da Cia. VTEX S.A., após a redução dos passivos de funcionamento 
do total do ativo total, temos como ativo operacional R$ 265.000 em 20x1 e R$ 
324.000 em 20x2.
O Custo da Dívida (CD) representa quanto a empresa paga de juros 
tomado de credores, referente ao capital de terceiros, podendo ser estabelecido 
pela seguinte fórmula:
CD = DF x 100
CD: Custo da dívida
DF: Despesas Financeiras
PE: Passivo Gerador de Encargos
PE
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
111
No caso da Cia. VTEX S.A. o custo da dívida foi de 13,33% (R$ 8.000 ÷ R$ 
60.000) em 20x1 e 29,93% (R$ 12.000 ÷ R$ 40.100) em 20x2.
Os passivos geradores de encargos financeiros representam a remuneração 
dos passivos de financiamento utilizados com capital de terceiros, logo, referem-
se ao custo da dívida (CD) que, juntamente com o capital próprio, denomina-se 
de passivo operacional. Padoveze e Benedicto (2010, p. 134) explicam que, em 
relação ao ativo operacional e às fontes de capital: 
[...] o ativo operacional deve ser igual ao valor das fontes de capital que 
financiaram o investimento, ou seja, o capital próprio dos acionistas e o 
capital de terceiros, das instituições financeiras que estão financiando a 
empresa. O capital próprio será representado, como sempre, pelo valor 
do patrimônio líquido das demonstração das financeiras e o capital de 
terceiros será representado pelos empréstimos e financiamentos com 
ônus financeiros.
Da mesma forma, o passivo operacional possuirá o mesmo valor do ativo 
operacional, ficando assim composto:
20x1 20x2
Capital de Terceiros 60.000 40.100
Empréstimos de Curto Prazo 60.000 46.000
Empréstimos de Longo Prazo 40.000 35.000
(-) Aplicações Financeiras -40.000 -40.900
Capital Próprio 205.000 283.900
Capital Social 100.000 110.000
Reserva de Lucros 45.000 84.450
Reservas de Capital 60.000 89.450
Passivo Operacional 265.000 324.000
FIGURA 40 – COMPOSIÇÃO DO PASSIVO OPERACIONAL
FONTE: Adaptado de: Padoveze e Benedicto (2010, p. 135-136)
Depois de apresentar os principais conceitos para calcularmos o Grau de 
Alavancagem Financeira, apresentamos a fórmula que compõe o indicador GAF, 
que pode ser visualizado pela fórmula:
GAF RsAO RsAO CD PE PL
RsAO
=
+ − ⋅ ÷( ) ( )
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
112
Onde:
RsAO – Retorno sobre o Ativo Operacional
CD – Custo da Dívida
PE – Passivo Gerador de Encargos
PL – Patrimônio Líquido
GAF – Grau de Alavancagem Financeira.
Conforme Matarazzo (2003, p. 398), “esta fórmula mostra o efeito que a 
estrutura de capitais e os juros pagos produzem nos lucros finais, informando se 
esta estrutura está beneficiando ou não os acionistas”.
UNI
Caro acadêmico! Seguramente você deve ter se perguntado como é elaborado 
o Retorno s/ o Ativo Operacional (RsAO)?
O índice RsAO é elaborado dividindo-se o lucro operacional ajustado 
pelo ativo operacional (investimentos), conforme cálculo demonstrado a seguir:
20x1 = (107.000 ÷ 265.000) x 100 = 40,38%
20x2 = (130.900 ÷ 324.000) x 100 = 40,40%
Para ilustrar o cálculo do Grau de Alavancagem Financeira (GAF) e 
visualizar o indicador, segundo a empresa Cia. VTEX S.A., apresentamos o 
exemplo a seguir:
20X1
GAF = + − ⋅ ÷ =40 38 40 38 13 33 60 000 205 000
40 38
, % ( , % , %) ( . . )
, %1,196
Índice
Índice
GAF =
+ −( ) ⋅ ÷
=
40 40 40 40 29 93 40 100 283 9000
40 40
, % , % , % ( . . )
, %
 1,0377
20X2
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
113
A Cia VTEX S.A., em 20x1, apresentou um índice de GAF superior a 1, ou 
seja, de 1,196, indicando que para cada 1% de rentabilidade a empresa gera 1,2%, 
devido à alavancagem favorável. Também podemos inferir que a rentabilidade 
do patrimônio líquido foi superior em 20% em relação à rentabilidade do ativo 
operacional. 
Isto ocorre porque para cada R$ 100,00 investidos na operação a empresa 
obtém um retorno de R$ 40,38. Contudo, para cada R$ 100,00 captados de terceiros 
se ganha R$ 27,04 (40,38 – 13,33).
Suponha que a empresa tomou emprestados R$ 60.000,00 e que, dividido 
por R$ 100,00, tem um lucro gerado de R$ 16.224,00 (60.000 ÷ 100 x 27,04) apenas 
pela alavancagem gerada pelo uso de recursos de terceiros. 
Em relação ao retorno sob o patrimônio líquido, temos um lucro gerado 
pela utilização deste tipo de recurso de R$ 82.779,00 (R$ 205.000 x 40,38%), em 
que se considera a taxa de rentabilidade do ativo operacional, ou seja, o valor 
gerado pelas operações da empresa.
O somatório de ambos os valores (R$ 16.224 + R$ 82.779) representa o valor 
do lucro gerado pela Cia. VTEX S.A. de R$ 99.000,00. Uma pequena diferença de 
R$ 3,00 foi apresentada devido à margem de arredondamento.
Podemos ainda inferir que o valor de R$ 16.224 representa um ganho 
favorável aos acionistas de 7,91% e que, somado aos 40,38% do retorno do negócio, 
totaliza 48,29% de rentabilidade sob o patrimônio líquido.
Para o ano de 20x2 da Cia. VTEX S.A., a taxa de retorno do patrimônio 
líquido foi superior ao retorno do ativo operacional em 3,7%, tornando-se inferior 
ao ano anterior.
Com base nesta fórmula, o analista pode observar qual o impacto que a 
estrutura de capital e os juros produzem sob o lucro e como pode ser favorável a 
produção do lucro, adicionalmente com as atividades operacionais.
Na realidade, de forma geral, o Grau de Alavancagem Financeira é 
estabelecido pela divisão entre o retorno sob patrimônio líquido e o retorno sob 
o ativo operacional.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
114
Desta forma, a alavancagem financeira propõe o uso do recurso de terceiros 
com a finalidade de produzir maiores ganhos/retornos de capital de lucros 
(capital próprio). Para que isto ocorra, o custo da dívida sempre deve ser inferior à 
rentabilidade do ativo operacional (investimentos).
Índice20X1
GAF RsPL
RsAO
= = =
48 29
40 38
, %
, %
 1,196 41 88
40 40
, %
, %
= 1,037
Índice20X2
FIGURA 41 – AVALIAÇÃO DO GRAU DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA
FONTE: Adaptado de: Silva (2010, p. 151)
Neste contexto, quando a GAF foi superior a 1 identifica que o retorno 
gerado aos sócios é superior ao retorno do negócio e, por consequência, maior 
que o custo da dívida gerada com capital de terceiro. Neste caso ocorre uma 
alavancagem favorável. 
Da mesma forma, quando a GAF foi inferior a 1 identifica que os sócios 
estão bancando as operações da empresa, pois o retorno gerado não é superior ao 
retorno do negócio e, por consequência, menor que o custo da dívida gerada com 
capital de terceiro; logo, ocorre uma alavancagem desfavorável.
Quando GAF for igual a 1, temos uma situação nula e, portanto, neste 
caso, não há alavancagem.
Caro acadêmico! Fique atento(a) quando a alavancagem for inferior a 1, 
pois com frequência as empresas captam recursos com taxas a custos superiores às 
taxas de retorno do negócio (ativo operacional) e, portanto, há uma consequente 
redução do retorno sob o patrimônio líquido. 
Agora, vamos analisar o funcionamento da alavancagem operacional!
Se Identifica Denota Favorável?(Sim ou Não)
GAF > 1 RsPL > RsAO RsAO > Custo da Dívida Sim
GAF = 1 RsPL = RsAO RsAO = Custo da Dívida Não há alavancagem
GAF < 1 RsPL < RsAO RsAO < Custo da Dívida Não
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
115
5.7 ALAVANCAGEM OPERACIONAL
O lucro gerado pelas operações, denominado de lucro operacional ou 
margem operacional, decorre dos ganhos realizados nas atividades operacionais 
normais realizadas por uma empresa. De acordo com Fernandes (2012, p. 298):
o fenômeno que se observa é que o lucro operacional aumenta quando 
se aumenta o volume de vendas ou impacto contrário em caso de 
redução do volume. Isso ocorre por conta da estrutura de custos 
e despesas fixas que não se modificam, mas que permitem uma 
alavancagem das operações, considerando certos níveis de produção 
e vendas.
Podemos inferir que o conceito de alavancagem operacional está 
estritamente ligado aos conceitos de análise do custo, volume e lucro quanto à 
margem de contribuição e análise do ponto de equilíbrio.
FIGURA 42 – INFORMAÇÕES DE CUSTOS PARA CÁLCULO DA 
ALAVANCAGEM OPERACIONAL 
FONTE: Os autores
Volume de vendas 40.000
Preço de Venda 22
Custo e Despesa Variável 15
Custo e Despesa Fixa 100.000,00
Simulando uma oscilação no volume de vendas em 10%, tanto para 
aumento como para redução, a demonstração de resultado gerencial apresentaria 
as seguintes informações:
FONTE: Os autores
FIGURA 43 – SIMULAÇÃO DE RESULTADOS GERENCIAIS – OSCILAÇÃO DE VENDAS
-10% Base 10%
Volume de vendas 36.000 40.000 44.000
Receita 792.000 880.000 968.000
( -) Custos e Despesas Variáveis - 540.000 - 600.000 -660.000
(=) Margem de Contribuição 252.000 280.000 308.000
( -) Custos e Despesas Fixas - 100.000 - 100.000 - 100.000
(=) Lucro Operacional 152.000 180.000 208.000
Variação % do volume ou receita 10,00% 0% 10,00%
Variação % do lucro operacional 15,56% 0% 15,56%
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
116
Observando a figura anterior, temos que um aumento de 10% no volume 
de vendas gerou um aumento em mesma proporção sob as receitas, os custos 
variáveis e a margem de contribuição, porém, os custos fixos mantêm-se estáveis; 
esta inércia proporciona ao lucro operacional crescer de forma superior ao 
aumento do volume de vendas. É justamente este efeito, gerado pela inércia dos 
custos e despesas fixas, que motiva a ideia de alavancagem operacional. Esta 
pode ser representada pela fórmula a seguir.
FIGURA 44 – FÓRMULA DO GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL 
(GAO)
FONTE: Os autores
GAO Variação
Variação
=
 % no Lucro Operacional
 % nas Vendas
O grau de alavancagem operacional, na concepção de Padoveze (2003, p. 
155), “é a medida da extensão da utilização dos custos e despesas fixas dentro da 
empresa. É um indicador que mede o potencial da possibilidade da alavancagem 
operacional [...]”, portanto, é uma forma de medida dos efeitos que ocorrem nos 
lucros em virtude dos fatores que provocam alterações em vendas.
Com base nesta fórmula, a medida de GAO do exemplo de alterações no 
volume de vendas em 10% (36.000 unidades e 44.000 unidades), tem-se como 
resultado:
O grau de alavancagem operacional (GAO) de 1,56 indica que o lucro 
operacional crescerá 1,56 vezes mais ou menos em relação às vendas, sempre que 
as vendas oscilarem em 10% para cima ou para baixo.
Contudo, para que o GAO proporcione este entendimento, é preciso 
compreender que existem limitações, como a estrutura de custos e despesas fixas 
que podem suportar o volume de crescimento até certo ponto, pois novos custos 
e despesas fixas deverão se realizar para suportar o aumento da capacidade 
instalada.
Para demonstrar na prática como ocorre o crescimento do lucro operacional 
baseado no grau de alavancagem operacional, observe a simulação a seguir, em 
que verificamos uma alteração no volume em relação à Base (40.000 unidades) e 
crescimentos no volume na ordem de 20% e 30%.
GAO = =15 56
10 00
, %
, %
 1,56
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
117
FIGURA 45 – SIMULAÇÃO DE RESULTADO GERENCIAL BASEADO NO GAO
FONTE: Os autores
Para um crescimento no volume de vendas de 20%, oriundo de GAO 
de 1,56 (20% crescimento em vendas x 1,56), deverá gerar um lucro de 31,2%, e 
para um crescimento nas vendas de 30% deverá gerar um lucro de 46,7%(30% 
crescimento em vendas x 1,56).
Segundo Padoveze (2003, p. 158), uma análise baseada no índice de GAO 
pode ser útil em situações em que:
(i) permite comparar duas estruturas de custos, evidenciando a que 
tem maior GAO é mais alavancada;
(ii) permite calcular imediatamente qual será a variação do lucro 
operacional, dada uma variação percentual esperada no volume de 
vendas; e
(iii) permite comparar o GAO da empresa em relação à média do setor 
em que atua.
Base 20% 30%
Volume de vendas 40.000 48.000 52.000
Receita 880.000 1.056.000 1.144.000
( -) Custos e Despesas Variáveis - 600.000 - 720.000 - 780.000
(=) Margem de Contribuição 280.000 336.000 364.000
( -) Custos e Despesas Fixas 100.000 100.000 100.000
(=) Lucro Operacional 180.000 236.000 264.000
Crescimento 0% 31,1% 46,7%
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! A alavancagem operacional é um importante mecanismo 
indicativo do desempenho da estrutura de custos. Nesta condição é possível perceber quando 
uma empresa possui custo fixo muito alto, e, por isso, maiores serão os riscos operacionais 
que poderão influenciar a redução de vendas no futuro.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
118
Por fim, a análise do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) permite 
comparar as estruturas de custos das empresas ou mesmo de setores econômicos, 
ou ainda, projetar o planejamento de lucros baseados em volume de vendas 
esperado.
5.8 ÍNDICE DE ATIVIDADE, PRAZO MÉDIO OU ROTATIVIDADE
Os indicadores de atividade, rotatividade ou prazo médio são medidas 
utilizadas para averiguar o desempenho operacional, inter-relacionando os 
resultados econômicos com os saldos do balanço patrimonial da empresa, 
indicando prazo médio, em dias, ou quantidade de rotação em um determinado 
período, dos elementos que formam o capital de giro próprio das empresas, bem 
como possibilitar sua administração contínua. 
Segundo Blatt (2001, p. 88), os índices de atividade ou rotatividade 
“medem quão eficientemente a empresa gerencia seus ativos”. Desta forma, um 
indicador de atividade possibilita medir quantos dias, em média, demora-se para 
receber as vendas, pagar seus fornecedores, ou ainda renovar seus estoques. Este 
tipo de análise deve ser feito separado dos demais indicadores, bem como sempre 
ser analisado em conjunto.
Os indicadores que podem ser calculados sob a forma de prazos médios 
ou rotação são denominados de: (i) Prazo Médio de Estoques – PME, (ii) Prazo 
Médio de Clientes – PMC e (iii) Prazo Médio de Pagamento – PMP.
5.8.1 Prazo Médio de Estoques – PME
O prazo médio de estoque (PME) é o indicador que tem por finalidade 
evidenciar o número de dias, em média, que os materiais comprados, consumidos 
e transformados em produtos acabados ficam estocados antes de serem vendidos. 
Os níveis de estocagem mantidos na empresa têm relação direta com o 
volume de vendas e as políticas de estocagem. A performance deste indicador se 
baseia no princípio de que os estoques devem girar o mais rápido possível para 
minimizar os custos de estocagem. O Prazo Médio de Estoque pode ser calculado 
pela seguinte fórmula:
PME SME
CPV
Saldo
Custo
= Médio de Estoques
 dos Produtos Veendidos
 x 360
Interpretação: Quanto menor, melhor
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
119
A interpretação de indicador evidencia que quanto menor o prazo médio 
de estocagem, melhor será, pois maior será a capacidade de renovar os estoques, 
ou seja, quanto menor o prazo, maior é o giro dos estoques.
O saldo médio de estoques é obtido pelo saldo final de estoques do período 
anterior, ou seja, saldo início do período atual mais o saldo final do período atual 
dividido por 2, ou seja, média atribuída entre os saldos inicial e final de estoques.
No caso da Cia. VTEX S.A., podemos observar que este indicador apresenta 
o seguinte desempenho:
PME SME
CPV
= = 50,00 19 445
140 000
24 444 50
160 0
.
.
. ,
. 000
= 55,00
20x1 20x2Índice Índice
O índice de prazo médio de estoques da Cia. VTEX S.A. indica que em 
20x1 o PME era de 50 dias e que em 20x2 apresentou um aumento que passou 
para um PME de 55 dias. Quaisquer motivos, como por exemplo, alterações na 
política de estocagem, produtos estocados e não vendidos ou obsoletos, podem 
ser a causa do aumento de PME da Cia. VTEX S.A.
O giro do estoque (GE) é obtido pela divisão do número de dias/ano (360) 
pelo prazo médio de estoques – PME, podendo ser representado da seguinte 
forma:
GE
PME
= = =
360 360
50 00
360
55 00
 7,20 6,55
, ,
20x1 20x2Índice Índice
A análise do giro dos estoques indica quantas vezes, dentro de um ciclo 
ou período de análise, pode-se fabricar o produto da empresa. No caso da Cia. 
VTEX S.A., o giro do estoque em 20x1 (7,20 vezes) foi melhor que em 20x2 (6,55), 
portanto, uma rotação mais lenta, cujo ciclo equivale a 55 dias.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
120
5.8.2 Prazo Médio de Clientes – PMC
O Prazo Médio de Clientes – PMC é o indicador que tem por finalidade 
evidenciar o número de dias, em média, que o produto leva para ser vendido e 
os recursos efetivamente recebidos, ou seja, retornados para a empresa. O prazo 
médio de clientes é obtido pela seguinte fórmula:
A interpretação deste índice indica que quanto menor, melhor será, pois 
menores serão os investimentos realizados em créditos concedidos aos clientes 
de vendas a prazo. Aliás, este é o ponto central que norteia o desempenho deste 
indicador. O volume de investimentos de clientes ou duplicatas a receber tem 
relação direta com o volume de vendas a prazo e com o prazo médio concedido 
aos clientes para recebimento.
O saldo médio de clientes é obtido pelo saldo final de clientes do período 
anterior, ou seja, o saldo do início do período atual, mais o saldo final do período 
atual, dividido por 2, ou seja, média atribuída entre os saldos inicial e final de 
clientes.
No caso da Cia. VTEX S.A., podemos observar que este indicador apresenta 
o seguinte desempenho:
PMC SMC
VL
Saldo
Vendas Líquidas
= Médio Clientes
 
 x 360
Interrpretação: Quanto menor, melhor
PMC SMC
VL
= = = 37,8 49 583
472 000
60 000
555 900
.
.
.
.
 38,9
20x1 20x2Índice Índice
O índice de prazo médio de clientes – PMC da Cia. VTEX S.A., indica que 
em 20x1 o PMC era de 37,8 dias e que em 20x2 este prazo aumentou para 38,9 
dias. O aumento do PMC indica que o crescimento das vendas demandou um 
aumento de investimentos em vendas a prazo, resultando em um aumento de 
investimentos em contas a receber.
O giro de clientes (GC) é obtido pela divisão entre número de dias/ano 
(360), pelo prazo número médio de clientes – PMC, podendo ser representado da 
seguinte forma:
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
121
A análise de giro de clientes (GC) indica quantas vezes, dentro de um ciclo 
ou período de análise, a empresa consegue receber de seus clientes em relação às 
suas vendas a prazo.
No caso da Cia. VTEX S.A., o giro de clientes em 20x1 foi de 9,52 vezes, 
enquanto que em 20x2 foi de 9,27 vezes; logo, o desempenho piorou, pois em 20x1 
o giro era mais rápido e, portanto, exige menores recursos investidos em contas 
a receber.
5.8.3 Prazo Médio de Pagamento – PMP
O Prazo Médio de Pagamento – PMP é o indicador que tem por finalidade 
evidenciar o número de dias, em média, que as compras realizadas a prazo são 
pagas ao fornecedor. Conforme Silva (1999, p. 336), o PMP “indica quantos dias, 
em média, a empresa demora em pagar seus fornecedores”. 
Nas palavras de Blatt (2001, p. 90), “o crédito concedido pelos fornecedores 
é espontâneo e, em princípio, renovável. Por não possuir encargos, quanto maior, 
mais favorece a estrutura da empresa”. 
O Prazo Médio de Pagamento pode ser obtido pela seguinte fórmula:
GC
PMC
= = =
360 360
37 8
360
38 9
 9,52 9,27
, ,
20x1 20x2Índice Índice
PMP SMF
Compras
Saldo
Compras
= Médio de Fornecedores
 do Perríodo
 x 360
Interpretação: Quanto maior, melhor
A interpretação deste índiceindica que quanto maior, melhor será, pois 
mais tempo a empresa terá para pagar seu fornecedor, e desta forma contribuirá 
na redução da necessidade de buscar recursos mais onerosos para financiar as 
suas operações.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
122
O saldo médio de pagamento é obtido pelo saldo final de fornecedores 
do período anterior, ou seja, o saldo do início do período atual, mais o saldo final 
do período atual, dividido por 2, ou seja, média atribuída entre os saldos inicial e 
final de fornecedores.
IMPORTANT
E
A identificação do Prazo Médio de Pagamento – PMP não é um indicador fácil 
de ser elaborado, visto que o montante das compras não está claramente evidenciado nas 
demonstrações contábeis.
Partindo da fórmula básica de apuração do custo da mercadoria vendida – 
CMV, ou seja, o custo das vendas, é possível estabelecer o montante das compras.
O CMV é estabelecido pela fórmula CMV = EI + C – EF, onde:
EI = Estoque Inicial
C = Compras do período e
EF = Estoque Final
Para saber o valor do montante das compras, precisamos rearranjar 
a fórmula da seguinte forma: C= CMV – EI + EF. No caso da Cia. VTEX S.A., 
obtemos os seguintes valores de Compras no período:
Depois de apurar o montante das compras, é possível calcular o prazo 
médio de pagamento, conforme fórmula apresentada. No caso da Cia. VTEX S.A., 
temos o seguinte desempenho:
Ano CMV - EI + EF = C
20x1 140.000 - 19.688 + 25.140 = 145.452
20x2 160.000 - 25.140 + 27.728 = 162.588
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
123
O indicador de Prazo Médio de Pagamento da Cia. VTEX S.A. no ano 
de 20x1 indica que em média os pagamentos foram realizados a cada 48,7 dias, 
enquanto que em 20x2 esse prazo aumentou para 58,5 dias.
