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1 Gestão de Carreira 2 Autor (a): Edner Ferreira Braga. 1ª Edição – 2011 Gestão de Carreira Todos os direitos desta edição são reservados a Cresça Brasil Editora S/A. É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios, sem autorização escrita da Editora. ISBN: 978-85-8153-130-4 _______________________________________________________________________________________________ Cresça Brasil Editora S/A Rua Jaime Santos, 530 – Jardim Aeroporto - Alfenas/MG – CEP 37130.000 Atendimento: 0800 722 0226 www.crescabrasil.com.br sac@crescabrasil.com.br http://www.crescabrasil.com.br/ mailto:sac@crescabrasil.com.br 3 Sumário Capítulo 1 - Carreira e Profissão 1.1 O conceito de Profissão..................................................................5 1.2 O conceito de Carreira....................................................................6 1.3 A Escolha Profissional....................................................................7 1.4 A Reorientação Profissional...........................................................8 1.5 A Manutenção da Carreira..............................................................9 1.6 O Plano de Carreira......................................................................12 Capítulo 2 – O Processo de Escolha de Carreira 2.1 O Mercado de Trabalho e a Carreira............................................14 2.2 O indivíduo que escolhe...............................................................15 2.3 As etapas da Escolha...................................................................16 2.4 As situações de Escolha...............................................................18 2.5 Informação Profissional................................................................20 Capítulo 3 – Integração do Processo de Escolha de Carreira 3.1 Breve reflexão...............................................................................21 3.2 Características Pessoais..............................................................21 3.3 Motivações e Interesses...............................................................22 3.4 Potenciais e Habilidades..............................................................23 3.5 Valores e Aspirações....................................................................24 3.6 Conflitos, Ansiedades e Medos....................................................25 3.7 Expectativas de Futuro.................................................................27 Capítulo 4 – As inclinações e o desenvolvimento da Carreira 4.1 A Inclinação Profissional...............................................................28 4.2 As Âncoras de Carreira................................................................29 4.3 O desenvolvimento da Carreira....................................................30 Capítulo 5 – O Planejamento da Carreira 5.1 Conhecendo o Planejamento de Carreira....................................32 5.2 Elaboração de um Plano de Carreira...........................................33 5.3 Execução do Planejamento..........................................................34 4 Apresentação Elaboramos este livro para que você possa conhecer os fundamentos sobre Gestão de carreira. Espero que você aproveite ao máximo e consiga através deste conteúdo ensinamentos que sejam úteis ao seu sucesso profissional. 5 Capítulo 1 Carreira e Profissão Como ponto de partida de nossos estudos e reflexões sobre Gestão de Carreira é fundamental e imperativo você entender dois conceitos muito importantes: profissão e carreira. Portanto, neste capítulo você irá compreender sobre a escolha profissional e a carreira, ou seja, desde a escolha até a formulação do plano. 1.1 - O conceito da profissão Você já parou para se perguntar o que é profissão? Quando lhe perguntam qual é a sua profissão, o que é que você responde? Se consultarmos agora o Pequeno Dicionário Aurélio, encontraremos o verbete profissão: atividade ou ocupação especializada, da qual se podem tirar os meios de subsistência; ofício, mister. Entretanto, encerra tantas questões, aspectos e características que acabam por constituir um conceito complexo e difícil de definir, e principalmente, se pensarmos nas tomadas de decisões que devemos fazer ao longo de nosso desenvolvimento profissional. Em busca desta definição de profissão podemos perceber que se trata de um conjunto de atividades que requerem conhecimentos, habilidades e atitudes específicas relacionada a um campo do saber humano e que é remunerada. Uma das questões primordiais relacionadas à definição de profissão é que esta implica numa escolha, numa busca e numa construção gradual. Assim, ser um profissional resulta de um caminho individual e intransferível de adesão, produção e reprodução de conhecimentos, de processos e de papéis que nos levam, a nos reconhecermos e a sermos reconhecidos como competentes para exercermos um determinado conjunto de atividades, ou seja, uma profissão. As escolhas relacionadas a como, quando, onde, por que e para que exercer uma determinada profissão nos leva ao conceito de carreira. Este conceito, segundo Chanlat (1995) define-se pelo fato de que uma profissão apresenta etapas de desenvolvimento e progressão. O autor ressalta que esta é uma concepção bem moderna e que só aparece porque na sociedade industrial capitalista pressupõe as ideias de igualdade, liberdade, sucesso individual e progresso. Assim, isto nos leva ao sentido atual de carreira. 6 1.2 O conceito de Carreira Carreira, portanto, refere-se também às estruturas socioeconômicas de cada sociedade e em cada momento histórico, ao mercado de trabalho, à cultura e ao mercado de recursos humanos. Até ao final dos anos 70, a carreira era definida exclusivamente pelas empresas, mas depois disso passou a ser responsabilidade do indivíduo. Atualmente a carreira se recai sobre os dois: *indivíduo e *empresa. * Ao indivíduo, porque cabe a este fazer suas escolhas, perceber a realidade do mercado, entre outros focos de análise. * A empresa, porque é nesta que surgem as oportunidades, e também, porque as profissões, em geral, são exercidas nas empresas. Ressalte-se também que a empresa tem interesse em trabalhar suas políticas e estruturas organizacionais para estimular a permanência dos indivíduos através da construção de uma carreira corporativa. No Brasil os profissionais não costumam planejar sua carreira, talvez porque vivemos durante muito tempo num ambiente sociopolítico e econômico que não viabilizava tais projetos e a maior parte das empresas brasileiras tinham como base os modelos centralizadores e autoritários ou porque o brasileiro tenha se acostumado a guiar-se muito mais por estímulos externos, tais como salário, oferta de emprego e status, não considerando suas inclinações individuais. Entretanto, Dutra (2002) acredita que a prática do planejamento da carreira tende a aumentar entre os profissionais brasileiros, pois a maior diversificação de oportunidades de emprego e trabalho, ocasionadas pelos avanços tecnológicos e as mudanças nas estruturas das empresas propiciará mais flexibilidade ao indivíduo e exigirá maior capacidade de planejamento para evitar risco de estagnação profissional. Prossegue o autor, indicando que o desafio para o desenvolvimento de um plano de carreira pessoal reside no fato de ter que tomar a si próprio como referência desenvolvendo uma visão interior da carreira. Tudo isto aponta para o fato de que a gestão de carreira é de responsabilidade individual e que esta deve passar por uma resignificaçãoda escolha profissional, por um processo de reorientação profissional ou por um plano de manutenção da carreira, culminando com um projeto de carreira. 7 1.3 A Escolha Profissional Ao iniciar o seu processo de gestão de carreira, o indivíduo deve ter como ponto de partida a sua escolha profissional de base. Isto significa que, a exemplo do que define Bohoslavsky (1987), o indivíduo deve rever como definiu o que fazer, o que queria ser, e que lugar queria ocupar na sociedade tendo como referência o trabalho. Para isso deve-se partir da revisão das situações que vivenciou, das dificuldades encontradas para estabelecer sua escolha profissional, das influências percebidas, do seu autoconceito na época da escolha (reflexão de sua trajetória enquanto estudante e aprendiz da profissão escolhida), e complementa-se com seu histórico profissional até o momento em que inicia o seu planejamento de carreira. Ainda tomando como base o modelo de orientação vocacional proposto por Bohoslavsky, propomos que o profissional deve refletir mais detidamente Cuidadosamente, demoradamente. sobre os seguintes aspectos de sua escolha profissional, respondendo para si mesmo as seguintes indagações: 1) Que conflitos e ansiedades experimentou em relação ao futuro na época em que estabeleceu sua escolha profissional? 