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Resumo Sem 11 - Dir Int do Meio Ambiente

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1
DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Prof. Me. Mayrton Marinho
RESUMO DE AULA – SEMANA 11
05/05/2021
ANÁLISE DO CONTEXTO INTERNACIONAL DA SEMANA
G7 busca unidade contra China no 1° encontro desde início da pandemia
EUA enviará auxílio de US$ 20 milhões em medicamentos ao Brasil
EUA está prestes a alcançar 600 mil óbitos de Covid-19.
6.3. A ONU e a adoção de tratados internacionais na luta contra as mudanças climáticas
No âmbito da proteção do meio ambiente no plano internacional, um dos temas que sobressaem é a luta contra as mudanças climáticas, que se dá numa linha evolutiva a partir de 1992, com a adoção da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC), cujo “filho mais célebre” é o Protocolo de Quioto, adotado em 1997.
Este tratado internacional, cuja validade expirou em dezembro de 2012, mereceu emenda, para ser prorrogado até janeiro de 2020, mas acabou sendo substituído, em termos práticos, pelo Acordo de Paris, adotado em 2015.
Vejamos, pois, alguns elementos acerca de cada um desses tratados internacionais.
6.3.1. A Convenção-quadro da ONU sobre mudanças climáticas (Rio de Janeiro, 1992)
Como já mencionado, a CQNUMC foi adotada em 1992, por ocasião da Conferência do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992. Foi um momento ímpar, na medida em que não apenas esta convenção foi adotada, como também a Convenção sobre a Diversidade Biológica.
Em 1992, o clima entretanto não permitiu que se adotassem desde logo mecanismos capazes de obrigar Estados a reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) - principalmente, o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) -, visando à redução dos impactos das atividades humanas sobre o efeito estufa natural - e, por conseguinte, ensejando mudanças climáticas mais drásticas na atmosfera, com consequências diversas, variadas e incertas no clima global.
Esses gases, cuja concentração na atmosfera vem se incrementando drasticamente a partir da chamada Revolução Industrial, demonstra o alto custo do crescimento econômico e do acesso aos mercados de produção e de consumo em massa, por parte da população planetária. Esse consumo massificado exige grandes quantidades de energia e, por conseguinte, o uso cada vez mais intenso de combustíveis fósseis derivados do petróleo, como a gasolina e o gás natural, ou, ainda, do carvão mineral.
Se a indústria automobilística massificou a produção de automóveis movidos a combustíveis derivados de petróleo, o desmatamento, as queimadas, a monocultura, como a criação extensiva de gado também contribuem em grande parte com a emissão desses gases.
Assim, estabeleceram-se, por meio da CQNUMC, regras e princípios gerais, aplicáveis à luta contra as mudanças no clima, e não em que níveis deveriam se reduzir as emissões dos Estados, o que se deu, após cinco longos anos de intensas negociações, por meio do Protocolo de Quioto.
6.3.2. O Protocolo de Quioto (1997)
Adotado em 1997, o Protocolo de Quioto determina metas de redução das emissões GEE e estimula o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, através do denominado “mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL)”.
O acordo entrou em vigor em 2005, com o implemento da condição estabelecida para tanto, qual seja, a ratificação de 55% do total de Estados-parte, desde que esse percentual representasse, pelo menos, 55% do total das emissões de GEE no ano de 1990.
Estabeleceram-se em Quioto dois períodos de compromisso para os Estados-parte.
O primeiro, entre 2008 e 2012, no qual um grupo de 37 Estados industrializados, mais a União Europeia, se comprometeram com a redução em 5% de suas emissões de GEE em relação ao que emitiam em 1990.
No segundo período, entre 2013 e 2020, o compromisso era o de reduzirem-se as emissões em pelo menos 18% abaixo dos níveis de 1990, sendo que cada Estado estabeleceu voluntariamente suas metas.
O Protocolo estabelece um tratamento diferenciado entre grupos de Estados, com base no princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas (vide abaixo, em princípios do Direito Internacional Ambiental).
Assim, os países desenvolvidos (constantes do anexo I do protocolo) comprometem-se a reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 5,2%, em média, em relação às suas emissões de 1990. Os países em desenvolvimentos (incluindo o Brasil) não têm essa obrigação, mas podem prever metas voluntárias de redução de emissões.
Para que as metas de redução sejam alcançadas, o protocolo de Quioto prevê três “mecanismos de flexibilidade” que possibilitam aos países signatários cumprir com as exigências de redução de emissões, fora de seus próprios territórios.
Dois desses mecanismos correspondem somente a países do Anexo I: 
a Implementação Conjunta (joint implementation) e o Comércio de Emissões (emission trading); 
o terceiro, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo-MDL (clean development mechanism), permite atividades entre o Norte e o Sul, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento sustentável.
Um dos mecanismos criados pelo Protocolo de Quioto para incentivar a redução da emissão de gases do efeito estufa é a Redução Certificada de Emissão, também chamada de Créditos de Carbono. Trata-se de um certificado emitido por uma pessoa física ou jurídica que reduziu a sua emissão de gases de efeito estufa abaixo da sua cota. Um Crédito de Carbono equivale a uma tonelada de Dióxido de Carbono.