Na análise de desempenho da Cia. VTEX S.A. observamos uma melhora, 
pois quanto maior o índice de prazo médio, maior será a capacidade de financiar 
as operações com capital de giro próprio.
O giro de Pagamento (GP) é obtido pela divisão entre número de dias/
ano (360) e o prazo médio de pagamento – PMP, podendo ser representado da 
seguinte forma:
A análise de giro de pagamentos (GP) indica quantas vezes, dentro de 
um ciclo ou período de análise, a empresa consegue pagar seus fornecedores em 
relação às suas compras a prazo.
No caso da Cia. VTEX S.A., o giro de pagamento de fornecedores foi de 
7,39 vezes em 20x1 e 6,15 vezes em 20x2. Neste caso, quanto mais lento o giro 
de pagamentos, melhor será, pois um aumento no PMP indica que houve um 
aumento da capacidade de financiamento em relação aos investimentos no giro 
dos negócios.
PMP SMF
Compras
= = 48,7 19 688
145 452
26 434
162 58
.
.
.
. 88
= 58,5
20x1 20x2Índice Índice
GP
PMC
= = =
360 360
48 7
360
58 5
 7,39 6,15
, ,
20x1 20x2Índice Índice
5.8.4 Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro
O fluxo de operação de uma empresa inicia com a compra de materiais que 
aguardam em estoque o momento de serem consumidos no processo produtivo 
e transformados em produto acabado. As etapas deste processo contínuo de 
fabricação são um importante mecanismo de análise de desempenho gerencial 
das empresas. Por meio deste processo é possível determinar se existem folgas 
financeiras ou se a empresa trabalha com a necessidade de captação de recursos 
mais onerosos, e pode ser visualizado através da fórmula: CO = PME + PMC, onde:
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
124
CO = Ciclo Operacional
PME = Prazo Médio de Estoques e
PMC = Prazo Médio de Clientes
Conceitualmente, o ciclo operacional pode ser entendido como “o período 
desde a chegada da matéria-prima até o recebimento de dinheiro do cliente” 
(ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 1995, p. 538).
Podemos, então, compreender que o ciclo operacional compreende o 
tempo necessário de fabricação dos produtos e o ingresso dos recursos oriundos 
de sua venda. 
Durante esse tempo de fabricação, a empresa está investindo recursos 
na tentativa de vendê-lo, ou seja, gerar fluxos de caixa futuro. Contudo, nem 
sempre, ou na maioria das vezes, a empresa consegue suportar este investimento 
apenas com o capital de giro próprio, necessitando recorrer a outras fontes de 
financiamento. Para isto, é preciso dimensionar o ciclo financeiro, em que se 
determina a necessidade do capital de giro complementar, necessário para 
financiar as operações da empresa.
IMPORTANT
E
O conhecimento dos ciclos operacional e financeiro das empresas é de suma 
importância para o analista na concessão de crédito, que busca conhecer a posição do ciclo 
de geração de caixa.
Neste contexto, a diferença entre ciclo operacional e ciclo financeiro 
é descrito por Assaf Neto (2000, p. 187) da seguinte forma: “Enquanto o ciclo 
operacional se inicia no momento da aquisição dos materiais, o ciclo de caixa (ou 
ciclo financeiro) compreende o período de tempo entre o momento do desembolso 
inicial de caixa para pagamento dos materiais e a data do recebimento de venda 
do produto acabado”.
A fórmula para se obter o ciclo financeiro, segundo Blatt (2001, p. 92), 
pode ser medida de várias formas, como, por exemplo:
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
125
CF = CO – PMP
CF = PMC + PME - PMP
Onde: 
CF = ciclo financeiro
CO = ciclo operacional
PME = prazo médio de estoque
PMC = prazo médio de clientes e
PMP = prazo médio de pagamento.
Vamos visualizar o ciclo operacional (CO) e o ciclo financeiro (CF) da Cia. 
VTEX S.A. do ano 20x1, para um melhor entendimento. 
FIGURA 46 – CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO – CIA. VTEX S.A. EM 20X1
FONTE: Os autores
Podemos observar que o ciclo operacional (CO) seria de 87,8 dias, 
enquanto o ciclo financeiro (CF) seria de 39,1 dias (saldo positivo). Desta 
forma, a Cia. VTEX S.A. terá que pagar aos fornecedores de sua matéria-prima 
antes de receber os recursos financeiros provenientes destas vendas, portanto, 
justificando uma necessidade de capital de giro, a ser financiada por outras fontes 
de financiamento. 
FIGURA 47 – APURAÇÃO DO CICLO FINANCEIRO DA CIA. VTEX S.A.
Equivalente ao ciclo operacional = 87,8 dias
PME = 50 dias PMC = 37,8 dias
PMP = 48,7 dias Ciclo Financeiro
Período PME + PMC - PMP = CF
20x1 50,0 + 37,8 - 48,7 = 39,1
20x2 55,0 + 38,9 - 58,5 = 35,3
FONTE: Os autores
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
126
Comparativamente, o ciclo financeiro da Cia. VTEX S.A. em 20x2 
representou 35,3 dias, logo, a necessidade de capital de giro da empresa indica 
que a cada ciclo de operações de 93,9 dias a empresa necessita financiar 35,3 dias 
com outras fontes de recursos.
O giro de caixa é obtido pela divisão entre o número de dias/ano (360) 
pelo ciclo financeiro (CF), podendo ser representado da seguinte forma:
GF
CF
= = =
360 360
39 1
360
35 3
 9,21 10,19
, ,
20x1 20x2Índice Índice
Com base nas informações da Cia. VTEX S.A., podemos observar que o 
giro financeiro de caixa foi mais rápido em 20x2 (10,19 vezes) do que em 20x1 
(9,21 vezes), indicando menor necessidade de financiar o capital de giro.
Mesmo sabendo que é muito difícil de ocorrer um ciclo financeiro ideal, este 
seria o que apresentasse um saldo negativo, ou seja, os prazos com fornecedores 
seriam maiores que os prazos de estoques e recebimentos de clientes. 
Conforme explica Blatt (2001, p. 91), “o ideal seria que a empresa atingisse 
uma posição em que a soma do Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) 
com o Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) fosse igual ou inferior 
ao Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC)”. Uma forma de medir essa 
proximidade pode ser representada assim:
No caso da Cia. VTEX S.A., o índice apresentado em 20x1 foi de 0,55 (48,7 ÷ 
87,8) e 20x2 de 0,62 (58,5 ÷ 93,90), indicando uma melhora no índice de cobertura.
Desta forma, o ideal é que o indicador seja igual ou superior a 1, quando os 
investimentos em capital de giro serão totalmente financiados pelos fornecedores.
A empresa deve buscar alternativas de melhorar o desempenho, adotando 
estratégiaspara aumentar a velocidade do giro dos estoques, políticas de 
cobrança mais agressivas para reduzir inadimplência, negociando cada vez mais 
o aumento nos prazos concedidos pelos fornecedores, entre outras alternativas. 
Desta forma, minimiza as necessidades de capital de giro com outras fontes de 
recursos onerosas.
Relação entre o ciclo operacional e PMP = PMP
PME + PMMC
 1≤
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
127
5.9 ÍNDICE-PADRÃO
Como já relatamos anteriormente, a utilização do índice-padrão é de suma 
importância para análise das demonstrações contábeis, visto que serve de base 
comparativa com o desempenho de outras empresas. Além disto, é um facilitador 
de análise, pois podemos comparar dezenas, centenas, milhares de empresas ao 
mesmo tempo, com a empresa analisada. Para tal, recorre-se à estatística para 
construção dos padrões.
Segundo explicam Padoveze e Benedicto (2010, p. 221), “a elaboração ou 
existência de padrões para a análise de balanço é conhecida com dados externos 
à empresa, por meio de cálculos estatísticos com demonstrações contábeis de 
empresas concorrentes ou do setor de atuação”.
Desta forma, podemos inferir que o índice-padrão é uma técnica que se 
utiliza dos conhecimentos da estatística para construir padrões e possibilitar 
comparabilidade do desempenho de uma empresa analisada, com outras 
empresas do mesmo ramo de atividade.
Neste contexto, uma empresa do ramo têxtil pode apresentar um indicador 
de liquidez corrente (Ativo Circulante/Passivo Circulante) de 1,10, que, ao ser 
comparado com o de seus concorrentes, pode ser considerado como baixo. No 
entanto, para uma empresa do setor de transportes coletivos pode ser um bom 
desempenho, visto que esta empresa não possui estoques e recebe sempre à vista. 
A existência de uma grande diversidade de atividades justifica a 
necessidade de comparar os índices de uma empresa com os índices de outras 
empresas de mesma atividade.
A estatística proporciona várias formas de construir os padrões, entre 
elas, segundo Padoveze e Benedicto (2010, p. 224), pode-se citar “[...] média 
aritmética e a mediana, ambas para dados agrupados. Para avaliar a distância dos 
indicadores da empresa analisada em relação aos padrões estruturados com a 
mediana, têm sido utilizados quartis e decis, técnicas estatísticas de partilhamento 
da distribuição de frequências observadas”.
Se o analista não possuir os índices-padrões para possibilitar a análise, 
deverá construir estes padrões. Demonstraremos aqui um exemplo de construção 
de índice-padrão baseado no decis, que são medidas estatísticas de natureza 
mediana. Para elaboração, deveremos adotar os seguintes critérios: (i) classificar 
empresas em grupo, separando-as por ramos de atividade; (ii) calcular os índices 
econômico-financeiros selecionados para análise; (iii) ordenar os índices em 
ordem crescente de valor; e (iv) distribuir os dados obtidos em decis.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
128
0,80 0,85 0,90 0,96 0,98 1,02 1,02 1,03 1,07 1,08
1,12 1,12 1,14 1,15 1,15 1,17 1,19 1,19 1,23 1,26
1,28 1,30 1,33 1,36 1,38 1,40 1,43 1,44 1,50 1,54
1,55 1,58 1,66 1,70 1,75 1,80 1,82 1,83 1,88 1,90
Vamos a um exemplo! Um analista deseja construir um padrão para 
índice de liquidez corrente das empresas do setor têxtil de sua região. Para isto, 
após coletar as demonstrações contábeis de 40 empresas do ramo têxtil da região, 
obtém o cálculo dos índices de liquidez corrente destas, conforme se demonstra 
na figura a seguir.
TABELA 2 – RELAÇÃO DOS INDICADORES DE LIQUIDEZ CORRENTE
FONTE: Os autores
O próximo passo do analista é definir a mediana e posicionar os decis, 
para isto necessita ordenar os índices em ordem crescente, ou seja, do menor para 
o maior.
TABELA 3 – ORDENAÇÃO DOS ÍNDICES POR ORDEM CRESCENTE
FONTE: Os autores
Para calcular os decis, segundo o critério de medida, deve-se encontrar o 1º 
decil (a primeira décima parte do conjunto de dados da amostra), que representa 
10% dos elementos de um conjunto abaixo de si e 90% acima.
No nosso exemplo, estamos falando de quatro elementos (40 x 10% = 4), 
do conjunto de 40 elementos. 
Deixando os quatro elementos abaixo (0,80 – 0,85 – 0,90 – 0,96), podemos 
concluir que o primeiro decil está entre 0,96 e 0,98, e para identificar sua posição 
calculamos a média aritmética entre ambos, conforme o exemplo a seguir:
1,80 1,40 0,80 1,02 1,33 1,15 1,28 1,02 0,90 1,75
1,13 1,44 1,90 1,83 1,58 0,98 1,17 1,23 1,12 1,55
1,26 1,19 1,66 1,12 1,54 1,19 1,03 1,50 0,96 0,85
1,70 1,30 1,36 1,88 1,38 1,07 1,43 1,82 1,08 1,15
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
129
Decil Limite Inferior
Limite
Superior Média
1o. 0,96 0,98 0,97
2o. 1,03 1,07 1,05
3o. 1,12 1,14 1,13
4o. 1,17 1,19 1,18
5o. 1,26 1,28 1,27
6o. 1,36 1,38 1,37
7o. 1,44 1,5 1,47
80. 1,58 1,66 1,62
9o. 1,80 1,82 1,81
Para encontrar o segundo decil segue a mesma lógica, e assim por diante 
para os demais, conforme se demonstra na tabela a seguir.
0 96 0 98
2
0 97, , , + =
TABELA 4 – VALORES DE CADA DECIL
FONTE: Os autores
Depois de calculados todos os decis, obtém-se o índice-padrão, indicando 
a faixa de comportamento do índice de liquidez corrente das 40 empresas do 
mesmo setor da empresa analisada, conforme apresentamos na figura a seguir.
FONTE: Os autores
FIGURA 48 - ESCALA DO ÍNDICE-PADRÃO ACUMULADO POR DECIL
Caro acadêmico! Observe que a mediana sempre estará no quinto decil, 
pois representa a igualdade (50% inferior e 50% superior) dos conjuntos da amostra 
analisada. Agora, o analista pode comparar a empresa analisada com o índice-
padrão e determinar onde esta se enquadra dentro da referência apresentada.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
130
FIGURA 49 – QUALIFICAÇÃO DOS ÍNDICES (DE ACORDO COM SUA POSIÇÃO EM CADA 
DECIL)
FONTE: Os autores
Outro ponto a ser observado, quando da qualificação do índice, refere-se à 
sua interpretação. Por exemplo, o indicador de liquidez corrente (ativo circulante 
dividido por passivo circulante) demonstra a folga ou exposição líquida financeira 
da empresa no curto prazo; logo, quanto MAIOR esta folga, MELHOR será o 
índice. Por outro lado, o indicador de participação de capital de terceiro demonstra 
o grau de endividamento frente ao capital próprio da empresa, logo, quanto 
MENOR a dependência da empresa com capital de terceiros, MELHOR será este 
índice. Portanto, neste caso, a ordem de qualificação deverá ser inversa, conforme 
visualizamos na figura anterior.
Verificando o desempenho da empresa ABC, calculou-se um índice de 
liquidez corrente de 1,79, e comparando este índice com índice-padrão do setor, 
constata-se que a empresa está entre o 8º e 9º decil, atingindo um desempenho 
superior a 80% das empresas do ramo de atividade.
Para tornar esta análise mais objetiva e dar maior visibilidade a seu 
posicionamento, é preciso qualificar, atribuindo valores e notas que possam 
avaliar o desempenho da empresa.
A conceituação das classes que denominam o comportamento de um 
índice-padrão pode ser concebida de acordo com o entendimento do analista, 
porém deve ficar clara a abordagem de sua metodologia.
Em nosso exemplo, utilizando-nos da metodologia de Matarazzo (2003), 
classificamos cada decil em Péssimo, Deficitário, Fraco, Razoável, Satisfatório, 
Bom e Ótimo.
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
131
Outra forma de qualificar o conceito para análise, com base no índice-
padrão, pode ser atribuindo notas com valor numérico para que possa ser somado 
e uma nota geral atribuída ao desempenho da empresa, conforme podemos 
visualizar na figura a seguir.
FIGURA 50 – CLASSIFICAÇÃO DOS ÍNDICES (ATRIBUIÇÃO DE NOTAS COM VALOR NUMÉRICO)
FONTE: Os autores
Observe que na escala de índice, cuja interpretação é “quanto maior, 
melhor”, se poderia atribuir nota 1 para os índices próximos do primeiro decil 
e nota 2 para o segundo decil, e assim por diante. Para a escala de índice cuja 
interpretação seja “quanto menor,melhor”, o raciocínio seria o inverso, ou seja, 
nota 1 para o nono decil, nota 2 para o oitavo decil e assim por diante.
5.10 ATRIBUIÇÃO DE PESOS NA ESTRUTURA DE ÍNDICE-
PADRÃO
O que vimos até aqui foi como estabelecer um índice-padrão de um 
indicador resultante de um conjunto de empresas, cujo padrão de resposta 
encontrado permita compará-lo com o desempenho da empresa analisada.
Neste contexto, cada indicador que compõe a análise apresenta seus 
resultados isolados. Por exemplo, enquanto o indicador de liquidez corrente foi 
qualificado como ótimo, o indicador de participação de capital foi qualificado 
como satisfatório, o índice de lucratividade foi qualificado como razoável e assim 
por diante.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
132
Agora, se pensarmos no conjunto dos indicadores, qual teria sido o 
desempenho da empresa? Para isto, volta-se para a importância que cada 
indicador tem no contexto da análise do ramo de atividade da empresa.
Esse ponto de entendimento é crucial ao modelo de análise de 
comparabilidade do índice-padrão, pois pode determinar julgamentos 
equivocados. 
Relativamente, que pesos devem ser considerados em uma análise dos 
índices econômico-financeiros de uma empresa? Para essa resposta ainda tem-se 
muito a pesquisar, pois o modelo ideal ainda está para ser descoberto. Os modelos 
matemáticos ajudam muito a consolidar modelos de avalição da performance das 
empresas, como, por exemplo, os modelos de solvência desenvolvidos por Kanitz, 
Elizabetsky, Altmann, entre outros.
Contudo, os pesos atribuídos pela experiência dos analistas de mercado 
também devem ser levados em consideração, pois, muitas vezes, o julgamento de 
valor destes respalda em opiniões mais acertadas.
Na figura a seguir apresentamos um modelo de pesos atribuídos que 
sugere qualificar uma nota geral como avaliação da empresa baseada em alguns 
indicadores.
FIGURA 51 – DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DA NOTA DE AVALIAÇÃO GLOBAL
FONTE: Os autores
Acadêmico! Perceba que os indicadores foram classificados em três grupos, 
sendo estrutura de capital, liquidez e rentabilidade e lucratividade. A cada índice, 
dentro de cada grupo, foram atribuídos pesos, como, por exemplo, no grupo de 
liquidez se observa os pesos para liquidez geral (0,3), liquidez corrente (0,5) e 
liquidez seca (0,2), cujo somatório perfaz 1,00 ou 100%, sendo o mesmo aplicado 
ao grupo de estrutura de capital e rentabilidade e lucratividade.
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
133
Da mesma forma, foram aplicados pesos para os três grupos, sendo 
estrutura de capital (0,4), liquidez (0,2) e rentabilidade e lucratividade (0,4), que 
igualmente totaliza 1,00 ou 100%.
O peso geral é resultado da multiplicação do índice, pelo grupo, como 
exemplo, a participação de capital de terceiros resultou um peso geral de 0,24 
(0,60 x 0,40) e assim sucessivamente, cujo somatório totalizará 1,00 ou 100%. O 
peso geral é que deverá ser aplicado sobre a nota do índice para obter a nota 
ponderada (peso x nota), cujo somatório resulta na nota de avaliação geral da 
empresa.
Vamos a um exemplo!
Imagine que a empresa ABC teve qualificadas as notas em relação ao 
desempenho de seus índices no ano 1, ano 2 e ano 3, conforme demonstrado a 
seguir:
CATEGORIA DE ÍNDICES ANO 1 ANO 2 ANO 3
ESTRUTURA DE
CAPITAL
Part. de Capital de terceiros 5 6 7
Composição do Endividamento 7 5 4
Imobilização do Pat. Líquido 3 7 8
Imobilização de Rec. Não correntes 6 7 8
LIQUIDEZ
Liquidez Geral 8 9 7
Liquidez Corrente 9 7 6
Liquidez Seca 6 8 7
RENTABILIDADE 
E
LUCRATIVIDADE
Giro do Ativo 6 7 9
Margem Líquida 8 7 8
Rentabilidade do Ativo 8 5 7
Rentabilidade do Pat. Líquido 5 7 6
FIGURA 52 – NOTAS ATRIBUÍDAS À EMPRESA ABC
FONTE: Os autores
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
134
Com base nas notas atribuídas em cada índice, calcula-se a nota de 
avaliação global da empresa, para aferir seu desempenho geral, conforme se 
demonstra na figura a seguir.
FIGURA 53 – DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DA NOTA DE AVALIAÇÃO GLOBAL DA EMPRESA 
ABC
FONTE: Os autores
O resultado da avaliação geral do desempenho da empresa ABC nos anos 
1, 2 e 3 indica um crescimento positivo na sua avaliação, pois no ano 1 estava 
qualificado como desempenho Satisfatório e nos anos 2 e 3 passou para a situação 
de desempenho Bom, indicando uma melhora de performance em relação ao 
desempenho do ramo de atividade.
Também podemos acompanhar a evolução das categorias estrutura de 
capital, liquidez e rentabilidade e lucratividade, como se observa na figura a 
seguir.
TÓPICO 1 | ANÁLISE POR ÍNDICE OU QUOCIENTES
135
FIGURA 54 – NOTAS DE AVALIAÇÃO PARCIAL DA EMPRESA ABC
FONTE: Os autores
A ponderação das notas em cada uma das categorias (estrutura de capital, 
liquidez e rentabilidade e lucratividade) possibilitou indicar o comportamento 
destas categorias em relação ao índice-padrão das empresas do mesmo ramo de 
atividade da empresa analisada, que podemos visualizar de forma gráfica, na 
figura a seguir.
FIGURA 55 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA EVOLUÇÃO DAS CATEGORIAS
FONTE: Os autores
Categoria
Estrutura de Capital Liquidez Rentabilidade e Lucratividade
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 1 Ano 2 Ano 3
Ótimo
Bom
Satisfatório
Razoável
Fraco
Deficiente
Péssimo
x x xx x x
x
x x
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
136
Caro acadêmico! Podemos, aqui, observar a importância do índice-padrão 
como comparativo de índices de uma empresa com o desempenho de várias 
empresas de um mesmo ramo de atividade, cuja análise permite qualificar a sua 
posição em relação ao índice-padrão.
137
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos que:
• Os índices ou indicadores, também denominados de quocientes, são a técnica 
de análise mais utilizada em análise de balanços, pois sua finalidade se baseia 
em suprir o analista de informações econômico-financeiras de uma empresa.
• A extração de um índice de uma ou mais demonstrações contábeis se dá pela 
inter-relação entre os dados de valores absolutos de um numerador e um 
denominador que resultam no quociente ou índice. 
