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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA ENGENHARIA DE ALIMENTOS DIREITO DO TRABALHO FEIRA DE SANTANA 2021 CLEYDILMA OLIVEIRA CERQUEIRA; MARIA EDUARDA MATOS PEREIRA. DIREITO DO TRABALHO Atividade requerida pela professora Márcia , docente da disciplina de Fundamentos de Direito Público e Privado - CIS107 do curso de Engenharia de Alimentos. FEIRA DE SANTANA 2021 1 INTRODUÇÃO Direito do Trabalho é um ramo do direito privado responsável por regular a relação jurídica entre trabalhadores e empregadores, baseado nos princípios e leis trabalhistas e tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinadas. Tem a visão e abordagem econômica, quanto aos tributos e encargos trabalhistas, mercado de trabalho, globalização da economia e consequente flexibilização das obrigações trabalhistas para sobrevivência da empresa. ² No mundo inteiro, a discussão sobre o direito do trabalho começou junto com a Revolução Industrial, com a crescente e incontrolável exploração desumana do trabalho, produto da reação da classe trabalhadora ocorrida no século XIX contra a utilização sem limites do trabalho humano. As relações de trabalho no berço do sistema capitalista industrial eram realizadas diretamente entre empregadores e trabalhadores, sem a intervenção ou normatização do Estado. Dessa forma, o trabalho e o pagamento eram definidos pelos empregadores, oferecendo cargos àqueles que aceitavam as condições. Essa relação resultou na precarização e na condição desumana do trabalho. Jornadas de 16 horas diárias, homens, mulheres e crianças trabalhando em fábricas sem proteção ou supervisão, salários indignos, adoecimento dos trabalhadores e nenhuma proteção em casos de desemprego ou acidentes de trabalho. No Brasil, após a abolição da escravidão, em 1888, os trabalhadores nas indústrias emergentes, muitos deles imigrantes, com tradição sindicalista européia, passaram a exigir medidas de proteção legal, este fato trouxe para o Brasil uma nova realidade, porque houve aumento da demanda no mercado e não havia trabalho para todos. A mão de obra era desqualificada e numerosa. ² Isso mudou em 1923, com a criação do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), um órgão que primariamente tinha como objetivo estabelecer as regras criadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que foi o primeiro embrião da Justiça do Trabalho. A Lei Eloy Chaves (Lei nº 4.682/23) criou a estabilidade decenal apenas para os ferroviários e no mesmo ato instituiu o Conselho Nacional do Trabalho, no âmbito do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. ¹ A Constituição Federal de 1988 trouxe algumas mudanças nas relações de trabalho e inseriu o trabalho como fundamento da mesma e como direito e garantia fundamental dos cidadãos brasileiros. Mesmo com as alterações provocadas pela Reforma Trabalhista de 2017 a Consolidação das Leis do Trabalho ainda é o norte das relações trabalhistas e do direito do trabalho no Brasil. Como todas as áreas do direito, o direito do trabalho é norteado por princípios que definem a ótica que o aplicador do direito deve aplicar sobre as normas e regras aplicáveis dentro do direito do trabalho. Esses princípios, portanto, são muito importantes para a efetiva aplicação das regras expostas na CLT nas relações jurídicas trabalhistas, pois o juiz deve analisar o caso concreto a partir desses princípios. 2 DESENVOLVIMENTO A maior característica do Direito do Trabalho é a proteção do trabalhador, este princípio traz através da regulamentação legal das condições mínimas da relação de emprego, ou através de medidas sociais adotadas e implantadas pelo governo e sociedade a busca de soluções e na pacificação dos conflitos coletivos do trabalho bem como nas formas de representação pelos sindicatos, no caso dos Engenheiros(as) de Alimentos da Bahia o sindicato representante é o Senge Bahia. Desta forma, fica evidente que o principal conteúdo do direito do trabalho é o empregado e o empregador. Todavia, outras características se destacam, são elas: inalterabilidade contratual, continuidade, intangibilidade salarial.