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DIDÁTICA E MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: RELAÇÃO COMPLEMENTAR SCHERRE, Paula Pereira – UCB/DF quantumcomplexa@gmail.com GALVÃO-SANTOS, Cibele – UCB/DF quantumcomplexa@gmail.com Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este artigo tem como tema: Didática e Mediação Pedagógica. O objetivo geral é compreender a relação entre ambos. Para tanto, em âmbito específico, intenciona-se: identificar e analisar os conceitos e as características da Didática e da Mediação Pedagógica e estabelecer a relação entre os dois temas. Para a discussão proposta, tem-se como aportes teóricos principais os autores Masetto (2007; 1994) e Moraes (2010; 2008; 2003). O problema de pesquisa está em torno da seguinte questão: é possível tecer uma relação entre a Didática e a Mediação Pedagógica? A partir das experiências pedagógicas e de pesquisas vivenciadas pelas autoras, percebeu-se a necessidade de clarear os conceitos e as características de cada um dos temas citados, de compreender as relações existentes entre eles e mesmo de aprofundar os estudos a seu respeito. Além disso, este trabalho justifica-se por proporcionar novas reflexões em relação às atitudes e às posturas do educador no seu cotidiano e por vir a ser um material que possa nortear novas pesquisas e instigar novas ideias, ações e discussões sobre o assunto. Em termos metodológicos, o caminho percorrido utilizou a pesquisa bibliográfica. Como síntese dos resultados, percebeu-se que os temas são distintos, complementares e relacionados. Entende-se Didática como o plano de fundo para que o educador possa elaborar uma prática de ensino aberta, flexível e colaborativa que incentive e motive a participação dos educandos e o desenvolvimento de seus processos de aprendizagem. Tendo como base esta Didática, compreende-se Mediação Pedagógica como uma atitude/postura que deve ser adotada pelo educador. Palavras-chave: Mediação Pedagógica. Didática. Relação Complementar. Introdução A Educação nos dias atuais faz parte da reflexão de diversos autores, como Maria Cândida Moraes (2010; 2008; 2003), Edgar Morin (2010, 2009; 2007), Juan Miguel Batalloso Navas (2010), Marcos Tarciso Masetto (2007; 1994) que apontam para a realidade 2364 globalizada e de avanços tecnológicos. Apontam também, de forma geral, para a necessidade de mudança na Educação, de maneira a promover a não fragmentação do conhecimento e do ser humano, a promover uma Educação humanizada, de qualidade e cidadã. Dentro deste contexto, a Didática e a Mediação Pedagógica, temas tratados neste artigo, permeiam o cotidiano dos atores envolvidos na educação, principalmente dos educadores. Tendo em vista as considerações apresentadas, emerge a seguinte problemática de pesquisa: é possível tecer uma relação entre a Didática e a Mediação Pedagógica? Como objetivo, geral pretende-se compreender a relação entre esses dois temas. Para tanto, em âmbito específico, intenciona-se: identificar e analisar os conceitos e as características da Didática e da Mediação Pedagógica e estabelecer a relação entre ambos. A partir das experiências pedagógicas e de pesquisas vivenciadas pelas autoras, percebeu-se a necessidade de clarear os conceitos e as características de cada um dos temas citados, de compreender a relação existente entre eles e mesmo de aprofundar os estudos a seu respeito. Além disso, este artigo justifica-se por proporcionar novas reflexões em relação às atitudes e às posturas do educador no seu cotidiano. Pretende-se também que este material possa nortear novas pesquisas e instigar novas ideias, ações e discussões sobre o assunto. O caminho percorrido para o desenvolvimento deste artigo utilizou-se da pesquisa bibliográfica como base metodológica. Este método é caracterizado por colocar o pesquisador em contato direto com livros, publicações e artigos científicos sobre o objeto pretendido (MARCONI; LAKATOS, 2010; GIL, 1995). A abordagem de ambos os temas teve como aportes teóricos principais os autores Masetto (2007; 1994) e Moraes (2010; 2008; 2003). Será possível observar que as definições e as características da Didática e da Mediação Pedagógica apresentadas por cada autor se encontram, se