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INTRODUÇÃO A tosse é sintoma respiratório mais frequente e significativo. É promovida pela inspiração rápida e profunda, seguida do fechamento da glote, contração dos músculos expiratórios – principalmente o diafragma – terminando com uma expiração forçada, após abertura súbita da glote. A expiração forçada é um mecanismo importante para as vias respiratórias, visto que promove a expulsão. Assim, é um mecanismo de defesa das vias respiratórias as quais reagem aos irritantes ou procuram eliminar secreções anormais, sempre com o objetivo de se manterem permeáveis. Contudo, ela pode tornar‐se nociva ao sistema respiratório, em virtude do aumento da pressão na árvore brônquica, que culmina na distensão dos septos alveolares. A tosse pode inclusive provocar hemorragias conjuntivais, fratura de arcos costais, hérnias inguinais, em pessoas idosas e grande desconforto nos pacientes recém- operados. Há uma tendência entre os pacientes tabagistas crônicos de considera-la como manifestação “normal”, principalmente quando ocorre pela manhã. FISIOPATOLOGIA Trata-se de um resultado a estímulos dos receptores da mucosa das vias respiratórias, sendo que esses estímulos podem ser: a) inflamatórios - hiperemia, edema, secreções e ulcerações; b) mecânicos – poeira, corpo estranho, aumento ou diminuição da pressão pleural como nos derrames e nas atelectasias; Atelectasia: é o colabamento total ou parcial do pulmão ou dos lóbulos pulmonares, que acontece devido ao esvaziamento dos alvéolos. c) químicos – gases irritantes; d) térmicos – frio ou calor excessivo; O reflexo da tosse envolve cinco grupos de componentes: receptores da tosse, nervos aferentes, centro da tosse, nervo eferente e músculos efetores. O início deste reflexo se dá pelo estímulo irritativo que sensibiliza os receptores difusamente localizados na árvore respiratória, e posteriormente ele é enviado à medula. Os receptores da tosse estão localizados, em grande número, nas vias aéreas altas – da laringe até a carina e nos brônquios. Estando ausentes nos alvéolos e no parênquima pulmonar. As vias aferentes partem das zonas tussígenas e seguem até o bulbo, mediadas pelo nervo vago. As vias eferentes dirigem‐se do bulbo à glote e aos músculos expiratórios e são formadas pelo nervo laríngeo inferior (recorrente), responsável pelo fechamento da glote, pelo nervo frênico e pelos nervos que inervam os músculos expiratórios. CAUSAS ▪ Inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), visto que essa enzima é responsável também pela degradação de bradicinina no trato respiratório. Quando os níveis de bradicinina estão elevados, a tosse é provocada. Diz-se que essa tosse é mediada por captopril – fármaco inibidor de ECA. ▪ Betabloqueadores – causam broncoespasmo e, consequentemente, a tosse acontece para promover a expansão dos pulmões; ▪ Corpos estranhos nas vias respiratórias – nesse caso a tosse é quase continua e rebelde ao tratamento. Em uma fase mais tardia se torna branda, passando a produtiva, desde que ocorra inflamação com ou sem infecção; ▪ Doença pulmonar intersticial – alveolite alérgica (inflamação dos alvéolos por reação alérgica), sarcoidose (crescimento de nódulos inflamatórios), fibrose idiopática (fibrose nos pulmões); ▪ Tromboembolismo – pode ser acompanhada de expectoração com traços de sangue ▪ Enfisema – tosse mais seca; ▪ Bronquite – tosse produtiva ▪ Insuficiência ventricular esquerda ▪ Estenose mitral ▪ Edema de pulmão agudo ▪ Sinusite crônica e rinite – ocorre gotejamento de secreção para a faringe, resultando em tosse; A tosse da sinusite é uma tosse seca noturna, porque quando o indivíduo deita, fica contra a gravidade e o gotejamento acontece de forma mais lenta, ativando os receptores com maior precisão na orofaringe e na nasofaringe. ▪ Emprego abusivo de instilações nasais ▪ Mediastinite – no mediastino estão muitos receptores para tosse ▪ Refluxo – há gotejamento de suco gástrico proveniente do esôfago para as vias respiratórias, sendo que o quadro piora durante a noite e pode ser acompanhado de pirose (azia) e eructação (arroto); ▪ Derrame pleural – durante a respiração a pleura visceral empurra líquido que empurra a pleura