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INFECÇÕES PULMONARES As infecções pulmonares ocorrem quando há comprometimento das linhas de defesa da árvore respiratória, tais como: 1. Diminuição do reflexo da tosse levando à aspiração (coma, anestesia, distúrbios neuromusculares); 2. Lesão dos aparelhos mucociliares (tabagismo, infecções virais); 3. Acúmulo de secreção (fibrose cística, bronquite crônica); 4. Diminuição da função fagocítica ou bactericida dos macrofagos alveolares (fumaça de tabaco, toxicidade por oxigênio); 5. Edema ou congestão (insuficiência cardíaca congestiva); 6. Imunidade inata inadequada (defeitos de neutrófilos e complemento). PNEUMONIAS São amplamente definidas como qualquer infecção do parênquima pulmonar e classificadas pelo agente etiológico específico ou pelo ambiente clínico em questão. Se nenhum patógeno puder ser isolado (50% dos casos), a pneumonia é classificada de acordo com o cenário clínico em que ocorreu, isto é, adquirida na comunidade ou associada à assistência à saúde, por exemplo, o que ajuda a reduzir os possíveis organismos e, assim, direcionar a terapia. Um tipo de pneumonia (viral) muitas vezes predispõe a outro tipo (bacteriana) devido ao comprometimento d defesas pulmonares sistêmicas ou específicas. Embora a maioria das pneumonias entre pelo trato respiratório, a disseminação hematogênica de outros locais podem ocorrer. Além disso, ocorre com muita frequência infecções nosocomiais, em que muitos pacientes com doenças crônicas desenvolvem infecções terminais quando hospitalizados. PNEUMONIAS BACTERIANAS ADQUIRIDAS NA COMUNIDADE As condições predisponentes incluem extremos de idade, doença crônica (DPOC), deficiências imunológicas e falta de função esplênica. Dentre os principias causadores, é citados alguns abaixo: • Streptococcus pneumoniae ou pneumococo — é a causa mais comum de pneumonia adquirida na comunidade; • Haemophilus influenzae — pode causar infecções do trato respiratório inferior e meningite com risco de morte em crianças e é uma causa comum de pneumonia em adultos, especialmente naqueles com DPOC; • Moraxella catarrhalis — causa pneumonia bacteriana, especialmente em idosos; exacerba a DPOC e é uma causa comum de otite média pediátrica; • Staphylococcus aureus — frequentemente complica doenças virais e tem um alto risco de formação de abscesso e empiema. Os usuários de drogas intravenosas apresentam alto risco de pneumonia estafilocócica associada à endocardite. • Klebsiella pneumoniae — é a causa mais comum de pneumonia gram-negativa; aflige indivíduos debilitados, especialmente os alcoólatras crônicos. • Pseudomonas aeruginosa — é uma causa comum de infecções nosocomiais com propensão a invadir vasos sanguíneos e disseminar-se sistemicamente; também é comum em pacientes com fibrose cística e neutropênicos. • Legionella pneumophila (pneumonia do “ar condicionado”) — é o agente da doença do legionário ou febre de Pontiac. Ela floresce em ambientes aquáticos artificiais, como torres de resfriamento de água, e se espalha por aerossolização (ar condicionado); infecção causa pneumonia grave no paciente imunocomprometido. • Mycoplasma pneumoniae — é comuns em crianças e adultos jovens; ocorre esporadicamente como epidemias locais (escolas, campos militares ou prisões). Morfologia Os padrões morfológicos são sobrepostos, sendo broncopneumonia e pneumonia lobar. Dependendo da virulência bacteriana e resistência do hospedeiro, o mesmo organismo pode causar broncopneumonia, pneumonia lobar ou algo intermediário, isto é, ter tanto um pouco de uma quanto estender mais para características de outra. • Pneumonia Lobar — envolve o lobo pulmonar inteiro e possui quatro estágios da resposta inflamatória: 1. Congestão inicial: congestão vascular e transudação alveolar; 2. Hepatização vermelha: fase de exsudação neutrofílica maciça com hemorragia, pois os neutrófilos destroem parênquima e vasos sanguíneos; 3. Hepatização cinzenta: caracterizada pela desintegração das células vermelhas, mas persistência de exsudatos fibrinopuruletos; 4. Resolução: marcada pela progressiva digestão enzimática dos exsudatos e pela reabsorção macrofágica dos dos dendritos e crescimento de fibroblastos (geralmente restaura a estrutura e função pulmonar normal, mas ode ocorrer organização com cicatrização fibrosa). Hepatização vermelha Hepatização cinzenta Broncopneumonia É marcada pela consolidação exsudativa do parênquima pulmonar. Os pulmões exibem áreas focais de consolidação palpável e, histologicamente, há exsudação superativa água (neutrofílica) preenchendo os bônquios, bronquíolos e alvéolos; isso também acabará em