2) Como fez para identificar suas potencialidades e quais eram as que guiaram sua escolha? 3) De que forma considerou suas características de personalidade e quais foram identificadas como base da escolha da profissão? 4) Como identificou os seus interesses e motivações e quais eram estes? 5) O que fez para buscar informações sobre as diversas profissões que lhe pareceram interessantes? Que informações considerou como relevantes para a escolha da sua profissão? Responder a estas questões é necessário, pois sem a qual não será possível prosseguir com certa segurança com relação à assertividade do plano de carreira pessoal. No esteio do que discute Bohoslavsky, percebemos que esta retomada da escolha profissional serve ao objetivo de resignificar o processo e revisar a sua identidade ocupacional, que para o autor “...é a autopercepção, ao longo do tempo, em termos de papéis ocupacionais.” (BOHOSLAVSKY, 1987, p.55). Como se trata de um processo dinâmico e contínuo torna-se útil tomar consciência desta autopercepção, como início do processo de reformulação 8 profissional, e para tal, será útil, além de refletir sobre as questões acima, fazer uma boa reflexão sobre suas respostas com base às seguintes questões: 1) Que tipo de vínculo você conseguiu estabelecer com os seus estudos durante seu processo de formação profissional? 2) Quais as disciplinas que mais lhe interessaram e quais despertaram menos os seus interesses? 3) Quais disciplinas você aprendeu com maior facilidade e quais foram as mais difíceis? 4) Como foi sua experiência profissional durante o curso? Teve contato direto com as atividades e papéis da profissão escolhida? Como foi isto? 5) Qual sua visão da trajetória profissional após a sua formação? 6) Que sentimentos você identifica atualmente em relação a sua escolha profissional, a sua formação e estudos e a sua trajetória profissional? Com tudo isto, acreditamos que você terá explorado e revisado os aspectos principais da sua escolha, e, portanto, poderá na sequência da construção do seu projeto de carreira, partir para a fase da reorientação profissional. 1.4 A Reorientação Profissional A reorientação profissional refere-se ao segundo passo do processo de Gestão de Carreira e se caracteriza a partir da resignificação da escolha profissional primária, a reorientação e as novas decisões que um profissional deve tomar para dar continuidade ao seu processo de desenvolvimento profissional. Não estamos colocando aqui a questão da necessidade de fazer uma nova escolha profissional mediante a constatação de uma escolha primária inadequada e insatisfatória. Nesse caso, entendemos que o indivíduo deverá buscar um processo de orientação vocacional para refazer a sua escolha profissional primária. Entendemos que não há como ter satisfação plena e estática com as escolhas profissionais, até porque somos dinâmicos e vivenciamos processos de mudança pessoal constantes, sabendo que as profissões também são dinâmicas e se alteram de acordo com os contextos socioeconômico e culturais que as produziram. 9 Cabe ao profissional que queira planejar sua carreira, encarar as suas insatisfações e satisfações com sua formação e com sua atuação e trajetória profissional para poder a partir destas pistas reorientar-se profissionalmente, fazendo os ajustes levando em conta seus interesses e motivações atuais e os contextos profissionais vigentes no momento. Este processo de inventariar suas satisfações e insatisfações profissionais desde o processo de formação até o momento atual de sua trajetória profissional é muito importante para as decisões que irá tomar em relação ao seu projeto de futuro profissional, pois serve como base para correções de percurso, identificação de interesses e de forças motivacionais genuínas. A fase da reorientação profissional é preciosa para identificar e promover fatores de ajustamento e de comprometimento profissional, principalmente porque escolhas pessoais integradas asseguram a realização, o desempenho otimizado e o sucesso profissional. Buscar clareza em relação as suas reais necessidades e motivações profissionais, depois de ter vivido um processo de formação e, mesmo que uma breve trajetória profissional é condição imprescindível para a reorientação profissional efetiva, em que se tomará decisões saudáveis e maduras, com relação às bases de atuação profissional de posicionamento frente ao mercado de recursos humanos e ao mercado de trabalho, estabelecendo-se um anteprojeto para a formação continuada e para aquisição de novas competências. Para esta etapa, é muito útil trabalhar com a técnica das frases incompletas, pois ao completá-las você estará revelando a si mesmo aspectos de sua identidade ocupacional e identificando seus atuais interesses e motivações. 1.5 A Manutenção da Carreira Esta fase de construção do plano de gestão de carreira só é possível se você tiver trabalhado seriamente com as etapas anteriores, e trata, de definir mais concretamente os rumos que você deseja dar ao seu futuro profissional, e assim, manter sua carreira ao longo do tempo. Se nas etapas anteriores você investigou os fatores pessoais relacionados ao seu histórico de escolha profissional, de formação e de trajeto de atividades, interesses, motivações, dificuldades e insatisfações, nesta fase, você deverá traduzir isto em termos de pré-escolhas mais específicas e que serão o start (Começo) do seu plano de carreira. Para iniciar este processo, você deverá refletir a partir de sua experiência profissional acumulada ao longo de sua vida sobre os seguintes pontos: 10 1. Que dilemas você já vivenciou na sua profissão? Por que eles ocorreram? Como os solucionou? 2. No seu histórico profissional que ocorrências lhe causaram maior ansiedade? Como você lidou com elas? 3. Que conflitos você já teve que superar em sua vida profissional? Por que eles ocorreram? Como resolveu? 4. Faça uma breve lista dos fatores que você considera mais estressantes na sua atuação profissional. Como você faz para gerir seu estresse? As respostas para estas quatro questões podem ser bem interessantes para iniciar a lista de percepções pessoais e fatores subjetivos para escolhas objetivas adequadas e adaptadas com sua capacidade de lidar com dilemas, ansiedades, conflitos e fatores estressantes. Agora, se torna bem interessante sua definição de como você percebe sua carreira, e para tal, adotaremos os Conceitos de Carreira de Driver (STONER & FREEMAN, 1985, p. 419-420), que define quatropadrões de carreira – Linear, Estável, Espiral e Transitória. O profissional escolhe um campo de atuação, desenvolve um plano para sua ascensão neste campo o executa linearmente, sem variações e mantendo apenas o foco na ascensão hierárquica. O indivíduo escolhe seu campo de atuação e busca melhorar profissionalmente e financeiramente, mas não se foca em ascender hierarquicamente nas empresas em que trabalha. O indivíduo que adota este modelo está motivado principalmente pelo desejo de crescimento pessoal. Esforça-se para ter bom desempenho e avançar em status e posto, mas seu foco está em enfrentar novos desafios e oportunidades de crescimento. O indivíduo muda de um trabalho para outro sem qualquer padrão especial. Não escolhe um campo de atuação em particular, apenas adota as oportunidades que vão surgindo. Desejam ser independentes e evitam maiores comprometimentos. As questões que não querem calar neste momento são as seguintes: 1. Que conceito de carreira você tem adotado ao longo de sua vida profissional? 2. Qual conceito de carreira pretende adotar na continuidade de seu projeto profissional? Por quê? 11 Reflita um pouco sobre elas. Agora que você já refletiu e identificou os aspectos subjetivos da sua carreira e o conceito de carreira praticado e desejado para o futuro, podemos prosseguir nesta fase de decisões para a manutenção da carreira. Para prosseguirmos leia e reflita sobre as questões a seguir e reveja qual o nível de informação que você possui sobre sua profissão: 1. Como ela vem se desenvolvendo? 2. Que mudanças ocorreram ao longo do tempo? 3. Quais as novas atividades que se agregaram? 4. Que novos campos de atuação surgiram? 5. Quais as expectativas em relação a novos campos de atuação? 6. Que áreas se anunciam como campos saturados? 7. Que áreas se anunciam como campos de novas oportunidades? 8. Que novos cursos de extensão, aperfeiçoamento, especialização surgiram? 9. Que conhecimentos novos são exigidos nestas novas áreas? 10. Quais habilidades têm sido exigidas? 11. Que atitudes são pressupostas nestas novas áreas de atuação? 