encaixam, se completam, permitindo tecer relações que contribuem para o repensar da atividade docente. Este artigo está organizado em quatro partes: (1) Didática: conceitos e características; (2) Mediação Pedagógica: conceitos e características; (3) Relação entre Didática e Mediação Pedagógica; (4) Considerações finais provisórias. Embora o trabalho seja composto de partes para facilitar a leitura e a visão daquele que lê, estas estão integradas em uma relação de autonomia e dependência, na qual se apresentam ora como partes, que possuem identidade e corpos individuais, ora como todo, ao interagirem entre si, formando, assim, o conjunto que 2365 compõe este artigo. Dessa maneira, explicitam a relação parte e todo que dão forma a este trabalho (MORIN, 2007; MORAES, 2008). Didática: conceitos e características A Didática, enquanto área de estudo e pesquisa, é tradicionalmente atribuída a Comenius, a partir de sua publicação Didática magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, no século XVII. Pode ser considerada como uma disciplina autônoma, ou como um ramo da Pedagogia, “de maneira mais abreviada é a arte de transmitir conhecimentos” (CORDEIRO, 2007, p. 18). Em oposição à visão tradicional, a linha de pensamento a ser desenvolvida neste artigo compreende a Didática, não como forma de transmissão de conhecimentos, mas sim como sendo uma ferramenta de auxílio ao ensino, à aprendizagem e à construção do conhecimento, com base nas relações estabelecidas nos ambientes de ensino e de aprendizagem. Baseado na definição de Candau, Masetto (1994) conceitua didática como “a reflexão sistemática sobre o processo de ensino-aprendizagem que acontece na escola e na aula, buscando alternativas para os problemas da prática pedagógica” (MASETTO, 1994, p. 13). Além disso, o autor não somente compreende a Didática como um processo de reflexão, mas também a entende como o “estudo das teorias de ensino e de aprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola bem como dos resultados obtidos” (MASETTO, 1994, p. 13). Para a autora Moraes, a Didática “procura regular, na prática, os processos de ensino- aprendizagem a partir de processos realistas, factíveis e adaptados a cada situação e ao contexto no qual os processos educacionais acontecem” (MORAES, 2008, p. 152). 2366 Além das definições, no contexto apresentado por Masetto e Moraes, é possível destacar algumas características dessa visão de Didática, entre elas: a não separação entre a teoria e a prática; a existência de dois processos distintos: o processo de ensino e o processo de aprendizagem; as dimensões da Didática: humana, político-social e técnica; o caráter adaptável da Didática. Masetto apresenta a importância da íntima relação entre a teoria e a prática, pois “as teorias educacionais se desenvolvem em confronto com a prática pedagógica” (MASETTO, 1994, p. 13) e estas teorias conseguem, em muitos casos, resolver os problemas da prática com as sugestões que emergem da própria prática. Nesse sentido, os autores Juan Miguel Batalloso Navas (2010) e Maria Cândida Moraes (2008) também chamam a atenção para a necessidade e a importância de não se separar o teórico e o prático, o sujeito e o contexto, o objeto de aprendizagem do seu sentido para o desenvolvimento humano. Porém, nas palavras de Batalloso Navas, “lamentavelmente” essa separação tem ocorrido nas instituições escolares, “incluindo nestas as que formam e educam a formadores e educadores” (BATALLOSO NAVAS, 2010, p. 65). Nesse contexto, a relação da Didática com o ensinar e o aprender traz a perspectiva desses dois elementosque se constituem em processos distintos. O processo de ensino não está relacionado à transmissão de conhecimentos, de forma unilateral onde o professor é a autoridade máxima e incontestável em sala de aula. Ao contrário, relaciona-se ao fazer saber, ao mostrar, ao guiar, ao desenvolver habilidades, entre outros. Ações essas ligadas ao professor e ao aluno, onde ambos são co-responsáveis. O professor ensina, o aluno ensina. Já o processo de aprendizagem, embora tenha o foco no educando, compreende a busca de informações, a revisão da própria experiência, o desenvolvimento de habilidades, a adaptação às mudanças, entre outras