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A INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

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O TRABALHO PROFISSIONAL: A 
INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NAS 
POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS 
 
A LOAS e a intervenção profissional do assistente social 
 
Acadêmico 
José Glauber Melo de Oliveira 
 
 
 
 
Tutor 
Maria Jeanne de Oliveira Siqueira 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 
Curso Serviço Social (0465) - Seminário Interdisciplinar VI 
21/04/2021 
 
 
RESUMO 
 
O princípio da Dignidade da Pessoa Humana, trazido pela Constituição da Federal de 1988 
como um de seus objetivos, está intrinsecamente ligado a efetivação dos direitos sociais, 
dentre os quais, mais especificamente, o segurado pela Lei Orgânica da Assistência Social 
(LOAS), tendo em vista que a referida legislação, resguarda um mínimo de dignidade para as 
pessoas que sobrevivem em estado de miserabilidade e aquelas que não tiveram a 
possibilidade de se inserir na sociedade, ficando, portanto a sua margem. 
 
Palavras-chave: Dignidade; Constituição; Lei Orgânica. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A construção do direito da Assistência Social é recente na história do 
Brasil. Durante muitos anos a questão social esteve ausente das formulações 
de políticas no país. O grande marco é a Constituição de 1988, chamada de 
Constituição Cidadã, que confere, pela primeira vez, a condição de política 
pública à assistência social, constituindo, no mesmo nível da saúde e 
previdência social, o tripé da seguridade social que ainda se encontra em 
construção no país. A partir da Constituição, em 1993 temos a promulgação da 
Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), no 8.742, que regulamenta esse 
aspecto da Constituição e estabelece normas e critérios para organização da 
assistência social, que é um direito, e este exige definição de leis, normas e 
critérios objetivos. Esse arcabouço legal vem sendo aprimorado desde 2003, a 
partir da definição do governo de estabelecer uma rede de proteção e 
promoção social, de modo a cumprir as determinações legais. Dentre as 
iniciativas, destacamos a implementação do Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS), em 2005, conforme determinações da LOAS e da Política 
Nacional de Assistência Social. É o mecanismo que permite interromper a 
fragmentação que até então marcou os programas do setor e institui, 
efetivamente, as políticas públicas da área e a transformação efetiva da 
assistência em direito. 
 
