Buscar

Material completo penal 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 111 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 111 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 111 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Considerações Iniciais:
SÚMULA 147 STJ - COMPETE A JUSTIÇA FEDERAL PROCESSAR E JULGAR 
OS CRIMES PRATICADOS CONTRA FUNCIONARIO PUBLICO FEDERAL, 
QUANDO RELACIONADOS COM O EXERCICIO DA FUNÇÃO.
SÚMULA 18 STF - Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo 
criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público. (hipóteses em que 
os fundamentos da decisão absolutória na instância criminal não obstam a 
responsabilidade disciplinar na esfera administrativa, porquanto os resíduos podem 
veicular transgressões disciplinares de natureza grave, que ensejam o afastamento do 
servidor da função pública.)
Bem Jurídico: interesse da normalidade funcional, probidade, prestígio, incolumidade e 
decoro da administração pública. (por isso dificuldade de se admitir insignificância 
STJ).
Até porque são crimes de estragos consideráveis à sociedade, pois não permite que o 
Estado cumpra suas funções sociais.
 Súmula 599 do STJ - O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes 
contra a administração pública. (A sexta turma do STJ aplicou, 
desconsiderando explicitamente a própria súmula. Ex. Gravataí – RS. Cone de 
blitz da PM)
Princípio da Insignificância: Funciona como causa de excludente de tipicidade aceita 
pelo STF desde que presentes os requisitos ou 4 vetores
a) objetivos: mínima ofensividade da conduta; nenhuma periculosidade social da ação; 
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão 
jurídica.
b) subjetivos: necessidade de conjugar a importância do objeto material para a vítima, 
levando-se em conta a sua condição econômica, valor sentimental do bem, como 
também circunstâncias e o resultado do crime para determinar subjetivamente se houve 
lesão. Exemplos do STF: furto de um cartucho de tinta de impressora (27,50) dentro da 
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27599%27).sub.
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27599%27).sub.
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27599%27).sub.
penitenciária (reprovabilidade do comportamento); falsidade de bilhete de ônibus por 
militar da reserva (conferido somente ao militar da ativa) – condições pessoais do 
agente.
Crimes contra a administração pública X atentados contra a segurança interna do Estado 
(Lei de Segurança Nacional), este último denominado crime de lesa-majestade (afeta a 
ordem político-social interna).
Contidos no título XI do CP, “crimes contra a administração em geral”; são os seus 
capítulos:
(1) No capítulo I, crimes praticados por funcionários públicos (CP: 312-327). São 
denominados de crimes funcionais, delitos de ofício ou crimes de função *
(2) No capítulo II, crimes praticados por particulares contra a administração em geral; 
CP: 328 a 337-A.
(3) No capítulo II-A, crimes praticados contra a administração estrangeira; CP: 337-B 
a 337-D. A denominação do capítulo não reflete o bem jurídico visado; na 
verdade, protege a regularidade da transação comercial internacional, já que não 
cabe ao Estado brasileiro tutelar outros Estados.
(4) No capítulo III, crimes contra a administração da justiça. CP: 338-359.
(5) No capítulo IV, crimes contra as finanças públicas. CP: 359-A a 359-H, trazidos 
por LC 101, LRF. Não cai em concurso, repete improbidade.
* ESTRUTURA DOS CRIMES FUNCIONAIS:
(1) SUJEITO ATIVO: funcionários públicos (agentes do poder público) intranei. 
(particulares são denominados de extranei). Plural: intraneus / extraneus
(2) SUJEITO PASSIVO: Administração em geral (sujeito passivo constante).
TRATAMENTO ESPECIAL. Em duas oportunidades, legislador deu especial 
tratamento à Administração:
(1) EXTRATERRITORIALIDADE, CP: 7º, I, “c”, “Ficam sujeitos à lei brasileira, 
embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: c) contra a administração pública, 
por quem está a seu serviço*”. (* crimes funcionais)
(2) PROGRESSÃO CONDICIONADA, CP: 33, par. 4º, “O condenado por crime 
contra a administração pública* terá a progressão de regime do cumprimento da 
pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do 
ilícito praticado, com os acréscimos legais”. * qq crime contra a Adm. Pública.
ESPÉCIES DE CRIMES FUNCIONAIS: 
(1) PRÓPRIOS ou PROPRIAMENTE DITOS: caso a elementar* “agente servidor – 
funcionário público” não estiver presente, o fato passa a ser um INDIFERENTE 
penal, i.e. dá-se atipicidade penal absoluta. Exemplos: CP: 317 (corrupção 
passiva), 319 (prevaricação). * NH chama de “elementar relevante” porque 
inexistindo torna-se um indiferente penal.
(2) IMPRÓPRIOS, MISTOS ou IMPROPRIAMENTO DITOS. Ausente a qualidade de 
servidor do agente, o fato deixa de configurar crime funcional, gerando crime 
comum, i.e. atipicidade relativa. Exemplos: concussão (316), peculato (313) etc. 
Vão respectivamente para extorsão (158) e furto (155) ou apropriação indébita 
(168).
CRIME FUNCIONAL ATOS DE IMPROBIDADE
(CP, arts. 312 a 326) (Lei 8429/92)
 Art. 9º - Enriquecimento ilícito
 Art. 10 – Dano ao erário
 Art. 11 – Violação dos P. Adm Pública.
Conclusão: Todo crime funcional corresponde a um ato de improbidade, o contrário 
não necessariamente. Ex. Atos ímprobos culposos (salvo peculato).
TOPOGRAFIA DOS CRIMES FUNCIONAIS: ainda que não classificados no título 
XI, são considerados crimes funcionais quando cometidos por funcionário público ou 
qualificados pela circunstância de ser tal o agente (procedendo com abuso do cargo), 
isto é, a qualidade de funcionário público intervém tanto como condicionante da pena 
quanto como majorante. Exs. Art.s 150§2º; 151§3º; 154; 268 p. único; 289 §3º; 290 p. 
único; 295; 296§ 2º; 297§1º, 300 e 301.
CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO. O próprio direito administrativo não 
oferece certeza quanto ao conceito de funcionário público; direito penal não pode, 
assim, depender dessa insegurança, que representa desrespeito ao princípio da 
taxatividade. 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO TÍPICO (PROPRIAMENTE DITO): CP: 327, caput, 
“Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública*”. 
Assim, quem exerça cargo público (estatutário), emprego (celetista) ou função pública 
(dever com Administração; exemplos: mesário, jurado). * dever público
Na esfera penal, vale lembrar que a condição penal de funcionário público se 
estende a quem exerce função pública, mas NÃO quem exercer o múnus público, 
não se aplicando, portanto, o art. 327, caput, do Código Penal (Neste sentido, STF, 
RHC 8.856/RS).
MÚNUS PÚBLICO: são os encargos públicos atribuídos por lei a uma pessoa.
ENCARGO PÚBLICO*. Os casos abaixo são de *favor público; pessoas com múnus 
público para prestar um favor:
(1) Administrador judicial. (antigo síndico da falência)
(2) Inventariante dativo.
(3) Curador dativo.
(4) Tutor dativo. 
(5) Advogado dativo. Exemplo: advogado dativo apropria-se de recurso do assistido. 
Rogério, com doutrina majoritária, entende que se trate de encargo público. STJ (RESP 
902037/SP), no entanto, tem EQUIPARADO advogado dativo a funcionário público.
Casos especiais:
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10597902/artigo-327-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
(1) ESTAGIÁRIO: não cumpre encargo público, mas é funcionário público para fins 
penais.
(2) CONSELHEIRO TUTELAR. ECA: 135, “O exercício efetivo da função de 
conselheiro constituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de 
idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o 
julgamento definitivo”.
Diretor de organizaçãosocial STF. 1ª Turma. HC 138484/ DF, Rel. Min. Marco 
Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915). Administrador de Loteria STJ. 5ª Turma. 
AREsp 679.651/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/09/2018. Advogados 
dativos STJ. 5ª Turma. HC 264.459-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 10/3/2016 (Info 579). Médico de hospital particular credenciado/conveniado ao 
SUS (após a Lei 9.983/2000) STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1101423/RS, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/11/2012. Estagiário de órgão ou entidade 
públicos STJ. 6ª Turma. REsp 1303748/AC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 
em 25/06/2012.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ATÍPICO ou EQUIPARADO. CP: 327, par. 1º, (AQUI 
SOMENTE QUANDO FOR SUJEITO ATIVO) “Equipara-se a funcionário público 
quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade 
típica da Administração Pública”. Extensão a contratadas e conveniadas* foi trazido 
por lei em 2000 (data denota desestatização). Note-se que devem executar atividade 
TÍPICA. Exemplo: Bolsonaro contrata bufê e empregado subtrai estátua do palácio 
– furto ou peculato-furto? Bufê não é atividade típica, furto. * ex. médico que atende 
pelo SUS; convênio entre Prefeitura e Santa Casa
MAJORANTE. CP: 327, par. 2º, “A pena será aumentada da terça parte quando os 
autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou 
de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade 
de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público”. 
Esmiuçando, quando o agente:
(1) Ocupar cargo em comissão;
(2) Função de direção;
(3) Assessoramento.
ONDE?
(1) Órgão da Administração direta.
(2) SEM.
(3) EP.
(4) Fundação instituída pelo Poder Público.
Note-se que legislador ESQUECEU-SE de AUTARQUIA; não se pode incluí-la 
(analogia in malam partem).
CHEFES DO EXECUTIVO sempre estarão circunscritos à majorante, por decisão do 
STF*, maioria de um voto. Marco Aurélio, vencido: prefeito presenta Administração; 
“órgão” impediria essa interpretação.
* para o STF eles exercem função de direção (exemplo do governador do Pará (Jader 
Barbalho) no caso BANPARÁ. Tese defendida para não considerar a prescrição e 
receber a denúncia porque já havia se passado 12 anos.