• Os indicadores básicos são classificados em indicadores de liquidez, estrutura 
de capital e rentabilidade/lucratividade.
• Os principais indicadores de liquidez analisados são liquidez corrente, liquidez 
seca e liquidez geral.
• Os principais indicadores da estrutura patrimonial são os indicadores de 
participação do capital total, composição do endividamento e imobilização do 
patrimônio líquido.
• Os principais indicadores de rentabilidade/lucratividade são o retorno sobre o 
investimento, retorno sobre o patrimônio líquido, margem de lucro operacional 
e margem de lucro líquido.
• O Grau de Alavancagem Financeira avalia o impacto causado nos lucros pela 
utilização de encargos financeiros, que são alavancados na utilização dos 
capitais de terceiros.
• O grau de alavancagem operacional se dá pelo aumento do lucro operacional, 
quando se aumenta o volume de vendas, e o impacto contrário em caso de 
redução do volume, devido à estrutura de custos e despesas fixas que não se 
modificam, mas que permitem uma alavancagem das operações, considerando 
certos níveis de produção e vendas.
• Os indicadores de atividade, rotatividade ou prazo médio são medidas 
utilizadas para averiguar o desempenho operacional, inter-relacionando os 
resultados econômicos com os saldos do balanço patrimonial da empresa, 
indicando prazo médio em dias ou quantidade de rotação em um determinado 
período dos elementos que formam o capital de giro próprio das empresas, 
bem como possibilitar sua administração contínua. 
138
• Os principais indicadores de atividade são prazo médio de estoques, prazo 
médio de recebimento e prazo médio de pagamentos, que, combinados, 
formam o ciclo operacional e ciclo financeiro da empresa.
• O índice-padrão é uma técnica que se utiliza dos conhecimentos da estatística 
para construir padrões e possibilitar comparabilidade do desempenho de uma 
empresa analisadacom outras empresas do mesmo ramo de atividade. A ideia 
central é, através de modelos estatísticos, classificar e separar em partes uma 
população de indicadores de um mesmo setor ou segmento, de forma a definir 
um padrão de desempenho setorial.
139
AUTOATIVIDADE
Complete o balanço para o ano de 20x1, utilizando as informações 
fornecidas logo abaixo e respondendo às questões solicitadas:
Dados financeiros relativos ao ano de 20x1:
• O total das receitas de vendas foi de R$ 3.000.000.
• A margem de lucro bruto foi de 40%.
• O giro do estoque foi de 4,186.
• Considerar ano com 360 dias.
• O prazo de recebimento foi de 38,4 dias.
• Compra do período foi de R$ 1.1920.000
• Prazo médio de pagamento foi de 90 dias.
• O índice de liquidez corrente foi de 1,2983.
• O giro do ativo total alcançou 1,50.
Agora, responda às afirmativas a seguir:
1 O saldo de contas a receber é de:
a) ( ) R$ 310.000,00
b) ( ) R$ 320.000,00
c) ( ) R$ 330.000,00
d) ( ) R$ 340.000,00
2 O saldo de estoque é de:
a) ( ) R$ 400.000,00
b) ( ) R$ 420.000,00
140
c) ( ) R$ 430.000,00
d) ( ) R$ 440.000,00
3 O saldo total do passivo circulante é de:
a) ( ) R$ 580.000,00
b) ( ) R$ 620.000,00
c) ( ) R$ 660.000,00
d) ( ) R$ 670.000,00
4 O saldo de fornecedores é de:
a) ( ) R$ 480.000,00
b) ( ) R$ 520.000,00
c) ( ) R$ 560.000,00
d) ( ) R$ 670.000,00
5 O saldo do ativo total é de:
a) ( ) R$ 1.700.000,00
b) ( ) R$ 1.800.000,00
c) ( ) R$ 2.000.000,00
d) ( ) R$ 2.100.000,00
6 O saldo total do exigível de longo prazo é de:
a) ( ) R$ 740.000,00
b) ( ) R$ 760.000,00
c) ( ) R$ 780.000,00
d) ( ) R$ 800.000,00
7 A composição do endividamento (CE) é de:
a) ( ) 41,8%
b) ( ) 43,5%
c) ( ) 44,3%
d) ( ) 48,4%
8 A participação do capital de terceiro (PCT) é de:
a) ( ) 158,4%
b) ( ) 233,3%
c) ( ) 299,8%
d) ( ) 310,0%
9 A imobilização do Patrimônio Líquido é de:
a) ( ) 199,2,2%
b) ( ) 210,1%
c) ( ) 220,2%
d) ( ) 230,5%
141
10 A empresa Giro Rápido Ltda. tem um custo de mercadoria vendida num 
determinado período de R$ 400.000,00, um estoque inicial de R$ 300.000,00 
e um estoque final de R$ 250.000,00. O saldo de fornecedores foi de R$ 
200.000,00. Assinale V se a alternativa for verdadeira ou F se for falsa.
a) ( ) As compras do período somam R$ 350.000,00.
b) ( ) O prazo médio de pagamento é de 206 dias.
c) ( ) O prazo médio de estoque é de 250 dias.
d) ( ) O giro dos estoques é de 1,50 vezes.
142
143
TÓPICO 2
ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Além da técnica de índices ou indicadores, outras técnicas de análise 
muito utilizadas por sua versatilidade são a de Análise Vertical (AV) e a de Análise 
Horizontal (AH).
O estudo aplicado para análise de cada técnica, ou mesmo em conjunto, 
permite avaliar fatores relevantes ocorridos que afetam a estrutura em um 
determinado período, ou ainda em determinada faixa de tempo.
IMPORTANT
E
Acadêmico! Agora vamos conhecer a aplicação prática desta técnica de análise 
das demonstrações contábeis.
2 TÉCNICA DA ANÁLISE VERTICAL (AV)
Caro acadêmico! A Análise Vertical representa uma análise voltada para 
a comparação entre elementos de uma mesma estrutura, em nosso caso, uma 
demonstração contábil que pode ser um Balanço Patrimonial ou uma DRE, por 
exemplo.
Neste contexto, a Análise Vertical é um instrumento de análise que se 
utiliza da relação entre um valor base, representado pelo percentual de 100%, e 
os demais números dentro da estrutura, indicando o percentual de participação 
relativa de cada um em relação ao valor base.
 
Segundo explicam Padoveze e Benedicto (2010, p. 195), “para o Balanço 
Patrimonial convencionou-se adotar como 100% o total do Ativo e do Passivo. 
Para a demonstração de resultados, estabeleceu-se adotar como 100% o valor 
do total da Receita Líquida, líquida dos impostos, denominada legalmente de 
Receita Operacional Líquida”.
Para itens do Balanço Patrimonial, a Análise Vertical pode ser estabelecida da 
seguinte forma:
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
144
Para itens da Demonstração de Resultados do Exercício pode ser:
Para exemplificar, vamos analisar a conta clientes da nossa empresa Cia. 
VTEX S.A., conforme se demonstra a seguir:
Podemos observar que na Análise Vertical da Cia. VTEX S.A., a conta clientes 
representou em 20x1 13% do valor do Ativo Total e em 20x2 essa participação 
aumentou para 14%. 
Apresentamos a seguir um resumo do Balanço Patrimonial da Cia. VTEX 
S.A. com todas as variações calculadas pela Análise Vertical (AV).
AVBP Conta
Valor
=
 do Balanço Patrimonial
 Base (Ativo ou Passiivo)
 x 100
AVDR Conta
ceita
=
 de Custos, Despesas ou resultados
 OperacRe iional Líquida
 100x
AV Clientes Clientes
Ativo
− = =
 Total
 x 100 55 000
409 140
.
.
 13% 14%65 000
469 929
.
.
=
20x1 20x2Índice Índice
FIGURA 56 – ANÁLISE VERTICAL DO BALANÇO PATRIMONIAL DA CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
TÓPICO 2 | ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
145
Na análise vertical do Balanço Patrimonial da Cia. VTEX S.A. observa-
se um leve aumento de investimentos no Ativo Circulante (33% para 34%), 
portanto, aplicação de investimentos no curto prazo, com leve desaceleração 
dos investimentos de longo prazo (67% para 66%), principalmente no Ativo 
Imobilizado (39% para 36%).
Do lado do Passivo, que representa a origem de recursos (financiamentos) 
que são aplicados no Ativo, indica que a Cia. VTEX S.A. captou uma quantidade 
menor de recursos do curto prazo referente aos financiamentos de suas operações 
(capital de giro), ou seja, uma redução de 34% para 28% em 20x2.
Com a redução dos financiamentos de longo prazo (16% para 12%), fica 
evidente que a Cia. VTEX S.A. tem buscado captar recursos próprios para aplicar 
em ativos (50% para 60%) em 20x2.
Esses aumentos e reduções da participação de ativos e passivos em 20x1 
e 20x2 são dados por uma relação de valores absolutos diferentes, e por isso, 
somente a análise vertical não demonstra se o aumento das contas é influenciado 
pelo aumento da própria conta ou pela redução e/ou aumento proporcional dos 
ativos. Assim sendo, será necessário analisar a conta também pela técnica da 
Análise Horizontal (AH).
3 TÉCNICA DA ANÁLISE HORIZONTAL (AH)
Na técnica de Análise Horizontal (AH) compara-se o seu comportamento 
evolutivo e demonstra-se as variações de aumentos ou reduções com relação a 
uma única conta. Em outras palavras, a Análise Horizontal permite comparar a 
evolução de uma conta entre determinados períodos e pode ser representada da 
seguinte forma:
O período comparativo representa o valor do período em que se deseja 
analisar o aumento ou redução em relação ao período base. Este, por sinal, 
significa o período de referência para a análise. Por exemplo, se tomarmos 20x1 
como período base, pode-se considerar na análise como período comparativo o 
ano de 20x0 ou ainda 20x2. 
AH Valor
Valor
=






 do Período Comparativo
 do Período Base
−−





1 100 x
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
146
DICAS
Observe que a definição do período base é de suma importância na definição 
da análise horizontal, pois a partir deste serão analisados os demais períodos. Normalmente, 
na análise horizontal se segue uma ordem cronológica de períodos e o período base seria o 
mais antigo.
A fórmula da Análise Horizontal (AH) se aplica tanto para contas do 
Balanço Patrimonial (BP), como para as contas da Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE).
Para exemplificar, vamos analisar a conta clientes da nossa empresa Cia. 
VTEX S.A., conforme se demonstra a seguir: 
O período base, quando comparado com ele mesmo, não representa 
nenhuma análise, pois sua posição estática não apresenta a evolução relativa dos 
valores, desta forma, não se utiliza para fins de análise.
Contudo, ao analisar o período base (20x1) com o período comparativo 
(20x2), observamos que a conta Clientes da Cia. VTEX S.A. aumentou em 18%. A 
análiseé simples, indica que o saldo Clientes aumentou provavelmente por conta 
do crescimento de vendas ou, ainda, por conta do aumento da inadimplência.
Apresentamos, a seguir, um resumo do Balanço Patrimonial da Cia. VTEX 
S.A. com todas as variações calculadas pela Análise Horizontal (AH).
AH Clientes Saldo
Saldo
− =
 Clientes - Período Comparativo
 Clienntes - Período Base
 x 100 0% 55 000
55 000
65.
.
=
..
.
000
55 000
= 18%
20x1 20x2Índice Índice
TÓPICO 2 | ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
147
FIGURA 57 – ANÁLISE HORIZONTAL DO BALANÇO PATRIMONIAL DA CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
Na Análise Horizontal da Cia. VTEX S.A. podemos observar que no 
total do Ativo houve uma variação de 15%, indicando que os ativos cresceram 
em comparação ao ano base 20x1. Também se pode observar que o grupo ativo 
circulante teve um crescimento de 17%, motivado principalmente pelo aumento 
de caixa. Referente aos investimentos realizados no ativo não circulante em relação 
ao período base, nota-se um aumento de 14%, principalmente pelo aumento de 
créditos com clientes em longo prazo e aquisições de veículos no imobilizado.
Do lado do Passivo, na comparação com o período base, observa-se 
claramente que a política da empresa foi de captar recursos próprios, pois o 
crescimento ou variação positiva foi de 38%, enquanto os financiamentos com 
capital de terceiros de curto (-6%) e longo prazo (-15%) registraram diminuições 
de saldos ou variação negativa.
Desta forma, uma análise conjunta, utilizando tanto a Análise Horizontal 
como a Análise Vertical, é de suma importância para compreender os movimentos 
de saldos das contas das Demonstrações Contábeis.
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
148
4 ANÁLISE CONJUNTA – ANÁLISE VERTICAL E
HORIZONTAL
Ao analisar o crescimento ou evolução dos saldos das contas (Análise 
Horizontal), podemos perceber quais contas estão crescendo muito acima do 
padrão das demais. No entanto, mesmo assim, um alto crescimento em percentual 
relativo poderá indicar irrelevância se comparado com valores absolutos em 
relação à estrutura (Análise Horizontal).
Vamos a um exemplo:
ATIVO 20x1 % AVBP 20x2 %AVBP %AHBP
Circulante
Caixa 500 0,4 3.000 2,2% 500%
Aplicações Financeiras 40.000 34% 40.900 30% 2%
Clientes 55.000 46% 65.000 48% 18%
Estoques 23.200 20% 25.689 19% 11%
Total do Circulante 118.700 100% 134.589 100% 13%
FIGURA 58 – ANÁLISE DE VARIAÇÃO CONJUNTA – AH VERSUS AV
FONTE: Os autores
Caro acadêmico! Se realizássemos apenas a Análise Horizontal seria 
impossível não notar o crescimento significativo da conta caixa de 500% em 
relação ao período base 20x1.
Poderíamos até concluir que este aumento é significativo e necessitaria de 
uma análise muito criteriosa por parte do analista. Contudo, observe que a Análise 
Vertical indica sua representatividade em relação ao total do ativo circulante, que 
pode ser considerado irrelevante ou imaterial (0,4% para 20x1 e 2,5% para 20x2) 
se comparado com os demais ativos investidos pela empresa.
Desta forma, para análise mais assertiva das demonstrações contábeis, 
uma avaliação conjunta da Análise Vertical e Análise Horizontal é a forma mais 
adequada de avaliar o comportamento econômico e financeiro das empresas no 
contexto desta técnica.
Apresentamos, a seguir, um resumo do Balanço Patrimonial e da 
Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) da Cia. VTEX S.A., com todas as 
variações calculadas pela Análise Horizontal (AH) e a Análise Vertical (AV).
TÓPICO 2 | ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
149
FIGURA 59 – ANÁLISE DE VARIAÇÃO CONJUNTA DA CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
Caro acadêmico! Como vimos neste tópico, a análise conjunta da Análise 
Vertical e Horizontal é de suma importância para compreensão do comportamento 
e significância dos valores apresentados nas demonstrações contábeis. 
Assim, o analista deve compreender as inter-relações entre as contas e 
grupos de contas das demonstrações (Balanço Patrimonial e Demonstração de 
Resultado do Exercício).
Vamos analisar um exemplo!
FIGURA 60 – INTER-RELAÇÃO ENTRE ROL E CLIENTES 
FONTE: Os autores
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
150
A Receita Operacional Líquida (ROL) é resultante da diminuição entre a 
Receita Operacional Bruta e impostos sem faturamento, devoluções e abatimentos 
e representa a entrada dos recursos pela venda de bens e serviços.
Em grande parte das empresas as condições de comercialização estão 
ligadas com as vendas a credito e, portanto, têm relação direta com a conta 
CLIENTES, representada do lado esquerdo do balanço patrimonial no grupo dos 
ativos, pelos direitos de crédito a receber no futuro pela venda a prazo. Seria lógico 
imaginar que, pela inter-relação, um aumento de vendas de 10% representaria 
na mesma proporção um aumento de 10% na conta clientes, considerando que 
as vendas fossem todas com prazo. Porém, outros fatos podem interferir nesta 
relação de causa e efeito, como, por exemplo, uma mudança na política de crédito 
da empresa, ampliando ou reduzindo o prazo, ou mesmo restringindo o crédito, 
que poderia interferir nesta relação. 
Outro fator que poderia influenciar na relação entre as contas seria o 
aumento da inadimplência, pois aumentaria o saldo de Clientes. Demonstramos, na 
figura a seguir, outros exemplos de inter-relações entre contas das demonstrações 
contábeis.
FIGURA 61 – INTER-RELAÇÕES ENTRE CONTAS DA DRE E DO BALANÇO PATRIMONIAL
Fonte: Os autores
A conta estoques (Ativo Circulante) representa os saldos de valores 
dos materiais (insumos de produção) adquiridos para serem transformados e 
comercializados. As mercadorias (insumos) são adquiridas à vista ou a prazo. 
Quando à vista, os recursos são originados do caixa da empresa, e quando a 
prazo, existe uma promessa futura de pagamento, portanto são registrados na 
conta de fornecedores.
TÓPICO 2 | ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
151
Os custos dos produtos vendidos representam o consumo de recursos 
transferidos para a demonstração de resultado, logo, são os custos relacionados 
com as unidades vendidas. Neste caso, a conta produtos acabados é a conta de 
estoque da qual é transferido o saldo proporcional por unidade para o Custo dos 
Produtos Vendidos (CPV). Sua inter-relação evidencia o tempo necessário para a 
renovação dos estoques.
Despesas com pessoal representam os gastos com os colaboradores e a 
conta salários a pagar o saldo a pagar desta dívida. Esta inter-relação evidencia os 
níveis de gastos e seus prazos de pagamento. O mesmo se aplica para as despesas 
gerais e os saldos da conta Contas a Pagar.
A depreciação representa valores com base em estimativas de desgaste 
de um bem, apropriados na DRE, com a finalidade de reter parte do lucro para 
reposição deste bem ao término de sua vida útil. A desvalorização do bem, em 
função de sua vida útil, é registrada do lado esquerdo do Ativo Não Circulante no 
grupo Imobilizado, como uma conta redutora do ativo imobilizado, evidenciando 
o valor do bem em função útil.
As despesas financeiras (DRE) se inter-relacionam com a conta do passivo 
Empréstimos e Financiamentos, que indica o nível de endividamento com 
instituições financeiras. Os juros pagos sobre as operações são contabilizados 
nesta conta de despesas financeiras.
As receitas financeiras (DRE) seguem o mesmo raciocínio, porém, como 
valores recebidos e não pagos, inter-relacionam com a conta do ativo circulante 
Aplicações Financeiras, logo são receitas auferidas pelas aplicações no mercado 
financeiro.
As despesas com impostos inter-relacionam com o saldo da conta Impostos 
a Recolher e evidenciam os níveis de pagamento desta despesa.
Acadêmico! Não esgotamos as inter-relações com as contas patrimoniais 
e de resultados (DRE), porém mais adiante veremos muitos indicadores que se 
formarão baseados nestas inter-relações, portanto, trataremos com mais ênfase 
nos tópicos seguintes.
152
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
• Uma das técnicas mais utilizadas para análisedas demonstrações contábeis 
denomina-se de Análise Vertical e Análise Horizontal.
• A Análise Vertical está voltada para a comparação entre elementos de uma 
mesma estrutura, em nosso caso, uma demonstração contábil que pode ser um 
Balanço Patrimonial ou uma Demonstração de Resultado do Exercício.
• A Análise Vertical é instrumento de análise que se utiliza da relação entre um 
valor base, representado pelo percentual de 100%, e os demais números dentro 
da estrutura, indicando o percentual de participação relativa de cada um em 
relação ao valor base. 
• A técnica de Análise Horizontal (AH) compara o comportamento evolutivo, 
demonstrando as variações de aumentos ou reduções em relação a uma única 
conta. Em outras palavras, a Análise Horizontal permite comparar a evolução 
de uma conta entre determinados períodos.
 
• Uma análise conjunta entre Vertical e Horizontal é de suma importância ao 
analisar o crescimento ou evolução dos saldos das contas (Análise Horizontal). 
Podemos perceber quais contas estão crescendo muito acima do padrão das 
demais, porém, mesmo assim, um alto crescimento em percentual relativo 
poderá indicar irrelevância se comparado com valores absolutos em relação à 
estrutura (Análise Horizontal).
153
AUTOATIVIDADE
1 Sobre os benefícios econômicos e financeiros futuros que um ativo pode gerar 
para a entidade, analise as sentenças a seguir e assinale com V as verdadeiras 
e com F as falsas.
a) ( ) A análise da estrutura vertical é o processo que objetiva a medição 
percentual de cada componente em relação ao todo de que faz parte.
b) ( ) Análise de evolução horizontal permite a avaliação do aumento ou 
diminuição dos valores, através do confronto de uma série histórica de 
períodos.
c) ( ) Análise por quociente visa estabelecer a relação entre dois valores de 
natureza diferentes, indicando quantas vezes um contém o outro, ou a 
proporção de um em relação ao outro.
d) ( ) Análise por diferenças absolutas se baseia no comportamento entre 
saldos de início e fim do período para determinação das origens e aplicações 
de recursos.
Agora assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F - F - V - V.
b) ( ) V - F - F - V.
c) ( ) V - V - V - F.
d) ( ) F - V - F - V.
2 A análise horizontal tem por finalidade determinar:
a) ( ) Evolução dos elementos que constituem as demonstrações contábeis, 
podendo caracterizar tendências.
b) ( ) Índices de liquidez, endividamento, rentabilidade/lucratividade.
c) ( ) Relação de uma conta específica com o todo em que faz parte.
d) ( ) Índice-padrão comparativo de crescimento das contas que envolvem as 
demonstrações contábeis.
3 A identificação de uma relação percentual de um elemento em relação ao seu 
todo é denominada como método de:
a) ( ) Análise por meio de quocientes.
b) ( ) Análise vertical.
c) ( ) Análise horizontal.
d) ( ) Índice-padrão.
4 Em relação às técnicas de análise vertical e horizontal, analise as sentenças a 
seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.
154
a) ( ) Isoladamente, as duas técnicas induzem a erros de avaliação.
b) ( ) Em conjunto, as duas técnicas permitem identificar fatos relevantes que 
afetaram a estrutura da demonstração contábil.
c) ( ) As análises vertical e horizontal são independentes entre si e não se 
complementam para fins de análise.
d) ( ) A análise horizontal pode ser avaliada independente, sem prejuízo 
para a análise no contexto da relevância de determinada conta do balanço.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F - F - V - V.
b) ( ) V - F - F - V.
c) ( ) V - V - F - V.
d) ( ) F - F - V - F.
