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Pneumonias Referencia Bibliografica: Robbins e Cotran Patologia-Bases patológicas das Doenças 9 ed Capítulo 15:O pulmão Patologia Bogliolo 9 ed Capítulo 14:Pulmão Sistema Respiratório Infecções Pulmonares - As infecções do trato respiratório são mais frequentes que as infecções de qualquer outro órgão e são responsáveis pelo maior número de dias de trabalho perdidos na população geral. A grande maioria consiste em infecções do trato respiratório superior causadas por vírus (resfriado comum, faringite), porém infecções bacterianas, virais, por micoplasmas e fúngicas do pulmão (pneumonia) ainda causam uma enorme morbidade. A pneumonia pode ser definida de um modo muito amplo como qualquer infecção do parênquima pulmonar. Uma pneumonia pode ocorrer sempre que os mecanismos de defesa locais estiverem prejudicados ou quando a resistência sistêmica do hospedeiro estiver diminuída. Fatores que afetam a resistência em geral incluem doenças crônicas, deficiência imunológica, tratamento com agentes imunossupressores e leucopenia. Os mecanismos de defesa locais do pulmão podem ser comprometidos por muitos fatores, incluindo: • Perda ou supressão do reflexo de tosse, como resultado de coma, anestesia, distúrbios neuromusculares,medicamentos ou dor torácica (podem levar à aspiração do conteúdo gástrico). • Lesão do aparelho mucociliar, tanto por prejuízo da função ciliar quanto por destruição do epitélio ciliado, em virtude de tabagismo, inalação de gases quentes ou corrosivos, doenças virais ou defeitos genéticos da função ciliar (p. ex., na síndrome dos cílios imóveis). • Acúmulo de secreções em condições como fibrose cística e obstrução brônquica. • Interferência com a ação fagocítica ou bactericida dos macrófagos alveolares por álcool, tabaco, anoxia ou intoxicação por oxigênio. • Congestão e edema pulmonares. Os defeitos da imunidade inata (incluindo defeitos de neutrófilos e do complemento) e da imunodeficiência humoral tipicamente causam maior incidência de infecções por bactérias piogênicas. Mutações germinativas no MyD88 (um adaptador para vários TLRs [receptores Toll- like] que é importante para ativação do fator de transcrição NFkB) também estão associadas com pneumonias bacterianas destrutivas (pneumocócicas). Por outro lado, defeitos imunológicos mediados por células (congênitos e adquiridos) levam ao aumento de infecções por micróbios intracelulares como micobactérias e herpesvírus, assim como microrganismos de virulência muito baixa, como o Pneumocystis jiroveci.. Em um “sistema aberto” como o trato respiratório, é de se esperar que existam microrganismos em diferentes níveis da árvore respiratória, não significando, necessariamente, um estado de doença. Tal constatação cria um dos dilemas mais importantes na conduta de pacientes no ambiente hospitalar, especialmente em unidades de tratamento intensivo, pois nem sempre o encontro de um microrganismo em alguma parte dos pulmões representa uma pneumonia. Dentro dessas considerações, colonização pode ser definida como a existência de bactérias em um local do corpo sem evidência de resposta do hospedeiro; infecção pressupõe invasão e multiplicação de microrganismos nos tecidos, acompanhadas de agressão e reação destes. Habitualmente, pequeno número de bactérias presentes no ar ambiente ou compondo a microbiota normal da boca e orofaringe é inalada para as porções periféricas dos pulmões. Durante o sono, secreções da orofaringe são frequentemente aspiradas. Nessas situações, os mecanismos de defesa antibacterianos dos pulmões são altamente eficazes para inativar e/ou remover os agentes, reduzindo o número de organismos viáveis, mas não os extinguindo. Introdução Pneumonias - Por pneumonia entende-se o quadro de infecção e inflamação do parênquima pulmonar com expressão clínica . Nas pneumonias, bronquíolos respiratórios e alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, comprometendo a função de troca gasosa. Qualquer agente infeccioso – bactérias, vírus, fungos, parasitos e outros microrganismos – pode causar pneumonia, embora a grande maioria seja causada por bactérias. - Agentes infecciosos atingem os pulmões preferencialmente através do ar inalado, embora em algumas situações possam atingi-los pela corrente sanguínea. O desenvolvimento de quadro infeccioso no parênquima pulmonar envolve três componentes: patogenicidade do agente, mecanismos de defesa e capacidade de resposta do hospedeiro. IMPORTANTE: 1) O uso de antibióticos de espectro cada vez mais amplo pode estar envolvido no aumento da patogenicidade dos agentes circulantes,especialmente pela seleção dos organismos mais resistentes 2) A ampliação de procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos que criam portas de entrada para os microrganismos por redução da barreira física. 3) As situações de imunossupressão associadas a certas doenças (p. ex., síndrome da imunodeficiência adquirida) ou a outras condições (pós-transplante ou tratamento de doenças autoimunes) facilitam infecções não apenas por agentes comuns, como também por agentes oportunistas, já que nesses casos a diminuição da resistência do hospedeiro favorece o desenvolvimento do quadro infeccioso. A maioria das infecções Bacterianas é precedida por colonização da bactéria agressiva antes da doença Invasiva.Ha dois padrões de Colonização: 1) Por organismos altamente virulentos, substituindo a microbiota normal em indivíduos saudáveis. É o que ocorre com a Neisseria meningitidis, Streptococcus hemolyticus, Streptococcus pneumoniae. 2) Por organismos com diferentes graus de virulência em indivíduos com baixa de suas defesas pulmonares. IMPORTANTE: - A propensão a infecções bacterianas pode ser facilitada por propriedades dos agentes infecciosos (p. ex., moléculas na parede celular que facilitam a aderência e a penetração no epitélio respiratório) ou por infecções virais prévias (necrose do epitélio pelo vírus da influenza, que aumenta a exposição tecidual e facilita a aderência de bactérias). Além disso, outras doenças pulmonares que alteram os mecanismos de defesa podem facilitar a colonização e a infecção bacterianas, como ocorre em indivíduos com bronquite que possuem microbiota persistente nas vias aéreas distais, uma vez que inflamação crônica das vias respiratórias resulta em impedimento da função mucociliar, redução da drenagem linfática e retenção de secreções que favorecem a proliferação bacteriana. Infecção pulmonar, portanto, ocorre quando as defesas do organismo são incapazes de impedir a colonização e a proliferação de microrganismos, o que ocorre quando há alterações de qualquer dos mecanismos de defesa. Formas clínicas de apresentação das Pneumonias: - Aguda adquirida na comunidade - Aguda atípica adquirida na comunidade - Aguda nosocomial(Hospitalar) - Aspirativa - Crônica - Necrotizante - Pneumonias do imunocomprometido Pneumonia é contagiosa? Alguns tipos de pneumonia, como as causadas por vírus, são mais facilmente transmitidas de uma pessoa para outra. Já no caso das bacterianas, que são as mais comuns, a transmissão é mais difícil, mas também pode ocorrer, dependendo principalmente