Assim, esses Créditos de Carbono podem ser negociados no mercado mundial. Empresas ou países que não conseguirem alcançar a sua meta de redução poderão comprar os créditos da empresas que conseguem reduzir suas emissões abaixo de suas cotas. O valor dos créditos no mercado ainda é uma barreira a ser superada, na medida em que é necessário que sejam melhor valorizados para que possam representar um instrumento verdadeiramente interessante.
6.3.3. Quioto 2 (Doha, 2012)
Em novembro de 2012, os 194 países signatários da CQNUMC reuniram-se na cidade de Doha, no Catar, para discutir, principalmente, a extensão do Protocolo de Quioto, cuja validade terminaria em 2012.
Nessa conferência, ficou acordada a emenda ao texto do Protocolo, que estendia sua validade até janeiro de 2020. Todavia, Rússia, Japão, Canadá e Nova Zelândia denunciaram o protocolo e não participam mais do programa global de redução de poluentes da ONU. Com isso, muito pouco foi avançado, ensejando, inclusive, que essa emenda não entrasse em vigor.
6.3.4. O Acordo de Paris (2015)
O Acordo de Paris, adotado na 21ª Conferência das Partes à CQNUMC, em 2015, representou um alívio no que tange ao vácuo normativo deixado pela cessação da vigência do Protocolo de Quioto, em 2012.
Se Quioto se fundou pelo princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, Paris deu os primeiros passos de maneira um pouco distinta: não chegou a abolir esse princípio, que, aliás, consta de seu texto, mas conclamou os Estados - indepentemente de serem desenvolvidos ou não - a apresentarem suas intenções em matéria de redução das emissões de GEE até 2030.
Assim, apresentaram-se uma série de compromissos voluntários que, agregados à rápida - e inédita - entrada em vigor do Acordo meros 11 meses após sua adoção, deram um novo fôlego ao multilateralismo e à luta global contra os efeitos nefastos das mudanças do clima.
O intuito, a partir de agora, é que essas metas voluntárias sejam progressivamente reforçadas e, para os países em vias de desenvolvimento, que o financiamento por parte da sociedade internacional alcance o valor de USD 100 bilhões por ano, visando ao financiamento de ações de redução de emissões, como de adaptação aos efeitos nefastos das mudanças do clima.
6.3.5. As Conferências das Partes à CQNUMC (COP)
As conferências das partes são as reuniões anuais da Convenção do Clima de 1992 - mas também, a partir de Quioto e de Paris, em relação a cada um desses tratados - que têm por objetivo concretizar a implementação desse tratado.
São, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), “o órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança doClima (UNFCCC), que reúne anualmente os países Parte em conferências mundiais. Suas decisões, coletivas e consensuais, só podem ser tomadas se forem aceitas unanimemente pelas Partes, sendo soberanas e valendo para todos os países signatários. Seu objetivo é manter regularmente sob exame e tomar as decisões necessárias para promover a efetiva implementação da Convenção e de quaisquer instrumentos jurídicos que a COP possa adotar.” (Disponível em https://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/conferencia-das-partes.html, acesos em 5.4.2020).
A Convenção sobre Mudanças Climática estabeleceu como objetivo final o de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático, tentando resolver o "problema do clima”. Especifica que "esse nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança do clima, que assegure que a produção de alimentos não seja ameaçada e que permita ao desenvolvimento econômico prosseguir de maneira sustentável". Isso ressalta as preocupações principais a respeito da produção de alimentos — provavelmente a atividade humana mais sensível ao clima — e do desenvolvimento econômico.
Desse modo, estabeleceu-se um quadro e um processo para que os países pudessem chegar a um acordo sobre ações específicas a serem tomadas mais adiante, o que vem sendo acordado progressivamente em cada uma das conferências climáticas anuais, cujo rol se vê adiante:
1995: COP1 em Berlim. A COP1 iniciou a negociação de metas e prazos para a redução de emissões de gases do efeito estufa; 
1996: COP2 em Genebra, Suíça; 
1997: COP3 em Quioto, no Japão. Culminou com a adoção do Protocolo de Quioto, que estabelece as metas de redução para  s nações ricas, chamadas países do Anexo 1;
1998: COP4 em Buenos Aires, Argentina;
1999: COP5 em Bonn, Alemanha;
2000: COP6 em Haia, na Holanda. As negociações são suspensas pela falta de acordo entre, especificamente, a União Europeia e os Estados Unidos, em assuntos relacionados com as formas de absorver carbono e com as atividades de mudança do uso da terra;
2001: COP6 1/2 (Bonn) e COP7 (Marrakesh). As negociações são tomadas. Mas há a saída dos EUA da negociação, sob a alegação de que os custos para sua economia. Os EUA também discordam da inexistência de metas para os países em desenvolvimento; 
2002: COP8 em Nova Delhi, Índia;
2003: COP9 em Milão, Itália;
2004: COP10 em Buenos Aires, Argentina;
2005: COP11 em Montreal, Canadá. O protocolo de Quioto entra em vigor com a adesão da Rússia, com a qual se atinge a soma de nações responsáveis por 55% do total de emissões mundiais de gases do efeito estufa. Os Estados Unidos não aceitam fixar metas e ficam fora da aplicação do protocolo;
2006: COP12 Nairóbi, Quênia;
2007: COP13 em Bali, Indonésia. Pela primeira vez, a questão das florestas é incluída na decisão final. O Mapa do Caminho de Bali estipula como chegar a um novo acordo em Copenhague. Cientistas do IPCC afirmam que a temperatura do planeta subiu 0,76ºC no século XX e que, se o processo continuar, as consequências podem ser dramáticas;
2008: COP14 em Poznan, Polônia;  
2009: COP15 em Copenhague, Dinamarca, deveria estabelecer os rumos de um acordo internacional que substituiria o Protocolo de Quioto, cujo prazo de validade termina em 2012. Não se consegue chegar a um acordo;
2010: COP16 em Cancún, no México;
2011: COP17 realizada em Durban, na África do Sul.