ações. Ações essas também ligadas ao professor e ao aluno, onde ambos são co-responsáveis. O aluno aprende, o professor aprende. Outro fato importante sobre a aprendizagem é que para que ela realmente aconteça é necessário que seja significativa para o sujeito aprendente (seja ele, discente ou docente), envolvendo-o como pessoa (MASETTO, 1994; MORAES, 2008), em todas as suas dimensões – cultural, emocional, psicológica, biológica, química, física, social, ecológica, individual e planetária. Ao considerar as três dimensões da Didática, Masetto (1994) apresenta que, na dimensão humana, a relação interpessoal é muito forte e que o clima afetivo estabelecido no 2367 ambiente educacional é responsável, em muitos aspectos, pelo sucesso ou fracasso da aprendizagem. A autora Moraes também corrobora com esta ideia, baseada em Maturana e Varela, ao esclarecer que “todas as ações humanas são fundadas no emocional, incluindo as bases do sistema racional” (MORAES, 2008, p. 135), ou seja, as emoções são base para o funcionamento do sistema cognitivo que os sujeitos se utilizam para conhecer e para aprender. Na dimensão político-social, o autor (MASETTO, 1994) ressalta a importância do desenvolvimento dos estudantes como cidadãos responsáveis, participantes e colaboradores para o progresso e para o desenvolvimento da sociedade em que vivem. Nesse sentido, a autora Moraes também levanta essa questão, mas direcionada à Educação como um todo, como esta sendo responsável por “transformar o indivíduo, para que este possa modificar a sua realidade e, consequentemente, dignificar o mundo em que vive (...)” (MORAES, 2010, p. 26). Masetto (1994), por considerar a aprendizagem como um processo intencional, informa que a dimensão técnica da didática envolve aspectos como definição de objetivos, seleção de conteúdo, de técnicas e de recursos de ensino, organização da avaliação, planejamento de curso e de aula, por exemplo. Na definição de Didática apresentada por Moraes, fica evidente a importância de se observar o caráter adaptável da Didática, corroborando, assim, com a ideia de Masetto de que os processos de ensino e de aprendizagem são intencionais e que, consequentemente, a dimensão técnica da Didática também deve ser adequada a cada situação na qual está intimamente relacionada. Com base nos autores, a Didática não se limita apenas aos educandos e ao educador, ela se relaciona, influencia e é influenciada por outros agentes do contexto educacional, como a gestão, as estruturas físicas e administrativas, normas, projetos pedagógicos, currículos e dos demais atores institucionais, como, por exemplo, diretores, coordenadores, secretários, copeiras, merendeiras, auxiliares de limpeza, porteiros, entre outros. A partir das definições e das características apresentadas, a Didática, enquanto reflexão sistemática e reguladora de uma prática docente, se relaciona com vários elementos: o ensino, a aprendizagem, o educador, o educando, a teoria, a prática, a dimensão humana, a dimensão político-social e a dimensão técnica, entre outros, sendo todos esses elementos combinados, e integrados de acordo com cada situação, com cada contexto, conforme exemplificado na Figura 1. 2368 Figura 1 – Síntese das características da Didática. Compreende-se também que a concepção de Didática que o educador possui é subjacente às suas atitudes, às suas ações, ao seu papel, às suas atribuições e às interações estabelecidas com seus educandos nos ambientes educacionais que constrói. A partir da visão de Didática apresentada aqui apresentada, entende-se que o educador pode estabelecer seu papel como mediador pedagógico, ou seja, ser a ponte entre alunos, informações e a vida, como será discutido a seguir. Mediação Pedagógica: conceitos e características A partir do contexto da inserção das novas tecnologias da informação e da comunicação (NTICs), como a informática e a telemática, na Educação, além de outras questões, o autor Masetto (2007) apresenta a necessidade de os educadores repensarem sua prática. Neste caso, o professor deixa de ser um transmissor de conhecimentos para ter a atitude, o comportamento de facilitador, de incentivador e motivador da aprendizagem. Assim, o educador torna-se adepto da Mediação