12. Quais sindicatos, associações de classes, institutos e outras ONGs surgiram em relação a sua profissão? Que eventos têm organizado estes órgãos? Que temas estão sendo discutidos? 13. Existem revistas especializadas? O que tem sido produzido em termos de conhecimentos e publicado nestas revistas? 14. Que tecnologias têm sido associadas aos novos campos de atuação na sua profissão? 15. Como está o mercado de trabalho? Quais tipos de vagas têm sido mais oferecidos? Quais têm sido menos? Quais pré-requisitos têm sido exigidos? Quais diferenciais têm sido solicitados? 12 16. Como está o mercado de recursos humanos? Há muitos ou poucos profissionais buscando oportunidades? Quais são seus pré-requisitos? Quais são seus diferenciais? Ao responder estas questões você estará definindo qual seu nível de posicionamento no mercado profissional no qual se insere e isto será importante para a formulação da etapa seguinte, que é o plano de carreira. 1.6 O Plano de Carreira Pronto! Agora já é possível avançar no sentido de estabelecer a primeira versão do seu plano de carreira. Não se esqueça que esta é a primeira versão, um rascunho, um esboço, um esquema do seu plano e que este se desenvolverá ao longo dos capítulos deste livro, ao final do qual deve lhe ser possível estabelecer um projeto bem específico e detalhado para o seu futuro profissional. Para a formulação deste plano você deve refletir e responder a você mesmo sobre as seguintes indagações, que não só retomam todas as outras, mas as colocam agora numa perspectiva de integração das reflexões anteriores numa visão de futuro. 1. Como você vê a sua primeira escolha profissional? Que significado ela tem para você atualmente? Que significado ela tem quando você pensa em seu futuro profissional? 2. Na continuidade de sua formação profissional quais conhecimentos você tem interesse em estudar e aprender? 3. Em relação a sua trajetória o que deseja manter em termos de atividades de trabalho? 4. Quais são os seus interesses e motivações para seu futuro profissional? 5. Com quais tipos de dilema, fontes de ansiedade e estresse e com quais tipos de conflitos você se sente mais “forte” para lidar? 6. Qual o conceito de carreira que pretende adotar? 7. Em que campo de atuação relacionado a sua profissão tem interesse em se estabelecer? 8. Que pré-requisitos e diferencial você possui e qual precisa desenvolver para melhorar seu posicionamento no mercado de recursos humanos? 13 Estas questões são a base da sua gestão de carreira e será um norteador de todo o processo que você vai desenvolver ao longo deste livro. É hora de recapitular! Neste capítulo vimos a definição de profissão e carreira, aprendemos sobre escolha profissional e ainda conhecemos a importância da manutenção e o plano de carreira. 14 Capítulo 2 O Processo de Escolha de Carreira Desde que nos decidimos a realizar o nosso planejamento de carreira, na verdade, estamos nos propondo a estabelecer as bases do ajustamento, do bom desempenho, e por consequência, do sucesso profissional. Portanto, neste capítulo você conhecerá sobre o processo de escolha da carreira profissional. 2.1 O Mercado de Trabalho e a Carreira O mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais exigente com relação às experiências, a qualificação, os pré-requisitos e os diferenciais a serem oferecidos pelos profissionais. E como resultado, estamos assistindo o crescimento constante da competitividade no mercado de recursos humanos. Isto tem tornado as questões em torno da carreira cada vez mais complexas, requerendo de cada profissional a prática de estabelecer planos para seu futuro. Assim, para se construir e estabelecer uma carreira substancial concreta, progressiva e bem-sucedida são necessários quatro fatores: escolhas ajustadas, planejamento realista, preparação otimizada e busca assertiva de oportunidades. Para se estabelecer um processo de escolha de carreira genuíno, o indivíduo deve estar disposto a proceder uma profunda e coerente reflexão sobre as seguintes questões: interesses, personalidade, valores, competências bem desenvolvidas, competências sobre as quais necessita e deseja desenvolver e necessidades de formação e educação continuada. Refletir sobre estas questões, elaborar um plano e implantá-lo exige uma combinação de motivações, interesses e esforços que devem ser encarados como um autoinvestimento que vale a pena empreender, pois se trata de definir aspectos importantes para o seu próprio futuro. Deve-se compreender também que este plano precisa de constante acompanhamento e reavaliação para que se possa proceder aos ajustes 15 necessários criados pelas mudanças pessoais ou do mercado de trabalho e de recursos humanos. Perceba que o processo de escolha de carreira não se constitui numa série de decisões isoladas e estanques, mas que se trata de um processo continuado e que se iniciou antes mesmo do seu nascimento, a partir das expectativas dos seus pais em relação ao seu futuro, permeou a sua infância e sua fase de crescimento. Pois suas fantasias, brincadeiras e sonhos, entre outras coisas, serviram de campo de exploração da sua identidade ocupacional, passou pela sua adolescência, através da sua educação e das escolhas que marcaram esta etapa da sua vida, continuou na sua fase adulta e ainda permanecerão, até possivelmente, após a sua aposentadoria. Ao estabelecer seu planejamento, esta perspectiva de constância, de revisão contínua, de dinamismo e mutação e de temporalidade deve estar sempre presente para que se tome uma decisão consciente e madura. Na continuidade da construçãodo seu Plano de Carreira é importante que você conheça os aspectos deste processo de escolha e possa fazer as autorreflexões necessárias para avançar na tomada de consciência. 2.2 O Indivíduo que escolhe O indivíduo que se encontra no momento de realizar escolhas em relação a sua carreira profissional geralmente está, conforme a divisão proposta por Donald Super e citada por Neiva (2007), nas etapas de estabelecimento (21-45 anos) ou de permanência (40-65 anos). Na etapa de estabelecimento o indivíduo está buscando se firmar numa profissão ou está consolidando seus avanços na carreira e na etapa da permanência, busca adaptar-se e preservar o autoconceito, manter sua posição, atualizar-se e inovar. O indivíduo prossegue, na etapa do estabelecimento, com a estruturação da identidade pessoal que passou pela sua fase mais crítica durante a adolescência e que se reforça no senso de identidade ocupacional e na urgência de redefinir um projeto profissional ao se aproximar do final de sua graduação ou porque necessita de estabelecer as bases de seu avanço na profissão escolhida. Na etapa da permanência, o indivíduo consolida um autoconceito e busca reorientar seu projeto profissional para manter sua empregabilidade, manter seu status profissional, o prestígio conquistado, e para isso, sente-se impelido a buscar investimentos para atualizar-se e atender aos novos pré- requisitos e diferenciais exigidos pelo mercado de trabalho. 16 Em qualquer das duas etapas, estruturar um projeto de desenvolvimento profissional contribui para a evolução da identidade ocupacional, pois como o plano de carreira vai além de responder “por que” e “para que” escolher uma determinada profissão, pois isto ocorreu ao se estabelecer a escolha do curso superior. O plano define o que se quer fazer depois, de que maneira se quer fazer, e qual será o contexto deste fazer. Abrange e quase que integraliza a identidade ocupacional de um indivíduo. Via de regra, nesse processo de complementação da identidade ocupacional através da formulação do projeto de carreira, retoma-se e deve-se ter em mente todo o processo da primeira escolha profissional, incluindo-se aí as identificações vivenciadas ao longo da história de vida. Os vínculos positivos e negativos estabelecidos com figuras de referência, mas agora retomados com as possibilidades, de maior consciência, integrações e autonomia. Vivencia-se também – a exemplo da fase de escolha do curso universitário – a experiência do luto, porque as escolhas que o indivíduo maduro vai estabelecendo e que vão compor o seu projeto de futuro, também implicam em perdas em relação aquilo que ele não escolheu. Só que esta vivência tem toda a possibilidade de ser muito menos angustiante, e as fases do luto (lamentação, desespero e separação), se bem resolvidas poderão resultar em fortalecimento das decisões, segurança e expectativas saudavelmente positivas em relação ao retorno dos esforços a serem investidos na implantação do projeto. Uma vez que você tenha conseguido identificar a etapa em que se encontra no desenvolvimento de sua identidade ocupacional e tenha conseguido se descrever na autobiografia, colocando-se com consciência como o indivíduo que faz escolhas pessoais e intransferíveis, está preparado para entender e identificar as etapas do processo da escolha de carreira. 