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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/320935389 A Prostituição Como Profissão: Uma Análise Sob a Ótica das Profissionais do Sexo Article · January 2015 CITATIONS 6 READS 2,663 7 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: MÚSICA E SAÚDE MENTAL: AVALIAÇÃO DE UMA OFICINA TERAPÊUTICA DE UM CAPS DO INTERIOR DE RONDÔNIA View project PREVALÊNCIA DE SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM CUIDADOR FAMILIAR DE PESSOA EM TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO View project Ricardo Marciano dos Santos Federal University of Rio de Janeiro 215 PUBLICATIONS 681 CITATIONS SEE PROFILE Eraldo Carlos Batista Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 103 PUBLICATIONS 213 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Eraldo Carlos Batista on 08 November 2017. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/320935389_A_Prostituicao_Como_Profissao_Uma_Analise_Sob_a_Otica_das_Profissionais_do_Sexo?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/320935389_A_Prostituicao_Como_Profissao_Uma_Analise_Sob_a_Otica_das_Profissionais_do_Sexo?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/MUSICA-E-SAUDE-MENTAL-AVALIACAO-DE-UMA-OFICINA-TERAPEUTICA-DE-UM-CAPS-DO-INTERIOR-DE-RONDONIA?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/PREVALENCIA-DE-SINTOMAS-DE-ANSIEDADE-E-DEPRESSAO-EM-CUIDADOR-FAMILIAR-DE-PESSOA-EM-TRATAMENTO-PSIQUIATRICO?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ricardo-Santos-77?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ricardo-Santos-77?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Federal-University-of-Rio-de-Janeiro2?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ricardo-Santos-77?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Pontificia-Universidade-Catolica-do-Rio-Grande-do-Sul?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Eraldo-Batista?enrichId=rgreq-4b391262630a384fcdfecde4982560d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyMDkzNTM4OTtBUzo1NTg1NjgxMzA3NDAyMjRAMTUxMDE4NDQyODQzMg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 63 Revista Saberes, Faculdade São Paulo – FSP, 2015 ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 A Prostituição Como Profissão: Uma Análise Sob a Ótica das Profissionais do Sexo João Francisco Selhorst Soares1 Lucimara Cristina dos Santos1 Josiane Paia Cardoso1 Lídia Neves1 Eraldo Carlos Batista2 RESUMO: O presente artigo teve como objetivo compreender a percepção de mulheres que trabalham como profissionais do sexo sobre os fatores inerentes à profissão. Como método utilizou-se a pesquisa qualitativa descritiva de natureza exploratória. Participaram três profissionais do sexo com idade entre 26 e 35 anos. A coleta das informações forma obtidas por meio de entrevista semiestruturada, a observação e diário de campo e a análise se deu por meio da análise temática. Os resultados encontrados por meio dos depoimentos das participantes mostraram a existência de ambivalência de sentimentos, perpassando a euforia até o descontentamento com a profissão. Conclui-se que o trabalho como profissional do sexo proporciona satisfação relacionada ao fácil acesso ao dinheiro, ao sentimento de liberdade e autonomia, entretanto, os estigmas e os preconceitos vivenciados pelas mulheres provocam sentimento de insegurança com relação ao futuro, tristeza e decepção. PALAVRAS-CHAVE: Prostituição. Profissionais do sexo. Prostituta. Trabalho. Prostitution as a Profession: An Analysis From The Perspective of Sex Professionals ABSTRACT: This article aims to understand the perception of women working as sex professionals on factors inherent to their profession. As the method it was used a descriptive qualitative study of an exploratory nature. Participants were three sex professionals with ages ranging from 26 to 35 years. The data collection was obtained through semi-structured interviews, observation and field diary and the analysis was done through the thematic analysis. The results obtained by the testimonies of participants point out the existence of ambivalent feelings which pass by the euphoria to the dissatisfaction with their profession. It is concluded that working as sex professionals provide satisfaction related to the easy access to money, the sense of freedom and autonomy, however, the stigmas and prejudice experienced by women cause sense of insecurity regarding to the future, sadness and disappointment. KEYWORDS: Prostitution. Sex Professionals. Prostitute. Working. 