do estado de vulnerabilidade de cada pessoa. A pneumonia atípica é aquela causada por agentes etiológicos menos prevalentes, incluindo o Mycoplasma pneumoniae (principal), a Chlamydia pneumoniae e a Legionella pneumophila. Em comparação a pneumonia típica, o quadro clínico é mais brando, sendo caracterizado por início subagudo, febre não tão alta, os calafrios são infrequentes e tosse seca como sintoma predominante. Enquanto a pneumonia típica se concentra em um lóbulo, a atípica inicialmente possui focos mais dispersos. Classificação- As pneumonias podem ser classificadas de acordo com vários parâmetros: A) Origem- Hospitalar ou da comunidade B) Etiologia -(bactérias, vírus, fungos ou protozoários) C) Lesoes Morfologicas- Especifica ou Inespecifica D) Distribuição Anatomica – Lobar, lobular ou broncopneumonia e pneumonia Intersticial. Pneumonia Lobar: - O processo inflamatório tem disseminação relativamente uniforme nos lobos pulmonares, dando ao parênquima padrão homogêneo de acometimento. O microrganismo mais associado à pneumonia lobar é o pneumococo (Streptococcus pneumoniae), frequentemente associado a pneumonias adquiridas na comunidade. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mycoplasma_pneumoniae https://pt.wikipedia.org/wiki/Chlamydia_pneumoniae https://pt.wikipedia.org/wiki/Legionella_pneumophila https://pt.wikipedia.org/wiki/Legionella_pneumophila - Na pneumonia lobar bacteriana , quatro estágios de respostas inflamatórias foram descritas classicamente: congestão, hepatização vermelha, hepatização cinzenta e resolução. No primeiro estágio de congestão, o pulmão é pesado, encharcado e vermelho. É caracterizado por um ingurgitamento vascular, acúmulo de líquido intra-alveolar com alguns neutrófilos e, muitas vezes, pela presença de numerosas bactérias. O estágio de hepatização vermelha que se segue é caracterizado por exsudação confluente maciça, com neutrófilos, hemácias e fibrina preenchendo os espaços alveolares. Ao exame macroscópico, o lobo é vermelho, firme e desprovido de ar, com consistência semelhante à do fígado, daí o termo hepatização. O estágio da hepatização cinzenta a seguir é marcado por desintegração progressiva das hemácias e pela persistência de um exsudato fibrinossupurativo, resultando em uma alteração na cor para castanho-acinzentado. No estágio final de resolução, o exsudato no interior dos espaços alveolares é quebrado por digestão enzimática para produzir debris granulares, semifluidos, que são reabsorvidos, ingeridos por macrófagos, expectorados ou organizados por fibroblastos que crescem em meio a eles. A reação fibrinosa pleural à inflamação subjacente, frequentemente presente nos estágios iniciais se a consolidação se estender para a superfície (pleurite), pode se resolver de modo semelhante. Na maioria das vezes, ela sofre organização, deixando espessamento fibroso ou aderências permanentes. Pneumonia Lobular ou Broncopneumonia: -A infecção apresenta-se como focos inflamatórios múltiplos que acometem lóbulos pulmonares, caracterizando disseminação do agente através das pequenas vias aéreas distais. Trata-se de doença infecciosa muito frequente na prática médica e que acomete mais comumente crianças, idosos ou indivíduos debilitados. -Focos multiplos de broncopneumonia são áreas consolidadas de inflamação supurativa(purulenta) aguda no parenquima pulmonar. A consolidação pode estar confinada a um lobo, mas, na maioria das vezes, é multilobar e frequentemente bilateral e basal em razão da tendência de as secreções se acumularem nos lobos inferiores pelo efeito da gravidade. Lesões bem desenvolvidas são discretamente elevadas, secas, granulares, cinza-avermelhadas a amarelas e mal delimitadas. - Pneumonia Intersticial: - Na pneumonia intersticial o acometimento pode ser zonal ou difuso, às vezes bilateral. Macroscopicamente, o quadro é pouco característico, podendo haver apenas hiperemia. Ao microscópio, o achado dominante é inflamação nitidamente intersticial, em que os septos alveolares tornam-se alargados por edema e infiltrado de mononucleares. Os alvéolos contêm pequena quantidade de líquido e, nos casos graves, apresentam membranas hialinas, indicativas de dano alveolar. Dependendo do agente etiológico, podem ser encontrados elementos específicos. Nas viroses, são vistos necrose do epitélio alveolar e bronquiolar, células gigantes e, em alguns casos, inclusões características. Aspectos Clínicos gerais das pneumonias(bacteriana): - As complicações da pneumonia incluem (1) destruição e necrose dos tecidos, levando à formação de abscesso (particularmente comum em infecções por pneumococos tipo 3 ou Klebsiella); (2) disseminação da infecção para a cavidade pleural, causando a reação fibrinossupurativa intrapleural conhecida como empiema; e (3) disseminação bacterêmica para valvas cardíacas, pericárdio, cérebro, rins, baço ou articulações, causando abscessos(Destruição e necrose tecidual) metastáticos, endocardite, meningite ou artrite supurativa(purulenta),Bronquiectasia,dissemina- ção bacteriana e sepse. Pneumonias Bacterianas Adquiridas na comunidade -A pneumonia aguda adquirida na comunidade se refere a uma infecção pulmonar em indivíduos saudáveis sob os demais aspectos, adquirida em um ambiente normal (em contraste com a pneumonia adquirida no hospital). Elas podem ser bacterianas ou virais. As características clínicas e radiológicas geralmente são inespecíficas na diferenciação entre elas. Muitos biomarcadores mais novos foram desenvolvidos para identificar pacientes com infecção bacteriana e definir seus prognósticos. Deles, a proteína C-reativa e a procalcitonina, ambos reagentes de fase aguda produzidos primariamente no fígado, estão significativamente mais elevadas em infecções bacterianas do que em virais. - Frequentemente, a infecção bacteriana segue uma infecção viral do trato respiratório superior. A invasão bacteriana do parênquima pulmonar causa o preenchimento dos alvéolos com um exsudato inflamatório, consequentemente levando à consolidação (“solidificação”) do tecido pulmonar. Muitas variáveis, como o agente etiológico específico, a reação do hospedeiro e a extensão do envolvimento, determinam a forma precisa da pneumonia. Condições predisponentes incluem extremos de idade, doenças crônicas (insuficiência cardíaca congestiva, DPOC e diabetes), deficiências imunológicas congênitas ou adquiridas e função esplênica diminuída ou ausente (anemia falciforme ou estado pós- esplenectomia, que coloca o paciente em risco de infecções por bactérias encapsuladas, como pneumococos). Streptococcus pneumoniae - Streptococcus penumoniae ou pneumococo é o agente causador mais comum de pneumonia aguda adquirida na comunidade - O exame do escarro por coloração de Gram é uma etapa importante no diagnóstico da pneumonia aguda. A presença de numerosos neutrófilos contendo os diplococos lancetados Gram-positivos típicos é compatível com o diagnóstico de pneumonia pneumocócica, mas deve-se lembrar que o S. pneumoniae faz parte da flora endógena em 20% dos adultos, e, consequentemente, resultados falso-positivos podem ser obtidos. O isolamento de pneumococos em hemoculturas é mais