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CENTRO UNIVERSITÁRIO – UNA FISIOTERAPIA APLICADA AS DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS Sheila Lauriete De Souza DOENÇA DE HUNTINGTON DOENÇA DE PARKISON ITABIRA – MG 2021 DOENÇA DE HUNTINGTON INTRODUÇÃO Descrita por George Huntington em 1872, a doença de Huntington ou coréia de Huntington (como também é conhecida) é uma afecção degenerativa progressiva do sistema nervoso com padrão de herança autossômico dominante de penetråncia completa. Caracteriza pela perda de coordenação motora, alterações psiquiátricas, declínio cognitivo e demência progressiva. A DH é causada pela mutação no gene da proteína huntingtina. A nível cerebral, a huntingtina mutante causa a morte seletiva de neurónios do estriado, córtex e hipotálamo. Esta mutação resulta na alteração de múltiplos mecanismos intracelulares que conduzem à disfunção das vias nigro- e corticoestriatal. Apresenta uma prevalência de 3 a 10 indivíduos por cada 100.000 no oeste Europeu e América do Norte. FISIOPATOLOGIA: A doença de Huntington (DH ) é um distúrbio de movimento autossômico dominante associado com a degeneração do estriado (caudado e putâmen ). O distúrbio de movimento é coreiforme (tipo dança), com movimentos espasmódicos crescentes e involuntários de todas as partes do corpo; a contorção das extremidades é característica. A doença é implacavelmente progressiva, resultando na morte após um curso médio de 15 anos. Os primeiros sintomas cognitivos incluem o esquecimento e transtornos de pensamento e afetivos, podendo haver a progressão para demência grave. Como parte integrante dessas primeiras mudanças de comportamento, a DH porta um risco elevado de suicídio. Como sugerido pela ocorrência de ampla gama de déficits neurológicos na DP, a coloração imuno-histoquímica para a -sinucleína realça mais corpúsculos de Lewy e os neuritos de Lewy sutis em muitas regiões do cérebro fora da substância negra e nos neurônios não dopaminérgicos. Essas lesões aparecem primeiramente na medula e depois na ponte, antes do envolvimento da substância negra. Como sugerido pela demência, os corpúsculos de Lewy e os neuritos de Lewy acabam aparecendo no córtex cerebral e nas áreas subcorticais, incluindo as células colinérgicas do núcleo basal de Meynert e na amídala. A DH é provocada por expansões repetidas do tri nucleotídeo C AG em um gene localizado em 4p16. 3, que codifica a proteína huntingtina. Os alelos normais contêm 11-34 cópias da repetição; nos alelos causadores da doença, a quantidade de repetições é maior, às vezes na ordem de centenas. Há uma forte correlação genótipo -fenótipo, com grande quantidade de repetições, resultando no início precoce da doença. Depois que os sintomas aparecem, porém, o curso da doença não é afetado pelo tamanho das repetições. Outras expansões das repetições do CAG podem ocorrer durante a espermatogênese, de modo que a transmissão paternal pode estar associada com o início mais precoce na geração seguinte, fenômeno classificado como antecipação. A DH parece ser provocada por uma mutação tóxica de ganho funcional de algum modo relacionada ao trato expandido da poli glutamina na huntingtina. A proteína mutante está sujeita aubiquitinação e proteólise, produzindo fragmentos que podem formar grandes agregados intranuleares. Assim como em outras doenças degenerativas, suspeita -se que os agregados menores de fragmentos de proteína anormal sejam o agente tóxico crítico. Esses agregados podem sequestrar os fatores de transcrição, romper as vias de degradação da proteína, perturbar a função mitocondrial ou alterar as inalização do fator neuro trófico derivado d o cérebro (BDNF). Ao exame macroscópico, o cérebro é pequeno e exibe atrofia notável do núcleo caudado e,às vezes menos radicalmente, do putâmen. As alterações patológicas se desenvolvem ao longo do curso da doença em direção medial para lateral no caudado e de dorsal ara ventral no putâmen. O globo pálido pode estar atrofiado secundariamente, e o ventrículo lateral e o terceiro ventrículo estão dilatados. Frequentemente, a atrofia também é vista no lobo frontal, com menos frequência no lobo parietal e, ocasionalmente, no córtex inteiro. O exame microscópico revela perda grave de neurônios nas regiões afetadas do estriado. Os neurônios espinhosos de médio porte que liberam os neuro transmissores g-ácido aminobutírico (GABA), encefalina, dinorfina e substância P são especialmente sensíveis, desaparecendo precocemente na doença. Também é observada gliose fibrilar, que é mais ampla d o que na reação normal à perda neuronal. Há uma forte correlação entre o grau d e degeneração no estriado e a gravidade dos sintomas motores; também existe associação entre a perda neuronal cortical e a demência. Nos neurônios es triados remanescentes e no córtex, existem inclusões intranucleares que contêm agregados de proteína huntingtina ubiquitinizada. EPIDEMIOLOGIA No Brasil não existem dados sobre a real prevalência ou incidência da coréia de Huntington. A prevalência de indivíduos afetados com DH tem uma distribuição relativamente homogênea em todo mundo variando de 5 a 10 casos por 100.000 indivíduos. Em algumas áreas, tais como certas regiões da Tasmânia e as margens do lago Maracaibo na Venezuela a prevalência é particularmente maior que em outras regiões, sugerindo a influência do efeito do fundador. Em países como Japão, China, Finlândia e no continente africano a prevalência de doença de Huntington é menor que a média descrita nos outros locais do mundo. SINAIS E SINTOMAS • Movimentos involuntários coreicos atingindo membros face e tronco. • Ansiedade, perturbações psíquicas, irritabilidade, alterações do sono. • Processo demencial progressivo. • Alteração da coordenação motora. • Alteração do equilíbrio (quedas frequentes). • Instabilidade postural. • Distúrbio na Marcha. • Alteração no controle respiratório. • Disastria e disfagias. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da DH pode ser realizado baseado na presença das manifestações clínicas de disfunção motora progressiva, envolvendo movimentos voluntários e involuntários, acompanhados de distúrbios mentais como déficit cognitivo, distúrbios afetivos e alterações de personalidade em pacientes que apresentam uma história familiar positiva de DH. DIAGNÓSTICO IMAGÉTICO: Com o uso de métodos modernos de neuroimagem como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância nuclear magnética (RNM), tornou-se possível o estudo da alterações neuro anatômicas que ocorrem nos pacientes com coréia de Huntington, bem como documentar tais alterações e correlacioná-las com a evolução clínica da doença, além de fornecer um excelente parâmetro para avaliar algum tratamento proposto. DIAGNÓSTICO MOLECULAR: O diagnóstico molecular é realizado para confirmar se um paciente com a suspeita clínica da síndrome realmente apresenta a doença de Huntington. O teste genético via de regra é o método com melhor relação custo-efetividade quando se deseja realizar o diagnóstico diferencial de outras afecções coreiformes em adultos. No entanto, o diagnóstico através da análise do DNA é um procedimento complexo, com uma variedade de implicações médicas, psicológicas, éticas e financeiras. Diagnóstico pré-natal: Em portadores da mutação da DH o diagnóstico pré-natal altera o risco do feto de 50% para próximo de 0 a 100%. A maioria dos serviços de genética não realiza o diagnóstico pré-natal devido ao impacto que este pode ocasionar nos pais da criança, e além de ser um exame invasivo, não provocará nenhuma mudança quanto ao manejo da criança, preferindo realizar o aconselhamento. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: O diagnósticoda doença de Huntington nem sempre é fácil, principalmente quando os pacientes se encontram em um dos três seguintes grupos, nos quais os erros diagnósticos são frequentes: • Pacientes com quadro clínico de coréia de Huntington sem uma história familiar positiva para esta síndrome; • Pacientes com risco de desenvolver a coréia de Huntington e que se apresentam sem movimentos coreicos, mas com sintomas psiquiátricos não devidos a coréia de Huntington; • Pacientes com coréia provocada por outra doença; Uma variedade de outras doenças podem provocar sintomas de coréia ou distonia, estando algumas delas associadas com demência. TRATAMENTO A doença de Huntington é uma enfermidade incurável, cuja progressão não pode ser interrompida, sendo que o tratamento é puramente sintomático. A terapia farmacológica, com drogas bloqueadoras dos receptores dopaminérgicos, que podem controlar a discinesia e alguns dos distúrbios comportamentais, tratando de forma objetivo os sintomas de depressão, ansiedade e alterações do comportamento. Assim, frequentemente são utilizados medicamentos antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos. Muito importante é ter uma abordagem multidisciplinar com acompanhamento com: Neurologista; Fisioterapia; Terapia ocupacional; Fonoaudiologia; Psicologia; Nutricionista. OBEJETIVOS FISIOTERAPÊUTICOS • Melhorar o controle da postura estática, sentado e de pé. • Prolongar deambulação assistida • Melhorar movimentos ativos e coordenação motora fina; • Auxiliar na facilitação das trocas posturas. • Melhorar a qualidade de vida de vida do paciente. • Prevenir complicações respiratórias. • Prevenir deformidades osteomioarticulares. • Manter o paciente independente por mais tempo possível. Esses objetivos podem ser alcançados através de: Tratamentos fisioterapêuticos ticos específicos; Modificações de atividades e adaptações cortes e cadeiras de roda Estágios iniciais e intermediários: METAS INTERVENÇÕES • Manter o equilíbrio mobilidade funcional. -Exercícios ativos em cadeia cinética fechada para facilitar o controle dos movimentos involuntários. -Treino próprio ser tipo. - Alongamento passivo global. -Mobilizações articulares. -Treino de marcha com auxílio do terapeuta. -Trabalho de trocas posturais (treino funcional). -Estimulação de equilíbrio sentado no colchão na bola suíça. -Trabalho de coordenação motora. -Exercícios respiratórios. 1- Treino das reações de equilíbrio, retificação e proteção com transferência de peso látero-lateral e ântero-posterior. 2- Dissociação de cinturas escapular e pélvica com objetivo de modelar o tônus muscular realizadas na posição sentada no rolo ou feijão. 3- Para inibição dos movimentos coreicos, realizar treino das reações de equilíbrio estático e dinâmico na postura ortostática, com assim como propriocepção. Praticar o treino das reações de equilíbrio, nas posições ajoelhado, semi-ajoelhado e os ortostática. Utilizar discos e almofadas proprioceptiva, para gerar instabilidade de promover o treino de equilíbrio estático e dinâmico. 4-Cordenação motora: utilizar jogos pedagógicos, alcance de alvo, treino de locomoção na cadeira de rodas com obstáculos no chão. 5-Realizar atividade funcional ativo e/ou ativo assistido de auto cuidado com a simulação de vestir-se, de beber água, comer, cortar alimento, abrir a torneira e outras AVDs. 6- Treino de marcha: ultrapassar obstáculos. Subir descer escada. Deambulação em diversas direções. Circuitos. Evolução da atividade: Altera a velocidade da marcha e a direção do movimento. Exercícios aeróbio. Exercícios respiratórios. FISIOTERAPIA NA FASE TARDIA: Os objetivos da fisioterapia são redirecionados para o tratamento da função respiratória, controle de tronco superior inferior, além da manutenção da adm. O tratamento de reabilitação intensiva pode influenciar positivamente na manutenção do desempenho motor e funcional em pacientes com a doença de Huntington. DOENÇA DE PARKINSON INTRODUÇÃO A doença de Parkinson é considerada a segunda doença d generativa que mais acomete os idosos na faixa de 65 anos, e no brasil sua incidência é cerca de 200 mil pessoas, segundo a OMS. É uma patologia progressiva de etiologia desconhecida, que afeta o sistema nervoso central e principalmente o sistema motor. FISIOPATOLOGIA: Na etiologia da DP interagem de forma complexa fatores genéticos, ambientais (exposição a pesticidas e metais pesados, desnutrição, obesidade) e o próprio envelhecimento. Em cerca de 10% a 15% dos casos, a moléstia é de natureza genética, sendo que mais de 20 loci já foram identificados. As formas genéticas da doença, geralmente, são de início mais precoce. Do ponto de vista fisiopatológico, a expressão motora da DP é decorrente de uma deficiência na transmissão dopaminérgica na via nigroestriatal, consequência do processo degenerativo que acomete os neurônios mesocefálicos nigrais. Atualmente, considera-se que a participação de depósitos anormais da alfassinucleína (proteína de ação pré-sináptica) esteja envolvida na etiopatogenia da DP. Admite-se que, sob a influência dos fatores etiológicos, ocorram alterações estruturais na molécula desta proteína que favorecem a sua agregação e o acúmulo em populações neuronais mais suscetíveis, tais como substância negra, locus ceruleus, entre outras, levando à disfunção de organelas e sistemas celular que acarretam a mor te neuronal. Por tanto, a DP é considerada uma proteinopatia da classe das si-nucleinopatias, juntamente com demência por corpos de Lewy e a