1Bacharel em Psicologia 2Mestre em Psicologia, professor do Departamento de Enfermagem da Faculdade São Paulo – FSP de Rolim de Moura, E-mail: eraldo.cb@hotmail.com 63 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 INTRODUCÃO Qualquer tentativa de discorrer sobre profissionais do sexo torna-se um exercício complexo, dada à natureza extremamentedelicada do assunto. O estigma, a discriminação, a violência e as injustiças estão indissociavelmente vinculados a temática. Muitas vezes, desmistificar esta profissão equivale a transformar crenças culturalmente arraigadas na sociedade. No entanto, esse é um tema que chama a atenção de estudiosos, uma vez que esta profissão tem tomado dimensões imensuráveis, levando milhares de mulheres a buscarem neste trabalho uma sobrevivência. A temática da prostituição não é nova, mas sempre permanece atual em decorrência de sua relevância e atenção que desperta da sociedade. São poucos os temas que provocam tantas e diversas opiniões como o da prostituição. E entremeio a um turbilhão de prós e contras, alimenta-se o desejo de se compreender de modo claro as vicissitudes de uma das “profissões mais velha do mundo”. O serviço de natureza sexual existe há tempos imemoráveis, e até hoje é exercido por mulheres e homens das mais diversas faixas etárias, classes sociais e religiões. De acordo com Rodrigues (2009), nas últimas décadas percebeu-se um movimento no sentido de uma ressignificação do ato de prostituir-se, mas o estigma ainda permanece forte, principalmente entre os mais conservadores e fundamentalistas. A legislação trabalhista inseriu a prostituição como parte da Classificação Brasileira de Ocupações em 2003, esse acontecimento corrobora o exposto acima exposto de que nos últimos anos do século XX e nos primeiros do XXI a visão acerca da prostituição vem sofrendo pequenas, mas profundas transformações. Mas, essas mudanças, não anulam o fato de que as profissionais do sexo sofrem ferrenha discriminação de grande parcela da população, seja por comentários depreciativos, olhares de lado e até mesmo agressões verbais e físicas (RODRIGUES, 2009). Mudar legislações nem sempre implica em mudar atitudes determinadas culturalmente. 1 A PROSTITUIÇÃO: BREVE HISTÓRICO O termo prostituição, deriva do latim prosto, que quer dizer “estar às vistas, à espera de quem quer chegar ou estar exposto ao olhar público [...] é a prática sexual remunerada habitual e promíscua” (FRANÇA 2012, p.145). Os significados da palavra prostituição podem dar conotação nos variados contextos, destacando-se os mais usuais: “expor algo publicamente”, 64 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 “vender”, “praticar serviços sexuais em troca de dinheiro”. Popularmente falando, a prostituição recebeu outras designações, a saber: “a mais antiga das profissões”, “vida fácil”, “programa” (PARKER, 1994). Contudo, “fazer programa” é a terminologia mais comumente utilizada para se referir ao trabalho do profissional do sexo. De acordo com Freitas (1985), o programa é a unidade elementar da atividade da prostituta, pois se constitui no momento em que se dá a negociação de rotinas, identidades e disputa pelo controle da interação com o cliente, ou seja, negocia-se o tempo do programa, seu preço e as práticas sexuais. O acordo negociado é quebrado quando um desses componentes do programa é rompido por uma das partes: prostituta ou cliente (FREITAS, 