5 Com base nos dados do Balanço Patrimonial da empresa Boa Sorte Ltda., 
referente ao Passivo e Patrimônio Líquido referente aos períodos de 20x0, 
20x1 e 20x2.
Faça as análises vertical e horizontal. Na análise vertical considere 100% 
o total do Passivo + Patrimônio Líquido, e na análise horizontal o primeiro ano 
tem como base 100 (índice 100), e todos os demais anos são representados com 
relação ao índice 100.
155
156
157
TÓPICO 3
ANÁLISE DA DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A análise dinâmica do capital de giro baseia-se em uma visão de análise 
de atividades da operação da empresa, principalmente de compras, estocagem, 
vendas e recebimento.
O correto dimensionamento dos recursos no giro impacta diretamente na 
saúde do fluxo de caixa da empresa e permite avaliar o uso adequado destes 
recursos destinados a aplicações no capital de giro da empresa.
Segundo Assaf Neto (2006, p. 211), o capital de giro representa um:
[...] fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro de uma 
empresa. Pela análise de seus elementos patrimoniais são identificados 
os prazos operacionais, o volume de recursos permanentes (longo 
prazo) que se encontra financiando o giro, e as necessidades de 
investimento operacional. O comportamento do capital de giro é 
extremamente dinâmico, exigindo modelos eficientes e rápidos de 
avaliação da situação financeira da empresa. Uma necessidade de 
investimento no giro mal dimensionada é certamente uma fonte de 
comprometimento da solvência da empresa, com reflexos sobre sua 
posição econômica de rentabilidade.
Um dos modelos desenvolvidos mais conhecidos sob a análise dinâmica 
do capital de giro denomina-se de modelo Fleuriet, o qual veremos a seguir.
2 MODELO FLEURIET – RECLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS 
DO ATIVO E PASSIVO CIRCULANTE
O capital de giro (CDG) é representado pela diferença entre o Ativo 
Circulante e o Passivo Circulante, também é denominado de Capital Circulante 
Líquido (CCL) e pode ser visualizado da seguinte forma:
158
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
CCL ou CDG = AC - PC
A conta estoque inclui os gastos com a compra, a estocagem de materiais, 
o seu consumo nas diversas etapas do processo produtivo, até sua conclusão, em 
que fica estocado em produtos acabados.
Este processo do início ao fim tem um tempo de produção que varia 
conforme a complexidade do produto e o tipo de gestão financeira e operacional 
adotado pelas empresas. Normalmente, os custos deste processo são pagos a 
prazo, financiados em parte ou no todo pelos fornecedores de matéria-prima, 
pelos salários a pagar dos empregados, pelos impostos a recolher, entre outros.
O ideal seria que uma empresa utilizasse os recursos do próprio giro 
(fornecedores, por exemplo) para financiar os investimentos do capital de giro, 
pois são menos onerosos que os capitais de terceiros (financiamentos bancários). 
Para que possamos identificar se a empresa está utilizando recursos do próprio 
giro nas suas operações, precisamos reclassificar as contas do ativo e passivo 
circulante.
Na década de 1970 o Prof. Michel Fleuriet coordenou um estudo no Brasil 
que propunha uma análise gerencial financeira mais dinâmica que os modelos 
contábeis da época, este modelo levou seu nome.
O modelo Fleuriet parte do princípio de que uma análise mais dinâmica 
das relações financeiras das contas do balanço patrimonial deve reclassificar e 
separar as contas relacionadas com a operação das contas financeiras.
Desta forma, Padoveze e Benedicto (2010, p. 261) explicam que:
Para desenvolver seu modelo, Fleuriet separa os elementos do giro, 
classificando-os em dois tipos, em relação ao seu comportamento com 
o ciclo operacional:
a) Contas cíclicas, ou seja, aquelas de natureza operacional.
b) Contas erráticas, ou seja, as demais contas do circulante.
São exemplos de contas operacionais (cíclicas) que podemos citar: (i) 
duplicatas a receber, (ii) estoques, (iii) adiantamentos de toda natureza, (iv) 
despesas pagas antecipadas, do lado do ativo circulante e (v) fornecedores, (vi) 
impostos a recolher e (vii) salários a pagar, do lado do passivo circulante.
Exemplos de contas financeiras (erráticas) que podemos citar: (i) caixa, (ii) 
bancos, (iii) aplicações financeiras do lado do ativo circulante e (iv) empréstimos e 
financiamentos, (v) títulosdescontados, entre outros, do lado do passivo circulante.
TÓPICO 3 | ANÁLISE DA DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO
159
A reclassificação das contas do ativo circulante e passivo circulante tem por 
finalidade demonstrar a situação financeira da empresa sob uma ótica menos estática. 
ATENCAO
Caro acadêmico! Para compreendermos o conceito, vamos demonstrar o 
balanço da Cia. VTEX S.A., reclassificado segundo o modelo Fleuriet.
FIGURA 62 – RECLASSIFICAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL – CIA. VTEX S.A.
BALANÇOS PATRIMONIAIS CONSOLIDADOS EM 31/12/20X1 E 31/12/20X2
(em milhares de reais)
ATIVO 20x1 20x2 PASSIVO 20x1 20x2
Circulante Circulante
Contas Erráticas 55.940 66.900 Contas Erráticas 60.000 46.000
Caixa 15.940 26.000 Empréstimos 60.000 46.000
Aplicações Financeiras 40.000 40.900
Contas Cíclicas 78.200 90.689 Contas Cíclicas 79.140 85.029
Clientes 55.000 65.000 Fornecedores 25.140 27.728
Estoques 23.200 25.689 Salário a Pagar 39.000 41.301
Impostos a Recolher 15.000 16.000
Total do Circulante 134.140 157.589 Total do Circulante 139,140 131.029
Não Circulante Não Circulante
Realizável de Longo Prazo 65.000 85.000 Realizável de Longo Prazo 65.000 55.000
Clientes 65.000 85.000 Titulos a Pagar 25.000 20.000
Empréstimos 40.000 35.000
Imbolizado 161.000 170.000 Total do Não Circulante 65.000 55.000
Veículos 70.000 90.000
Máquinas e Equipamentos 121.000 120.000 Patrimônio Líquido
(-) Depreciação Acumulada - 30.000 - 40.000 Capital Social 100.000 110.000
Reserva de Lucros 45.000 84.450
Intagível 49.000 57.340 Reservas de Capital 60.000 89.450
Total do Não Circulante 275.000 312.340 Total do Patrimônio Líquido 205.000 283.900
Total do Ativo 409.140 469.929 Total do Passivo + Patrimônio Líquido 409.140 469.929
FONTE: Os autores
160
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
 Analisando o Balanço Patrimonial da Cia. VTEX S.A., referente ao ativo 
e passivo circulante no ano de 20x1 e 20x2 e reclassificado em passivo errático e 
cíclico, observa-se que não é possível estabelecer uma análise criteriosa apenas 
com esta disposição das informações.
Os conceitos de administração do capital de giro pressupõem que as contas 
cíclicas são imprescindíveis para a manutenção do giro da empresa e, portanto, 
não devem ser consideradas como fator de liquidação de dívidas financeiras 
(passivo errático ou financeiro), pois podem comprometer a liquidez da empresa.
Para que possamos compreender melhor isto, vamos mergulhar em outro 
conceito da análise dinâmica de capital de giro, denominado de Necessidade 
Líquida de Capital de Giro (NLCD), que pode ser obtida pela seguinte fórmula:
FIGURA 63 – FÓRMULA NECESSIDADE LÍQUIDA DE CAPITAL DE GIRO
FONTE: Os autores
A Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCDG) corresponde ao 
montante de recursos investidos no giro das operações (estoques e clientes) e que, 
deduzidos os financiamentos destas operações do próprio giro (fornecedores), 
obtém-se a dimensão ou volume dos recursos necessários para a manutenção 
das operações da empresa. Portanto, é certo que quanto maiores os níveis de 
vendas, maiores serão os investimentos no ativo circulante cíclico e maior será a 
necessidade líquida do capital de giro.
FIGURA 64 – NECESSIDADE LÍQUIDA DE CAPITAL DE GIRO (NLCDG) – CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
20x1 20x2
Ativo Circulante Cíclico - ACC 78.2000 90.689
(-) Passivo Circulante Cíclico - PCC 79.140 85.029
= Necessidade Líquida Capital de Giro - NLCDG - 940 5.660
Ativo Circulante Cíclico - ACC
(-) Passivo Circulante Cíclico - PCC
= Necessidade Líquida Capital de Giro - NLCDG
TÓPICO 3 | ANÁLISE DA DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO
161
Na análise da Cia. VTEX S.A. em relação ao dimensionamento do capital 
de giro, temos que em 20x1 a empresa detinha uma NLCDG negativa, ou seja, 
seus recursos do Ativo Circulante Cíclico (ACC) eram totalmente financiados pelo 
Passivo Circulante Cíclico (PCC), o que é bom, pois todas as operações estavam 
suportadas por financiamentos menos onerosos. Já em 20x2, a Cia. VTEX S.A. 
apresentou uma NLCDG de R$ 5.660,00, motivada pelo aumento dos níveis de 
investimentos em ACC de 16,0% (78.200 / 90.689), enquanto que a estratégia de 
financiamentos com os fornecedores, para suportar os investimentos, teve um 
crescimento na proporção de apenas 7,4% (79.140 / 85.029).
Sabemos que a empresa em 20x2 necessitava de capital de giro, mas a 
pergunta que devemos fazer é: se a empresa tem saldo em tesouraria para 
suportar o investimento dimensionado?
Acadêmico! Para responder a esta questão precisamos analisar outro 
conceito da dinâmica de capital de giro, o saldo em TESOURARIA. O saldo 
em tesouraria representa a diferença entre as demais contas do ativo e passivo 
circulante que formam o Ativo Circulante e Passivo Circulante Errático, como 
podemos observar na fórmula a seguir:
FIGURA 65 – SALDO DE TESOURARIA (TES) – CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
Ativo Circulante Errático - ACE
(-) Passivo Circulante Errático - PCe
= Tesouraria
O saldo de tesouraria indica os valores que não estão relacionados com 
a atividade operacional e representam a liquidez da empresa, pois quando ACE 
> PCE, indica saldo positivo de tesouraria e que recursos próprios estão sendo 
aplicados na atividade operacional. No entanto, quando ACE < PCE, indica saldo 
negativo de tesouraria e a empresa utiliza recursos de terceiros aplicados na 
atividade operacional da empresa, portanto, mais onerosos.
20x1 20x2
Ativo Circulante Errático - ACE 55.940 66.900
(-) Passivo Circulante Errático - PCE 60.000 46.000
= Tesouraria - 4.060 20.900
FIGURA 66 – SALDO DE TESOURARIA (TES) – CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
162
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
A Cia. VTEX S.A. demonstra em 20x1 um saldo de tesouraria negativa 
de R$ 4.060,00, portanto, possui um excesso de captação de recursos de terceiros 
que estão sendo utilizados no longo prazo, visto que o giro está totalmente 
coberto com financiamento dos fornecedores. Quando recursos de curto prazo 
são aplicados em investimentos de longo prazo não é uma boa estratégia para 
uma empresa, e no caso da Cia. VTEX S.A. vai onerar significativamente o seu 
caixa com despesas de juros no curto prazo em investimentos que impactam em 
retorno de longo prazo.
No ano de 20x2, a Cia VTEX S.A. já apresentava um saldo de tesouraria 
positivo de R$ 20.900,00, desta forma consideramos suficiente para suportar a 
NLCDG dimensionada para o mesmo período, e ainda existe uma sobra que 
poderá ser aplicada no mercado financeiro.
A busca por liquidez menos estática, conforme proporcionada pelos 
indicadores de liquidez, tornou o modelo Fleuriet uma ferramenta importante de 
análise de uma dinâmica de capital de giro, separando as contas das operações 
de empresa (contas a receber, estoques, fornecedores, entre outras) das contas 
que de fato comprometem a liquidez da empresa (caixa e bancos, empréstimos 
bancários, entre outros).
Podemos observar que o desdobramento do capital de giro (CDG) em 
Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCDG) e o saldo de tesouraria (TES) 
proporciona uma análise mais precisa sobre a liquidez da empresa e como os 
recursos investidos na atividade operacional estão sendo dimensionados. 
Há de se observar que o crescimento econômico e expansão são inerentes 
ao processo de gestão de qualquer empresa, portanto, há necessidade de capital 
de giro adicional para suportar o crescimento das operações, porém em níveis 
adequados. Além disso, uma redução do ciclo operacional e ciclo de caixa é 
fundamental.
O crescimento constante em longo prazo de capital de giro (CDG), com o 
aumento constante da necessidade líquida de capital de giro (NLCDG), provoca 
o fenômeno denominado de efeito tesoura, representando risco em termos de 
liquidez da empresa ao longo do tempo.
Neste contexto, o analista deve ter mais atenção com relação a outros 
aspectos que podem interferir na necessidade de capital de giro, como: as políticas 
de crédito, de compras e de estocagem.
TÓPICO 3 | ANÁLISEDA DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO
163
3 APLICAÇÃO DA ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO NA GESTÃO 
EMPRESARIAL
Caro acadêmico! Até aqui percebemos que a administração do capital de 
giro é fundamental para uma adequada gestão financeira da empresa. Também 
observamos que os recursos necessários para financiar as operações da empresa 
podem advir do próprio capital de giro da empresa ou buscar créditos de 
financiamento com custo de curto e longo prazo junto a credores. Estes recursos, 
em certos níveis, podem ser muito saudáveis para o crescimento e expansão dos 
negócios.
A necessidade de capital de giro (NLCDG), quando observada em relação 
à dinâmica dos níveis de investimentos em capital de giro, volta-se para uma 
análise mais detalhada do ciclo operacional e financeiro da empresa.
No tópico 1 tratamos sobre os índices de atividade ou prazos médios que 
indicam, em dias aproximados, investimentos realizados em contas a receber, 
estoques e pagamentos em relação ao prazo médio de pagamento, conforme caso 
da Cia. VTEX S.A.
FIGURA 67 – CICLO FINANCEIRO EM DIAS
FONTE: Os autores
Período PME + PMC - PMP = CF
20x1 50,0 + 37,82 - 53,50 = 34,32
20x2 55,0 + 38,86 - 58,57 = 35,29
O ciclo financeiro representa a parcela de investimentos do capital de giro 
não financiada pelos fornecedores, ou seja, indica a necessidade líquida de capital 
de giro para financiar as operações, que, no nosso exemplo, seriam 34,32 dias em 
20x1 e 35,29 dias em 20x2, portanto, pode-se inferir que NLCDG = PME + PMC – 
PMP. Conforme Fernandes relata (2012, p. 235):
Ao contrário do que se costuma imaginar, o capital próprio não 
tem custo aparente, mas o acionista ao investir espera um retorno 
e, portanto há um custo oculto que não está presente nos métodos 
contábeis tradicionais. Aliás, isto é o que diferencia lucro contábil e 
lucro econômico, visto que o último considera o custo de capital. 
Neste contexto, Fernandes (2012, p. 236-237) explica que:
[...] há de se compreender que o lucro operacional ajustado após os 
impostos se refere ao lucro operacional, sem considerar as despesas 
financeiras e destas aplicar a dedução do Imposto de Renda Pessoa 
Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sob o Lucro Líquido (CSLL). Na 
realidade, os impostos são recalculados, reajustando o lucro devido 
164
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
ao valor das despesas financeiras que não compõem as operações 
da empresa, mas sim o seu financiamento, e por este motivo estão 
inclusas no custo de capital.
Conforme afirma Padoveze (2003, p. 68), “o lucro é a melhor medida 
de eficácia dos resultados empresariais, pois sua aferição é feita por meio 
da mensuração econômica, com apuração periódica do valor da empresa, 
caracterizando o foco da controladoria”.
Kanitz (1978, p. 2) se propõe a questionar sobre a forma como são 
analisadas as demonstrações contábeis, indagando “de que vale uma análise 
profunda do balanço, se não for capaz de revelar os sintomas de uma insolvência 
iminente? Ou, quem sabe, a culpa não é dos analistas, que não sabem localizar 
nos demonstrativos os sinais da insolvência?” 
Vamos a um exemplo de como o ciclo financeiro implica no crescimento 
das receitas.
FIGURA 68 – DINÂMICA DA NLCDG CIA. VTEX S.A.
FONTE: Os autores
20x2 A B
VALORES EM REAIS
VENDAS 555.900,00 722.670,00 722.670,00
CPV 160.000,00 208.000,00 208.000,00
COMPRAS 162.489,00 211.235,70 211.235,70
PRAZO MÉDIO EM DIAS
PME 55,0 55,0 65,0
PMC 38,9 38,9 38,9
PMP 58,6 58,6 58,6
CF 35,3 35,3 45,3
NLCDG EM REAIS
(+) ESTOQUES 24.444,50 31.777,85 37.555,63
(+) CLIENTES 60.000,00 78.000,00 78.000,00
(-) FORNECEDORES 26.434,00 34.364,20 34.364,20
(=) NLCDG 58.010,50 75.413,65 81.191,43
Observe que a figura apresenta os dados de 20x2 da Cia. VTEX S.A. e duas 
projeções, considerando (A) um aumento de 30% na receita ou (B) um aumento 
de 30% da receita, porém com aumento no ciclo financeiro em 10 dias. Em 
ambos os casos, partimos do pressuposto de que um aumento das receitas levará 
consequentemente ao aumento dos custos variáveis e ao consumo de materiais.
TÓPICO 3 | ANÁLISE DA DINÂMICA DE CAPITAL DE GIRO
165
Na simulação A, um aumento de 30% na receita, com aumento na mesma 
proporção nos custos variáveis e mantendo-se estável o ciclo financeiro em 
335,3 dias, indica um aumento da NLCDG de R$ 17.403,15 (R$ 58.010,50 – R$ 
75.413,65). Contudo, na simulação B, quando alteramos o prazo médio de clientes, 
aumentando este prazo de recebimentos, mesmo mantendo o mesmo nível de 
venda e custos variáveis, o ciclo financeiro se altera, exigindo uma NLCDG maior 
de R$ 23.180,93 (R$ 58.010,50 – R$ 81.191,43).
IMPORTANT
E
O crescimento da receita implica diretamente no aumento dos gastos com 
investimentos no giro dos negócios e sempre existirá uma Necessidade Líquida de Capital de 
Giro (NLCDG), maior ou menor, em função da administração das políticas de administração 
de capital de giro.
Na administração do ciclo operacional e financeiro, estudamos que o 
Prazo Médio de Pagamento representa o financiamento do giro, porém deve-se 
imaginar que existem outras fontes que financiam o capital de giro, como, por 
exemplo, os impostos, os salários dos funcionários, entre outras fontes circulantes 
operacionais, e ainda outros investimentos no giro, como, por exemplo, 
adiantamento de salários, adiantamento de fornecedores, entre outros.
Segundo explica Matarazzo (2003, p. 342), “existe relação direta entre o 
ciclo de caixa e o financiamento do investimento em giro”. Neste caso, ciclo de 
caixa equivale à nomenclatura ciclo financeiro.
Como a NLCDG tem relação direta com as vendas, tem-se que a 
necessidade de capital de giro em função das vendas diárias pode ser definida da 
seguinte forma:
NLCDG = CF x Vd, onde CF igual a ciclo financeiro e Vd igual a vendas 
diárias.
No caso da Cia. VTEX S.A., considerando seu ciclo financeiro em 20x1 e 
20x2, temos como necessidade de capital de giro em 20x1, para um ciclo financeiro 
de 34,32 dias e vendas diárias de R$ 1.311,11, uma NLCDG de R$ 44.997,33, 
enquanto que em 20x2 temos como necessidade de capital de giro, considerando 
um ciclo financeiro de 35,29 dias e vendas diárias de R$ 1.544,17, uma NLCDG 
de R$ 54.493,64.
166
Neste tópico vimos que:
• A análise do capital de giro detalha o comportamento da necessidade de capital 
de giro referente a compras, estocagem, vendas e recebimentos.
• Um dos modelos mais conhecidos para análise do capital de giro denomina-
se modelo Fleuriet, reclassificando e separando as contas do ativo circulante 
em contas cíclicas (contas relacionadas com a operação da empresa) e contas 
erráticas (demais contas do ativo circulante).
• As contas do ativo circulante cíclico (ACC), menos as contas do passivo 
circulante cíclico (PCC), indicam a necessidade líquida de capital de giro 
(NLCDG), que representa o volume de recursos necessários para manutenção 
das operações da empresa.
• As contas do ativo circulante errático (ACE), menos as contas do passivo 
circulante errático (PCE), indicam o saldo em tesouraria, que quando positivo 
(ACE>PCE) indica que recursos próprios estão sendo aplicados na atividade 
operacional, e quando negativo (ACE<PCE) indica a utilização de recursos de 
terceiros na atividade operacional.
• A NLCDG tem relação direta com os níveis de vendas: quanto maior o volume 
de vendas, maior será a necessidade de capital de giro a ser aplicado na 
atividade operacional.
RESUMO DO TÓPICO 3
167
AUTOATIVIDADE
1 Reclassifique o ativo e o passivo circulantes da Cia. XIS Ltda., a seguir, e 
calcule as Necessidades Líquidas de Capital de Giro (NLCDG) e a Tesouraria.
2 O saldo de tesouraria indica de que forma os valores são aplicados no giro. 
Com base nesse princípio, analise as sentenças a seguir e classifique com V 
as verdadeiras e com F as falsas.
a) ( ) Quando o saldo da tesouraria for positivo (ACE>PCE) indica que estão 
sendo utilizados recursos de terceiros na atividade operacional.
b) ( ) Quando o saldo de tesouraria fornegativo (ACE>PCE) indica que estão 
sendo utilizados recursos próprios na atividade operacional.
c) ( ) Quando o saldo da tesouraria for positivo (ACE>PCE) indica que estão 
sendo utilizados recursos próprios na atividade operacional.
d) ( ) Quando o saldo de tesouraria for negativo (ACE>PCE) indica que estão 
sendo utilizados recursos de terceiros na atividade operacional.
3 Sobre o modelo de Fleuriet para análise dinâmica do capital de giro, assinale 
a alternativa CORRETA.
