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Endometriose: Problema de Saúde Pública



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EDUARDA MENDES XXII
ENDOMETRIOSE - 23/03
Uma doença considerada como um problema de saúde pública. Não afeta só as mulheres acometidas, mas também o
nicho familiar (a família vai estar exposta a todos os fatores externos aos quais essas mulheres estão expostas).
➔ Doença que mais faz as mulheres faltar no trabalho (absenteísmo);
➔ Presenteísmo: mulher não consegue desempenhar adequadamente o papel dela.
➔ Acomete 200 milhões de mulheres no mundo. No BR, 7 milhões.
◆ 1 em 10 mulheres em idade reprodutiva;
◆ Principal causa de dor pélvica crônica;
◆ Doença da mulher do séc. XXI;
◆ Principal causa de infertilidade.
MARÇO AMARELO → campanha de conscientização da endometriose.
➔ Endomarcha.
Baixada Santista:
● 50 mil mulheres acometidas (dado subnotificado) → 15 mil com doença profunda (lesões maiores que 5 mm) →
4500 infiltração intestinal.
Na endometriose não temos uma solução simples, nem rápida. É de difícil tratamento.
É um diagnóstico difícil de ser feito (depende de exame de imagem).
Dois tipos de quadro clínico:
1. Paciente bem sintomática: dismenorréia, dor na relação sexual, infertilidade;
2. Paciente pouco sintomática e que relata apenas a dificuldade em engravidar.
ENDOMETRIOSE E ADENOMIOSE
ENDOMETRIOSE
➔ Endometriose: conceituada como a presença de tecido semelhante ao endométrio (mucosa que reveste
internamente o útero - estroma e/ou glândulas), em localização ectópica;
➔ Prevalência:
◆ 7% população feminina → ainda bem subdiagnosticada. O n° geral deve girar em torno de 20%;
◆ 10-15% mulheres idade reprodutiva (menacme);
◆ 16% assintomáticas;
◆ 40-50% mulheres inférteis;
● Principal causa de infertilidade.
◆ 49% das adolescentes com dor pélvica crônica.
➔ Fatores de risco:
◆ Familiares 1° grau;
◆ Tabagismo;
◆ N° de filhos: quanto mais filhos, menor tendência de ter endometriose;
◆ Idade da 1a menstruação: quanto mais precoce, maior tendência;
◆ Sedentarismo;
◆ Idade;
◆ Raça;
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◆ Massa corpórea: mulheres mais magras.
Etiopatogenia:
Existem várias teorias para tentar explicar alguns achados da endometriose, mas é bom focar em só algumas delas:
➔ Teoria de Halban (1925) - teoria da disseminação linfática ou hematológica (focos à distâncias): justificaria uma
endometriose à distância. Células teriam a possibilidade de se disseminar por estas vias;
➔ Teoria de Sampson (1927) - teoria do refluxo menstrual: é a mais aceita hoje - Sampson, 1927. Mas não
justifica tudo: se todas as mulheres têm refluxo, porque só 15% apresentam a endometriose?;
◆ Todas as mulheres têm um certo nível de refluxo → sangue da menstruação que vai por refluxo para as
tubas e podem se implantar lá, desenvolvendo endometriose. Além disso, o tecido endometrial pode se
disseminar por esta via.
➔ Levander & Normann (1955) - teoria da implantação (metaplasia por indução): todas as células do corpo podem
sofrer uma regressão e se “transformar” em uma célula do endométrio (metaplasia);
➔ Teoria de Ridley - teoria da metaplasia celômica;
➔ Teoria Imunológica (final do séc. XX):
◆ Explica a razão de porquê nem todas as mulheres desenvolvem a endometriose;
◆ Alterações fisiopatológicas semelhantes ao de doenças autoimunes;
◆ Tem relação com o fluído peritoneal a atividade de células monocíticas-macrofágicas;
◆ Envolve diversas citocinas que se mostram alteradas.
➔ Aspectos genéticos:
◆ Manifestação preferencial em vários membros de uma mesma família;
◆ Aparecimento em gêmeos homozigóticos;
◆ Prevalência: familiares de 1° grau de 6-9x superior que a população em geral;
◆ Desequilíbrio alélico;
◆ Doença epigenética (relação com os fatores externos).
➔ Mecanismos apoptóticos:
◆ Endométrio da mulher que não tem endometriose é diferente da mulher que apresenta a doença;
◆ Mecanismos de maior persistência das células na cavidade endometrial → diminuição da apoptose
celular;
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◆ P53 e Bax reduzidos (pró-apoptóticas);
◆ Bcl-2 aumentada (anti-apoptótica).