parietal acionando receptores para tosse localizados nessa região. Nessa situação, a tosse piora na inspiração; Após intubação traqueal, traqueostomia e nos indivíduos portadores de hérnia hiatal ou acometidos de acidente vascular cerebral, pode ocorrer tosse produtiva provocada por aspiração de resíduos gástricos. TIPOS DE TOSSE TOSSE QUINTOSA É caracterizada por surgir em acessos, geralmente pela madrugada, com intervalos curtos de acalmia, acompanhada de vômitos e sensação de asfixia. É uma característica de coqueluche, mas também pode aparecer em outras afecções broncopulmonares. Essa tosse é também conhecida como tosse comprida. TOSSE ÚMIDA OU PRODUTIVA É acompanhada de secreção e não deve ser combatida. Pode estar associada a processos bacterianos ou virais, como a bronquite. TOSSE SECA A tosse seca não é acompanhada de secreção, é considerada inútil. Causa apenas irritação das vias respiratórias. Esse tipo de tosse pode ter origem fora da árvore brônquica, como no canal auditivo externo, na faringe, nos seios paranasais, no palato mole, na pleura e no mediastino. E é provocada por corpos estranhos nas vias respiratórias. Quando não cede à medicação comum pode ser um equivalente da asma. TOSSE SÍNCOPE É denominada aquela que, após crise intensa gera perda de consciência. Ocorre aumento da pressão intratorácica, diminuição do retorno venoso, aumento da PA, diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e síncope – perda de consciência. TOSSE BITONAL É decorrente a paresia ou paralisia das cordas vocais, que pode significar comprometimento do nervo laríngeo inferior situado à esquerda do mediastino médio inferior; TOSSE ROUCA É uma tosse própria da laringite crônica e comum aos tabagistas. Antes do aparecimento dos fármacos antituberculose, era frequente a laringite especifica. Hoje, um grande número de laringites é causado pelo Paracoccidioides brasiliensis, fungo responsável pela paracoccidioidomicos. Paracoccidioidomicose é uma micose progressiva de pele, membranas mucosas, linfonodos e órgãos internos. TOSSE REPRIMIDA É evitada pelo paciente devido à dor torácica ou abdominal que ela provoca. É recorrente em casos de pneumotórax espontâneo, nas neuralgias intercostais, nos traumatismos toracoabdominais, nas fraturas de costela e no inicio das pleuropneumopatias. A neuralgia intercostal é a dor ao longo dos nervos intercostais, que se localizam entre as costelas. Os nervos intercostais podem estar inflamados ou danificados devido a diversas causas, como traumatismos, infecções, danos causados por cirurgia e outras razões. TOSSE ASSOCIADA A BEBER OU COMER É relacionada com doença do esôfago superior. TOSSE PSICOGÊNICA Pode aparecer em situações que implicam tensão emocional, como reuniões e falar em publico. Esse tipo de tosse é um diagnóstico de exclusão e não ocorre durante a noite. TOSSE CARDÍACA Acomete paciente com ICC, sendo mais aparente depois do exercício e em decúbito devido à piora da congestão. Inicialmente aparece por conta de grandes esforços, em seguida se manifesta também em repouso. No inicio é uma tosse seca que, no auge, torna-se produtiva com secreção rósea. CARACTERES PROPEDÊUTICOS 1. Início, término e duração ▪ Aguda: persiste até três semanas ▪ Crônica: persiste por mais de oito semanas 3. Ritmo ▪ Tabagistas: ocorre pela manhã ▪ Em casos de asma: menor nível de cortisol noturno, sendo ele um anti- inflamatório natural; 4. Condições de aparecimento ▪ Congestionamento nasal – respiração pela boca e ressecamento da garganta ▪ Asma:exercício físico ou contato com ar frio ▪ Rinite: contato com alérgenos ▪ Medicamentos: inibidores de ECA ou betabloqueadores; 5. Frequência e evolução 6. Fatores de melhora e piora 7. Fenômenos que acompanham ▪ Asma: dispneia, chiado, pressão no peito; ▪ Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE): pirose (azia), regurgitação, dor torácica não coronariana; ▪ Resfriado: esternutos, obstrução nasal, secreções; ▪ Sinusite: cefaleia, obstrução ou congestão nasal, dor ou pressão facial; ▪ Gripe: febre alta, calafrios, fadiga, cefaleia, corisa; ▪ Tuberculose: expectoração, febre, emagrecimento, hemoptise; ▪ Pneumonia: dispneia, dor, febre;
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