PECULATO
Histórico: o crime tem a sua nítida gênese histórica no direito romano. A subtração de 
coisas pertencentes ao Estado chamava-se peculatus ou depeculatus, nome oriundo do 
tempo anterior à introdução da moeda, quando boi e carneiros (pecus), destinados aos 
sacrifícios constituíam a riqueza pública por excelência. Por essa razão com o peculato 
era identificado o sacrilégio.
A noção do crime abrangia não só o furto em sentido próprio, como a apropriação 
indébita, notadamente no caso de quem, tendo recebido dinheiro do erário público para 
certo fim, não restituísse ao cabo de um ano após a tomada de contas, o que tivesse 
sobrado.
Conceito: na sua figura central, não é mais que a apropriação indébita (embora com 
certa diferença de disciplina) praticada por funcionário público em razão do ofício, 
procedendo com abuso do cargo ou infidelidade a este.
Observações:
a) Na Itália, coisa pertencente ao Estado (peculato); coisa sob a guarda do Estado e 
confiada ao funcionário ex ofício (malversação). No Brasil as duas hipóteses são 
equiparadas a peculato (fidelidade ao direito romano).
b) Peculato próprio é aquele cujo bem é apropriado ou desviado (caput) e impróprio é 
aquele que o código assimila o fato do funcionário público que, embora não tendo a 
posse da coisa, a subtrai, ou concorre para sua subtração em proveio próprio ou alheio 
(§1º)
c) CONCURSO. Admite concurso de pessoas, inclusive particulares. Exemplo: 
funcionário se apropriou de objeto (peculato apropriação); não funcionário que o tenha 
induzido configura CP: 312 se souber da qualidade de funcionário do induzido; caso 
não, CP: 168, apropriação indébita. (art. 30 do CP)
d) DIRETOR DE SINDICATO, CLT: 552, “Os atos que importem malversação ou 
dilapidação do patrimônio das associações ou entidades sindicais ficam equiparados 
ao crime de peculato julgado e punido na conformidade da legislação penal”. 
Equiparação OBJETIVA, porque não equiparou a funcionário, mas apenas seus atos. 
Mas CF88 garante sindicatos contra intervenções estatais (empregado público, por 
exemplo): há doutrina (Sérgio Pinto Martins) e jurisprudência (TRF4) entendendo que 
CLT: 552 não foi recepcionado, respondendo diretores por apropriação indébita. STJ 
entende que CLT: 552 é válido (CC 31354/SP).
e) PREFEITO. Deve-se verificar se há tipo específico no DL201/67. 
f) VÍTIMA DO PECULATO: Administração (imediato). Particular pode ser vítima? 
Mediata.
 PECULATO-APROPRIAÇÃO: (próprio) CP, artigo 312 caput – primeira parte
(1) “Funcionário público”.
(2) “Apropriar-se”: inverter a posse, agindo como se dono fosse.
(3) “De dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel”: bem móvel é todo aquele que 
pode ser transportado de um local a outro, não necessariamente coincidente com 
direito civil.
(4) “Público ou particular”: particular como vítima mediata.
(5) “De que tem a posse”: posse abrange detenção? Duas correntes:
(i) “Posse” é utilizada em sentido amplo, abrangendo detenção. Rogério Greco
(ii) “Posse” não se confunde com a detenção. Havendo mera detenção, o crime 
é de peculato-furto. É a posição do STJ. Rogério concorda, porque em 
apropriação indébita (CP: 168) legislador cuidou de ambos expressamente. 
(6) “Em razão do cargo”: não se confunde com “por ocasião do cargo”. Exemplo. A 
entrega a B, seu amigo vizinho, que por acaso é caixa da CEF, um dinheiro para que 
ele o fizesse o favor de pagar um tributo. B se apodera do dinheiro e não faz o 
combinado. B responde por apropriação indébita (CP, artigo 168). Portanto a 
entrega ao funcionário, para se caracterizar peculato, tem que resultar de 
mandamento legal, ou seja, o agente tem a liberdade desvigiada.
TIPO SUBJETIVO: peculato-apropriação punível a título de dolo. 
PECULATO DE USO: existe o crime? Se a intenção do agente é usar a coisa 
momentaneamente e, depois, restituí-la, há crime se o objeto material for 
CONSUMÍVEL; caso inconsumível, fato atípico. Usar mão de obra configura peculato 
de uso? NÃO, porque serviço, não sendo esse o objeto material do tipo. No caso de 
PREFEITO, no entanto, o objeto material pode ser de qualquer natureza, até mesmo 
inconsumível, de acordo com o DL 201/67, art. 1º, II. Mas não fere isonomia? É uma 
discriminação, originada sob a ditadura, período em que os prefeitos eram nomeados 
por governadores.
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO. Consuma-se no momento em que o funcionário se 
apropria do objeto de que tem a posse em razão do cargo, agindo como se dono fosse 
(vendendo, retendo, destruindo etc.). Admite-se tentativa (plurissubsistente).
PECULATO-DESVIO: (próprio) segue a análise do peculato-apropriação, com 
exceção do segundo elemento, sendo substituído “apropriar-se” por DESVIAR. - CP, 
artigo 312 caput – segunda parte
DESVIAR – destinação diversa que o agente dá à coisa em proveito próprio ou 
alheio. Exemplo: funcionário empresta dinheiro que tem sob sua guarda a título de 
juros.
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO. Consuma-se no momento em que o funcionário 
altera o destino normal da coisa. Admite-se tentativa (plurissubsistente). Possível 
aplicar princípio da insignificância para excluir a tipicidade? 
(1) STF: sendo princípio geral de direito, aplica-se também aos crimes funcionais. 
(2) STJ: o princípio da insignificância é incompatível com o bem jurídico tutelado, qual 
seja a moralidade administrativa.
DIFERENÇA entre peculato desvio (CP: 312, “”) e emprego irregular de verbas (CP: 
315, “Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena 
- detenção, de um a três meses, ou multa”).PECULATO DESVIO (CP: 312) EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS 
(CP: 315)
Desvio de verbas
No interesse de particular (agente/3º) No interesse público (note-se CP: 24; 
emprego irregular em SC, pós catástrofe, não 
será antijurídico)
 
PECULATO-FURTO (ou IMPRÓPRIO). - CP, artigo 312§1º
(1) BEM JURÍDICO: moralidade administrativa.
(2) Sujeitos:
a. Ativo: funcionário público, em sentido amplo conforme CP: 327 
(lembrar que prefeito tem DL 201/67).
b. Passivo: imediato (Administração em geral) e mediato (particular).
(3) Tipo objetivo: subtrair ou concorrer para que seja subtraído. Diferentemente do 
peculato apropriação, não havia posse, que é alcançada ilicitamente (daí peculato 
“impróprio”, NH fala em qualificado furto próprio.). A configuração de furto ou 
peculato furto depende de o funcionário valer-se de facilidade por ser 
funcionário público. Exemplos: a) funcionário público, durante a noite, arromba a 
porta da repartição pública para subtrair um notebook da administração pública – 
crime de furto
b) funcionário público, mostra o seu crachá ao vigia e, durante à noite, entra na 
repartição pública e subtrai o notebook da administração pública – crime de peculato-
furto.
(4) Tipo subjetivo: dolo.
(5) Momento de consumação: mesma discussão quanto ao furto (ablatio, ilatio etc.); 
prevalece amotio ou aprehensio, i.e. ocorre independentemente da posse mansa e 
pacífica.
(6) Tentativa: admite-se.
PECULATO CULPOSO (CP: 312, par. 2º, “Se o funcionário concorre culposamente 
para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano”).
(1) BEM JURÍDICO: moralidade administrativa.
(2) Sujeitos:
(i) Ativo: funcionário público, em sentido amplo conforme CP: 327 (lembrar 
que prefeito tem DL 201/67).
(ii) Passivo: imediato (Administração em geral) e mediato (particular).
(3) Tipo objetivo: concorrer culposamente para o crime de outrem, ou seja, a 
negligência do funcionário facilita o crime de outrem – qualquer crime ou 
peculato doloso? Prevalece o entendimento de que o peculato culposo depende de 
peculato doloso, apoiando-se na posição topográfica (peculato culposo qualifica 
caput e par. 1º). Rogério Greco discorda, exemplificando que pratica peculato 
culposo o funcionário que esquece a máquina fotográfica do seu colega perito, sobre 
o balcão, ocasião em que um particular se aproveita e subtrai. Ou seja, pode 
concorrer com qualquer crime, não necessariamente peculato.
Em que pese esse último entendimento (Rui Stocco e Rogério Greco), segundo o qual a 
lei não restringe, não cabendo ao intérprete fazê-lo. Por que funcionário negligente não 
responde como partícipe ou co-autor com o furto por outrem? Porque há 
heterogeneidade quanto ao aspecto subjetivo.
(4) Tipo subjetivo: culpa.
(5) Momento de consumação: aperfeiçoando-se o crime de outrem, o peculato 
culposo também se consuma.
(6) Tentativa: impossível, porque crime culposo não admite tentativa.
(7) BENEFÍCIO LEGAL CABÍVEL AO PECULATO CULPOSO, exclusivamente. 
CP: 312, par. 3º, “No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede 
à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade 
a pena imposta”. Assim, reparação do dano até trânsito em julgado leva à extinção 
da punibilidade; após, o juiz da execução pode diminuir a pena. 
Lembre-se que a reparação do dano em peculato doloso pode
(1) STJ: se oferecido até o recebimento da inicial, aplica-se o CP: 16. 
PECULATO ESTELIONATO
CP: 313, “Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, 
recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”.
(1) Bem jurídico: moralidade administrativa.
(2) Sujeitos:
(i) Ativo: funcionário público, no exercício do cargo.
(ii) Passivo: imediato (Administração em geral) e mediato (particular).
(3) Tipo objetivo: apropriar-se, agindo como se dono fosse. O erro do ofendido deve 
ser espontâneo, pois, se provocado pelo funcionário, poderá configurar 
estelionato.