168
a) ( ) NLCDG = ACE – PCE
b) ( ) NLCDG + TES = AC – PC
c) ( ) NLCDG = ACC + PCC
d) ( ) TES + PCC – ACC = NLCDG
4 A empresa Calcula Bem Ltda. reclassificou suas contas do ativo e passivo 
circulantes, para fins de análise da dinâmica de capital de giro, e obteve os 
seguintes valores:
Ativo Circulante Cíclico 150.000,00
Ativo Circulante Errático 35.000,00
Passivo Circulante Cíclico 95.000,00
Passivo Circulante Errático 55.000,00
Com base nesses dados, analise as sentenças a seguir e classifique V 
para as verdadeiras e F para as falsas. 
a) ( ) A Tesouraria é negativa em R$ 20.000,00
b) ( ) A Tesouraria é positiva em R$ 20.000,00
c) ( ) A NLCDG é de R$ 55.000,00
d) ( ) O Capital Circulante Líquido (CCL) é de R$ 35.000,00
5 Relacione as colunas de acordo com a reclassificação das contas para fins de 
análise dinâmica do capital de giro.
a) Ativo Circulante Cíclico ( ) Duplicatas a receber
b) Passivo Circulante Cíclico ( ) Empréstimos e Financiamentos
c) Ativo Circulante Errático ( ) Fornecedores
d) Passivo Circulante Errático ( ) Adiantamento de salário
 ( ) Impostos a recolher
 ( ) Banco conta movimento
 ( ) Aplicações Financeiras
 ( ) Duplicatas Descontadas
169
TÓPICO 4
ANÁLISE FINANCEIRA AVANÇADA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais os gestores nas empresas têm se valido de informações que 
conduzam a empresa não apenas ao lucro nas atividades operacionais, mas num 
processo de orientação voltado para a criação de valor para o acionista.
Uma análise financeira mais detalhada pode ser um importante 
instrumento de avaliação para identificar fatores que normalmente os indicadores 
clássicos não evidenciariam.
Neste contexto, apresentamos, neste Caderno de Estudos, conceitos mais 
atualizados de análise de balanço voltados para análise da geração de lucro e 
criação de valor das empresas, como o EBITDA e EVA.
Em qualquer empresa, seja qual for seu tamanho ou a atividade que 
execute, haverá uma necessidade de capital de giro para financiar as operações, 
ou seja, o lucro gerado pelas operações da empresa precisa ser maior que o custo 
financeiro das suas dívidas. Este excedente representa a criação de valor da 
empresa para remunerar os acionistas.
Desta forma, o valor agregado máximo que pode ser obtido pela gestão 
operacional de seus investimentos é a diferença entre o valor de venda dos 
produtos e serviços a preços de mercado, menos o valor das compras dos insumos 
a preço de mercado (PADOVEZE, 2003).
2 VALOR ECONÔMICO ADICIONADO NAS EMPRESAS
Conforme explica Fernandes (2012, p. 235), o “Valor Econômico 
Adicionado (VEA) ou Economic Value Added (EVA) é um instrumento utilizado 
com a finalidade de aferir os ganhos marginais dos acionistas, ou seja, busca 
evidenciar a maximização do valor da empresa para os detentores do capital”.
Segundo Padoveze (2003, p. 441), “recomenda-se a aplicação do conceito 
do EVA tanto para a rentabilidade do acionista como para a rentabilidade do 
ativo total”.
O custo de capital muitas vezes é comparado ao custo de financiamento 
representado pelos encargos ou juros incidentes sobre as operações de empréstimos 
captados no mercado financeiro, denominado de capital de terceiros. 
170
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
Contudo, o conceito de custo de capital é mais amplo, contemplando, além 
destes, os recursos originados dos investidores ou acionistas, denominados de capital 
próprio, que somados por ponderação matemática, atribui-se o nome de Custo Médio 
Ponderado de Capital (CMPC) ou Weighted Average Cost of Capital (WACC).
Segundo Fernandes (2013, p. 235), 
Ao contrário do que se costuma imaginar, o capital próprio não 
tem custo aparente, mas o acionista, ao investir, espera um retorno 
e, portanto, há um custo oculto que não está presente nos métodos 
contábeis tradicionais. Aliás, isto é o que diferencia lucro contábil e 
lucro econômico, visto que o último considera o custo de capital. 
Para tornar mais claro este conceito, podemos visualizar o conceito de 
Valor Econômico Adicionado da seguinte forma:
Valor Econômico Adicionado = Lucro Operacional Líquido após os 
Impostos (-) Taxa do Custo de Capital x Nível de Investimento
A partir da fórmula apresentada surge o conceito de EVA, que podemos 
observar como a diferença entre o lucro contábil, ou seja, o lucro operacional 
ajustado depois da exclusão dos impostos deduzidos do valor do custo de capital 
resultante do investimento, multiplicado pela taxa de custos de capital.
Imagine que uma determinada empresa tenha atingido um lucro 
operacional líquido, após os impostos, de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e os 
investimentos da empresa tenham totalizado R$ 200.000,00 (cem mil reais), com 
um custo de capital de 4%, teríamos o seguinte resultado:
FIGURA 69 – CÁLCULO DO EVA – VALOR ADICIONADO
FONTE: Os autores
Lucro Operacional Líquido após os Impostos (NOPAT) 10.000
(-) Custo de capital (100.000 x 11%) - 8.000
(=) EVA 2.000
Observe que o Lucro operacional líquido antes dos impostos também é 
conhecido como NOPAT, e que depois de descontado o valor do custo de capital 
(pode ser considerado custo de oportunidade), obtém-se um lucro residual 
excedente, ou seja, a rentabilidade real sobre o investimento.
Acadêmico! Perceba que no exemplo apresentado, o custo de financiamento 
da empresa, ou seja, o custo médio ponderado de capital (capital de terceiros 
mais capital próprio) foi inferior ao lucro operacional líquido antes dos impostos, 
ou seja, o lucro gerado acima do custo do seu financiamento é o indicador de que 
as decisões da empresa de investimentos e de financiamentos adicionaram valor 
para seus acionistas.
TÓPICO 4 | ANÁLISE FINANCEIRA AVANÇADA
171
Porém, o inverso também pode ocorrer! Imagine agora que o custo de 
capital seja 5,5%, mantendo o mesmo lucro e investimentos, teríamos o seguinte 
resultado:
FIGURA 70 – CÁLCULO DO EVA – DESTRUIÇÃO DE VALOR
FONTE: Os autores
Lucro Operacional Líquido após os Impostos (NOPAT) 10.000
(-) Custo de capital (100.000 x 11%) - 11.000
(=) EVA - 1.000
Como o custo médio ponderado de capital da empresa (Capital de 
terceiros + capital próprio) foi superior ao lucro operacional líquido antes dos 
impostos (NOPAT), houve um indicador de que as decisões de investimentos e 
financiamento destruíram valor para o acionista, ou seja, o lucro gerado não foi 
suficiente para remunerar o custo do seu financiamento.
Em resumo, a conclusão para adicionar ou destruir valor pode ser 
visualizada da seguinte forma:
FIGURA 71 – INDICADOR DE ADIÇÃO OU DESTRUIÇÃO DE VALOR
FONTE: Os autores
EVA < Custo de Capital = Valor adicionado
EVA < Custo de Capital = Valor destruído
De acordo com Fernandes (2012, p. 236-237):
Contudo, há de se compreender que o lucro operacional ajustado após 
os impostos se refere ao lucro operacional, sem considerar as despesas 
financeiras e destas aplicar a dedução do Imposto de Renda Pessoa 
Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sob o Lucro Líquido (CSLL). Na 
realidade, os impostos são recalculados, reajustando o lucro devido 
ao valor das despesas financeiras que não compõem as operações 
da empresa, mas sim o seu financiamento, e por este motivo estão 
inclusas no custo de capital.
Entendidos os conceitos que envolvem o Valor Econômico Adicionado 
relacionados à criação e destruição de valor, podemos analisar o caso da Cia. 
VTEX S.A.
172
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
TABELA 5 – DRE AJUSTADA PARA CÁLCULO EVA
FONTE: Osautores
20x1 20x2
DRE Em Mil (R$) Em Mil (R$)
Receita Líquida 472.000 555.900
(-) Custos -140.000 -160.000
(=) Resultado Operacional Bruto 332.000 395.900
Despesas Comerciais -70.000 -80.000
Despesas Administrativas -75.000 -95.000
(=) Lucro operacional Líquido antes dos Impostos 187.000 220.900
(-) IRPJ e CSLL -77.455 -88.846
(=) Lucro operacional Líquido depois dos Impostos 
(NOPAT) 109.545 132.054
(-) Custo de Capital ==> 13,01% em 20x1 e 17,95% em 
20x2 53.229 84.352
(=) EVA (Lucro Econõmico) 56.315 47.702
Observe que ao ajustar o lucro, retirando o custo das despesas financeiras 
e a depreciação, temos que o lucro operacional líquido antes dos impostos passou 
de R$ 169.000 para R$ 187.000 em 20x1 e de R$ 198.900 para 220.900 em 20x2.
Este ajuste gerou um aumento no recálculo dos impostos de IRPJ e CSLL 
e refletiu em um NOPAT de R$ 109.545 em 20x1 e R$ 132.054 em 20x2. 
Deste novo lucro (NOPAT) pode ser deduzido o custo de capital, indicando 
que o lucro econômico gerado pelo EVA foi de R$ 56.315 em 20x1 e R$ 47.702 em 
20x2, mostrando que, além de adicionar valor para o acionista, vem gerando mais 
aumento de valor de um ano para o outro.
Outra forma de avaliar o desempenho pelo EVA seria comparar o retorno 
dos investimentos em relação ao custo do financiamento. Para avaliar o retorno 
do investimento se utiliza o ROI (return on investiment), indicador já estudado e 
que evidencia o retorno econômico em relação aos investimentos (Ativo), ou seja, 
resultante da divisão entre o lucro operacional líquido antes dos impostos e o 
investimento (R$ 109.545 / R$ 409.140) = 0,27 x 100 = 26,77% em 20x1 e em 20x2 
(R$ 132.054 / 469.929) = 0,28 x 100 = 28,10%, logo se presume que o EVA da Cia. 
VTEX S.A. pode ser demonstrado da seguinte forma:
EVA 20x1 = %ROI - %TCC 26,7744% - 13,01% = 13,7644%
EVA 20x2 = %ROI - %TCC 28,1008% - 17,95% = 10,1508%
Como podemos observar, o retorno do investimento (% ROI) da Cia. 
VTEX S.A. se apresentou maior do que a taxa de custo médio ponderado de 
TÓPICO 4 | ANÁLISE FINANCEIRA AVANÇADA
173
capital (%CMPC), gerando um valor econômico adicionado de 13,7644% em 20x1 
e de 10,1508% em 20x2.
O resultado do EVA da Cia. VTEX S.A. ainda pode ser apurado de outra 
forma, como demonstramos a seguir:
EVA = NOPAT (-) [Investimentos do Ativo x % CMPC] 
EVA em 20x1 = R$ 109.545 (-) [R$ 409.140 x 13,01%)  R$ 56.315
EVA em 20x2 = R$ 132.054 (-) [R$ 469.929 x 17,95%)  R$ 47.702
O mais importante para compreender o conceito de valor econômico 
agregado é buscar avaliar o retorno do capital investido em ativos da empresa, 
baseando-se em um indicador econômico, que, deduzidos os efeitos do custo do 
capital, deve remunerar adequadamente seus acionistas.
Contudo, a base de investimentos que deve ser usada para medir esta 
performance é sempre muito discutida. Para fins de apuração do EVA, Padoveze 
(2003, p. 441) esclarece que “pode-se simplesmente tomar como referência o valor 
contábil do ativo; pode-se tomar como referência o Ativo Operacional Líquido, 
[...]. Pode-se tomar como referência o valor econômico da empresa obtido por 
fluxos futuros de caixa descontados no início do período, etc.”. 
Desta forma, o lucro é a melhor medida de eficácia dos resultados 
empresariais, pois sua aferição é feita por meio da mensuração econômica, com 
apuração periódica do valor da empresa, caracterizando o foco da controladoria 
(PADOVEZE, 2003).
3 EBITDA – EARNING BEFORE INTEREST, TAXES, DEPRECIATION 
AND AMORTIZATION OU LAJIDA – LUCRO ANTES DE JUROS, 
IMPOSTOS, DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO
Conhecido no Brasil em sua forma simplificada como LAJIDA (Lucro 
Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), é sempre um indicador 
muito utilizado, principalmente por analistas do mercado financeiro que buscam 
comparar o desempenho operacional de geração de caixa das empresas, sem 
levar em consideração efeitos de dívidas ou atividades não relacionadas com a 
operação da empresa.
O EBITDA é um indicador da capacidade operacional de geração de 
caixa, relacionado com o princípio contábil da competência, é métrica de valor 
econômico, não representando, desta forma, efetivas entradas e saídas de caixa. 
Neste sentido, denota-se a possibilidade de as receitas não se efetivarem e 
despesas não serem desembolsadas no período em que o valor do EBITDA foi 
apurado (FERNANDES, 2008).
174
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
A análise deste indicador evidenciará informações sobre o desempenho 
da empresa isenta dos efeitos tributários e de políticas contábeis referentes às 
depreciações, e quanto maior este valor, melhor será o desempenho de uma 
provável geração de caixa. Conforme explica Fernandes (2012, p. 245), a origem 
deste indicador ocorreu:
Sob a ótica das instituições credoras que emprestam os recursos que 
financiam os investimentos, tendem a utilizar-se do EBITDA para 
avaliar a capacidade operacional das empresas para gerar caixa capaz 
de suportar certo nível de endividamento, considerando ainda o risco 
do recebimento dos juros e amortização total do capital emprestado.
O indicador EBITDA tem como objetivo evidenciar a potencial capacidade 
de geração de caixa de uma empresa, cuja base é a Demonstração de Resultado de 
Exercício ajustada aos efeitos de depreciação e amortização. De acordo com Assaf 
Neto (2000, p. 207):
O EBITDA equivale ao conceito restrito de fluxo de caixa operacional 
da empresa, apurado antes do cálculo do Imposto de Renda. Parte 
das receitas consideradas no EBITDA pode não ser recebida, assim 
como parte das despesas incorridas pode ainda estar pendente de 
pagamento. Logo, essa medida financeira não representa o volume 
monetário efetivo de caixa, sendo interpretada de forma melhor como 
um indicador potencial de geração de caixa proveniente de ativos 
operacionais.
Desta forma, podemos visualizar a fórmula do EBITDA da seguinte forma:
EBITDA = LUCRO ANTES DAS DESPESAS FINANCEIRAS + 
DEPRECIAÇÃO
Neste conceito, então, se utiliza o lucro, excluídas as despesas financeiras, 
que se refere ao reflexo das atividades de financiamentos, mas não relacionadas 
com a atividade operacional da empresa, e a depreciação/amortização são 
gastos que ocorrem na contabilidade, como uma espécie de reserva técnica para 
reinvestimentos, porém não geram desembolso de caixa.
Para melhor compreensão, vamos analisar o caso da Cia. VTEX S.A. 
quanto à geração de EBITDA.
TÓPICO 4 | ANÁLISE FINANCEIRA AVANÇADA
175
FIGURA 72 – APURAÇÃO DO EBITDA DA CIA. VTEX S.A.
DEMONSTRAÇÃO RESULTADO DO EXERCÍCIO 20x1 20x2
Receitas Operacionais 510.000 600.000
(-) Impostos s/ venda -38.000 -44.100
(=) Receita Operacional Líquida 472.000 555.900
(-) Custos dos Produtos Vendidos -140.000 -160.000
(=) Lucro Operacional Bruto 332.000 395.900
(-) Despesas Operacionais -155.000 -185.000
Despesas Comerciais -70.000 -80.000
Despesas Administrativas -75.000 -95.000
Despesas com Depreciação -10.000 -10.000
(=) Lucro Antes Despesas Financeiras 177.000 210.900
(+) Despesas com Depreciação 10.000 10.000
(=) EBITDA ou LAJIDA 187.000 220.900
(-) Despesas Financeiras -8.000 -12.000
(-) Despesas com Depreciação -10.000 198.900
(=) Lucros Antes dos Tributos 169.000 198.900
(-) Impostos s/ Lucro -70.000 -80.000
(=) Lucro Líquido 99.000 118.900
FONTE: Os autores
Com o objetivo de mensurar a capacidade operacional de gerar lucro e, 
consequentemente, caixa, tem-se na análise da CIA. VTEX S.A., que apresentou 
um EBITDA em 20x1 de R$ 187.000 e em 20x2 de R$ 220.900, ou seja, um 
crescimento de 18,13%, porém este crescimento acompanhou o crescimento da 
Receita Operacional Líquida (ROL) que apresentou uma margem de EBITDA em 
relação ao ROL de 39,6% em 20x1 e 39,7% em 20x2.
IMPORTANT
E
Lembre-se de que o EBITDA é obtido pelo resultado do lucro genuinamente das 
operações, ou seja, depois de ajustadas a depreciação e amortização, bem como despesas e 
receitas com juros, que, como redutores da geração de lucro, representam itens que afetam 
o fluxo de caixa operacional.176
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
O conceito de capacidade de geração de caixa torna-se interessante 
avaliar, segundo Fernandes (2012, p. 248), quando em “[...] situações em que a 
despesa financeira pode ser superior à receita financeira, e depois de descontados 
os impostos, pode resultar prejuízo contábil, mesmo que apresente um EBITDA 
com saldo positivo”. 
Neste contexto, mesmo em situações como esta, que apresente um 
resultado financeiro negativo (Despesas Financeiras maiores que Receitas 
Financeiras) e que venha a consumir o lucro líquido, porém consiga produzir 
lucro nas suas operações, o analista pode concluir que o EBITDA da empresa 
produzirá uma capacidade de geração de caixa suficiente para a cobertura dos 
juros e consequente devolução do principal.
Acadêmico! Neste tópico analisamos alguns indicadores importantes 
que identificam o desempenho organizacional e decisões que aumentam o valor 
econômico das empresas que não são identificados pelos indicadores clássicos.
177
Neste tópico vimos que:
• Independente do tamanho ou atividade que execute uma determinada 
empresa, esta necessita de capital de giro para financiar suas operações.
• O valor econômico agregado tem como finalidade aferir e maximizar os ganhos 
marginais dos acionistas.
• O conceito de custo de capital considera, além do custo com capitais de 
terceiros, também os custos com detentores do capital próprio, cuja ponderação 
matemática denomina-se de Custo Médio Ponderado do Capital (CMPC) ou 
Weighted Average Cost of Capital (WACC).
• Quando o CMPC for maior que o lucro operacional ajustado após os impostos 
(NOPAT), indica que as decisões de investimentos e financiamentos destruíram 
valor. Da mesma forma, quando o CMPC for menor que o lucro operacional 
ajustado após os impostos (NOPAT), indica que as decisões de investimentos e 
financiamentos criaram valor para a empresa.
• O indicador EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) 
ou LAJIDA (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), 
como é conhecido no Brasil, é muito utilizado pelos analistas financeiros, pois 
avalia o desempenho operacional da empresa, independente de sua atividade 
econômica e desconsiderando os efeitos das dívidas. Este indicador é obtido 
pelo lucro antes das despesas financeiras, mais depreciação e amortização.
RESUMO DO TÓPICO 4
178
1 A empresa Teoria na Prática S.A. tem uma estrutura de capital formada com 
40% de capital de terceiros de longo prazo, a um custo efetivo igual a 20% a.a. 
Sobre os 60% restantes dos financiamentos, os seus acionistas esperam um 
retorno mínimo de 23% a.a., o que resultou em um Custo Médio Ponderado 
do Capital de 21,80%. Os ativos da empresa totalizam R$ 200 milhões. 
Considerando que a empresa apresentou um lucro operacional depois dos 
impostos igual a R$ 60 milhões, o EVA da empresa será de:
a) ( ) R$ 16,4 milhões.
b) ( ) R$ 13,8 milhões.
c) ( ) R$ 12,0 milhões.
d) ( ) R$ 11,2 milhões.
2 Os administradores da Conexão Rápida S.A., empresa provedora de 
serviços de internet, apresentaram os resultados financeiros do exercício 
20x0: Vendas líquidas: R$ 7.500.000; Lucro Operacional Após os Impostos 
(NOPAT): R$ 1.200.000; Ativo Total: R$ 5.000.000; Custo Médio Ponderado 
de Capital (CMPC): 20%. Para o ano de 20x1, a empresa planeja algumas 
ações, como: aumentar o ativo em 20%, aumentar as vendas em R$ 750.000 
e aumentar a margem de lucro para 10%. O custo de capital (CMPC) é o 
mesmo para 20x1. 
A partir dessas informações, pede-se: 
a) Na situação original, qual o percentual retorno sobre o investimento?
b) A empresa adicionou valor econômico agregado (EVA)?
c) Após as ações propostas, qual o novo valor projetado para o retorno sobre 
o investimento?
d) As decisões tomadas deverão aumentar ou destruir o valor econômico da 
empresa?
3 Complete as lacunas a seguir:
A empresa Tremetudo Ltda. possui um custo de capital (CMPC) de 
25% e seus acionistas esperam uma remuneração superior ao seu custo de 
capital. Os investimentos em ativos da empresa totalizam R$ 300 milhões. A 
empresa apresentou ainda um lucro operacional após os impostos igual a 20% 
da receita e o giro do ativo é de 1,5 vezes. Desta forma, a empresa apresentou 
um valor de vendas de R$ ____________, conforme seu giro de ativo que 
culminou em uma rentabilidade do ativo de __________. O lucro operacional 
após os impostos da empresa foi de R$ ____________ que deduzido custo de 
capital de R$ ____________ e gerou um EVA no valor de R$ ______________ 
para a empresa.
AUTOATIVIDADE
179
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) R$ 450 milhões – 35% - R$ 80 milhões – R$ 75 milhões – R$ 15 milhões.
b) ( ) R$ 450 milhões – 35% - R$ 80 milhões – R$ 85 milhões – R$ 10 milhões.
c) ( ) R$ 450 milhões – 30% - R$ 90 milhões – R$ 75 milhões – R$ 15 milhões.
d) ( ) R$ 400 milhões – 30% - R$ 85 milhões – R$ 75 milhões – R$ 15 milhões.
4 Uma empresa agrega valor em suas decisões operacionais quando gera 
saídas maiores que suas entradas, portanto, informações relevantes sobre 
as etapas dos processos são essenciais para os gestores na geração de lucro. 