2.3 As etapas da Escolha Como já dissemos, o processo de escolha de carreira de um indivíduo praticamente se inicia antes de seu nascimento e pode ir além de sua aposentadoria. As escolhas que um indivíduo faz ao longo da vida, mesmo não tendo relação direta, podem implicar na construção de sua identidade ocupacional e pressupor passos para a primeira escolha profissional e para a continuidade de seu desenvolvimento, ou seja, de sua carreira. Conforme a visão de Donal Super adotada por Schein (2007) desde a fase do crescimento, fantasia, exploração, passando pela fase da estabilização no emprego, chegando à fase do desligamento, o indivíduo vai realizando constantemente escolhas, mais ou menos conscientes e que delineiam e permeiam a construção da sua carreira profissional. 17 Para complementar, peço que você recapitule as ideias referentes às etapas do estabelecimento e da permanência abordadas acima e perceba que nestas é que ocorre o que denominamos de Etapas da Escolha da Carreira, pois entendemos que aqui é que genuinamente se pode construir uma carreira de forma mais planejada, sistemática e consciente, realizando escolhas a partir de reflexões e questionamentos mais maduros e autônomos. Esta escolha de carreira também se dá em etapas, descritas a seguir: Percepção de problemas na Carreira É a tomada de consciência de que sua carreira está estagnada ou que se está insatisfeito com os resultados obtidos ou insatisfação com o trabalho realizado, insegurança ou indecisão com os rumos que deve tomar no futuro, percepção de diminuição da empregabilidade, percepção da falta de visão de futuro em relação a sua profissão. Análise da situação atual Etapa em que você começa a refletir e a detalhar qual sua situação atual na empresa em que trabalha, seu posicionamento no mercado de recursos humanos referente ao seu segmento profissional e a pensar nas oportunidades oferecidas no mercado de trabalho. Projeção da situação desejada Neste momento você começa a pensar no que gostaria de estar fazendo agora, a imaginar que novos rumos sua atuação profissional poderia tomar, o que lhe deixaria satisfeito com relação às suas atividades e responsabilidades no trabalho, quanto deveria estar ganhando com seu trabalho. Enfim, começa a imaginar tudo aquilo que deseja e que não tem na situação atual. Identificação da necessidade de mudança Nesta etapa você desenvolve uma percepção forte de que está na hora de produzir mudanças na sua vida profissional. Resistência à mudança Junto com a noção clara de sua insatisfação com a situação atual, com a fantasia compensatória que acontece na projeção da situação desejada e com a identificação da necessidade de mudar, aparecem também os medos, as inseguranças, as ansiedades, as racionalizações que indicam e ocultam a resistência à mudança. Superação da resistência e mobilização Fase em que você começa a tecer considerações e a verificar as possibilidades reais de mudança e a mobilizar-se para rever e atualizar seu curriculum vitae, pensar em seus mais recentes conhecimentos e em suas mais novas habilidades, passa a buscar informações sobre o mercado de 18 trabalho, sobre desenvolvimento de habilidades, sobre avaliação profissional, orientação ou cursos. Elaboração do Projeto de Carreira Etapa que fecha o seu ciclo atual de escolhas e que implicará na concretização de todas as escolhas que o fizeram passar pelas etapas anteriores e chegar até aqui. Pronto!!! Agora você avançou mais ainda no seu processo de tomada de consciência em relação ao seu projeto de carreira e, portanto, podemos seguir adiante esclarecendo sobre as situações que um indivíduo passa ao ter que fazer escolhas. 2.4 As situações de Escolha Recorremos novamente às contribuições deixadas por Bohoslavsky (1987) que embora tenha voltado suas reflexões a respeito da orientação vocacional e, portanto, tenha focado o adolescente, nos fornece importantes pistas para entender as situações de escolha vividas também por um indivíduo maduro. Entendemos que um indivíduo quando se vê frente a situações de escolha pode adotar uma postura passiva ou de exploração. Na postura passiva, a pessoa não toma nenhuma atitude mais consciente. Refletida, efetiva para finalizar o processo de escolha, deixa apenas que as coisas aconteçam e que os fatos de sua vida o levem para onde o levarem, sem mobilizar esforços para direcionar caminhos e decidir. Com certeza, esta não é a sua postura, pois senão, nem este livro estaria lendo! Sua postura, provavelmenteé aquela que Bohoslavsky denomina de Explorador, que é a pessoa que se anima a entender, refletir, pensar em alternativas, resolver e tomar decisões. É aquele que encontra recursos dentro de si mesmo e os usa como ferramentas de exploração. É do seu posicionamento passivo ou explorador que surge o que o autor denominou de situação. A situação guia a percepção que o indivíduo terá da situação a ser explorada e do que pode contar para realizar esta tarefa. De acordo com as ansiedades, os tipos de conflitos que vivencia e as defesas evidentes no seu comportamento, você pode passar por cada uma das seguintes situações: • Predilemática: O indivíduo não percebe o que acontece ao seu redor, nem se dá conta que deveria explorar seu campo profissional ou pensar em sua carreira, não tem consciência de que precisa realizar escolhas. 19 • Sua postura passiva revela defesa que se configura com o fato de delegar suas escolhas para outros. Se chegar a buscar orientação de carreira ou fizer um Curso como este, isto acontecerá por insistência e iniciativa de alguém próximo dele. • Dilemática: Nesta situação de escolha o indivíduo tem um sentimento de que algo importante acontece e que deve fazer alguma coisa. Produz-se um sentimento de urgência, uma confusão, um receio de não saber o que é com clareza e não conseguir escolher. Sua percepção é ambígua e não distingue com clareza os detalhes e nem consegue ter uma visão do todo e suas reflexões tornam-se confusas. Pode adotar uma postura de defesa de negação e parece regredir para a situação predilemática. • Problemática: Há uma demonstração clara de preocupação com sua posição profissional atual e com a necessidade de estabelecer escolhas. A partir desta percepção suas ansiedades diminuem e ficam num nível adequado para manifestar sua imaginação, sua criatividade. Diminui o estado confuso e começa a discriminar melhor os detalhes e o todo. Entretanto, não há ainda uma integração que permita estabelecer uma escolha. • Resolução: Situação em que se caminha efetivamente para a escolha, mas que por isso vivem-se diversos conflitos. Entretanto, é uma situação mais saudável no sentido de que se aceita deixar circunstâncias e projetos anteriores e que já não são mais adequados. Este sentimento de “deixar” ainda mobiliza ansiedade e uma sensação de vazio, pois não se sabe onde é que isto vai dar. Pode aparecer insegurança, sensação de estar indefeso e descobre-se agudamente que as escolhas de carreira e do futuro profissional são solitárias, o que pode mobilizar defesas tais como regressão, negação, racionalização, fuga, onipotência ou projeção. Mas é quando o indivíduo vivencia esta situação é que se podem concretizar realmente todas as escolhas necessárias e pertinentes à sua carreira. Pode ser que uma pessoa procure elaborar seu projeto de carreira estando em qualquer uma das quatro situações de escolha descrita, mas seu plano terá condições de se completar quando atingir a situação de resolução, pois só assim passará desta para a situação de escolha e tomada de decisão. Uma vez que você tenha chegado até este ponto do livro, posso afirmar com grande margem de acerto que você está caminhando para a situação de escolha e de tomada de decisão e para que se possa avançar no campo dos elementos concretos e objetivos, faz-se necessário tratarmos da informação profissional. 