¹ O princípio da inalterabilidade contratual lesiva define que não se pode estipular um contrato de trabalho cujas cláusulas prejudiquem o trabalhador ou seus direitos. Esse princípio está disposto em alguns artigos da Consolidação das Leis do Trabalho, como o artigo 468, e não permite mudanças contratuais que possam prejudicar o trabalho.³ O princípio da continuidade define que o contrato de trabalho, por via de regra, tem prazo indeterminado de validade, exceto nos casos de contrato com prazo definido. Esse princípio aponta que, caso um contrato seja terminado ou rompido por não prestação do serviço contratado, é tarefa do contratante provar o motivo do término do contrato, pois o princípio da continuidade é favorável ao trabalhador.³ Os profissionais de Engenharia, inclusive Engenharia de Alimentos, possuem leis que regulamentam seus direitos trabalhistas que estão vigentes desde 1966 e também leis mais atuais através da Convenção Coletiva de Trabalho, que estabelece regras e benefícios, como horas extras, redução da jornada, auxílio refeição, etc. Segundo a Lei N° 4950 A de 22 de abril de 1966 que dispõe sobre a remuneração de profissionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária, fica especificado que os engenheiros formados em curso superior com duração de 4 horas ou mais e considerando uma jornada de trabalho de 6 horas diárias uma quantia mínima 6 vezes o salário mínimo nacional. Já os engenheiros formados em curso superior com duração inferior a 4 anos e considerando uma carga horária de 6 horas de trabalho diárias, uma remuneração mínima de 5 vezes o salário mínimo. Caso este engenheiro trabalhe mais de 6 horas diárias, deverá receber além do valor mínimo mencionado um adicional de 25% (vinte e cinco por cento) por cada hora excedente. ⁵ A Lei N° 4950 A estabelece apenas o do engenheiro quando ele trabalhar por 6 ou mais horas por dia, e portanto não que a jornada de trabalho do profissional seja de 6 horas. Desta forma, a jornada de trabalho do Engenheiro de Alimentos é determinada pela Convenção Coletiva de Trabalho, que é de 44 horas semanais, sendo reduzida para 40 horas semanais se o trabalhador engenheiro exercer as suas funções dentro do escritório da empresa. Apesar desta Lei não especificar nada sobre jornadas de trabalho inferiores a 6 horas por dia, após a reforma trabalhista de 2017 é possível através de Acordo Coletivo e/ou individual estabelecer valores proporcionais à jornada inferior de seis horas. 6 A Convenção Coletiva de Trabalho traz importantes direitos trabalhistas ao profissional engenheiro. A convenção coletiva de trabalho (ou CCT), reúne as regras trabalhistas de cada categoria profissional, acordadas entre o sindicato laboral (que defende os interesses dos empregados) e o sindicato patronal (que defende os interesses dos empregadores). 7 Dentre estes direitos trazidos pela Convenção Coletiva de Trabalho, podemos citar o adicional de horas extras que propõe que o trabalhador que realizar até 36 horas extras mensais deverá receber as horas extras com adicional de 50% e aos que realizarem horas extras acima de 36 horas extras mensais um adicional de 100% do valor da hora normal.7 Além disso, as CCT trazem valores mínimos para auxílio alimentação nos casos em que a empresa não possui restaurante próprio de R$30,00 por dia de trabalho; Redução da jornada de trabalho para engenheiros que trabalham no escritório de 44 horas para 40 horas semanais; garantia provisória no empregode 150 dias após o término da licença maternidade para engenheiras gestantes (exceto em demissão por justa causa ou por solicitação da trabalhadora); Estabilidade pré- aposentadoria de 12 meses anteriores à aposentadoria aos empregados que possuírem no mínimo 5 anos de trabalho na empresa; complementação do auxílio previdenciário pela empresa aos empregados que tiverem 1 ou mais anos na empresa e que tenham se afastado do trabalho por motivo de doença ou acidente de trabalho, mesmo recebendo auxílio previdenciário, desde o 16° até completar 180 dias de afastamento (por se considerar benefício este período é considerado suspensão do contrato de trabalho e os valores pagos não integram salário ao engenheiro e nem o tempo que ele estará afastado considerará tempo de serviço). 