 
2.0 Princípios e diretrizes 
Princípios e Diretrizes Inicialmente, a fim de proporcionar melhor 
compreensão sobre a temática, torna-se imprescindível a apresentação do 
significado dos termos PRINCÍPIO e DIRETRIZ, cuja bibliografia léxica define 
que o primeiro é um preceito, uma regra ou lei, sendo que preceito remete a 
norma de procedimento, a ensinamento, doutrina, ordem, determinação ou 
prescrição. Sobre diretriz encontra-se a seguinte definição: um conjunto de 
instruções ou indicações para se tratar e levar a termo um plano ou ação; 
também subentendida como norma de procedimento. Em artigo, Berclaz (2002, 
p. 03) cita Norberto Bobbio que, no campo dos estudos jurídico-filosóficos 
realizados pelo pesquisador italiano, aduziu: Para sustentar que os princípios 
gerais são normas os argumentos vêm a ser dois, e ambos válidos: antes de 
mais nada, se são normas aquelas das quais os princípios gerais são 
extraídos, através de um procedimento de generalização sucessiva, não se vê 
por que não devam ser normas também eles: se abstraio de espécies animais 
obtenho sempre animais, e não flores ou estrelas. Em segundo lugar, a função 
para a qual são abstraídos e adotados é aquela mesma que é cumprida por 
todas as normas, isto é, a função de regular um caso. Berclaz adiante explicita 
que: (...) conhecer as normas jurídicas sem a adequada compreensão dos 
princípios que as informam é mais ou menos como conhecer as árvores sem 
conhecer a própria floresta, ou seja, conhecer o particular sem ter a noção do 
que seja o todo, primar pela individualidade em detrimento do conjunto. 
(Berclaz, 2002, p. 03) Correlacionando ao tema principal, contemplada em 
dispositivo da Constituição no campo da Seguridade Social como política 
pública de proteção social não contributiva, de direito de cidadania e 
responsabilidade estatal, a assistência social se apresenta em processo de 
construção que, balizada em uma atuação proativa, objetiva a redução das 
desproteções sociais, o provimento continuo dos benefícios e serviços 
socioassistenciais protetivos, qualidade nos resultados, e que esteja pautada 
numa gestão democrática. Sposati argumenta que: A inclusão da Assistência 
na Seguridade Social foi uma decisão plenamente inovadora. Primeiro, por 
tratar esse campo como conteúdo da política pública, de responsabilidade 
estatal, e não como uma nova ação, com atividades e atendimentos eventuais. 
Segundo, por desnaturalizar o princípio da subsidiariedade, pela qual a função 
da família e da sociedade antecedia a do Estado. (...) Terceiro por introduzir um 
novo campo em que se efetivam os direitos sociais (Sposati, 2009, p.14). De 
acordo com a mesma autora, a assistência social, como política de Estado no 
Brasil, apresenta “uma regulação social tardia e frágil na efetivação dos direitos 
sociais, principalmente pela vivência de processos ditatoriais agravados pela 
sua duração e travamento da maturação democrática da sociedade” (Sposati, 
2005, p. 508). Assim, após 25 anos da Constituição Cidadã e duas décadas da 
promulgação da Lei Orgânica de Assistência Social/LOAS, analisar, aprofundar 
o debate acerca das diretrizes e princípios da política de assistência social e 
atualizar o conteúdo quanto aos seus direcionamentos normativos ou aspectos 
jurídicos-político, além de fortalecer a perspectiva de sua consolidação como 
direito social, leva à defesa enquanto política pública. Desse modo, entende-se 
que a assistência social, como política de Seguridade Social, está estruturada 
por um conjunto de normas e regras que visam a implementação e 
operacionalização, ou seja, ao provimento da proteção social a partir de 
dispositivos legais, sendo a diretiva geral estabelecida pela LOAS, no Capítulo 
II, Seções I e II. 
 