(4) Tipo subjetivo: dolo.
(5) Momento de consumação: NÃO se consuma com o recebimento da coisa, mas com 
a omissão do funcionário público quando da percepção do engano, deixando de 
desfazê-lo. Tentativa: admite-se tentativa.
Peculato-apropriação Peculato furto Peculato estelionato
Apropriar-se, posse, 
legítima
Subtrair; não há 
posse
Apropriar-se, posse, ilegítima (recebida por 
erro de outrem)
PECULATO ELETRÔNICO
CP: 313-A, “Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, 
alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos 
de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou 
para outrem ou para causar dano: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e 
multa”. Exemplo: pedir para funcionário retirar pontos de carteira.
(1) Bem jurídico: moralidade administrativa.
(2) Sujeitos:
(i) Ativo: funcionário público autorizado, não é qualquer funcionário.
(ii) Passivo: imediato (Administração em geral) e mediato (particular [pontos 
transferidos para carteira de terceiro]).
(3) Tipo objetivo: inserir, facilitar inserção, alterar ou excluir dados. Note-se que os 
DADOS (elementos de informação) do programa sofrem ação, não o 
PROGRAMA.
(4) Tipo subjetivo: dolo + finalidade especial (“vantagem indevida/ causar dano”).
(5) Momento de consumação: crime formal, independe de dano ou obtenção de 
vantagem. O dano e prejuízo apenas alteram pena. Admite tentativa.
CP: 313-B, “Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa 
de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – 
detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. As penas são 
aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano 
para a Administração Pública ou para o administrado”.
(1) Bem jurídico: moralidade administrativa.
(2) Sujeitos:
(i) Ativo: funcionário público. Perceba-se que aqui o funcionário pode ser 
qualquer um, é o funcionário público em sentido amplo do CP: 327, não fala 
“autorizado” como no CP: 313-B.
(ii) Passivo: imediato (Administração em geral) e mediato (particular).
(3) Tipo objetivo: modificar ou alterar sistema ou programa. Objeto material distinto do 
CP: 313-B.
(4) Tipo subjetivo: dolo sem finalidade especial.
(5) Momento de consumação: crime formal; ocorrendo dano, aplica-se a majorante do 
par. único. Tentativa: admite-se tentativa.
(6) Especialidade: artigo 72 da Lei 9504/97.
Diferenças entre CP: 313-A e CP: 313-B.
CP: 313-A CP: 313-B
Funcionário AUTORIZADO Funcionário QUALQUER
Objeto material: DADOS Objeto material: PROGRAMA ou 
SISTEMA
Tipo subjetivo: dolo + FINALIDADE 
ESPECIAL
Tipo subjetivo: dolo APENAS
PENA. Em regra, o CP: 313-B é mais grave, mas o CP: 313-A pode ser mais grave. No 
entanto, há clara desproporção entre as penas dos dois tipos: CP: 313-A sancionado com 
2 a 12 anos; CP: 313-B, punido com 3 meses a dois anos. Essa diferença não se 
justifica.
“PECULATO ELETRÔNICO” POR OUTROS AGENTES. Se o agente for funcionário 
não autorizado, qual o crime? Equipara-se a particular; os dados constituem documento 
público, configurando sua alteração FALSIDADE IDEOLÓGICA. 
CONCUSSÃO: do latim CONCUTERE: verbo empregado quando se queria significar 
o ato de sacudir uma árvore para fazer cair os frutos
CP: 316, “Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, 
de dois a oito anos, e multa”. Pena alterada pelo pacote anticrime (2-12 anos)
(1) Bem jurídico: moralidade administrativa.
(2) Sujeito:
(i) Ativo: é uma das exceções ao capítulo, porque o sujeito ativo não é 
somente o funcionário público em exercício da função, mas também o 
funcionário público fora da função ou ainda o particular antes de assumir. 
Exemplos: carteirada com diário oficial ou licenciado. Casos 
particulares:
(a)Caso o sujeito ativo seja MILITAR, aplica-se o CPM: 305. 
(b) Fiscal de rendas: aplica-se o art. 3º, II, da lei 8.137/90. Note-se que o 
crime, neste caso, é contra a ordem tributária, não contra a 
Administração.
(ii) Passivo: imediato (administração) e mediato (proteção do patrimônio 
particular constrangido)
(3) Tipo objetivo:
(i) Exigir (impor como obrigação, intimidação, coerção, distinto de mero 
pedido). Para si (vantagem pessoal) ou para outrem (vantagem para 
terceiro)
(ii) Direta (pessoal) ou indireta (por intermédio de terceiro)
(iii) Explícita ou implícita. Este item é acrescido pela doutrina
(iv) Vantagem indevida. Natureza dessa vantagem – precisa ser patrimonial? 
A maioria da doutrina entende que pode ser QUALQUER vantagem. Se a 
vantagem for DEVIDA, excesso de exação (CP: 316, par. 1º) ou abuso de 
autoridade. Nelson Hungria: tem que ser vantagem econômica.
Note-se que a vítima não precisa sentir-se intimidada, basta a potencialidade de 
intimidação. O agente precisa ter poder para realizar a ameaça, sob pena de 
descaracterizar concussão para extorsão. 
Médico do SUS condiciona o atendimento ao pagamento de quantia – que crime 
configura? Se o médico EXIGIU, configura CP: 316 (concussão); se SOLICITOU, 
CP: 317 (corrupção passiva); se simulou ser devida a quantia, CP: 318 (fraude na 
obtenção de indevida vantagem, estelionato).
(4) Tipo subjetivo: dolo + finalidade especial (obter indevida vantagem, para si ou para 
outrem).
(5) Consumação: crime formal, consumindo-se com a simples exigência; recebimento 
é mero exaurimento. Cabe tentativa? SIM, no caso de concussão por escrito, por 
carta concussionária interceptada. Nelson Hungria (minoria) entende que se trata de 
ato preparatório. Ou é feita a exigência, ou deixa de ser feita (para Nelson Hungria 
não cabe tentativa).
EXCESSO DE EXAÇÃO (exigir, juridicamente exigir tributos) CP, artigo 316§1º
Parágrafo primeiro – forma simples (encaminhamento aos cofres públicos). É a 
exigência de imposto que sabe indevido ou cobrá-lo por meio vexatório (excesso no 
modo de exação). N.H. – conceito na sua essência.
Parágrafo segundo – forma qualificada (um complemento do parágrafo primeiro).
Tributos ou emolumentos devem ser indevidos (não determinados em lei, quantia 
excedente ou vítima já havia pagado).
Consuma-se o crime com a simples exigência (formal). A exigência já é o crime 
consumado, portanto não cabe tentativa (N.H.). Rogério Sanches: cabe por escrito.
“custas e emolumentos” – retirado pela lei 8137/90, STF/STJ – concernente a serviços 
notariais têm natureza de tributo. Informativo 461 do STF.
CORRUPÇÃO PASSIVA (venalidade (condição de ser vendido) em torno da função 
pública)
CP: 317, “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda 
que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou 
aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e 
multa”. – Intervenção interamericana contra corrupção de Caracas (2002). Alterou a 
pena para 2-12, mas não alterou a pena de concussão. O pacote anticrime consertou 
essa desproporcionalidade.
(1) Bem jurídico: moralidade administrativa.
(2) Sujeitos:
(i) Ativo:
(a) Funcionário público no exercício da função;
(b) Funcionário público fora da função (férias);
(c) Particular na iminência de assumir.
(ii) Passivo: imediato (Administração) e mediato (particular constrangido pelo 
agente). 
(3) Tipo:
(i) Objetivo: note-se que corrupção passiva não equivale sempre a corrupção 
ativa: aos núcleos (i) solicitar, (ii) receber ou (iii) aceitar promessa de 
vantagem temos os correspondentes (i) dar, (ii) oferecer e (iii) prometer. Só 
que DAR não configura corrupção ativa, CP: 333. Ocorre que há três outros 
tipos de corrupção ativa: CP: 337-B, CP: 342, par. 1º, corrupção ativa do 
código eleitoral, casos em que DAR, além de oferecer e prometer 
CONFIGURAM corrupção ativa. Em face dessa lacuna, há projeto de lei 
acrescentando dar como núcleo do CP: 333 (corrupção ativa).
Note-se que todos os núcleos focam a mercancia da função pública, a 
comercialização de um ato de ofício, sendo imprescindível, portanto, que 
esse ato esteja entre as atribuições do agente.
“Vantagem”: pode ser em favor próprio ou alheio, inclusive familiares. Pode 
ser de qualquer natureza, desde que indevida.
CLASSIFICAÇÃO:
(a) Corrupção passiva PRÓPRIA: o ato de ofício comercializado é 
ILEGÍTIMO. Exemplos: solicitar vantagem para liberar objeto 
apreendido; solicitar vantagem para facilitar fuga de preso.
(b) Corrupção passiva IMPRÓPRIA: o ato de ofício comercializado é 
legítimo. Exemplo: solicitar vantagem para permitir entrega de 
alimentos para preso.
(c) Corrupção passiva ANTECEDENTE: o agente solicita/ recebe/ aceita 
promessa para depois realizar ato de ofício. É a CORRUPÇÃO 
ATIVA (CP: 333).
(d) Corrupção passiva SUBSEQÜENTE: o agente primeiro realiza o ato 
de ofício e depois solicita/ recebe/ aceita promessa. Esta conduta é 
ATÍPICA. 
(e) Corrupção passiva MILITAR: CPM: 308. Inclui “receber” e “aceitar”. 
Militar não solicita apenas o funcionário público comum.
CP: 317 CPM: 308
Solicitar, receber, aceitar promessa Receber e aceitar promessa. 
“Aceitar” vai para a Justiça 
comum
(4) CONSUMAÇÃO: em regra, o crime é formal. “Solicitar”: crime formal; “receber”: 
crime material (só se consuma com vantagem indevida); “aceitar promessa”: formal.