Pedagógica, “com disponibilidade para ser uma ponte entre o aprendiz e a aprendizagem” (MASETTO, 2007, p. 145), uma ponte “rolante” que colabora ativamente com seus educandos. A autora Moraes (2003) também sinaliza essa necessidade de mudança de postura do professor, sendo essencial que este entenda que ensinar não significa simplesmente transmitir 2369 informações e que estas últimas podem, facilmente, ser adquiridas pela leitura de livros, revistas e internet. Além disso, só teria sentido transmitir informações se o meio que está ao nosso redor não sofresse modificações, fosse imutável, mas, diferente disso, “o homem vive num meio continuamente em mudança” (MORAES, 2003, p. 51). Em comum acordo com Masetto, o qual não se limita apenas a aplicar o tema ao uso das NTICs no contexto educacional, Moraes define Mediação Pedagógica como: um processo comunicacional, conversacional, de co-construção de significados, cujo objetivo é abrir e facilitar o diálogo e desenvolver a negociação significativa de processos e conteúdos a serem trabalhados nos ambientes educacionais, bem como incentivar a construção de um saber relacional, contextual, gerado na interação professor/aluno (MORAES, 2003, p. 210). A autora segue ainda enfatizando que esse processo de comunicação entre educador e educando deve ser de interação permanente e não de um intercâmbio de mensagens isoladas. Da mesma maneira que na Didática, cabe lembrar que a Mediação Pedagógica tem relação, influencia e é influenciada, pelas instituições educacionais por meio das estruturas físicas e administrativas, normas, projetos pedagógicos, currículos e dos demais atores institucionais. Assim, de acordo com Masetto (1994) e Moraes (2003), é possível ressaltar algumas características de cunho metodológico da Mediação Pedagógica, que guiam a prática docente, tanto em ambientes educacionais presenciais quanto virtuais, como: o diálogo permanente; a troca de experiências; o aproveitamento do momento em ambientes educacionais; o debate de dúvidas; a apresentação de perguntas norteadoras; a elaboração de situações de aprendizagem; entre outras. O diálogo permanente é uma ferramenta do educador e do educando para troca de energia, matéria e informação, ajudando-os a dar significados para as teorias e os conceitos estudados. Por dessa ação e interação, é possível confrontar ideias e opiniões, nortear ações, trabalhar com contradições e opostos. Cabe ressaltar que o dialogar não é dar respostas prontas ou posicionamentos que diminuam o interesse e a participação dos educandos. Ao contrário, o diálogo é o veículo entre educador e educandos, é também a ponte de interação entre o aprendiz e a sua aprendizagem. Por meio desse dialogar, surge a possibilidade de trocas de experiências, de compartilhar vivências e histórias de vida, enriquecendo as informações do meio educacional 2370 e permite aos sujeitos envolvidos a transformação de ideias e de ações para a construçãode novos conhecimentos. Nesse meio de trocas, interações e diálogos, surgem as emergências, que são situações e/ou informações inesperadas originadas das relações estabelecidas, no próprio contexto educacional. Estar atento a estas emergências e utilizá-las como matéria-prima para novos diálogos, poderá favorecer, incentivar e estimular os processos de aprendizagem de discentes e docentes. O debate de dúvidas e a apresentação de perguntas norteadoras também incentivam as trocas, as interações e os diálogos nos ambientes educacionais, por permitirem a expressão de ideias e opiniões, o pensamento crítico, a criatividade, entre outros. De maneira integrada às demais características, a elaboração de situações de aprendizagem, baseadas no cotidiano individual e coletivo de educandos e do educador, torna- se essencial para a criação de ambientes educacionais presenciais e virtuais flexíveis e propícios à participação e à colaboração de todos os envolvidos. Dessa forma, se a mediação pedagógica se constitui em atitude do educador (MASETTO, 1994) e em um processo comunicacional que envolve educador e educandos (MORAES, 2003), quais seriam as características de um profissional docente mediador pedagógico? A autora Moraes revela que para ser um mediador pedagógico há a