Sobre o processo de criação de valor, analise as seguintes sentenças:
I- Quando o retorno do investimento é menor que seu custo de financiamento, 
indica que houve criação de valor.
II- Quando o valor da margem de lucro operacional é superior ao valor do 
custo de capital, o lucro residual indica que houve criação de valor.
III- Quanto maior a taxa do custo de capital, indica que as decisões de 
financiamento estão destruindo valor para a empresa.
IV- Quanto maior o retorno do investimento, indica que as decisões de 
investimentos estão gerando criação de valor.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e IV estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.
c) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
5 Uma empresa vai investir R$ 100.000,00 em um negócio que renderá fluxos 
de caixa nos próximos cinco anos de R$ 30.000,00. O Economic Value Added 
(EVA) identifica a criação de valor no desempenho operacional. Assim, é 
CORRETO afirmar que:
a) ( ) Quanto maior o percentual de EVA, há indicação de destruição de valor 
nas decisões de financiamento e investimentos.
b) ( ) O aumento do custo de capital proporciona um aumento do EVA.
c) ( ) EVA é o resultado da diferença entre o lucro operacional e o investimento 
multiplicado pela taxa de custo de capital.
d) ( ) Reduções na taxa de retorno sobre investimentos aumentam o EVA.
180
181
TÓPICO 5
MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Normalmente, a análise de balanço de uma empresa ocorre no momento 
da avaliação do crédito para a empresa, cuja base são as demonstrações contábeis 
e demais informações relevantes, como o parecer de auditoria e relatório da 
administração.
Há de se observar que mesmo o analista de crédito mais experiente pode se 
surpreender com o iminente pedido de falência logo após a liberação de recursos. 
Neste contexto, de que vale uma análise profunda do balanço, se não for 
capaz de revelar os sintomas de uma insolvência iminente? Ou, quem sabe, a 
culpa não é dos analistas, que não sabem localizar nos demonstrativos os sinais 
da insolvência? (KANITZ, 1978).
Os sinais relatados por Kanitz (1978) de fato existem, pois a capacidade de 
liquidar seus compromissos ocorre muito antes da iminente falência e os balanços 
fornecem informações valiosas que indicam, com certa margem de segurança, a 
probabilidade de que uma empresa se torne insolvente em determinado período.
Podemos, então, inferir que um fator de insolvência se baseia em modelos 
estatísticos classificados e separados em faixas que indicam o grau de risco, 
em determinado período, de que ocorra a probabilidade de insolvência ou 
incapacidade financeira total que resulte na descontinuidade das suas operações.
Logicamente quebaixa liquidez e rentabilidade concomitante com alto 
endividamento não implicam que a empresa está descontinuada, indicam apenas 
um grau de risco, pois mesmo em situação difícil, e aparentemente irreversível, 
muitas vezes consegue adotar políticas eficientes de recuperação financeira.
Caro acadêmico! Vamos agora conhecer alguns modelos de fator de 
insolvência conhecidos no Brasil.
182
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
2 MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
Os modelos de previsão de insolvência idealizados a partir da publicação 
de Eduards Altman, em 1968, marcaram profundas mudanças e despertaram os 
estudos estatísticos baseados na análise discriminante, que significa nada mais 
que separar ou classificar em grupos, neste caso, em solventes e insolventes. 
Os principais modelos desenvolvidos no Brasil relacionados com a 
previsão de insolvência, segundo Matarazzo (2003), são:
2.1 MODELO ALTMANN
Z1 = - 1,44 + 4,03 X 2 + 2,25 X 3 + 0,14 X 4 + 0,42 X 5
Z2 = - 1,84 - 0,51 X 1 + 6,32 X 3 + 0,71 X 4 + 0,53 X 5
Z1 ou Z2 = Total de Pontos Obtidos
X1 = Ativo Circulante - Passivo Circulante / Ativo Total
X2 = Reserva e Lucros Suspensos / Ativos Total
X3 = Lucro Líquido + Despesas Financeiras + IRPJ / Ativo Total
X4 = Patrimônio Líquido / Exigível Total
X5 = Vendas / Ativo Total
FIGURA 73 – PONTO DE CORTE NO MODELO ALTMANN
FONTE: Os autores
Altmann apresentou dois modelos cujo ponto crítico é zero, ou seja, 
quando calculados os índices de x1 a x5, conforme função discriminante de Z1 
ou Z2, e estes forem superiores a zero, a empresa está solvente, e quando forem 
inferiores a zero a empresa está em estado de insolvência.
Z = 1,93 - 0,2 X 33 + 1,02 X 35 + 1,33 X 36 - 1,12 X 37
2.2 MODELO ELIZABETSKY
Z = Total dos Pontos Obtidos
X32 = Lucro Líquido / Vendas
TÓPICO 5 | MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
183
FIGURA 74 – PONTO DE CORTE NO MODELO ELIZABETSKY
FONTE: Os autores
No modelo de Elizabetsky, o ponto de corte é 0,5 da função discriminante 
Z para os índices de X32 a x37, ou seja, quando acima de 0,5 tem-se que a empresa 
é solvente, e abaixo, insolvente.
2.3 MODELO MATIAS
Z = 23,792 x 1 - 8,26 x 2 - 9,868 x 3 - 0,764 x 4 + 9,912 x 6
Z = Total de Pontos Obtidos
X1 = Patrimônio Líquido / Ativo Total
X2 = Financ. e Emprest. Bancário / Ativo Circulante
X3 = Fornecedores / Ativo Total
X4 = Ativo Circulante / Passivo Circulante
X5 = Lucro Operacional / Lucro Bruto
X6 = Disponível / Ativo Total
X33 = Disponível / Ativo Permanente
X35 = Contas a Receber / Ativo Total
X36 = Estoques / Ativo Total
X37 = Passivo Circulante / Ativo Total
FIGURA 75 – PONTO DE CORTE NO MODELO MATIAS
FONTE: Os autores
184
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
Neste modelo o ponto de corte é zero na função discriminante Z, para 
os indicadores de X1 a X6, sendo que acima de zero apresenta um estado de 
solvência e abaixo de zero, insolvência.
2.4 MODELO PEREIRA
Z = 0,722 - 5,124 E23 + 11,016 L19 - 0,342 L21 - 0,048 L26 + 8,605 R13 - 0,004 R29
Z = Total de Pontos obtidos
E23 = Duplicatas Descontadas / Duplicatas a Receber
L29 = Estoques (final) / Custo das / Mercadorias Vendidas
L21 = Fornecedores / Vendas
L26 = Estoques Médio / Custo das Mercadorias Vendidas
R13 = (Lucro Operacional + Desp. Financeira) / (Ativo Total - Investimento 
Médio)
R29 = Exigível Total / (Lucro Líquido + 0,1 Imobilizado Médio + Saldo 
Dev. da Correção Monetária)
FIGURA 76 – PONTO DE CORTE NO MODELO PEREIRA
FONTE: Os autores
No modelo Pereira o ponto de corte da função discriminante também é 
zero, ou seja, acima de zero a empresa é considerada solvente, e abaixo, insolvente.
3 MODELO DE KANITZ
Um dos primeiros modelos de insolvência elaborados no Brasil, por volta 
da década de 1970, tornou-se também um dos mais utilizados, e ficou conhecido 
como modelo de Kanitz.
Kanitz desenvolveu o modelo preditivo de falências baseado nos índices 
extraídos das demonstrações contábeis, utilizando métodos estatísticos através 
da análise discriminante e análise de regressão.
O modelo de Kanitz foi elaborado com base em cinco variáveis, sendo: (i) 
Retorno sem Patrimônio Líquido (RPL), (ii) Liquidez Geral (LG), (iii) Liquidez 
Seca (LS), (iv) Liquidez Corrente e Participação do Capital de Terceiros (PCT).
TÓPICO 5 | MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
185
Além dos indicadores, Kanitz utilizou a análise de regressão para 
determinar sua fórmula que, aplicada sobre as demonstrações contábeis de uma 
empresa isolada, resulta num índice que demonstra no curto prazo, com certa 
margem de segurança, uma provável situação de liquidez (solvência).
A seguir, demonstra-se esta fórmula:
MODELO DE KANITZ
Fi = 0,05 x 1 + 1,65 x 2 + 3,55 x 3 - 1,06 x 4 - 0,33 x 5
Fi = Fator de insolvência = total de pontos obtidos
X1 = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido
X2 = Ativo Circulante + Realizável de longo Prazo / Exigível Total
X3 = Ativo Circulante - Estoques / Passivo Circulante
X4 = Ativo Circulante / Passivo Circulante
X5 = Exigível Total - Patrimônio Líquido
Diferente dos demais modelos, no modelo de Kanitz não há propriamente 
um ponto de corte, mas uma zona ou área crítica.
Conforme explica Matarazzo (2003, p. 240), “a empresa estará insolvente 
se Fi for inferior a -3; a sua situação estará indefinida entre -3 e 0 e acima de 0 
estará na faixa de solvência”, conforme podemos visualizar na figura a seguir.
FIGURA 77 – ZONAS CRÍTICAS NO MODELO DE KANITZ
FONTE: Os autores
Penumbra SolvênciaInsolvência
Neste contexto, segundo o modelo, as empresas situadas na zona abaixo 
de -3 (três) são consideradas como insolventes, quando situadas na zona entre -3 
(três) e 0 (zero) são consideradas como empresa com situação indefinida, portanto, 
estão em uma zona de penumbra. Contudo, quando situadas na zona acima de 0 
(zero) são consideradas como empresas solventes.
186
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
Depois de calculada a fórmula do modelo de Kanitz, o somatório dos 
pontos apresentou um fator de insolvência (Fi) de 4,26, cujo enquadramento 
coloca a Cia. VTEX S.A. na zona de solvência, logo temos uma previsibilidade 
saudável em termos de liquidez.
Fi = 0,05 x X1 + 1,65 x X2 + 3,55 x X3 - 1,06 x X4 - 0,33 x X5 
Fi = 0,05 x 0,419 + 1,65 x 1,304 + 3,55 x 1,007 - 1,06 x 1,203 - 0,33 x 0,655
Fi = 0,020940472 + 2,151663719 + 3,573598211 - 1,274865411 - 0,216236597
Fi = 4,255100393
IMPORTANT
E
Lembre-se! Os fatores de insolvência são modelos preditivos que garantem, com 
certa margem de segurança, a situação da empresa em termos de possibilidade de falência. 
Contudo, não há 100% de assertividade, logo, o analista deve levar em consideração outros 
fatores que julgue relevantes para complementar sua análise.
A questão abordada pelo UNI é de suma importância, visto que vários 
autores já testaram os diversos modelos. Na tabela a seguir veremos os estudos 
de José Pereira da Silva, que Matarazzo (2003, p. 242) descreve da seguinte forma:
TABELA 6 – COMPARATIVO DE DIVERSOS MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA 
COM BASE NA ANÁLISE DISCRIMINANTE
FONTE: Matarazzo (2003, p. 242)
Modelo
% Empresas Solventes
Classificadas corretamente 
pelo modelo
% Empresas insolventes
Classificadas corretamente 
pelo modelo
KANITZ 80% 68%
ALTMANN 83% 77%
ELIZABETSKY 74% 63%
MATIAS 70% 77%
PEREIRA 90% 86%
Para exemplificar este caso, vamos avaliar a empresa Cia. VTEX S.A. neste 
modelo e identificar em que zona se encontra.
TÓPICO 5 | MODELOS DE PREVISÃO DE INSOLVÊNCIA
187
Com o estudo resumido apresentado nesta tabela, pode-se observar que 
nenhum modelo atinge 100% de assertividade, pois, em verdade, nenhuma 
empresa toma decisões lineares, ou seja, cada empresa tem fatos únicos, e estes não 
se comportam sempre da mesma forma. Daí vem a necessidade da sensibilidade 
do analista em perceber comportamentos dos índices das demonstrações contábeis 
que indiquem dificuldades financeiras.188
Neste tópico vimos que:
• A partir do uso de modelos estatísticos, na década de 1960, surgiram modelos 
de insolvência baseados em empresas descontinuadas.
• O fator de insolvência se baseia em modelos estatísticos classificados e 
separados em faixas que indicam o grau de risco em determinado período em 
que ocorra a probabilidade de insolvência ou incapacidade financeira total que 
resulte na descontinuidade das suas operações.
• Baixa liquidez e rentabilidade, concomitante com alto endividamento, não 
implicam que a empresa está descontinuada, indicam apenas um grau de risco, 
pois a recuperação financeira ainda é possível.
• Os modelos de insolvência mais conhecidos são os modelos: Altmann, Matias, 
Pereira, Kanitz.
• Os modelos de insolvência são modelos preditivos que garantem, com certa 
margem de segurança, a possibilidade de descontinuidade, mas não garantem 
100% de certeza, portanto o analista deve levar em conta outros fatores que 
julgue relevantes.
RESUMO DO TÓPICO 5
189
AUTOATIVIDADE
1 Com base nas demonstrações contábeis abaixo, faça a análise do fator de 
insolvência, considerando o modelo de Kanitz para o ano de 20x7.
190
2 Sobre os modelos, assinale a alternativa CORRETA.
 
a) ( ) O modelo de insolvência de Kanitz se baseia no modelo não 
probabilístico.
b) ( ) A previsibilidade dos modelos de insolvência é de 100% de 
assertividade.
c) ( ) No modelo de Elizabetsky o ponto de corte é 0.
d) ( ) No modelo de Kanitz o ponto de corte foi denominado de área de 
insolvência, área de penumbra e área de solvência.
3 O modelo de Kanitz é um dos mais conhecidos no Brasil e foi desenvolvido 
na década de 1970 pelo autor cujo nome foi dado ao modelo. Em relação 
ao modelo de Kanitz, analise as sentenças a seguir e assinale V para as 
verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) O modelo se baseia em cinco variáveis: retorno sem patrimônio 
líquido, liquidez geral, liquidez seca, liquidez corrente e participação de 
capital de terceiros.
b) ( ) Na escala de previsão de insolvência, a área de penumbra está 
localizada entre 2 e -3.
c) ( ) Uma empresa é considerada solvente, segundo o modelo, quando 
atinge um total de pontos superior a zero.
d) ( ) Não há ponto de corte, mas uma área ou zona crítica.
4 Com base nas demonstrações contábeis abaixo, faça análise do fator de 
insolvência, considerando o modelo de Kanitz para o ano de 20x0.
191
192
193
TÓPICO 6
RELATÓRIO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES 
CONTÁBEIS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Inicialmente, será importante compreender qual o objetivo do relatório 
de análise das demonstrações contábeis, pois as informações devem conter 
especificidades para o fim a que se destinam.
Ao discorrer em seu relatório, o analista deve contemplar todas as 
observações que julgou importantes, para que desta forma a informação seja 
levada ao usuário que a desconhece, ou mesmo não possui, tecnicamente, 
condições de detalhar o estado patrimonial de uma empresa.
 
Na unidade anterior vimos que existem diversos interessados nas 
informações das demonstrações contábeis, como: fornecedores, concorrentes, 
investidores, governo e agentes do mercado financeiro. Cada um destes pode 
requerer informações específicas acerca da empresa analisada, o que torna difícil 
apresentar um modelo de relatório de análise das demonstrações contábeis. 
Apresentaremos uma estrutura básica, espinha dorsal do relatório, mas 
cabe ao analista, com base em sua criatividade, desenvolver um modelo adequado 
que atenda às expectativas de seus usuários.
2 PASSOS PARA ELABORAR UM RELATÓRIO DE ANÁLISE
Para que um relatório de análise seja elaborado com qualidade, sua 
informação gerada deve ser fidedigna, precisa, e que os fatos sejam coerentes 
com as conclusões e decisões elencadas.
Também é muito importante, num relatório de análise, demonstrar a 
situação atual e, com base nos históricos, ressaltar as tendências deste panorama 
observado. 
Exemplo: o indicador de liquidez da empresa ABC mostra situação 
favorável em 20x2 e, comparativamente com os anos 20x0 e 20x1, percebe-se a 
melhora gradativa da liquidez da empresa.
194
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
Outro ponto forte de uma análise é apontar as fraquezas identificadas no 
desempenho da empresa, bem como os pontos fortes também merecem destaque.
Exemplo: Na análise da rentabilidade se observa que o retorno do 
ativo (ROI) apresentou crescimento inferior ao seu custo de capital, indicando 
ineficiências nas decisões financeiras de investimento e financiamento da empresa 
em termos de criação de valor.
Os textos da análise devem ser elaborados com clareza e objetividade, 
textos enxutos, mas que indiquem precisamente o que se quer transmitir.
Para facilitar o entendimento do usuário interessado na informação, a 
visualização gráfica é uma boa técnica para dar ênfase a determinada informação 
relevante.
É importante comentar que a profundidade de uma análise está 
contemplada nos objetivos propostos, pois um relatório pode se embasar 
apenas em indicadores básicos (liquidez, estrutura de capital e rentabilidade/
lucratividade) ou buscar informações mais complexas, como análise de fluxo 
de caixa, indicadores de criação de valor, necessidade de capital de giro, ciclo 
operacional e financeiro, entre outros.
De forma resumida, podemos então concluir que um bom relatório de 
análise deverá ter:
a) Clareza e objetividade, estas são fundamentais na elaboração de um relatório 
de análise; desta forma, o analista deve ressaltar as informações relevantes 
que julgar necessárias para tomada de decisão de seu usuário interessado no 
relatório.
b) A visualização gráfica, pois figuras e tabelas facilitam o entendimento do 
usuário interessado na informação, são sempre muito bem aceitas nos 
relatórios, porém deve-se observar a qualidade da estrutura e clareza desta 
forma de comunicação.
c) A explicação do contexto de uma análise, o qual deve ser o mais claro e objetivo 
possível; logo, palavras desnecessárias devem ser evitadas, pois apenas poluem 
os relatórios.
d) Palavras breves e de fácil compreensão, pois o uso de palavras do dicionário 
sem uso recorrente deve ser evitado, prefira palavras que tenham o mesmo 
significado.
e) Uma apresentação e uma estrutura lógica e bem detalhada que levem o leitor à 
compreensão do relatório como um todo; portanto, iniciar com breve sumário 
pode torná-lo mais agradável ao usuário interessado, permitindo que se dirija 
mais facilmente à parte do relatório que mais lhe convém.
TÓPICO 6 | RELATÓRIO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
195
Desta forma, um relatório bem elaborado e com qualidade possibilitará ao 
usuário interessado na informação compreender de forma simples, para tomada 
de decisão, todas as informações que tecnicamente não conseguiria elaborar.
3 ESTRUTURA DE UM RELATÓRIO DE ANÁLISE
Na composição de um relatório de análise das demonstrações contábeis, 
além das observações relatadas no item anterior, a padronização das informações 
também é interessante de ser observada.
Contudo, lembramos que o relatório deve atender à especificidade do 
usuário interessado na informação e, portanto, adaptações podem ser feitas.
Para compor esta estrutura, o relatório pode ser dividido em: (i) introdução, 
(ii) sumário, (iii) conclusão e recomendações, (iv) corpo e (v) anexos.
3.1 INTRODUÇÃO
A introdução tem por finalidade expor ao leitor qual o objetivo da análise, 
contextualizar a empresa analisada, bem como suas demonstrações contábeis, 
portanto poderá ser composta da seguinte forma:
a) Quanto ao objetivo da análise: atender ao nível de complexidade das 
informações do relatório.
b) Informações da empresa: relatar, por exemplo, a composição da diretoria 
executiva, informações relevantes sobre o estatuto social e suas alterações, a 
composição do capital social, bem como a evolução, participações em outras 
empresas, entre outras.
c) Informações contábeis: apresentar as demonstrações contábeis, 
preferencialmentedos três últimos exercícios sociais.
3.2 SUMÁRIO
O sumário tem por finalidade expor, de forma resumida, os pontos 
relevantes identificados nas análises em relação às seguintes descrições:
a) Análise Horizontal e Vertical.
b) Análise dos índices calculados no relatório.
196
UNIDADE 2 | ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE BALANÇOS
3.4 CORPO
Nesta parte do relatório a finalidade é descrever de forma detalhada o 
que foi resumido no sumário. O sumário tem como objetivo chamar a atenção do 
leitor para os principais fatos observados. Ao se interessar, o leitor poderá obter 
os detalhes no corpo do relatório, que poderá ser composto da seguinte forma:
a) Análise Conjunta Vertical e Horizontal: através da comparação das contas 
do ativo, passivo e de resultado entre os períodos observados, analisar 
conjuntamente a evolução e participação (relevância no contexto analisado) 
que contribuíram para o desempenho da empresa analisada.
b) Análise Financeira: analisar de forma detalhada sobre a liquidez da empresa e 
seu desempenho, favorável ou não, em relação aos níveis de endividamento, 
bem como sua forma em curto ou longo prazo, se a empresa financia suas 
operações com perfil de capital próprio ou de terceiros e se os investimentos 
realizados em imobilizados são com recursos próprios ou de terceiros.
c) Análise Econômica: analisar a lucratividade da empresa, em termos 
de desempenho operacional e desempenho líquido, taxa de retorno do 
investimento em ativos (TRI) e retorno aos acionistas, quanto à taxa de retorno 
do patrimônio líquido (TRPL).
d) Rotatividade do giro: analisar a capacidade operacional da empresa com base 
nos prazos médios de estocagem, recebimentos e pagamentos, destacando 
a evidência em seu ciclo pela capacidade de financiamento ou não de suas 
operações com seu próprio ciclo de operações.
e) Alavancagem financeira e operacional: analisar os reflexos da utilização dos 
recursos próprios ou de terceiros para a alavancagem nos lucros da empresa.
f) Análise Complementar: analisar mais aprofundadamente, visando mensurar 
a necessidade de capital de giro, bem como sua exposição ou folga financeira 
existente, avaliação do comportamento das ações da empresa e evidenciação 
da situação de solvabilidade da empresa, com os fatores de insolvência como o 
modelo de Kanitz, entre outros indicadores de desempenho de contexto geral 
ou específico, como criação de valor econômico agregado ou EBITDA.
3.3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Na conclusão e recomendações, a finalidade é emitir a opinião conclusiva 
do analista e sugerir recomendações para corrigir distorções, baseadas nos 
pontos mais importantes observados sobre a situação econômica, financeira e 
patrimonial da empresa analisada.