2012: COP 18 em Doha, Catar;
2013: COP 19 em Varsóvia, Polônia;
2014: COP 20 em Lima, Perú;
2015: COP 21 em Paris, França, oportunidade em que foi adotado o Acordo de Paris, que substitui o Protocolo de Quioto;
2016: COP 22 em Marrakech, Marrocos, quando se iniciam as discussões em torno à implementação do Acordo de Paris;
2017: COP 23, em Bonn, Alemanha, sob a presidência de um pequeno país insular, Fiji;
2018: COP 24, em Katowice, Polônia;
2019: COP 25, em Madri, na Espanha, após a impossibilidade de se realizar no Chile, devido aos protestos sociais.
2021: CÚPULA DO CLIMA dos EUA.
2021: COP 26, em Glasgow, Escócia.
Cúpula de Líderes (EUA) x COP 26 (ONU)
A Cúpula de Líderes sobre o Clima é uma reunião convocada pelos EUA para discutir questões sobre o clima e marca a volta do país norte-americano ao debate climático.
“A 'Cúpula do Clima' é, na verdade, um evento promovido pelos EUA para discutir o tema. Ela não está dentro do calendário oficial da ONU e nem é uma reunião que acontece sobre os preceitos da ONU, que é onde acontecem as tratativas sobre o assunto. Mas, nem por isso deixa de ser importante”, explica Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
A Conferência das Partes ou COP, por sua vez, está dentro um tratado internacional estabelecido pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC).
É a autoridade máxima para a tomada de decisões em relação aos esforços para controlar a emissão dos gases do efeito estufa.
“A COP é realmente o espaço oficial, acordado pelos países, para debater questões climáticas. É onde foi assinado o Acordo de Paris e onde os países submetem os seus compromissos para o clima”, afirma Astrini.
MÓDULO 7
7. Regimes internacionais: meio marinho, estudos de impacto ambiental e direitos de acesso
Neste capítulo tratar-se-á de alguns regimes internacionais, com o fito de demonstrar a importância de que se reveste o Direito Internacional do Meio Ambiente, que contempla, hoje, mais de um milhar de tratados internacionais bi- e multilaterais, contemplando temas como os aqui colocados, mas também a proteção das águas doces, da biodiversidade, a luta contra o tráfico de animais e plantas silvestres, a proteção do patrimônio cultural, o banimento do uso de certas substâncias, o controle do movimento transfronteiriço de rejeitos perigosos ou, ainda, a limitação a determinadas atividades.
Passemos, assim, à abordagem das convenções de Montego Bay, de Espoo e de Escazú.
7.1. A Convenção da ONU sobre o direito do mar (Montego Bay, 1982)
DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL – SUPERFÍCIE TERRESTRE
ÁGUAS MARINHAS
Adotada em 1982 na cidade de Montego Bay está a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar. A adoção desse tratado internacional foi precedida por três Conferências, realizadas, respectivamente, nos anos de 1958, 1960 e 1973.
A Convenção de 1982 estabelece, à guisa de disposições gerais, a obrigação do Estado de proteger e preservar o meio marinho, o que remete a que exploração dos recursos naturais marinhos seja feita de acordo com esse objetivo.
Ainda no tocante da temática ambiental, a convenção faz alusão a necessidade de se prevenir, de se reduzir e de se controlar todo o tipo de poluição inclusive as de origem telúrica (origem no Continente, nas terras), que impactam o meio marinho.
Para tanto os Estados devem cooperar mutuamente, além de prover informação uns aos outros, em especial no que diz respeito aos riscos de poluição do meio marinho.
A cooperação entre os Estados abrange, por exemplo, assistência em caso de sinistro, a transferência de tecnologia, ademais de um sistema de vigilância ecológica do meio marinho.
Diferentes tipos de poluição são contemplados pela Convenção de Montego Bay, como é o caso da já mencionada poluição telúrica, da poluição originada pela exploração de recursos naturais no leito marinho, sendo também consideradas as poluições frutos de imersões, aquelas advindas de navios e a poluição atmosférica.