(5) TENTATIVA: perfeitamente possível a tentativa. Exemplo: a carta que solicita 
vantagem interceptada.
MAJORANTE: CP: 317, par. 1º, apesar de a doutrina chamar de “corrupção passiva 
qualificada”, consiste em majorante. 
A corrupção passiva privilegiada é crime material.
 Sujeito que pagar propina exigida por policial não comete o crime de 
corrupção passiva
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO (CP, art. 318)
Considerações iniciais: 
1) Entendeu o legislador que a facilitação de contrabando ou descaminho quando 
praticada por funcionário público, com infração de especial dever funcional, não devia 
ser disciplinada no art. 29, mas como infração autônoma. Exceção pluralista à teoria 
monista.
2) A lei 13008/14 alterou a sistemática dos crimes de contrabando e descaminho, 
devendo ter alterado também a pena do facilitador, respeitando assim a 
proporcionalidade e razoabilidade.
Sujeitos do crime
S.A. – funcionário público incumbido de impedir a prática do contrabando ou 
descaminho (DEVER FUNCIONAL), caso não ostente essa atribuição funcional 
responderá por descaminho (334) ou contrabando (334-A). Podendo haver participação 
de estranhos nos termos do art. 30 do CP
S.P. – Estado.
CONTRABANDO – consiste, restritamente, na importação ou exportação de 
mercadorias cuja entrada no país, ou saída dele, é absoluta ou relativamente proibida.
DESCAMINHO - toda fraude empregada para iludir, total ou parcialmente, o 
pagamento de impostos de importação, exportação ou consumo (cobrável, este, na 
própria aduana antes do desembaraço das mercadorias importadas)
CONDUTA: Facilitar que é o ato de coadjuvar, seja por ação (maquiando obstáculos), 
seja por omissão (deixando de criar obstáculos).
CONSUMAÇÃO / TENTATIVA: Com o proporcionar-se facilidade à prática do 
contrabando ou descaminho, independentemente do êxito. Cabe tentativa com a 
facilitação ativa.
DESCAMINHO (334)
13008/14 alterou o 334, agora é 334 e 334A. a maior diferença ficou com a pena do 
contrabando. 
SUJEITOS DO CRIME S.A. – qualquer pessoa (crime comum), funcionário 
colaborando (318).
S.P. – Estado.
CONDUTA:
Descaminho: é a fraude tendente a frustrar, total ou parcialmente, o pagamento de 
direitos de importação ou exportação ou do imposto de consumo (a ser cobrado na 
própria aduana) sobre mercadorias.
No descaminho o agente busca iludir, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio 
fraudulento, o pagamento de direito ou imposto devido em face de entrada ou saída de 
mercadoria não proibida.Ex. emprega no produto rótulos ou letreiros falsos não 
correspondentes à quantidade ou qualidade real da mercadoria.
Mera omissão na declaração do fisco na quantidade de mercadorias sem emprego 
de fraude ou malícia não caracteriza crime (Sanches e capez). Caracteriza crime 
(STF).
Necessidade de esgotamento na via administrativa: constituição definitiva do crédito 
tributário nos crimes materiais contra ordem tributária é condição para tipicidade 
(súmula vinculante 24). Descaminho é crime formal (STF, STJ E NH), portanto não se 
exige o efetivo prejuízo ao erário para consumação (esgotamento da via administrativa 
dispensável).
CONSUMAÇÃO / TENTATIVA: admite-se a tentativa. Consuma-se com a liberação 
da alfândega, sem o pagamento dos impostos inerentes. Competência (súmula 151 STJ).
INSIGNIFICÂNCIA: a dúvida é entre 10.000 (Lei. 10522/07) ou 20.000 (portaria 75/12 
do Min. Da Fazenda).
DESCAMINHO POR ASSIMILAÇÃO (334§1)
I – navegação de cabotagem: finalidade da comunicação é o comércio direto entre os 
portos do país, dentro das águas / rios que correm em seu território.
II – ex. art. 39 288/67 – zona franca de Manaus.
III – 1ª parte (Sanches) – progressão criminosa, influencia na pena. 
IV - 2ª parte – modalidade especial de receptação (comerciante).
Ocultação: crime permanente 
Clausula de equiparação (334§2º)
Equiparação às atividades comerciais (fundo de quintal)
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (súmula 560 – STF – extinta).
Cabe para crimes de ordem tributária, logo cabe para descaminho e contrabando.
STJ (5ª e 6ª Ts) e STF: a apuração administrativa é desnecessária para a consumação do 
crime de descaminho, que é formal, não podendo ser comparado aos crimes materiais de 
ordem tributária, logo o pagamento não extingue a punibilidade.
CONTRABANDO (334-A) 
“contrabande” é a clandestina importação ou exportação de mercadorias cuja entrada no 
país, ou saída dele é absoluta ou relativamente proibida.
Tutela-se também o bem estar econômico da Administração Pública, além disso, 
(Mirabete), saúde, higiene, moral, ordem pública, quando se tratar de importação.
SUJEITOS: S.A. Qualquer pessoa (crime comum)
S.P.: Estado.
CONDUTA: clandestina importação ou exportação de mercadoria relativa ou 
absolutamente proibidas (norma penal em branco); importação temporariamente 
suspensa não está abrangida
Entrada ou saída de mercadorias clandestinas (contrabando impróprio). O agente faz 
com que a mercadoria entre ou sai sem passar pela alfândega 
Se valendo da alfândega (mercadorias fraudulentas) – contrabando próprio
ESPECIALIDADE: Drogas (11.343/06), art. 40, Armas (10826/2003), art. 18, motivo 
político LSN (7170/83)
INSIGNIFICÂNCIA: tribunais superiores não têm admitido.
DOLO: vontade de praticar qualquer das ações (cabe erro de tipo).
TENTATIVA: admissível
CONSUMAÇÃO: contrabando próprio: importação ou exportação de mercadoria 
proibida com a passagem pelos órgãos alfandegários (transposta a barreira fiscal), 
mesmo que a mercadoria não tenha chegado ao destino.
Contrabando impróprio: transposição de fronteira do país. Se for por navio: necessário 
atracação, se for por avião: exige-se o pouso.
COMPETÊNCIA: SÚMULA 151 do STJ. Federal, lugar da apreensão.
CONTRABANDO POR ASSIMILAÇÃO (334-A § 1º)
I – pode ser invocado o mesmo exemplo do descaminho, ex. Zona Franca, mercadorias 
sem autorização legal 
II – ex. fertilizantes que necessitam do registro dos ministérios da agricultura, pecuária, 
abastecimento etc.
III - ex. produto brasileiro destinado exclusivamente à exportação 
IV - semelhança com 334§1º, III a diferença é de que a mercadoria em vez de ter 
procedência clandestina ou fraudulenta, é proibida.
V - - semelhança com 334§1º, IV aqui se trata de mercadoria proibida.
CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO: parágrafo segundo.
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
CP: 339, “Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, 
instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: Pena - 
reclusão, de dois a oito anos, e multa”.
CONCEITO: provocar a instauração (provocar de qualquer forma: por escrito, por 
palavras, gestos) de*:
(1) Investigação policial. É a mesma coisa que inquérito? Prevalece que investigação 
policial NÃO se confunde com inquérito; mesmo que não haja inquérito, havendo 
investigação, há denunciação caluniosa.
(2) Ação penal. Para tanto, basta haver o recebimento da inicial.
(3) Investigação administrativa. A investigação administrativa deve investigar ilícito 
administrativo que seja ilícito penal.
(4) Inquérito civil. O ilícito civil deve corresponder a uma infração penal. Exemplos: 
dano ambiental é ilícito civil e penal; peculato de uso (por administrador) é ilícito 
civil, mas não penal, a menos que se trate de prefeito.
(5) Ação de improbidade. O ato ímprobo tem que corresponder a uma infração penal. 
Caso não seja infração penal, constitui delito especial (lei 8.429/92, art. 19, 
“Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou 
terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. Pena: detenção 
de seis a dez meses e multa”).
Imputando a alguém crime** de que o sabe inocente.
*PROVOCAR INSTAURAÇÃO DE CPI – CR Bittencourt entende que configura no 
máximo calúnia, porque não há previsão legal específica.
**IMPUTAR CONTRAVENÇÃO – constitui denunciação caluniosa? SIM, por força 
do CP: 339, par. 2º, “A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de 
contravenção”. Assim, denunciar caluniosamente por contravenção constitui forma 
privilegiada, por causa de diminuição de pena.
IMPUTAR ATO CRIMINOSO “EXCULPADO” constitui denunciação caluniosa? 
Basta a potencialidade de instauração de um dos cinco procedimentos; assim, se 
provocar investigação policial, indicando desde o começo que ato foi praticado por 
legítima defesa, há denunciação caluniosa.
CRIME COMPLEXO OU PROGRESSIVO? Complexo em sentido estrito (crime 
complexo = crime + crime), NÃO, porque “imputação de crime” é crime, mas “dar 
causa à instauração de investigação policial” não. Trata-se de crime progressivo, porque 
sua realização implica prática de outro.
AÇÃO COMUM. Antigamente, entendia-se que, somente vítima ou representante 
tinham legitimidade para promover ação por denunciação caluniosa de crime de ação 
privada. Ocorre que, com Lei 10.028/00, denunciação pode levar não só a investigação 
policial e ação penal, mas também ação de improbidade, sindicância e inquérito civil – 
daí não se poder dizer que seja de ação privada. Exemplo: ainda que não se instaure 
inquérito nem se promova ação penal, a denunciação caluniosa de estupro por 
funcionário público levará a sindicância.
MENOR VÍTIMA. Aqui há mesma divergência relativa à calúnia: se menor puder ser 
caluniado (como entende STJ), poderá também ser vítima de denunciação caluniosa.