1985). É importante observar que a prostituta é, essencialmente, “uma mulher que aluga seu corpo para jogos sexuais sem amor” (BRAGA, 1982, p. 62), ou seja, ao contrário do que muitos afirmam, a prostituição não é a venda do corpo, é na verdade o aluguel do mesmo. Quando se vende algo a mercadoria passa a pertencer definitivamente a quem comprou. O que não é o caso da prostituta, que aluga seus serviços sexuais por um tempo variável, dependendo do quanto cada cliente demora em se satisfazer (SZTERENFELD, 1994). Nesse contexto, nota-se que a interpretação de posse por parte do cliente, incumbe na maioria das vezes em conflito com a prostituta, como tem ocorrido ao longo do tempo. Há milênios a imagem da prostituta esteve irremediavelmente ligada à promiscuidade, safadeza, imoralidade (alguns falam em ‘falsa moral’), impureza e libertinagem. Esta condição sociocultural da noção de “prostituição” produziu uma farta gama de preconceitos, que assim como qualquer preconcepção, diminui a pessoa como humana. Uma das fortes representações sociais relacionadas à prostituição e à prostituta, no senso comum de nossa sociedade, encontra- se vinculada à imagem da mulher que está presente em um espaço marginal reservado à continência dos desejos sexuais masculinos, livrando as moças de ‘boa família’ da voraz realização das necessidades biológicas dos homens (GUIMARAES; MERCHAN-HAMANN, 2005). Em consonância com o que foi postulado Medeiros e Barbosa (2011) afirmam que a visão da mulher prostituta está intrinsecamente ligada à sua condição social ou aos parâmetros sociais, em que esteja imersa. Para o autor supracitado, dependendo do seu comportamento, do lugar que ela frequenta, das pessoas com quem anda, da forma que se veste as representações se uniformizam no ato de rotulações, que geralmente, são negativas. Mesmo com tanta depreciação, a figura da prostituta esteve presente no imaginário das pessoas, e se expressa nas mais variadas modalidades artísticas (novelas, romances, teatros, pinturas etc.). Talvez seja 65 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 justamente a forte repressão do comportamento promíscuo que tanto fortalece esse imaginário mantendo-o sempre presente. Não existem motivos universais para que uma mulher se prostitua, cada prostituta teve seus próprios motivos para nesse ramo ingressar. Algumas acreditam que não há maneira mais prazerosa de ganhar a vida, outras não possuem alternativas, a não ser alugar o corpo. Umas precisam colocar comida dentro de casa, outras precisam pagar a mensalidade da faculdade, seja lá qual for a motivação para prostituir-se, as questões se avultam ao passo em que as reflexões se direcionam ao tema (ROBERTS, 1998). Apesar da pluralidade dos motivos, do ato de prostituir-se, algumas pesquisas conseguiram determinar alguns problemas sociais que podem contribuir para o fenômeno social “prostituição”. Pobreza, uso de substâncias ilícitas, estrutura familiar deficitária, abuso sexual etc., são fatores que facilitam a entrada na prostituição (RODRIGUES, 2009). Frente a estes fatos, não podemos considerar a prostituição como sendo uma noção única e impermeável, na verdade existem várias prostituições, que nos desafiam a refletir sob perspectivas amplas: Sociologia, Economia, Psicologia, Filosofia, Antropologia, Biologia e, é claro, Políticas Públicas. E como resultado de reflexões nessas áreas notou-se mudança no modo como a sociedade atribui significado a prostituição: [...] é no bojo do surgimento dos movimentos sociais de defesa dos direitos de prostitutas e da proposição de ressignificação da prostituição como ‘um trabalho como outro qualquer’, a partir de meados da década de 1970, que emerge o termo ‘trabalhadores do sexo’ ou ‘profissionais do sexo’ (ROBERTS, 1998, p. 56). Nestas condições, o sexo revela-se como uma mercadoria que movimenta dinheiro, sendo fonte de renda. Por vezes, há que se considerar, que alguns moralistas lutam incessantemente contra a promiscuidade, pelo fato