específico, porém menos sensível (na fase inicial da doença, apenas 20% a 30% dos pacientes apresentam hemoculturas positivas). Vacinas antipneumocócicas contendo polissacarídeos capsulares de sorótipos comuns são usadas em indivíduos com alto risco para sepse pneumocócica. Haemophilus Influenzae - A Haemophilus influenzae é um organismo Gram-negativo pleomórfico que ocorre em formas não encapsuladas e encapsuladas. Há seis sorótipos das formas encapsuladas (tipos A a F), dos quais o tipo B é o mais virulento. Os anticorpos contra a cápsula protegem o hospedeiro da infecção por H.Influenzae,assim o polissacarídeo capsular b é incorporado na vacina contra H.Influenzae amplamente usada. - Com o uso rotineiro de vacinas conjugadas contra H. influenzae, a incidência da doença causada pelo sorótipo b diminuiu significativamente. - Em contraste, as infecções pelas formas não encapsuladas, também chamadas de formas não tipáveis, estão aumentando. Elas são menos virulentas, disseminam-se ao longo da superfície do trato respiratório alto e causam otite média(infecção da orelha média), sinusite e broncopneumonia. Recém-nascidos e crianças com comorbidades como prematuridade, malignidades e imunodeficiência têm alto risco de desenvolvimento de infecções invasivas. IMPORTANTE: - A pneumonia por H.influenzae,que pode seguir uma infecção respiratória viral é uma emergência pediátrica e apresenta alta taxa de mortalidade - A laringotraqueobronquite descendente resulta em obstrução das vias aéreas, à medida que os brônquios menores são obstruídos por um exsudato denso, rico em fibrina, contendo neutrófilos, semelhante ao observado nas pneumonias pneumocócicas. A consolidação pulmonar geralmente é lobular e irregular, mas pode ser confluente e envolver todo o lobo pulmonar. - Antes de a vacina se tornar amplamente disponível, o H. influenzae era uma causa comum de meningite supurativa em crianças com até 5 anos de idade. O H. influenzae também causa uma conjuntivite aguda purulenta (olho rosa) em crianças e, em pacientes idosos com predisposição, pode causar septicemia, endocardite, pielonefrite, colecistite e artrite supurativa. O H. influenzae é a causa mais comum de exacerbação bacteriana aguda de DPOC. -Patogenicidade é mediada por um prolongamento na sua superfície que favorece a aderência ao epitélio respiratório e pela secreção de enzimas que afetam os batimentos ciliares e inativam a IgA secretória. O agente compromete em geral indivíduos com bronquite crônica e/ou bronquiectasia e geralmente encontra-se associado a infecções virais que, por destruição do epitélio, favorecem a aderência de bactérias. Com isso, o microrganismo causa extensa pneumonia destrutiva (lobar ou broncopneumonia) que pode evoluir para bronquiolite obliterante. Como complicação podem se formar abscessos, cuja cicatrização extensa predispõe a bronquiectasia. - O tipo b possui cápsula antifagocitaria Moraxella catarrhalis - Moraxella catarrhalis está sendo cada vez mais reconhecida como causa de pneumonia bacteriana, especialmente em idosos. É a segunda causa bacteriana mais comum de exacerbação aguda de DPOC. Juntamente com S. pneumoniae e H. influenzae, M. catarrhalis constitui uma das três causas mais comuns de otite média em crianças. Staphylococcus Aureus - é uma importante causa de pneumonia bacteriana secundária em crianças e adultos saudáveis após doenças respiratórias virais (p. ex., sarampo em crianças e gripe em crianças e adultos) - A pneumonia estafilocócica está associada a uma alta incidência de complicações, como abscesso pulmonar e empiema. Usuários de drogas intravenosas apresentam alto risco de desenvolvimento de pneumonia estafilocócica em associação com endocardite. Também é uma causa importante de pneumonia hospitalar adquirida. Empiema pulmonar: concentração de pus dentro da cavidade pleural. Klebsiella pneumoniae - Essa bactéria é a causa mais freqüente de pneumonia bacteriana Gram-Negativa - Ela afeta comumente indivíduos debilitados e desnutridos, particularmente alcoólatras crônicos. Um escarro espesso, mucoide (geralmente com raios de sangue) é característico, porque o organismo produz um polissacarídeo capsular viscoso abundante, que o paciente pode ter dificuldade para expectorar. Pseudomonas aeruginosa - Embora Pseudomonas aeruginosa na maioria das vezes cause infecções hospitalares, ela também é mencionada aqui em razão da sua ocorrência em pacientes com fibrose cística e imunocomprometidos. Ela é comum em pacientes neutropênicos e tem uma propensão a invadir os vasos sanguíneos, com consequente disseminação extrapulmonar. A septicemia por Pseudomonas é uma doença fulminante. Legionella pneumophila - Legionella pneumophila é o agente da doença dos Legionários, um epônimo para formas epidêmicas e esporádicas de pneumonia causadas por esse organismo. Ela também causa a febre de Pontiac, uma infecção do trato respiratório superior autolimitada. Esse organismo prospera em ambientes aquáticos artificiais, como torres de resfriamento de água e no sistema de tubulação para suprimento de água doméstica (potável). O modo de transmissão consiste tanto na inalação de organismos aerossolizados como na aspiração de água potável contaminada. A pneumonia por Legionella é comum em indivíduos com condições predisponentes, como doenças cardíaca, renal, imunológica ou hematológica. Receptores de transplantes de órgãos são particularmente suscetíveis. Ela pode ser bastante severa, frequentemente exigindo hospitalização, e pacientes imunossuprimidos podem apresentam taxas de fatalidade de até 50%. O diagnóstico rápido é facilitado pela demonstração de antígenos de Legionella na urina ou por um teste de anticorpo fluorescente positivo em amostras de escarro; cultura continua sendo o padrão-ouro para o diagnóstico. Mycoplasma pneumoniae -Infecções por Mycoplasma são particularmente comuns entre crianças e adultos jovens. Ocorrem esporadicamente ou como epidemias locais em comunidades fechadas (escolas, acampamentos militares e prisões). Curso clinico e complicações das pneumonias Bacterianas -Os principais sintomas da pneumonia aguda bacteriana adquirida na comunidade consistem em febre alta de início abrupto, calafrios com tremores e tosse produtiva com escarro mucopurulento; pacientes ocasionais podem apresentar hemoptise. Quando a pleurite está presente, ela é acompanhada por dor pleurítica e atrito pleural. Todo o lobo é radiopaco na pneumonia lobar, enquanto existem opacidades focais na broncopneumonia. O quadro clínico é modificado dramaticamente com a administração de antibióticos. Os pacientes tratados podem estar relativamente afebris e com poucos sinais clínicos em 48 a 72 horas após a introdução de antibióticos. A identificação do organismo e a determinação de sua sensibilidade ao antibiótico são as chaves- mestras da terapia apropriada. Menos de 10% dos pacientes com pneumonia severa o suficiente para exigir hospitalização sucumbem atualmente, e na maioria desses casos a morte resulta de uma complicação, como empiema, meningite, endocardite ou pericardite ou de alguma influência predisponente, como debilidade ou alcoolismo crônico. O enfizema caracteriza-se