FIXAÇÃO DA PENA: juiz levará em conta o tipo de crime imputado. Denunciação 
caluniosa de estupro é mais grave do que DC de furto, e esse particular deve ser 
considerado pelo juiz.
CALÚNIA ≠ DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA: finalidades distintas: na calúnia, 
objetivo é alcançar a honra da vítima; na denunciação caluniosa, visa-se a instauração 
de procedimento.
DOLO EVENTUAL – possível? Maior parte da doutrina entende que NÃO, com base 
em “imputando-lhe crime de que o sabe inocente”; se sabe, não há aceitação de risco. 
CR Bittencourt e Rogério entendem que SIM, porque quem é ciente da inocência pode 
assumir o risco.
DOLO SUPERVENIENTE – possível? NÃO, dolo deve ser concomitante à prática do 
núcleo do tipo.
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO: início do procedimento (ação penal, inquérito 
civil...) ou investigação policial.
TENTATIVA – possível? SIM – calúnia admite tentativa, desde que seja por carta 
interceptada; da mesma forma, denunciação caluniosa admite tentativa.
NECESSIDADE DE ENCERRAMENTO DE PROCEDIMENTO. MP deveaguardar 
término do procedimento para denunciar por denunciação caluniosa? Duas correntes:
(1) SIM – enquanto não encerrar o procedimento, não pode denunciar, por risco de 
conflito de decisões. Nesse sentido, N. Hungria; corrente majoritária.
(2) NÃO – ação penal é pública incondicionada, exigindo apenas prova da 
materialidade e indício da autoria. Nesse sentido, Mirabete.
MAJORANTE – par. 1º, “A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de 
anonimato ou de nome suposto”. 
COMUNICAÇÃO FALSA
CP: 340, “Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou 
de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, 
ou multa”.
DIFERENÇA DE DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. Apesar de semelhança com 
denunciação caluniosa (provocar ação de autoridade e comunicar crime/contravenção), 
aqui NÃO se imputa a ação a ninguém. 
BJ: administração da justiça, vez que crime não atinge honra de ninguém.
SUJEITO ATIVO: comum.
LEGITIMIDADE: se crime for de APP condicionada ou privada, apenas vítima ou 
representante podem dar queixa.
CONTRAVENÇÃO: não enseja diminuição de pena.
“AÇÃO DE AUTORIDADE”: dispensa formalização da investigação em inquérito 
policial.
“AUTORIDADE”: abrangida PM? Mirabete entende que NÃO, porque autoridade deve 
ter poder de deflagrar investigação ou ação penal. Note-se que, se crime for MILITAR, 
então PM teria poder investigatório.
DOLO – comunicação falsa é punível a título de dolo simplesmente ou necessária 
finalidade especial? Duas correntes:
(1) Necessária finalidade especial de provocar inutilmente ação de autoridade 
(Mirabete).
(2) Prescindível finalidade especial (Damásio).
COMUNICAÇÃO FALSA PARA FRAUDAR SEGURO. Estelionato (CP: 171, par. 2º, 
V, “vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, 
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante 
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias”) absorve 
ou coexiste?
(1) Nelson Hungria: estelionato absorve, crime fim abrange crime meio. Mas BJ aqui é 
DIFERENTE: como estelionato protege administração da justiça?
(2) Magalhães Noronha: coexistem, por protegerem bens jurídicos distintos; agente 
responde pelos dois, em concurso material.
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO: início da diligência, dispensando inquérito policial.
TENTATIVA: possível, se comunicação por escrito interceptada.
AUTO-ACUSAÇÃO FALSA (AUTOCALÚNIA)
CP: 341, “Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por 
outrem1: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa”. 
“PERANTE AUTORIDADE”: não significa presença frente a frente; basta dirigir-se a 
autoridade, ainda que por escrito.
SUJEITO ATIVO: comum, desde que não seja autor/partícipe (confissão).
DOLO. Doutrina entende que mera dúvida afasta configuração.
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO: necessária atuação da autoridade? NÃO, basta que 
autoridade tome conhecimento.
TENTATIVA – possível, se por carta. (Hungria não admite.)
ALTRUÍSMO (pai assume crime de filho) – afasta crime? NÃO, crime persiste; pode 
influenciar na fixação da pena.
339 340 341
Provocar ação de autoridade Acusar-se perante autoridade
Comunicação de crime/contravenção NÃO ocorrido Crime inexistente/praticado 
por outrem
Imputado a alguém Não se imputa a ninguém Próprio “denunciante” 
assume autoria do crime
 FALSO TESTEMUNHO, FALSA PERÍCIA
1 O STF inadmitiu recurso ordinário de HC 82.365 por o processo por auto-acusação ter sido suspenso 
pelo MP. No caso, a recorrente pedia a descaracterização vez que seu filho havia cometido ato 
infracional, não crime.
CP: 342, “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito 
policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa”.
O Estado tem monopólio da administração de justiça e vale-se de instrumento próprio, 
i.e. processo, composto de várias etapas, dentre as quais a instrução. Os meios de prova 
inscrevem-se nessa fase e sua proteção decorre do prestígio da administração da justiça.
CONDUTA:
(1) Fazer afirmação falsa: agente distorce a verdade.
(2) Negar a verdade: agente nega a verdade real dos fatos, de que tem conhecimento.
(3) Calar a verdade: agente, sabendo a verdade, simplesmente não se pronuncia a 
respeito; reticência.
(i) SILÊNCIO – sujeito não pode silenciar, a menos que haja risco de auto-
incriminação, por corolário ao direito de não auto-incriminação. 
Daí salvo-conduto permitir que testemunha permaneça em silêncio 
em CPI etc.
“VERDADE”: perfeita correspondência entre realidade e sua expressão. A não 
correspondência pode ser um erro (defeito na percepção) ou uma mentira (intenção de 
enganar), perfazendo crime somente a última hipótese. Se testemunha descreve fato 
como percebido, não incorre em crime, ainda que descrição difira da realidade. Caso a 
testemunha descreva fato diferentemente do percebido, ainda que coincida com a 
realidade, estará mentindo, incorrendo em crime. Assim, o critério é a coincidência 
entre percepção e testemunho, não o descompasso com a realidade. A falsidade, 
portanto, não se extrai da comparação do depoimento da testemunha e a realidade dos 
fatos (teoria objetiva), mas sim do contraste entre o depoimento e a ciência da 
testemunha (teoria subjetiva); assim, mostra-se possível o falso testemunho por fato 
verdadeiro; exemplo: agente que detalha minuciosamente episódios verdadeiros que 
jamais presenciou.
SUJEITO ATIVO:
(4) Testemunha – qualquer testemunha ou somente a compromissada? Duas posições:
(i) Noronha entende que qualquer testemunha, mesmo descompromissada, 
porque (a) pode influenciar convencimento do juízo tanto quanto 
compromissada, por decorrência do livre convencimento do juízo, e (b) lei 
não fez distinção. Há julgados do STF nesse sentido.
(ii) Mirabete: somente testemunha compromissada, porque, de outra forma, não 
haveria razão para o compromisso. Essa segunda corrente prevalece.
(5) Perito.
(6) Contador.
(7) Tradutor.
(8) Intérprete.
CONTEXTO:
(1) Processo judicial, penal ou cível, de jurisdição contenciosa ou voluntária.
(2) Processo administrativo, abrangidos:
(i) Sindicância, para maior parte da doutrina.
(ii) Inquérito civil. 
(3) Inquérito policial, ainda que circunstanciado.
(4) Juízo arbitral.
CPI? NÃO, apesar de haver tipo especial (art. 4º, II, da lei 1.579/52), com pena do CP: 
342.
VÍTIMA COMO SUJEITO ATIVO – possível? NÃO; pode ser denunciação caluniosa. 
CRIME DE MÃO PRÓPRIA ou conduta infungível.
MOMENTO DE CONSUMAÇÃO: não esta relacionado ao convencimento do juízo.
(1) Em regra, o crime se consuma com a assinatura do depoimento.
(2) Caso o testemunho seja por escrito (presidente pode ser ouvido por escrito), 
consuma-se com recebimento do documento em cartório.
CONCURSO DE AGENTES:
(1) FALSO TESTEMUNHO: sendo crime de mão própria, só admite participação. 
Exemplo: advogado que instrui testemunha (note-se que STF já decidiu que, nesse 
caso, advogado é co-autor, adotando teoria do domínio do fato). É uma falsidade 
positiva.
(i) Ocultar profissão, idade etc. (qualificação, não fato) responde por falso 
testemunho? Noronha: SIM, porque influencia confiabilidade da testemunha; 
Damásio, Mirabete: NÃO, somente quando ocultamento recai sobre fatos.
(ii) Episódio irrelevante, periférico, NÃO enseja falso testemunho.
(2) FALSA PERÍCIA: apesar de crime de mão própria, excepcionalmente ADMITE co-
autoria, quando o laudo deve ser subscrito por mais de um perito. Lembre-se que 
processo penal exige apenas um perito SE OFICIAL; se perito não oficial, exigem-
se dois.
VÍTIMA: Estado, podendo eventualmente ser particular afetado pelo falso.
TENTATIVA possível – pode ser praticado por escrito.
MENTIRA EM MAIS DE UM PROCESSO: pode ser crime ÚNICO, se for caso de 
processos cível e penal de mesmo fato.
LUGAR DO CRIME. CPP: 70,competência do local da consumação. Se falso 
testemunho ocorre perante juízo deprecado para colher testemunho, então cabe 
processamento pelo juízo deprecado, mesmo que juízo deprecante seja prejudicado.
FALSO TESTEMUNHO JUSTIÇA TRABALHISTA: competência da Justiça Federal.
CAUSAS DE AUMENTO, par. 1º, “As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se 
o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova 
destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte 
entidade da administração pública direta ou indireta”. Hipóteses:
(1) Finalidade: suborno. Aqui, três sub-hipóteses:
(i) Falso testemunho – CP: 342, par. 1º.