de não saberem lidar com seus desejos promíscuos. A partir de alguns conceitos trazidos no bojo de reflexões de estudos sobre a prostituição e suas nuances, bem como do quadro descritivosobre o trabalho de mulheres profissionais do sexo é que o presente estudo se apresenta. A complexidade do tema e do grupo estudado impulsionou a busca pelo fenômeno, na dimensão subjetiva, a partir do vivido, e o que ele significa para quem o vive. Nessa direção, a questão norteadora foi: qual o sentido atribuído à prostituição como profissão pelas profissionais do sexo, vinculadas a uma casa de prostituição? Partindo dessa questão, o objetivo do presente estudo foi compreender o sentido que profissionais do sexo atribuem a sua profissão. Diante disto, este estudo constitui uma tentativa de contribuir para a discussão sobre a 66 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 percepção das mulheres profissionais do sexo sobre os fatores envolventes na prostituição como profissão. Destacando a concepção que essas mulheres possuem de sua atividade profissional como os dilemas enfrentados no seu cotidiano, derivados do estigma a elas dirigido, das contradições nas relações com os clientes, das dificuldades enfrentadas com seus familiares e de suas perspectivas para o futuro. 2 MÉTODO Trata-se de um estudo qualitativo de abordagem exploratória descritiva. De acordo com Minayo (2010) a fase exploratória compreende a escolha do tema, delimitação do problema, assim como a caracterização do objeto e dos objetivos, os quais são importantes no desenvolver da investigação. No entanto, a pesquisa descritiva se insere no estudo, pela necessidade de conhecer e interpretar os fatos sem nada interferir para modificá-la. A pesquisa realizada é do tipo pesquisa de campo, sendo usado como método de coleta de dados entrevistas semiestruturadas. O estudo foi realizado em um prostíbulo de um município do interior do estado de Rondônia, localizado na região norte do Brasil. As participantes do estudo foram três mulheres profissionais do sexo. Como critério de inclusão era necessário que a participante trabalhasse como prostituta vinculada ao local (Prostíbulo) onde foi realizado a pesquisa e concordar em participar voluntariamente assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A amostragem se configura como amostra ao acaso, onde é arranjada de modo que se dê igual probabilidade de chances de seleção para cada sujeito daquele universo. Assim, a composição desta amostragem se faz válida, visto que “a amostra é considerada uma parte menor de um todo maior, de modo que o pesquisador consiga analisar um dado universo com base numa pequena representação deste” (PÁDUA, 2006, p. 67). Para coleta dos dados, este trabalho utilizou-se de uma entrevista semiestruturada e a observação. Na entrevista semiestruturada “o pesquisador organiza um conjunto de questões sobre o tema que está sendo estudado, mas permite, e às vezes até incentiva, que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramentos do tema principal” (PÁDUA, 2006, p.70). O estudo iniciou-se com uma visita ao prostíbulo onde foi apresentado o projeto a responsável pelo local e solicitar a sua autorização por meio da assinatura da Carta de Anuência para a realização do estudo. Após a autorização da responsável contatou-se as demais 67 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 participantes (profissionais do sexo), a fim de esclarecer os objetivos da pesquisa e sondar a disponibilidade de cada uma para colaborarem com o desenvolvimento do trabalho. Após o aceite foi discutido datas e horários para a entrevista de acordo com a disponibilidade das participantes e dos pesquisadores. Os dados foram coletados em seis encontros realizados em um espaço reservado do prostíbulo por meio de entrevista individual com duração média 50 minutos cada, todas no período noturno. Foi-lhes assegurado o anonimato e a privacidade de cada uma, resguardando- lhes o direito, inclusive, de não concluírem