pelo aprisionamento aéreo em decorrência da destruição dos septos interlobularesm geralmente causado pelo tabagismo e poluição. Já as bronquiectasias decorrem também de alterações estruturais pulmonares ao nível dos brônquios e vias aéreas de calibre médio e caracterizam-se por acúmulo excessivo de secreções e não de ar. É claro que um enfizematoso pode ter bronquiectasias e um bronquiectásico pode ter também enfizema. Pneumonias Virais Adquiridas na comunidade - Infecções virais comuns incluem as dos vírus influenza tipos A e B, dos vírus sinciciais respiratórios, o metapneumovírus humano, adenovírus, rinovírus, rubéola e vírus da varicela. Qualquer um desses agentes pode causar simplesmente uma infecção do trato respiratório superior, reconhecida como um resfriado comum ou uma infecção do trato respiratório inferior mais severa. Os fatores que favorecem essa extensão da infecção incluem extremos de idade, desnutrição, alcoolismo e doenças debilitantes de base. Embora os detalhes moleculares variem, todos os vírus que causam pneumonia produzem a doença através de mecanismos gerais similares. Esses vírus têm tropismos que permitem que eles se fixem e entrem nas células de revestimento respiratório. A replicação viral e expressão de genes levam às alterações citopáticas, induzindo à morte celular e inflamação secundária. Os danos e prejuízos resultantes das defesas pulmonares locais, como a eliminação mucociliar, podem predispor a superinfecções bacterianas, que geralmente são mais sérias que as próprias infecçõesvirais. Infecções por Influenza - O vírus Influenza tipo A infecta seres humanos,porcos,cavalos, e aves e constitui a principal causa de pandemias e epidemias de Infecções por Influenza - O genoma da influenza decodifica várias proteínas, mas as mais importantes para a vantagem da virulência viral são as hemaglutininas e neuraminidases. A hemaglutinina tem três subtipos principais (H1- H3), enquanto a neuraminidase tem dois (N1, N2). Ambas as proteínas são componentes do envelope viral do influenza, que consiste em uma dupla camada de lipídios. Fator de Virulencia: Hemaglutinina: A hemaglutinina é particularmente importante, já que serve para fixar o vírus no seu alvo celular através de resíduos de ácido siálico na superfície de polissacarídeos. Depois da captação do vírus em vesículas endossômicas, a acidificação do endossomo desencadeia uma alteração na conformação das hemaglutininas que permite a fusão do envelope viral com a membrana celular da célula hospedeira, liberando os RNAs genômicos virais dentro do citoplasma da célula. Neuroaminidase: A neuraminidase, por sua vez, facilita a liberação de novos virions formados, que germinam das células infectadas por meio da clivagem de resíduos de ácido siálico. Anticorpos do hospedeiro neutralizantes da hemaglutinina e neuraminidase virais evitam e melhoram, respectivamente, infecções pelo vírus influenza ao interferirem nessas funções. - Um único subtipo de vírus influenza A é predominante no mundo em um tempo determinado. Epidemias de influenza são causadas por mutações espontâneas que alteram os epítopos antigênicos da hemaglutinina e neuraminidase. Essas alterações antigênicas (tendência antigênica) resultam em novas cepas virais que são diferentes o suficiente para confundir, ao menos em parte, os anticorpos anti-influenza produzidos em membros da população como resposta às exposições anteriores a outras cepas gripais. - Contudo, geralmente essas novas cepas trazem semelhanças suficientes em relação às cepas anteriores, de modo que alguns membros da população são, ao menos parcialmente, resistentes à infecção. Em contraste, as pandemias, que são mais longas e disseminadas que as epidemias, ocorrem quando tanto os genes da hemaglutinina quanto da neuraminidase são substituídos pela recombinação com os vírus de influenza animal (mudança antigênica). Nesse caso, essencialmente todos os indivíduos estão suscetíveis aos novos vírus influenza. Etiopatogenese: - Se o hospedeiro não tiver anticorpos de proteção, os vírus infectam os pneumócitos e estimulam várias alterações citopáticas. Logo depois de entrar nos pneumócitos, a infecção viral inibe os canais de sódio, produzindo desvios de água e eletrólitos que levam ao acúmulo de fluidos na luz alveolar. Segue-se a morte das células infectadas através de vários mecanismos, incluindo a inibição da tradução de mRNA nas células hospedeiras e ativação das caspases, levando à apoptose. A morte das células epiteliais exacerba o acúmulo de fluidos e libera “sinais de perigo” que ativam os macrófagos residentes. Além disso, antes de sua morte, as células epiteliais infectadas liberam vários mediadores inflamatórios, incluindo várias quimiocinas e citocinas, adicionando combustível ao “fogo inflamatório”. Soma-se ainda os mediadores liberados de células epiteliais e macrófagos que ativam o endotélio pulmonar próximo, permitindo que os neutrófilos se liguem e extravasem para o interstício dentro de 1 ou 2 dias de infecção. Em alguns casos, a infecção viral pode causar dano pulmonar suficiente para causar a síndrome da angústia respiratória aguda, mas geralmente mais grave e fatal é a doença pulmonar que se origina de uma pneumonia bacteriana superposta. Entre elas, as pneumonias secundárias causadas pelo Staphylococcus aureus são particularmente comuns e geralmente oferecem risco à vida. Controle da Infecção: - O controle da infecção está em vários mecanismos do hospedeiro. A presença de produtos virais induz às respostas imunes inatas em células infectadas, tais como a produção de interferon-α e β. Esses mediadores estimulam a expressão do gene MX1, que decodifica uma GTPase que interfere na transcrição gênica do influenza e na replicação viral. Assim como em outras infecções virais, as células natural killer (NK) e as células T citotóxicas reconhecem e exterminam as células hospedeiras infectadas, limitando a replicação e disseminação viral para os pneumócitos adjacentes. A resposta imune celular é geralmente aumentada pelo desenvolvimento da resposta de anticorpos às proteínas hemaglutinina e neuraminidase. Metapneumovírus Humano - O metapneumovírus humano (MPV), um paramixovírus descoberto em 2001, é encontrado no mundo todo e está associado a infecções dos tratos respiratórios superior e inferior. Ele pode infectar grupos de qualquer idade, porém é mais comum em crianças jovens, indivíduos idosos e pacientes imunocomprometidos. O MPV humano pode causar infecções severas, como bronquiolite e pneumonia, e é responsável por 5% a 10% das hospitalizações e 12% a 20% das visitas ambulatoriais de crianças que sofrem de infecções agudas do trato respiratório. Essas infecções são clinicamente indistinguíveis daquelas causadas pelo vírus sincicial respiratório humano e geralmente são confundidas com influenza. - A primeira infecção por MPV humano ocorre durante o início da infância, porém reinfecções são comuns ao longo da vida, especialmente em indivíduos mais velhos. Os métodos de diagnóstico incluem PCR para RNA viral e imunofluorescência direta. A ribavirina é o único tratamento antiviral que está atualmente disponível para infecções