(ii) Falsa perícia por perito oficial – CP: 342, caput + 
(iii) Falsa perícia por perito não oficial -
(2) Finalidade: obtenção de prova destinada a produzir prova em processo penal. 
Abrange falso inquérito policial.
(3) Finalidade: atingir Administração (direta ou indireta) em processo civil ou penal.
RETRATAÇÃO EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE, par. 2º, “O fato deixa de ser 
punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata 
ou declara a verdade”. Observações:
(1) Difere de confissão, porque retratar é simplesmente desdizer, retirar o que se disse.
(2) MOMENTO: deve ocorrer até a sentença que encerra o processo onde aconteceu a 
mentira.
(3) Retratação do CP: 342, par. 2º é objetiva comunicável aos demais concorrentes, 
diferente da retratação do crime contra a honra. 
(4) JÚRI: retratação deve ser anterior à sentença de mérito, ainda que posterior ao 
oferecimento de denúncia.
MP pode denunciar por falso testemunho, mesmo que processo em que ocorreu a 
mentira ainda não concluído? Duas posições:
(1) NÃO, pois a sentença do processo em que ocorreu a mentira é condição para 
oferecimento de denúncia. Crítica: falso testemunho é APPI, bastando prova da 
materialidade e indício de autoria.
(2) SIM, porque a retratação não é causa suspensiva, mas resolutiva.
CRIMES HEDIONDOS
1. DEFINIÇÃO DE CRIME HEDIONDO
Nós temos três sistemas rotulando o que é crime hediondo:
1.1. Sistema LEGAL – “Pelo sistema legal, compete ao legislador enumerar no rol 
taxativo, quais os crimes hediondos.”
1.2. Sistema JUDICIAL – “Pelo sistema judicial é o juiz quem, na apreciação do caso 
concreto, analisando a gravidade do delito, decide se a infração é ou não hedionda.”
1.3. Sistema MISTO – Cuidado com esse sistema! “Pelo sistema misto, o legislador 
apresenta rol exemplificativo de crimes hediondos, permitindo ao juiz encontrar outros casos.”
1.4. Sistema MAIS JUSTO: O sistema está decidindo o seguinte: o legislador 
dá um rol taxativo de crime hediondo, mas o juiz deve confirmar a hediondez no caso 
concreto. 
Qual o Brasil adotou?
O Brasil adotou o Sistema LEGAL! Art. 5º, XLIII, da CF/88: (MANDADO 
CONSTITUCIONAL DE CRIMINALIZAÇÃO ou PENALIZAÇÃO)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores 
e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Quais crimes são equiparados a hediondos? 
 Tortura, 
 Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e 
 Terrorismo.
Esses são os crimes equiparados a hediondos. Equiparados nas conseqüências, 
mas NÃO SAO hediondos. 
PERGUNTA: O juiz pode tirar algum crime do rol dos crimes de hediondos 
por achar que no caso concreto não há necessidade de se dar esse tratamento diferenciado? 
(CLÁUSULA SALVATÓRIA) R: No RJ não se reconhece esse tratamento, muito 
embora o STF já o adotou quanto à liberdade provisória. (no sistema mais justo a 
diferença é que o juiz avalia o tipo penal, valendo para todos, aqui na cláusula 
salvatória, o juiz avalia a conduta, valendo para o caso concreto que está sendo 
analisado).
2. O ELENCO DOS CRIMES HEDIONDOS
A Lei 8.072/90, no seu art. 1º. O art. 1º traz os crimes considerados como 
hediondos no rol taxativo.
Existe algum crime hediondo que não está no Código Penal? O candidato responde 
logo: Tráfico! Não! Tráfico não é hediondo. Tortura! Não! Tortura não é hediondo. Então, 
terrorismo? Não! Terrorismo não é hediondo. Os três T’s não são hediondos. Eu quero 
saber um crime hediondo que não está no Código Penal. Há cinco (Lei 13964/2019) e 
estão no parágrafo único do artigo 1º.
I - O GENOCÍCIO previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - A posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, art. 16 da Lei no 10.826/2003.
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 
22 de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto 
no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
V - o crime de organização criminosa (Lei 12850/2013), quando direcionado à prática de 
crime hediondo ou equiparado
3. DOS CRIMES HEDIONDOS EM ESPÉCIE E EQUIPARADOS:
I - HOMICÍDIO – Art. 1º, I, da Lei dos Crimes Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, 
todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: I - 
homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade típica de 
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e 
homicídio qualificado (Art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V,VI, 
VII e VIII);
Dois são os homicídios etiquetados como hediondos. O homicídio será hediondo 
quando:
a) “Praticado em atividade típica de grupo de extermínio (chacina)”
Esse dispositivo é extremamente criticado. Primeiro porque, o que significa 
atividade de extermínio? Reparem que é um conceito extremamente poroso. Atividade de 
extermínio, a doutrina acaba dizendo: É a famosa chacina. 
Outra crítica: quantas pessoas devem integrar este grupo? Atividade típica de 
grupo de extermínio. Reparem que o legislador fala em 'grupo ainda que praticado 
por um só agente'. 
PODE EXISTIR ESSE HOMICÍDIO COM APENAS UMA PESSOA? O Brasil tem 
grupo de uma pessoa só? Não. Na verdade, ele está querendo dizer, 'ainda que o 
crime seja cometido por uma só pessoa daquele grupo'. Então, tem que haver um 
grupo. Quantas pessoas formam um grupo? Duas formam um grupo ou formam um par? 
1ª Corrente: Grupo não se confunde com par. Par precisa de duas. Grupo 
também não se confunde com bando. Bando precisa de quatro. Grupo precisa de 
três. Essa é a primeira corrente.
2ª Corrente: Diz que concorda que grupo não sem confunde com par, mas essa 
expressão grupo precisa de um tipo penal próximo e o tipo penal mais próximo e o 
tipo penal mais próximo de grupo é o bando. Se bando agora precisa de três, também 
o grupo precisa de três. Ainda que por causa de uma pessoa só, mas vejam que uma 
pessoa só pode diferenciar o crime de hediondo para não hediondo.
Prevalece a segunda corrente! Agora mais do que nunca
Uma coisa é certa: Este homicídio é hediondo, mesmo que simples. Ele não precisa 
ser qualificado. Vejam que o homicídio simples pode ser hediondo quando praticado 
em atividade típica de grupo de extermínio. Se te perguntarem: o homicídio simples 
pode ser hediondo? Pode ser, desde que praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio. Como chama esse homicídio simples que depende desta condição (ser 
praticado por grupo de extermínio) para ser hediondo? Homicídio condicionado. 
Falar que esse homicídio, praticado em atividade típica de grupo de extermínio, 
pode ser simples é ridículo. Você consegue imaginar uma chacina como simples homicídio? 
Toda chacina está envolvida com motivos torpes ou fúteis, com meios cruéis, recursos que 
dificultam a defesa do ofendido. Então, Paulo Rangel (RJ), Guilherme de Souza Nucci (SP) 
falam: isso é ridículo imaginar que um homicídio condicionado é simples. Homicídio em 
atividade de extermínio sempre será qualificado. 
O jurado deve ser quesitado sobre esta condicionante? O jurado deveser 
quesitado se o crime foi praticado em atividade típica de grupo de extermínio? Agora sim 
porque é uma circunstância de aumento de pena (CP, art. 121§ 6º)
b) “Homicídio qualificado” 
E o homicídio qualificado, é hediondo sempre? SEMPRE! O homicídio 
qualificado é hediondo sempre, não importa a qualificadora.
Art. 121§2º, VII – HOMICÍDIO FUNCIONAL. “consangüíneo” Pode qualificar 
o filho “adotivo”. Duas correntes. Analogia in Malan parte ou interpretação extensiva? 
Homicídio qualificado privilegiado é hediondo? Eu falei pra vocês que o 
homicídio qualificado é hediondo sempre. E quando qualificado privilegiado, é hediondo?
1ª Corrente: Diz: o homicídio qualificado é hediondo sempre, mesmo que 
privilegiado também. Para essa primeira corrente, basta ser qualificado para ser 
hediondo, mesmo que seja também privilegiado.
2ª Corrente: É a que prevalece. Diz: o homicídio qualificado quando privilegiado 
deixa de ser hediondo. Qual é a razão para isso? Qual o fundamento jurídico para deixar de 
ser hediondo? Ele continua qualificado. Essa segunda corrente faz uma analogia ao art. 67, 
do CP, que diz o seguinte:
 
VIII – com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. VETADO. Razões: 
a qualificadora sem qualquer ressalva viola o princípio da proporcionalidade entre o tipo 
penal e a pena cominada, além de gerar insegurança jurídica para os agentes de segurança 
pública, uma vez que esse tipo de arma é a essência no uso desses servidores.
II - ROUBO:     (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso 
V);     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo 
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);     (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 
3º);     (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – Durante o assalto - Quando eu digo que só há latrocínio na violência 
empregada durante o assalto, eu exijo o fator tempo.
II – Em razão do assalto - Quando eu digo que só há latrocínio na violência 
empregada em razão do assalto, eu exijo o fator nexo.
Faltando um dos dois fatores, não há latrocínio. Por exemplo, durante o assalto 
eu matei um desafeto que apareceu no local do crime. Eu matei durante o assalto, mas 
não tem nada a ver com assalto. Isso não é latrocínio. Isso é homicídio. Durante o 
assalto eu encontro um desafeto e mato o desafeto. Isso não tem nada a ver com 
latrocínio, apesar de a morte ter ocorrido durante o assalto. Ou então: duas semanas após 
o assalto (não mais durante o assalto), eu matei o gerente do banco que me 
reconheceu. 
III – EXTORSÃO qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão 
corporal ou morte (art. 158, § 3º)
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE. CP: 157, par. 2º, V e art. 158, § 3º
Há dois tipos de restrição à liberdade:
(a) PRIVAÇÃO NECESSÁRIA E BREVE. O agente, para consumar o crime ou 
garantir sua impunidade priva a vítima da sua liberdade de locomoção por tempo 
absolutamente necessário.