8 As empresas que não cumprirem com as regras estabelecidas na Convenção Coletiva estarão sujeitas a multa no valor de 5% do piso salarial do empregado, por infração cometida e por dia de descumprimento, sendo este pagamento de multa realizado em favor do trabalhador. Cabe ao engenheiro observar se a empresa está cumprindo com as regras da CCT e buscar auxílio de um advogado trabalhista para que medidas judiciais cabíveis sejam tomadas. 8 3 CONCLUSÃO O Direito trabalhista que regulamenta a área da engenharia, em especial a Engenharia de Alimentos, vai desde as leis de 1966, como a lei N° 4950 A, até a Consolidação das Leis do Trabalho e as leis mais atuais por meio da Convenção Coletiva de Trabalho. É imprescindível que o profissional de engenharia tenha ciência de seus direitos e benefícios e cabe a este profissional observar o cumprimento do que está previsto em lei pela empresa, sendo possível acionar o judiciário para cobrar a devida reparação. Conhecer o direito trabalhista, de forma geral, é uma forma de se amparar contra problemas judiciais. É a melhor forma de garantir que o empregado esteja de acordo com todas as suas obrigações e direitos e o empregador resguardado contra possíveis ações trabalhistas. Além da parte jurídica, quando se tem os direitos dos empregados garantidos, têm-se por consequência uma equipe motivada, pois eles sentem o seu trabalho ser reconhecido e valorizado e há um estreitamento de laços entre a empresa e seus colaboradores. Dessa forma, além de ter um ambiente livre de problemas judiciais é criado um clima organizacional positivo, que implica diretamente na qualidade de vida do empregado dentro do ambiente de trabalho. REFERÊNCIAS [1] CASSAR, V. B. Direito do trabalho. Niterói: Impetus, 2011. Disponível em: http://sumarios.grupogen.com.br/jur/MET/9788530978853_Amostra.pdf>. Acesso em: 11 de jun. 2021. [2]JUNIOR R. P. P. Roteiro de Direito do Trabalho. Disponível em: <https://www.jurisite.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2017/03/direito_- trabalho.pdf>. Acesso em: 10 de jun. 2021. [3] JURISBLOG. Tudo que você precisa saber sobre Direito do Trabalho. Dispoível em: <https://blog.juriscorrespondente.com.br/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-direito- do-trabalho/>. Acesso em: 10 de jun. 2021. [4] PROJURIS. Direito do trabalho: características, divisões e princípios. Disponível em: <https://www.projuris.com.br/direito-do- trabalho#origem_do_direito_do_trabalho>. Acesso em: 10 de jun. 2021. [5] BRASIL. LEI N° 4.950-A, DE 22 DE ABRIL DE 1966. Dispõe sôbre a remuneração de profissionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4950a.htm. Acesso em: 13 de jun. 2021 [6] SENGE BAHIA. Nota Técnica sobre o Salário Mínimo Profissional dos Engenheiros Lei 4950- A de 1966. Disponível em: <http://sengeba.org.br/nota- tecnica-sobre-o-salario-minimo-profissional-dos-engenheiros-lei-4950-a-de-1966/>. Acesso em: 13 de jun. 2021. [7] FERNANDES, A. Tudo sobre a Convenção Coletiva de Trabalho. 2020. Disponível em: <https://www.pontotel.com.br/convencao-coletiva/>. Acesso em: 13 de jun. 2021. [8] NOGUEIRA & BECK ADVOCACIA. 11 Direitos Trabalhistas dos Engenheiros. 2017. Disponível em: <https://nobeadvogados.com.br/11-direitos-trabalhistas-dos- engenheiros/>. Acesso em: 13 de jun. 2021. O princípio da continuidade define que o contrato de trabalho, por via de regra, tem prazo indeterminado de validade, exceto nos casos de contrato com prazo definido. Esse princípio aponta que, caso um contrato seja terminado ou rompido por não presta... [4] PROJURIS. Direito do trabalho: características, divisões e princípios. Disponível em: <https://www.projuris.com.br/direito-do-trabalho#origem_do_direito_do_trabalho>. Acesso em: 10 de jun. 2021.
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