pelo MPV humano; ela é usada principalmente em pacientes imunocomprometidos com doenças graves. Embora o trabalho esteja em andamento, uma vacina clinicamente segura e eficaz ainda não foi desenvolvida. Síndrome Respiratória Aguda Severa - A síndrome respiratória aguda severa (SARS, do inglês, severe acute respiratory syndrome) foi diagnosticada primeiramente em novembro de 2002 na Província de Guangdong, na China, e subsequentemente se espalhou para Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Vietnã e Toronto, onde ocorreram também grandes epidemias. A facilidade de viagem entre os continentes contribuiu claramente para essa rápida disseminação inicial. A causa da SARS era um novo coronavírus. Muitas infecções respiratórias superiores são causadas por coronavírus, porém o vírus da SARS difere de outros coronavírus pelo fato de que infecta o trato respiratório inferior e se dissemina por todo o organismo. A SARS é um exemplo básico do surgimento repentino de um novo agente infeccioso a partir de mutações nos seus fatores de virulência. Covid-19 - A covid é uma doença causada por um vírus da família dos corona vírus - A covid-19 foi relatada pela primeira vez no final de 2019 em Wuhan, China, e desde então se espalhou extensivamente por todo o mundo. - Os primeiros casos da covid-19 foram ligados a um mercado de animais vivos em Wuhan, na China, sugerindo que o vírus tenha sido inicialmente transmitido de animais para os humanos. O vírus dissemina-se pelo contato próximo de uma pessoa com outra, principalmente por meio de gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse, espirra, canta, faz exercícios ou fala. Grandes gotículas respiratórias espalham-se a menos de 2 metros de uma pessoa infectada, mas o SARS-CoV-2 às vezes pode se espalhar por mais de 6 metros por partículas respiratórias aerossolizadas que podem permanecer no ar por várias horas e infectar pessoas separadas por distâncias previamente consideradas seguras. A disseminação do vírus também pode ocorrer por meio do contato com uma superfície contaminada por gotículasrespiratórias. Sabe-se que pessoas assintomáticas e pré-sintomáticas, assim como pacientes sintomáticos, podem transmitir o vírus, dificultando o controle de um surto. Uma pessoa infectada oferece maior risco de contágio alguns dias antes e alguns dias depois do início dos sintomas, momento em que a carga viral em suas secreções respiratórias é maior. O vírus da SARS-CoV-2 se dissemina facilmente entre as pessoas. Em geral, quanto mais próxima e mais longa a interação com uma pessoa infectada, maior o risco de disseminação do vírus. Eventos ou situações superdisseminadoras desempenharam um papel extraordinário na propagação do surto de sars de 2003 e também desempenham um papel significativo na atual pandemia da covid-19. Situações de superdisseminação são aquelas em que um pequeno número de casos contribui para grande proporção da transmissão da doença. Isso provavelmente ocorre por uma combinação de fatores biológicos, ambientais e comportamentais. As situações com alto risco de transmissão incluem instituições de habitação congregada (p. ex., casas de repouso, instituições de longa permanência, prisões, embarcações), bem como ambientes lotados e mal ventilados, como serviços religiosos em locais fechados, ginásios, bares, casas noturnas, restaurantes com salão fechado e instalações frigoríficas. Esses locais têm alta densidade populacional e muitas vezes dificuldade em manter as precauções de distanciamento para evitar a transmissão. Os residentes de casas de repouso também estão em alto risco de doença grave por causa da idade e das doenças concomitantes. Pessoas com a covid-19 podem ter poucos ou nenhum sintoma, embora algumas adoeçam gravemente e morram. Os sintomas podem incluir Febre Tosse Falta de ar oudificuldade em respirar Calafrios ou agitaçãorepetida com calafrios Fadiga Dor muscular Cefaleia Faringite Perda recente de olfatoou paladar Congestão ou coriza Náuseas ou vômitos Diarreia O tempo de incubação (ou seja, desde a exposição até o início dos sintomas) varia de 2 a 14 dias, com uma mediana de 4 a 5 dias A maioria dos indivíduos infectados (provavelmente 80%) não apresenta sintomas, ou manifesta apenas uma doença leve. O risco de doença grave e morte nos casos de covid-19 aumenta com a idade, em fumantes e em pessoas com outras doenças graves, como câncer e doenças cardíacas, pulmonares, renais ou hepáticas, bem como diabetes, doenças imunocomprometedoras, anemia falciforme ou obesidade (1, 2). Doença grave é caracterizada por dispneia, hipóxia e extenso envolvimento pulmonar em exames de imagem. Isso pode progredir para insuficiência respiratória que requer ventilação mecânica, choque, falência de múltiplos órgãos e morte. Além da doença respiratória que pode progredir para síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) e morte, outras complicações graves incluem: Cardiopatias, incluindo arritmias, cardiomiopatia, e lesão cardíaca aguda Distúrbios de coagulação, incluindo tromboembolismo e embolia pulmonar, coagulação intravascular disseminada (CID), hemorragia e formação de coágulo arterial Síndrome de Guillain-Barré (rara) Sepse, choque e falência de múltiplos órgãos Uma síndrome inflamatória pós-infecciosa rara denominada inflamatória multissistêmica pediátrica (MIS-C) foi observada como uma complicação rara da infecção por Sars-CoV-2 em crianças. Tem características semelhantes à doença de Kawasaki ou síndrome do choque tóxico. Crianças com MIS-C apresentam mais comumente febre, taquicardia e sintomas gastrointestinais com sinais de inflamação sistêmica. Os casos que atendem aos seguintes critérios devem ser notificados aos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) como suspeitos de MIS-C: indivíduos < 21 anos com febre > 24 horas, evidências laboratoriais de inflamação, sinais de ≥ 2 órgãos envolvidos e associação laboratorial ou epidemiológica com infecção por SARS-CoV-2 (3). Uma síndrome https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-agudas-covid-19-mers-e-sars#v47572290_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/insufici%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-e-ventila%C3%A7%C3%A3o-mec%C3%A2nica/insufici%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-hipox%C3%AAmica-aguda-irha,-sara https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/vis%C3%A3o-geral-das-arritmias https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/miocardiopatias/vis%C3%A3o-geral-das-miocardiopatias https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/embolia-pulmonar-ep/embolia-pulmonar-ep https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/dist%C3%BArbios-de-coagula%C3%A7%C3%A3o/coagula%C3%A7%C3%A3o-intravascular-disseminada-cid https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/dist%C3%BArbios-de-coagula%C3%A7%C3%A3o/coagula%C3%A7%C3%A3o-intravascular-disseminada-cid https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-perif%C3%A9rico-e-da-unidade-motora/s%C3%ADndrome-de-guillain-barr%C3%A9 https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/sepse-e-choque-s%C3%A9ptico/sepse-e-choque-s%C3%A9ptico