20 2.5 Informação Profissional Concordando com Levenfus (2005), Boholavsky (1987), entre muitos outros, pensamos também que a informação profissional é essencial no processo de gestão de carreira. Sua importância não só reside no fato de que com informações adequadas e de qualidade, o indivíduo pode escolher com base na realidade, como também, as etapas e situação de escolha podem ser otimizadas e gerar maior segurança a quem precisa tomar decisões, minimizando ansiedades, desmistificando fantasias, redimensionando distorções e expectativas irreais, dirimindo conflitos e mobilizando os recursos internos do profissional. Sendo assim informar-se acerca da realidade dos cursos e profissões é fundamental para trilhar o caminho em direção à sua escolha e à definição de seu projeto profissional. Sem o conhecimento acerca das profissões, das áreas de atuação, dos campos de trabalho, das atividades, da qualificação requerida, das instituições de ensino, etc., suas possibilidades de escolha ficam não somente mais restritas, como passíveis de distorções de percepção, de preconceitos e de fantasias. É hora de recapitular! Neste capítulo vimos o processo de escolha da carreira profissional e suas etapas, vimos também sobre a importância de se ter informações para optar pela melhor carreira a seguir. Capítulo 3 Integração do Processo de Escolha de Carreira Ao longo dos capítulos anteriores tratamos não só de abordar aspectos relativos aos conceitos de carreira e profissão e do processo de escolha de carreira, bem como na realização das autoavaliações em que você foi convidado a refletir sobre si mesmo considerando-se diversos aspectos pessoais, vivências profissionais e sentimentos frente às situações de escolha profissional que já teve que estabelecer ao longo de sua trajetória. Neste capítulo você conhecerá os aspectos que intervém no processo de escolha da carreira. 21 3.1 Breve reflexão A proposta que lhe faço é a de que reflita sistematicamente e com certo “método” para que possa reorganizar não só racionalmente, mas principalmente do ponto de vista interno e emocional os resultados de todas as reflexões vistas até agora. É a isto que denominamos, neste livro, de integração do processo de escolha de carreira. Ao refletir de forma mais sistematizada, deverá ajudá-lo a organizar-se internamente e obter maior consciência do que tem guiado e do que deve guiar suas escolhas profissionais, para que tome decisões assertivas e que pressuponham a utilização otimizada das suas características pessoais, motivações, interesses, potenciais, habilidades, valores e aspirações. Que você possa também identificar seus conflitos, ansiedades e medos, tornando-se consciente deles, sendo, portanto, possível minimizá-los ao ponto que sirvam apenas como sinais para que fique alerta às suas escolhas e possa delinear as suas expectativas de futuro. 3.2 Características Pessoais Autoconhecimento é uma das chaves para realizar escolhas. Fundamentalmente, se estas escolhas recaem sobre a profissão e a carreira. Conforme concordam os estudiosos da psicologia vocacional, ter conhecimentos em relação a “quem sou eu” e “como sou eu” é imperativo para gerar decisões sobre “o que fazer”, “por que fazer”, “para que fazer” e “de que forma fazer”. Este processo de reflexão que amplia seu autoconhecimento permite que você tenha uma visão mais realista e menos distorcida, compensada ou fantasiosa de si mesmo. A noção de autoconceito foi muito bem formulada por SUPER (1963a) que mais enfaticamente coloca a questão do ponto de vista profissional e pressupõe que o autoconceito trata da análise de traços característicos do indivíduo que estão vinculados com o seu desenvolvimento profissional. Ressalta que estes traços guiam o comportamento da pessoa através dos seus estágios de desenvolvimento vocacional, conforme se pode perceber em suas próprias palavras: “Formulando uma preferência vocacional, o indivíduo exprime uma ideia do tipo de pessoa que pensa ser; escolhendo uma profissão, ele atualiza seu autoconceito; progredindo numa carreira, ele se atualiza.” (SUPER, 1963a, p.4 citado por BALBINOTTI, 2003, p. 463). 22 Portanto, ao avançar na análise de suas características pessoais um indivíduo desenvolve seu autoconceito e propicia maior integração de sua personalidade, facilitando também na formulação de suas aspirações de carreira. O indivíduo deve refletir sobre seus aspectos positivos e negativos, suas virtudes e seus defeitose não deve se pautar apenas e simplesmente por suas próprias percepções, mas deve também refletir sobre como ele pensa que os outros o percebem e verificar com as pessoas como é que é percebido. Estes momentos de levantamento de suas características pessoais ajudam a ter um quadro mais realista e menos distorcido de seu próprio perfil. A título de curiosidade e complemento de seus conhecimentos, faça a seguir um teste de personalidade. Após a conclusão desse teste, onde explorou suas características avance na análise pessoal pensando agora em suas motivações e em seus interesses. 3.3 Motivações e Interesses A motivação é o motor. É uma energia interna que nos coloca para frente, que gera movimento, que impulsiona comportamentos. É a energia da vida. A motivação é pessoal, individual e intransferível. Sem ela, nada mais é possível na nossa vida. Sem ela não há vontade, não há interesse, não há movimento, não há mudança, não há desenvolvimento, evolução, não há futuro e não há carreira. Ninguém motiva o outro, pois os motivos são internos. O que pode haver no meio externo são os estímulos que despertam a motivação. As motivações (vamos falar pluralmente) são despertadas - segundo alguns estudiosos do tema, e entre eles, destacamos Maslow- Psicólogo americano, conhecido pela proposta da hierarquia de necessidades de Maslow. - pelas necessidades humanas. O que nos motiva agora está diretamente relacionado com as necessidades ainda não satisfeitas ou satisfeitas apenas parcialmente. E como as necessidades são dinâmicas e mutáveis, as motivações também variam circunstancialmente e no tempo. Assim, os nossos motivos surgem do passado e do presente e nos indicam a direção do futuro, pois é a partir das motivações que podemos dispor de energia pessoal e interna para determinar e fixar objetivos, elaborar projetos e, concretamente, efetivá-los como é o caso do projeto de carreira que estamos gradativamente construindo ao longo deste livro. Há uma relação muito estreita entre motivações e interesses, entretanto, não são conceitos sinônimos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Psic%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow 23 A motivação é o que define o porquê do seu comportamento, da sua atitude, da sua escolha e o interesse é a definição do objeto, é a versão concreta da motivação, é a manifestação exterior e mais objetiva desta energia interna. Coloca-se que há uma relação direta entre necessidades, motivações e interesses, ficando evidenciada a relevância de você refletir sobre estes três componentes determinantes do comportamento e das escolhas de um indivíduo. A questão das motivações e interesses deve ser sempre que possível examinada, pois há, segundo diversos estudiosos, uma relação intrínseca entre estes e as preferências, os comportamentos e as escolhas profissionais. Os interesses profissionais referem-se aos gostos e indiferenças ou até rejeições relacionadas às atividades no trabalho e à carreira profissional. Por isso, é tão importante conseguir dimensionar seus interesses e motivações, pois estes servem para prever seu nível de satisfação, de realização pessoal e de comprometimento com sua carreira. Uma vez iniciado o processo de tomada de consciência de suas necessidades, motivações e interesses, vamos avançar nesta análise abordando seus potenciais e habilidades. 3.4 Potenciais e Habilidades Conforme as preciosas e interessantes proposições de Carl Gustav Jung, Psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, também conhecida como psicologia junguiana. cada indivíduo carrega o universo dentro de si. Com isso, queremos lembrar-lhe que potencialmente podemos ser tudo e qualquer coisa. O que vai delimitar o uso dos nossos potenciais é primeiramente a nossa herança genética que ao determinar nossa constituição física já delineia também alguns potenciais mais fáceis de desenvolver e outros mais difíceis. Depois, a nossa história de vida, as nossas aprendizagens, o desenvolvimento das nossas relações intrapessoais e interpessoais e as nossas interações com o ambiente externo vão gerando mais estímulos ao desenvolvimento dos nossos potenciais. Por fim e para se somar aos outros dois aspectos que compõem o nosso potencial, temos também, durante nosso amadurecimento, os interesses e as escolhas. Estes últimos nos permitem direcionar o uso dos nossos potenciais. Deste modo temos potenciais desde que nascemos. Alguns se desenvolvem ao longo da vida, outros não. Por outro lado, os potenciais que foram desenvolvidos e passaram por processos de aprendizagem transformam-se em habilidades. http://pt.wikipedia.org/wiki/Psiquiatria http://pt.wikipedia.org/wiki/Su%C3%AD%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_anal%C3%ADtica 24 As potencialidades não estimuladas e não desenvolvidas permanecem com o indivíduo, isto é, se tornam latentes e podem vir a se transformar em habilidades, se houver estímulo e desenvolvimento. O indivíduo pode ir descobrindo novos potenciais ao longo de sua vida e resolver desenvolvê-los a partir de estudos, exercícios, práticas e treinamentos. Os seus potenciais e habilidades devem ser considerados no processo de gestão de carreira e podem servir para realizar escolhas em termos de campos de atuação, atividades, especialização, cursos, entre outros. Servem ainda como importantes aspectos para prognosticar o desempenho na carreira. É importante que você pense nos seus potenciais não desenvolvidos para verificar quais deveriam ser estimulados e de que forma, frente ao seu novo projeto profissional. Além disso, é bom refletir sobre as suas habilidades mais desenvolvidas, quais desenvolveram apenas medianamente e quais são bem deficitárias. Para continuar, vamos tratar em seguida de algo fundamental ao se considerar os potenciais e habilidades, que são os valores e aspirações. São estes e mais seus interesses e motivações que servem de base para transformar potenciais em habilidades. 