a entrevista, se assim o desejassem. As observações como expressão facial, silêncio prolongados, olhares reflexivos etc. foram anotadas num caderno de campo e analisadas em momentos posteriores as entrevistas. A análise das informações foi realizada por meio da análise temática que de acordo com Minayo (2010, p. 309) “consiste em uma modalidade de análise de conteúdo. Por ser a mais simples e mais apropriada para as investigações qualitativas em saúde”. Sendo assim, após a leitura na íntegra das transcrições das entrevistas obteve as categorias projetadas sobre os discursos onde foram identificado os temas emergentes e as unidades de significação. 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 4.1. Conhecendo as participantes do estudo Embora fossem esclarecidos todos os procedimentos éticos da entrevista as participantes reforçaram os seus direitos de sigilo como sujeitos, exigindo que não houvesse qualquer identificação em relação a nome e local onde se encontra o estabelecimento que funciona como prostíbulo. Exigência feita pela cafetina3, que alega ter problemas com a justiça e acredita que a exposição destas informações, poderia acarretar em maior exposição das profissionais, que ali desempenham sua função, “não queremos que haja alguma consequência, como uma represália por parte da polícia ou algum outro órgão do governo”. (Sic.). A fim de manter o anonimato utilizou-se de nomes fictícios para a identificação das participantes. Transcreve-se a seguir, de modo condensado, os principais trechos das entrevistas de forma literal. 3 Que originou-se do masculino "cafetão". É o mesmo que CAFTINA, que no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (2001), quer dizer: mulher dona de Bordel, que tem negócios de meretrizes. Senhora responsável por uma casa de diversão masculina, bordel. Cuida das "meninas" e de suas respectivas agendas. 68 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 4.1.1 Primeira entrevista: Gigi Bem, eu vim da capital, sou casada e tenho trinta e cinco anos. Para meu marido eu falo que trabalho com confecções e venda de roupas (riso). Já estou nessa vida há mais de dez anos. Por que eu quis fazer programa? hum ...estou nesta vida, porque meu marido é muito parado, e não dá pra gente tudo que a gente precisa. Tenho 2 filhos, é um casal. Eu tiro uns R$ 7.000,00 à R$ 8.000,00 mil por mês, sempre invisto o dinheiro, já comprei carro, uma moto, uma casa, e já reformei a casa dos meus pais e sustento eles também. Az vezes me sinto sozinha quando vou dormir. 4.1.2 Segunda entrevista: Paola Eu vim de uma cidade próxima a capital, tenho vinte e oito anos, sou separada e tenho um filho. Meu filho fica sempre com minha irmã, também sustento ela. Eu estou nesta vida porque aqui o dinheiro entra rápido. Então, com dois dias aqui e já ganhei R$500,00 e em outro serviço ‘num’ consigo isso. ‘Num’ tenho estudo, meu ex-marido está preso eu não recebo pensão, quando não venho prá cá vou pra outras cidades do estado e também para uma cidade do estado de Matogrosso. Em Matogrosso é melhor pra ganhardinheiro, mas eu gosto mais desse lugar aqui. Eu não tenho nenhum problema com a dona daqui, essa Cafetina é dez (risos). Eu não pego qualquer homem, eu sempre escolho. Uma vez eu tentei trabalhar em um restaurante, mas não consegui, não deu certo, os homens ficaram me olhando e eu me senti mal. As vezes aqui eu sinto uma solidão muito grande quando acordo...Sempre vou dormir de porre, mas quando acordo com ressaca é terrível... eu não desejo essa vida pro meu filho de jeito nenhum. 4.1. 3 Terceira entrevista: Flor Eu tenho vinte e seis anos vim de outra cidade. Eu tenho outra profissão, eu fiz curso de panificação, já trabalhei em algumas empresas, mas o dinheiro não dava, não era suficiente. Eu tinha um salário de R$ 2.000,00, mas aqui eu ganho muito mais. Sobre o que eu penso sobre essa profissão? Bem aqui não é fácil, mas como falou a Paola. o dinheiro aqui entra rápido, eu não faço o que não quero, somente aceito programa com homem... com a Cafetina me dou bem, até mesmo porque eu não fico em zona com a dona enjoada, e eu mando pra ‘PQP’ se for 69 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 chata. sobre meu futuro? Hum... eu não sei o que vai acontecer quando eu ficar velha, nem quero pensar. 