➔ Estresse oxidativo e Modulação esteróide:
◆ Ambiente pró-oxidante → produção de espécies reativas de O2 → contribuem para inflamação;
◆ NO, metais pesados e poluentes são pró-oxidativos → deixa o organismo mais inflamado;
◆ O estresse oxidativo aumenta a inflamação, agrava a endometriose e contribui para infertilidade;
◆ Redução da conversão de estradiol (E2) em estrona (E1) fica reduzida no endométrio de pacientes com
endometriose, fazendo com que o excesso de E2 reduza apoptose e prolifere o tecido endometrial;
◆ Expressão da aromatase (P450) na lesão profunda - lesão fica autossuficiente, mesmo não tendo
mais estímulo do ovário.
→ Microscopia.
→ Macroscopia.
→ Adenomiose: difere da endometriose por não sair da cavidade uterina pra acontecer. Tecido miometrial
infiltrado por endométrio. Infiltração de dentro pra fora. Tem sangramento associado à dor.
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Na adenomiose, a fisiopatologia é a mesma da endometriose, assim como os fatores de risco.
→ Evolução das lesões características de endometriose. A do meio é a mais característica: chama de pólvora. A
última imagem indica já um tecido cicatricial (tecido fibroso).
→ Endometriose ovariana. Uma das únicas lesões que podem ser diagnosticadas por USG simples, de rotina.
→ Endometriose infiltrativa profunda (lesão que tem mais de 5 mm). Pega 30% das pacientes com endometriose.
Quadro Clínico:
● Dor + infertilidade (50-60% tem como causa a endometriose);
● Importante lembrar: o tamanho da lesão não necessariamente é proporcional com o quadro álgico. Depende
muito de paciente para paciente.
→ Estilo da dor: pode se manifestar juntamente com o ciclo (dismenorréia) ou pode vir como dor pélvica crônica
(acíclica).
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● Dismenorréia é o sintoma principal, de caráter progressivo;
● Existem pacientes de todos os tipos: muito sintomáticas, que apresentam tudo. Mas também existem aquelas
que são pouco sintomáticas ou assintomáticas (por ex.: tenta engravidar e não conseguem, apenas).
➔ Exame físico:
◆ Inspeção geral;
◆ Palpação abdominal: ver a sensibilidade peritoneal;
◆ Especular;
◆ Toque vaginal (bimanual) → é o mais importante;
◆ Toque retal (não é feito de forma rotineira).
➔ Exames auxiliares:
◆ Bioquímico: CA 125 é aumentado na endometriose, mas tem uma sensibilidade e especificidade muito
baixas. É mais aumentado na endometriose ovariana;
● Problema desse teste: não é obrigatório que esteja aumentado e não estar aumentado NÃO
exclui diagnóstico;
● Pode estar aumentado em várias outras doenças.
◆ Biofísico:
● Ressonância magnética;
● Ultrassom transvaginal com preparo intestinal → método desenvolvido no BR → exame
padrão-ouro para endometriose, porque é disponível em todo o mundo, em qualquer lugar;
○ Precisa ter um profissional capacitado.
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→ Elaboração do diagnóstico.
Classificações: professor não focou muito aqui.
Existem muitas.
➔ Mais utilizada: ASRM-r.
Tratamento:
Se pautar na queixa principal da paciente.
➔ Clínico-medicamentoso:
◆ Métodos hormonais: mais efetivo, de médio e longo prazo. Bloqueio ovariano.
● ACO;
○ Uso contínuo.
● Progestágenos;
○ Age no feedback, diminuindo estrogênio ovariano.
● Implantes;
● Depósito;
● SIU-LNG;
● Análogo GnRH: modelo para comparação dos outros medicamentos.
○ Bloqueio a nível central → hipoestrogenismo absoluto → indução da menopausa na
paciente;
○ Não é tão utilizada, porque não pode usar mais de 6 meses, pelos efeitos adversos.
● SERM;
● Danazol;
● Gestrinona.
◆ AINE/analgésicos (não opióides, de preferência): a dor normalmente é por inflamação.
● Antidepressivos;
● Anticonvulsivantes;
● ISRS.
➔ Reprodução assistida: para pacientes inférteis.
◆ Estimulação ovariana;
◆ Coito programado;
◆ Fertilização in vitro (ICSI).
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➔ Cirúrgico convservador (vídeo-laparoscopia): visa a conservação dos órgãos.
◆ Cauterização de implantes superficiais;
◆ Tratamento dos implantes profundos (endometriose infiltrativa) com excisão radical local;
◆ Tratamento dos anexos;
◆ Remoção das aderências;
◆ Reconstrução da anatomia;
◆ Preservaçãoda fertilidade.
➔ Cirúrgico radical (vídeo-laparoscopia): precisa remover alguns órgãos.
◆ Histerectomia total;
◆ Anexectomia.
➔ Clínico alternativo (reabilitação):
◆ Equipe multidisciplinar.