3.5 Valores e Aspirações As escolhas que um indivíduo realiza em qualquer aspecto da sua vida, mas mais fundamentalmente no campo profissional devem ser adequadas aos seus valores pessoais e às suas aspirações individuais. Principalmente nesta etapa em que você está buscando estabelecer escolhas que o coloque adiante na construção da sua carreira profissional. Pensar nos seus valores e aspirações é essencial para estabelecer escolhas adequadas e que o conduzam a um sentimento de realização nas atividades profissionais que assume e pelas quais tem que se responsabilizar. Uma forma de começar a pensar nisso é refletir com muita sinceridade e autenticidade sobre questões tais como: O que espero das pessoas? O que espero de mim mesmo? O que espero do mundo? O que quero da vida? O que quero do meu trabalho? O que quero da minha profissão? O que espero da minha trajetória profissional? Ao se voltar para buscar em si mesmo respostas para estas perguntas você entrará em contato com os seus valores que foram incorporados ao longo da sua vida. Agora que você entendeu o que são valores, reflita e tome consciência sobre os seus! 25 3.6 Conflitos, Ansiedades e Medos As escolhas que temos que realizar na vida sempre trazem sentimentos conflitantes provocando ansiedades e despertando medos, que em si, não são nem bons e nem ruins, são simplesmente reações emocionais às circunstâncias que vivenciamos. Isto quer dizer que, se no momento que você está trabalhando com a definição da sua carreira, refletindo sobre o que vai fazer daqui para frente em sua vida profissional ou o que você almeja para o futuro, aparecerem estes sentimentos, não se assuste e nem se considere negativamente. É normal reagirmos desta forma frente ao desconhecido, ao novo, ao incerto, e ao que escapa ao nosso controle. É uma característica humana e não um problema em si. Estes sentimentos são na verdadereações que só vão se constituir em problemas e se tornarem nocivos às suas tomadas de decisões se você vivenciá-los tão intensamente que o paralisem na continuidade dos seus projetos, como também vivenciá-los inadequadamente e não puder elaborá-los e solucioná-los transformando-os em energia de impulso para suas escolhas e efetivação dos seus projetos. Conforme Schermerhorn Jr., Hunt e Osborn (1999) os conflitos intrapessoais, ou seja, aqueles que a pessoa vivencia isoladamente, “envolvem pressões reais ou percebidas de objetivos ou expectativas incompatíveis” (p.268). Os autores classificam os conflitos em três tipos: a) Aproximação-aproximação: A pessoa deve escolher entre duas alternativas igualmente positivas e atrativas. b) Evitação-evitação: A pessoa deve escolher entre duas alternativas igualmente negativas e desconfortáveis. c) Aproximação-evitação: A pessoa deve decidir-se por fazer uma coisa que possui tanto consequências positivas quanto negativas. Focando mais diretamente a questão da escolha profissional, Neiva (2007) apresenta alguns tipos de conflitos mais comuns quando se está diante do processo de escolha profissional. Acreditamos que alguns destes tipos também se aplicam aqueles que estão diante de decisões a respeito de sua carreira, são estes: 26 a) Conflito entre interesses distintos: O indivíduo está diante da situação de escolher entre atividades diferentes e interessantes para dar continuidade à sua trajetória profissional. b) Conflito entre interesses e habilidades: A pessoa deseja uma atividade para desenvolver-se profissionalmente, mas não tem as habilidades exigidas. c) Conflito entre interesses e valores: O profissional tem valores que não podem ser atendidos através das atividades pelas quais tem interesse. Associado aos conflitos está o que Levenfus, Soares e cols. (2002) chamam de sentimento de dúvida. Estes autores colocam que a dúvida é como uma capacidade que auxilia na elaboração do pensamento, um indício de maturidade, porque pressupõe que o indivíduo tem a “capacidade para suportar a ambivalência frente ao objeto” (p.63). Conflitos e dúvidas geram ansiedades e estas podem se manifestar em intensidades e formas diferentes, dependendo do nível de integração da personalidade do indivíduo e dos recursos internos que possui. Diferentes pesquisadores e pensadores do campo da psicologia entendem e classificam as ansiedades de diferentes maneiras, mas para efeitos deste livro, acreditamos que é mais adequado entender a ansiedade como uma energia que se utiliza para preencher o espaço entre o presente e o futuro e classificar as ansiedades em dois tipos: Ansiedade anastrófica É aquele tipo de ansiedade de antecipação, de querer que chegue logo o futuro devido às expectativas serem bem otimistas e positivas. Pode ser saudável ou não, dependendo de sua intensidade. Se o indivíduo possui esta ansiedade em nível adequado, isto pressupõe maior segurança e menor temor em tomar decisões e estabelecer escolhas. Se, ao contrário, a ansiedade anastrófica estiver em nível muito alto, pode gerar excesso de segurança, de autoconfiança, e eliminar seu estado de alerta para perceber dificuldades futuras, levando-o a estabelecer escolhas irreais, por perceber apenas aspectos positivos. Ansiedade catastrófica É exatamente o contrário, de querer evitar o futuro, ou de pelo menos pensar seriamente nele, devido às expectativas serem pessimistas e negativas. Também pode se manifestar em níveis saudáveis ou nocivos, pois se for em excesso pode paralisar o indivíduo e impedi-lo de estabelecer escolhas, mas se for em nível adequado, deixa-o em estado de alerta, ajudando-o a encarar os aspectos negativos de sua escolha e prever dificuldades incluindo os esforços para superá-las em seus projetos. 27 Podemos perceber que o ideal é trabalharmos com nossas ansiedades ao ponto que se consiga um equilíbrio entre os dois tipos, pois isso nos permitiria mobilizar nossos recursos internos para adequar as nossas expectativas de futuro e as nossas crenças em relação às possibilidades de poder lidar com os riscos e as oportunidades que surgirão. Nossos conflitos, dúvidas e ansiedades se relacionam muito diretamente com os nossos medos que podem ser: de impotência, dependência, desvalorização, insegurança, estar despreparado, de não ser capaz, de ser muito exigido, de não se adaptar, de não ter bom desempenho, de fracassar, de errar, de aborrecer-se, de frustrar-se, entre outros. 3.7 Expectativas de Futuro A única coisa certa é a de que em relação ao futuro sempre podemos ter mais dúvidas do que certezas. Devemos fazer previsões, antecipar em exercícios de imaginação, quais serão as oportunidades e o riscos que correremos quando o futuro chegar, mas não podemos ter nenhuma garantia. Isto explica porque pensar na carreira causa conflito, ansiedades e medos. Pensar na carreira é pensar no futuro. É pensar nas expectativas que você tem do futuro. É perguntar e responder a si mesmo, constantemente e repetidas vezes: O que eu espero do futuro? Um complicador é a percepção que temos de que nem nós seremos os mesmos no futuro e nem a profissão, as áreas de atuação, o mercado de trabalho e o mercado de recursos humanos também o serão. Pois é, um indivíduo maduro aprende a conviver com essa incerteza, e ainda, constrói expectativas em relação ao futuro, que podem ter elementos tanto positivos, quanto negativos. Serei capaz de despender esforços para efetuar meu projeto profissional? Conseguirei emprego na área de atuação escolhida? Serei um profissional capacitado? Terei satisfação em trabalhar nesta área de atuação? Obterei o retorno que desejo? Todas estas são questões que permeiam as expectativas. Tomar consciência de suas expectativas e exercitar sua imaginação para prever dificuldades e soluções, contribui fundamentalmente para minimizar as incertezas e inseguranças em relação ao futuro. Por isso, se faz imperativo ter informações bem