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO Numa tentativa de compreensão dos fatores inerentes a prostituição como profissão buscou-se encontrar nas falas das participantes alguns recortes que traduzissem as repostas em comum, seguindo-se, então, as discussões dos resultados com base na literatura pesquisada. A partir das informações coletadas e das observações foram analisadas as questões que obtiveram respostas semelhantes entre as participantes identificando quatro temáticas, a saber: a) Relação com os clientes e como a Cafetina; Tempo de Profissão; Perspectivas para o futuro; Fatores motivadores à inserção na profissão. 5.1 Relação com os clientes e com a cafetina Quanto a relação das prostitutas com a Cafetina, observa-se certa independência por parte das profissionais do sexo, sendo que estas podem optar pela escolha de seus clientes, bem como estabelecer seus horários, além de poderem escolher quando trabalhar ou não. “essa Cafetina é dez” (Paola); “não fico em zona com a dona enjoada, e eu mando pra ‘PQP’ se for chata” (Flor). Porém, mesmo com certa “liberdade”, as profissionais ainda estão sujeitas aos mandos da Cafetina, e mesmo assim, permanecem nesta condição pelo “dinheiro fácil”, mesmo descrevendo sua profissão como desagradável e sinalizando o interesse em deixar a prática. Outro fator importante é a relação da profissional com o cliente. De acordo com os depoimentos, as interações estabelecidas e referidas pelas participantes do estudo denotam certa autonomia na hora de negociar o programa “eu não faço o que não quero, somente aceito programa com homem [...]” (Flor); “eu não pego qualquer homem, eu sempre escolho” (Paola). Contudo, elas possuem a clareza de que essas interações são mediadas pela incidência do estigma que traz dilemas no contexto da negociação e na realização do programa. 5.2 Tempo de profissão Com relação ao tempo que faziam programas, observa-se que as entrevistadas estão nessa atividade há pelo menos 07 anos. “Estou nessa vida há mais de 10 anos” (Gigi); “faço programas desde meus 20 anos” (Paola). “Entrei nessa vida aos 19 anos” (Flor). A 70 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 permanência na profissão pode estar atrelada ao grau de satisfação com a profissão, à possibilidade da liberdade e da autonomia na administração do horário e também maiores ganhos financeiros (GUIMARÃES; MERCHÁN-HAMANN, 2005). De acordo com os Barreto (2008), postula que a prostituição muitas vezes é uma opção de trabalho mais flexível, melhor remunerada e com jornada de trabalho mais curta do que outras atividades. Ainda que essa profissão seja carregada de estigmas e preconceitos, muitas mulheres encontram na prostituição a liberdade e a autonomia não vivenciada na família. Para Medeiros e Barbosa (2011) a mulher que antes estava condicionada a viver no lar e para a família, o privado, sai para o espaço das ruas e passa a conviver em sociedade, exercendo novas atividades, funções e comportamentos, entre esses, sua independência sexual. Contudo, os autores supracitados, ainda acrescentam que, a independência sexual da mulher lhe trouxe um desconforto social, uma vez que esta independência está associada a prostituição, e a visão da mulher prostituta está ligada à sua condição social ou aos parâmetros sociais em que esta esteja imersa. 