(b) PRIVAÇÃO DESNECESSÁRIA E LONGA. Se a privação da liberdade for 
desnecessária para a consumação ou garantia da impunidade, perdurando além 
tempo incomum. Aqui, configura roubo cumulado com seqüestro (CP: 148).
SEQÜESTRO RELÂMPAGO. Normalmente, julgados como CP: 157, par. 2º, V. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – Art. 1º, IV, da Lei dos Crimes 
Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, 
todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: IV - extorsão 
mediante seqüestro e na forma qualificada (Art. 159, caput e §§ 1º, 2º 
e 3º)
Extorsão mediante seqüestro é sempre crime hediondo, não importa se simples ou 
qualificado. 
ESTUPRO e ESTUPRO DE VULNERÁVEL: – Art. 1º, V e VI, da Lei dos 
Crimes Hediondos
Todos hediondo com particular atenção à súmula do STJ 593.
EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE – Art. 1º, VII, da Lei dos Crimes 
Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, 
todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: VII - 
epidemia com resultado morte (Art. 267, § 1º).
Quando cai esse crime é apenas para saber se ele é ou não hediondo. Não será 
qualquer epidemia. É epidemia com resultado morte. Quando cai em concurso é só 
para saber se é ou não é hediondo.
CORRUPÇÃO DE MEDICAMENTO – Art. 1º, VII-B, da Lei dos Crimes 
Hediondos
Art. 1º - São considerados hediondos os seguintes crimes, 
todos tipificados Código Penal, consumados ou tentados: VII-B - 
falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a 
fins terapêuticos ou medicinais.
 O crime é:
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto 
destinado a fins terapêuticos ou medicinais: (Alterado pela L-
009.677-1998) Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e 
multa.
Pena boa, justa para um crime grave como este! Você corrompeu um medicamento! 
Parágrafo primeiro:
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe 
à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui 
ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou 
alterado. 
Merece: 10 a 15 anos e hediondo. Por quê? Porque se o caput pune quem falsificou, 
o § 1º está punindo aquele que potencialmente distribui esse produto no mercado. 
Merece a mesma pena. Se um cria, o outro permite a potencialização da conduta.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este 
artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, 
os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.
O caput não falou em produtos com fins terapêuticos e medicinais? O § 1º-A 
está dizendo: Incluam mais esses. Saneante é Bom-Ar. Cosmético. Na mesma pena! 
De 10 a 15 anos quem corrompe um cosmético! Um batom. Imagina! Você passa na 
farmácia, feliz compra um batom que dura 24 horas, passa o batom e vai pra guerra. Chega 
na boate, a mulher percebe que está sem o batom. E aí? Ela se sente o quê? Nua! Imagine 
você, que compra um batom pra durar 24 horas e ele dura uma hora. Aquele que fabricou 
o batom que tinha que durar 24 horas e durou 1 hora merece 10 a 15 anos? Nós já vamos 
comentar, mas a interpretação que se faz é que os cosméticos e os saneantes só se 
incluem no artigo se eles tiverem finalidade terapêuticas ou medicinais. Por 
exemplo, aquela manteiga de cacau. Alguém adultera, corrompe aquilo e em contato 
com os lábios pode desencadear uma lesão gravíssima na sua incolumidade, integridade 
física. Não será qualquer cosmético, não será qualquer saneante. Isso caiu na 
Magistratura Federal da 3ª Região. O examinador perguntou se abrangia talco para 
chulé. E, por incrível que pareça você tinha que discutir se o chulé era doença e se o talco 
tem finalidade terapêutica ou medicinal. 
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as 
ações previstas no § 1º (vende, expõe à venda, etc.) em relação 
a produtos em qualquer das seguintes condições: (Acrescentado pela L-
009.677-1998)
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância 
sanitária competente;
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto 
no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade 
admitidas para a sua comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade 
sanitária competente.
 Cuidado! Nesse § 1º-B o produto, não necessariamente está corrompido. 
Você pode apenas e tão-somente estar vendendo produto que você não adquiriu da 
vigilância sanitária e só ela pode autorizar alguém a vender esse produto.
Vamos resumir isso daí:
 O art. 273, caput, pune o falsificador com pena de 10 a 15 anos e hediondo.
 O § 1º, porsua vez, não pune o falsificador. Pune quem vende, expõe à 
venda, etc. Não necessariamente comerciante! E a pena para ele também é 
de 10 a 15 anos. E hediondo. Merece? Merece! Ele potencializa a conduta, 
sem dúvida merece.
 O § 1º-A equiparada produtos àqueles do caput. Lembrem-se de que esses 
produtos têm que ter finalidade terapêutica ou medicinal. 10 a 15 anos e 
hediondo.
 No § 1º-B o medicamento não está, necessariamente, corrompido. E vejam, 
a sua pena é de 10 a 15 anos e etiquetado como hediondo. 
Uma pessoa vende um remédio sem autorização da vigilância sanitária. O 
remédio está bom. Ele só não tinha autorização. Esse parágrafo é desproporcional! 
Ele está punindo com a mesma pena quem falsifica o remédio e quem vende o 
remédio bom, mas sem autorização da vigilância sanitária. Ele tratou como crime e mais, 
como crime hediondo, mera infração administrativa. Não só é desproporcional, como fere 
o princípio da intervenção mínima. Esse crime, vender remédio sem autorização, ou 
seja, medicamento que não está necessariamente corrompido, 10 a 15 anos, hediondo, tem 
a pena bem maior do que quadrilha ou bando. A pena é maior do que tráfico de drogas. A 
tua pena mínima é maior do que a pena mínima do homicídio. A pena é maior do que 
sequestro-relâmpago! Vejam só a desproporcionalidade! Só porque você vendeu sem 
autorização da vigilância sanitária competente. Então, a maioria está criticando isso. 
Dizendo que é um absurdo.
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de 
criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º)
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause 
perigo comum (art. 155, § 4º-A). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
ARTIGO 1º PARÁGRAFO ÚNICO:
GENOCÍDIO: Lei 2889/56: são hediondos os artigos primeiro (genocídio propriamente 
dito), segundo (associação para prática de genocídio) e o terceiro (incitação à prática do 
genocídio).
POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO: (art. 16 
da Lei. 10826/2003). O parágrafo único do artigo 16 traz o que se denomina na doutrina 
de FIGURAS EQUIPARADAS. Trata não somente de arma de fogo de uso restrito.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm
A lei trouxe o artigo 16 e não 16 §§2º. O que é hediondo? Só o caput ou os parágrafos 
também? Ex.: Portar arma de fogo de uso permitido com numeração raspada. Duas 
correntes: 1) só o caput (o legislador não trouxe o parágrafo único) 2) os dois porque o 
legislador não se reportou expressamente ao caput 
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, 
de 22 de dezembro de 2003;      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto 
no art. 18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019)
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime 
hediondo ou equiparado.      (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
EQUIPARADOS:
1) TORTURA: a tortura por omissão (imprópria) não é considerada crime hediondo.
2) TRÁFICO DE DROGAS: associação para o tráfico não é considerada tráfico, 
portanto não é considerada crime hediondo. Tráfico privilegiado (33§4º) STF e STJ não 
tem natureza hedionda.
3) TERRORISMO: nada a acrescentar.
CONSEQUÊNCIAS DOS CRIMES HEDIONDOS
Art. 2º - Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança. (Alterado pela L-011.464-2007)
3.1. VEDAÇÃO DE GRAÇA, ANISTIA E INDULTO (art. 2º, I)
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2007-011464/2007-011464.htm
O inciso I fala que são insuscetíveis de anistia, graça e indulto. São formas de 
renúncia do Estado ao seu direito de punir. São causas de extinção de punibilidade.
Vamos analisar uma questão importante que o Supremo decidiu. O art. 5º, XLIII, diz:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia (...);
Reparem que a CF não veda o indulto.
 A Constituição Federal de 1988 veda graça e anistia.
 A Lei 8.072/90 veda graça, anistia e indulto.
O que se discute é se a lei ordinária, lembrando da pirâmide de Kelsen, que é 
subordinada à constituição poderia ter acrescentado a vedação do indulto. Será que a 
vedação do indulto, acrescentada pela Lei 8.082, não prevista na Constituição é 
constitucional? Há duas correntes:
1ª Corrente: A vedação do indulto pela Lei dos Crimes Hediondos é 
inconstitucional. E qual é o argumento dessa primeira corrente para dizer que o 
acréscimo do indulto é inconstitucional? Ela diz que o rol de vedações da 
Constituição Federal é máximo, não podendo o legislador ordinário suplantá-lo. O 
rol de vedações é máximo, não é mínimo. O legislador tem que obedecê-lo. Não 
pode suplantá-lo.
Não é a que prevalece! Prevalece a segunda corrente.
2ª Corrente: A vedação do indulto pela Lei dos Crimes Hediondos é 
constitucional. E como ela defende a constitucionalidade da vedação do indulto? 
Ela diz: o rol de vedações da CF é mínimo. Tanto é mínimo, que ela diz “a lei 
definirá”. Não bastasse esse argumento, outro argumento para defender a 
constitucionalidade do acréscimo da vedação do indulto é lembrar que a graça está 
sendo utilizada no sentido amplo, abrangendo o indulto. Quando o constituinte 
veda a graça, ele veda a graça em sentido amplo, abrangendo o indulto! 
Graça em sentido amplo (clemência estatal), que pode ser individual (graça 
em sentido estrito) e coletiva (indulto).
O indulto pode ser total ou parcial (comutação de penas). Não cabe nenhum 
dos dois.
Essa segunda corrente, não só é a majoritária, como é a posição do STF (RHC 
84572/RJ – Marco Aurélio). 
3.2. VEDA FIANÇA, não veda mais a liberdade provisória (art. 2º, II)
 Perde sentido a Súmula 697, do STF.