atrofia de múltiplos sistemas. Do ponto de vista anatomopatológico, há a ocorrência de perda neuronal em diversas regiões do encéfalo com o aparecimento à microscopia de corpúsculos de Lewy, corpos de inclusão eosinofílicos no corpo dos neurônios, expressando o acúmulo de alfassinucleína. As manifestações motoras da DP decorrem principalmente da perda progressiva de neurônios da parte compacta da substância negra. A degeneração nesses neurônios é irreversível e resulta na diminuição da produção de dopamina. Manifestações não motoras da doença tais como hiposmia, constipação intestinal, depressão e transtorno comportamental da fase REM (rapid eye movement) do sono, podem estar presentes anos antes do surgimento das alterações motora EPIDEMIOLOGIA • Média de 55 anos em ambos os sexos; • Pode variar de aparecimento desde os 20 aos 80 anos; • Prevalência para homens é maior que para as mulheres (60% x 40%); Níveis genéticos ou níveis de estresse; • 160 casos/100.000 habitantes atualmente – é elevada para uma doença neurodegenerativa. A ideia é que se tenha 20 casos/100.000 habitantes. • Estima-se que 0,1% da população brasileira sofra da doença e essa SINAIS E SINTOMAS Tremores (TREMOR DE REPOUSO) Inclinação de corpo (cabeça para frente) Rigidez facial (face em máscara – sem muita expressão facial) Rigidez de áreas de articulação Postura com angulação diferente (totalmente inclinada) Coluna flexionada É uma doença que provoca: • Bradicinesia: Lentidão do movimento; Dificuldade para iniciar movimento; Redução da amplitude dos movimentos • Fala torna-se baixa • Escrita manual fica pequena e lenta • Alteração da deglutição – Podendo entrar em desnutrição • Distúrbios do sono • Alteração do ritmo intestinal – Alterações autonômicas • Diminuição do olfato • Instabilidade postural DIAGNÓSTICO Não existem exames específicos para se diagnosticar a Doença de Parkinson, ele é essencialmente clínico, são feitos exames laboratoriais ou de imagem para diagnostico diferencial. Há alguns sinais clínicos úteis para suspeitar a possibilidade de haverdoença que não a Doença de Parkinson, como: início dos sintomas bilaterais; simetria; ausência de tremor; resposta débil ou inexistente à levodopa; quedas frequentes em fase inicial; paralisia dos movimentos oculares verticais, principalmente para baixo. Encontra-se margem de erro no diagnóstico da Doença de Parkinson, principalmente nas fases inicias. Pode ser necessário consultas regulares com neurologistas, para só depois obter um diagnóstico TRATAMENTO A doença de Parkinson ainda não possui cura e nem tanto um tratamento disponível que impeça efetivamente a progressão da doença apenas tratamentos que controlem os sintomas. Por ser uma doença complexa, o tratamento deve ser individualizado e mudar periodicamente. O tratamento é baseado em uma série de fatores, que incluem desde os sintomas atuais, idade, perfil de efeitos colaterais, bem como atividade diária do paciente, visando aliviar os sintomas e retardar o progresso da doença. Diversas categorias de medicamentos estão disponíveis no mercado farmacêutico. O uso do carbidopa/levodopa é, ainda hoje, o tratamento sintomático de maior eficácia, podendo ser utilizado em combinação com outros grupos de medicamentos. OBEJETIVOS FISIOTERAPÊUTICOS A fisioterapia voltada para pacientes parkinsonianos tem como objetivo minimizar os problemas motores causados tanto pelos sintomas primários da doença quanto pelos secundários, ajudando o paciente a manter a independência para realizar as atividades do dia- a-dia e melhorando sua qualidade de vida, que pode ser por uso de aparelhos auxiliares. Objetivos gerais: • Retardar ou minimizar a progressão e efeitos dos sintomas da doença • Evitar o desenvolvimento de complicações secundárias • Manter ao máximo as capacidades funcionais do paciente Objetivos específicos: • Manter ou aumentar a ADM • Evitar contraturas e deformidades • Melhorar o padrão respiratório e a expansibilidade torácica • Melhorar as reações de equilíbrio e proteção • Manter as habilidades funcionais • Retardar a fraqueza muscular • Corrigir posturas • Melhorar o padrão de marcha CONDUTA: • Exercícios de ADM • Alongamento lento e passivo • Exercícios ativos e funcionais • Dissociação de cintura escapular e pélvica • Transferência de peso sentado e em pé • Rotação de tronco com extensão • FNP
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