necessidade de se ter humildade, abertura de coração, abertura para reconhecer a “existência de múltiplas vozes”, da diversidade, da “presença enriquecedora do outro”, já que ambos, educadores e educandos “crescem juntos e evoluem coletivamente”. Há de se desenvolver uma escuta sensível, atenta, ativa e respeitosa e procurar responder ativamente ao outro (o educando) para que este outro possa compreender ativamente o que é discutido e trabalhado e assim ambos “vão crescendo e evoluindo no processo de mediação que se apresenta” (MORAES, 2003, p. 218). Na atitude do educador, como mediador pedagógico, e nas relações estabelecidas com seus discentes, percebe-se: o diálogo, o respeito mútuo; a abertura à criatividade, à troca de informações e de saberes, ao desenvolvimento humano, aos momentos de escuta e de fala de maneira a permitir e a propiciar o desenvolvimento pleno dos educandos, rumo a aprendizagens significativas, que façam sentido para eles, para as suas vidas. A relação entre Mediação Pedagógica e suas características são exemplificadas na Figura 2. 2371 Figura 2 – Síntese das características da Mediação Pedagógica. Dessa maneira, entende-se a Mediação Pedagógica como um recurso que está ao alcance do docente, guiando sua prática pedagógica, para incentivar a aprendizagem e a construção do conhecimento de todos os sujeitos envolvidos no processo educacional. Relação entre Didática e Mediação Pedagógica A partir das considerações até aqui apresentadas acerca dos conceitos e das características dos temas Didática e Mediação Pedagógica, é possível tecer uma relação entre ambos? Nesse diálogo, sim. Pode-se estabelecer um paralelo entre os conceitos e algumas características dos dois temas, conforme apresentado no quadro 1. Quadro 1 – Visão geral dos conceitos e das características da Didática e da Mediação Pedagógica. Conceitos de Didática Conceitos de Mediação Pedagógica � Reflexão sistemática; � Reguladora de uma prática docente. � Ferramenta de auxílio ao ensino, à aprendizagem e à construção do conhecimento, com base nas relações estabelecidas nos ambientes de ensino e de aprendizagem. � Atitude, postura docente; � Processo comunicacional entre educador e educando; � Recurso que está ao alcance do docente, guiando sua prática pedagógica, para incentivar a aprendizagem e a construção do conhecimento de todos os sujeitos envolvidos no processo educacional. Características da Didática Características de Mediação Pedagógica � A não separação entre a teoria e a prática; � A existência de dois processos distintos e complementares: o processo de ensino e o processo de aprendizagem; � As dimensões da Didática: humana, político- social e técnica; � O diálogo permanente; � A troca de experiências; � O aproveitamento do momento em ambientes educacionais; � O debate de dúvidas; � A apresentação de perguntas norteadoras; 2372 � O caráter adaptável da Didática. � A elaboração de situações de aprendizagem; Ao observar o quadro 1, identifica-se a existência de uma interação, uma relação entre ambos os temas. Entende-se que a concepção de Didática é o plano de fundo para que se desenvolva a Mediação Pedagógica no dia-a-dia do docente, do discente e da instituição educacional como um todo. Didática e Mediação Pedagógica, entre outros aspectos, interagem e se relacionam quando a primeira solicita a não separação entre a teoria e a prática e a segunda permite que o docente, por meio do diálogo, do aproveitamento dos momentos educacionais (emergências), do debate de dúvidas, da apresentação de perguntas norteadoras, construa a sua prática, incentivando os processos de aprendizagem. O docente mediador, que tem como base a Didática e a Mediação Pedagógica apresentadas, abre espaço para utilizar as experiências prévias dos alunos (história de vida, vivências, relatos, cotidiano, conhecimentos) juntamente com a teoria exigida pelo currículo escolar. Assim, o estudante tem a oportunidade de participar, de colaborar, de forma individual e coletiva, com o ambiente de aprendizagem. Nesse contexto, ao considerar as dimensões da Didática: humana, político-social e técnica, em conjunto com a Mediação Pedagógica, permite a elaboração de uma nova forma de ensinar flexível, aberta, instigadora