TÓPICO 6 | RELATÓRIO DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
197
3.5 ANEXOS
Esta parte do relatório de análise das demonstrações contábeis se destina a 
anexar todos os documentos que deram suporte à análise, mas que num contexto 
geral são apenas complementares, como: relatório técnico volumoso, planilhas e 
quadros auxiliares de cálculos de indicadores que serviram de base.
198
Neste tópico vimos que:
• A elaboração de um relatório de análise das demonstrações contábeis, 
elaborado com qualidade, deve apresentar fatos coerentes com suas conclusões 
e recomendações.
• Deve apresentar a situação atual com base nos dados históricos, diagnosticando 
as tendências com base nas observações.
• Deve apontar as fraquezas e destacar os pontos fortes.
• Também deve ser apresentado sob forma gráfica, para facilitar o entendimento 
do usuário das informações mais relevantes.
• Alguns aspectos importantes na elaboração de um relatório de análise devem 
ser considerados, como: clareza e objetividade, visualização gráfica, uso de 
palavras do dicionário sem uso recorrente deve ser evitado e o relatório deve 
ser apresentado em uma estrutura lógica e bem detalhado.
• A estrutura de um relatório de análise pode ser composta de: introdução, 
sumário, conclusões e recomendações, descrição do corpo e anexos.
RESUMO DO TÓPICO 6
199
1 Sobre o relatório de análise das demonstrações contábeis, assinale a 
alternativa CORRETA.
a) ( ) O relatório de análise deve ser preparado para a finalidade a que se 
destina.
b) ( ) As conclusões e recomendações não apresentam coerência com os fatos.
c) ( ) Deve-se apontar as fraquezas no relatório, os pontos fortes são optativos.
d) ( ) Informação gráfica não é relevante em termos de apresentação de 
relatório.
2 O relatório de análise das demonstrações contábeis possui uma estrutura e 
determinadas características. Sobre sua estrutura e características, analise as 
sentenças a seguir e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) São partes que compõem a estrutura de um relatório de análise: 
introdução, sumário, conclusão e recomendação, corpo e anexos.
b) ( ) Clareza e objetividade são fundamentais para a elaboração de um 
relatório de análise.
c) ( ) O sumário não compõe a estrutura de um relatório de análise.
d) ( ) O anexo se destina a discorrer sobre as conclusões e recomendações do 
relatório.
AUTOATIVIDADE
200
201
UNIDADE 3
PROCESSO DE CRÉDITO, 
GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE 
PARECERES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• conhecer os critérios importantes na análise de crédito;
• identificar os riscos envoltos nos pagamentos futuros de um crédito;
• conhecer os limites de crédito em função da capacidade de pagamento de 
um devedor;
• comparar as diversas garantias possíveis que possam encaixar nas opera-
ções de crédito;
• saber os critérios necessários para desenvolver a elaboração de pareceres;
• compreender como ajudam as ferramentas estatísticas;
• discernir entre as diferentes classificações de ratings de crédito.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos e no final de cada um deles você 
encontrará atividades que o ajudarão a fixar os conhecimentos estudados.
TÓPICO 1 – ANÁLISE DE CRÉDITO
TÓPICO 2 – RISCOS E LIMITES DE CRÉDITO 
TÓPICO 3 – GARANTIAS NAS OPERAÇÕES
TÓPICO 4 – ELABORAÇÃO DE PARECERES
202
203
TÓPICO 1
ANÁLISE DE CRÉDITO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Depois de ter estudado análise de balanços patrimoniais, índices 
financeiros, giro de capital, entre outros dados importantes para analisar a 
capacidade de pagamento de um negócio, você deve estar se perguntando quais 
poderiam ser alguns pontos importantes que devem ser considerados na análise 
de crédito, certo?
No primeiro tópico desta última unidade vamos estudar especificamente 
a análise de crédito, que vem a ser quesito fundamental na gestão e na eficácia da 
concessão do crédito em si. Essa análise foca:
• Nos objetivos e conceito.
• Nos fundamentos da análise de crédito.
• No peso do bom senso.
• No processo de decisão na concessão de crédito.
• No impacto dos 4 “C” no momento da análise.
• Nas documentações, dados cadastrais e seguranças necessárias, a fim de 
manter uma boa gestão durante o período de tempo do crédito.
2 OBJETIVOS E CONCEITO 
Além dos serviços de crédito do mercado financeiro, as empresas 
industriais e comerciais também oferecem crédito para seus clientes, com o intuito 
de aumentar o volume de suas vendas. Assim, muitas delas têm que desenvolver 
objetivos, estratégias e opções de crédito aos clientes. Vendas a prazo, que é 
refletido nas contas a receber.
Entre os principais objetivos da análise de crédito para uma empresa 
comercial e/ou instituição financeira está a identificação dos seguintes pontos:
• Os riscos a serem tomados no momento da concessão de crédito.
• Histórico creditício e de pagamentos do devedor, para analisar o 
comprometimento deste.
• A capacidade de pagamento, ou seja, a capacidade de gerar caixa do devedor.
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
204
• A melhor estrutura, períodos e tipos de pagamento em vistas de: suprir as 
necessidades financeiras do devedor, minimizar o risco e maximizaros lucros 
da gestão de crédito.
Levando isso em consideração, pode-se identificar o crédito como a 
vontade de ceder e dispor recursos financeiros, ou bens, a fim de satisfazer as 
necessidades diversas de recursos de um terceiro. Isso, tendo a expectativa de 
que esses recursos voltem com acréscimo de juros à sua posse num tempo já 
determinado no momento de conceder o crédito. Segundo Schrickel (2000, p. 21 ):
[...] crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém em destacar 
ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, 
com a expectativa de que esta parcela volte à sua posse integralmente, 
após decorrido o tempo estipulado. Esta parte do patrimônio pode 
estar materializada por dinheiro (empréstimo monetário) ou bens 
(empréstimo para uso, ou venda com pagamento parcelado, ou a 
prazo).
Agora que você estudou sobre o conceito de crédito, vamos continuar a 
leitura aprendendo sobre os Fundamentos da Análise.
3 FUNDAMENTOS DA ANÁLISE
Na estrutura creditícia é necessário o desenvolvimento de critérios a 
serem estabelecidos, a fim de fazer uma boa gestão do processo de crédito. Esses 
critérios consideram os seguintes diagnósticos:
• Análise Retrospectiva 
Abordando a avaliação histórica do potencial devedor, aqui vai se 
identificar:
• Capacidade histórica de pagamento ou de gerar caixa.
• Riscos próprios de sua atividade econômica, e como o devedor atenuou-os no 
passado.
• Possíveis dificuldades ou questionamentos acontecidos no passado que possam 
influenciar na concessão de crédito.
• Análise de Tendências
Abordando projeção das condições financeiras futuras do devedor, em 
função de dar conta do peso de endividamento a ser considerado na análise de 
crédito.
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE CRÉDITO
205
• Capacidade Creditícia
Ponderando as duas análises acima expostas, ou seja, é uma análise de 
retrospectiva e de tendências, em função:
• Do grau de risco do devedor e dos riscos externos.
• Da capacidade de fluxo de caixa do devedor, ou seja, de gerar dinheiro no 
futuro. Isso com o intuito de levantar uma proposta de crédito que supra as 
necessidades do devedor, minimize os riscos e maximize também o potencial 
de lucro da operação.
Observe-se que além dessa análise, é preciso ponderar que há a necessidade 
de se ter uma política de cobrança bem estruturada, pois a gestão de crédito e 
cobrança é muito importante para o sucesso da operação creditícia. Assim, nessa 
política de cobrança deve-se considerar: Índices de inadimplência, feedback das 
condições financeiras do devedor, prazos de cobrança etc. Todos esses quesitos 
da política de cobrança serão abordados mais adiante nesta unidade.
4 O BOM SENSO E O PROCESSO DE DECISÃO
Na maioria das situações não é só questão de ter todas as informações 
do sujeito de crédito para se ter uma perspectiva certa do sucesso da operação 
de crédito. Existe também a necessidade de analisar as diversas situações com 
sentido lógico e ter uma ponderação geral dos riscos e potencialidades do negócio 
creditício.
A análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão e 
crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e 
informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de 
analisar logicamente situações, não raro complexas, e chegar a uma 
conclusão clara, prática e factível de ser implementada. (SCHRICKEL, 
2000, p. 27) 
Do expressado acima, fica claro que o objetivo é procurar uma ótima 
decisão, e não só efetuar um mero relatório com todas as informações possíveis do 
sujeito de crédito. Ótima decisão que deve ter o “bom senso”, em que o relatório 
deve considerar o contexto como um todo, ponderando o potencial lucro da 
operação versus as incertezas internas e externas do potencial devedor.
Para se atingir isso, há uma prática padrão nas operações de crédito para 
se ter uma decisão ótima no momento de aceitar ou rejeitar uma concessão de 
crédito. Essa prática padrão no negócio de crédito é a análise dos 4 “C” de Crédito. 
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
206
4.1 OS 4 “C” DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO
Partindo da base de que para se ter uma decisão ótima deve-se desenvolver 
confiança com o sujeito de crédito, é necessário levar em consideração:
• A vontade real do credor de liquidar os créditos dentro dos prazos negociados.
• As competências, habilidades e recursos do credor para honrar o potencial crédito.
Esses dois pontos são a base para começar uma análise séria do processo 
de concessão de crédito; assim, o analista de crédito deverá se perguntar mais 
uma vez:
• Será que existe a vontade de pagar?
• Será que existem recursos e fluxo de caixa suficiente para cumprir o pagamento?
A vontade real de pagar pode ser analisada desde a perspectiva do 
caráter do credor. Se o sujeito de crédito tem caráter, e por algum motivo apronta 
problemas no futuro, é muito provável que ele cumpra com a dívida e os prazos 
estabelecidos.
A habilidade de pagamento pode ser analisada desde a perspectiva da 
capacidade de gerar caixa e os recursos necessários. Se o sujeito de crédito tem 
essas habilidades é provável que ele cumpra, sem maiores problemas, com a 
dívida e os prazos estabelecidos.
Falamos que é “provável” nas duas situações expostas acima, porque, 
para que seja “muito provável” o pagamento do crédito, devem existir essas duas 
condições juntas. Se só houver uma das duas, logo, o crédito pode ter mais chances 
de não ser pago ou ter sérios problemas de atrasos nos prazos estabelecidos. 
Essas duas situações podem ser analisadas com profundidade, observando os já 
conhecidos 4 “C” de Crédito, ou seja: Caráter, Capacidade, Capital, Condições.
4.1.1 C.1 Caráter 
Dos 4 “C” é considerado o mais importante, pois com um caráter firme, o 
credor terá determinação de pagar e cumprir os prazos estabelecidos. Mas como 
pode ser determinado o caráter de um potencial devedor?
• O emprestador deverá fazer uma investigação de todos os antecedentes através 
da ficha cadastral.
A ficha cadastral permite angariar informações sobre a identificação e 
qualificação do indivíduo (nome, endereço, registros, profissão etc.) e 
sobre as experiências de outros credores em suas relações comerciais 
com o mesmo (pontualidade nos pagamentos, apontamentos e 
protestos etc.) (SCHRICKEL, 2000, p. 49).
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE CRÉDITO
207
Embora esse registro seja muito importante, é necessário sempre ir além 
dessas informações. O emprestador tem que se focar num conjunto de dados 
adicionais de cunho mais subjetivo, tais como: segmento social do devedor, 
cultura e hábitos, suas relações e ambições profissionais, posturas e éticas 
familiares, entre outros.
Essa análise do caráter pode determinar, em caso de existir situações 
complicadas no futuro, se o devedor terá a capacidade e pragmatismo de contornar 
as dificuldades em vistas de cumprir a dívida. Pode-se dizer que é nessas situações 
que o caráter das pessoas é testado, ou seja, determina a capacidade de encarar 
situações adversas e até muito complexas no futuro.
4.1.2 C.2 Capacidade 
Em termos de comportamento do devedor em função da sua competência 
de cumprir a dívida, o caráter determina a vontade de pagar, mas a capacidade 
determina a habilidade de pagar. Um devedor pode ter toda a vontade e caráter 
para encarar o pagamento, mas será que ele tem realmente as capacidades, ou 
meios, de fazer frente aos pagamentos da dívida? Neste quesito, Schrickel (2000, p. 
50) expõe uma série de perguntas a serem feitas ao potencial devedor:
• Qual sua idade?
• Qual é seu grau de educação?
• Qual é sua formação (acadêmica, se for o caso)?
• Qual é sua experiência profissional?
• Como foi construída sua carreira profissional?
• Ele é um indivíduo de sucesso?
• Membros de sua família sempre atuaram (ou já atuaram) no setor a 
que está se dedicando no momento?
• Ele é mais ou menos capaz comparativamente a outros indivíduos 
de seu setor de atividade? Ele exerce algum tipo de liderança em seu 
setorde atuação?
• Ele tem algum passatempo ou hobby que, além de custoso, é 
perigoso? [...]
Todas essas e mais outras perguntas, dependendo do caso, vão determinar 
a capacidade, e os meios, para cumprir a dívida. Em situações em que o crédito 
seja para uma empresa, claro, o foco das capacidades muda de perspectiva, e 
terão que ser colocadas na análise perguntas mais específicas para essa empresa. 
Entretanto, nesses casos o caráter e a capacidade do representante da empresa 
podem ser muito importantes também.
Hoje em dia é muito importante ponderar a capacidade, pois as relações 
econômicas são bem complexas e dinâmicas, mudando continuamente; a 
competição e as pressões de consumo são muito fortes, exigindo desses potenciais 
devedores competência e poder de adaptação. Nesse contexto, pesam bastante a 
educação, o treinamento e a experiência prática das pessoas. Assim, é interessante 
observar: estabilidade de empregos, cargos e responsabilidades, nível de educação 
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
208
e cursos de capacitação na área de atuação desse indivíduo em específico, sujeito 
de crédito.
Antigamente a capacidade estava mais ligada ao histórico familiar e às 
relações sociais do devedor.
Grande parcela das decisões dos emprestadores repousava na 
reputação familiar do tomador potencial. A tradição das gerações 
passadas é que dava suporte, e mesmo “bancava” as decisões de 
emprestar. Porém, esse cenário mudou significativamente a partir 
do processo de aceleração da industrialização do país. (SCHRICKEL, 
2000, p. 51)
4.1.3 C.3 Capital
O patrimônio do sujeito de crédito é um grande referente como respaldo às 
operações de crédito dos devedores. Se o sujeito de crédito não possui patrimônio 
ou capital, como poderá honrar os compromissos? 
Será que o capital ou renda do devedor podem ser um bom referente para 
o cumprimento da potencial dívida? Sim, mas sempre dependerá da situação.
• Além da capacidade de gerar caixa, ou liquidez, no caso de empréstimos para 
o setor comercial ou produtivo, o capital da empresa é um referente muito 
importante. 
• No caso de empréstimo para pessoas físicas, a capacidade de gerar renda é um 
quesito fundamental. 
No referente aos empréstimos para pessoas físicas, a maioria dos 
solicitantes de crédito pessoal retém pouco capital. Patrimônio que é representado 
por meio de bens móveis ou imóveis. Portanto, nesse contexto de falta de capital 
próprio, em muitas das situações a decisão do crédito baseia-se na renda, e como 
respaldo à operação de crédito o mesmo bem a ser comprado.
Já no caso dos empréstimos focados ao setor produtivo e comercial, o foco 
é no Balanço Patrimonial como referente, portanto, é quesito básico fazer uma 
análise de: Balanço e resultados, patrimônio, capacidade de gerar lucro, nível de 
alavancagem financeira (percentagem de dívida do negócio) e fluxo de caixa. 
Além disso, é necessário analisar dentro da estrutura financeira do negócio 
quanto dos recursos próprios está investido em ativos fixos. Desse modo, ter a 
capacidade de ponderar a capacidade instalada, qualidade dessas instalações, 
bens assegurados, capacidade de ampliação, se necessário, etc.
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE CRÉDITO
209
Todo esse contexto geral da análise do negócio é um referente da qualidade 
do capital da empresa, portanto, um referente para o pagamento da potencial 
dívida a ser contratada. É fundamental fazer esse estudo da empresa e pesquisar, 
se for necessário, pois nem todas as empresas são de grande tamanho e têm todas 
as informações disponíveis. Assim, cabe ao emprestador ter as competências 
necessárias para analisar objetivamente a qualidade do capital.
4.1.4 C.4 Condições
O último dos quatro “C” aborda o tema das condições dos fatores externos, 
adversos e sistemáticos, que podem impactar nas atividades do devedor, portanto, 
na sua capacidade de pagamento. Fatores externos que abrangem: 
• Situações macroeconômicas: inflação, taxa de câmbio, crises internacionais, 
índices de desemprego geral, crescimento econômico do país e da região, taxas 
de juros, entre outros.
• Situações microeconômicas: competitividade da indústria em que o devedor 
está inserido, incentivos específicos para esse setor produtivo, perspectivas do 
mercado, ameaças da concorrência etc.
Tanto os fatores externos adversos e sistemáticos podem desencadear 
uma situação de risco muito forte na capacidade de pagamento do devedor. Ou 
seja, esses fatores podem agravar a sensibilidade da capacidade de pagamento 
em função da dívida a ser contratada. Desse modo:
A atenção nessa informação é de extrema importância para a 
determinação do risco total de crédito, uma vez que, dependendo 
da importância do fator sistemático – exemplo típico de situação 
recessiva com aumento da taxa de desemprego e redução do nível de 
atividade econômica -, o credor poderá enfrentar sérias dificuldades 
para receber o crédito (SANTOS, 2010, p. 33).
UNI
Você sabe qual a diferença entre situações econômicas adversas e sistêmicas?
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
210
• Uma situação econômica adversa pode ser o mal estado geral das estradas no 
Brasil, que diminui a competitividade industrial e das exportações brasileiras, 
tais como de soja ou de milho. Situação muito adversa, se comparar com as 
boas estradas dos exportadores de soja e milho dos Estados Unidos.
• Uma situação econômica sistêmica pode ser a permanente pressão da inflação 
na economia brasileira, decorrente do alto gasto público, pouca produtividade 
da mão de obra, entre outros fatores.
4.1.5 Colateral
Embora não seja considerada parte dos 4 “C” fundamentais das operações 
de crédito, pode ser uma peça muito importante para garantir ainda mais a 
recuperação do capital emprestado, ou seja, um “pronto-socorro”. 
Mas qual será o significado de colateral creditício? Significa ter uma 
garantia tangível, tais como garantia pessoal, bens imóveis ou bens mobiliários. 
Mas lembre-se, o colateral não deve ser considerado como fonte principal 
de pagamento da dívida, mas sim como uma garantia de repago em situações 
muito adversas ao devedor. Deste modo:
O Colateral, numa decisão de crédito, serve para contrabalançar e 
atenuar (apenas atenuar, enfatize-se) eventuais impactos negativos 
decorrentes do enfraquecimento de um dos três elementos: Capacidade, 
Capital e Condições. Este enfraquecimento implica maior risco e o 
Colateral presta-se a compensar esta elevação das incertezas futuras 
quanto ao repagamento do crédito. (SCHRICKEL, 2000, p. 55, grifos 
do original)
5 DECISÕES ANALISANDO OS 4 “C” NAS OPERAÇÕES 
DE CRÉDITO 
Entre os 4 “C’” estudados, os dois primeiros são fundamentais, Caráter e 
Capacidade, para se ter uma visão geral da competência do devedor em cumprir 
com o contrato de crédito. Se um deles estiver com problemas, cabe ao credor 
negar o crédito, ou exigir maior peso nos outros 4 “C” a serem analisados.
Os outros dois “C”, Capital e Condições, servem para complementar 
os dois primeiros, Caráter e Capacidade. Em termos de análise, deve-se focar 
a decisão de concessão do crédito numa ponderação desses 4 “C”; uma decisão 
fundamentada em apenas um dos 4 “C” provavelmente poderá gerar dificuldades 
no pagamento da dívida. 
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE CRÉDITO
211
6 SEGURANÇA NA DOCUMENTAÇÃO DAS OPERAÇÕES
Além de fazer uma análise da concessão de crédito, deve-se também 
conferir que toda a documentação esteja alinhada com as condições estabelecidas. 
“Toda situação de empréstimo implica, inicialmente, a total compreensão quanto 
à finalidade do crédito em si e sua adequada e oportuna fonte de repagamento” 
(SCHRICKEL, 2000, p. 86).
Apesar de que as garantias não possam substituir a capacidade das fontes 
de repagamento, elas servem para atenuar as incertezas de acontecimentos 
imponderáveis e não controláveis, tanto para um devedor pessoal como para 
uma empresa. Nesse sentido, o nível de garantias e a qualidadedestas são 
fundamentais para manter um portfólio de crédito com riscos minimizados.
Para créditos sem colateral, o nível de garantia está baseado 100% na 
documentação do devedor e, se houver, do aval pessoal. Nesses casos a pressão 
formal e legal da cobrança tem que ser fundamentada na documentação e no 
contrato de dívida assinado pelas partes.
Desse modo, tanto para os créditos com e sem colateral é fundamental 
que os documentos estejam em ordem, tais como:
• dados cadastrais certos;
• dados conferidos e atualizados;
• colaterais reais com comprovação de existência,
• seguros em ordem.
Pois, se houver dificuldades nos pagamentos futuros, são precisamente 
esses documentos que vão servir de base para qualquer ação e pressão formal e 
legal.
Durante o tempo (ou vida) do crédito é fundamental a correta gestão da 
custódia desses documentos, contrato de empréstimo e garantias. Assim, é quesito 
fundamental manter atualizada essa documentação. Exemplo disso é o seguro de 
uma garantia real, que deve ser renovado a cada ano. Toda essa documentação 
deve ser mantida num local apropriado e bem seguro. 
Temos que levar em consideração que é precisamente essa documentação 
que poderá servir para botar pressão formal e legal ao devedor quando este se 
Finalmente, o Colateral visa principalmente fortalecer ainda mais a análise 
dos 4 “C”, se no caso for necessário. E dependendo do tipo de crédito, é requisito 
da concessão em si, tal como um crédito para a compra de um carro ou de uma 
casa. Mas lembre-se: nunca se deve tomar uma decisão de crédito fundamentada 
no colateral.
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
212
encontrar com seus pagamentos em atraso. Finalmente, em casos do não pagamento 
total e definitivo da dívida, esses documentos poderão servir para qualquer ação 
legal em vistas de recuperar pelo menos o capital emprestado. Assim, em poucas 
palavras, é fundamental sua correta gestão durante a vida do crédito.