https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/choque-e-reanima%C3%A7%C3%A3o-vol%C3%AAmica/choque https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/miscel%C3%A2nea-de-dist%C3%BArbios-em-lactentes-e-crian%C3%A7as/doen%C3%A7a-de-kawasaki-dk https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/cocos-gram-positivos/s%C3%ADndrome-do-choque-t%C3%B3xico-sct https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/cocos-gram-positivos/s%C3%ADndrome-do-choque-t%C3%B3xico-sct https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-agudas-covid-19-mers-e-sars#v47572290_pt inflamatória multissistêmica semelhante em adultos jovens e de meia-idade (MIS-A) também foi relatada (4). Na maioria dos pacientes, os sintomas desaparecem ao longo de cerca de uma semana. Entretanto, alguns pacientes pioram clinicamente após uma semana, progredindo para doença grave, incluindo SDRA. Mesmo pacientes com doença leve (cerca de um terço em um estudo) podem ter sintomas persistentes, incluindo dispneia, tosse e mal- estar, que podem durar semanas ou até meses. Doenças mais prolongadas parecem ser mais comuns naqueles com doença grave. Os testes de PCR viral em pacientes podem permanecer positivos por pelo menos 3 meses, independentemente dos sintomas. Contudo, mesmo pacientes com sintomas persistentes geralmente não são considerados infecciosos, uma vez que dificilmente se consegue cultivar vírus a partir de secreções do trato respiratório superior de pacientes após 10 dias da doença. Morfologia das Pneumonias Virais - Todas as infecções virais produzem alterações morfológicas similares. As infecções respiratórias superiores são marcadas por hiperemia da mucosa e tumefação com um infiltrado linfomonocítico e plasmocitário da submucosa, acompanhado por superprodução de secreções mucosas. A mucosa tumefeita e o exsudato viscoso podem obstruir as fossas nasais, seios paranasais ou as tubas de Eustáquio, provocando uma infecção bacteriana supurativa secundária. A tonsilite induzida por vírus que causa hiperplasia do tecido linfoide dentro do anel de Waldeyer é frequente em crianças. Na laringotraqueobronquite viral ou Bronquiolite: - Na laringotraqueobronquite viral e na bronquioliteexistem tumefação da prega vocal e produção abundante de muco. O prejuízo da função broncociliar convida à superinfecção bacteriana com supuração mais acentuada. A obstrução das pequenas vias aéreas pode originar atelectasias pulmonares focais. Com o envolvimento bronquiolar mais severo, a obstrução difusa das vias aéreas secundárias e terminais por resíduos celulares, fibrina e exsudato inflamatório pode, se prolongada, levar à organização e fibrose, resultando em bronquiolite obliterativa e lesão pulmonar permanente. - O envolvimento pulmonar pode ser bastante irregular ou pode envolver lobos inteiros bi ou unilateralmente. As áreas afetadas são violáceas e congestas. A pleurite ou derrame pleural não são frequentes. O padrão histológico depende da severidade da doença. - Predomina uma reação Inflamatória Intersticial envolvendo as paredes dos alvéolos -Os septos alveolares estão alargados e edematosos e geralmente apresentam um infiltrado inflamatório mononuclear de linfócitos, macrófagos e, ocasionalmente, plasmócitos. Em casos agudos, neutrófilos podem estar presentes. Os alvéolos podem estar livres de exsudato, mas em muitos pacientes existem um material proteináceo intra-alveolar e um exsudato celular. Quando complicada por SARA, as membranas hialinas rosa revestem as paredes alveolares. A erradicação da infecção é seguida pela reconstituição da arquitetura normal do pulmão. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-agudas-covid-19-mers-e-sars#v47572290_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/insufici%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-e-ventila%C3%A7%C3%A3o-mec%C3%A2nica/insufici%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-hipox%C3%AAmica-aguda-irha,-sara - A infecção bacteriana superposta modifica esse quadro, causando bronquite ulcerativa, bronquiolite e pneumonia bacteriana. Alguns vírus, como herpes simples, varicela e adenovírus, podem estar associados à necrose do epitélio brônquico e alveolar e à inflamação aguda. Aspectos Clínicos da pneumonias virais - O curso clínico das infecções virais é extremamente variado. Muitos casos são mascarados como infecções do trato respiratório superior severas ou como resfriados. Mesmo indivíduos com pneumonia atípica bem desenvolvida apresentam poucos sintomas localizadores. Tosse pode estar ausente, e as principais manifestações podem consistir apenas em febre, dor de cabeça, dores musculares e dores nas pernas. O edema e a exsudação estão estrategicamente localizados, causando desequilíbrio da relação entre ventilação e fluxo sanguíneo e, consequentemente, produzindo sintomas desproporcionais aos achados físicos escassos. As infecções virais geralmente são leves e se resolvem espontaneamente, sem qualquer sequela duradoura. Contudo, pneumonias intersticiais virais podem assumir proporções epidêmicas, e nessas circunstâncias, mesmo com baixas taxas de complicações, podem levar a morbidade e mortalidade significativas, como é tipicamente visto nas epidemias de influenza. Pneumonias Associadas à assistência à saúde(Nosocomiais) - A pneumonia associada à assistência à saúde foi descrita recentemente como uma entidade clínica distinta associada a fatores de risco significativos. Eles são: hospitalização de pelo menos 2 dias em um passado recente; proveniência de uma casa de repouso ou instituição de longa permanência; comparecimento em hospitais ou clínicas de hemodiálise; terapia intravenosa com antibióticos recente, quimioterapia ou tratamento de feridas. Os organismos isolados mais comuns são Staphylococcus aureus e P. aeruginosa resistentes à meticilina. Esses pacientes têm mortalidade maior do que os que adquiriram a pneumonia na comunidade. Pneumonia Hospitalar - As pneumonias hospitalares são definidas como infecções pulmonares adquiridas no curso de uma internação hospitalar. São comuns em pacientes com doença subjacente grave, imunossupressão, antibioticoterapia prolongada ou dispositivos de acesso invasivos, como cateteres intravasculares. Os pacientes em ventilação mecânica têm particularmente um alto risco. Superpostas a uma doença subjacente (que causou a hospitalização), as infecções hospitalares são complicações sérias e frequentemente ameaçam a vida. Cocos Gram- positivos (principalmente S. aureus e S. pneumoniae) e bacilos Gram-negativos (espécies de Enterobacteriaceae e Pseudomonas) são principalmente isolados. Há organismos isolados de maneira similar na pneumonia associada à ventilação, mas os bacilos Gram-negativos são mais comuns. Pneumonia por Aspiração - A pneumonia por aspiração ocorre em pacientes muito debilitados ou naqueles que aspiram o conteúdo gástrico quando estão inconscientes (p. ex., após um AVC) ou durante episódios repetidos de vômitos. Esses pacientes apresentam reflexos de engasgo e de deglutição anormais, que predispõem à aspiração. A pneumonia resultante é em parte química, em razão dos efeitos irritantes