claras e detalhadas da sua profissão no contexto atual e sobre as tendências de futuro. A partir delas você pode delinear expectativas mais viáveis e possíveis com relação ao seu lugar neste futuro. E o projeto de carreira é exatamente o veículo e a forma como você pretende chegar lá. 28 Falamos em dois momentos distintos sobre exercitar a imaginação para projetar seus planos, entretanto, deve-se permitir a criar fantasias, porque elas indicam necessidades e desejos a serem satisfeitos, mas também é preciso tomar o cuidado de examinar estas fantasias à luz da realidade, para se prevenir de ciladas, frustrações e falsas ilusões. Os elementos discutidos ao longo deste capítulo devem ser analisados, detalhados e percebidos claramente, para que seja possível integrá-los e utilizá-los como critérios para suas escolhas no âmbito da sua carreira profissional ao se levar em conta as condições reais de trabalho e os instrumentos de qualificação, aperfeiçoamento e desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes. É hora de recapitular! Neste capítulo vimos os aspectos que intervém no processo de escolha da carreira. Conhecemos as diferenças entre motivação e interesse e ainda a importância dos mesmos juntamente com potenciais e habilidades, valores e aspirações e as expectativas de futuro. Capítulo 4 As inclinações e o desenvolvimento da Carreira Neste capítulo iremos avançar neste processo de revisão do seu autoconceito, das suas características pessoais, das suas motivações, interesses, valores e expectativas. E este avanço, para fins de que você formule seu projeto de carreira profissional, se traduz na possibilidade de identificar quais são suas inclinações profissionais. 4.1 A Inclinação Profissional É importante conhecer as inclinações profissionais, pois dessa forma você poderá tomar decisões mais coerentes em relação ao seu futuro e desenvolvimento profissional.Segundo Schein (2007 p 9) as inclinações profissionais “são as áreas discerníveis de competência, objetivos e valores dos quais você não abre mão porque representam sua verdadeira identidade.” 29 Schein ainda alerta para o fato de que se você não tiver consciência de suas inclinações correrá o risco de se deixar guiar por estímulos externos e decidir-se por coisas que lhe trarão insatisfação por não haver identificação pessoal com elas. O processo de identificação das inclinações profissionais é um método proposto por Schein para que a partir da análise das atividades já realizadas e de suas expectativas futuras, você possa ter uma ideia mais objetiva e precisa de si mesmo e das qualidades para as quais você ainda não tenha se dado conta. É exatamente isto o que objetivamos neste capítulo, que você possa identificar a sua inclinação profissional para poder planejar seu futuro. Schein formulou a proposição sobre inclinações profissionais a partir de um estudo que realizou para buscar entendimento da forma de evolução das carreiras e da maneira como os indivíduos percebiam os valores e ações das organizações nas quais trabalhavam. Foi uma pesquisa bem extensa cujos detalhes metodológicos não são objetos desse livro, e por isso, não serão apresentados. O fato é que os resultados formulados a partir da análise das entrevistas revelaram que as ocorrências nas trajetórias profissionais foram muito diversas, mas as justificativas dos participantes da pesquisa para as suas escolhas e os sentimentos descritos eram muitos semelhantes. Para cada participante, os temas latentes e dos quais não tinham consciência, indicavam um gradual senso de identidade construído nos primeiros anos de atuação profissional. Relatavam que ao ingressarem em atividades inadequadas sentiam-se como que impelidos a buscarem atividades profissionais que mais se ajustassem a eles. A partir disto é que Schein formulou a imagem das “âncoras de carreira”, mas que alguns traduziram no Brasil por “inclinação profissional”. Segundo a metodologia proposta pelo próprio Schein, a identificação das “âncoras de carreira” se dará com base em um questionário, uma entrevista e o preenchimento dos quadros das âncoras. 4.2 As Âncoras de Carreira Baseado em seus estudos e na complexa pesquisa já referenciada anteriormente e nas entrevistas que Schein realizou com centenas de profissionais em diversas etapas de suas carreiras, ele formulou oito tipos de pontos de referências profissionais ou âncoras de carreira: 1. Técnico-funcional. 2. Administrativa geral. 3. Autonomia. 4. Estabilidade. 30 5. Criatividade empreendedora. 6. Dedicação a uma causa. 7. Desafio. 8. Estilo de vida. Segundo as próprias recomendações de Schein (2007, p.11): Prefira alguém com quem se sinta à vontade para compartilhar todos os eventos de sua carreira até o momento, como também suas aspirações para o futuro. Portanto, é melhor que a escolha não recaia em um superior, um subordinado ou um colega com quem possa estar competindo. Essa pessoa não precisa ser de sua faixa etária ou dedicar-se ao mesmo tipo de trabalho. Muitos dizem que o cônjuge ou um amigo íntimo preenchem bem a condição de parceiro para esse tipo de experiência. Tudo o que é preciso é a pessoa manifestar um certo interesse e disposição para discutir sua carreira com você. 4.3 O desenvolvimento da Carreira Como temos visto ao longo deste livro, o desenvolvimento da carreira de um indivíduo se dá a partir de suas decisões e escolhas. Esta decisão de carreira é entendida atualmente, não só como uma responsabilidade individual, mas também como uma competência. Sim, como competência para comprometer-se consigo mesmo, a ponto de vivenciar o processo de escolha, tomar suas decisões e mobilizar seus recursos internos e externos para a direção que resolveu tomar. Ao trabalhar com as questões relacionadas ao planejamento de carreira e ao seu desenvolvimento profissional você estará lidando com questões muito pessoais, internas e referentes à sua identidade ocupacional e isto lhe trará a clareza dos seus objetivos, interesses e competências. Estas decisões são extremamente importantes, pois não se encerram apenas na delimitação de uma área dentro da sua profissão, mas abarcam também as escolhas que deve fazer para planejar e implantar seu projeto. Por sua vez, como já dito anteriormente e não custa reafirmarmos novamente, estas decisões devem também levar em conta as expectativas de futuro e a situação e tendências do mercado de trabalho e do mercado de recursos humanos. Este interesse por processos de coaching e Cursos de gestão de carreira é decorrente não só das mudanças no conceito de carreira e do recente foco no seu desenvolvimento, mas também das transformações ocorridas nas empresas, das mutações no sistema econômico, das mudanças no significado do trabalho e nas transformações no relacionamento da organização com seus colaboradores. http://pt.wikipedia.org/wiki/Coaching 31 Anteriormente acreditava-se que o trabalhador tivesse “empregabilidade” para se manter numa única empresa até a sua aposentadoria. Portanto, não precisava se preocupar com sua carreira, pois isto seria mais preocupação da empresa. Atualmente, a expectativa é que o trabalhador se mantenha ativo e trabalhando até a sua aposentadoria, mas não na mesma empresa. Espera-se que ele se desenvolva constantemente para acrescentar novas competências e adequar as suas as exigências do mercado. Isto é, sua carreira passa a ser preocupação sua para manter-se no mercado de trabalho. As empresas também adotam uma certa dose de preocupação com a carreira de seus trabalhadores, quando se preocupam em reter seus talentos, mas via de regra, isto deve ser objeto de preocupação do profissional. Assim, diante de sua própria história pessoal, da sua trajetória profissional, do crescente fluxo de informações, das inovações tecnológicas, das exigências cada vez maiores do mercado de trabalho, espera-se que você tenha condições de fazer escolhas adequadas à sua carreira. Isto é o que chamamos aqui de desenvolvimento de carreira. Este desenvolvimento se iniciou bem anteriormente na sua vida, mas a partir de agora, você poderá planejá-lo e direcioná-lo com maior entendimento do que está em jogo e do que deve ser considerado em suas escolhas. É hora de recapitular! Neste capítulo vimos como autoavaliar as próprias inclinações profissionais e ainda aprendemos sobre desenvolvimento da carreira. Você está preparado (a) para começar seu planejamento? Se a resposta for sim, então vamos lá, pois é o que vamos concretizar adiante, na última etapa do nosso Livro. Se a resposta for não, procure entender quais são suas dificuldades e barreiras e tente lidar corajosamente com elas, retome os aspectos que lhe pareceram mobilizar mais suas energias durante a leitura. Isto pode ajudá-lo a dizer sim, na próxima vez que se perguntar a si mesmo se está preparado (a) para começar. 