 2.1 Os benefícios eventuais posteriores à Lei Orgânica da Assistência Social 
 
A política de assistência social avançou ao reconhecer benefícios 
enquanto direitos socioassistenciais. Auxílios e benefícios eram concessões 
presentes, porém não legitimadas. Desde 1993, quando o auxílio-natalidade e 
o auxílio-funeral foram trazidos para o âmbito da assistência social, sua 
provisão junto aos municípios tem se mostrado desregulada. Embora não 
estejam explicitamente definidos na Loas, os Benefícios Eventuais constituem, 
na história da política social moderna, a distribuição pública de provisões 
materiais ou financeiras a grupos específicos que não podem, com recursos 
próprios, satisfazerem suas necessidades básicas. Trata-se de um instrumento 
protetor diferenciado sob a responsabilidade do Estado que, nos termos da 
Loas, não tem um fim em si mesmo, posto que inscreve em um espectro mais 
amplo e duradouro de proteção social, do qual constitui a providência mais 
urgente. (Pereira, 2010, p. 11). Algumas iniciativas estatais já se fizeram 
presente no intuito de regulamentá-los, mas a situação ainda não se 
concretizou plenamente no conjunto dos municípios brasileiros. Por mais de 
uma década esses benefícios ficaram meio esquecidos, o que contribuiu para 
que ainda hoje a situação irregular permaneça. Embora antecipado por 
algumas iniciativas de regulamentação desses benefícios, foi, na verdade, a 
partir de 2006 que se deu maior visibilidade a esse assunto, promovendo 
alguns avanços rumo à regulamentação desse direito: em atenção ao que a 
Loas preconizava no artigo 22, o Conselho Nacional de Assistência Social 
(CNAS) editou a Resolução n. 212, em 19 de outubro daquele ano e, no ano 
seguinte, o governo federal instituiu o Decreto n. 6.307, em 14 de dezembrode 
2007. Dois documentos importantes e fundamentais que merecem, aqui, ser 
analisados e que provavelmente serviram de base para a pro- moção de 
algumas regulações ocorridas no país a partir de então. 
É fato que as várias iniciativas e normatizações descritas aqui foram 
importantes, mas não suficientes para que os benefícios eventuais fossem 
realmente regulados no conjunto dos municípios brasileiros. O fato de ser um 
benefício eventual não retira a obrigatoriedade de ser e estar devidamente 
articulado com os serviços socioassistenciais, com outras políticas públicas e 
ser operacionalizado a partir dos princípios e diretrizes do Suas. Tal 
perspectiva normatizado colocar-se em contraponto a um benefício executado 
historicamente de forma fragmentada e dissociado dos princípios de uma 
política de proteção social não contributiva. Aqui reside a necessidade de se 
fazer entender que ocorrências de contingências sociais, vulnerabilidades 
sociais e calamidades públicas merecem respostas e atenção na perspectiva 
do direito e na universalidade do acesso, sendo devidamente qualificadas. 
2.2 Históricas Sobre a Seguridade Social. 
 A Seguridade Social no Brasil consiste num conjunto de políticas 
sociais cujo objetivo visa amparar e assistir os cidadãos que se encontram em 
situações de necessidade. 
 Posto isso, pode-se dizer que os indícios de direito de natureza 
securitária já pairavam na primeira Constituição do Brasil (1824), como era 
previsto em seu inciso XXXI do artigo 179 que assegurava o socorro público 
em determinados casos, como, por exemplo, calamidades públicas, epidemias 
entre outras. 
Desta feita, as demais Constituições Brasileiras também trouxeram 
resquícios da seguridade social em seu texto, como pode ser percebido pelas 
disposições da Constituição de 1891, que apresentou pela primeira vez a 
palavra aposentadoria, ressaltando-se que, para a concessão da mesma não 
era necessário nenhum tipo de contribuição pelo beneficiário, uma vez que o 
custeio era integralmente do Estado. 
Já a Constituição de 1934 trazia mais detalhes sobre a proteção social, 
como, por exemplo, na alínea c, inciso XIX, do artigo 5º, que atribuía à União 
competência para legislar sobre a assistência social. 
Com a promulgação da Constituição de 1937, com forte incidência dos 
dogmas do Estado Social, viu-se explícito a proteção do Estado ao direito das 
crianças, adolescentes e pais miseráveis, que em seu artigo 137 resguardava a 
proteção à velhice, vida, invalidez e acidentes de trabalho, uma prova clara da 
evolução da seguridade social. Não bastante, nesse mesmo ano, houve, 
também, a criação do Conselho Nacional de Seguridade Social (CNSS). 
Com o passar dos anos, a assistência social foi se fortalecendo, sendo 
que em 1974 foi criada a renda mensal vitalícia, reconhecida como “amparo 
previdenciário”, instituído pela Lei 6.179, custeado pela Previdência Social que 
oferecia aos beneficiários uma quantia correspondente à metade do salário 
mínimo. Com o avento da Carta Magna de 1988, conhecida como a 
Constituição Cidadã, seu valor passou a ser o equivalente a um salário mínimo. 
Diante disso, às pessoas que faziam jus ao benefício seriam aquelas 
que apresentassem idade superior a 70 anos ou deficientes que não 
exercessem atividades remuneradas, não auferindo qualquer rendimento 
superior ao valor de sua renda mensal, nem fossem subsidiados por pessoas 
de quem dependessem obrigatoriamente, não tendo, portanto, outro meio de 
prover a própria subsistência, conforme percebe-se pela leitura do art. 1º, da lei 
6.179/74 “in verbis”. 