resolução. µ Pus Além disso, em estados mais graves, pode ocorrer a chamada PLEURITE, que é o envolvimento da pleura que pode resolver ou resultar em espessamento e aderências fibrosas. A expansão da infecção para o espaço pleural prova um empiema fibrinopurulento. Dentre os sintomas CLÍNICOS incluem-se febre alta, rigidez e tosse produtiva, ocasionalmente com hemoptise. Atrito e dor torácica pleurítica anunciam envolvimento pleural. O quadro clínico é marcadamente alterado pela administração de antibióticos. Quanto as complicações incluem-se a formação de abcessos, causando endocardites, meningite, artrite supurativa ou abcessos metastáticos. PNEUMONIA VIRAL ADQUIRIDA NA COMUNIDADE As infecções virais, puramente, é difícil de ver, pois elas acabam evoluindo com processo bacteriano também. As infecções virais comuns incluem influenza tipo A e B, vírus Sincicial Respiratório (< 2 anos), metapneumovírus humano (MPV), adenovírus, rinovírus, rubéola e varicela. Quanto as manifestações, variam desde envolvimentos relativamente leves do trato respiratório superior (resfriado comum) até doença grave do trato respiratório inferior e o mecanismo patogênico comum é a ligação de organismos a células epiteliais com necrose celular e inflamação. • Pneumonia Viral Adquirida na Comunidade Infecções por Influenza. É um vírus RNA de cadeia simples composto de oito cadeias ligadas por uma nucleoproteína que determina o tipo do vírus (A, B ou C). Os vírus influenza tipo A infectam humanos, porcos, cavalos e pássaros e são a principal causa de epidemias de influenza por meio de mutações virais. Os tipos B e C não sofrem mutação (infecções da infância resultam em proteção vitalícia mediada por anticorpos). A superfície do vírus influenza é uma bicamada lipídica repleta de hemaglutinina viral (em vírus com tropismo humano, estes são H1, H2 ou H3) e neuraminidase viral (N1 ou N2) que determinam o subtipo do vírus. Epidemias ocorrem quando os vírus adquirem mutações em suas proteínas hemaglutinina ou neuraminidase que permitem a fuga da maioria dos anticorpos do hospedeiro (deriva antigênica). Pandemias ocorrem quando essas proteínas são substituídas por recombinação de segmentos de RNA com vírus de origem animal (mudança antigênica). Metapneumovirus humano. Paramixovírus RNA descoberto em 2001. Causa bronquiolite e pneumonia em muito jovens, muito idosos e imunocomprometidos. É responsável por 5% a 10% das hospitalizações e até 20% das consultas pediátricas ambulatoriais para infecções agudas do trato respiratório. Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) SARS-CoV foi identificado pela primeira vez na China em novembro de 2002. Quase 30% das infecções do trato respiratório superior são causadas pelo coronavírus, mas a SARS difere em sua capacidade de infectar a árvore respiratória inferior e se disseminar sistemicamente. Desde 2004, o vírus desapareceu misteriosamente. Morfologia Todas as infecções virais produzem alterações morfológicas semelhantes, como áreas irregulares ou lobulares de congestão sem a consolidação de pneumonias bacterianas e Pneumonite intersticial predominante com paredes alveolares edematosas e alargadas com inflamação mononuclear; alguns vírus (herpes simples, varicela) podem estar associados a necrose epitelial e inflamação aguda. Em algumas infecções virais, ocorrem alteraçõescitopáticas características e infecções bacterianas secundárias modificam a aparência pela sobreposição de bronquite ulcerativa, bronquiolite e pneumonia bacteriana. Além disso, as membranas hialinas refletem o Dano Alveolar Difuso. Clínica As manifestações clínicas são extremamente variadas, desde infecções graves do trato respiratório superior (resfriado torácico) até doenças sistêmicas não localizadas com mialgias e febre. Edema e exsudatos podem causar incompatibilidades ventilação-perfusão que evocam dispneia desproporcional aos achados físicos. A maioria das doenças virais é leve e espontaneamente resolvida. Membrana hialina que reflete o Dano Alveolar Difuso (DAD) PNEUMONIAS ASSOCIADAS AOS CUIDADOS DE SAÚDE Entidade clínica associada à hospitalização recente de ≥2 dias; frequentadores de hospital ou clínica de hemodiálise; e terapia antibiótica intravenosa recente, quimioterapia ou tratamento de feridas. Os organismos mais comuns são S. aureus resistentes e Pseudomonas aeruginosa. Os pacientes têm uma mortalidade maior do que com pneumonia adquirida na comunidade. PNEUMONIAS ADQUIRIDAS EM HOSPITAL Pneumonia adquirida durante uma internação hospitalar, geralmente associada a doença subjacente grave, imunossupressão, antibióticoterapia prolongada ou dispositivos