Para além dos elementos acima indicados, a Convenção de 1982 estabelece os limites entre as águas internacionais e aquelas sobre as quais os Estados exercem sua jurisdição. Nesse sentido, a partir do continente e em direção ao mar, está o mar territorial, que abrange 12 milhas náuticas a partir das chamadas linhas de base; logo, a zona contígua, compreendia das 12 milhas do limite do mar territorial, por mais 12 milhas; enfim, a zona econômica exclusiva (ZEE), que normalmente compreende 188 milhas (sendo 176 milhas exclusivamente suplementares), totalizando,desde as linhas de base, no continente, uma faixa de 200 milhas marítimas.
A zona econômica exclusiva, onde os Estados têm soberania sobre a exploração dos recursos naturais não vivos, poderá eventualmente se estender por até 360 milhas marítimas, desde que a plataforma continental do Estado se estenda igualmente. Ainda que não haja plena liberdade de pesca na ZEE, Estados encravados (sem acesso ao litoral) podem explorar os recursos haliêuticos (recursos de pesca) da ZEE de Estados vizinhos, em caso de comprovada necessidade. No mar territorial, os Estados exercem sua soberania com plenitude - ou quase - na medida em que devem respeito ao chamado “direito de passagem inocente”, o qual permite que toda embarcação - salvo as embarcações oficiais e militares, às quais não se aplicam as disposições de Montego Bay - possa passar inocentemente pelo mar territorial de qualquer Estado. Passar significa efetivamente passar, ou seja, não se pode parar, pescar, fazer escalas, receber aeronave a bordo, dirigir-se a águas interiores do Estado Costeiro etc.
Na zona contígua os Estados exercem sua autoridade para evitar infrações, por exemplo, no campo aduaneiro, fiscal ou sanitário.
O chamado alto mar está além da ZEE, nele vigorando a liberdade para fins de: navegação, sobrevoo, colocação de cabos e dutos submarinos, construção de ilhas artificiais, pesca e pesquisa científicas. Essas liberdades, exercidas por todos os Estados – inclusive pelos encravados –, devem se amoldar ao regime jurídico específico, se assim for necessário, da exploração de leito marinho.
Quanto ao leito marinho, constitui um bem patrimônio comum da humanidade, e, por isso, nenhum Estado pode exercer atos de soberania sobre o mesmo. A exploração mineral, entretanto, está autorizada, mas condicionada às regras específicas trazidas pela Convenção de Montego Bay, por meio das quais se exige a partilha dos frutos econômicos dessa exploração com os demais Estados, privilegiando-se nessa distribuição os Estados encravados e os menos favorecidos economicamente.
7.2. A Convenção sobre estudos de impacto ambiental num contexto transfronteiriço (Espoo, 1991)
Uma das grandes preocupações do Direito Internacional - e, também, do Direito Internacional do Meio Ambiente - reside num elemento que se vincula de maneira direta ao momento Vestfaliano do Direito Internacional Público.
Trata-se da noção de territorialidade, a qual remete à divisão política do globo terrestre, ensejando aos Estados definirem seus respectivos territórios, locais onde exercem plenamente sua soberania, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais, conforme preconiza a Declaração de Estocolmo de 1972. A soberania sobre o uso de recursos naturais não é, entretanto, absoluta, visto como se afigura como ilícita toda a utilização dos bens ambientais que impliquem em danos ao território de outros Estados ou a bens que integram o chamado domínio Púbico Internacional.  Nesse sentido, o Princípio 21 da Declaração de 1972 é claro:
“Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de direito internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional.”
Esse Princípio demonstra claramente o alcance da soberania dos Estados em relação a seus territórios: a inviolabilidade territorial compreende, inclusive, o direito de não se ver afetado por danos ambientais cuja origem se encontre no território de outro Estado.
Quanto aos bens que fazem parte do domínio público internacional (DPI) - A Antártida, o alto-mar, o espaço aéreo sobrejacente ao alto mar, o leito marinho, assim como o espaço extra-atmosférico e os corpos celestes - seu regime de gestão compartilhado e cooperativo impede que os Estados façam deles uso predatório.
Sob esses aspectos, portanto, resulta clara a preocupação das normas internacionais em geral e, de maneira especifica, do Direito Internacional do Meio Ambiente, para com os impactos transfronteiriços das atividades exercidas pelos Estados.
Exemplos de contaminação e/ou de danos transfronteiriços figuram, num plano macro, nos efeitos nefastos das mudanças climáticas. Por certo, as emissões de gases de efeito estufa que, já há algum tempo, se concentram de maneira exacerbada na atmosfera terrestre, causando as mudanças no clima, encontram sua origem histórica e, ainda hoje, nos países industrializados.
No plano regional, pode-se citar como exemplo de impacto transfronteiriço o acidente nuclear de Chernobyl, que resultou na contaminação atmosférica, dos solos e do ambiente de vários países europeus, ainda que a atividade estivesse dentro das fronteiras da então União Soviética.
Num plano micro, o caso Gabcikovo-Nagymaros (Corte Internacional de Justiça. Projet Gabcikovo-Nagymaros (Hongrie-Slovaquie), arrêt, CIJ. Recueil 1997, p. 7) ilustra claramente um impacto transfronteiriço pontual, na medida em que uma obra de engenharia (central hidroelétrica) realizada na República Tcheca impacta o território de um Estado vizinho, a Hungria.