5.3 Perspectivas para o futuro No que se refere a perspectivas para o futuro, fica evidente certa insegurança por parte das participantes. Tal evidência pode ser notável diante do que foi relatado por algumas das profissionais: “eu não sei o que vai acontecer quando eu ficar velha, nem quero pensar” (Flor). Por se tratar de uma profissão onde o corpo é o produto de oferta, a preocupação com a idade foi relatada por todas as participantes do estudo. A idade da prostituta é considerada, por elas, como um dado do perfil que exerce grande influência, no âmbito da concorrência pelo cliente, especialmente no momento de negociarem as condições do programa (GUIMARÃES; MERCHÁN-HAMANN, 2005). Nesse sentido, o trabalho excessivo é visto a priori como uma forma de conseguir o máximo de recursos financeiro em curto prazo. De acordo com as entrevistadas, existem cidades com maior procura pelos serviços sexuais “quando não venho prá cá vou pra Chupinguaia ou Sapezal. Em Sapezal é melhor pra ganhar dinheiro, mas eu gosto mais desse lugar aqui” (Paola). De acordo com uma das participantes para “aproveitar o momento bom pra ganhar dinheiro já cheguei a fazer oito programas por dia em Chupinguaia” (Flor). 5.4 Fatores motivadores à inserção na profissão 71 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 Sobre os motivos que as levaram a se prostituírem, as justificativas são múltiplas, permeadas de desejo de ascensão financeira, abandono familiar, liberdade. “Estou nesta vida, porque meu marido é muito parado, e não dá pra gente tudo que a gente precisa” (Gigi). Neste fragmento do relato, observa-se o desejo de consumo e de ascensão social. Por meio dos relatos tanto das profissionais do sexo como da Cafetina, é possível notar uma questão que parece ter importância fundamental tanto para o ingresso como para a permanência destas mulheres nesta profissão é a facilidade com a qual se consegue obter dinheiro. Eu tiro uns R$ 7.000,00 à R$ 8.000,00 mil. Sempre invisto o dinheiro. “Já comprei carro, uma moto, uma casa, e já reformei a casa dos meus pais e sustento eles também” (Gigi); “estou aqui porque o dinheiro entra rápido. Então com dois dias aqui e já ganhei R$500,00 e em outro serviço não consigo isso”. (Paola); “tinha um salário de R$ 2.000,00, mas aqui eu ganho muito mais” (Flor). Observa-se, que o dinheiro propicia renda não só para as profissionais do sexo, mastambém para seus familiares. Nesse sentido, nota-se que o acesso ao dinheiro é obtido com certa facilidade, em grande quantidade e num período de tempo curto, o que torna esta profissão rentável e atrativa, como mostram os próprios relatos das entrevistadas. Russo (2007) defende que “o dinheiro é o mediador das relações de prostituição”. De modo geral, o que se pode ver é que a motivação para ingressar neste ambiente profissional está relacionada as questões socioeconômicas, sobretudo, em contextos onde há pobreza e marginalização, bem como situações de desorganização e conflito familiar e desvalorização profissional. Vê-se o dinheiro como peça central deste contexto observado para as profissionais do sexo. O ingresso nesta profissão parece não exigir uma pré-qualificação, sendo que para isso basta que a mulher manifeste esta inclinação, o que talvez seja um dos fatores que contribuem para o ingresso neste meio. São inúmeros os contextos em que se observa o fenômeno social da prostituição. Os fatores que desencadeiam tal fenômeno também são os mais diversos como mencionado a priori, indo desde desajustamentos familiares, envolvimento com drogas, etc. “Meu ex-marido está preso eu não recebo pensão [...]” (Paola). Mesmo havendo variadas possibilidades em questão, é sabido que a maior das causas deste fenômeno é a pobreza, e na maioria das vezes, a miséria. As personagens são mulheres que saíram da casa dos pais por algum conflito, e até por terem sofrido abuso, ou que engravidaram precocemente e não recebem qualquer apoio da família e do parceiro e decidem se aventurar nesta profissão, tendo esta como única perspectiva para solução de seus problemas, onde a realidade nem sempre traduz os seus sentimentos demonstrado: “aqui não é fácil” (Flor); 72 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 “eu sinto uma solidão muito grande quando acordo. Sempre vou dormir de porre, mas quando acordo com ressaca é terrível [...] eu não desejo essa vida pro meu filho de jeito nenhum” (Paola). Nesse caso observa-se, que se por um lado a profissão proporciona certa liberdade, autonomia e principalmente uma remuneração desejável, por outro lado, esta mesma profissão revela-se como um peso na vida dessas mulheres, onde o estigma é experimentado no caso em questão, de forma subjetiva. Conviver com essa “marca” é conviver com o estigma e preconceitos impostos pela sociedade, é ter segundo Goffman (1988) o seu registro negativo, descrito pela autora como identidade deteriorada. Ser prostituta é viver em plena condição de exclusão, já que sua profissão interfere nas suas interações, seja no momento de exercer a profissão, seja no momento de buscar serviços médicos ou mesmo em diferentes âmbitos da vida íntima e social, Guimarães e Merchán-Hamann (2005), ou seja, a mulher fica assim, marcada para o resto da vida. Em termos gerais, percebe-se nos depoimentos das participantes, que a prostituição como profissão surge da insatisfação, do desejo de mudar de vida, e esperança que esta atividade possa atribuir-lhes um caminho, permitindo-lhes de certa forma, juntar dinheiro para algum empreendimento, o sustento da família e o delas próprias. Porém, é notável o sentimento de incerteza sobre o futuro... Submeter-se a este contexto de exploração e riscos pode também ser explicado pelas péssimas condições de vida dessas mulheres, por não terem estudo, não receberem oportunidades no atual mercado de trabalho. Por fim, além de enfrentarem os riscos da profissão, ainda se submetem aos julgamentos e olhares de desprezo e repúdio por parte da sociedade em geral, sobretudo de grupos que defendem ferrenhamente a moral e os “bons costumes”. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora, fosse notável a existência de algumas dificuldades iniciais no que diz respeito a ordem conceitual e definição do caminho metodológico a percorrer, o estudo possibilitou a inferência de alguns apontamentos conclusivos. De maneira geral pode-se observar, que as profissionais do sexo, participantes demonstraram por meio dos seus discursos, ambivalência nos seus sentimentos. Apresentando-se euforia e sentimentos positivos com relação a sua profissão, porém demonstraram emocionalmente fragilizadas, indefesas e inseguras quanto as suas perspectivas para o futuro como profissionais do sexo. 73 A Prostituição Sob a Ótica das Profissionais do Sexo ________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Rev. Saberes, Rolim de Moura, vol. 3, n. 2, jul./dez., p. 63-75, 2015. ISSN: 2358-0909 Também, foi possível concluir, que as profissionais do sexo, pertencem a uma classe social desfavorecida, o que é ainda mais preocupante, pois a prostituição se fortalece com a falta de oportunidades existente no país. Fato esse, que infelizmente corrobora outros resultados de pesquisas realizadas no Brasil. O estudo ainda evidencia o ingresso dessas mulheres à prostituição ao baixo nível socioeconômico aos quais são inseridas. Ou seja, são mulheres oriundas da periferia, com baixa escolaridade e baixo poder aquisitivo. Nesse sentido, faz-se necessário novos estudos dessa natureza, na região com maior número de participantes e com grupos de mulheres que exercem a prostituição em outro contexto. Por fim, entende-se que é preciso dar voz a estas mulheres, é preciso ouvi-las, é preciso colocá-las em debate. Os avanços esperados na efetivação do exercício dos direitos daqueles que trabalham como profissionais do sexo, não só dependem dos esforços dos defensores externos dessa causa, mas acima de tudo, quando o principal ator envolvido for ouvido. REFERÊNCIAS BARRETO, L. C. Prostituição, gênero e sexualidade: hierarquias sociais 2008 e enfrentamentos no contexto de Belo Horizonte, 158 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2008. BRAGA, J. M. F. Prostituição e moral: evangelização libertadora versus pecado social. In: ÂNGELO, A. et al. 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