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Carolina Miranda Aranha Medicina UNIMES – Cirurgia I Turma XXI – A Hemorragia Digestiva Alta Varicosa DEFINIÇÃO: Sangramento originário da ruptura de varizes esofágicas ou gástricas. ETIOLOGIA: • Forma hepatoesplênica da esquistossomose • Cirrose hepática de origem alcoólica e por vírus das hepatites B ou C EPIDEMIOLOGIA: • 30 a 40% dos pacientes com cirrose compensada apresentam varizes esofagogástricas; e 60% daqueles com cirrose descompensada. • 20-70% de chance de ruptura de varizes, variando de 20% em pacientes com Child-Pugh A e 70% em cirrose hepática Child-Pugh C. • Mortalidade: 30% a cada episódio de sangramento. FATORES DE RISCO: • Aparência das varizes com presença de vergões vermelhos, manchas de cereja, hematocistos, eritema difuso. • Gradiente venoso superior a 10mmHg. • Calibre das varizes esofagogástricas. ➢ Para novos episódios de sangramento: • Idade > 60 anos; • Insuficiência renal crônica; • Presença de varizes de grosso calibre; • HDA maciça (Hb < 8mg/dl, na admissão). 1. Varizes de esôfago são classificadas: - Grau I: varizes de fino calibre, medindo até 3 mm de diâmetro; - Grau II: varizes de médio calibre, entre 3 a 5 mm de diâmetro; - Grau III: varizes de grosso calibre, com mais de 6 mm de diâmetro com tortuosidades; - Grau IV: varizes com mais de 6 mm de diâmetro tortuosas e com sinais da cor vermelha ou com presença de manchas hematocísticas na superfície. 2. Varizes gástricas são classificadas baseando-se na localização e sua relação com as varizes esofágicas: - GOV1: varizes gastroesofágicas que se estendem para a pequena curvatura; - GOV2: varizes gastroesofágicas que se estendem para o fundo gástrico; - IGV1: varizes gástricas isoladas no fundo gástrico; - IGV2: varizes ectópicas no antro, corpo gástrico ou duodeno. FISIOPATOLOGIA: • Resistência ao fluxo por destruição da arquitetura hepática: consequência da fibrose, do aumento do tônus vascular por disfunção endotelial ou pela diminuição da disponibilidade de óxido nítrico; • Hipertensão portal devido ao aumento da resistência ao fluxo ou ao aumento do fluxo sanguíneo pela veia porta; • Descompensação do sistema venoso porta: sangue transportado para a circulação sistêmica; • Formação de varizes: gradiente venoso portal superior a 10 mmHg; • Formação de colaterais porto-sistêmicas e portal-venosa; • Aumento do fluxo sanguíneo devido à vasodilatação esplênica e aumento do débito cardíaco; • Crescimento das varizes: aumento da pressão e do fluxo da circulação portal; • Ruptura das varizes. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA: • Melena, hematêmese ou hematoquezia, associando-se à instabilidade hemodinâmica com necessidade de transfusão de hemoderivados; • Hipovolemia: dispneia, palpitações, hipotensão ortostática, choque; • Icterícia, fraqueza, fadiga, anorexia, distensão abdominal; • Presença de Spiders (hipertensão portal), teleangiectasia (cirrose hepática), hepatomegalia, esplenomegalia ou sinais de encefalopatia hepática. TEMPORALIDADE: • Aguda Carolina Miranda Aranha Medicina UNIMES – Cirurgia I Turma XXI – A DIAGNÓSTICOS SINDRÔMICOS: • Hemorragia digestiva alta • Hipertensão portal • Choque hemorrágico • Síndrome inflamatória • Síndrome anêmico agudo • Síndrome infeccioso • Neoplasia ➢ Diag. Sindrômico secundário: • Insuficiência renal aguda • Distúrbio eletrolítico (acidose metabólica) • Distúrbio da coagulação sanguínea DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: • Hemorragia digestiva alta não varicosa • Gastrite hemorrágica • Úlcera duodenal hemorrágica • Úlcera gástrica hemorrágica • Esofagite de refluxo hemorrágica • Infecção por H. pylori • Cirrose hepática • Adenocarcinoma gástrico hemorrágico • Etilismo EXAMES SUBSIDIÁRIOS: • Hemograma completo • Contagem de plaquetas • Tempo de protrombina • Tipagem sanguínea • Gasometria arterial • Função renal e eletrólitos • Cálculos dos escores de Child-Pugh e MELD EXAME DIAGNÓSTICO: • Avaliação no Blatchford Score • Endoscopia digestiva alta TRATAMENTO: 1. Estabilização hemodinâmica: drogas vasoativas + reposição volêmica e antibioticoprofilaxia. 2. Endoscopia digestiva alta: em menos de 12 horas • Ligadura elástica • Escleroterapia endoscópica ➢ Sucesso (85-90%): manter drogas vasoativas de 2-5 dias, realizar o rastreamento de infecções e manter a estabilidade hemodinâmica. ➢ Falha terapêutica (10-15%): realizar a 2ª EDA e realizar profilaxia secundária com o Balão de Sengstaken Blakemore. 3. Quando o sangramento é maciço e há impossibilidade de estabilização hemodinâmica: em menos de 24 horas • Balão de Sengstaken Blakemore 4. Se houver falha na terapêutica endoscópica: TIPS (shunt transjugular intrahepáticoportossistêmico).
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