Diante desse tipo de situação e, em especial, considerada a realidade do continente europeu - onde se encontra uma grande concentração populacional em territórios de extensão reduzida - foi adotada em 1991, no âmbito do programa “Um ambiente para a Europa”, a Convenção de Espoo.
Trata-se da Convenção sobre estudos de impacto ambiental num contexto transfronteiriço. Vigora desde 1997 e visa a prevenir, reduzir e controlar todo o impacto ambiental transfronteiriço que seja prejudicial e de magnitude considerável.
Pata tanto, exige dos Estados que, diante de um projeto de obra ou atividade que possa ter impactos transfronteiriços, o Estado proponente notifique aos demais sobre o interesse e/ou a necessidade de se aplicar o mecanismo estabelecido por Espoo. Contrariamente ao(s) Estado(s) proponente(s), estes podem optar por aplicar ou não o mecanismo.
Em todo caso, aplicar Espoo redundará na realização de estudo de impacto ambiental transfronteiriço, exigindo ampla informação sobre o projeto de obra ou atividade, ampla possibilidade de participação pelo público possivelmente afetado e, por certo, amplo acesso à justiça para a defesa desses direitos (informação e participação) ou ainda, para a defesa do próprio direito ao meio ambiente.
Vale dizer que toda a informação deve ser provida no idioma de cada uma das partes possivelmente afetadas; que os mecanismos de participação popular (audiências públicas) devem, igualmente, respeitar essa acessibilidade linguística; enfim, que o acesso à Justiça deva ser pautado pelo princípio da não discriminação, ou seja, os nacionais dos Estados possivelmente afetados pelo Estado proponente devem ter direito de livre acesso à justiça, em nome de seu direito fundamental ao meio ambiente, seja nos tribunais domésticos, seja nos tribunais do Estado proponente.
7.3. O acordo sobre os direitos de acesso em matéria ambiental (Escazú, 2018)
O Acordo de Escazú foi adotado em 4 de março de 2018 após um processo de negociação que tardou alguns anos, envolvendo tanto os representantes dos países latino-americanos e caribenhos, como também a sociedade civil organizada, dotada igualmente de voz ativa na construção desse Pacto.
Esse tratado internacional adotado em resposta ao princípio 10 da declaração final da Conferência do Rio de Janeiro, de 1992 - segundo o qual “A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimulara conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.”-, guarda um paralelismo com a Convenção de Aarhus, adotada em nível europeu em 1998.
Vale ressaltar, entretanto, que Escazú não se limita a ser uma simples cópia da Convenção de Aarhus (1998), pois tem uma razão de ser e, por isso, vida própria.
Nesse sentido, é interessante notar que certos elementos que vieram a fazer parte de Aarhus somente a partir de uma emenda ou protocolo específico, foram integrados no acordo latino-americano e caribenho desde seu nascedouro. É o caso, por exemplo, da obrigação de informar em matéria de transgênicos - resultado da Decisão II/1, adotada na Segunda Conferencia das Partes à Convenção, realizada em Almaty, entre os dias 25 e 27 de maio de 2005 - ou, ainda, da exigência de implementação progressiva de um sistema de informações onde figurem os registros de transferências de poluentes - advindo somente a partir do Protocolo de Kiev, sobre Registros de Emissões e Transferências de Poluentes, adotado em 21 de maio de 2003.
Outro elemento que remete à diferenciação de Escazú em relação ao seu homólogo europeu está tanto no momento como na realidade na qual se insere, o que traz exigências específicas a seu texto.
É assim que, de uma parte, se destacam elementos concernentes ao uso da tecnologia da informação e da comunicação (TIC) - art. 4, § 9 -, ao se fornecer informação ambiental e/ou em ampliar os espaços de participação cidadã. Nesse sentido podem se destacar o acesso do cidadão, via internet, a informações ambientais, como os processos participativos por meio de aplicativos ou de sites específicos, caso de parte das consultas públicas para vários projetos de lei no âmbito dos governos federal, estaduais e municipais, no Brasil.
Por outro lado, figura nesse Acordo a triste realidade de uma região onde os atentados à integridade física  e à vida daqueles que defendem o meio ambiente levou a se exigir a adoção de medidas apropriadas, efetivas e oportunas para prevenir, investigar e sancionar ataques, ameaças ou intimidações a esses atores da cidadania ambiental (art. 9º).
No que diz respeito ao acesso à Justiça, o terceiro pilar dos direitos de acesso, convém destacar outro elemento peculiar à nossa região e que foi considerado pelo Acordo: a morosidade na prestação jurisdicional. Ciente de que esse fato pode configurar, inclusive, negativa de prestação jurisdicional, Escazú prevê não apenas o respeito ao due process of law (art. 8º), como também, de maneira específica, uma série de instrumentos que devem ser garantidos aos litigantes; nesse sentido, a facilitação do acesso à Justiça por meio de uma ampla legitimação, a possibilidade de se adotarem medidas cautelares, a facilitação da produção de provas, os mecanismos de execução e reparação que sejam oportunos, entre outros (art. 8º, §§ 3 e 4).