invasivos, como ventilação mecânica. _ Infecções são graves, frequentemente com complicações, e incluem cocos gram-positivos (S.aureus e S.pneumoniae) e bacilos gram-negativos (Enterobacterias e Pseudomonas). PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO Ocorre em pacientes marcadamente debilitados ou inconscientes. Resulta em pneumonia parcialmente química (ácido gástrico) e parcialmente bacteriana (flora oral mista). A pneumonia é frequentemente necrosante e tem um curso fulminante. Abscesso pulmonar é uma complicação comum. A microaspiração ocorre freqüentemente em quase todas as pessoas, especialmente com a doença do refluxo gastroesofágico, e resulta em granulomas não necrosantes pequenos e mal formados. ABCESSO PULMONAR Esta é uma infecção marcada por necrose supurativa ORGANIZADA do tecido pulmonar. Etiologia — Comumente envolvidos são estafilococos, estreptococos, numerosas espécies gram- negativas e anaeróbios. Infecções mistas são frequentes, refletindo a aspiração do conteúdo oral como etiologia comum. Nocarida: abscesso crônico. Patogênese — Aspiração de material infeccioso (procedimentos orofaríngeos ou secundários à consciência reduzida); Abscessos de aspiração são mais comuns à direita, refletindo o brônquio direito mais vertical; Infecção bacteriana primária previa; Êmbolos sépticos de trombos infectados ou endocardite do lado direito; Tumores obstrutivos (10% a 15% dos abscessos); Punções traumáticas diretas ou disseminação de infecção de órgãos adjacentes. Morfologia — Podem ser únicos ou múltiplos e variam de microscópicas a grandes cavidades; Eles contêm misturas variáveis de pus e ar, dependendo da drenagem disponível através das vias aéreas. Os abscessos crônicos são frequentemente cercados por uma parede fibrosa reativa. Clínica — As complicações incluem extensão para a cavidade pleural, hemorragia e embolização séptica. PNEUMONIA CRÔNICA É tipicamente uma inflamação granulomatose localizada em pacientes imunocomprometidos, com ou sem envolvimento linfonodal regional. Em pacientes imunocomprometidos a infecção pode se disseminar, como em pacientes com histoplasmose, blastomicose e coccidioidomicose. PUS Histoplasmose — A infecção pelo Histoplasma capsulatum produz granulomas com necrose coagulativa que subseqüentemente sofrem fibrose e calcificação concêntrica. A coloração por prata identifica o fungo de 3 a 5 μm de paredes finas, que pode persistir por anos. Blastomicose — Blastomyces dermatitidis é uma levedura de paredes espessas de 5 a 15 μm que se divide por brotamento de base ampla e causa granulomas supurativos. Pode apresentar-se como formas cutâneas pulmonares, disseminadas e, raramente, primárias. Coccidioidomicose — Coccidioides immitis causa lesões que variam de piogênicas a granulomatosas. Colorações de prata demonstram um esférula de paredes espessas de 20 a 60 μm contendo pequenos endósporos. TUBERCULOSE (A mais importante das pneumonias crônicas) Doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose resulta quase exclusivamente da inalação de partículas transportadas pelo ar (núcleos de gotículas). Núcleos de gotículas podem permanecer suspensos em correntes de ar ambiente por várias horas, aumentando a chance de disseminação. Partículas em superfícies parecem não facilitar a disseminação. Clínica: tosse crônica persistente por mais de 3 semanas, febre, sudorese noturna, hemoptise, perda de peso. Fisiopatologia Comuns em regiões subpleurais e lobos inferiores A tuberculose primária tem a imunidade medicada por células que vão formar os focos de Ghon, principalmente em lobos inferiores que quando associados a lonfonodos vão formar os complexos de Gohn que podem ser evidenciados nos exames de imagem pelos complexos de Ranke (fibrose e calcificação) Em lobos superiores Quando ganham a via hematogênica, desenvolvendo a tuberculose sistêmica ou miliar pode se disseminar para várias regiões, como rim (glóbulos brancos na urina, piúria), cérebro (causa meningite), coluna (causa doença de Port), glândulas adrenais (doença de Addson), fígado (hepatite) e linfonodos (pode causar linfonodopatia causando scrofula). Pneumonia no Imunocomprometido Infecções oportunistas raramente causam infecção em hospedeiros normais, mas podem causar pneumonias com risco de vida no hospedeiro imunocomprometido. Muitas vezes, mais de um agente está envolvido. • Pseudomonas, Micobactérias, Legionella e Listeriasã o os agentes bacterianos mais comuns. • Citomegalovírus (CMV) e Herpesvírus são os vírus mais comuns. • Pneumocystis, Candida e Aspergillus são os fungos mais comuns. h
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