“Os maiores de 70 (setenta) anos de idade e os inválidos, 
definitivamente incapacitados para o trabalho, que, num ou 
noutro caso, não exerçam atividade remunerada, não 
aufiram rendimento, sob qualquer forma, superior ao valor 
da renda mensal fixada no artigo 2º, não sejam mantidos por 
pessoa de quem dependam obrigatoriamente e não tenham 
outro meio de prover ao próprio sustento, passam a ser 
amparados pela Previdência Social, urbana ou rural, 
conforme o caso, desde que: 
I - tenham sido filiados ao regime do INPS, em qualquer 
época, no mínimo por 12(doze) meses, consecutivos ou não, 
vindo a perder a qualidade de segurado; ou 
II - Tenham exercido atividade remunerada atualmente 
Incluída no regime do INPS ou do FUNRURAL, mesmo sem 
filiação à Previdência Social, no mínimo por 5 (cinco) 
anos, consecutivos ou não, ou ainda: 
III - tenham ingressado no regime do INPS, após 
complementar 60 (sessenta) anos de idade sem direito aos 
benefícios regulamentares.” 
 A Constituição de 1988 também trouxe uma grande novidade ao 
apresentar e solidificar de vez a Seguridade Social em seu artigo 194, 
assegurando os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência 
social, tendo em vista que, até então, havia somente resquícios do instituto da 
seguridade social no Brasil, basicamente regulamentado por legislação 
extravagante. 
Na esteira das novidades apresentadas pela Constituição, a refletir na 
esfera previdenciária, esteve também a nova concepção de família 
apresentada pela Carta magna que ampliou a abrangência do conceito 
possibilitando que os benefícios da Previdência social atingissem maior número 
de pessoas. 
Neste passo torna-se relevante considerar alguns aspectos relativos à 
família uma vez que o benefício estabelecido pela LOAS traz em seu bojo a 
análise do grupo e renda familiares. 
A partir de uma breve análise da evolução histórica da organização das 
famílias identifica-se que no século XIX grandes alterações se fizeram sentir 
com a revolução industrial, quando fenômenos como a instalação de uma 
massa populacional nas cidades, alterações no consumo, nas relações de 
trabalho desaguaram em forçosa modificação de paradigmas. 
O espaço doméstico se reduz; o casal mediano é 
obrigado a compartilhar o mesmo leito, o mesmo cubículo 
conjugal. A indissolubilidade do casamento, talvez mesmo 
por esta causa, começa a ser posta em xeque. A mulher 
se vê na contingência de trabalhar para sustentar o lar, 
assumindo esta nova postura com orgulho e obstinação. 
Começa a libertação feminina, fazendo ruir o 
patriarcalismo. (FIUZA, 2003, p.34) 
Dando sequencia às transformações sociais, a nova situação da mulher 
dentro da família foi terreno fértil para a revolução sexual ocorrida no século XX 
que pôs à prova outros paradigmas como o heterossexualismo, o 
patriarcalismo e a posição do homem como chefe da família. 
Todas estas alterações permitiram um alargamento do conceito de 
família para além daquele que a concebia como núcleo composto por pai, mãe 
e filhos, sendo a união dos pais baseada no casamento. 
Faz-se necessário ter uma visão pluralista do conceito de 
família, abrigando os mais diversos arranjos familiares, 
devendo-se buscar a identificação do elemento que 
permita enlaçar no conceito de entidade familiar todos os 
relacionamentos que tem origem em um elo de 
afetividade, independente de sua conformação. (DIAS, 
2005, p.40) 
A Constituição formalizou uma realidade que já não era mais possível 
conter. Apresentou no exemplificativo e aberto artigo 226, três tipos diversos de 
entidades familiares: a família decorrente do casamento, a decorrente das 
uniões estáveis e as monoparentais. 
Dentro deste contexto histórico o giro paradigmático teve reflexos no 
Direito previdenciário. O artigo 241 da Lei 8.112 de 1990 apresenta o seguinte 
conceito de família: 
Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do 
cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas 
expensas e constem do seu assentamento individual. 
Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira 
ou companheiro, que comprove união estável como 
entidade familiar. 
Para fins de cálculo do Benefício de prestação continuada o mesmo 
conceito se aplica, considerando-se componentes do grupo familiar todos 
aqueles que vivam sob dependênciaeconômica de uma pessoa ou casal. Esta 
concepção está em consonância com a moderna conceituação de família e 
proporciona o alcance da proposta assistencial de favorecer e atingir com o 
benefício governamental o maior número de pessoas, que não tenham 
assegurado um mínimo de dignidade em suas vidas. 
Com isso, restou claro o reconhecimento da assistência social como 
dever do Estado no campo da seguridade social e não mais política isolada a 
complementar à Previdência, decorrente apenas do acompanhamento do 
direito aos anseios da sociedade. 
Hoje, a seguridade social aparece como uma das fontes de garantia aos 
direitos fundamentais, dentre eles, em especial, a dignidade da pessoa 
humana, princípio reitor das relações humanas, que se afirma desde o 
Preâmbulo da Constituição Federal, esculpindo-se como um dos objetivos do 
Estado Brasileiro (inciso III, artigo 1º, CF/88), e reafirmando-se, no tocante à 
assistência social, no artigo 203 da Constituição Federal de 1988, que 
assegura a prestação de auxílio às pessoas, mesmo que nunca tenham 
contribuído para os quadros orçamentários da Previdência Social. 