do ácido gástrico, e em parte bacteriana (em virtude da flora oral). Tipicamente, mais de um organismo é recuperado na cultura, sendo os aeróbios mais comuns que os anaeróbios. Esse tipo de pneumonia frequentemente é necrotizante, segue um curso clínico fulminante e é uma frequente causa de morte. Naqueles que sobrevivem, o abscesso pulmonar é uma complicação comum. A microaspiração, por outro lado, ocorre frequentemente em quase todas as pessoas, especialmente em indivíduos com doença do refluxo gastroesofágico. Ela resulta, geralmente, em pequenos granulomas malformados, não necrotizantes, com reação das células gigantes multinucleadas do tipo corpo estranho. Geralmente, não traz consequências, mas pode exacerbar outras doenças pulmonares preexistentes como asma, fibrose intersticial e rejeição pulmonar. Abscesso Pulmonar - O termo abscesso pulmonar descreve um processo supurativo local que produz necrose do tecido pulmonar. Cirurgias orofaríngeas ou procedimentos odontológicos, infecções sinobrônquicas e bronquiectasia desempenham papéis importantes em seu desenvolvimento. Etiologia e Patogenia: - Embora em circunstâncias apropriadas qualquer patógeno possa produzir um abscesso, os organismos comumente isolados incluem estreptococos aeróbicos e anaeróbicos, S. aureus e uma série de organismos Gram- negativos. As infecções mistas geralmente ocorrem por causa do importante papel causal desempenhado pela inalação de material estranho. Os organismos anaeróbicos geralmente encontrados na cavidade oral, incluindo membros das espécies de Bacteroides, Fusobacterium e Peptococcus, são os isolados exclusivos em aproximadamente 60% dos casos. Os organismos causadores são introduzidos pelos seguintes mecanismos: • Aspiração de material infectante (a causa mais frequente). É particularmente comum no alcoolismo agudo, coma, anestesia, sinusite, sepse gengival-dentária e debilitação física, quando os reflexos da tosse estão suprimidos. A aspiração causa primeiramente pneumonia, que progride para necrose tecidual e formação de abscessos pulmonares. • Infecção pulmonar primária antecedente. A formação de abscessos pós-pneumônicos geralmente está associada a S. aureus, K. pneumoniae e pneumococos tipo 3. Indivíduos pós-transplante ou imunossuprimidos por outros motivos correm um risco especial. • Embolia séptica. Êmbolos infectados da tromboflebite em qualquer porção da circulação venosa sistêmica ou provenientes de vegetações de endocardite bacteriana infecciosa do lado direito do coração são aprisionados no pulmão. • Neoplasia. A infecção secundária é particularmente comum no segmento broncopulmonar obstruído por um tumormaligno primário ou secundário (pneumonia pós- obstrutiva). • Diversos. Traumas pulmonares penetrantes; disseminação de infecções de um órgão vizinho, como supuração no esôfago, na coluna vertebral, no espaço subfrênico ou na cavidade pleural; e semeadura hematogênica do pulmão por organismos piogênicos podem levar à formação de abscesso pulmonar. Quando todas essas causas são excluídas, ainda existem casos nos quais uma base perceptível para formação do abscesso não pode ser identificada. Esses são referidos como abscessos pulmonares criptogênicos primários. Morfologia do Abscesso: - Os abscessos variam em diâmetro de poucos milímetros a grandes cavidades de 5 a 6 cm . Eles podem afetar qualquer parte do pulmão e podem ser únicos ou múltiplos. Abscessos pulmonares decorrentes de aspiração são mais comuns à direita (em razão de o brônquio principal direito ser mais verticalizado) e na maioria das vezes são únicos. Abscessos que se desenvolvem no curso de pneumonia ou bronquiectasia geralmente são múltiplos, basais e difusamente dispersos. Êmbolos sépticos e abscessos piêmicos são múltiplos e podem afetar qualquer região dos pulmões. - A alteração histológica cardinal em todos os abscessos é a destruição supurativa do parênquima pulmonar no interior de uma área central de cavitação. A cavidade dos abscessos pode ser preenchida com resíduos supurativos ou, se houver comunicação com uma passagem de ar, pode ser drenado parcialmente para criar uma cavidade contendo ar (nível hidroaéreo). Infecções saprófitas superpostas tendem a se desenvolver nos debris necróticos. A infecção contínua leva à formação de grandes cavidades multiloculares, esverdeadas e enegrecidas, fétidas, pouco demarcadas, designadas como gangrena do pulmão. Nos casos crônicos, uma proliferação fibroblástica considerável produz uma parede fibrosa. Abscesso pulmonar é uma coleção de pus na intimidade do órgão resultante de agressão e destruição tecidual com formação de cavidade onde se acumula secreção purulenta constituída por restos celulares, microrganismos e células inflamatórias. Os principais microrganismos envolvidos na gênese de abscessos pulmonares são os anaeróbios da microbiota bucal, embora agentes causadores de pneumonias possam estar também envolvidos. Abscessos pulmonares formam-se em diversas condições: (1) complicação de pneumonias bacterianas, especialmente naquelas com grande lesão tecidual, como acontece nas infecções por S. aureus e K. pneumoniae; (2) aspiração de material contaminado; (3) infecção secundária em lesões prévias (tumores, infartos etc.). Algumas vezes, um câncer pulmonar apresenta- se como abscesso; (4) embolia séptica; (5) lesões torácicas perfurantes. Os abscessos podem variar desde pequenos (menores que 1 cm, microabscessos) até lesões cavitadas volumosas, com vários centímetros (Figura 14.24), podendo haver confluência de lesões adjacentes. O interior do abscesso normalmente contém restos celulares resultantes de necrose tecidual, células inflamatórias e microrganismos. O conjunto desses elementos forma um característico nível líquido na cavidade, o qual pode ser identificado em exames de imagem. Pneumonia Crônica - A maioria das pneumonias é resolvida sem deixar cicatrizes. Habitualmente, a fibrina intralveolar é digerida pelas enzimas proteolíticas das células inflamatórias degeneradas, sendo os detritos remanescentes absorvidos ou eliminados com o escarro. Em algumas formas de pneumonia, tanto a virulência do agente agressor como a resposta do hospedeiro podem causar dano ao arcabouço reticulínico e elástico do pulmão, resultando em fibrose. Se o agente infeccioso permanece nos pulmões, formam-se abscessos e cicatrizes. Nesses casos, duas doenças devem ser reconhecidas pelas suas implicações terapêuticas. A actinomicose torácica é causada por bactérias filamentosas Grocott e Gram-positivas que, caracteristicamente, são reconhecidas nos cortes corados pela hematoxilina e eosina pela presença de grânulos azuis nos múltiplos abscessos neutrofílicos. A doença evolui ainda com derrame pleural e dor torácica. A nocardiose representa uma forma de pneumonia crônica ou aguda progressiva de indivíduos imunocomprometidos. Na forma crônica, predominam granulomas epitelioides múltiplos com microabscessos e fibrose, contendo numerosos bacilos álcool- acidorresistentes identificados pelo método de Ziehl-Neelsen e Grocott. A nocardiose apresenta ainda associação não usual com a proteinose alveolar. Pneumonias crônicas Causadas por fungos