e incentivadora dos alunos. Além disso, proporciona a criação de situações de aprendizagem adaptadas ao contexto. O caráter adaptável da Didática permite que o docente tenha a postura e atitude da Mediação Pedagógica. Considerações finais provisórias Nessa perspectiva, os objetivos do trabalho foram atingidos. Os dois temas se relacionam de forma profunda e possuem características complementares. Com base nos autores pesquisados, percebe-se que a Didática possui características de cunho teórico, e a Mediação Pedagógica possui características de cunho metodológico. Entende-se a Didática como plano de fundo para a atitude/postura e para as ações orientadas pela proposta da Mediação Pedagógica. É uma opção do docente aderir à esse plano de fundo e transformar às suas atitudes e posturas, e, assim, se tornar um mediador pedagógico. A relação existente entre ambos os temas é de complementaridade, de colaboração, de participação, de integração. O viés teórico da Didática complementa e se inter-relaciona com 2373 o viés metodológico da Mediação Pedagógica. Neste ponto relacional, ocorre a união entre a teoria e a prática no exercício de uma docência aberta, flexível, não excludente, colaborativa e acolhedora. Cabe ressaltar também que tanto a Didática quanto a Mediação Pedagógica não se limitam ao contexto e relações entre educandos e educador, ambas se relacionam, influenciam e são influenciadas por outros agentes do contexto educacional, como a gestão, as estruturas físicas e administrativas, normas, projetos pedagógicos, currículos e dos demais atores institucionais, como, por exemplo, diretores, coordenadores, secretários, copeiras, merendeiras, auxiliares de limpeza, porteiros, entre outros. Contudo, surgem outros questionamentos: Quais exemplos práticos temos a respeito da Mediação Pedagógica? Qual o perfil do educador necessário? Qual a formação é importante que o educador tenha? Qual o papel da gestão para a mediação pedagógica? Porém, o tempo e o espaço se fazem presentes em todos os momentos, orientam e delimitam as ações de pesquisa. Assim, essas questões serão discutidas em um próximo encontro e prossegue-se com certezas provisórias e dúvidas temporárias, que continuarão a guiar e instigar os questionamentos, as discussões, e as pesquisas,a partir daqui, desenvolvidas. REFERÊNCIAS BATALLOSO NAVAS, Juan Miguel. Didáctica desconstrutiva y Complexidade: Algunos Principios. In: MORAES, Maria Cândida; BATALLOSO NAVAS, Juan Miguel (Orgs). Complexidade e Transdisciplinaridade em Educação: Teoria e Prática Docente. Rio de Janeiro : Wak editora, 2010. CORDEIRO, Jaime. Didática. São Paulo : Contexto, 2007. GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 4 ed. Atlas : São Paulo, 1995. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia científica. 7 ed. São Paulo : Atlas, 2010. MASETTO, Marcos Tarciso. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BERHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 13. ed. Campinas : Papirus. 2007. MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. São Paulo : FTD. 1994. MORAES, Maria Cândida. Ambientes de aprendizagem como expressão de convivência e transformação. In: MORAES, Maria Cândida; BATALLOSO NAVAS, Juan Miguel (Orgs). 2374 Complexidade e Transdisciplinaridade em Educação: Teoria e Prática Docente. Rio de Janeiro : Wak editora, 2010. MORAES, Maria Cândida. Ecologia dos saberes, complexidade, transdisciplinaridade e educação: novos fundamentos para iluminar novas práticas educacionais. São Paulo : Antakarana/WHN – Willis Harman House, 2008. MORAES, Maria Cândida. Educar na biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis : Vozes. 2003. MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma e reformar o pensamento. (Tradução de Eloá Jacobina). 17 ed. Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2010. MORIN, Edgar; CIURANA, Emilio-Roger; MOTTA, Raul Domingo. Educar na era planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana. 3 ed. (Tradução de Sandra Trabucco Valenzuela). São Paulo : Cortez Editora, 2009. MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Tradução de Eliane Lisboa. 3 ed. Porto Alegre : Sulina, 2007.
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