Ademias, a Constituição Cidadã de 1988 elevou a seguridade social ao 
nível de Direitos Fundamentais, conforme se extrai de seu artigo 6º, por onde 
se asseverou que: 
“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a 
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição.” 
3 Aspectos Legislativos da LEI 8.742/93- Lei Orgânica da Assistência 
Social (LOAS) 
Tendo como fonte principal o inciso V, do artigo 203, da Carta Maior, a 
LOAS foi de forma específica, promulgada para disciplinar o referido comando 
legal que assegura a assistência social para quem dela necessitar, 
independente de qualquer tipo de contribuição ou filiação à Previdência Social, 
garantido, assim, a quantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa 
portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir meio de prover a 
própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, o que extinguiu, 
contudo, a renda mensal vitalícia. 
O benefício assistencial trazido no contexto legal da LOAS poderá ser 
concedido a mais de um membro da mesma família, desde que não ultrapasse 
a renda per capta de ¼ do salário mínimo para cada integrante do contexto 
familiar, visto que o benefício passará a compor a renda familiar. 
Entretanto, conforme se dispõe o parágrafo único, do artigo 34, do 
Estatuto do Idoso, o benefício concedido a qualquer membro da família não 
será computado para fins de cálculo da renda familiar per capta a que se refere 
a LOAS. 
Assim, tem-se um conflito aparente de normas, que deverá ser resolvido, 
nos termos da Lei de Introdução ao Código, no tocante à posterioridade do 
Estatuto do Idoso, pois ambas as Leis possuem natureza Especial, sendo o 
critério da posterioridade quem definirá a legislação competente, que neste 
caso, será as disposições da Lei 10.741/03 que além de posterior, ainda trata 
de matéria específica no que tange ao idoso. 
No entanto, vele ressaltar que de acordo com os entendimentos 
jurisprudenciais e doutrinários a comprovação da miserabilidade será 
flexibilizado, ou seja, não se restringe única e exclusivamente a comprovação 
da renda per capta inferior a ¼ do salário mínimo, tendo em vista que o Fórum 
Nacional dos Juizados Especiais Federais, quando da aprovação do Enunciado 
nº.50, objetivou que: 
 “A comprovação da condição sócio-econômica do autor 
pode ser feira por laudo técnico confeccionado por 
assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial 
de Justiça ou através da oitiva de testemunhas.” 
 Ademais, tendo em vista que o benefício trazido pela LOAS possui 
natureza de um prestação continuada, cumpre destacar que o mesmo é revisto 
a cada dois anos, ou seja, poderá ser revogado nos casos onde fique 
comprovado que o beneficiário superou as condições que deram origem a 
concessão do mesmo. Assim, vê-se que a característica de prestação 
continuada não tem muito sentido, visto que a possibilidade de sua revogação 
tira a característica da sua continuidade. 
Contudo, ressalta-se que, conforme o entendimento jurisprudencial dos 
Tribunais brasileiros, os requisitos dispostos na redação da Lei Orgânica da 
Assistência Social não são taxativos, tendo em vista que o benefício tem o 
intuito de preservar a dignidade da pessoa humana, devendo ater-se ao casos 
onde realmente a pessoa careça, pois um benefício dado a alguém de forma 
equivocada, poderá prejudicar a outras pessoas, que realmente necessitem de 
tal assistência estatal. 
O Benefício trazido pela Lei Orgânica da Assistência Social na Busca da 
Efetivação do Princípio da Dignidade Humana para as pessoas que dele 
necessitam. 
O princípio da Dignidade da Pessoa Humana, trazido pela Constituição 
da Federal de 1988 como um de seus objetivos, está intrinsecamente ligado a 
efetivação dos direitos sociais, dentre os quais, mais especificamente, o 
segurado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), tendo em vista que 
a referida legislação, resguarda um mínimo de dignidade para as pessoas que 
sobrevivem em estado de miserabilidade e aquelas que não tiveram a 
possibilidade de se inserir na sociedade, ficando, portanto a sua margem. 
Assim, mesmo tendo a LOAS ter suas bases na busca de efetivação do 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, dentro de seu contexto ainda 
existem algumas incongruências, estas que só serão passíveis de solução ao 
se aplicar, caso a caso, os dogmas e preceitos que norteiam o referido 
princípio. 
Desta feita, pode-se perceber que a busca da Seguridade Social em 
efetivar, para os que necessitam de seus benefícios, as melhores e mais 
eficazes políticas assistenciais, ainda carece de muito estudo e pesquisa, pois 
a Dignidade Humana ainda carece, e muito, de concretização no contexto 
daqueles que necessitam de apoio para se afirmarem realmente como pessoas 
humanas. 
Atualmente tem-se caminhado para posicionamentos mais adequados à 
sociedade, visando o bem estar dos que necessitam, como pode ser percebido 
em algumas publicações doutrinárias acerca da concessão do benefício trazido 
pela LOAS, como por exemplo, entendimento da juíza federal Maria Divina 
Vitória, que assim se posiciona, frente à necessidade daqueles que possuem 
algum tipo de necessidade especial: “a deficiência não deve ser encarada só 
do ponto de vista médico, mas também social. A maior intolerância é negar as 
diferenças. O preconceito existe”.[1] 
 