STF Súmula nº 697 - DJ de 13/10/2003 - A proibição 
de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o 
relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.
3.3. REGIME INICIAL FECHADO, admitindo PROGRESSÃO (§§ 1º e 
2º, do art. 2º da Lei 11.474/07)
Antes, originalmente era integralmente fechado, proibindo a progressão de 
regime. Em 2006 o STF considerou inconstitucional o regime integralmente fechado, 
passando a não ter mais regras sobre o regime de pena na Lei de crimes hediondos, 
passando, então a aplicar a regra geral que é o artigo 112 da LEP (1/6 da pena). Súmula 
vinculante 26 (a lei 11474/07 foi mais severa, porque previu 2/5 ou 3/5).
Hoje ela fala em regime inicial fechado e se fala em regime inicial fechado, é porque 
hoje permite progressão. E permite progressão com quanto? Olha o que diz o § 2º:
§ 2º - A progressão de regime, no caso dos condenados aos 
crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois 
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se 
reincidente. (Alterado pela L-011.464-2007) – PARÁGRAFO 
REVOGADO PELO PACOTE ANTICRIME
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2007-011464/2007-011464.htm
Reparem que aqui ninguém está falando em reincidência específica. Reincidente, 
3/5, não reincidente 2/5. Pronto!
O entendimento do STF (HC 111840), os crimes hediondos e equiparados não 
podem ter um regime inicial obrigatório porque isso viola o princípio constitucional da 
individualização da pena. Quem individualiza a pena é o juiz, ele não pode ficar 
subordinado à lei para fixar um regime inicial de pena.
O parágrafo primeiro foi considerado inconstitucional.
3.4. PRISÃO PREVENTIVA (§3 do art. 2º, da Lei 11.474/07)
Essa questão do § 3º caiu: Delegado de Polícia/MG, TJ/MG e Delegado de 
Polícia/PR
§ 3º - Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá 
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Alterado 
pela L-011.464-2007)
Quem lê isso, pensa: “Já entendi.Você foi condenado a um crime hediondo ou 
equiparado, em princípio você recorre preso. Se o juiz quiser que você recorra solto, ele vai 
ter que muito bem fundamentar a decisão.” No silêncio, você recorre preso. Não é isso que 
parece? Esse tipo de dispositivo, não tem só na lei de crimes hediondos. Ele tem na lei de 
drogas, etc. O Supremo já falou que a interpretação que tem que ser dada é a seguinte:
 Processado preso – Recorre preso, salvo se ausentes os fundamentos da 
preventiva.
 Processado solto – Recorre solto, salvo se presentes os fundamentos da 
preventiva.
Essa é a interpretação constitucional que se deve dar a qualquer dispositivo como 
esse. 
Olha que interessante:
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2007-011464/2007-011464.htm
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2007-011464/2007-011464.htm
Art. 312 - A prisão preventiva poderá ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da 
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando 
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
3.5. PRISÃO TEMPORÁRIA (§4º, do art. 2º, da Lei 11.474/07)
O parágrafo 4º está tratando da prisão temporária e diz o seguinte
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 
7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste 
artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período 
em caso de extrema e comprovada necessidade. (Acrescentado pela 
L-011.464-2007)
A lei de prisão temporária tem um prazo de custódia de cinco dias prorrogável por 
mais cinco dias. A lei de crimes hediondos diz: Calma! Se for um crime previsto nesta lei 
(hediondos), a prisão temporária será de 30 mais 30. Caiu isso para Delegado em MG, 
prova de segunda fase. Uma das questões mais interessantes sobre prisão temporária. 
Vamos tentar explicar isso com mais calma. Preste atenção.
A Lei 7960/89 prevê prisão temporária de 5 dias, prorrogáveis por mais cinco, 
desde que comprovada extrema necessidade. Na lei dos crimes hediondos, a prisão 
temporária é de 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias. 
E cabe prisão temporária em qualquer crime? Não. O art. 1º, III, da prisão 
temporária traz os crimes que admitem essa espécie de custódia.
Art. 1º Caberá prisão temporária: 
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer 
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do 
indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2º);
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2007-011464/2007-011464.htm
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2007-011464/2007-011464.htm
b) seqüestro ou cárcere privado (Art. 148, caput, e seus §§ 1º 
e 2º);
c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º);
e) extorsão mediante seqüestro (Art. 159, caput, e seus §§ 1º, 
2º e 3º);
f) estupro (Art. 213, caput, e sua combinação com o Art. 
223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (Art. 214, caput, e sua 
combinação com o Art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (Art. 219, e sua combinação com o Art. 
223, caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (Art. 267, § 1º);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou 
medicinal qualificado pela morte (Art. 270, caput, combinado com 
Art. 285);
l) quadrilha ou bando (Art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de 
outubro de 1956), em qualquer de suas formas típicas;
n) tráfico de drogas 
o) crimes contra o sistema financeiro
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo
Esses delitos admitem prisão temporária. Esse rol é taxativo ou exemplificativo. 
Qual é o raciocínio? O rol é taxativo. O prazo de prisão temporária é de 5 + 5. Cuidado ! 
Se o crime é hediondo, 30 + 30. Pergunto: Todas as letras correspondem a crime 
hediondo? Não. Olha a pergunta que eu vou fazer agora: todos os crimes hediondos estão 
aqui? São duas perguntas: o rol é taxativo? Sim! Se o crime só está na Lei 7.960 são 5 + 5 
dias o prazo de prisão temporária. Se o crime da prisão temporária está na lei dos crimes 
hediondos é 30 + 30. Todas as letras correspondem a crime hediondo? Não. E todos os 
crimes hediondos estão abrangidos pelo inciso III da lei de prisão temporária? Não. E 
agora?
LEI 7960/89 LEI 8072/90
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/1956-002889-genocidio/2889-56.html
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/1956-002889-genocidio/2889-56.html
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/1956-002889-genocidio/2889-56.html
Prisão temporária: 5 dias + 5 dias Prisão temporária? 30 dias + 30 dias
Art. 1º, III:
a) Homicídio – 121, CP O homicídio, se cometido por grupo de 
extermínio ou qualificado, o prazo passa a 
ser de 30 + 30
*b) Sequestro e cárcere privado – 148, CP
c) Roubo – 157, CP O roubo, se qualificado pela morte, 30 + 30
d) Extorsão – 158, CP
A extorsão, se qualificada pela morte, 30 + 
30
e) Extorsão mediante sequestro – 159, CP
O sequestro, simples ou qualificado, 30 + 
30.
f) Estupro – 213, CP
O estupro, simples ou qualificado, 30 + 30.
g) Atentado violento ao pudor – 214, CP
O atentado violento ao pudor, simples ou 
qualificado, 30 + 30.
h) Rapto
i) Epidemia com resultado morte – 267, § 
1º, CP
É hediondo – É igualzinho à lei dos crimes 
hediondos
*j) Envenenamento de água potável – 270, 
CP
*l) Quadrilha ou bando – 288, CP
m) Genocídio Hediondo, logo, 30 + 30
n) Tráfico Equiparado a Hediondo, logo, 30 + 30
*o) Crime contra o Sistema Financeiro
* p) Terrorismo
Esses crimes admitem prisão temporária com 
qual prazo? 5 + 5, salvo, se também estiverem 
na lei de crimes hediondos. Fazendo a 
Aqui, é possível prisão temporária 30 + 30
comparação, os únicos que obedecem ao prazo 
de 5 + 5 são os marcados com asterisco, ou seja, 
dos 14, só 5.
Então, já deu para concluir o quê? Que o prazo de 5 dias será necessariamente para:
 Sequestro e cárcere privado – 148, CP
 j) Envenenamento de água potável – 270, CP
 l) Quadrilha ou bando – 288, CP
 o) Crime contra o Sistema Financeiro
 p) Terrorismo
No mais, é possível prisão temporária 30 + 30.
Reparem que há crimes hediondos ou equiparados a hediondos que não 
estão no quadro. Foram esquecidos pela prisão temporária, mas estão previstos na lei dos 
crimes hediondos. Quais são? Por exemplo, a tortura. Qual é o prazo de prisão 
temporária da tortura? Qual é o prazo da prisão temporária na corrupção de 
medicamentos? Primeira coisa: Admite prisão temporária? 
Prestem atenção:
1ª Corrente: Se a tortura e a corrupção de medicamentos não estão no inciso III, 
do art. 1º, da lei da prisão temporária, não comportam essa espécie de prisão. Só 
cabe prisão temporária nos crimes do inciso III, do art. 1º dessa lei especial. Fora 
deste rol, não cabe prisão temporária. Logo, se a tortura e a corrupção de 
medicamentos não estão neste rol taxativo, não admitem prisão temporária. Não é a 
corrente correta.
2ª Corrente: Para essa corrente (que é a correta), a tortura e a corrupção de 
medicamentos admitem prisão temporária. Por quê? Porque o § 4º, do art. 2º, da lei 
de crimes hediondos, diz: “os crimes previstos nesta lei (e os dois estão previstos 
nesta lei – lei de crimes hediondos - admitem prisão temporária). Tem previsão 
legal! Então, esses crimes admitem prisão temporária e se admitem prisão 
temporária, o prazo vai ser de 30 mais 30 dias.
Em resumo: Tem previsão legal e o prazo é de 30 + 30. Então, dá para perceber o 
seguinte: A lei de crimes hediondos não ampliou somente o prazo de prisão 
temporária. Ela ampliou o rol dos crimes que admitem essa espécie de prisão.
3.7. LIVRAMENTO CONDICIONAL (art. 5º, da Lei 11.474/07)
O art. 5º acrescentou ao art. 83, do Código Penal o inciso V, permitindo o 
livramento condicional para crime hediondo. Porém, com condições objetivas mais 
rigorosas. Vamos analisar o art. 83, do Código Penal, com esse

Outros materiais