Nesse mesmo tema, é importante destacar a remissão a mecanismos alternativos de solução de controvérsias, instrumento que se adota cada vez mais amplamente na normativa processual de nossos países.
Trata-se, destarte, de um acordo multilateral inédito, assinado por 16 Estados da América Latina e do Caribe. Apresenta-se como ferramenta crucial para a proteção do meio ambiente e do clima nos próximos anos, ademais de representar, em sua essência, o tripé dos direitos instrumentais para a garantia do direito humano ao meio ambiente
Esse direito é, aliás, mencionado em seu artigo 1º, quando se fala do objetivo de Escazú:
O objetivo do presente Acordo é garantir a implementação plena e efetiva, na América Latina e no Caribe, dos direitos de acesso à informação ambiental, participação pública nos processos de tomada de decisões ambientais e acesso à justiça em questões ambientais, bem como a criação e o fortalecimento das capacidades e cooperação, contribuindo para a proteção do direito de cada pessoa, das gerações presentes e futuras, a viver em um meio ambiente saudável e a um desenvolvimento sustentável.
É, pois, à luz de seu objetivo, que o Acordo exige dos Estados prover acesso à informação sobre a estado do meio ambiente, ademais dos impactos ambientais de projetos de obras/atividades; a oportunidade de que se consultem as populações possivelmente afetadas por essas obras/atividades que se propõem realizar, ensejando que as mesmas possam participar efetivamente do processo decisório que autorize a realização desses projetos; e, enfim, garantir o acesso à Justiça, seja para assegurar o exercício dos direitos à informação e participação em matéria ambiental, seja para evitar dano ao ambiente ou buscar sua reparação.
A adoção do Acordo de Escazú foi considerada uma vitória para o meio ambiente na Região, pois (a) se trata do primeiro acordo nesse sentido entre América Latina e Caribe, (b) representa a posta  em prática do Princípio 10 da Declaração final da Conferência do Rio de Janeiro, de 1992, ademais de haver sido o primeiro pacto a emergir dos processos convencionados na Conferência Rio+20, de 2012; (c) é o primeiro acordo a reconhecer os pedidos de proteção especifica aos direitos dos defensores do meio ambiente, ademais de; (d) alinhar-se à Convenção de Aarhus, de 1998, tratado que é, hoje, referência global.
No plano brasileiro, os direitos de acesso estão, já, consolidados enquanto instrumentos, ainda que sua prática deixe a desejar. Destaca-se, nesse sentido, a Lei de Acesso à Informação Ambiental - Lei 10.650/2003 -, assim como todos os elementos atinentes à publicidade do processo de licenciamento, às audiências públicas para  a apresentação dos estudos de impacto ambiental ou, ainda, a gestão democrática da cidade, tudo isso previsto constitucionalmente.
Assim, uma vez que entre em vigor, Escazú poderá contribuir para que os instrumentos já existentes em relação aos direitos de acesso possam ser aplicados de maneira mais adequada, notadamente a partir de uma maior visibilidade do tema pela sociedade e, especialmente, a partir dos operadores do Direito - advogados, membros do Ministério Público e juízes.
MÓDULO 8
8. A participação das ONG’S na proteção ambiental
8.1. Introdução 
Um dos importantes princípios do direito ambiental, como já vimos, é o da participação. Por conta desse princípio, a defesa e proteção do meio ambiente é uma obrigação de todos, Estados e coletividade. Todos têm de fazer a sua parte, para garantir que as presentes e futuras gerações possam também ter acesso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Infelizmente, nem todos estão se empenhando e cumprindo com essa obrigação.
Nota-se, às vezes com bastante clareza, que os Estados soberanos, que detêm a capacidade jurídica de direito internacional público, estão deixando a desejar nesse quesito, posto não estarem cumprindo eficazmente com a proposta pela busca de um meio ambiente saudável, como preconizada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente de 1972, em Estocolmo, Suécia e conferências posteriores.
Diante dessa situaçao, tanto a sociedade civil como as próprias estruturas onusianas, ademais de outros foros internacionais, têm dado cada vez mais acesso - com voz e eventualmente voto - à sociedade civil organizada, por meio das organizações não-governamentais (ONG’s).
Nesse sentido, é importante destacar que, desde 1992, a Agenda 21 elenca os chamados major groups (grupos principais) na sociedade civil, os quais são compostos, obviamente, pelas ONG’s, mas também pelas mulheres, jovens e crianças, povos indígenas, autoridades locais, trabalhadores e sindicatos, comércio e indústria, comunidade científica e tecnológica, ademais dos agricultores e pecuaristas.
Esses segmentos buscam representar a sociedade na concretização dos compromissos internacionais em prol da sustentabilidade, como já dito, desde 1992, mas, hoje, também na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, tanto a partir da Assembleia Ambiental da ONU - pelo pilarambiental - como pelo Fórum Político de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável - pelos pilares social e econômico desse conceito.
Muito embora as ONG’s não tenham capacidade jurídica para celebrar tratados internacionais, são sujeitos influentes nas relações exteriores e se mostram cada vez mais atuantes, especialmente na defesa do meio ambiente. 