DA PREVISÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL 
A legislação é clara em nos trazer a previsão primeiramente 
constitucional no seu art. 203° da CF 88, V: 
Art. 203. A assistência social será prestada a 
quem dela necessitar, independentemente de contribuição 
à seguridade social, e tem por objetivos: 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício 
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que 
comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme 
dispuser a lei. 
Observa-se que a constituição ela vem para abrir janelas e ser 
posteriormente feita leis para suprir o espaço que a mesma deixa, porem cabe-
nos refletir na lição em que é necessário que desse direito ao necessitado 
fosse concretizado a norma teria que ter eficácia plena a partir do momento em 
que a mesma fosse publicada em 1988. 
Mas ocorre que, o texto em comento não condiz a eficácia plena, e sim 
com a norma de eficácia limitada e programática, e que em seguido teria que 
ser criado uma nova lei própria e programas para se concretizar o direito a 
assistência social aqui discutido. 
Foi ai então que em 1993, 5 (cinco) anos após a constituição surgiu 
a LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993. Dando eficácia plena à norma 
de eficácia limitada, e dentro da referida lei em seu artigo 3°, §1° a 3° a eficáciaplena à norma de eficácia programática. 
Assim todos necessitados poderão se cobrir do frio da necessidade e 
da miserabilidade, tendo prestação continuada com o estado dando assistência 
à um salário mínimo para sua mantença e de sua família. 
‘ 
 
 
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/23559/a-lei-organica-da-assistencia-social-loas-como-acao-afirmativa-a-garantir-o-direito-a-diferenca#_ftn1
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.742-1993?OpenDocument
REFERÊNCIAS 
 
ABESS. CEDEPSS. Diretrizes gerais para o curso de Serviço Social (Com base no 
currículo mínimo aprovado em Assembleia Geral Extraordinária de 8 de novembro de 
1996). Cadernos Abess, São Paulo, n.7, p.58-76, 1997. 
 
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do 
mundo do trabalho. 2.ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Ed. Unicamp, 1995. ______. 
 
SILVA, J. F. S. da; SANT’ANNA, R. S.; LOURENÇO, E. A. de S. (Orgs.). 
Sociabilidade burguesa e Serviço Social. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013. 
BARROCO, M. L. S. Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 2.ed. São Paulo: 
Cortez, 2003.

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