6.1 INFORMAÇÕES E DADOS CADASTRAIS
As informações e dados dos devedores são bem pessoais e devem ser 
mantidos com acesso restrito, assim sua confidencialidade deve estar sob o estrito 
controle, fazendo gestão de níveis de acesso. Portanto, a circulação destes dentro 
da instituição financeira deve ser feita só pelo pessoal estritamente autorizado.
É tão importante a correta custódia do sigilo dos devedores que existem leis 
específicas para garanti-la. Situação explícita na Lei n° 4.595, de 31 de dezembro 
de 1964, nos artigos 38 e 39, como exposto a seguir.
Art. 38. As informações financeiras conservarão sigilo em suas 
operações ativas e passivas e serviços prestados.
§ 1° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder 
Judiciário, prestados pelo Banco Central do Brasil ou pelas instituições 
financeiras, e a exibição de livros e documentos em Juízo, se revestirão 
sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso as 
partes legítimas da causa, que deles não poderão servir-se para fins 
estranhos à mesma. [...]
§ 7° A quebra do sigilo de que trata este artigo constitui-se em crime e 
sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, 
aplicando-se, no que couber, o Código Penal e o Código de Processo 
Penal, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.[...]
Art. 39. Aplicam-se às instituições financeiras estrangeiras, em 
funcionamento ou que venham a se instalar no país, as disposições 
da presente lei, sem prejuízo das que contêm na legislação vigente 
(BRASIL, 1964). .
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE CRÉDITO
213
LEITURA COMPLEMENTAR
O consumo consciente do dinheiro e do crédito
Hélio Mattar
(Diretor-presidente do Instituto Akatu)
Nossa geração é a primeira na história da humanidade que corre o risco 
de deixar como herança uma situação social e ambiental pior do que aquela que 
recebeu.
Os índios bolivianos costumam dizer que tomamos a terra emprestada aos 
nossos filhos e precisamos devolvê-la a eles melhor do que quando a recebemos. 
No nosso caso, estamos correndo o risco, nós todos, de deixar uma situação social 
e ambiental pior. De uma forma alarmante, desde 1960, a humanidade saiu de uma 
situação em que se consumia metade dos recursos que a Terra consegue renovar, 
para um consumo atual que é 20% maior do que a Terra é capaz de suprir de uma 
forma sustentável. Se todos os habitantes do planeta consumissem como os dos 
países ricos, seriam necessários quatro planetas para suprir toda essa demanda.
O consumo e o dinheiro passaram a ser o centro da vida das pessoas em 
geral, subordinando a vida ao trabalho e não o inverso. Com isso, ficaram limitados 
os tempos da amizade e da afetividade. Vivemos no que se poderia chamar de 
“neurose do excesso”, na qual, concomitantemente, não há limites para faltas. A 
necessidade de consumo alimenta nas pessoas uma percepção muito limitada em 
relação ao mundo sobre o qual estão sendo construídas essas bases do futuro. Um 
mundo em que o consumo e a insatisfação estão de mãos dadas em uma espiral sem 
fim. Para que o fim não seja uma crise de proporções inimagináveis – basta ver a 
questão do aquecimento da Terra, que afeta a todos – será necessária uma mudança 
de comportamento que redefina a vida de todos e modifique, substancialmente, 
as relações sociais. Espero que estejamos com esse caminho da mudança de 
comportamento. Este projeto está voltado para esse propósito.
Vivemos um momento que podemos caracterizar como o de dinheiro e 
consumo como um fim em si mesmos e não como meios para o bem-estar de todos. 
Vivemos um paradigma de acumulação de bens e de dinheiro em um processo em 
que alguns ganham muito e outros não têm o que perder. Um processo que mexe 
com os temores, as incertezas e as carências de todos indistintamente, tanto os que 
têm mais, como os que têm menos. Há um aprofundamento contínuo do impulso 
de acumulação, em vez de um impulso de solidariedade. A própria identidade 
das pessoas define-se pelo dinheiro e pelo consumo, criando uma verdadeira 
obsessão, na qual o dinheiro e o consumo são buscados cada vez menos pelas 
necessidades objetivas e cada vez mais pelas necessidades do imaginário, pelo 
menos na população que tem melhor poder aquisitivo.
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
214
Um programa de televisão do início da década de 1990, que depois foi 
transformado no livro Affluenza, de John de Graaf, mostra dados impressionantes 
sobre o que é chamado de “epidemia do superconsumo” nos Estados Unidos, um 
mal que assola a maioria dos norte-americanos, provocando um ciclo perverso 
de consumo, endividamento e estresse. Alguns dados realmente impressionantes 
mostram o seguinte: os norte-americanos carregam uma dívida de um trilhão 
de dólares em débitos pessoais, aproximadamente US$ 4 mil para cada homem, 
mulher e criança, sem contar as prestações com imóveis e hipotecas. Eles gastam, 
em média, durante a sua vida, um ano assistindo a comerciais de TV, enquanto 
dedicam, em média, apenas 40 minutos por semana para brincar com os filhos. 
É também emblemático que, em média, os casais conversem 12 minutos por dia.
Por outro lado, entre aqueles que cortaram seus níveis de gastos e adotaram 
uma vida mais simples e frugal, 86% se dizem mais felizes. É óbvio que esse 
dado nos traz otimismo quanto ao processo de mudança de comportamento em 
direção a um consumo mais sustentável. A questão é como fazer essa passagem 
para que o consumo passe a ser apenas um meio para o bem-estar, e a busca da 
felicidade passe a ser a finalidade do ato de viver. Para mudar essa realidade, de 
um círculo perverso de consumo, endividamento, trabalho em excesso e estresse, 
é preciso criar uma consciência de protagonismo no consumidor como construtor 
de um mundo melhor. É preciso mostrar o verdadeiro poder transformador do 
ato de consumo.
Nesse sentido, eu acredito, e o Akatu também, que há uma grande 
oportunidade. As pessoas se sentem perplexas, pois não conseguem ter um 
controle sobre as suas própriasvidas. O próprio uso indiscriminado do dinheiro 
e do crédito, que leva à inadimplência e ao estresse, decorre do fato de as pessoas 
não sentirem que podem controlar seus gastos de dinheiro e sua tomada de 
crédito. As pessoas preocupam-se continuamente com dinheiro, não se dando 
conta de que, por exemplo, se economizarem R$ 2,00 por dia, durante 50 anos, 
colocando esse recurso na poupança, a 0,5% ao mês, ao final desse período terão R$ 
228 mil. Uma verdadeira fortuna para o padrão da quase totalidade das pessoas, 
economizando apenas R$ 2,00 por dia. Certamente, muitos de vocês devem estar 
se perguntando por que não começaram antes.
Este é um exemplo da pedagogia do cotidiano, conceituada pelo Akatu, 
aplicada ao dinheiro. Tudo aquilo que fazemos todos os dias, a cada dia de nossa 
vida, terá um peso extraordinário, ao longo do tempo, seja na sustentabilidade 
ambiental do planeta, seja nas questões sociais, seja em nossas próprias vidas. Por 
outro lado, é preciso que, além do consumo consciente do dinheiro e do crédito, 
as pessoas, ao menos parcialmente, redefinam as suas vidas, valorizando outros 
aspectos, como as alegrias, as emoções, os sentimentos, a arte, os amigos e os 
amores, e complementem o consumo de bens materiais com o consumo de bens 
intangíveis, que são os verdadeiros bens que nos trazem felicidade e nos dão 
sentido à vida.
TÓPICO 1 | ANÁLISE DE CRÉDITO
215
O sociólogo Domenico de Masi nos lembra que nas sociedades ricas, 
em especial na Europa, o conceito de “luxo” , por exemplo, começa a mudar. 
Para muitos indivíduos desses países, os fatores de diferenciação já não são os 
tradicionais ícones de status e de riqueza, como automóveis, mansões e objetos 
de grife. Para os que conseguiram superar essa obsessão, o luxo passou a ser 
tudo o que é raro e que não depende, essencialmente, das condições materiais. 
Luxo é tempo, silêncio, segurança, autonomia, liberdade e beleza. De certa forma, 
podemos dizer que foi para isso que a humanidade fez as revoluções tecnológicas 
e para isso deveria servir o desenvolvimento científico, para que o homem pudesse 
usufruir tudo o que traz felicidade e dá sentido à vida.
Sempre me impressiono com o caso de uma tribo indígena, no norte de 
Goiás, em que a falta de comida leva todos a emagrecerem juntos. Pensando sobre 
o fenômeno, Aron Belinky, que é coordenador do projeto de consumo consciente 
do dinheiro e crédito do Akatu, disse que isso ia contra o instinto de sobrevivência 
individual, que é um instinto natural. Eu argumentei que talvez seja o inverso, 
dado que, para os índios, a sobrevivência individual só é considerada um valor 
se fizer parte da sobrevivência coletiva. Só há sentido em sobreviver se todos 
sobreviverem. E, portanto, se sobreviverem aqueles que fazem parte integral 
do sentido da vida de cada um. É claro que estamos longe desse cenário, mas 
sabemos que precisamos caminhar em uma direção de maior solidariedade se 
quisermos que a humanidade sobreviva.
O consumo consciente do dinheiro e do crédito é um caminho importante 
a ser trilhado, na medida em que o dinheiro “atravessa”, por assim dizer, todo o 
consumo. Se consumido com consciência, levará o consumidor a pensar em sua real 
necessidade de bens e serviços. Da mesma forma, na tomada de crédito, se tomado 
com consciência, pode ser um aliado do seu bem-estar, antecipando o consumo 
do que realmente precisa, a um custo e prazo que realmente o consumidor possa 
cumprir confortavelmente. Um consumo, portanto, que permita realizar o slogan 
do Akatu, criado pela agência Leo Burnett: “Consuma sem consumir o mundo em 
que você vive”. Além disso, poderemos realizar a palavra “Akatu” em cada um 
de nós. Akatu significa semente boa e, ao mesmo tempo, mundo melhor. Ou seja, 
tornaremos o ato de consumo a semente do mundo melhor em que vamos viver.
FONTE: AKATU (2006, p. 20) Disponível em: <www.akatu.org.br/Content/Akatu/Arquivos/file/
OConsumoConscienteDinheiroeCredito(1).pdf>. Acesso em: 2 dez. 2013.
216
Neste tópico você viu que:
• O significado de crédito pode ser interpretado como a vontade de ceder e dispor 
recursos financeiros com o propósito de satisfazer as diversas necessidades de 
recursos de um terceiro.
• Os fundamentos de análise servem para estabelecer critérios de dados 
retrospectivos, estabelecer tendências e reconhecer capacidade de pagamento 
dos devedores.
• O bom senso faz parte fundamental da análise de crédito, estudando os famosos 
4 ”C” das operações de crédito.
• O Caráter é o primeiro dos 4 ”C”, pois com um caráter firme o devedor terá 
determinação para cumprir com os prazos estabelecidos no contrato de crédito.
• A Capacidade é o segundo dos 4 ”C”, pois a capacidade determina a habilidade 
real de pagar, ou seja, retém os meios para cumprir com os prazos estabelecidos.
• O Capital é o terceiro dos 4 ”C”, pois o patrimônio do devedor é um grande 
referente como respaldo às operações de crédito.
• As condições são o quarto dos 4 ”C”, pois abordam fatores externos que 
poderiam impactar na capacidade de pagamento do devedor. 
• Os 4 ”C” são peças fundamentais para a análise de crédito e devem ser 
ponderados junto ao Colateral em uma operação de crédito.
• A segurança na documentação das operações é quesito fundamental para 
estabelecer uma boa gestão durante os pagamentos de uma operação de 
crédito.
• Os dados cadastrais devem se manter com acesso restrito, pois são informações 
pessoais. Ou seja, deve-se manter o sigilo através de uma correta custódia.
RESUMO DO TÓPICO 1
217
AUTOATIVIDADE
1 Detalhe e explique quais os critérios para fazer uma análise bem 
fundamentada.
2 Quais são os 4 ”C” de crédito e explique por que são importantes para a 
análise de crédito.
3 Dentro dos 4 ”C”, o que determina: 
a) O caráter: 
b) A capacidade: 
c) O capital: 
d) As condições: 
4 Entre os 4 ”C”, quais são fundamentais e quais servem para complementar, 
ou apoiar, a análise de crédito?
5 Por que a segurança na documentação das operações é importante para uma 
boa gestão durante a vida do crédito?
6 Como deve ser a custódia das informações e dados cadastrais?
218
219
TÓPICO 2
RISCOS E LIMITES DE CRÉDITO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Depois de ter uma ideia mais clara de quais são as bases da análise de 
crédito, agora vamos estudar o risco e os limites de crédito a serem efetivados aos 
clientes, em função dos objetivos dessa análise. A gestão do risco é fundamental 
para manter um portfólio de empréstimos sob controle e com baixo índice de 
inadimplência. Todo empréstimo tem risco, pois mexe com valores a serem pagos 
no futuro, que pode apresentar incertezas. Por isso é necessário ter noções de 
probabilidades de acontecimentos no futuro, aos quais os devedores estarão 
expostos em função do capital a ser emprestado.
Mas qual o significado da palavra risco?
Significam incerteza acontecimentos imprevisíveis no futuro que de 
certa maneira poderiam impactar na vida de uma pessoa ou empresa. Inclusive, 
há acontecimentos imprevisíveis e incertezas que podem se tornar favoráveis, 
dependendo muitas vezes das fortalezas e capacidades do devedor. De acordo 
com Schrickel (200, p. 27), “[...] embora a análise de crédito deva lidar com eventos 
passados do tomador de empréstimos (a análise histórica), as decisões de crédito 
devem considerar primordialmente o futuro desse mesmo tomador”. 
Portanto, podemos concluir que o risco está lá na frente, no futuro. No 
passado encontramos só as bases históricas do tomador de crédito, ou seja, o 
seu perfil. Mas os pagamentos dos quais depende a instituição financeira estão 
aonde? No futuro, portanto uma boa gestão de risco é fundamental.
Grande parte da gestão de risco depende de: 
• dados objetivos e quantificáveis;
• ponderações objetivas, tais como: conhecimentos e capacidades, bases culturais 
e costumes, formação sociocultural, perfil profissional etc.
Dessas informações, a decisão de crédito torna-se uma análise de 
ponderação dos fatos do devedor. Cada situaçãode empréstimo é única e tem 
sua própria estrutura de dados e fatos, inclusive é única também nos casos em 
que um devedor faz vários créditos com diferentes objetivos.
220
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
2 ANÁLISE DO RISCO NA OPERAÇÃO
Quando uma pessoa, ou empresa, faz um crédito, está procurando levantar 
liquidez para satisfazer diversas necessidades e objetivos, tais como: necessidade 
de caixa (liquidez), compra de ativos para uso pessoal, ou para fins produtivos, 
obrigações pendentes de diversa natureza, entre outras. De fato, ninguém procura 
crédito para levantar liquidez e botar esse dinheiro de alto custo sob o colchão. Se 
procura crédito é porque está precisando de recursos financeiros.
Portanto, cada uma dessas necessidades merece um tratamento e um 
tipo de crédito específico, necessidades que levam a ponderar o nível de risco da 
operação. Nesse contexto, devemos nos perguntar:
• Para que essa pessoa ou empresa está precisando levantar recursos monetários?
• Qual será o prazo de pagamento para essa necessidade de crédito? Ou seja:
 • Quanto tempo precisará o devedor para pagar o total do capital?
• Quais serão os períodos de pagamentos até o final do empréstimo que 
melhor podem se encaixar no seu fluxo de caixa?
• Quais serão as fontes de pagamento e quais serão os riscos internos e externos 
para essa fonte de pagamento?
UNI
Você sabe qual a diferença entre risco externo e interno?
• Risco Interno envolve a eficiência organizacional e produtiva de uma empresa 
ou pessoa. Ou seja, envolve a questão de dar conta das dificuldades internas para encarar 
nossas atividades. Estamos sendo produtivos ou temos muitos erros e desperdícios durante 
o processo produtivo?
• Risco Externo envolve todas as ameaças externas de nossas atividades, tais como a inflação, 
dificuldades econômicas que aumentam o atraso das contas a receber, uma moeda nacional 
muito valorizada que torna os produtos importados mais baratos e dificulta a competitividade 
da indústria nacional etc. Ou seja, envolve todas as ameaças externas que o negócio ou 
pessoa não tem capacidade de influenciar. 
TÓPICO 2 | RISCOS E LIMITES DE CRÉDITO
221
Dessas três questões (Para que os recursos? Quais os prazos? E quais as 
fontes?), a mais importante são as fontes de pagamento do capital emprestado. 
Fontes de recursos que são peça-chave para o repagamento do capital emprestado. 
Se houver qualquer alteração na estrutura dessas fontes, o risco de inadimplência 
aumenta automaticamente e, aliás, consideravelmente. Exemplos:
• Se a pessoa depende de um salário, será que esse vai mantê-lo no tempo? Será 
que os empregos na área ou indústria onde trabalha a pessoa são estáveis? 
Logo, é importante fazer investigações sobre essa fonte de recursos. 
• Se o devedor é uma microempresa, será que as fontes de recursos do negócio 
são estáveis? Será que os riscos externos, inflação, mercado e concorrência não 
vão impactar negativamente nas vendas? 
Logo, além de investigar as fontes em si do negócio, é importante conferir 
se o microempresário tem outras fontes de recursos além do pequeno negócio.
• Se o devedor é uma empresa estabelecida com um histórico de alguns anos no 
mercado:
• Será que suas fontes de recursos vão se manter no tempo? 
• Quais são os riscos do mercado onde atua a empresa e qual a estrutura de 
dívida e patrimônio desta?
Logo, aprofundar nesses quesitos e observar se a empresa tem estratégias 
para dar conta dessas possíveis ameaças é questão-chave no processo de análise.
No referente aos empréstimos para pessoa física, cabe perguntar:
• Quanto tempo já trabalha com seu atual empregador, e por quanto tempo 
trabalhou nas outras empresas?
• Qual é o cargo e seu salário?
• Se tiver, quais são as outras fontes de renda e quais são as frequências destas?
• Qual o comprometimento de seu salário, ou renda, com gastos fixos e correntes, 
tais como aluguel, matrículas de colégios, gastos correntes de mercado etc.?
• Qual o comprometimento do seu salário com dívidas?
• Quais são os tipos de seguros que tem?
222
UNIDADE 3 | PROCESSO DE CRÉDITO, GARANTIAS E ELABORAÇÃO DE PARECERES
• O potencial devedor possui seguro de saúde que possa cobrir gastos 
inesperados?
• Quais são os bens pessoais?
• Qual a sua situação civil, está casado(a), qual o regime de casamento, e se tiver 
cônjuge, qual a renda dele(a)?
• Quantos filhos tem ou quantos dependentes tem? 
Todas essas perguntas e mais outras mais específicas, dependendo o 
caso, deverão ser levantadas segundo a necessidade, pois visam confirmar que 
as fontes de pagamento sejam seguras e, portanto, reduzir ao máximo possível o 
risco de inadimplência.
O maior risco para o emprestador ao conceder crédito a indivíduos 
concentra-se no eventual colapso de suas finanças pessoais, seja porque 
perdeu o emprego, ou devido a um processo de separação litigiosa, 
um acidente ou doença grave em família, ou porque simplesmente 
extrapolou o limite da prudência na satisfação de suas necessidades 
infinitas de bens e serviços [...] (SCHRICKEL, 2000, 163). 
Portanto, logo depois de determinar quais são as fontes, o seguinte passo 
a ser dado mais uma vez é se perguntar: Para que essa pessoa ou empresa está 
precisando levantar recursos monetários? 
Neste quesito, o emprestador deve analisar e ponderar bem os argumentos 
das necessidades de recursos apresentados pelo devedor, pois além de conferir o 
porquê da necessidade, a análise de crédito também poderia lhe ajudar a atingir as 
melhores alternativas possíveis para suprir a finalidade do crédito, alternativas tais 
como: montante, prazo, períodos e formas de pagamento. Assim, o emprestador 
poderá servir como consultor, incrementando o nível de relacionamento e o valor 
agregado dos serviços prestados como emprestador.
3 LINHAS E LIMITES DE CRÉDITO
No tópico acima foi visto que o tipo de crédito tem que estar alinhado com 
as necessidades do cliente e suas fontes de repago. Levando isso em consideração, 
existem diversas opções de crédito, até existem os créditos agrupados em função 
de um montante máximo a ser utilizado em diversas necessidades de recursos 
que as pessoas e empresas possam precisar. Esse agrupamento é conhecido como 
linhas de crédito. Mas o que significa isso?
TÓPICO 2 | RISCOS E LIMITES DE CRÉDITO
223
As linhas de crédito são limites de crédito preestabelecidos, concedidos 
às pessoas físicas ou jurídicas, sendo oferecidas pelas instituições financeiras ou 
empresas que vendem a prazo. Esses limites são estipulados através de análise de 
renda de uma pessoa ou receitas de uma empresa. Exemplo de limite de crédito 
pode ser o limite de crédito que tem uma pessoa no seu cartão de crédito.
Portanto, as linhas de crédito estarão disponíveis em função das 
necessidades do devedor. A seguir, vamos analisar os referentes gerais para 
estabelecer parâmetros de crédito:
a) Pessoas Físicas
• Créditos emergenciais: oferecidos para suprir necessidades imediatas ou para 
cobrir desequilíbrios de liquidez. Esse tipo de crédito são operações de prazos 
inferiores de um mês, tal como o cheque especial.
• Financiamento de compras: focados para adquirir produtos de consumo 
semiduráveis, tais como eletrodomésticos, celulares, vestuário etc. Esse tipo 
de crédito são operações, de curto prazo, geralmente de até 12 meses e com 
parcelas iguais.
• Financiamento de bens duráveis: focados para adquirir bens de maior valor 
e durabilidade que vão se integrar ao patrimônio do devedor, tais como: 
imóveis, veículos, entre outros. Esse tipo de crédito são operações de longo 
prazo, começando com prazos maiores de 12 meses até 180 meses (compra de 
uma casa), exigem uma entrada e o saldo é parcelado.
b) Empresas
• Créditos emergenciais (Hot money): focados para cobrir necessidades de caixa 
(liquidez), pelo geral, desequilíbrios entre prazos de recebimento e contas 
a pagar. Esse tipo de crédito são operações inferiores a um mês, tal como o 
cheque

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