8.2. As ONG’s
Conquanto os Estados e os organismos internacionais sejam os atores principais - e, mesmo, sujeitos de direito - no plano do Direito Internacional Público, há um sem-número de atores das relações internacionais. São aqueles que podem, de alguma maneira, influenciar os processos decisórios no plano internacional, ainda que desprovidos de personalidade jurídica nessa seara. Podem-se citar, como exemplos, as empresas transnacionais, as igrejas, o crime organizado, a opinião pública e os indivíduos, destacando-se as organizações não-governamentais (ONGs) de atuação internacional.
Tais atores, anteriormente não existentes ou então de participação apenas nacional, impactam, hoje, num mundo globalizado, a concretização das regras de Direito Internacional, dando eventualmente novos rumos às Relações Internacionais.
Se é certo que há um direito humano ao meio ambiente, traduzido no plano de cada Estado nacional por um direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (caso do Brasil, art. 225 da Constituição Federal de 1988), trata-se de direito difuso; não pertence a um único indivíduo ou grupo; desconhece fronteiras.
Por isso mesmo, torna-se ineficaz sua proteção quando realizada somente por um Estado, na ordem internacional. É preciso que o empenho seja coletivo, com todos os sujeitos e atores atuando positivamente. Daí, a importância dos tratados internacionais sobre meio ambiente, maneira pela qual se verifica a consolidação do direito internacional ambiental.
Tal fato proporciona uma reflexão por parte da sociedade internacional, que embora consciente das obrigações estatais, encontra em si uma alternativa capaz de auxiliar o Estado nas questões não totalmente abrangidas por este, como ocorre em relação às demandas ambientais. A partir das lacunas deixadas pela atuação estatal, membros da sociedade civil, no exercício da cidadania, uniram-se e fundaram as organizações não-governamentais (ONGs), destacando-se aquelas relativas à defesa do meio ambiente em esfera global.
As ONGs são associações civis, com objetivos específicos, através das quais a sociedade se organiza e influencia os Estados a efetivarem determinadas demandas, por exemplo, a busca de um meio ambiente saudável, podendo agir em âmbito nacional ou global.
As referidas organizações caracterizam-se por ser independentes do Estado, não possuírem fins lucrativos e perseguirem objetivos bem definidos. Encontram as ONGs ambientais respaldo internacional, pelo fato de ser a proteção do meio ambiente um fim globalmente almejado, sendo inclusive um dos objetivos propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
8.3. A participação das ONG’s na defesa ambiental e o direito ambiental internacional
Vemos, hoje, uma atuação destacada das ONG’s na questão ambiental. Elas participam ativamente das relações globais, exercendo alguma influência sobre Estados e Organismos Internacionais na elaboração de tratados de proteção ao meio ambiente.
Existem métodos de ação amplamente utilizados pelas ONGs para influenciar e pressionar os Estados a agir na defesa do meio ambiente, que geralmente aparecem sob duas formas: a sensibilização da opinião pública, para que esta última exerça sua pressão sobre os responsáveis pela decisão e execução de projetos e políticas.
Há, igualmente, a ação direta, que consiste muitas vezes na execução de ações nos próprios lugares onde se desenvolvem os projetos considerados como impactantes, que se fazem acompanhar por uma estratégia de pressão, quer serve para influenciar decisões e também determinar o rumo das políticas questionadas.
Pode-se destacar, ainda, o fato de que ONG’s que tenham finalidade científica ou vínculos com o mundo acadêmico - ainda que seja por seus integrantes - ajam produzindo e divulgando conhecimento capaz de influenciar os processos decisórios em cada uma das negociações internacionais.
As ONG’s atuam através de campanhas junto à sociedade e manifestam-se na pressão sobre Governos e organizações intergovernamentais.
Demonstra-se, dessa forma, que a independência do Estado proporciona às ONGs uma posição favorável para participar de conferências internacionais, conscientizar a opinião pública em relação à importância da preservação ambiental, além de questionar e até mesmo contrariar as decisões tomadas pelos entes estatais.
8.4. Exemplos de ONG’s internacionais
8.4.1. O Greenpeace
O Greenpeace foi fundado no Canadá, em 1971. Trata-se de uma ONG que tem como objetivo a defesa incessante do meio ambiente. Rapidamente expandiu-se por diversos países, culminando com a criação do Greenpeace Internacional, sediado na cidade de Amsterdã – Holanda. Sua principal função é iniciar e gerenciar campanhas e programas a ser realizados em escala mundial, repassando-os aos escritórios nacionais. 
O Greenpeace conta, atualmente, com 2,8 milhões de membros ao redor do globo, fazendo-se presente em mais de 55 países
(fonte: https://www.greenpeace.org/international/explore/about/worldwide/, acesso em 5.4.2020). 
Diante do apoio de técnicos e especialistas, suas equipes analisam os eventos cometidos contra o meio ambiente, sendo que tais informações possibilitam à ONG influenciar a tomada de decisões nas instâncias internacionais.