Histoplasmose: -A infecção por Histoplasma capsulatum é adquirida por inalação de partículas de poeira do solo contaminado com excrementos de pássaros ou morcegos que contêm pequenos esporos (microconídios), a forma infecciosa do fungo. Ela é endêmica ao longo dos rios Ohio e Mississipi e no Caribe. Também foi observada no México, Américas do Sul e Central, partes do leste e do sul da Europa, África, Ásia oriental e Austrália. Da mesma forma que o M. tuberculosis, o H. capsulatum é um patógeno intracelular encontrado principalmente em fagócitos. A apresentação clínica e as lesões morfológicas da histoplasmose são semelhantes a da tuberculose: (1) envolvimento pulmonar primário frequentemente latente e autolimitado, que pode resultar em lesões arredondadas na radiografia de tórax. (2) doença pulmonar secundária crônica e progressiva, localizada nos ápices pulmonares e que causa tosse, febre e suores noturnos. (3) infecção disseminada para locais extrapulmonares, incluindo o mediastino, glândulas adrenais, fígado ou meninges. (4) uma doença amplamente disseminada em pacientes imunocomprometidos. A histoplasmose pode ocorrer em indivíduos imunocompetentes, mas, como se espera, é mais severa em indivíduos com imunidade celular diminuída. Morfologia: - Em pulmões de adultos saudáveis, as infecções por Histoplasma produzem granulomas, que geralmente sofrem necrose caseosa e coalescem para produzir grandes áreas de consolidação, mas também podem se liquefazer para formar cavidades (particularmente em pacientes com DPOC). Com a resolução espontânea ou tratamento efetivo, essas lesões sofrem fibrose e calcificação concêntrica (aspecto de casca de árvore). A diferenciação histológica com a tuberculose, sarcoidose e coccidioidomicose requer identificação das formas de levedura de paredes delgadas, de 3 a 5 μm, que podem persistir nos tecidos por muitos anos. IMPORTANTE: - Na histoplasmose disseminada fulminante, que ocorre em indivíduos imunossuprimidos, os granulomas não são formados; em vez disso, ocorrem acúmulos focais de fagócitos mononucleares preenchidos por formas fúngicas por todo o corpo. Blastomicose - A blastomicose pulmonar, na maioria das vezes, se apresenta como uma doença abrupta, com tosse produtiva, cefaleia, dor torácica, perda de peso, febre, dor abdominal, suores noturnos, calafrios e anorexia. As radiografias de tórax revelam consolidação lobar, infiltrados multilobares, infiltrados peri-hilares, múltiplos nódulos ou infiltrados miliares. Os lobos superiores são envolvidos com mais frequência. A pneumonia geralmente se resolve de maneira espontânea, mas pode persistir ou progredir para uma lesão crônica. Pneumonia no Hospedeiro Imunocomprometido - O aparecimento de um infiltrado pulmonar, com ou sem sinais de infecção (p. ex., febre), é uma das complicações mais sérias e comuns em pacientes cujas defesas imunes estejam suprimidas por doenças, terapias imunossupressoras para transplantes de órgãos ou células-tronco hematopoiéticas, quimioterapia para tumores ou irradiação. Uma grande variedade dos chamados agentes infecciosos oportunistas, muitos dos quais raramente causaminfecções em hospedeiros normais, pode causar essas pneumonias, e geralmente mais de um agente está envolvido. A mortalidade devida a essas infecções oportunistas é alta. Destas, as que envolvem o pulmão mais comumente podem ser classificadas de acordo com o agente etiológico: (1) bactérias (P. aeruginosa, espécies de Mycobacterium, L. pneumophila e Listeria monocytogenes), (2) vírus (citomegalovírus [CMV] e herpesvírus) e (3) fungos (P. jiroveci, espécies de Candida, espécies de Aspergillus, Phycomycetes e Cryptococcus neoformans). Pneumonia Intersticial Inespecífica - O conceito de pneumonia intersticial inespecífica surgiu quando se percebeu que existe um grupo de pacientes com doença pulmonar intersticial difusa cujas biópsias pulmonares não mostram aspectos diagnósticos de nenhuma das outras doenças intersticiais bem caracterizadas. Apesar do seu nome “inespecífico”, o reconhecimento dessa entidade é importante, uma vez que esses pacientes apresentam um prognóstico muito melhor que aqueles com pneumonia intersticial usual. A pneumonia intersticial inespecífica pode ser idiopática ou associada com doenças do tecido conjuntivo. Morfologia: - Com base na histologia, a pneumonia intersticial inespecífica é dividida em padrões celular e fibrosante. O padrão celular consiste primariamente em inflamação intersticial crônica leve a moderada, contendo linfócitos e alguns plasmócitos em uma distribuição uniforme ou irregular. O padrão fibrosante consiste em lesões fibróticas intersticiais irregulares ou difusas com aproximadamente o mesmo estágio de desenvolvimento, uma distinção importante da pneumonia intersticial usual. Os focos fibroblásticos, aspecto de favo de mel, membranas hialinas e granulomas são ausentes. Curso clínico: - Os pacientes apresentam dispneia e tosse de vários meses de duração. Eles são, geralmente, mulheres não fumantes na 6a década de vida. Os aspectos principais nas tomografias computadorizadas de alta resolução são opacificações reticulares, bilaterais e predominantemente no lobos inferiores. Aqueles que apresentam o padrão celular são um pouco mais jovens que os indivíduos com padrão fibrosante e têm um prognóstico melhor. Pneumonia Intersticial Descamativa - A pneumonia intersticial descamativa é caracterizada por grandes coleções de macrófagos nos espaços aéreos de tabagistas atuais ou ex-tabagistas. Os macrófagos originalmente eram considerados como pneumócitos descamados, daí surgindo a terminologia errônea de “pneumonia intersticial descamativa”. Morfologia: - O achado mais notável é o acúmulo de um grande número de macrófagos com citoplasma abundante contendo pigmento castanho semelhante a poeira (macrófagos dos fumantes) nos espaços aéreos . Ferro finamente granular pode ser visto no citoplasma dos macrófagos. Alguns dos macrófagos contêm corpos lamelares (compostos por surfactante) no interior dos vacúolos fagocitários, supostamente derivados de pneumócitos tipo II necróticos. Os septos alveolares estão espessados por um infiltrado inflamatório esparso de linfócitos, plasmócitos e eosinófilos ocasionais. Os septos são revestidos por pneumócitos roliços, cuboidais. A fibrose intersticial, quando presente, é leve. Enfisema frequentemente está presente. Aspectos Clínicos: - A pneumonia intersticial descamativa se apresenta geralmente na 4a ou 5a década de vida e hoje é igualmente comum em homens e mulheres. Virtualmente todos os pacientes são fumantes. Os sintomas de apresentação incluem um início insidioso de dispneia e tosse seca durante semanas ou meses, frequentemente associados a baqueteamento digital. Os testes de função pulmonar geralmente exibem uma anormalidade restritiva leve, com redução moderada da capacidade de difusão do dióxido de carbono. Pacientes com pneumonia intersticial descamativa geralmente têm uma resposta excelente à terapia com esteroides e à interrupção do hábito de fumar, mas ocasionalmente alguns pacientes podem progredir para a fibrose intersticial.
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