32 Capítulo 5 O Planejamento da Carreira Neste capítulo você aprenderá a elaborar o seu próprio plano de carreira, estabelecendo as estratégias de implantação e acompanhamento. 5.1 Conhecendo o Planejamento de Carreira Estamos em via de terminar esta nossa caminhada de planejamento e de reflexão sobre a carreira e o futuro profissional. Agora você já está instrumentalizado para uma elaboração mais metódica, organizada e racionalizada de seu plano de carreira. Todas as leituras realizadas tiveram como objetivo promover conhecimentos relativos aos aspectos relacionados com este momento de “projetar” seu futuro. Os conteúdos foram propostos para que você fosse além do cognitivo e pudesse desenvolver a habilidade da autoavaliação e da recepção de feedback como ferramentas de autodiagnóstico e prognóstico. E no conjunto espera-se que pudesse tomar consciência de seus sentimentose emoções em relação a sua trajetória profissional passada, presente e futura, seus valores e suas expectativas para que fosse possível desenvolver uma atitude positiva com relação à utilidade deste planejamento. O importante é que nesta altura você esteja convicto de que sua carreira é decidida por você, suas escolhas são responsabilidades pessoais e a execução dos seus projetos está em suas mãos e na capacidade que você tiver de se direcionar, efetivar as estratégias, reavaliar e acompanhar sempre os resultados obtidos. E mais fundamental: o motor disto é a sua motivação, sua habilidade em mobilizar recursos internos e sua persistência ao lidar com dificuldades e obstáculos. Trabalhamos durante os capítulos anteriores com a perspectiva de foco nos detalhes e nos aspectos em separado, e em seguida, propusemos uma visão de integração, que deve ter permitido avançar e que no final deste último capítulo você tenha uma “visão sistêmica” do seu desempenho, da sua trajetória e de que como será sua carreira daqui para diante. A perspectiva e o seu olhar devem ser o de desenvolvimento e conforme bem colocam Cripe e Mansfield (2003), deve-se utilizar com este objetivo do desenvolvimento uma variedade de atividades para o aprimoramento de competências já existentes e para a aquisição de novas competências. São elas: 33 Leitura: Servem para formar o arcabouço- Esboço, delineamento inicial. de conhecimentos para o entendimento de uma competência, além de fornecer informações sobre a prática e a aprendizagem das competências necessárias. • Cursos: Inclui leitura de textos bem selecionados, estudos dirigidos, exercícios, autoavaliação, testes, entre outros. • Seminários e Workshops: Se propõem a discutir o que deve ser aprendido e propõe atividades vivenciais, tais como dinâmicas, exercícios práticos, simulações, entre outros. • Observação de Profissionais com Alto Desempenho: Contribuem para reconhecimento e entendimento das competências em questão. • Entrevista com Profissionais de Alto Desempenho: Solicitar que o profissional explique como demonstra a competência em questão, abordando especificamente seus comportamentos e formas de pensar. • Praticar os comportamentos: Uma vez entendidos os comportamentos deve-se procurar praticá-los, pois é a forma mais direta e eficaz de desenvolvimento e de integração ao seu repertório. • Buscar Feedback: Essencial investigar como os outros estão percebendo seus comportamentos, suas mudanças e suas competências. A partir deste retorno você pode avaliar seu “sucesso” ao desenvolver suas competências e corrigir desvios ou enfrentar problemas. E nós acrescentaríamos a esta lista: participação em cursos “on-line”, palestras, fóruns, chats, comunidades via Internet e entrevistas com um orientador de carreira (Coach). Uma vez entendidas estas providências, prosseguiremos com nossa leitura abordando e estimulando-o a elaborar seu plano de carreira, para em seguida, falarmos sobre a execução e o acompanhamento da efetivação deste plano. 5.2 Elaboração de um Plano de Carreira Um plano de carreira pode ser elaborado de diversas maneiras, entretanto, entendemos que ter uma forma estruturada e bem dividida em etapas sucessivas que se complementam facilita a elaboração e permite construir uma visão sistêmica da carreira passo a passo, minimizando as dificuldades decorrentes da complexidade da tarefa. 34 5.3 Execução do Planejamento É fundamental para que este livro tenha valido a pena, e que, todas as atividades reflexivas desenvolvidas ao longo deste façam sentido, que após a fase de planejamento, você se coloca a caminho da execução. Para tal, revise os quadros de desenvolvimento de competências montados na Fase C, (item do tópico anterior), redimensione as atividades, a forma de execução e as datas estabelecidas, adequando-as às necessidades, ordem de importância (prioridades) e possibilidades de efetivação. Com isso você terá um quadro bem viável de implantação que leva em conta seus recursos internos, (disposição, motivação, comprometimento), seu tempo disponível para executar as tarefas e seus recursos financeiros. Neste contexto, o que você não pode e não deve fazer é deixar seu plano de lado e retomar uma posição passiva em relação ao seu futuro e sua carreira e principalmente deixar que as circunstâncias o conduzam, ao invés de prever riscos e aproveitar oportunidades fidedignas com suas características e interesses e obter colocações que gerem satisfação e realização profissional. Antes de concluir que você não pode efetuar algo, pesquise exaustivamente alternativas, possibilidades, formas substitutivas de efetivação. Não desista frente às dificuldades! Elas vão surgir e você deve se manter autoconfiante, firme, seguro e focado nos objetivos de carreira que estabeleceu. Se perceber que suas dificuldades são intrapessoais, ou seja, dificuldades pessoais de se mobilizar, de se engajar e se comprometer, reveja seus interesses e objetivos, pois talvez as suas escolhas podem não ter sido autênticas, genuínas e coerentes com estes e com o tipo de pessoa que você é. Na persistência da dificuldade de se engajar, de se comprometer, de tomar iniciativa e se colocar a caminho do seu futuro, aconselha-se a buscar orientação e apoio de um Coach (orientador de carreira). Às vezes isto é necessário e com poucas entrevistas toma-se consciência e podem-se remover os impedimentos emocionais e comportamentais e prosseguir no seu caminho, que foi definido por você através do seu livre arbítrio e exercício consciente de escolhas. 5.4 O Follow up de Carreira Durante a execução do seu planejamento, não perca de vista seu foco e nem perca tempo com atividades e soluções que aparecem ilusoriamente como atalhos, mas que lhe tiram do caminho e podem fazê-lo investir tempo, dinheiro e energia em vão. 35 Para isso, desenvolva o hábito de fazer o follow up de carreira, ou seja, de periodicamente acompanhar o andamento de seus projetos de desenvolvimento de competências e verificar se está cumprindo prazos e adotando as formas previstas e quais resultados estão obtendo. Se perceber a necessidade de fazer ajustes, não seja rígido e os faça. Tenha flexibilidade para realizar mudanças necessárias para que o plano se concretize. Não se apegue ao plano como se fosse errado ou fosse sinal de inconstância, instabilidade e insegurança, fazer modificações. O foco é que você obtenha sucesso na sua carreira e se perceber que mudanças devem ser feitas para tal, então faça! O importante é ter sempre consciência deste processo e conscientemente refazer as escolhas parciais ou decorrentes do trajeto. Perceba que tão importante quanto se pautar pelo seu projeto é também observar e diagnosticar a viabilidade dele na medida em que avança e que as circunstâncias externas se modificam. A realidade deve também ser levada em conta. Converse e discuta com pessoas de sua confiança e que poderão auxiliá-lo para avaliar a sua trajetória de implantação do seu plano de carreira. Isto ajuda a obter clareza e ampliar o foco de visão, pois estas pessoas não terão o mesmo nível de envolvimento emocional com seu projeto e poderão ver mais claramente coisas que você não pode. Se for o caso, marque algumas entrevistas com um Coach para ajudar você neste follow up. É hora de recapitular! Neste capítulo vimos como elaborar o plano de carreira e ainda aprendemos a estabelecer as estratégias de implantação e acompanhamento. Chegamos ao final do nosso livro, espero que com as informações que você adquiriu possa desenvolver um belíssimo trabalho. Lembre-se que é o seu projeto, é a sua carreira, é o seu futuro e você merece todo o investimento necessário para obter êxito pessoal, social e profissional. Boa sorte e Sucesso!
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