O Greenpeace é uma ONG que se destaca entre os demais atores não-governamentais, principalmente por promover estratégias de ação diretas, bem como pressionar os Estados durante conferências internacionais. Todos esses fatores, aliados a protestos constantes, sensibilizam a opinião pública mundial, possibilitando a aderência de novos membros à organização e um interesse pelas causas ambientalistas. O Protocolo de Madri, elaborado no ano de 1991, que dispõe sobre a proibição de prospecção mineral na Antártida durante 50 anos, foi influenciado diretamente pelo Greenpeace, juntamente com outras ONGs.
Ainda sobre o episódio das pressões efetuadas pelo Greenpeace, que resultou na assinatura do Tratado de Madri, enfatiza-se também a posição de liderança assumida pela referida ONG não somente em relação aos outros grupos ambientalistas, mas também em relação a entes estatais, pois países como França e Austrália firmaram alianças com o Greenpeace na defesa do continente antártico.
8.4.2. A União Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos (UICN).
A UICN é uma ONG que foi fundada e, 1948, na França e hoje encontra sediada na Suíça. Destaca-se no cenário internacional por ser a única ONG a possuir como membros não só pessoas de direito privado, como também governos e entidades públicas. Essa característica a difere das outras organizações não-estatais, que geralmente não admitem a participação de Estados ou entes ligados a governos diretamente em sua formação.
Uma das várias funções desempenhadas pela UICN é a possibilidade que essa organização tem de fornecer suporte técnico aos governos para a criação de leis ambientais, assim como de sugerir estratégias de gerenciamento dos recursos naturais. É considerada pela doutrina como um centro internacional de estudos jurídicos de direito comparado e de direito internacional, bem como de documentações relativos ao direito do meio ambiente. Essa referência internacional deve-se ao fato de que a UICN armazena as legislações internas sobre proteção ambiental provenientes de diversos Estados, o que facilita a execução de suas ações. Exerce ainda importante cargo oficial consultivo no Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, desde o ano de 1972, conforme disposto na Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial e Cultural.
Com a base de dados referente às legislações ambientais de vários países que dispõe, a ONG publica textos contendo normas internacionais e sugestõesde leis a ser editadas pelas entidades estatais, competentes para tal função. Dessa forma, ao se empenhar na confecção legislativa sobre a conservação do meio ambiente, ainda que de maneira indireta, e ao participar de conferências internacionais, a UICN exerce sua influência no direito internacional ambiental e nas relações internacionais, além de servir como inspiração para a opinião pública e até para outras ONGs. Nesse sentido:
Considerando sua grande estrutura e sua produção de dados e modelos de normas, a UICN tem, certamente, influência sobre os principais acordos internacionais ambientais. Sua cooperação com os Estados acontece em vários níveis: ela oferece proposições de artigos, como, por exemplo, na discussão da Convenção de Aarhus, sobre o acesso à informação, à participação pública no processo decisório e o acesso à Justiça nas questões ambientais. Ela preparou também os documentos que serviram de base às negociações internacionais, como o primeiro projeto para a Declaração do Rio.
Assim, verifica-se a relevância que uma ONG adquire no cenário internacional, através de seu empenho e sua dedicação em relação à proteção ambiental global. Na maioria das vezes, as autoridades estatais não permitem que instituições não-governamentais participem de suas conferências, ainda mais exercendo diversas funções, como é o caso da UICN. A mencionada entidade vem se afirmando internacionalmente desde sua fundação, em 1948, como uma organização responsável e confiável, principalmente pelo fato de estabelecer parcerias com vários governos na busca pela proteção dos recursos naturais, o que proporciona um notável grau de credibilidade em seus projetos.
8.4.3. WWF (World Wildlife Fund)
A ONG WWF (World Wildlife Fund) foi criada em 1961, tendo sede na Suíça. Seu objetivo inicial era o de trabalhar em conjunto com outras ONGs já existentes, tendo conhecimentos científicos como base de suas ações na defesa do meio ambiente. Os projetos da entidade, durante as últimas quatro décadas, alcançaram diversos países, fator que contribuiu para sua consolidação e seu reconhecimento como ator de destaque na esfera global. Um exemplo disso é a ONG World Wildlife Fund, que nas últimas décadas tem financiado projetos de conservação, reflorestamento ambiental e assistência técnico-sanitária em vários países.
Desde sua fundação, a WWF desenvolve projetos relevantes na área ambiental. Sozinha ou firmando parcerias com outras ONGs, como é o caso da União Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos, essa instituição vem realizando inúmeras ações, as quais têm por objetivo principal a conscientização da opinião pública em relação à preservação ambiental.
A WWF Internacional é a entidade responsável pelo gerenciamento das ações a serem executadas pelos escritórios nacionais dos diversos países em que a ONG desenvolve suas atividades. À medida que a organização foi abrigando membros oriundos de diversos Estados, fez-se necessária sua internacionalização, o que contribuiu positivamente para sua divulgação na mídia internacional. Conta a instituição atualmente com o apoio de cinco milhões de associados, distribuídos em mais de noventa países.
No ano de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, sediada no Rio de Janeiro, a WWF pressionou os governantes de diversos países a assinar convenções sobre biodiversidade e mudanças climáticas, obtendo resultado positivo. Desde então, a ONG pressiona os países signatários das referidas convenções para uma efetiva aplicação das disposições acordadas, de maneira a reforçar a importância da preservação ambiental em escala global.

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